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E PATOLOGIA DAS
ESTRUTURAS
Planejamento inicial
e licenciamento
de obras
Ruvier Rodrigues Pereira
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Para construir, é necessário um investimento elevado, seja em obras pequenas
ou em grandes empreendimentos imobiliários. Como toda atividade financeira,
construir também deve garantir lucro, mesmo quando pensada para o próprio
uso. O lucro é estabelecido por meio do planejamento, o qual busca o controle
e a previsão de tudo que seja necessário, associando o ordenamento correto
das atividades, o uso ideal de material, a mão de obra qualificada e os equi-
pamentos adequados às necessidades de prazos e custos da obra.
Em consonância ao planejamento, a obra deve estar sempre legalizada, e
para isso deve ser seguida uma série de requisitos documentais que comprovem
que ela está dentro das exigências ambientais e que respeita as diretrizes do
município ou estado em termos de projeto. Assim, até mesmo antes do projeto
final, o gestor deve submeter seu empreendimento à análise das Secretarias de
Meio Ambiente, as quais dirão se há viabilidade para construção. No entanto,
2 Planejamento inicial e licenciamento de obras
C
2 4
A 7 F
10 5
1 D 6
B 5
G
6 4
E
3 5
9
Custos fixos: são aqueles que não variam para uma dada faixa de pro-
dução, ou seja, tudo que a construtora gasta por mês, independente
da produção executada. São exemplos o aluguel, funcionários fixos e
o sistema de gestão e administração.
Custos variáveis: são aqueles custos totais que variam de forma direta
e proporcional com a quantidade produzida; por exemplo, matéria-
-prima e horas extras.
Custo total: é o somatório dos fixos e variáveis de produção, pegando
o valor total de cada.
Pela Figura 2, pode-se perceber que a curva dos custos diretos é decres-
cente e a dos custos indiretos crescente, o que resulta literalmente em uma
curva de custos totais, com a concavidade voltada para cima. Assim, pode-se
obter através da inflexão da curva custo total, o ponto ótimo de custo/tempo,
auxiliando na decisão da alteração do prazo de conclusão do projeto, com
base nos custos elencados em cada atividade.
As alterações nos prazos ou custos, então, resultarão em impactos em
todo o cenário do empreendimento, devendo ser realizadas análises de cada
caso. No entanto, acelerar algumas etapas do empreendimento pode ser
vantajoso, conforme apresentado a seguir.
que tragam benefícios sociais ou pessoais. Os prazos impostos são outro fator
que pode se beneficiar da aceleração do projeto, pois o não cumprimento dos
prazos pode causar prejuízos tanto materiais, quanto econômicos.
Os gestores do projeto podem utilizar alguns artifícios para realizar essa
redução no tempo de conclusão da obra. De acordo com Larson e Gray (2016),
o método mais comum é o acréscimo de recursos com equipamentos, mão
de obra e insumos. No entanto, o acréscimo de tempo não é proporcional ao
aumento dos recursos. Ao dobrar a mão de obra, por exemplo, não haverá
redução pela metade do tempo, pois há tarefas partilhadas que interferem
no processo.
Outra possibilidade é a terceirização de atividades ou partes do projeto,
o que pode possibilitar que mais atividades sejam executadas ao mesmo
tempo. Além disso, as empresas contratadas podem ter à disposição tecno-
logias mais avançadas, de acordo com a especificidade da atividade.
Pensando só na mão de obra, pode-se utilizar do aumento da jornada de
trabalho por meio das horas extras. Como vantagem, pode-se destacar que
não há inserção de novos membros, evitando novos problemas de comunicação
e iteração entre os funcionários. No entanto, há desvantagens, sobretudo o
acréscimo de salário, que normalmente é uma vez e meia por hora extra nos
dias úteis e duas vezes nos fins de semana e feriado.
