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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT


DEPTO. DE ENG. DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

1 REDES PERT-CPM
Durante a Revolução Industrial do século passado, um considerável aumento de
produtividade foi consequência da introdução de atividades planejadas sobre a força de
trabalho.
Simultaneamente, verificou-se um aumento sensível na complexidade de
administração dos negócios, ocasionado principalmente, pelas mudanças tecnológicas
que se sucediam. Assim, foi necessário atribuir a alguém a tarefa de elaborar os planos,
supervisionar e controlar a produção. Várias técnicas foram desenvolvidas no sentido de
representar eficientemente um projeto na forma de um gráfico.

1.1 Diagrama em Redes


A complexidade crescente dos projetos gerou demanda por técnicas de
planejamento mais efetivas se sistemáticas com o objetivo de otimizar a eficiência de
execução do projeto. Como consequência desta necessidade surgiram, quase
simultaneamente, duas técnicas, que em virtude de sua aplicabilidade, tornaram-se
bastante populares: PERT e CPM.
A técnica PERT (Program Evaluation and Review Technique -Técnica de
Avaliação e Revisão de Programas) surgiu em 1958 como trabalho contratado
pela Marinha dos EUA junto a uma firma de consultores para ser aplicado no projeto
Polaris (uma nova geração de mísseis balísticos que iriam equipar os submarinos
daquele país).
O PERT foi então aplicado no planejamento, avaliação e controle do projeto,
creditando-se unicamente a ele, o feito de reduzir em dois anos o prazo previsto para a
conclusão do projeto.
A técnica CPM (Critical Path Method - Método do Caminho Crítico) foi
desenvolvida em 1957 pela Sperry Rand Corporation para a empresa Du Pont, como
trabalho de consultoria destinado à reduzir os crescentes custos e o tempo exigido para
levar novos produtos do estágio da pesquisa à produção.
Estas duas técnicas apresentam muitas similaridades conceituais apesar de terem
sido desenvolvidas independentemente uma da outra. A diferença mais significativa
reside no fato do CPM estar baseado em estimativas assumidas determinísticas para as
durações das atividades, enquanto no PERT original, estes tempos são
probabilisticamente definidos. Hoje PERT e CPM se confundem, razão pela qual serão
referendadas na sequência deste texto por PERT/CPM.

1.2 Conceitos Básicos


O usuário de PERT/CPM irá fazer uso corrente de dois conceitos fundamentais:
evento e atividade.
Evento é o marco que denota o início ou o fim de determinada atividade. Em um
projeto, os eventos são sempre apresentados por círculos, os quais são numerados em
ordem crescente com a direção de progresso do projeto.
Uma atividade representa a ação que desloca o trabalho de um evento para outro,
absorvendo tempo e/ou recursos no processo. É sempre representada por uma seta,
orientada no sentido do início para o fim, sem escala gráfica.
Exemplo: O término da montagem de uma peça específica ou o início de
determinado estudo são eventos de um projeto. A efetiva montagem desta peça e a
realização deste estudo são atividades. As representações gráfica destes eventos e
atividades estão apresentadas na figura abaixo.

onde: onde:
1 - Início da Montagem 5 - Início do Estudo
2 - Término da Montagem 7 - Término do Estudo
M -Atividade de Montagem E - Atividade de Estudo

1.3 Construção da Rede PERT/CPM


A construção de uma rede PERT/CPM exige que se conheça:
1) a lista das tarefas que devem ser executadas para a conclusão do projeto, ou seja, as
atividades propriamente ditas;
2) a definição das tarefas precedentes e as subsequentes, ou seja, a ordem de execução das
atividades;
3) os tempos de execução de cada tarefa, ou seja, a duração das atividades.
Para elaborar a rede PERT/CPM, é necessário fazer uma lista das atividades que irão compor
o seu projeto e determinar as inter-relações entre elas. Tomado conhecimento das atividades
componentes do projeto e como elas se sucedem, o traçado da rede não oferece, em princípio, grandes
dificuldades. Por exemplo, seja o projeto descrito pela rede a seguir:

Esta rede é composta de 5 atividades: A, B, C, D e E. As atividades B e C só poderão ser


iniciadas após o término da atividade A. A atividade D tem seu início condicionado à conclusão da
atividade B, e a atividade E apresenta uma dupla dependência: atividades D e C. Assim, qualquer
projeto composto de atividades ordenadas pode ser enquadrado neste esquema gráfico, o qual leva o
nome de rede PERT.
Exemplo: Construir a rede PERT, observando as interdependências entre as atividades abaixo
do Projeto I:
Atividade Duração Atividades Atividades
Precedentes Subsequentes
A 3 - D, E
B 6 - G
C 2 - H
D 4 A G
E 2 A H
F 7 A -
G 4 B, D -
H 3 C, E -

1.4 Exercícios Propostos


a) Montar a rede PERT/CPM para troca de um pneu furado de um automóvel ao
longo da rodovia.
b) Montar a rede PERT/CPM para executar o rodízio dos pneus de um automóvel
na garagem de sua casa.
c) Construir a rede PERT/CPM abaixo:
Atividade Duração Atividades Atividades
Precedentes Subsequentes
A 3 - B, C
B 2 A D, E
C 3 A D, E
D 7 B, C G
E 3 B, C G
F 5 B, C -
G 6 D, E -
H 2 F -

