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DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS, TRATAMENTO e PREVENÇÃO

1. TOXOPLASMOSE

Toxoplasma gondii
A toxoplasmose é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Toxoplasma gondii,
que possui como hospedeiro definitivo os gatos, e intermediário os humanos. Assim, as
pessoas podem ser infectadas por esse parasita por meio da ingestão de cistos
de Toxoplasma gondii presentes no solo, água ou alimentos, contato direto com as fezes
dos gatos infectados ou por meio da transmissão mãe-filho, também chamada de
transplacentária, que acontece quando a gestante adquire toxoplasmose e não faz o
tratamento adequado, podendo o parasita passar pela placenta e infectar o bebê.
Principais sintomas: Na maioria das vezes a toxoplasmose é assintomática, no entanto em
gestantes e pessoas com o sistema imunológico comprometido os sintomas podem
aparecer entre 5 a 20 dias de acordo com a forma de contágio. Os principais sintomas
relacionados com a toxoplasmose são aparecimento de ínguas no pescoço, dor de cabeça,
manchas vermelhas pelo corpo, febre e dor muscular.
Como é feito o tratamento: O tratamento para a toxoplasmose é feito com o objetivo de
eliminar o parasita do organismo, sendo normalmente recomendado pelo médico o uso
de medicamentos, como por exemplo a Pirimetamina associada a Sulfadiazina. Durante a
gravidez, em caso de diagnóstico de toxoplasmose, é importante que o tratamento seja
realizado rapidamente para evitar malformações fetais e complicações durante a gestação.

Prevenção: Consumir apenas carne bem cozida; Lavar bem frutas e legumes; Congelar a
carne por 3 dias a 15ºC negativos; Lavar as mãos regularmente, sobretudo após a
manipulação de alimentos e antes das refeições; Evitar contato com areia de gatos e lavar
bem as mãos após este procedimento. Gestantes não devem ter contato com areia de gatos;
Manter o gato bem alimentado e sem acesso à rua para ele não caçar e se contaminar. Evite
acariciar cães que andem soltos; Controle ratos e insetos como moscas, baratas e formigas,
descartando corretamente o lixo doméstico e os dejetos das criações de animais; Lave bem
as mãos e as unhas após trabalhar na terra (horta ou jardim);

2. LEISHMANIOSE
Leishmania braziliensis

Mosquito palha

A leishmaniose é uma parasitose causada pelo protozoário do gênero Leishmania que, de


acordo com a espécie responsável pela infecção, pode causar sintomas que variam de leves
a graves. Uma das espécies mais frequentemente encontradas no Brasil é a Leishmania
braziliensis, que normalmente está relacionada a manifestações clínicas mais graves.
A transmissão das espécies de Leishmania acontece por meio a picada de uma mosca do
gênero Lutzomyia, popularmente chamado de mosquito-palha, que ao picar as pessoas,
por exemplo, deposita o parasita que estava localizada no seu sistema digestivo. De acordo
com a espécie e sintomas apresentados pelo paciente, a leishmaniose pode ser classificada
em Leishmaniose tegumentar ou cutânea, Leishmaniose mucocutânea e Leishmaniose
visceral, cada uma apresentando características específicas.
Principais sintomas: No caso da leishmaniose cutânea, os sintomas iniciais normalmente
aparecem entre duas semanas e três meses após a infecção pelo protozoário, sendo
normalmente observado o aparecimento de um ou mais nódulos no local da picada que
pode evoluir para uma ferida aberta e indolor em poucas semanas.
No caso da leishmaniose mucocutânea, as lesões são mais sérias e evoluem rapidamente
para lesões abertas envolvendo as mucosas e cartilagens, principalmente nariz, faringe e
boca. Essas lesões podem resultar em dificuldade para falar, engolir ou respirar, o que pode
aumentar o risco de infecção e resultar no óbito, por exemplo.
Já na leishmaniose visceral, os sintomas possuem evolução crônica e geralmente há febre
frequente, aumento do baço e do fígado, anemia, perda de peso e edema, devendo ser
tratado rapidamente, uma vez que as pessoas com esse tipo de leishmaniose podem evoluir
rapidamente para um quadro de caquexia e, consequentemente, óbito.
Como é feito o tratamento: O tratamento para a leishmaniose é feito quando as lesões
iniciais são muito grandes, multiplicam-se ou resultam em sintomas debilitantes, sendo
indicado o uso de Antimoniais Pentavalentes, como a Anfotericina B, Pentamidina e
Aminosidina, por exemplo, que devem ser usados de acordo com o tipo de leishmaniose
e orientação do médico.
Prevenção: Medidas de proteção individual- Para evitar os riscos de transmissão, algumas
medidas de proteção individual devem ser estimuladas, tais como: uso de mosquiteiro com
malha fina, telagem de portas e janelas, uso de repelentes, não se expor nos horários de
atividade do vetor (crepúsculo e noite) em ambiente onde este habitualmente pode ser
encontrado.
Dirigidas ao vetor- Saneamento ambiental, O controle da transmissão urbana da LV é
laborioso e de resultados nem sempre satisfatórios a partir de uma única aplicação residual
de inseticida. Portanto, outras medidas mais permanentes são indicadas como o manejo
ambiental, através da limpeza de quintais, terrenos e praças públicas, a fim de alterar as
condições do meio, que propiciem o estabelecimento de criadouros de formas imaturas
do vetor.
Medidas simples como limpeza urbana, eliminação dos resíduos sólidos orgânicos e
destino adequado dos mesmos, eliminação de fonte de umidade, não permanência de
animais domésticos dentro de casa, entre outras, certamente contribuirão para evitar ou
reduzir a proliferação do vetor.