No entanto, pode haver projetos em que não há a possibilidade de alte-
ração nos recursos disponíveis, reduzindo as opções para diminuição nos
prazos. Como alternativa, nesses casos, pode-se mudar o sequenciamento de
algumas atividades, utilizando mais atividades em paralelo, o que resultaria
em agilidade. No entanto, é uma opção arriscada e o projeto deve estar em
uma ótima situação, sendo necessário um novo planejamento bem arranjado.
onde:
Por outro lado, o custo médio de produção — CMe(Q) — pode ser obtido
pela relação entre o custo total e a quantidade produzida, matematicamente:
( )
( )= (2)
∆ ( )
( )= (3)
∆
∆ ( ) ( + ∆ )− ( )
( + ∆ )= = (4)
∆ ∆
Adotando:
Q1 = Q (5)
Q2 = Q+ ∆Q (6)
Tem-se:
( 2) − ( 1)
( 2) = (7)
2 − 1
∙ ( 2)− ∙ ( 1)
(7)
2 1
( 2) =
2− 1
Licenciamentos obrigatórios na
construção civil
Para se iniciar uma obra e ainda para que ela possa ser ocupada são ne-
cessários uma série de etapas que visam garantir o respeito às normativas
vigentes no código de obras das cidades, garantindo segurança, conforto e
salubridade, bem como respeito às exigências ambientais, as quais na maio-
ria das vezes possuem diretrizes federais, mas ainda podem ser ajustadas
conforme diretrizes do estado e município quanto a forma desejada para o
crescimento das cidades.
Licenciamento ambiental
O primeiro ponto de destaque em termos de licenças e documentação para
autorização da obra e do seu funcionamento é o licenciamento ambiental,
o qual é definido por meio do artigo 1º da Resolução n° 237/97 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA):
Art. 1º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: [...]
II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente,
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão
ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, ins-
talar, ampliar e operar empreendimento ou atividades utilizadoras dos recursos
ambientais consideradas efetivamente ou potencialmente poluidoras ou aquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental (BRASIL, 1997,
documento on-line).
Alvará de construção
Após o obter a licença prévia e a licença de instalação, o gestor (engenheiro
ou arquiteto), de posse de todos os projetos e documentos do terreno, deve
solicitar junto à prefeitura o alvará de construção. Este documento é regido
pelas diretrizes de leis municipais ou estaduais vigentes, como por exemplo
a Lei nº 1.172/96, que “[…] institui procedimentos para obtenção do alvará de
12 Planejamento inicial e licenciamento de obras
Habite-se
O Habite-se é tecnicamente chamado de “auto de conclusão de obra”, sendo
este um documento expedido pela própria prefeitura e que atesta que o
imóvel seguiu todas as condições de projeto e construção, respeitando o
código de obras e as demais leis municipais, estando, portanto, autorizado
para ser habitado. No fluxo de documentos realizados para licenciar uma
obra, tem-se: licenciamento ambiental, alvará de construção, solicitação de
ligação elétrica e hidráulica definitivas e, por fim, solicitação do Habite-se.
Para obtê-lo, o gestor do empreendimento deve apresentar:
de segurança contra incêndio, tem uma data de validade e deve ser renovado
ao longo da vida útil da edificação.
Referências
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução
nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Brasília: Conama, 1997. Disponível em: http://www2.
mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html. Acesso em: 22 fev. 2021.
14 Planejamento inicial e licenciamento de obras
Leituras recomendadas
BINATO, A. Sistema de custos para pequenas e medias empresas da Construção civil.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 9., 2002, São Paulo. Anais [...]. São Leopoldo:
Associação Brasileira de Custos, 2002. p. 1–16. Disponível em: https://anaiscbc.emnu-
vens.com.br/anais/article/view/2748. Acesso em: 22 fev. 2021.
HIRSCHFELD, H. Planejamento com PERT/CPM e análise do desempenho: método manual
e por computadores eletrônicos aplicados a todos os fins: construções civis, marketing,
etc. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1987. 335 p.
RIPPER, E. Tarefas do engenheiro na obra. 2. ed. São Paulo: Pini, 1987. 227 p.
VIEIRA NETTO, A. Como gerenciar construções. São Paulo: Pini, 1988. 119 p.