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GESTÃO DE OBRAS

E PATOLOGIA DAS
ESTRUTURAS
Planejamento inicial
e licenciamento
de obras
Ruvier Rodrigues Pereira

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Relacionar a curva de custo com prazo de execução.


>> Definir custo marginal e sua respectiva forma de cálculo.
>> Diferenciar os tipos de licenciamento obrigatórios em empreendimentos
da construção civil.

Introdução
Para construir, é necessário um investimento elevado, seja em obras pequenas
ou em grandes empreendimentos imobiliários. Como toda atividade financeira,
construir também deve garantir lucro, mesmo quando pensada para o próprio
uso. O lucro é estabelecido por meio do planejamento, o qual busca o controle
e a previsão de tudo que seja necessário, associando o ordenamento correto
das atividades, o uso ideal de material, a mão de obra qualificada e os equi-
pamentos adequados às necessidades de prazos e custos da obra.
Em consonância ao planejamento, a obra deve estar sempre legalizada, e
para isso deve ser seguida uma série de requisitos documentais que comprovem
que ela está dentro das exigências ambientais e que respeita as diretrizes do
município ou estado em termos de projeto. Assim, até mesmo antes do projeto
final, o gestor deve submeter seu empreendimento à análise das Secretarias de
Meio Ambiente, as quais dirão se há viabilidade para construção. No entanto,
2 Planejamento inicial e licenciamento de obras

para se construir não basta a licença ambiental, sendo necessário o alvará


de construção; além disso, para que a edificação seja ocupada, é necessário
o Habite-se.
Neste capítulo, você vai ver os principais requisitos e critérios para planeja-
mento de tempo e controle de custo da obra, além de identificar os diferentes
tipos de custos na obra, avaliando principalmente a influência do custo marginal
sobre o custo total. Ainda no tema planejamento, este capítulo trata de todo
o licenciamento necessário para a edificação, apresentando a documentação
e os passos necessários para a emissão de cada um.

Planejamento do tempo e controle


dos custos
Os projetos da indústria da construção civil englobam diversas especialidades e
recursos, além de movimentar grandes valores monetários. Conhecer o compor-
tamento da obra é a premissa para planejamento e gerenciamento de sucesso
e fundamental para propiciar economia e garantir o cumprimento dos prazos.
O planejamento e o controle da obra partem do conhecimento de como
a obra se desenvolverá, com todas as quantidades e qualidades de insumos
determinadas, seja materiais ou mão de obra, seus custos previstos e a pro-
dutividade predefinida. Assim, é possível realizar a previsão de como será o
andamento da obra, bem como controlar e analisar a relação tempo e custo
do empreendimento.
Segundo Limmer (1997, p. 39) “[…] o tempo de duração de um projeto cons-
titui um dos elementos fundamentais do seu planejamento. Sua determina-
ção é feita a partir da duração de cada uma das atividades que compõem o
projeto e do respectivo inter-relacionamento, resultante da metodologia de
execução definida”.
Conhecendo todas as atividades por meio das estruturas analíticas de
projetos (EAPs), suas durações e quantidades de serviços, é possível determinar
o diagrama de rede, que é a representação gráfica das atividades, mostrando
as dependências entre elas. A técnica PERT/CPM é a mais aplicada para o
diagrama de rede e, segundo Mattos (2010, p. 111):

[...] permite que sejam indicadas as relações lógicas de precedência (inter-rela-


cionamento) entre as inúmeras atividades do projeto e que seja determinado o
caminho crítico, isto é, a sequência de atividades que, se sofrer atraso em alguma
de suas componentes, vai transmiti-lo ao término do projeto. Cálculos numéricos
permitem saber as datas mais cedo e mais tarde em que cada atividade pode ser
iniciada, assim como a folga de que elas dispõem.
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O diagrama PERT/CPM, então, é composto por nós interligados por setas,


conforme a Figura 1. As setas indicam alguma atividade e sua respectiva
duração, e os nós indicam o início e o fim das atividades, sendo chamados de
eventos. Outra possibilidade é os nós representarem as atividades e as setas
indicarem apenas as dependências entre elas (TUBINO, 2007).

C
2 4
A 7 F

10 5

1 D 6

B 5
G
6 4
E
3 5
9

Figura 1. Rede PERT/CPM.


Fonte: Adaptada de Tubino (2007).

