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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
CURSO BACHARELADO EM ENFERMAGEM

LETÍCIA ANDRESSA DELGOBO


LUDMILLE STANDER SANTOS
MARIANA IANSEN

DEPRESSÃO PÓS PARTO

PONTA GROSSA
2022
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SUMÁRIO
1 DEFINIÇÃO…………………………………………………………………………………………2

2 HISTÓRIA…………………………………………………………………………………………..2

3 CAUSAS…………………………………………………………………………………………….2

4 SINTOMAS………………………………………………………………………………………….3

5 TRATAMENTO……………………………………………………………………………………...4

6 CUIDADOS DE ENFERMAGEM…………………………………………………………………6

7 CONCLUSÃO……………………………………………………………………………………….6

8 REFERÊNCIAS…………………………………………………………………………………….7
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1. Definição

A depressão pós-parto é uma condição que engloba uma variedade de mudanças físicas e
emocionais trazendo às mulheres sentimentos como profunda tristeza, desespero, falta de
esperança, melancolia, exaustão mental e física em relação à nova rotina e essa condição
pode aparecer e/ou durar dias, semanas ou até meses após o parto. Passar pela
experiência de ter depressão pós parto também pode trazer à mulher medo, dúvida e
angústia quanto à sua capacidade no cuidado ao bebê e demais mudanças dessa fase, o
que afeta negativamente a saúde da mulher.

Essa condição traz também consequências no vínculo entre mãe e filho, principalmente se
falando de vínculo afetivo. Isso pode ter efeitos no desenvolvimento social, afetivo e
cognitivo da criança. Além disso, a mulher em estado depressivo pode ter dificuldades na
amamentação adequada e também acaba descuidando do calendário vacinal do seu bebê.

A depressão pós parto afeta mulheres de todas as idades, raças e classes sociais.
Qualquer mulher grávida, ou que sofreu aborto, ou parou de amamentar recentemente, ou
teve bebê recentemente podem desenvolver essa condição.

2. História

Transtornos mentais relacionados ao puerpério são descritos há muito tempo. Entre os


séculos XVII e XVIII, havia relatos de “insanidade puerperal”, na literatura francesa e alemã.
Em 1818, um psiquiatra francês chamado Jean Esquirol foi o primeiro a descrever dados de
92 casos de psicose puerperal retirados de um estudo próprio. Em 1856, outro médico
francês chamado Victor Louis Marcé, sugeriu que mudanças fisiológicas associadas ao
puerpério influenciavam o humor materno.

Já na década de 1960, pesquisadores descreveram uma condição chamada “disforia


puerperal”, onde observaram que alguns dias após o parto, muitas mulheres apresentavam
episódios de choro com muita facilidade e que esse choro não teria relação com tristeza.

A partir da década de 1950 surgiram estudos acerca de quadros moderados de transtornos


de humor, um deles foi realizado em 1968 e descrevia um quadro de 33 mulheres com
depressão no pós parto, propondo classificá-las como “depressão atípica”.

De acordo com Kaplan e Snadock (1990), entre 20% a 40% das mulheres evidenciam
perturbação emocional ou disfunção cognitiva no período pós parto.

Nos dias atuais, o tema é mais amplamente explorado e discutido, além de existirem
cuidados direcionados à mulheres que passam por essa condição no puerpério.

3. Causas

Não existe uma única causa conhecida para depressão pós-parto. Ela pode estar associada
a fatores físicos, emocionais, estilo e qualidade de vida, além de ter ligação, também, com
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histórico de outros problemas e transtornos mentais. No entanto, a principal causa da


depressão pós-parto é o enorme desequilíbrio de hormônios em decorrência do término da
gravidez.

Durante a gestação, o organismo da mulher esteve submetido a altas doses de hormônios


e tanto o estrógeno quanto a progesterona agem no sistema nervoso central, mexendo com
os neurotransmissores que estabelecem a ligação entre os neurônios. De repente, em
algumas horas depois do parto, o nível desses hormônios cai vertiginosamente, o que pode
ser um fator importante no desencadeamento dos transtornos pós-parto. Todos os sintomas
associados ao humor e às emoções são multideterminados, ou seja, não têm uma causa
única.

Outros fatores que podem causar ou ajudar a provocar a depressão pós-parto são:
● Privação de sono.
● Isolamento.
● Alimentação inadequada.
● Sedentarismo.
● Falta de apoio do parceiro.
● Falta de apoio da família.
● Depressão, ansiedade, estresse ou outros transtornos mentais.
● Vício em crack, álcool ou outras drogas.