2 Cálculo de Redes PERT/CPM


A determinação das datas de início e término das atividades requer cálculos especiais por
causa da intensa interação que há entre as diferentes atividades.
Estes cálculos são realizados diretamente na rede PERT/CPM, utilizando-se apenas operações
aritméticas básicas. O cálculo da rede consiste basicamente em definir o caminho crítico do projeto.
Este cálculo divide-se em duas etapas: avanço e retorno.
No avanço, os cálculos são feitos no sentido do nó inicial da rede para o nó final da rede. No
retorno, o sentido dos cálculos é inverso.
Em cada nó, ou evento, são computados os seguintes valores: Cedo do Evento e Tarde do
Evento.
O cedo de um evento corresponde à data mais cedo para dar início à execução das atividades
que emanam deste evento, contada a partir do início do projeto, considerando-se que todas as
atividades que chegam até este evento não sofram atrasos na execução. O tarde de um evento
corresponde à data mais tarde possível para atingir o evento sem que o projeto sofra atrasos.
Os valores de cedo e tarde do evento são incluídos na própria rede, junto ao número do evento.
Uma forma prática para sua representação é:

2.1 Cálculo do Cedo de um Evento


Seja: C(i) o cedo do evento i
D(i, j) a duração da atividade (i, j)
Então, durante os cálculos da fase de avanço, os cedos são obtidos através da expressão:
C( j) = max [C(i)+ D (i, j)] para todas as atividades (i, j) definidas.
Convenciona-se que para o evento inicial do projeto, i = 1, o cedo seja nulo. Ou seja,
C(1) = 0

2.2 Cálculo do Tarde de um Evento


Seja: T(j) o tarde do evento j
D(i, j) a duração da atividade (i, j)
Então, durante os cálculos da fase de retorno, os tardes são obtidos através da expressão:
T( i) min [T( j) - D ( i, j)] para todas as atividades (i, j) definidas.
Convenciona-se que para o último evento do projeto, j = n, o tarde seja igual ao cedo deste
evento. Ou seja: T(n) = C(n).

Exemplo: Determinar os cedos e tardes dos eventos do PROJETO I:

2.3 Definição do Caminho Crítico, Folgas e Datas


Em alguns projetos, algumas atividades são flexíveis em relação ao seu início e término; outras
não são, sendo que algum atraso em qualquer delas acarretará atraso do projeto.
As atividades inflexíveis são denominadas críticas, e a cadeia que elas formam denomina-se
caminho crítico do projeto.
O caminho crítico é a sequência de atividades de maior duração do projeto. Há sempre pelo
menos um caminho crítico em cada projeto, podendo haver vários. Pode ser definido como: caminho
crítico é aquele no qual as atividades não tem folga para iniciar nem para terminar.
É muito importante manter uma vigilância sobre as atividades críticas, uma vez que, qualquer
atraso nas mesmas originará um atraso em todo o projeto.
Assim mesmo, não se deve deixar de controlar as atividades não-críticas porque apesar de
terem folgas, têm seus limites tanto para começar como para terminar. Se passarmos deste limite, as
mesmas tornar-se-ão críticas. Por esta razão é conveniente calcular as magnitudes destas folgas de
tempo.
Uma maneira de apurar as folgas das atividades é utilizar-se das datas de realização das
atividades:
Primeira Data de Início - é a data em que a atividade pode ser iniciada caso as atividades
antecessoras foram iniciadas na primeira oportunidade e completadas nas durações estimadas. Ou
seja: PDI (i, j) = C(i)
Última Data de Início - é a data-limite de início de uma atividade para que o projeto não
sofra atrasos. Ou seja: UDI (i, j) = T(j) − D(i, j)
Primeira Data de Término - é a data de término considerando que a atividade inicie na PDI
(i, j) e tenha sua duração estimada obedecida. Ou seja:
PDT(i, j) = C(i) + D(i, j)
Última Data de Término - é o prazo-limite de término de uma atividade, sob pena de atrasar
o projeto. Ou seja: UDT(i, j) = T( j)
A Folga Total de uma atividade (i, j) pode ser então determinada pelas relações:
FT(i, j) =UDT(i, j) − PDT(i, j) = T( j) − [C(i) + D(i, j)] ou
FT(i, j) =UDI (i, j) − PDI (i, j) = [T( j) − D(i, j)] − C(i)
Ou seja, a folga de uma atividade consiste na diferença entre o tempo máximo disponível para
executar a atividade e sua duração estimada:
FT(i, j) = [T( j) − C(i)] − D(i, j)
Exemplo: Calcular as datas de realização e folgas totais das atividades, e definir o caminho crítico
do PROJETO I.

Atividade Duração Data de Início Data de Término Folga Total =


PDI UDI (i, j) = PDT(i, j) = UDT UDT – PDI - D(i, j)
T(j) − D(i, j) C(i) + D(i, j)
A 3 0 0 = (3 - 3) 3 = (0 + 3) 3 0 = 3- 0 – 3
B 6 0 1 = (7 - 6) 6 = (0 + 6) 7 1= 7- 0 – 6
C 2 0 6 = (8 - 2) 2 = (0 + 2) 8 6=8–0–2
D 4 3 3 = (7 - 4) 7 = (4 + 3) 7 0=7–3–4
E 2 3 6 = (8 - 2) 5 = (2 + 3) 8 3=8–3–2
F 7 3 4 = (11 - 7) 10 = (7 + 3) 11 1 = 11 – 3 – 7
G 4 7 7 = (11 - 4) 11 = (4 +7) 11 0 = 11 – 7 – 4
H 3 5 8 = (11 - 3) 8 = (5+ 3) 11 3 = 11 – 5 - 3
Caminho Crítico: A → D → G

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