3. TRICOMONÍASE

Trichomonas vaginalis
A tricomoníase é uma doença infecciosa e sexualmente transmissível que é causada pelo
protozoário Trichomonas sp., sendo a espécie mais comumente encontrada
o Trichomonas vaginalis. A infecção por esse parasita pode acontecer tanto em homens
quanto em mulheres, causando sintomas semelhantes às infecções urinárias.
Principais sintomas: Nas mulheres, os sintomas da tricomoníase demoram cerca de 3 a 20
dias para aparecer, podendo haver corrimento de cor amarelo-esverdeado e de odor forte,
dor durante as relações sexuais, dor ao urinar e aumento da vontade para fazer xixi. Nos
homens, os principais sintomas são corrimento claro, viscoso e pouco abundante e
desconforto ao urinar.
Como é feito o tratamento: O tratamento para a tricomoníase é feito com o uso de
antibióticos de acordo com a orientação médica, sendo normalmente indicado o uso de
Tinidazol ou Metronidazol, por exemplo. É importante que tanto a pessoa infectada
quando o seu parceiro realize o tratamento para a tricomoníase mesmo que não existam
sintomas.
Prevenção: O uso de preservativo durante as relações sexuais e o não compartilhamento
de roupas íntimas são de extrema importância para prevenir essa doença.

4. DOENÇA DE CHAGAS

Trypanossoma cruzi

Inseto barbeiro

A Doença de Chagas, também conhecida como Tripanossomíase Americana, é uma


doença infecciosa causada pelo parasita Trypanosoma cruzi. Essa doença é transmitida por
meio da picada do inseto popularmente conhecido como barbeiro, que imediatamente
após picar a pessoa, defeca, liberando o parasita, e quando a pessoa coça o local, acaba por
espalhar o protozoário e permitir sua entrada no organismo.
Apesar da picada do barbeiro ser a forma mais comum de transmissão do parasita, a
doença de Chagas também pode ser adquirida por meio de transfusão de sangue
contaminado, de mãe para filho durante a gravidez ou parto e através do consumo de
alimentos contaminados pelo barbeiro ou seus excrementos, principalmente cana de
açúcar e açaí.
Principais sintomas: Os sintomas da doença de chagas variam de acordo com a imunidade
do hospedeiro, podendo ser assintomática, em que o parasita ficar no organismo por anos
sem causar sintomas, ou ter sintomas que variam de leve a grave de acordo com a
quantidade de parasitas no organismo e sistema imunológico da pessoa.
Os principais sintomas relacionados à doença de Chagas são febre, edema no local da
picada, aumento do fígado e do baço, inchaço e dor dos gânglios linfáticos e mal estar geral.
Além disso, é comum que haja comprometimento cardíaco, levando ao aumento do
coração, e inchaço das pálpebras.
Como é feito o tratamento: O tratamento para a doença de chagas ainda não está muito
bem estabelecida, no entanto normalmente é indicado que os pacientes com Chagas sejam
tratados com o uso de Nifurtimox e Benzonidazol.
Prevenção: Uma das formas de prevenção da doença de Chagas é evitar que o inseto
“barbeiro” forme colônias dentro das residências. Em áreas onde os insetos possam entrar
nas casas voando pelas aberturas ou frestas, pode-se usar mosquiteiros ou telas metálicas.
Recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelentes, roupas de mangas longas,
etc) durante a realização de atividades noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de
mata. Outra medida preventiva é consumir alimentos origem vegetal preferentemente
pasteurizados.

5. GIARDÍASE

Giardia lamblia
A giardíase é uma parasitose causada pelo protozoário Giardia lamblia, que é a única
espécie do gênero Giardia capaz de infectar e causar sintomas nas pessoas. Essa doença é
mais comum em crianças e pode ser transmitida por meio da ingestão de cistos de Giardia
lamblia presente na água, alimentos ou ambiente contaminado, além do contato direto com
pessoas contaminadas, sendo esta forma de transmissão comum em locais em que há
muitas pessoas e não possui condições sanitárias adequadas.
Principais sintomas: Os sintomas de giardíase surgem 1 a 3 semanas após o contato com o
protozoário e são principalmente intestinais, podendo haver cólicas abdominais, aumento
da produção de gases intestinais, má digestão, perda de peso não intencional e diarreia que
pode se leve e persistente ou intensa.
Como é feito o tratamento: O tratamento para a giardíase envolve o uso de antibióticos e
antiparasitários, como o Metronidazol, Secnidazol, Tinidazol ou Albendazol, que deve ser
usado conforme orientação do médico. Além disso, devido à diarreia, é importante que a
pessoa beba bastante líquidos durante o tratamento com o objetivo de prevenir a
desidratação, que é comum nesses casos.
Prevenção: O melhor meio de se evitar esta infecção é a adoção de medidas preventivas
como a ingestão somente de água filtrada, saneamento básico, lavar bem as mãos após
utilizar o banheiro, lavar em água corrente e higienizar frutas, legumes e verduras.

