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Eletrônica de Potência

Volume 23 - número 2 - abr./jun. 2018

Joinville - 2018
© 2018, Sobraep
Editores Associados
Comitê Editorial da Revista Eletrônica de Potência Demercil de Souza Oliveira Junior
(período de vigência Janeiro de 2018 a Dezembro de 2019) UFC – Fortaleza (CE)
Marcello Mezaroba Marcelo Lobo Heldwein
UDESC – Joinville (SC) UFSC – Florianópolis (SC)
Cassiano Rech Endereço da Diretoria
UFSM – Santa Maria (RS)
SOBRAEP
Denizar Cruz Martins Prof. Marcelo Cabral Cavalcanti
UFSC – Florianópolis (SC) Avenida Acadêmico Hélio Ramos, s/n
UFPE / CTG / Departamento de Engenharia Elétrica
José Antenor Pomilio Bairro: Cidade Universitária
UNICAMP – Campinas (SP) CEP: 50740-533
Recife – PE – Brasil
Marcelo Cabral Cavalcanti Telefone: (81) 2126-7102 Fax: (81) 2126-8256
UFPE – Recife (PE) E-mail: marcelo.ccavalcanti@ufpe.br

Diretoria Sobraep
http://www.sobraep.org.br/revista/
Presidente: Marcelo Cabral Cavalcanti – UFPE
Vice-Presidente: Marcello Mezaroba – UDESC Eletrônica de Potência
Primeiro Secretário: Leonardo Rodrigues Limongi – UFPE
Editor
Segundo Secretário: Gustavo M. de Souza Azevedo – UFPE
Prof. Marcello Mezaroba
Tesoureiro: Fabrício Bradaschia – UFPE
Rua Paulo Malschitzki, 200
Campus Universitário Prof. Avelino Marcante
Conselho Deliberativo
Bairro Zona Industrial Norte
CEP: 89.219-710
Arnaldo José Perin – UFSC
Joinville - SC – Brasil
Carlos Alberto Canesin – UNESP
E-mail: marcello.mezaroba@udesc.br
Carlos Henrique Illa Font – UTFPR
Cassiano Rech – UFSM
Eletrônica de Potência é distribuída os sócios da SOBRAEP
Denizar Cruz Martins – UFSC
que optaram por receber a versão impressa.
Domingos S. L. Simonetti – UFES
Enio Valmor Kassick – UFSC
Tiragem desta edição: 70 exemplares.
Fernando Luiz Marcelo Antunes – UFC
Henrique Antônio Carvalho Braga – UFJF
Edição impressa em junho de 2018.
Ivo Barbi – UFSC
João Onofre Pereira Pinto – UFMS
José Antenor Pomilio – UNICAMP
Leandro Michels – UFSM
Luiz Henrique Silva Colado Barreto – UFC
Marcelo Cabral Cavalcanti – UFPE
Mauricio Aredes – UFRJ
Mauricio Beltrão de Rossiter Corrêa – UFCG
Richard Magdalena Stephan – UFRJ
Sérgio Vidal Garcia Oliveira – UDESC

Eletrônica de Potência/Associação Brasileira de Eletrônica de Potência.


Vol. 1, n. 1 (jun. 1996) – Santa Maria: Sobraep, 1996 –

Trimestral

Até o v. 10, 2005, publicada semestralmente. Até o v. 12, 2007,


publicada quadrimestralmente. Passou a ser trimestral em 2008.
ISSN 1414 -8862

1. Eletrônica de Potência – Periódicos.

CDD 621.381

134 Eletrôn. Potên., Joinville, v.23, n.2, p. 133-260, abr./jun. 2018


Corpo de Revisores desta edição de Eletrônica de Potência
A SOBRAEP e os Editores da revista Eletrônica de Potência agradecem os revisores de artigos desta edição. São estes revisores que
possuem a responsabilidade principal de garantir a qualidade técnica e científica dos artigos publicados. Expressamos o reconheci-
mento aos valorosos serviços prestados à revista Eletrônica de Potência.
REVISORES INSTITUIÇÃO
Ademir Nied UDESC - SC
Alessandro Luiz Batschauer UDESC - SC
Alexandre Manoel Farias IFPE - PE
Alfeu J. Sguarezi Filho UFABC - SP
Aluísio Alves de Melo Bento UERJ - RJ
André Luís Kirsten UFSC - SC
Andres Ortiz Salazar UFRN - RN
Antonio Samuel UPE - PE
Bruno Ricardo de Almeida UFC - CE
Camila Seibel Gehrke UFPB - PB
Cassiano Rech UFSM - RS
Cassio Gobbato UTFPR - PR
Cassio Xavier Rocha IFG - GO
Celso Rogério Schmidlin Jr. IFCE - CE
Darlan Alexandria Fernandes UFPB - PB
Demercil S. Oliveira Jr. UFC - CE
Denizar Cruz Martins UFSC - SC
Douglas Camponogara UFSM - RS
Eisenhawer de Moura Fernandes UFCG - PB
Ernane Antônio Alves Coelho UFU - MG
Fabiano Fragoso Costa UFBA - BA
Fabrício Bradaschia UFPE - PE
Fernando Soares dos Reis PUC - RS
Francisco de Assis dos Santos Neves UFPE - PE
Francisco Elvis Carvalho Souza IFRN - RN
Francisco Kleber Araújo Lima UFC - CE
Glauco George Cipriano Maniçoba UFRN - RN
Gustavo Guilherme Koch UFSM - RS
Gustavo Medeiros de Souza Azevedo UFPE - PE
Helmo Kelis Morales Paredes UNESP - SP
Henrique Jank UFSM - RS
Italo Roger Ferreira Moreno Pinheiro da Silva UFRPE - PE
Ivo Barbi UFSC - SC
José Andrés Santisteban UFF - RJ
José de Oliveira UDESC - SC
José Gomes de Matos UFMA - MA
José Renes Pinheiro UFSM - RS
José Soares Batista Lopes IFRN - RN
Joselito Anastácio Heerdt UDESC - SC
Julio Cesar Dias UFSC - SC
Kleber Carneiro Oliveira UFPB - PB
Leandro Michels UFSM - RS
Leonardo Poltronieri Sampaio UTFPR - PR
Leonardo Rodrigues Limongi UFPE - PE
Lucas Lapolli Brighenti UFSC - SC
Lucas Pereira Pires UFU - MG
Lucas Sangoi Mendonça UFSM - RS
Luiz Antonio de Souza Ribeiro UFMA - MA
Luiz Guilherme Batista Genu UFPE - PE
Marcello Mezaroba UDESC - SC
Marcio Evaristo Brito UFPE - PE
Marco Antônio Dalla Costa UFSM - RS
Marcos Gutierrez Alves UNESP - SP
Maurício Beltrão de Rossiter Correa UFCG - PB
Moacyr Aureliano Gomes de Brito UTFPR - PR
Nathan Augusto Zacarias Xavier PUC - MG
Paulo Cesar Vargas Luz UFSM - RS
Rafael Concatto Beltrame UFSM - RS
Renato Guerreiro Araújo UFC - CE
Renner Sartório Camargo IFES - ES
Ricardo Lúcio de Araújo Ribeiro UFRN - RN
Ricardo Nederson do Prado UFSM - RS
Roberto Feliciano Dias UPE - PE
Roberto Francisco Coelho UFSC - SC
Rodrigo Gaiba de Oliveira CEFET - MG
Roger Gules UTFPR - PR
Rogério Vani Jacomini UNICAMP - SP
Romero Leandro Andersen UFPB - PB
Samir Ahmad Mussa UFSC - SC
Samuel Neves Duarte UFJF - MG
Sérgio Vidal Garcia Oliveira UDESC - SC
Telles Brunelli Lazzarin UFSC - SC
Thiago de Oliveira Alves Rocha UFRN - RN
Tiago Kommers Jappe Technische Dresden
Tobias Rafael Fernandes Neto UFC - CE
Vanessa Siqueira de Castro Teixeira UFC - CE
Zanoni Dueire Lins UFPE - PE

