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SEMANA 03 EXTRA
DIREITOS HUMANOS
RETA FINAL
DELEGADO SÃO PAULO
Sumário
SEGUNDA-FEIRA ........................................................................................................................................ 5
Leitura do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei – Artigos 1º a 8º 5
Leitura do Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transnacional
Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças –
Artigos 1º a 9° ............................................................................................................................................... 9
QUARTA-FEIRA ........................................................................................................................................ 18
Leitura da Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e formas Correlatas de
Intolerância – Artigos 1º a 3º ..................................................................................................................... 18
Leitura da Declaração Universal dos Direitos Humanos– Artigos 1º a 14.................................................. 25
SEXTA-FEIRA ........................................................................................................................................... 30
Leitura dos Princípios de Yogyakarta – Princípios 1º a 10 .......................................................................... 30
RETA FINAL
SEGUNDA-FEIRA
Leitura do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei – Artigos 1º
a 8º
Adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 17 de dezembro de 1979, através da
Resolução nº 34/169.
Importante! Apesar de se tratar de uma Resolução da ONU, não se trata de uma Convenção
ou um Tratado de Direitos Humanos.
Artigo 1º
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem sempre cumprir o dever que a lei lhes
impõe, servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos ilegais, em conformidade
com o elevado grau de responsabilidade que a sua profissão requer.
Artigo 2º
No cumprimento do dever, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar e
proteger a dignidade humana, manter e apoiar os direitos humanos de todas as pessoas.
Artigo 3º
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem empregar a força quando estritamente
necessária e na medida exigida para o cumprimento do seu dever.
O emprego da força por parte dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei deve ser
excepcional. Embora se admita que estes funcionários, de acordo com as circunstâncias,
possam empregar uma força razoável, de nenhuma maneira ela poderá ser utilizada de forma
desproporcional ao legítimo objetivo a ser atingido. O emprego de armas de fogo é
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RETA FINAL
considerado uma medida extrema; devem-se fazer todos os esforços no sentido de restringir
seu uso, especialmente contra crianças. Em geral, armas de fogo só deveriam ser utilizadas
quando um suspeito oferece resistência armada ou, de algum outro modo, põe em risco vidas
alheias e medidas menos drásticas são insuficientes para dominá-lo. Toda vez que uma arma
de fogo for disparada, deve-se fazer imediatamente um relatório às autoridades
competentes.
Artigo 4º
Os assuntos de natureza confidencial em poder dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei
devem ser mantidos confidenciais, a não ser que o cumprimento do dever ou necessidade de justiça
estritamente exijam outro comportamento.
Artigo 5º
Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar qualquer ato
de tortura ou qualquer outro tratamento ou pena cruel, desumano ou degradante, nem nenhum
destes funcionários pode invocar ordens superiores ou circunstâncias excepcionais, tais como o
estado de guerra ou uma ameaça de guerra, ameaça à segurança nacional, instabilidade política
interna ou qualquer outra emergência pública, como justificativa para torturas ou outros tratamentos
ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
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RETA FINAL
Ademais, de acordo com a doutrina contemporânea, o direito de não ser torturado é uma
exceção à limitabilidade dos direitos humanos, pois é por ela considerado um direito
absoluto.
Artigo 6º
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem garantir a proteção da saúde de todas as
pessoas sob sua guarda e, em especial, devem adotar medidas imediatas para assegurar-lhes
cuidados médicos, sempre que necessário.
O Código faz
menção expressa ao direito à saúde das pessoas sob a guarda dos funcionários
responsáveis pela aplicação da lei.
Artigo 7º
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem cometer quaisquer atos de corrupção.
Também devem opor-se vigorosamente e combater todos estes atos.
Qualquer ato de corrupção, tal como qualquer outro abuso de autoridade, é incompatível
com a profissão dos funcionários responsáveis
pela aplicação da lei. A lei deve ser aplicada
com rigor a qualquer funcionário que cometa um ato de corrupção. Os governos não podem
esperar que os cidadãos respeitem as leis se estas também não foram aplicadas contra os
próprios agentes do Estado e dentro dos seus próprios organismos.
Artigo 8º
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar a lei e este Código. Devem,
também, na medida das suas possibilidades, evitar e opor-se com rigor a quaisquer violações da lei e
deste Código. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que tiverem motivos para acreditar
que houve ou que está para haver uma violação deste Código, devem comunicar o fato aos seus
superiores e, se necessário, a outras autoridades competentes ou órgãos com poderes de revisão e
reparação.
As disposições contidas neste Código serão observadas sempre que tenham sido incorporadas
à legislação nacional ou à sua prática; caso a legislação ou a prática contiverem disposições
mais limitativas do que as deste Código, devem observar-se essas disposições mais limitativas.