A rede PERT/CPM possibilita realizar um planejamento de como será a


execução da obra, sendo uma forma de monitoramento e controle. Com a rede
PERT/CPM definida, é possível analisar os caminhos, verificar as atividades
críticas e assim conseguir prever o tempo total para a obra.
Pelo diagrama de rede é possível, então, determinar as relações e durações
de cada atividade, sendo possível, também, realizar a alocação de recursos, e
esse procedimento é chamado de PERT/CUSTO. De acordo com Sá (1965, p. 15)
o “[…] PERT/CUSTO propõe um exame da representação gráfica do projeto
ao nível de desmembramento mais microscópio possível”, o que possibilita
a análise e controle dos custos do empreendimento.

Tipos de custos e suas relações com o tempo


Dentro dos aspectos financeiros da obra, podem ser destacados dois tipos
de custos que impactam diretamente em todo o planejamento: os diretos e
os indiretos, definidos da seguinte forma:
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„„ os custos diretos são aqueles associados à execução da atividade,


como mão de obra, materiais e equipamentos, por exemplo;
„„ os custos indiretos são os ditos custos coadjuvantes, pois não estão
diretamente ligados a nenhuma atividade específica, por exemplo,
despesas imobiliárias, manutenção e equipe técnica.

Além dos custos de identificação, há também os relacionados ao processo


de produção propriamente dito, que podem ser divididos conforme descrito
a seguir.

„„ Custos fixos: são aqueles que não variam para uma dada faixa de pro-
dução, ou seja, tudo que a construtora gasta por mês, independente
da produção executada. São exemplos o aluguel, funcionários fixos e
o sistema de gestão e administração.
„„ Custos variáveis: são aqueles custos totais que variam de forma direta
e proporcional com a quantidade produzida; por exemplo, matéria-
-prima e horas extras.
„„ Custo total: é o somatório dos fixos e variáveis de produção, pegando
o valor total de cada.

O gerenciamento desses custos deve estar em consonância com a duração


de cada atividade, revelando, então, a inter-relação entre o tempo e o custo
no andamento do empreendimento. Dessa forma, de acordo com Limmer (1997,
p. 115), “[…] para encurtar (ou expandir) a duração de um projeto, é preciso
usar mais (ou menos) certos recursos, como mão de obra, que os utilizados
na execução de suas atividades em condições normais”.
Assim, ao se aumentar o prazo para execução de qualquer atividade,
os custos fixos tendem a aumentar, elevando o custo total do projeto.
Em contrapartida, ao reduzir os prazos, os custos fixos se reduzirão; no entanto,
deverá se aumentar o uso de mão de obra e de insumos, por exemplo, o que
ocasionará o aumento dos custos variáveis e dos diretos.
Para uma análise mais efetiva, pode-se plotar um gráfico com as curvas
de custos relacionadas à duração do projeto, conforme Figura 2. Salienta-se
que no eixo “x” são plotadas as durações do projeto, aqui representados
como unidade de tempo, ou seja, podem ser atribuídos pelo gestor valores
referentes a análise mensal, semanal ou até diária.
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Figura 2. Gráfico de custo/duração do projeto.


Fonte: Larson e Gray (2016, p. 271).

Pela Figura 2, pode-se perceber que a curva dos custos diretos é decres-
cente e a dos custos indiretos crescente, o que resulta literalmente em uma
curva de custos totais, com a concavidade voltada para cima. Assim, pode-se
obter através da inflexão da curva custo total, o ponto ótimo de custo/tempo,
auxiliando na decisão da alteração do prazo de conclusão do projeto, com
base nos custos elencados em cada atividade.
As alterações nos prazos ou custos, então, resultarão em impactos em
todo o cenário do empreendimento, devendo ser realizadas análises de cada
caso. No entanto, acelerar algumas etapas do empreendimento pode ser
vantajoso, conforme apresentado a seguir.