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ISSN 1414-8862
Eletrônica de Potência
Volume 23 - número 2 - abr./jun. 2018
Sumário
Summary

Carta do Leitor 138

Política Editorial 140

Artigos da Seção Regular


Regular Section

Conversor CC-CC de Alto Ganho com Compartilhamento da Corrente de Entrada,


Modulação Phase-Shift e Compactação do Filtro de Saída
High Gain Step-Up DC-DC Converter with Input Current Sharing, Phase-Shift Modulation
and Output Filter Reduction
Víctor F. Gruner, Lenon Schmitz, Denizar C. Martins, Roberto F. Coelho 141

Metodologia para Modelagem de Conversores Utilizando o Circuito Equivalente de


Thévenin
Methodology for Modeling Power Converters Employing the Thévenin Equivalent Circuit
Felipe Berger, Marcos A. Salvador, Thiago A. Pereira, Telles B. Lazzarin, Roberto F. Coelho 151

Conversor CC-CC de Alto Ganho Obtido pela Combinação entre Redes de Indutor e de
Capacitor Chaveados
High Gain DC-DC Converter Obtained by Combining Switched Inductor and Switched
Capacitor Cells
Marcos A. Salvador, Thamires P. Horn, Telles B. Lazzarin, Roberto F. Coelho 161

Modelo Simplificado para as Sequências Positiva e Negativa do Sistema de Conversão


Eólico-Elétrico Baseado em Gerador de Indução Duplamente Alimentado
Simplified Model for the Positive and Negative Sequences of the Doubly-Fed Induction
Generator Based Wind Energy Conversion System
Celso R. Schmidlin Jr., Francisco Kleber de A. Lima, Tobias R. Fernandes Neto, Carlos G. C. Branco 171

Algoritmo de Seguimento do Ponto de Máxima Potência Global para Inversores Solares


Multistring em Condições de Sombreamento Parcial
Algorithm for Following the Global Maximum Power Point at Solar Multistring Inverters in
Partial Shading Conditions
Claudio J. O. Júnior, Lucas P. Pires, Luiz C. Freitas, Ernane A. A. Coelho, Luiz C. G. Freitas, Danillo B. Rodrigues 182

Inversores do Tipo Forward para Conexão de Fontes Renováveis à Rede Elétrica


Forward-Type Inverters for Grid Connected Renewable Power Sources
Gabriel Grunitzki Facchinello, Roberto Francisco Coelho, Telles Brunelli Lazzarin 193

Retificador Trifásico Isolado Modular Com Correção do Fator de Potência Baseado no


Conversor Zeta Operando no Modo de Condução Descontínuo
Three-Phase Isolated PFC Rectifier Based on the Zeta Converter Operating in DCM
Alan D. Callegaro, Ivo Barbi, Daniel Tobias da Silva Borges, Denizar Cruz Martins 204

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MPPT Híbrido Aplicado à Associação dos Conversores Boost ZVT e Inversor H6 Para
Aplicações Fotovoltaicas
Hybrid MPPT Applied to Boost ZVT Converter and H6 Inverter Association for Photovoltaic
Applications
Moacyr A. G. de Brito, Marcos G. Alves, Ruben B. Godoy, Carlos A. Canesin 216

Estratégias de Anti-Ilhamento Aplicadas a Sistemas de Geração Distribuída Fotovoltaica


Anti-Island Strategies Applied at Distributed Generation Systems
Moacyr A. G. de Brito, Marcos G. Alves, Leonardo P. Sampaio, Carlos A. Canesin 226

Estratégia de Paralelismo Baseado no Conceito de Impedância Virtual para Inversores


Trifásicos a Quatro Fios
Virtual Impedance Based Control Strategy for Parallel Connected Three-Phase Four-Wire
Voltage Source Inverters
Cesar A. Arbugeri, Tiago K. Jappe, Telles B. Lazzarin, Samir A. Mussa 235

Estágio de Entrada com Dupla Funcionalidade Aplicado a uma UPS Trifásica de alto
Desempenho
Input Stage with Double Functionality Applied to a High Performance Three-Phase UPS
William A. Venturini, Henrique Jank, Fábio E. Bisogno, Mário L. S. Martins, Humberto Pinheiro 244

NORMAS DE PUBLICAÇÃO 256

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CARTA DO LEITOR (Dez/2017)

Cientista e educador: um desafio brasileiro

O ano de 2017 não foi nada fácil para a pesquisa no Brasil. Muitos cortes foram anunciados, levando à extinção de diver-
sos programas de pesquisas e bolsas para a comunidade científica. Entretanto, temos que reconhecer o brilhante trabalho
que alguns pesquisadores vêm realizando, em meio às dificuldades impostas pelo governo.

Muitos de nós, pesquisadores, constantemente reclamamos da pouca verba destinada à ciência nacional e com frequên-
cia nos deparamos com números que mostram o contraste de investimento realizado em pesquisa entre Brasil e países
ditos desenvolvidos, como Alemanha, Canadá e Estados Unidos. Dessa forma, sempre temos a ideia que no exterior os
investimentos são mais volumosos do que no Brasil. Corroborar ou contradizer tal concepção não é objetivo desta carta
e, portanto não prolongarei essa discussão.

Mesmo com o investimento em pesquisa abaixo da média mundial, há uma questão valiosa que merece ser mencio-
nada aqui: a qualidade da pesquisa realizada no Brasil não corresponde com seu investimento, em alguns casos. Isto é,
há muitos cientistas brasileiros realizando investigação com qualidade igual ou superior àquelas realizadas em países
desenvolvidos. Portanto, esta carta tem a intenção também de parabeniza-los e homenagear tais intelectuais da área de
eletrônica de potência.

Contrariando as expectativas, o ano de 2017 foi marcado não só pelo maior corte histórico de investimento na ciência
brasileira, mas também por duas notícias memoráveis para a comunidade de eletrônica de potência do Brasil. Neste
ano, o Prof. Edson Watanabe recebeu o ilustre título de Fellow Member da maior comunidade de engenharia elétrica e
eletrônica, o IEEE. Destacadamente, o membro fundador da Sobraep, Professor Ivo Barbi, recebeu o máximo reconheci-
mento da mesma comunidade científica e foi elevado ao status de IEEE Life Fellow. Agora, encontra-se formalmente ao
lado dos maiores nomes da história da eletrônica de potência mundial, como William McMurray, Joachim Holtz, Bimal
K. Bose e Thomas A. Lipo.