6. AMEBÍASE

Cisto de Entamoeba Histolytica

A amebíase é uma doença infecciosa muito comum em crianças, é causada pelo


parasita Entamoeba histolytica e é transmitida principalmente por meio da ingestão de
cistos presentes na água ou nos alimentos contaminados com fezes. Quando os cistos
entram no organismo, permanecem alojados na parede do trato digestivo e liberam as
formas ativas do parasita, que se reproduzem e dirigem-se para o intestino da pessoa,
causando sintomas digestivos.
Principais sintomas: A Entamoeba histolytica pode permanecer no organismo sem causar
sintomas por anos, no entanto é mais comum que cerca de 2 a 4 semanas após o contágio
comecem a aparecer os sintomas. Os principais sintomas relacionados à amebíase são
desconforto abdominal, diarreia, enjoo, náusea, cansaço excessivo e presença de sangue ou
secreção nas fezes.
Como é feito o tratamento: O tratamento da amebíase é simples e deve ser feito com o
Metronidazol de acordo com a orientação do médico. Apesar de ser uma parasitose de
tratamento fácil, é importante que seja iniciado assim que surjam os primeiros sintomas, já
que a Entamoeba histolytica é capaz de ultrapassar a parede do intestino e espalhar-se pela
corrente sanguínea, atingindo outros órgãos e causando sintomas mais graves.
Prevenção: proporcionar saneamento básico para toda a população; utilizar sempre que
possível água tratada para beber; lavar as mãos antes e após as refeições; lavar bem frutas e
hortaliças e deixá-las de molho em uma solução de água sanitária e água (1 colher de sopa
de água sanitária para cada litro de água); filtrar e ferver (por no mínimo 20 minutos) água
de poço ou rios antes de bebê-las; evitar o contato com fezes humanas; lavar com muita
água e sabão se tiver tido contato com fezes humanas.

7. MALÁRIA

Plasmodium malariae

Mosquito do gênero Anopheles

A malária é causada pela picada do mosquito fêmea do gênero Anopheles infectado pelo
parasita do gênero Plasmodium spp. As principais espécies do parasita encontradas no
Brasil são Plasmodium malariae, Plasmodium falciparum e Plasmodium vivax. Esse
parasita, ao entrar no corpo, vai para o fígado, onde se multiplica, e depois chega na
corrente sanguínea, sendo capaz de destruir as hemácias, por exemplo.
Apesar de ser pouco frequente, a transmissão da malária também pode acontecer por meio
de transfusão de sangue contaminado, compartilhamento de seringas contaminadas ou
acidentes em laboratório, por exemplo.
Principais sintomas: O período de incubação da malária, que é o tempo entre o contato
com o agente causador da doença e o aparecimento dos primeiros sintomas, varia de
acordo com a espécie de protozoário. No caso do P. malariae, o período de incubação é
de 18 a 40 dias, o do P. falciparum é de 9 a 14 dias e o do P. vivax é de 12 a 17 dias.
Os sintomas iniciais da malária são semelhantes aos de outras doenças infecciosas, havendo
mal estar, dor de cabeça, cansaço e dor muscular. Normalmente esses sintomas antecedem
os sintomas característicos da malária, que geralmente estão relacionados com a capacidade
do parasita entrar nas hemácias e destruí-las, como por exemplo febre, suor, calafrio,
náuseas, vômitos, dor de cabeça e fraqueza.
Nos casos mais graves, principalmente quando a infecção acontece em crianças, gestantes,
adultos não imunes e pessoas com o sistema imunológico comprometido, pode haver
convulsões, icterícia, hipoglicemia e alterações do estado de consciência, por exemplo.
Como é feito o tratamento: Para tratar a malária, o médico normalmente indica o uso de
medicamentos antimaláricos, que são fornecidos gratuitamente pelo SUS, de acordo com
a espécie de Plasmodium, gravidade dos sintomas, idade e estado imunológico da pessoa.
Assim, pode ser recomendado o uso de Cloroquina, Primaquina ou Artesunato e
Mefloquina, por exemplo.
Prevenção: De forma individual da malária estão: uso de mosquiteiros; roupas que
protejam pernas e braços; telas em portas e janelas; uso de repelentes.
Já as medidas de prevenção coletiva contra malária são: borrifação intradomiciliar; uso de
mosquiteiros; drenagem; pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do
vetor; aterro; limpeza das margens dos criadouros; modificação do fluxo da água; controle
da vegetação aquática; melhoramento da moradia e das condições de trabalho; uso racional
da terra.

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