Aceleração do tempo de conclusão do projeto


Ao acelerar o tempo de execução de um projeto, é possível obter algumas
vantagens, e, segundo Larson e Gray (2016), a mais importante é o ganho de
tempo de mercado. Com o grande avanço tecnológico, a velocidade de execução
é uma vantagem competitiva. Outro fator que justifica a redução do tempo de
execução do projeto é a existência de incentivos, sejam públicos ou privados,
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que tragam benefícios sociais ou pessoais. Os prazos impostos são outro fator
que pode se beneficiar da aceleração do projeto, pois o não cumprimento dos
prazos pode causar prejuízos tanto materiais, quanto econômicos.
Os gestores do projeto podem utilizar alguns artifícios para realizar essa
redução no tempo de conclusão da obra. De acordo com Larson e Gray (2016),
o método mais comum é o acréscimo de recursos com equipamentos, mão
de obra e insumos. No entanto, o acréscimo de tempo não é proporcional ao
aumento dos recursos. Ao dobrar a mão de obra, por exemplo, não haverá
redução pela metade do tempo, pois há tarefas partilhadas que interferem
no processo.
Outra possibilidade é a terceirização de atividades ou partes do projeto,
o que pode possibilitar que mais atividades sejam executadas ao mesmo
tempo. Além disso, as empresas contratadas podem ter à disposição tecno-
logias mais avançadas, de acordo com a especificidade da atividade.
Pensando só na mão de obra, pode-se utilizar do aumento da jornada de
trabalho por meio das horas extras. Como vantagem, pode-se destacar que
não há inserção de novos membros, evitando novos problemas de comunicação
e iteração entre os funcionários. No entanto, há desvantagens, sobretudo o
acréscimo de salário, que normalmente é uma vez e meia por hora extra nos
dias úteis e duas vezes nos fins de semana e feriado.
No entanto, pode haver projetos em que não há a possibilidade de alte-
ração nos recursos disponíveis, reduzindo as opções para diminuição nos
prazos. Como alternativa, nesses casos, pode-se mudar o sequenciamento de
algumas atividades, utilizando mais atividades em paralelo, o que resultaria
em agilidade. No entanto, é uma opção arriscada e o projeto deve estar em
uma ótima situação, sendo necessário um novo planejamento bem arranjado.

Custo marginal e seu reflexo no


planejamento orçamentário
O custo marginal é uma expressão associada inicialmente aos nichos de pro-
dução industrial, incorporada para a construção civil devido à sua influência
direta em aspectos de produtividade. Mas o que seria o custo marginal?
É todo custo a mais, incorporando material, equipamento e mão de obra, que
a empresa/construtora terá com o aumento de sua produção em um prazo
específico. Esse custo é gerado com finalidades próprias, como o atendimento
de prazos determinados no planejamento inicial ou o cumprimento de ati-
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vidades extras em resposta a atrasos em partes iniciais da obra. De forma


específica, o impacto do custo marginal é originado por:

„„ pagamento de hora extra para colaboradores;


„„ contratação de mão de obra extra;
„„ compra direta de material (pouco planejada);
„„ aluguel extra de equipamentos.

O custo marginal também pode estar associado a uma redução intencional


de atividades, ou seja, quando se verifica a possibilidade de reduzir a pro-
dutividade. Nesta situação, os custos são reduzidos por meio da diminuição
do número de colaboradores e do consumo de material e equipamento para
que a atividade seja exercida (SCHIAVO, 2016).
Um ponto de importante análise é a relação entre o custo marginal e
os custos fixos de produção. Os custos fixos são aqueles que praticamente
não variam para uma dada faixa de volume de produção e estão ligados a
gastos indiretos empresariais (impostos, por exemplo) e equipamentos da
obra (aqueles que são de uso comum do início ao fim da produção, como
as betoneiras). De uma maneira geral, quando comparados ao custo fixo,
os custos marginais tendem a não ser tão grandes, em situações de au-
mento de produção, devido à permanência do custo fixo. Em outras palavras,
o custo marginal será diluído pela permanência dos custos fixos, os quais já
seriam pagos, mesmo que nem houvesse produção. No entanto, como existe
aqui um limite de produção (mão de obra e equipamentos), para cada tipo de
serviço ou trabalho executado, haverá um ponto em que o custo marginal não
poderá mais ser diluído, sendo assim representativo e fazendo os lucros de
produção caírem. A deixa aqui é que o gestor financeiro deve saber até que
ponto é lucrativo ter o aumento de produção.
Além disso, o custo marginal se relaciona com o custo médio da produção,
sendo o primeiro a relação entre a variação de custo e as variáveis de produ-
ção, enquanto o custo médio apresenta a relação existente entre os valores
absolutos de custo com as quantidades a serem produzidas. De forma mais
direta, Schiavo (2016, p. 23) diz que “[…] o custo marginal mede a mudança
instantânea no custo total decorrente do acréscimo de uma unidade na
quantidade produzida”. Essa unidade pode ser tanto uma parede, um cômodo
ou uma atividade específica da construção civil. Portanto, se tratando de
gerenciamento do caixa da obra, a análise do custo marginal deve, então,
ser em relação ao custo médio e não ao custo total, possibilitando a medição
da lucratividade da produção.
8 Planejamento inicial e licenciamento de obras