Com mais de 60 artigos publicados nos melhores periódicos internacionais e milhares de citações, a contribuição do
Prof. Ivo Barbi é incontestável. Apesar de ser referência na área de comutação suave, seu trabalho não se restringe a ape-
nas esse ramo. Publicou artigos relevantes nos mais variados tópicos da Eletrônica de Potência, tendo reconhecimento
internacional em muitos deles. Como descrito pelas próprias palavras do Prof. Marco Liserre: “uma das maiores contri-
buições do Prof. Barbi, o inversor boost, colaborou significativamente para a área de sistemas fotovoltaicos e abriu portas
para que outras topologias emergissem”. Quando questionado se conhece o Prof. Ivo Barbi, o Prof. Blaabjerg responde:
“não pessoalmente, mas quem na Eletrônica de Potência não o conhece? Suas publicações trouxeram muitos avanços aos
conversores cc-cc”. Seu reconhecimento é claro dentro da comunidade científica e é fruto do trabalho sério que exerceu
durante décadas.

Como professor, deu uma importante colaboração para o país, sendo responsável pela formação direta de mais de 100
alunos de mestrado e 80 de doutorado. De forma indireta, esses números são maiores. Isso mostra o quanto ele é com-
prometido com a ciência e a educação, mantendo uma produção significativa mesmo em tempos de crise.

138 Eletrôn. Potên., Joinville, v.23, n.2, p. 133-260, abr./jun. 2018


Pessoalmente, tive a oportunidade de conviver como Prof. Ivo durante dois anos de minha vida, o qual se tornou um
exemplo de pesquisador e educador. Como pesquisador, o Prof. Ivo me ensinou bastante em debates técnicos em que
discutíamos topologias de conversores, técnicas de controle e modulação. Sua habilidade em manipular softwares de si-
mulação com tanta facilidade chamava-me a atenção. Não é comum encontrar professor com mais de 40 anos de carreira
tão familiarizado com softwares recém lançados. Como educador, tem a capacidade de simplificar tópicos complexos e
despertar a motivação dos alunos para os mais variados objetos de estudo da eletrônica de potência. Não sei se intencio-
nalmente, mas o Prof. Barbi coloca em prática os diversos ensinamentos de Paulo Freire e Rubem Alves.

O Prof. Ivo Barbi, tendo se aposentado modestamente em 2016, merece todo o nosso reconhecimento e respeito pela
notória contribuição ao nosso país. No âmbito nacional, gostaria que este grande mestre recebesse esta carta como forma
de homenagem por todo o ensinamento deixado.

Levy Ferreira Costa


Scientific Staff Member, PhD Student
Christian-Albrechts-Universität zu Kiel
Membro da SOBRAEP

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Política Editorial da Revista Eletrônica de Potência

A revista Eletrônica de Potência é uma publicação com periodicidade trimestral.

Sua Missão principal é a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico da Eletrônica de Potência, em vinculação
com os interesses da sociedade brasileira. Os trabalhos publicados na revista devem ser sempre resultados de pesquisas
que demonstrem real contribuição e qualidades técnica e científica.

A revista Eletrônica de Potência é um meio adequado através do qual os membros da SOBRAEP (Sociedade Brasileira de
Eletrônica de Potência) e demais especialistas em Eletrônica de Potência podem publicar suas experiências e atividades
de pesquisas científicas. O Comitê Editorial tem grande interesse na submissão e avaliação de artigos completos nas
áreas de interesse da sociedade. Um artigo é um veículo adequado para a apresentação e divulgação dos trabalhos e
pesquisas de relevância para a Eletrônica de Potência, incluindo os avanços no estado da arte, importantes resultados
teóricos e experimentais, e demais informações de relevância tutorial.

Os artigos são submetidos e avaliados de forma totalmente eletrônica, por três revisores ad-hoc, através do sistema
iSOBRAEP. Os autores devem submeter seus artigos através do sistema iSOBRAEP na seguinte URL: http://www.
sobraep.org.br/revista.

Através do sistema iSOBRAEP os autores poderão ainda acompanhar todo o processo de revisão de suas submissões.
Observa-se que os artigos deverão ser submetidos unicamente no formato PDF e deverão estar em conformidade com
as Normas de Publicação da Revista.

A aceitação final do artigo somente ocorrerá se o mesmo estiver plenamente em conformidade com as Normas de
Publicação divulgadas no sistema iSOBRAEP e publicadas em todas as edições da revista. Uma lista das principais áreas
de interesse da revista Eletrônica de Potência, que devem apresentar interface clara com a área de Eletrônica de Potência,
inclui os seguintes tópicos (outros tópicos de interesse poderão ser avaliados pelo Comitê Editorial):

• Dispositivos Semicondutores de Potência, Componentes Passivos e Magnéticos;


• Conversores CC/CC e Fontes de Alimentação CC;
• Inversores e Retificadores para Fontes de Alimentação e Sistemas de Alimentação Ininterrupta;
• Armazenamento de Energia;
• Máquinas Elétricas e Acionamento de Motores Elétricos;
• Teoria de Controle Aplicada a Sistemas Eletrônicos de Potência;
• Modelagem Assistida por Computador, Análise, Projeto e Síntese de Sistemas Eletrônicos de Potência;
• Aplicação da Eletrônica de Potência na área de Qualidade de Energia (Compensação de Harmônicos e Potência
Reativa, Retificadores com Correção do Fator de Potência, etc.);
• Compatibilidade Eletromagnética e Interferência Eletromagnética em Sistemas Eletrônicos de Potência;
• Eletrônica de Potência Aplicada em Geração, Transmissão e Distribuição de Energia;
• Sistemas de Geração Distribuída e Fontes Alternativas de Energia;
• Aplicações da Eletrônica de Potência nas áreas Automotiva, Aeroespacial, Transportes e em Aparelhos Eletro-
eletrônicos;
• Integração, Encapsulamento e Módulos de Componentes Eletroeletrônicos de Potência;
• Aplicações de Controle Digital em Sistemas Eletrônicos de Potência;
• Conversores estáticos aplicados ao acionamento de fontes de luz artificiais;
• Educação em Eletrônica de Potência.

224
140 Eletrôn.Eletrôn.
Potên., Potên.,
CampoJoinville,
Grande, v.23,
v. 22,n.2,
n.3,p.p.133-260,
219-332,abr./jun. 2018
jul./set. 2017
Conversor CC-CC de Alto Ganho com Compartilhamento da Corrente de Entrada,
Modulação Phase-Shift e Compactação do Filtro de Saída
High Gain Step-Up DC-DC Converter with Input Current Sharing, Phase-Shift Modu-
lation and Output Filter Reduction
CONVERSOR CC-CC DE ALTO GANHO COM COMPARTILHAMENTO DA
Víctor F. Gruner, Lenon Schmitz, Denizar C. Martins, Roberto F. Coelho
CORRENTE DE ENTRADA, MODULAÇÃO PHASE-SHIFT E COMPACTAÇÃO
DO FILTRO DE SAÍDA

Víctor F. Gruner, Lenon Schmitz, Denizar C. Martins, Roberto F. Coelho


Instituto de Eletrônica de Potência, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC, Brasil
e-mail: victor.gruner@inep.ufsc.br, lenonsch@inep.ufsc.br, denizar@inep.ufsc.br, roberto@inep.ufsc.br