Em homens, a depressão pós-parto pode surgir por conta da preocupação com sua própria
capacidade de educar um recém-nascido com e com o aumento das
responsabilidades/suporte que se deve dar à parceira.

Dentre os fatores de risco que podem aumentar o surgimento de depressão pós-parto


incluem-se:
● Histórico de depressão pós-parto anterior.
● Falta de apoio da família, parceiro e amigos.
● Estresse, problemas financeiros ou familiares.
● Falta de planejamento da gravidez.
● Limitações físicas anteriores, durante ou após o parto.
● Depressão antes ou durante a gravidez.
● Complicações obstétricas
● Transtorno bipolar.
● Histórico familiar de depressão ou outros transtornos mentais.
● Violência doméstica.

4. Sintomas

Deve-se diferenciar a depressão pós parto da tristeza pós-parto, que surge dois ou três dias
depois de a mulher dar à luz e some em dez dias. A depressão instala-se lentamente
geralmente, o quadro inicia-se entre duas semanas até três meses após o parto.
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Os sintomas típicos da depressão pós-parto são melancolia intensa/desmedida,


desmotivação profunda diante da vida, ausência de forças para lidar com a rotina e muita
tristeza, acompanhada de desespero constante.

Além disso,outros sinais abaixo também indicam depressão pós-parto:


● Perda de interesse ou prazer em atividades diárias.
● Perda de interesse ou prazer em atividades/coisas/pessoas que antes gostava.
● Pensamento na morte ou suicídio.
● Vontade súbita de prejudicar ou fazer mal ao bebê.
● Perda ou ganho de peso.
● Vontade de comer mais ou menos do que o habitual.
● Dormir muito ou não dormir o suficiente.
● Insônia.
● Inquietação e indisposição constante.
● Cansaço extremo.
● Sentimento de indignação ou culpa.
● Dificuldade de concentração e tomada de decisões.
● Ansiedade e excesso de preocupação.

Em relação às consequências de uma depressão pós parto têm-se que, a mulher que está
em depressão pós-parto, normalmente, amamenta pouco e não cumpre o calendário vacinal
dos bebês. Assim, as crianças têm maior risco de apresentar baixo peso e transtornos
psicomotores, além de outros problemas de saúde.

Os custos emocionais ligados à depressão pós-parto fazem com que a mãe interaja menos
com a criança e que sentimentos de desamparo e desesperança, diminuição da energia e
motivação, transtornos alimentares e do sono, ansiedade e sentimentos de incapacidade de
lidar com situações novas sejam emocionalmente potencializadas.

Se não for tratada corretamente e de forma imediata, a depressão pós-parto pode interferir
negativamente no vínculo entre mãe-filho e causar problemas familiares, muitos deles
irreversíveis. Filhos de mães que têm depressão pós-parto não tratada são mais propensos
a ter problemas de comportamento, como dificuldades para dormir e comer, crises de birra e
hiperatividade. Os atrasos no desenvolvimento da linguagem são mais comuns também. A
depressão pós-parto, se não tratada adequadamente, pode durar meses e até tornar-se em
um distúrbio depressivo crônico podendo levar ao suicídio.

5. Tratamento

O tratamento da depressão pós-parto é feito individualmente, conforme cada caso, com

medicamentos antidepressivos combinados com psicoterapia. O aconselhamento e apoio

da família, parceiro(a) e amigos é fundamental, pois ajuda a tratar e a prevenir depressão,


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depressão pós-parto e depressão durante a gravidez. Para o tratamento ser eficaz, é

recomendado que ambos os pais participem de todo o processo.

Conforme cada situação, também podem ser recomendados:

● Presença de um(a) babá durante meio período ou tempo integral.


● Exercícios para fortalecer os laços entre paciente e bebê.
● Terapia hormonal.

O apoio psicológico é fundamental na depressão pós-parto, pois permite que a pessoa fale

como se sente sem receio de ser julgada e/ ou preocupação com o que outras pessoas

podem pensar e, assim, é possível que os sentimentos sejam trabalhados e a pessoa passe

a se sentir melhor.

Os alimentos consumidos diariamente também podem ajudar a combater os sintomas da

depressão e melhorar a sensação de bem-estar e a auto-estima da pessoa.Alguns dos

alimentos que combatem a depressão são a banana verde, o abacate e as nozes, que

devem ser consumidos regularmente, pois possuem triptofano, que é um aminoácido

associado à produção de serotonina, que é um neurotransmissor que garante a sensação

de bem-estar. Além disso, a suplementação de ômega 3 pode ser útil como forma de

complementar o tratamento contra depressão. Esse tipo de suplemento atua melhorando o

bem-estar.