Subentende-se que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem sofrer
sanções administrativas ou de qualquer outra natureza pelo fato de terem comunicado que
houve, ou que está prestes a haver, uma violação deste Código; como em alguns países os
meios de comunicação social desempenham o papel de examinar denúncias, os funcionários
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RETA FINAL
responsáveis pela aplicação da lei podem levar ao conhecimento da opinião pública, através
dos referidos meios, como último recurso, as violações a este Código. Os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei que cumpram as disposições deste Código merecem o
respeito, o total apoio e a colaboração da sociedade, do organismo de aplicação da lei no qual
servem e da comunidade policial.
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RETA FINAL
Leitura do Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado
Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial
Mulheres e Crianças – Artigos 1º a 9°
PREÂMBULO
Preocupados com o fato de na ausência desse instrumento, as pessoas vulneráveis ao tráfico não
estarem suficientemente protegidas,
Recordando a Resolução 53/111 da Assembleia Geral, de 9 de Dezembro de 1998, na qual a Assembleia
decidiu criar um comitê intergovernamental especial, de composição aberta, para elaborar uma
convenção internacional global contra o crime organizado transnacional e examinar a possibilidade de
elaborar, designadamente, um instrumento internacional de luta contra o tráfico de mulheres e de
crianças.
Convencidos de que para prevenir e combater esse tipo de criminalidade será útil completar a
Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional com um instrumento
internacional destinado a prevenir, reprimir e punir o tráfico de pessoas, em especial mulheres e
crianças,
Acordaram o seguinte:
I. Disposições Gerais
Artigo 1°
Relação com a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional
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RETA FINAL
1. O presente Protocolo completa a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional e será interpretado em conjunto com a Convenção.
Esse documento trata-se de um Protocolo da Convenção das Nações Unidas contra o Crime
Organizado, também conhecida como Convenção de Palermo, tendo esta sido promulgada
pelo Brasil através do Decreto n° 5.015, de 12 de março de 2004.
Artigo 2°
Objetivo
Os objetivos do presente Protocolo são os seguintes:
a) Prevenir e combater o tráfico de pessoas, prestando uma atenção especial às mulheres e às
crianças;
b) Proteger e ajudar as vítimas desse tráfico, respeitando plenamente os seus direitos humanos; e
c) Promover a cooperação entre os Estados Partes de forma a atingir esses objetivos.
Artigo 3°
Definições
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RETA FINAL
➢ Tráfico de pessoas:
✓ Ações:
• Recrutamento,
• Transporte,
• Transferência,
• Alojamento, ou
• Acolhimento de pessoas.
✓ Meios:
• Ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação,
• Rapto,
• Fraude,
• Engano,
• Abuso de autoridade, ou
• Situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou
benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade
sobre outra para fins de exploração.
b) O consentimento dado pela vítima de tráfico de pessoas tendo em vista qualquer tipo de
exploração descrito na alínea a) do presente Artigo será considerado irrelevante se tiver sido
utilizado qualquer um dos meios referidos na alínea a);
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RETA FINAL
d) O termo "criança" significa qualquer pessoa com idade inferior a dezoito anos.
Artigo 4°
Âmbito de aplicação
O presente Protocolo aplicar-se-á, salvo disposição em contrário, à prevenção, investigação e
repressão das infrações estabelecidas em conformidade com o Artigo 5° do presente Protocolo,
quando essas infrações forem de natureza transnacional e envolverem grupo criminoso organizad
o,
bem como à proteção das vítimas dessas infrações.
Via de regra, o Estado Parte deverá aplicar à prevenção, investigação e repressão das
infrações de tráfico de pessoas, quando forem praticadas intencionalmente, por meio de
tentativa, em participação, se organizar a sua prática ou dar instruções que outras pratiquem,
quando essas infrações forem de natureza transnacional e envolverem grupo criminoso
organizado, bem como à proteção das vítimas dessas infrações.
Entretanto, pode o Estado não aderir a essa regra, tanto quanto da ratificação do Protocolo
quanto posteriormente, de acordo com o que preconiza o próprio artigo em “salvo disposição
em contrário”.
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RETA FINAL
Artigo 5°
Criminalização
1. Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas e outras que considere necessárias de forma a
estabelecer como infrações penais os atos descritos no Artigo 3° do presente Protocolo, quando
tenham sido praticados intencionalmente.
Para que sejam consideradas infrações penais, os atos devem ter sido praticados com dolo,
ou seja, intencionalmente.
2. Cada Estado Parte adotará igualmente as medidas legislativas e outras que considere necessárias
para estabelecer como infrações penais:
a) Sem prejuízo dos conceitos fundamentais do seu sistema jurídico, a tentativa de cometer uma
infração estabelecida em conformidade com o parágrafo 1° do presente Artigo;
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RETA FINAL
2. Cada Estado Parte assegurará que o seu sistema jurídico ou administrativo contenha medidas que
forneçam às vítimas de tráfico de pessoas, quando necessário:
a) Informação sobre procedimentos judiciais e administrativos aplicáveis;
b) Assistência para permitir que as suas opiniões e preocupações sejam apresentadas e tomadas em
conta em fases adequadas do processo penal instaurado contra os autores das infrações, sem prejuízo
dos direitos da defesa.