Cálculo do custo marginal a partir do custo total


Para se obter o custo marginal aplicado a uma obra, é necessário conhecer
todos os demais custos envolvidos, os quais vão refletir na tomada de deci-
são e impactar o surgimento do custo marginal sobre o lucro. Partindo dos
conceitos de custos já apresentados, pode-se definir, de forma matemática,
o custo total de produção como:

CT(Q) = CVT(Q) + CFT (1)

onde:

„„ Q é a quantidade produzida no período avaliado;


„„ CVT(Q) é o custo variável total relacionado à quantidade produzida;
„„ CFT é o custo fixo total;
„„ CT(Q) é o custo total de produção, que devido ao CVT também é uma
função da produção.

Por outro lado, o custo médio de produção — CMe(Q) — pode ser obtido
pela relação entre o custo total e a quantidade produzida, matematicamente:

( )
( )= (2)

Da mesma maneira, como conceituado anteriormente, o custo marginal de


produção — CMg(Q) — é a relação entre a variação do custo total produzido
— ∆CT(Q) — sobre a variação de produção, ∆Q. Assim:

∆ ( )
( )= (3)

O custo marginal de produção também pode ser obtido a partir de sua


relação com o custo médio, conforme será apresentado a seguir.
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Cálculo do custo marginal a partir do custo médio


No emprego prático, o custo marginal a partir da variação de uma unidade
produzida não é significativo, sendo empregado quando se tem uma variação
razoável do nível de produção Q; assim, será adotado Q + ∆Q para a quanti-
dade produzida no período final avaliado. Reescrevendo a equação do custo
marginal, tem-se:

∆ ( ) ( + ∆ )− ( )
( + ∆ )= = (4)
∆ ∆

Adotando:

Q1 = Q (5)

Q2 = Q+ ∆Q (6)

Tem-se:

( 2) − ( 1)
( 2) = (7)
2 − 1

A Equação 2 pode ser reescrita em função do custo total (CT), logo:

CT(Q) = Q ∙ CMe(Q) (8)

Substituindo a Equação 8 na Equação 7, o custo marginal poderá ser cal-


culado em função do custo médio, sendo:

∙ ( 2)− ∙ ( 1)
(7)
2 1
( 2) =
2− 1

Portanto, tendo definido o orçamento inicial e as distinções entre os custos


específicos da obra, é possível quantificar o custo marginal, diferenciando-o
do custo médio decorrente da obra. Esse valor obtido é uma grande ferramenta
para o processo gerencial, sendo utilizado na escolha de alteração de prazos ou
aumento de produtividade, pesando sempre na garantia de lucro para a obra.
10 Planejamento inicial e licenciamento de obras

Para entender mais sobre os custos e suas diferenciações na constru-


ção civil, recomenda-se a leitura do artigo “Sistemas de custos para
pequenas e médias empresas da construção civil”, de Alexandre Binato (2002).

Licenciamentos obrigatórios na
construção civil
Para se iniciar uma obra e ainda para que ela possa ser ocupada são ne-
cessários uma série de etapas que visam garantir o respeito às normativas
vigentes no código de obras das cidades, garantindo segurança, conforto e
salubridade, bem como respeito às exigências ambientais, as quais na maio-
ria das vezes possuem diretrizes federais, mas ainda podem ser ajustadas
conforme diretrizes do estado e município quanto a forma desejada para o
crescimento das cidades.

Licenciamento ambiental
O primeiro ponto de destaque em termos de licenças e documentação para
autorização da obra e do seu funcionamento é o licenciamento ambiental,
o qual é definido por meio do artigo 1º da Resolução n° 237/97 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA):

Art. 1º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: [...]
II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente,
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão
ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, ins-
talar, ampliar e operar empreendimento ou atividades utilizadoras dos recursos
ambientais consideradas efetivamente ou potencialmente poluidoras ou aquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental (BRASIL, 1997,
documento on-line).