Resumo – Neste trabalho apresenta-se um conversor cc- NOMENCLATURA


cc apto a operar com fontes de baixa tensão e elevada
corrente de entrada. A topologia proposta é baseada em Vi Tensão de entrada.
uma configuração de conversores Forward com entradas Vo Tensão de saída.
conectadas em paralelo e saídas conectadas em série. Po Potência de saída.
A referida configuração permite o compartilhamento da N Número de conversores associados.
corrente de entrada entre os módulos associados e resulta G Ganho estático.
em elevado ganho estático. Mediante a aplicação de n Relação de transformação.
modulação phase-shift ao acionamento dos interruptores, n1 No de espiras do primário do transformador.
há a possibilidade de redução do volume dos componentes n2 No de espiras do secundário do transformador.
que compõem o único filtro de saída da estrutura. O estudo n3 No de espiras do terciário do transformador.
realizado neste trabalho inclui: análise das interligações D Razão cíclica.
entre conversores Forward e das etapas de operação, S Interruptor.
formas de onda teóricas, a modelagem do conversor Lo Indutor de saída.
orientada ao controle e proposta de uma estratégia de Co Capacitor de saída.
controle. A partir de um protótipo de 1 kW são D1 Diodo de carga.
extraídos resultados experimentais que validam a teoria e D2 Diodo de roda livre.
as equações derivadas ao longo do texto. D3 Diodo de desmagnetização.
v prim Tensão no enrolamento primário.
Palavras-chave – Alto Ganho, Conversor Forward, vsec Tensão no enrolamento secundário.
Modulação Phase-Shift, Único Filtro de Saída. vS Tensão no interruptor.
vD1 Tensão no diodo de carga.
HIGH GAIN STEP-UP DC-DC CONVERTER vD2 Tensão no diodo de roda livre.
WITH INPUT CURRENT SHARING, iS Corrente no interruptor.
PHASE-SHIFT MODULATION AND iD1 Corrente no diodo de carga.
iD2 Corrente no diodo de roda livre.
OUTPUT FILTER REDUCTION iL Corrente no indutor de saída.
Abstract – This paper presents a DC-DC converter IM Corrente máxima.
capable of dealing with low voltage and high input current Im Corrente mínima.
sources. The proposed topology is based on a configuration Ts Período de comutação.
of Forward converters with inputs connected in parallel fs Frequência de comutação.
and outputs in series. The presented configuration allows FT LA Função de transferência de laço aberto.
a natural sharing of the input current and generates a FT LAnc FTLA não compensada.
high static gain to the converter. Applying a phase-shift FT LAc FTLA compensada.
modulation to drive the switches, there is the possibility Ci Compensador de corrente.
to reduce components volume that make up the single Cv Compensador de tensão.
Vre f Tensão de referência.
output filter of the structure. The study carried out
ev Erro de tensão.
in this work includes: the analysis of operation stages,
evc Erro de tensão compensado.
theoretical waveforms, oriented-control modelling, as well
Ire f Corrente de referência.
the employed control strategy. From a prototype of 1 kW
ei Erro de corrente.
experimental results are extracted to validate the theory
eic Erro de corrente compensado.
and the derived equations throughout the text.
kPW M Ganho do compensador.
Keywords – Forward Converter, High Gain, Phase-Shift ki Ganho do sensor de corrente.
Modulation, Single Output Filter. kv Ganho do sensor de tensão.
Gi Planta de corrente.
Gv Planta de tensão.
Artigo submetido em 01/08/2017. Primeira revisão em 24/09/2017. Aceito
para publicação em 16/11/2017 por recomendação do Editor Marcelo Cabral IPOS Input parallel output series.
Cavalcanti.

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n3:n1:n2 D11 iD11 Lo1
I. INTRODUÇÃO
ii1 vD12 iLo1
vprim1 v sec1 vD21 D21 Co1 vo1
O crescente aumento do consumo mundial de energia iD21

elétrica, aliado à recente preocupação com o meio ambiente, D31 S1 v


S1

impulsionou o desenvolvimento das chamadas fontes iS1 D 12 iD12 Lo2


io

renováveis, entre as quais células a combustível (FC),


vD12 iLo2
arranjos fotovoltaicos (PV) e aerogeradores (WT) estão se ii2
vprim2 v sec2 vD22 D22 Co2 vo2 Ro vo
firmando como alternativas viáveis [1]. Vi
ii
iD22
Além disso, atualmente, muitos trabalhos fazem referência D32 S2 v
S2
às redes interligadas, ou microrredes [2], relatando a interação
iS2
entre arranjos fotovoltaicos, aerogeradores e a rede de energia D1N iD1N LoN
elétrica. Um dos principais problemas apresentados por iiN vD1N iLoN
vprimN
essas estruturas, de acordo com [3], [4], é a intermitência v secN vD2N D2N CoN voN
iD2N
de geração, ocasionada pelas oscilações das condições
D3N SN vSN
climáticas. Como possível solução para este problema,
alguns autores propõem a utilização de bancos de baterias iSN
como forma de armazenamento da energia proveniente das Fig. 1. Modelo comutado do conversor proposto por [10].
fontes primárias (PV e WT) durante momentos de excesso de
geração, para uso posterior. Propõem também o emprego de ganho estático e compartilhamento da corrente de entrada.
células combustível, para aumentar a autonomia do sistema Basicamente, realiza-se uma modificação no filtro de saída
[3], [5]. do conversor, com o objetivo de reduzir o número de
Baterias e células a combustível, contudo, são fontes componentes passivos, e propõe-se a utilização da modulação
caracterizadas por disponibilizarem baixa tensão, e phase-shift para o comando dos interruptores, visando a
tipicamente requerem estágios de processamento de energia redução do volume dos componentes passivos dos filtros de
que promovam alto ganho estático. Além disso, como as entrada e de saída.
correntes fornecidas por estas fontes são usualmente elevadas, Assim sendo, a presente proposta tem como diferenciais:
soluções que permitam dividi-las entre vários estágios são alto ganho, modularidade, compartilhamento da corrente de
preferíveis, pois permitem reduzir as perdas de condução [6]. entrada e emprego de um único filtro de saída, o que resulta na
Do ponto de vista do ganho estático, diversas técnicas compactação da estrutura. Tais benefícios são evidenciados
propostas na literatura poderiam ser utilizadas para contornar frente a estruturas previamente publicadas na literatura [11]–
o problema, com destaque ao uso de capacitores chaveados, [15].
indutores chaveados, multiplicadores de tensão, acoplamento Neste artigo realiza-se uma análise completa desta nova
magnético, células multiníveis, cascateamento ou associação configuração, incluindo as etapas de operação, as formas
de conversores com saídas em série [7], [8]. Logicamente, de onda teóricas, as principais equações que regem o
tais técnicas não garantem o compartilhamento da corrente, funcionamento do conversor, a modelagem orientada ao
usualmente alcançado com o uso de técnicas de interleaving controle, bem como a estratégia de controle empregada. Por
ou a partir da associação de conversores com entradas fim, resultados experimentais são apresentados com o objetivo
conectadas em paralelo [9]. de validar as análises realizadas e explicitar as vantagens da
Neste contexto, em [10] foi proposta uma topologia nova topologia.
formada por conversores Forward com entradas conectadas
em paralelo e saída em série (associação IPOS - input II. CONVERSOR CC-CC PROPOSTO
parallel output series), mostrada na Figura 1, possibilitando
simultaneamente elevado ganho estático e compartilhamento O modelo comutado do conversor proposto é ilustrado
da corrente de entrada, assim como é requerido na aplicação na Figura 2. Constata-se que, assim como o conversor
foco deste artigo. apresentado na Figura 1, o conversor proposto também é
Apesar das características positivas mencionadas, a constituído de conversores Forward com entradas conectadas
topologia proposta por [10] faz uso de um filtro LC na saída em paralelo com a fonte de entrada (Vi ). Essa conexão faz
de cada conversor Forward que o compõe. Ademais, por com que a corrente processada por cada um seja inversamente
apresentar corrente de entrada pulsada, tal topologia exige proporcional o número N de conversores associados, ou seja,
o uso de filtros de entrada, uma vez que tanto células a
combustível quanto baterias têm a vida útil estendida quando ii
iiN =
. (1)
suprem correntes com baixa ondulação. Cabe destacar que N
o elevado número de componentes passivos presentes no A redução da corrente de entrada implica diminuição da
conversor apresentado por [10] pode ser entendido como corrente no interruptor de cada conversor Forward, levando a
uma desvantagem, pois implica volume considerável e baixa minimização das perdas de condução.
densidade de potência. Quanto aos terminais de saída, assim como em [10], no
Visando contornar tal desvantagem, o presente artigo conversor proposto os terminais dos conversores Forward são
propõe modificações a serem aplicadas na topologia proposta conectados em série. Logo, a tensão de saída total corresponde
por [10], sem comprometer suas vantagens originais: elevado a N vezes a tensão fornecida pelos conversores Forward