3. Cada Estado Parte terá em consideração a aplicação de medidas que permitam a recuperação
física, psicológica e social das vítimas de tráfico de pessoas
, incluindo, se for caso disso, em
cooperação com organizações não-governamentais, outras organizações competentes e outros
elementos de sociedade civil e, em especial, o fornecimento de:
A recuperação da vítima não será papel exclusivo do Estado-Parte, pois poderá haver
cooperação com outras organizações não governamentais.
a) Alojamento adequado;
b) Aconselhamento e informação, especialmente quanto aos direitos que a lei lhes reconhece, numa
língua que compreendam;
c) Assistência médica, psicológica e material; e
d) Oportunidades de emprego, educação e formação.
4. Cada Estado Parte terá em conta, ao aplicar as disposições do presente Artigo, a idade, o sexo e as
necessidades específicas das vítimas de tráfico de pessoas, designadamente as necessidades
específicas das crianças, incluindo o alojamento, a educação e cuidados adequados.
5. Cada Estado Parte envidará esforços para garantir a segurança física das vítimas de tráfico de
pessoas enquanto estas se encontrarem no seu território.
Cada Estado parte garantirá a segurança física das vítimas que se encontrem em seu território,
sejam elas nacionais ou não.
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RETA FINAL
6. Cada Estado Parte assegurará que o seu sistema jurídico contenha medidas que ofereçam às
vítimas de tráfico de pessoas a possibilidade de obterem indenização pelos danos sofridos.
Um dos três objetivos do presente Protocolo é “Proteger e ajudar as vítimas desse tráfico”.
Nessa toada, a possibilidade de se obter indenização pelos danos sofridos é um dos meios de
ajudar as vítimas do tráfico de pessoas.
Artigo 7°
Estatuto das vítimas de tráfico de pessoas nos Estados de acolhimento
1. Além de adotar as medidas em conformidade com o Artigo 6° do presente Protocolo, cada Estado
Parte considerará a possibilidade de adotar medidas legislativas ou outras medidas adequadas que
permitam às vítimas de tráfico de pessoas permanecerem no seu território a título temporário ou
permanente, se for caso disso.
O Estado Parte deverá considerar as condições pessoais das vítimas, vulneráveis, pois cada
uma é dotada de uma realidade fática e de necessidades específicas.
Artigo 8
Repatriamento das vítimas de tráfico de pessoas
1. O Estado Parte do qual a vítima de tráfico de pessoas é nacional ou no qual a pessoa tinha direito
de residência permanente, no momento de entrada no território do Estado Parte de acolhimento,
facilitará e aceitará, sem demora indevida ou injustificada, o regresso dessa pessoa, tendo
devidamente em conta a segurança da mesma.
O Estado Parte em que a vítima seja nacional ou tenha residência permanente deve facilitar
o seu regresso do Estado Parte de acolhimento, levando-se sempre em consideração a
segurança da vítima.
2. Quando um Estado Parte retornar uma vítima de tráfico de pessoas a um Estado Parte do qual essa
pessoa seja nacional ou no qual tinha direito de residência permanente no momento de entrada no
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RETA FINAL
território do Estado Parte de acolhimento, esse regresso levará devidamente em conta a segurança da
pessoa bem como a situação de qualquer processo judicial relacionado ao fato de tal pessoa ser uma
vítima de tráfico, preferencialmente de forma voluntária.
3. A pedido do Estado Parte de acolhimento, um Estado Parte requerido verificará, sem demora
indevida ou injustificada, se uma vítima de tráfico de pessoas é sua nacional ou se tinha direito de
residência permanente no seu território no momento de entrada no território do Estado Parte de
acolhimento.
4. De formafacilitar
a o regresso de uma vítima de tráfico de pessoas que não possua os documentos
devidos, o Estado Parte do qual essa pessoa é nacional ou no qual tinha direito de residência
permanente no momento de entrada no território do Estado Parte de acolhimento aceitará emitir, a
pedido do Estado Parte de acolhimento, os documentos de viagem ou outro tipo de autorização
necessária que permita à pessoa viajar e ser readmitida no seu território
.
Em caso de a vítima não possuir os documentos devidos para o regresso ao Estado Parte do
qual seja nacional ou tinha residência permanente, este deverá emitir, a pedido do Estado
Parte de acolhimento, não da vítima de tráfico, os documentos necessários para a viagem de
regresso.
5. O presente Artigo não prejudica os direitos reconhecidos às vítimas de tráfico de pessoas por força
de qualquer disposição do direito interno do Estado Parte de acolhimento.
O regresso da vítima não deve ocorrer necessariamente com base nesse Protocolo. Pode
também se dar em casos de acordo bilateral ou multilateral entre os Estados, tudo isso para
ampliar os direitos das vítimas de tráfico de pessoas.
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RETA FINAL
5. Os Estados Partes adotarão ou reforçarão as medidas legislativas ou outras, tais como medidas
educacionais, sociais ou culturais, inclusive mediante a cooperação bilateral ou multilateral, a fim de
desencorajar a procura que fomenta todo o tipo de exploração de pessoas, especialmente de
mulheres e crianças, conducentes ao tráfico.