Dessa forma, o licenciamento ambiental apresenta para o empreendedor


suas possibilidades em termos de utilização do meio ambiente, bem como
uma série de regras sobre o que pode ou não ser feito em termos de projeto,
construção e utilização da futura edificação.
Planejamento inicial e licenciamento de obras 11

Em termos práticos, o licenciamento ambiental pode ser subdividido em


licença prévia (LP), licença de instalação (LI) e licença de operação (LO), regu-
ladas e formalizadas por meio da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente,
ancorada na mesma resolução anterior:

Art. 8º O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as


seguintes licenças:
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do em-
preendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a
serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou ativida-
de, de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos
aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes,
da qual constituem motivo determinante;
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendi-
mento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças
anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados
para a operação. Parágrafo único. As licenças ambientais poderão ser expedidas
isoladas ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do
empreendimento ou atividade (BRASIL, 1997, documento on-line).

Assim, licença ambiental, em suas três fases, é requerida inicialmente


nas prefeituras de cada cidade, em geral documentadas em conjunto com a
Secretaria de Obras ou a Secretaria de Meio Ambiente, visando sempre con-
trolar de forma preventiva as atividades com potencial de causar degradação
ambiental. Em casos específicos, a prefeitura pode solicitar que a licença seja
ainda validada em conjuntura com outros órgãos do governo, como o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). É importante
ressaltar que a ausência dessas licenças gera, além de suspensão das ati-
vidades (construção ou operação do empreendimento), multas e processos
judiciais, podendo até se caracterizar como crime ambiental.

Alvará de construção
Após o obter a licença prévia e a licença de instalação, o gestor (engenheiro
ou arquiteto), de posse de todos os projetos e documentos do terreno, deve
solicitar junto à prefeitura o alvará de construção. Este documento é regido
pelas diretrizes de leis municipais ou estaduais vigentes, como por exemplo
a Lei nº 1.172/96, que “[…] institui procedimentos para obtenção do alvará de
12 Planejamento inicial e licenciamento de obras

construção e da carta de Habite-se de edificações no Distrito Federal e dá


outras providências” (DISTRITO FEDERAL, 1996, documento on-line).
A lista de documentos necessários para a obtenção do alvará de construção
geralmente está disponível nos sites da administração regional. Compete
aos agentes públicos a conferência da demarcação do lote ou de sua fração,
apresentando sempre que necessário adequações em documentos ou projetos
específicos até o momento de total acordo com as diretrizes, para só assim
emitir o alvará e permitir o início das atividades de construção.

Habite-se
O Habite-se é tecnicamente chamado de “auto de conclusão de obra”, sendo
este um documento expedido pela própria prefeitura e que atesta que o
imóvel seguiu todas as condições de projeto e construção, respeitando o
código de obras e as demais leis municipais, estando, portanto, autorizado
para ser habitado. No fluxo de documentos realizados para licenciar uma
obra, tem-se: licenciamento ambiental, alvará de construção, solicitação de
ligação elétrica e hidráulica definitivas e, por fim, solicitação do Habite-se.
Para obtê-lo, o gestor do empreendimento deve apresentar:

„„ requerimento comunicando a conclusão da obra;


„„ cópia do alvará de construção;
„„ anuência do responsável habilitado pela construção quanto à obser-
vância do seu projeto aprovado;
„„ prova de quitação do imposto territorial urbano;
„„ licença de instalações definitivas (elétrica e hidráulica);
„„ escritura registrada do terreno.

Na maioria dos casos, o proprietário ou gestor do empreendimento faz a


requisição do Habite-se perante o órgão municipal, sendo este o responsável
por providenciar uma vistoria no local da obra. A vistoria é feita por inter-
médio de engenheiro civil, buscando comprovar que a obra seguiu o padrão
e as exigências do projeto aprovado no alvará de construção. O engenheiro,
então, elabora um laudo com suas constatações, e, caso tudo esteja conforme
projetado, o documento será emitido e, assim, será permitida a ocupação do
empreendimento.
Um ponto de destaque é que alguns tipos de empreendimentos necessi-
tam do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) para que assim seja
emitido o Habite-se. O AVCB, que assegura que a edificação possui condições
Planejamento inicial e licenciamento de obras 13

de segurança contra incêndio, tem uma data de validade e deve ser renovado
ao longo da vida útil da edificação.