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individuais, conforme: Quando adota-se o número de espiras dos enrolamentos
terciários (n3 ) igual ao número de espiras dos enrolamentos
Vo = NVoN . (2) primários (n1 ), a máxima razão cíclica estabelece-se em 50%.
Para uma análise mais sucinta das etapas de operação
O ganho estático da estrutura é representada por:
do conversor proposto, a etapa de desmagnetização dos
G = nND (3) transformadores foi omitida, uma vez que não interferirá na
transferência de energia para a carga. Cabe ressaltar que a
em que n é a relação de transformação entre os enrolamentos desmagnetização, mesmo omitida, acontecerá por meio dos
secundários e primários (n2 /n1 ) dos transformadores e D é a enrolamentos terciários dos transformadores.
razão cíclica de operação. Basicamente, na operação de um dos N conversores
Embora tal semelhança, verifica-se que a topologia Forward, enquanto o interruptor SN encontra-se em condução,
proposta neste trabalho apresenta uma modificação no filtro a polaridade do enrolamento terciário n3 é invertida em relação
de saída em relação ao conversor da Figura 1. Visto que as ao enrolamento primário n1 , de forma que o diodo D3N
saídas dos conversores Forward estão conectadas em série, permanece bloqueado. Após retirado o comando de SN , o
os N capacitores de saída podem ser substituídos por um enrolamento terciário n3 inverte sua polaridade colocando
único capacitor equivalente Co . Ainda, supondo-se que os o diodo D3N em condução, assegurando a continuidade da
conversores para todos os efeitos possam ser considerados corrente no indutor magnetizante, restituindo-a à fonte de
idênticos, pode-se assumir que os N indutores comportam- alimentação Vi e pondo fim ao processo de desmagnetização
se como se estivessem em série, permitindo, também, a do transformador. Esse processo acontecerá de forma idêntica
substituição por um único indutor equivalente Lo . em todos os N conversores Forward.
n3:n1:n2 D11 iD11 Lo A. Modo de Condução Contínua sem Sobreposição de
ii1 vD12 iLo Comando (D < 1/N)
vprim1 v sec1 vD21 D21
iD21 Os circuitos equivalentes relacionados às etapas de
D31 S1 v operação do conversor sem sobreposição de comando e as
S1
iCo io principais formas de onda são apresentados na Figura 3 e na
iS1 D 12 iD12 Figura 4, respectivamente.
ii2 vD12

ii
vprim2 v sec2 vD22 D22 Co v o Ro vo • 1a Etapa (t0 < t < t1 ): Durante a primeira etapa o
iD22
Vi interruptor S1 é comandado a conduzir. As polaridades
D32 S2 v
S2 das tensões dos enrolamentos primário n1 e secundário
iS2 D1N iD1N n2 do transformador T1 permitem que a energia seja
vD1N transferida da fonte de entrada Vi para a carga Ro
iiN
vprimN v secN vD2N D2N por intermédio do diodo D11 , retornando pelos diodos
iD2N D22 ...D2N dos conversores Forward adjacentes, fato que
D3N SN vSN acarreta crescimento linear da corrente do indutor Lo ;
iSN • 2a Etapa (t1 < t < Ts / N): Em t = t1 é retirado o
Fig. 2. Modelo comutado do conversor cc-cc proposto. comando de S1 e, como consequência, tem-se o bloqueio
do diodo D11 . Neste momento, o diodo D21 entra
Essa nova configuração possibilita redução do indutor Lo em condução assumindo a corrente do indutor Lo , que
e do capacitor Co , bem como dos componentes do filtro decresce linearmente. Os diodos D22 ...D2N continuam
de entrada (caso existentes), desde que seja empregada em condução. Esta etapa é classificada como de roda
modulação phase-shift. Tal modulação faz com que a livre, em que apenas o indutor Lo fornece energia à carga
frequência aparente nos referidos componentes seja N vezes Ro ;
a frequência de comutação dos interruptores. • 3a Etapa (Ts / N < t < t2 ): Em t = Ts / N o
Com a aplicação da modulação citada, o conversor poderá interruptor S2 é comandado a conduzir. Similarmente à
apresentar inúmeras etapas de operação no modo de condução 1a etapa, as polaridades das tensões dos enrolamentos
contínua (MCC). Neste artigo serão abordados dois casos: sem do transformador T2 possibilitam que a energia seja
sobreposição de pulso de comando e com sobreposição de dois transmitida da fonte Vi para a carga Ro , agora mediante
pulsos de comando. Para o primeiro caso, a razão cíclica do os diodos D21 , D12 e D2N ;
conversor deve ser menor que 1/N, enquanto para o segundo • 4a Etapa (t2 < t < 2Ts / N): Em t = t2 é retirado o
caso, a razão cíclica deve ser maior que 1/N e menor que comando de S2 . Esta etapa é idêntica à 2a etapa de
2/N. Ademais, a razão cíclica máxima que cada conversor operação, caracterizada como uma etapa de roda livre,
Forward pode operar para que seja possível a desmagnetização onde o indutor Lo fornece energia à carga por intermédio
do transformador é dada por: dos diodos D21 ...D2N ;
• (2N − 1)a Etapa ((N − 1) T s / N < t < tN ): O início
1 desta etapa ocorre com a entrada do interruptor SN em
Dmax =  . (4)
1 + nn31 condução e se assemelha às 1a e 3a etapas, no entanto, o
conversor Forward N transmite energia à carga mediante
os diodos D1N , D22 e D21 ;