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RETA FINAL
QUARTA-FEIRA
DECRETA:
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RETA FINAL
Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional atos que possam resultar em revisão da
Convenção e ajustes complementares que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
patrimônio nacional, nos termos do inciso I do caput do art. 49 da Constituição.
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 10 de janeiro de 2022; 201º da Independência e 134º da República.
JAIR MESSIAS BOLSONARO
Carlos Alberto Franco França
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RETA FINAL
Pessoas que sofrem racismo são consideradas como um grupo vulnerável. Havendo formas
múltiplas ou extremas de racismo, discriminação e intolerância combinadas com outros
fatores também vulnerantes, tal grupo de pessoas tornam-se hipervulneráveis.
LEVANDO EM CONTA que uma sociedade pluralista e democrática deve respeitar a raça, cor,
ascendência e origem nacional ou étnica de toda pessoa, pertencente ou não a uma minoria, bem
como criar condições adequadas que lhe possibilitem expressar, preservar e desenvolver sua
identidade;
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RETA FINAL
O ponto mais importante da presente Convenção diz respeito às definições trazidas em seu
art. 1°, tendo em vista a facilidade de troca de conceitos em provas objetivas.
Artigo 1°
Para os efeitos desta Convenção:
1. Discriminação racial é qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, em qualquer
área da vida pública ou privada, cujo propósito ou efeito seja anular ou restringir o reconhecimento,
gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades
fundamentais consagrados nos instrumentos internacionais aplicáveis aos Estados Partes. A
discriminação racial pode basear-se em raça, cor, ascendência ou origem nacional ou étnica.
2. Discriminação racial indireta é aquela que ocorre, em qualquer esfera da vida pública ou
privada, quando um dispositivo, prática ou critério aparentemente neutro tem a capacidade de
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RETA FINAL
acarretar uma desvantagem particular para pessoas pertencentes a um grupo específico, com base
nas razões estabelecidas no Artigo 1.1, ou as coloca em desvantagem, a menos que esse dispositivo,
prática ou critério tenha um objetivo ou justificativa razoável e legítima à luz do Direito Internacional
dos Direitos Humanos.
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RETA FINAL
discriminatórias entre grupos são moral e cientificamente justificadas. Toda teoria, doutrina, ideologia
e conjunto de ideias racistas descritas neste Artigo são cientificamente falsas, moralmente
censuráveis, socialmente injustas e contrárias aos princípios fundamentais do Direito Internacional e,
portanto, perturbam gravemen
te a paz e a segurança internacional, sendo, dessa maneira,
condenadas pelos Estados Partes.
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RETA FINAL
CAPÍTULO II
DIREITOS PROTEGIDOS
Artigo 2°
Todo ser humano é igual perante a lei e tem direito à igual proteção contra o racismo, a
discriminação racial e formas correlatas de intolerância, em qualquer esfera da vida pública ou
privada.
Direito à não discriminação racial e formas correlatas de intolerância na esfera pública ou
privada.
Artigo 3°
Todo ser humano tem direito ao reconhecimento, gozo, exercício e proteção, em condições de
igualdade, tanto no plano individual como no coletivo, de todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais consagrados na legislação interna e nos instrumentos internacionais aplicáveis aos
Estados Partes.
Atenção 1: O direito pode ser exercido tanto no plano individual quanto no coletivo.
Atenção 2: Os direitos e liberdades fundamentas, que devem ser respeitados, podem estar
consagrados na legislação interna ou nos instrumentos internacionais.
Parece repetitivo fazer essas observações, mas são esses pontos que pegam os candidatos
nas questões objetivas.
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RETA FINAL
PREÂMBULO
Artigo 1°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência, e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
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RETA FINAL
Artigo 2°
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
condição.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional
do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob
tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
Artigo 3°
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4°
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão
proibidos em todas as suas formas.
Artigo 5°
Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
De acordo com a doutrina contemporânea, o direito de não ser mantido em escravidão (art.
4°) e o direito de não ser submetido à tortura (art. 5°) são exceções à relativização dos direitos
e, portanto, são considerados direitos absolutos.
Artigo 6°
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.
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RETA FINAL
Artigo 7°
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos
têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra
qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8°
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os
atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Artigo 9°
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um
tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fundamento de
qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo 11
1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que
a sua culpabilidade tenha sido provada, de acordo com a lei em julgamento público, no qual lhe
tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
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RETA FINAL
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam
delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que
aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo 12
Ninguém será sujeito a interferências em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua
correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da
lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo 13
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada
Estado.
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio. Entretanto,
somente terá o direito de regressar ao próprio país.
Pegadinha clássica: “Todo ser humano tem o direito de deixar e regressar a qualquer país,
inclusive o próprio.”. Incorreto.
Artigo 14
1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
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RETA FINAL
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes
de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
O direito de asilo não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada.
Pegadinha clássica: “Este direito pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente
motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das
Nações Unidas.”. A alternativa estaria incorreta.