Qualquer exercício físico é benéfico para combater a depressão. Uma opção é ir passear

com o bebê de manhã cedo ou deixar o bebê sob os cuidados de outra pessoa, para ter um

tempo exclusivo para você mesma. A atividade física regular irá liberar endorfinas na

corrente sanguínea e irá melhorar a circulação, dois aspectos importantes no combate à

depressão.

O uso de remédios antidepressivos só é recomendado nos casos mais graves de depressão

pós-parto e quando a psicoterapia não é suficiente, podendo ser recomendado pelo médico

o uso de Sertralina, Paroxetina ou Nortriptilina, que são mais seguros e não prejudicam a

amamentação. O efeito dos medicamentos pode demorar de 2 a 3 semanas para serem


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observados, e pode ser preciso continuar tomando a medicação por 6 meses ou mais. Ao

notar que se sente melhor após o início do uso dos medicamentos, não se deve tentar

deixar de tomar ou diminuir a dose, sem antes falar com o médico.

6. Cuidados de Enfermagem

- Acolher a mulher, a família ou cuidadores;

- Realizar educação em saúde sobre o quadro clínico e os sinais e sintomas da DPP;

- Avaliar a mulher constantemente;

- Estar atenta com sintomas graves e fala relacionada à morte;

- Realizar cuidados mãe-bebê e a família;

- Realizar ações de prevenção da DPP já no pós-parto, avaliando a mulher e se

atentando a qualquer sinal;

- Realizar o fortalecimento da amamentação;

- Garantir questões relacionadas à religiosidade e espiritualidade;

- Incentivar o acompanhante de cuidado pós-alta, mesmo que a paciente não possua

sintomas;

- Realizar promoção de saúde mental de todos os envolvidos;

- Fazer orientações em grupo e no pré-natal;

- Se atentar no pré-natal aos riscos e vulnerabilidade;

- Promover a escuta qualificada;

- Criar vínculo com a mãe e sua família;

- Garantir um encaminhamento especializado nos casos suspeitos de DPP;

- Buscar a diminuição dos sentimentos negativos

7. Conclusão

Conclui-se então, que a depressão pós parto é uma condição a qual todas as mulheres que

passam pelo puerpério, ou sofreram aborto recentemente estão sujeitas a passar. Ela tem

por característica o surgimento de profunda tristeza, apatia, desespero, entre outros. Pode

afetar a relação entre mãe e bebê, e se observa que é descrita há muito tempo na

humanidade, por estar relacionada com diversos fatores que, associados podem vir a

causar a depressão pós parto. Os sintomas são observados de forma gradual, de dias a
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semanas após o parto e se dado a devida atenção é possível iniciar o tratamento logo, que

conta com antidepressivos e psicoterapia. A enfermagem tem papel fundamental, prestando

cuidados, acolhendo a mulher, orientando cuidados e evidenciando a importância de se ter

uma rede de apoio.

8. Referências

Depressão pós-parto acomete mais de 25% das mães no Brasil. Disponível em:
<https://portal.fiocruz.br/noticia/depressao-pos-parto-acomete-mais-de-25-das-maes-no-bra
sil>.

‌ epressão pós-parto. Disponível em:


D
<https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/depressao-pos-parto-1#:~:text=
A%20depress%C3%A3o%20p%C3%B3s%2Dparto%20%C3%A9>.

Depressão Pós-Parto - Secretaria da Saúde. Disponível em:


<https://www.saude.go.gov.br/biblioteca/7594-depress%C3%A3o-p%C3%B3s-parto>.

COUTINHO, M. DA P. DE L.; SARAIVA, E. R. DE A. Depressão pós-parto: considerações


teóricas. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 8, n. 3, 1 dez. 2008.

‌CANTILINO, A. et al. Transtornos psiquiátricos no pós-parto. Archives of Clinical Psychiatry


(São Paulo), v. 37, n. 6, p. 288–294, 2010.

VARELLA, D. D. Depressão pós-parto | Entrevista. Disponível em:


<https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/depressao-pos-parto-entrevista/>. Acesso
em: 29 jun. 2022.

Nursebook - A plataforma feita para profissionais de Enfermagem. Pebmed.com.br.


Published 2022. Disponível em: <https://nursebook.pebmed.com.br/home/>. Acesso em 29
jun 2022.

SEDICIAS, Sheila. Depressão pós-parto: o que é, sintomas e tratamento. Tua Saúde.


Published February 19, 2014. Disponível em:
<https://www.tuasaude.com/sintomas-de-depressao-pos-parto/> Acesso 29 jun 2022

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