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 141-150, abr./jun. 2018 143


• (2N)a Etapa (tN < t < Ts ): Esta etapa inicia-se com a Ts
N
2Ts
Ts
Ts
N
2Ts
Ts
N N
entrada em condução do interruptor SN e assemelha-se vprimN vsecN
às 1a e 3a etapas; no entanto, o conversor Forward N nVi
Vi
transfere energia à carga por meio dos diodos D1N , D22
e D21 ; t t
-Vi
-nVi
vSN iSN
D11 Lo1 D11 Lo1 nIM
2Vi
D21 D21 Vi nIm
t t
S1 S1
D12 D12 vD1N iD1N
IM
Vi D22 Co2 Vi D22 Co2 Im
Ro vo Ro vo
t t
S2 S2
vD2N iD2N
D1N D1N IM
nVi Im
D2N D2N
t t
SN SN S1 vL
nVi -Vo
(a) (b)
D11 Lo1 D11 Lo1 t t

D21 D21 S2

S1 S1
-Vo
D12 D12
t
Vi D22 Co2 Vi D22 Co2
Ro vo Ro vo SN iL
IM
S2 S2
Im
D1N D1N t t
t0 t1 t2 tN t0 t1 t2 tN
D2N D2N Ts Ts
Fig. 4. Formas de onda do conversor operando sem sobreposição de
SN SN
comando.
(c) (d)
D11 Lo1 D11 Lo1 comando e as principais formas de onda são apresentados na
Figura 5 e na Figura 6, respectivamente.
D21 D21
• 1a Etapa (t0 < t < t1 ): Durante a primeira etapa os
S1 S1
D12 D12 interruptores S1 e SN são comandados a conduzir. As
polaridades das tensões dos enrolamentos primários n1
Vi D22 Co2
Ro vo
Vi D22 Co2
Ro vo
e secundários n2 dos transformadores T1 e TN permitem
que a energia seja transferida da fonte de entrada Vi
S2 S2
para a carga Ro por meio dos diodos D11 , D1N e D22 ,
D1N D1N acarretando crescimento linear da corrente do indutor Lo ;
• 2a Etapa (t1 < t < Ts / N): Em t = t1 é retirado
D2N D2N
comando de SN . Imediatamente a corrente que circulava
SN SN por SN e D1N anula-se e, como consequência, tem-
se o bloqueio do diodo D1N . Neste momento, D2N
(e) (f) entra em condução assumindo a corrente do indutor Lo ,
Fig. 3. Etapas de operação do conversor operando sem sobreposição que decresce linearmente. Os diodos D11 , D22 e D2N
de comando. (a) 1a etapa. (b) 2a etapa. (c) 3a etapa. (d) 4a etapa. (e) transferem a energia da fonte Vi para a carga Ro ;
5a etapa. (f) 6a etapa. • 3a Etapa (Ts / N < t < t2 ): Em t = Ts / N o interruptor
S2 entra em condução juntamente com o interruptor S1 .
Similarmente à 1a etapa, as polaridades das tensões dos
B. Modo de Condução Contínua com Sobreposição de Dois enrolamentos dos transformadores T1 e T2 permitem que
Pulsos de Comando (1/N < D < 2/N) a energia seja transferida da fonte Vi para a carga Ro
Os circuitos equivalentes relacionados às etapas de utilizando, agora, os diodo D11 , D12 e D2N ;
operação do conversor com sobreposição de dois pulsos de • 4a Etapa (t2 < t < 2T s / N): Em t = t2 é retirado comando

144 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 141-150, abr./jun. 2018


2Ts Ts 2Ts
de S1 , enquanto o interruptor S2 continua em condução. Ts
N N Ts N N Ts
Esta etapa é semelhante à 2a etapa de operação, porém, vprimN vsecN
a energia da fonte Vi é transferida à carga por intermédio nVi
Vi
dos diodos D12 , D21 e D2N ;
t t
• (2N − 1)a Etapa (( N − 1 ) Ts / N < t < tN ):
Esta etapa inicia-se com a entrada do interruptor -Vi -nVi
SN em condução, enquanto o interruptor S2 continua vSN iSN
2Vi
conduzindo. Similarmente às 1a e 3a etapas, nIM
as polaridades das tensões dos enrolamentos dos Vi nIm
transformadores T2 e TN permitem que a energia seja t t
transferida da fonte Vi para a carga Ro , por meio dos vD1N iD1N
diodos D12 , D1N e D21 ; nVi
IM
Im
• (2N)a Etapa (tN < t < Ts ): Em t = tN é retirado o comando t t
de S2 , enquanto o interruptor SN continua conduzindo.
Esta etapa é semelhante às 2a e 4a etapas de operação, vD2N
nVi
iD2N
IM
entretanto, a energia da fonte Vi é transferida à carga Im
através dos diodos D1N , D21 e D22 . Ao término desta
t t
etapa todo o processo é reiniciado;
S1 vL
2nVi -Vo

D11 Lo1 D11 Lo1


t t
D21 D21
S2
S1 S1
nVi -Vo
D12 D12

Vi D22 Co2 Vi D22 Co2


Ro vo Ro vo t
S2 S2
SN iL
D1N D1N IM
D2N D2N Im
t t
SN SN t0 t1 t2 tN t0 t1 t2 tN
(a) (b) Ts Ts
D11 Lo1 D11 Lo1 Fig. 6. Formas de onda do conversor operando com uma sobreposição
D21 D21
de comando.

Ressalta-se que, considerando os módulos Forward


S1 S1
D12 D12

Vi
idênticos, a sobreposição de comandos não interfere no ganho
Vi
estático, determinado por (3), sendo que o único fato que
D22 Co2 D22 Co2
Ro vo Ro vo

S2 S2
leva à limitação da razão cíclica é a desmagnetização do
D1N D1N transformador, haja vista a relação estabelecida em (4).
D2N D2N
III. MODELAGEM ORIENTADA AO CONTROLE DO
SN SN
CONVERSOR PROPOSTO
(c) (d)
D11 Lo1 D11 Lo1
Nesta seção é apresentada uma análise simplificativa do
D21 D21 circuito a fim de facilitar a obtenção dos modelos de pequenos
S1 S1
sinais, necessários para o projeto dos compensadores
D12 D12 empregados em malha fechada. Uma vez que tal conversor é
Vi D22 Co2 Vi D22 Co2
constituído de conversores Forward (conversor Buck isolado
[16]), é possível reduzi-lo a um único conversor Buck
Ro vo Ro vo

S2 S2
equivalente sem alterar a dinâmica do conversor original.
D1N D1N
Primeiramente, visto que as entradas dos conversores
D2N D2N Forward estão em paralelo, pode-se considerá-las conectadas
SN SN
a fontes de tensão de mesmo valor, mas independentes,
reduzindo o conversor proposto a N conversores Buck com
(e) (f)
saídas conectadas em série. Para tanto, deve-se ainda
Fig. 5. Etapas de operação do conversor operando com uma
refletir as N tensões pulsadas dos enrolamentos primários para
sobreposição de comando. (a) 1a etapa. (b) 2a etapa. (c) 3a etapa.
os secundários, de maneira a eliminar os transformadores
(d) 4a etapa. (e) 5a etapa. (f) 6a etapa.
Forward da representação, como pode ser visto na Figura 7(a).