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RETA FINAL
SEXTA-FEIRA
PREÂMBULO
Lembrando que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, que cada
pessoa tem o direito de desfrutar os direitos humanos sem distinção de qualquer tipo, tal como raça,
cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra opinião, origem nacional ou social, propriedade,
nascimento ou outro status;
O grupo de pessoas LGBTQIAPN+ é considerado um grupo vulnerável, ou seja, são pessoas que por
orientação sexual ou identidade de gênero encontram-se mais suscetíveis às violações de seus
direitos.
Quando cumuladas com outras situações, como de saúde e status econômicos, pode-se considerá-
lo um grupo hipervulnerável.
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RETA FINAL
Grupo LGBTQIAPN+:
• L: Lésbicas – Orientação sexual.
• G: Gays – Orientação sexual.
• B: Bissexuais – Orientação sexual.
• T: Transexuais – Identidade de gênero.
• Q: Queers – Identidade de gênero.
• I: Interssexuais – Identidade de gênero.
• A: Assexuais – Orientação sexual.
• P: Pansexuais – Orientação sexual.
• N: Não-binários – Identidade de gênero.
• +: Não se trata de um rol taxativo. Engloba toda e qualquer forma de orientação sexual e
de identidade de gênero.
Observando que a legislação internacional de direitos humanos afirma que toda pessoa, não
importando sua orientação sexual ou identidade de gênero, tem o direito de desfrutar plenamente
de todos os direitos humanos, que a aplicação das prerrogativas existentes de direitos humanos deve
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RETA FINAL
Até o presente momento, não há um tratado internacional de direitos humanos que trate sobre os
direitos das pessoas LGBTQIAPN+, aplicando-se a estes grupos as normativas gerais – CADH, PIDCP,
PIDESC – que trazem obrigações gerais dos Estados de não discriminação.
Portanto, os princípios têm caráter de soft law (não vinculante, tratando-se de meras
recomendações, até que um Tratado específico seja criado e seja vinculante), servindo como um
vetor de interpretação dos direitos humanos para lidar com os conflitos envolvendo direitos das
pessoas LGBTQIAPN+.
PRINCÍPIO 1°
DIREITO AO GOZO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
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RETA FINAL
Foram extraídos direitos civis, políticos, econômicos e sociais e realizado um recorte dos Tratados
de Direitos Humanos para os direitos de orientação sexual e identidade de gênero.
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Os seres humanos de todas
as orientações sexuais e identidades de gênero têm o direito de desfrutar plenamente de todos os
direitos humanos.
Os Estados deverão:
a) Incorporar os princípios da universalidade, inter-relacionalidade, interdependência e
indivisibilidade de todos os direitos humanos nas suas constituições nacionais ou em outras
legislações apropriadas, e assegurar o gozo universal de todos os direitos humanos;
b) Emendar qualquer legislação, inclusive a criminal, para garantir sua coerência com o gozo
universal de todos os direitos humanos;
c) Implementar programas de educação e conscientização para promover e aprimorar o gozo pleno
de todos os direitos humanos por todas as pessoas, não importando sua orientação sexual ou
identidade de gênero;
d) Integrar às políticas de Estado e ao processo decisório uma abordagem pluralista que reconheça
e afirme a inter-relacionalidade e a indivisibilidade de todos os aspectos da identidade humana,
inclusive aqueles relativos à orientação sexual e identidade de gênero.
PRINCÍPIO 2°
DIREITO À IGUALDADE E À NÃO DISCRIMINAÇÃO
Todas as pessoas têm o direito de desfrutar de todos os direitos humanos livres de discriminação
por sua orientação sexual ou identidade de gênero. Todos e todas têm direito à igualdade perante a
lei e à proteção da lei sem qualquer discriminação, seja ou não também afetado o gozo de outro direito
humano. A lei deve proibir quaisquer dessas discriminações e garantir a todas as pessoas proteção
igual e eficaz contra qualquer uma dessas discriminações.
A discriminação com base na orientação sexual ou identidade gênero inclui qualquer distinção,
exclusão, restrição ou preferência baseada na orientação sexual ou identidade de gênero que tenha
o objetivo ou efeito de anular ou prejudicar a igualdade perante à lei ou proteção igual da lei, ou o
reconhecimento, gozo ou exercício, em base igualitária, de todos os direitos humanos e das
liberdades fundamentais. A discriminação baseada na orientação sexual ou identidade de gênero
pode ser, e comumente é, agravada por discriminação decorrente de outras circunstâncias, inclusive
aquelas relacionadas ao gênero, raça, idade, religião, necessidades especiais, situação de saúde e
status econômico.
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RETA FINAL
A discriminação com base na orientação sexual ou identidade de gênero que comumente é agravada
por discriminação decorrente de outras circunstâncias torna o membro do grupo LGBTQIAPN+
hipervulnerável.