Demais documentos ligados à edificação


De posse do Habite-se, o proprietário da obra pode solicitar a averbação do
imóvel, que seria alterar, em registro, a forma como a edificação é cadastrada
no cartório. Essa averbação ocorre em modificações da função do empreen-
dimento, bastante comum no caso de venda de apartamentos, quando estes
antes em cartório eram considerados como um único imóvel. Para solicitar
a averbação, é necessária uma Certidão Negativa de Débitos (CND) emitida
pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), bem como os documentos
pessoais do dono do empreendimento e o Habite-se emitido pela prefeitura.
É bom salientar que este processo é feito no Cartório de Registro de Imóveis.
Não menos importante, o último documento necessário para a total regula-
ridade da edificação é a escritura. Para obter esse documento, o proprietário
deverá dar continuidade no mesmo cartório onde foi feito o registro do
imóvel, lavrando o valor declarado, de compra e venda, validando assim sua
propriedade. Para a emissão da escritura, o proprietário deverá apresentar:

„„ documentos pessoais (e do cônjuge);


„„ certidão de quitação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU);
„„ certidão do distribuidor do foro (documento de compra/venda);
„„ certidão da justiça federal (em nome do vendedor);
„„ certidão da justiça do trabalho (em nome do vendedor);
„„ declaração do síndico (com firma reconhecida) de que o condomínio
está quitado;
„„ guia do Imposto de Transmissão Intervivos (ITIV).

Por meio da escritura, o dono do imóvel poderá fazer o processo de venda


do imóvel, bem como assegurar e permitir que este seja ato de empréstimo,
possibilitando a venda de forma regular e dentro até mesmo dos programas
governamentais, com redução de juros e demais taxas.

Referências
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução
nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Brasília: Conama, 1997. Disponível em: http://www2.
mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html. Acesso em: 22 fev. 2021.
14 Planejamento inicial e licenciamento de obras

DISTRITO FEDERAL. Lei nº 1.172, de 24 de julho de 1996: Institui procedimentos para


obtenção do Alvará de Construção e da Carta de Habite-se de edificações no Distrito
Federal e dá outras providências. Brasília: GDF, 1996. Disponível em: http://www.fazenda.
df.gov.br/aplicacoes/legislacao/legislacao/TelaSaidaDocumento.cfm?txtNumero=117
2&txtAno=1996&txtTipo=5&txtParte=.. Acesso em: 22 fev. 2021.
LARSON, E. W.; GRAY, C. F. Gerenciamento de projetos: o processo gerencial. 6. ed. Porto
Alegre: AMGH; Bookman, 2016. 608 p.
LIMMER, C. V. Planejamento, orçamentação e controle de projetos e obras. Rio de
Janeiro: LTC, 1997. 240 p.
MATTOS, A. D. Planejamento e controle de obras. São Paulo: Pini, 2010. 420 p.
SÁ, G. Métodos “PERT” e “COM”: problemas e aplicações. Revista de Administração
de Empresas, São Paulo, v. 5, n. 16, p. 69–94, jul./set. 1965. Disponível em: https://rae.
fgv.br/rae/vol5-num16-1965/metodos-pert-cpm-problemas-aplicacoes. Acesso em:
22 fev. 2021.
SCHIAVO, C. P. Determinação dos custos médios e marginais de bobinas a frio. Orientador:
Anderson Laécio Galindo Trindade. 2016. 53 f. Monografia (Especialização em Otimização
de Sistemas) — Departamento de Ciência da Computação, Instituto de Ciências Exatas,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016. Disponível em: https://
repositorio.ufmg.br/handle/1843/ESBF-AL6G82. Acesso em: 22 fev. 2021.
TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. São Paulo: Atlas,
2007. 190 p.

Leituras recomendadas
BINATO, A. Sistema de custos para pequenas e medias empresas da Construção civil.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 9., 2002, São Paulo. Anais [...]. São Leopoldo:
Associação Brasileira de Custos, 2002. p. 1–16. Disponível em: https://anaiscbc.emnu-
vens.com.br/anais/article/view/2748. Acesso em: 22 fev. 2021.
HIRSCHFELD, H. Planejamento com PERT/CPM e análise do desempenho: método manual
e por computadores eletrônicos aplicados a todos os fins: construções civis, marketing,
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RIPPER, E. Tarefas do engenheiro na obra. 2. ed. São Paulo: Pini, 1987. 227 p.
VIEIRA NETTO, A. Como gerenciar construções. São Paulo: Pini, 1988. 119 p.

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