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 141-150, abr./jun. 2018 145


Além disso, no conversor Buck clássico, a tensão de saída Topologia proposta
Topologia Buck equivalente
da Fig. 7 (a) (Fig. 7 (b))
pode ser definida como sendo o valor médio da tensão sobre vo
vo vo
o diodo. Isso também é verdadeiro para a configuração 415
da Figura 7 (a). No entanto, como os diodos D1 ...DN 400
estão em série, a tensão de saída é definida por N vezes 385
o valor médio da tensão sobre um desses diodos. Logo, 370
para que se obtenha o conversor Buck equivalente, um único
70
conversor com tensão de entrada com valor de nNVi deve ser 60
iLo iLo iLo
considerado, conforme exposto na Figura 7 (b). Ressalta-se 50
que essa última etapa de simplificação elimina a característica 40
de aumento da frequência aparente nos componentes do filtro 30
de saída, entretanto, a dinâmica de baixa frequência não é 20
1,10 1,11 1,12 1,10 1,11 1,12 1,10 1,11 1,12
alterada. Tempo [s] Tempo [s] Tempo [s]
S1 Lo Fig. 9. Validação dos modelos via simulação.

nVi D1
IV. METODOLOGIA DE PROJETO

S2 Esta seção apresenta o projeto de um conversor utilizando


S1 Lo
quatro conversores Forward, com o objetivo de comprovar as
nVi D2 análises realizadas no decorrer do artigo. As especificações do
Co Ro v o nNVi D1 Co Ro vo projeto estão descritas na Tabela I.
(b) TABELA I
SN Especificações de projeto
Variáveis Símbolos Valores
nVi DN Número de módulos N 4
Tensão de saída Vo 400 V
(a) Potência de saída Po 1 kW
Fig. 7. (a) Redução do conversor proposto. (b) Conversor buck Relação de transformação n1 /n3 1
equivalente. Tensão de entrada Vi 30 V
Variação máxima de iLo ∆iL 20%
Variação máxima de vCo ∆vCo 1%
A fim de comprovar a manutenção da dinâmica do
Frequência de comutação fs 100 kHz
conversor nas etapas de simplificação, foi realizada uma
Razão cíclica D 0,4
simulação cujos resultados são apresentados na Figura 9,
considerando-se a aplicação de um degrau de carga de
100%. Após a comprovação de que o modelo comutado do A. Relação de Transformação n
conversor Buck equivalente possui o mesmo comportamento O conversor é projetado para operar nominalmente com
dinâmico do conversor proposto, encontra-se seu modelo sobreposição de um pulso de comando (0,25 < D < 0,5). Vale
médio equivalente de pequenos sinais [17], conforme ilustra ressaltar que, de acordo com (4), o conversor opera com um
a Figura 8, para determinar as funções de transferência Dmax = 0,5. A relação de transformação n (n2 /n1 ) é definida
orientada ao controle da corrente e da tensão de saída, dadas por:
respectivamente por:
G
îLo (s) nNVi (sRoCo + 1) n= . (7)
Gi (s) = = 2 (5) ND
ˆ
d(s) s RoCo Lo + sLo + Ro
B. Indutor e Capacitor do Filtro de Saída
v̂o (s) Ro
Gv (s) = = . (6) Considerando que o ciclo de trabalho pode variar em toda
îLo (s) sRoCo + 1 a faixa de razão cíclica (0 a 0,5), é necessário projetar um
indutor com indutância suficiente para garantir que a máxima
nNVi (1  dˆ ) ondulação de corrente de 20% não seja excedida, de acordo
sLo
com as especificações de projeto. A Figura 10 mostra a
proporção da ondulação de corrente do indutor de saída para a
iˆL 1
nNvˆi I L (1  dˆ ) Ro vˆo associação de 1 a 4 conversores Forward em função da razão
sCo cíclica. Também são apresentadas as curvas da associação
de 4 módulos com 0 até 3 sobreposições de comandos. A
Fig. 8. Modelo de pequenos sinais do conversor buck equivalente.
equação que determina a ondulação da corrente do indutor em
funções dos parâmetros supracitados é apresentada a seguir:

146 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 141-150, abr./jun. 2018


  Figura 11 e o respectivo diagrama de blocos na Figura 12.
nVi 2
n2sbp nsbp Ressalta-se que a inserção do saturador (SAT) possibilita a
∆iLo = −ND + D(2nsbp + 1) − − . (8)
Lo fs N N limitação da corrente máxima no indutor e, consequentemente,
da corrente fornecida pela fonte de entrada (célula
Área de operação do conversor Forward
combustível, banco de baterias, ou outra fonte com as
considerando n1 = n2, Dmáx= 0,5 mesmas características), evitando, assim, danos devido à

Dx

Dx
Dx
Dx
nsbp
{ operação com sobrecarga.
O projeto dos compensadores foi realizado com base na
resposta em frequência do conversor. Os compensadores
escolhidos são do tipo proporcional-integral (PI), pois
garantem erro nulo ao degrau. A frequência de cruzamento da
malha de corrente é alocada uma década abaixo da frequência
da corrente do indutor, com o intuito de atenuar os ruídos
provenientes da comutação. Por sua vez, a frequência de
Dx
cruzamento da malha de tensão é alocada uma década abaixo
Dx
da frequência de cruzamento da malha de corrente com o
Dx
intuito de garantir o desacoplamento dinâmico entre malhas.
Dx

n3 : n1 : n2 D11 ki L o

0sbp 1sbp 2sbp 3sbp D21

0 0,25 0,5 0,75 1 D31 d1 S1


Dx D12
Fig. 10. Ondulação de corrente no indutor em função da variação da
razão cíclica. kv
D22
Co Ro v o
Vi
A indutância onde ocorre a máxima ondulação de corrente D32 d2 S2
em função da razão cíclica é obtida igualando-se a derivada de D13
(8) a zero, de onde se obtém:
nVi D23
Lomin = . (9)
4N∆iLo fs
D33 d3 S3
A capacitância é determinada pela análise da energia D14
armazenada no capacitor em função da ondulação de tensão
máxima de saída estipulada no projeto do conversor de acordo
com a Tabela I, sendo dada por: D24

nVi D34 d4 S4
Comin = . (10)
8N fs2 Lo ∆vo
d1 d2 d3 d4
C. Estratégia de Controle e Cálculo dos Compensadores
A estratégia de controle empregada visa garantir a Modulador Ci(s) Σ SAT Cv(s) Σ
regulação da tensão de saída por meio do ajuste da corrente no Vref(s)
indutor. Tal estratégia é conhecida na literatura como controle
Fig. 11. Conversor proposto: estágio de potência e de controle.
modo corrente [18]. A implementação das malhas de corrente
e de tensão para o conversor proposto estão demonstradas na

+ ev(s) evc(s) iref(s) ei(s) eic(s) d(s) iLo(s)


CCv(ss)) CSAT
v( s ) Ci(s) kkPWM Gi(s) Gv(s) vo(s)
Σ + Σ-
Vref (s) v pwm
-

ki

kv
Fig. 12. Diagrama de blocos referente às duas malhas de controle.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 141-150, abr./jun. 2018 147


Os compensadores de tensão e de corrente são descritos
Cond

a
respectivamente por:

íd
icion Fo

Sa
a
de Si mento nte Aux.

de
nal
(s + 1, 18.103 )

ro
lt
d
Cv (s) = 3, 153 (11)

Fi
ar
rw
s

Fo
o
ul
ód
(s + 23, 323.103 )

M
Ci (s) = 0, 0072 . (12)
s
Os diagramas de Bode dos compensadores e das funções de
transferência de laço aberto não compensada e compensada de
ambas as malhas são apresentadas na Figura 13.