Os Estados deverão:
a) Incorporar os princípios de igualdade e não discriminação por motivo de orientação sexual e
identidade de gênero nas suas constituições nacionais e em outras legislações apropriadas, se ainda
não tiverem sido incorporados, inclusive por meio de emendas e interpretações, assegurando-se a
aplicação eficaz desses princípios;
b) Revogar dispositivos criminais e outros dispositivos jurídicos que proíbam, ou sejam empregados
na prática para proibir, a atividade sexual consensual entre pessoas do mesmo sexo que já atingiram
a idade do consentimento, assegurando que a mesma idade do consentimento se aplique à atividade
sexual entre pessoas do mesmo sexo e pessoas de sexos diferentes;
c) Adotar legislação adequada e outras medidas para proibir e eliminar a discriminação nas esferas
pública e privada por motivo de orientação sexual e identidade de gênero;
d) Tomar as medidas adequadas para assegurar o desenvolvimento das pessoas de orientações
sexuais e identidades de gênero diversas, para garantir que esses grupos ou indivíduos desfrutem
ou exerçam igualmente seus direitos humanos. Estas medidas não podem ser consideradas como
discriminatórias;
PRINCÍPIO 3°
DIREITO AO RECONHECIMENTO PERANTE A LEI
Toda pessoa tem o direito de ser reconhecida, em qualquer lugar, como pessoa perante a lei. As
pessoas de orientações sexuais e identidades de gênero diversas devem gozar de capacidade jurídica
em todos os aspectos da vida. A orientação sexual e identidade de gênero autodefinidas por cada
pessoa constituem parte essencial de sua personalidade e um dos aspectos mais básicos de sua
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RETA FINAL
Os Estados deverão:
a) Garantir que todas as pessoas tenham capacidade jurídica em assuntos cíveis, sem discriminação
por motivo de orientação sexual ou identidade de gênero, assim como a oportunidade de exercer
esta capacidade, inclusive direitos iguais para celebrar contratos, administrar, ter a posse, adquirir
(inclusive por meio de herança), gerenciar, desfrutar e dispor de propriedade;
b) Tomar todas as medidas legislativas, administrativas e de outros tipos que sejam necessárias para
respeitar plenamente e reconhecer legalmente a identidade de gênero autodefinida por cada
pessoa;
c) Tomar todas as medidas legislativas, administrativas e de outros tipos que sejam necessárias para
que existam procedimentos pelos quais todos os documentos de identidade emitidos pelo Estado
que indiquem o sexo/gênero da pessoa – incluindo certificados de nascimento, passaportes, registros
eleitorais e outros documentos – reflitam a profunda identidade de gênero autodefinida por cada
pessoa.
d) Assegurar que esses procedimentos sejam eficientes, justos e não-discriminatórios e que
respeitem a dignidade e privacidade das pessoas;
e) Garantir que mudanças em documentos de identidade sejam reconhecidas em todas as situações
em que a identificação ou desagregação das pessoas por gênero seja exigida por lei ou por políticas
públicas;
Jurisprudência:
O STF, no RE 670.422 e na ADI 4.275, adotou o entendimento de que a alteração do prenome e do
sexo no registro civil é um direito fundamental do transgênero, exigindo-se, para o seu exercício,
nada além da manifestação de vontade, não sendo necessário cirurgia de transgenitalização.
A partir desse entendimento, o CNJ publicou o Provimento 73/2018 para orientar o procedimento
de alteração do nome e do sexo das pessoas trans diretamente nos cartórios de registro civil. O
fique com o gênero constante
normativo fixou que a pessoa com mais de 18 anos que não se identi
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RETA FINAL
em seu registro de nascimento, que tenha ou não passado pela cirurgia de redesignação sexual,
pode pedir a mudança extrajudicial.
Entretanto, no ano de 2022, entrou em vigor a Lei n° 14.382 que alterou o art. 56 da Lei de Registros
Públicos para permitir que qualquer pessoa maior de idade (não só os transgêneros), a qualquer
tempo, requeira a mudança do prenome, independentemente de justificativa e de autorização
judicial (porém, somente uma vez) – direito que antes, em regra, só podia ser exercido no prazo de
um ano após a maioridade.
f) Implementar programas focalizados para apoiar socialmente todas as pessoas que vivem uma
situação de transição ou mudança de gênero.
PRINCÍPIO 4°
DIREITO À VIDA
Toda pessoa tem o direito à vida. Ninguém deve ser arbitrariamente privado da vida, inclusive nas
circunstâncias referidas à orientação sexual ou identidade de gênero. A pena de morte não deve ser
imposta a ninguém por atividade sexual consensual entre pessoas que atingiram a idade do
consentimento ou por motivo de orientação sexual ou identidade de gênero.
Além de afirmar que não se pode criminalizar atos decorrentes da orientação sexual ou identidade
de gênero da pessoa, tal documento internacional veda expressamente a pena de morte para tais
casos.
Os Estados deverão:
a) Revogar todas as formas de crimes que tenham como objetivo ou efeito a proibição da a atividade
sexual consensual entre pessoas do mesmo sexo que já atingiram a idade do consentimento e, até
que esses dispositivos sejam revogados, nunca impor a pena de morte a nenhuma pessoa condenada
por esses crimes;
b) Cancelar penas de morte e libertar todas as pessoas que atualmente aguardam execução por
crimes relacionados à atividade sexual consensual entre pessoas que já atingiram a idade do
consentimento;
Deve-se levar em consideração a idade do indivíduo, que deve ter capacidade para dar
consentimento.
36
RETA FINAL
No direito brasileiro, essa idade é de 14 anos, tendo em vista que o Código Penal considera como
crime de estupro de vulnerável ter conjunção carnal ou qualquer ato libidinoso com menor de 14
anos1, independente de seu consentimento:
Súmula 593 STJ: O crime de estupro de vulnerável configura-se com a conjunção carnal ou prática
de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima para
a prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
c) Cessar quaisquer ataques patrocinados pelo Estado ou tolerados pelo Estado contra a vida das
pessoas em razão de sua orientação sexual ou identidade de gênero, e garantir que tais ataques,
realizados por funcionários do governo ou por qualquer indivíduo ou grupo, sejam energicamente
investigados e que, quando forem encontradas provas adequadas, os responsáveis sejam
processados, julgados e devidamente punidos.
PRINCÍPIO 5°
DIREITO À SEGURANÇA PESSOAL
Toda pessoa, independente de sua orientação sexual ou identidade de gênero, tem o direito à
segurança pessoal e proteção do Estado contra a violência ou dano corporal infligido por
funcionários governamentais ou qualquer indivíduo ou grupo.
Os Estados deverão:
a) Tomar todas as medidas policiais e outras medidas necessárias para prevenir e proteger as
pessoas de todas as formas de violência e assédio relacionadas à orientação sexual e identidade de
gênero;
b) Tomar todas as medidas legislativas necessárias para impor penalidades criminais adequadas à
violência, ameaças de violência, incitação à violência e assédio associado por motivo de orientação
sexual ou identidade de gênero de qualquer pessoa ou grupo de pessoas em todas as esferas da vida,
inclusive a familiar;
1
Art. 217-A, CP.
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RETA FINAL
na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código
Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”);
2. A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o exercício da
liberdade religiosa, qualquer que seja a denominação confessional professada, a cujos fiéis e
ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e líderes ou celebrantes das
religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de divulgar, livremente,
pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu pensamento e de externar suas
convicções de acordo com o que se contiver em seus livros e códigos sagrados, bem assim o de
ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos
e praticar os atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público ou privado,
de sua atuação individual ou coletiva, desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio,
assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência
contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero;
3. O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-se para além de aspectos
estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, de uma
construção de índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade e
destinada ao controle ideológico, à dominação política, à subjugação social e à negação da
alteridade, da dignidade e da humanidade daqueles que, por integrarem grupo vulnerável (LGBTI+)
e por não pertencerem ao estamento que detém posição de hegemonia em uma dada estrutura
social, são considerados estranhos e diferentes, degradados à condição de marginais do
ordenamento jurídico, expostos, em consequência de odiosa inferiorização e de perversa
estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do sistema geral de proteção do direito.
(STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados
em em 13/6/2019) (Info 944).
c) Tomar todas as medidas legislativas, administrativas e outras medidas necessárias para garantir
que a orientação sexual ou identidade de gênero da vítima não possa ser utilizada para justificar,
desculpar ou atenuar essa violência;
d) Garantir que a perpetração dessas violências seja vigorosamente investigada e, quando provas
adequadas forem encontradas, as pessoas responsáveis sejam processadas, julgadas e devidamente
punidas, e que as vítimas tenham acesso a recursos jurídicos e medidas corretivas adequadas,
incluindo indenização;
e) Realizar campanhas de conscientização dirigidas ao público em geral, assim como a
perpetradores/as reais ou potenciais de violência, para combater os preconceitos que são a base da
violência relacionada à orientação sexual e identidade de gênero.
PRINCÍPIO 6°
DIREITO À PRIVACIDADE
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RETA FINAL
Toda pessoa, independente de sua orientação sexual ou identidade de gênero, tem o direito de
desfrutar de privacidade, sem interferência arbitrária ou ilegal, inclusive em relação à sua família,
residência e correspondência, assim como o direito à proteção contra ataques ilegais à sua honra e
reputação. O direito à privacidade normalmente inclui a opção de revelar ou não informações relativas
à sua orientação sexual ou identidade de gênero, assim como decisões e escolhas relativas a seu
próprio corpo e a relações sexuais consensuais e outras relações pessoais.
Os Estados deverão:
a) Tomar todas as medidas legislativas, administrativas e outras medidas necessárias para garantir o
direito de cada pessoa, independente de sua orientação sexual ou identidade de gênero, de desfrutar
a esfera privada, decisões íntimas e relações humanas, incluindo a atividade sexual consensual entre
pessoas que já atingiram a idade do consentimento, sem interferência arbitrária;
b) Revogar todas as leis que criminalizam a atividades sexual consensual entre pessoas do mesmo
sexo que já atingiram a idade do consentimento e assegurar que a mesma idade do consentimento
se aplique à atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo e de diferentes sexos;
c) Assegurar que os dispositivos criminais e outros dispositivos legais de aplicação geral não sejam
aplicados de facto para criminalizar a atividade sexual consensual entre pessoas do mesmo sexo que
tenham a idade do consentimento;
d) Revogar qualquer lei que proíba ou criminalize a expressão da identidade de gênero, inclusive
quando expressa pelo modo de vestir, falar ou maneirismo, a qual negue aos indivíduos a oportunidade
de modificar seus corpos, como um meio de expressar sua identidade de gênero;
e) Libertar todas as pessoas detidas com base em condenação criminal, caso sua detenção esteja
relacionada à atividade sexual consensual entre pessoas que já atingiram a idade do consentimento
ou estiver relacionada à identidade de gênero;
f) Assegurar o direito de todas as pessoas poderem escolher, normalmente, quando, a quem e como
revelar informações sobre sua orientação sexual ou identidade de gênero, e proteger todas as pessoas
de revelações arbitrárias ou indesejadas, ou de ameaças de revelação dessas informações por outras
pessoas.
PRINCÍPIO 7°
DIREITO DE NÃO SOFRER PRIVAÇÃO ARBITRÁRIA DA LIBERDADE
Ninguém deve ser sujeito à prisão ou detenção arbitrárias. Qualquer prisão ou detenção baseada na
orientação sexual ou identidade de gênero é arbitrária, sejam elas ou não derivadas de uma ordem
judicial. Todas as pessoas presas, independente de sua orientação sexual ou identidade de gênero,
têm direito, com base no princípio de igualdade, de serem informadas das razões da prisão e da
natureza de qualquer acusação contra elas, de serem levadas prontamente à presença de uma
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RETA FINAL
PRINCÍPIO 8°
DIREITO A JULGAMENTO JUSTO
Toda pessoa tem direito a ter uma audiência pública e justa perante um tribunal competente,
independente e imparcial, estabelecido por lei, para determinar seus direitos e obrigações num
processo legal e em qualquer acusação criminal contra ela, sem preconceito ou discriminação por
motivo de orientação sexual ou identidade de gênero.
Os Estados deverão:
a) Tomar todas as medidas legislativas, administrativas e outras medidas necessárias para proibir e
eliminar tratamento preconceituoso por motivo de orientação sexual ou identidade de gênero em
cada etapa do processo judicial, nos procedimentos civis e criminais, e em todos os outros
procedimentos judiciais e administrativos que determinem direitos e obrigações, e de assegurar que a
credibilidade ou caráter de uma pessoa como parte interessada, testemunha, defensora ou tomadora
de decisões não sejam impugnados por motivo de sua orientação sexual ou identidade de gênero;
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RETA FINAL
b) Tomar todas as medidas necessárias e razoáveis para proteger as pessoas de processos criminais
ou procedimentos civis que sejam motivados, no todo ou em parte, por preconceito relativo à
orientação sexual ou identidade de gênero;
c) Implementar programas de treinamento e de conscientização para juízes, funcionários de
tribunais, promotores/as, advogados/as e outras pessoas sobre os padrões internacionais de
direitos humanos e princípios de igualdade e não discriminação, inclusive em relação à orientação
sexual e identidade de gênero.
PRINCÍPIO 9°
DIREITO A TRATAMENTO HUMANO DURANTE A DETENÇÃO
Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com humanidade e com respeito pela dignidade
inerente à pessoa humana. A orientação sexual e identidade de gênero são partes essenciais da
dignidade de cada pessoa.
Os Estados deverão:
a) Garantir que a detenção evite uma maior marginalização das pessoas motivada pela orientação
sexual ou identidade de gênero, expondo-as a risco de violência, maus-tratos ou abusos físicos,
mentais ou sexuais;
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RETA FINAL
PRINCÍPIO 10
DIREITO DE NÃO SOFRER TORTURA E TRATAMENTO OU CASTIGO CRUEL, DESUMANO OU
DEGRADANTE
Toda pessoa tem o direito de não sofrer tortura e tratamento ou castigo cruel, desumano ou
degradante, inclusive por razões relacionadas à sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Os Estados deverão:
a) Tomar todas as medidas legislativas, administrativas e outras medidas necessárias para evitar e
proteger as pessoas de tortura e tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante, perpetrados
ênero
por motivos relacionados à orientação sexual e identidade de g da vítima, assim como o
incitamento a esses atos;
b) Tomar todas as medidas razoáveis para identificar as vítimas de tortura e tratamento ou castigo
cruel, desumano ou degradante, perpetrados por motivos relacionados à orientação sexual e
identidade de gênero, oferecendo recursos jurídicos, medidas corretivas e reparações e, quando for
apropriado, apoio médico e psicológico;
c) Implantar programas de treinamento e conscientização, para a polícia, o pessoal prisional e todas
as outras pessoas do setor público e privado que estão em posição de perpetrar ou evitar esses atos.
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