60 FTLAiC(ω)
Magnitude[dB]

Magnitude[dB]

40
20 Cv(ω)
0 FTLAiNC(ω) FTLAvC(ω)
-20 Fig. 14. Protótipo do conversor proposto.
Ci(ω) FTLAvNC(ω)
-40
-60 vi

-20 Cv(ω) ii
Fase[graus]

Fase[graus]

C1
-40
-60 FTLAiNC(ω) Ci(ω) FTLAvNC(ω)
vo
-80
-100 FTLAiC(ω) C2 iLo
FTLAvNC(ω)
1 3 5 7 1 3 5 7
10 10 10 10 10 10 10 10 C3

Frequência[rad/s] Frequência[rad/s] C4
(a) (b) C1 BwL DC C2 BwL DC C3 BwL DC C4 BwL DC Tbase -200 ns Trigger Line
10.0 V/div 10.0 A/div 200.0 V/div 2.0 A/div 5.00 us/div Auto

Fig. 13. (a) Diagramas de Bode da FTLA não compensada, da FTLA 100 kS 2 GS/s Edge Positive

compensada e do compensador de corrente. (b) Diagramas de Bode Fig. 15. Tensões e correntes de entrada e de saída do conversor
da FTLA não compensada, da FTLA compensada e do compensador proposto operando em carga nominal.
de tensão.
vS
C1
iS
V. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
C3

vD3
Para validar a operação do conversor proposto, faz-se
necessária a comprovação experimental. Para tanto, foi C2

desenvolvida uma estrutura de potência composta por quatro iD3


módulos de conversores Forward e um filtro de saída. A
C4

mencionada estrutura foi projetada conforme as especificações C1 BwL DC


120.0 V/div
C2 BwL DC
20.0 A/div
C3 BwL DC
60.0 V/div
C4 BwL DC
1.0 A/div (a)
Tbase -200 ns Trigger
10.0 μs/div Auto
Line

200 kS 2 GS/s Edge

apresentadas na Tabela I.
Positive

As formas de onda experimentais obtidas a partir dos testes vD2(roda-livre)


realizados no protótipo do conversor proposto, mostrado na
Figura 14, são apresentadas a seguir. Devido à elevada
C1
iD2(roda-livre)
frequência de comutação (400 kHz), o efeito capacitivo
dos transformadores e dos MOSFETs tornam-se relevantes, C2

implicando em ressonâncias que se tornam visíveis nas formas vD1


de onda.
A Figura 15 mostra as tensões e correntes de entrada e de
C3
iD1
saída do conversor proposto, funcionando em carga nominal.
Os esforços nos semicondutores localizado no lado de baixa C4

tensão (enrolamento primário): tensão no interruptor, corrente C1 BwL DC C2 BwL DC C3 BwL DC C4 BwL DC Tbase 0.0 μs Trigger Line
250.0 V/div 2.0 A/div 250.0 V/div 2.0 A/div
(b) 10.0 μs/div Auto
200 kS 2 GS/s Edge Positive

no interruptor, tensão no diodo desmagnetizante e corrente no Fig. 16. (a) Tensão no interruptor vS , corrente no interruptor iS ,
diodo de desmagnetização, são apresentados na Figura 16 (a). tensão no diodo de desmagnetização vD3 e corrente no diodo de
No lado de alta tensão (enrolamento secundário): tensão em desmagnetização iD3 . (b) Tensão no diodo D2 , corrente no diodo
D2 , corrente em D2 , tensão em D1 e corrente em D1 , são D2 , tensão no diodo D1 e corrente no diodo D1 .
apresentados na Figura 16 (b).

148 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 141-150, abr./jun. 2018


A Figura 17 (a) mostra as tensões de entrada e de saída e a VI. ANÁLISE COMPARATIVA
dinâmica das correntes após aplicação de um degrau de -50%
de carga. A Figura 17 (b) mostra as tensões de entrada e de Mediante os resultados obtidos com a estrutura apresentada
saída e a dinâmica das correntes após aplicação de um degrau neste artigo, na Tabela II, propõe-se uma breve análise
de +100% de carga. comparativa com o conversor apresentado por [10], visto
que ambos processam um valor de potência semelhante, e
vi permitem a divisão dos esforços de tensão e de corrente sobre
ii os componentes da estrutura.

C1
TABELA II
Análise Comparativa
Topologia Topologia
iLo
C2
proposta proposta
neste artigo por [10]
vo Conversores
C4
associados 4 3
C3
Potência
C1 BwL DC C2 BwL DC C3 BwL DC C4 BwL DC Tbase -116ms Trigger Line
15.0 V/div 10.0 A/div 400.0 V/div 1.0 A/div
(a) 100.0 ms/div Stop
200 kS 200 kS/s Edge Positive
processada 1 kW 900 W
Ganho em condições
vi 13,33 7
nominais
Compartilhamento
C1 ii Sim Sim
da corrente de entrada
Interruptores
iLo ativos 4 3
Diodos 12 9
C2
Capactiores 1 3
vo Indutores 1 3
C4
Conforme pode ser verificado, a vantagem principal da
C3 topologia proposta é a redução do número de componentes
passivos que compõem o filtro de saída. A topologia proposta
C1 BwL DC C2 BwL DC C3 BwL DC C4 BwL DC Tbase -116 ms Trigger Line
30.0 V/div 10.0 A/div 265.0 V/div 1.0 A/div
(b) 100.0 ms/div Stop
200 kS 200 kS/s Edge Positive

Fig. 17. (a) Degrau de -50% carga. (b) Degrau de +100% de carga. por [10] terá tantos indutores e capacitores de saída quantos
forem os módulos Forward associados, já a topologia proposta
O rendimento obtido com a estrutura proposta funcionando apresenta apenas um par LC de saída, independente da
em carga nominal foi de 85%. A curva de eficiência para a quantidade de módulos associados.
variação de carga é apresentada na Figura 18.
VII. CONCLUSÃO

η(%) Neste artigo foi apresentado um conversor cc-cc com


89 promissora aplicação no processamento de energia de fontes
de baixa tensão e alta corrente. O conversor proposto
87 é baseado no uso de conversores Forward com entradas
conectadas em paralelo e saídas em série. As principais
vantagens dessa estrutura são o alto ganho estático e o
85 compartilhamento da corrente de entrada, que permite a
redução de perdas por condução nos interruptores quando
comparado ao conversor Forward convencional. Outra
83 vantagem é o uso da modulação de phase-shift, que provoca
um aumento na frequência aparente dos filtros de entrada e de
81 saída, permitindo, assim, sua redução e aumento da densidade
de potência do conversor. Ressalta-se ainda, a vantagem da
200 400 600 800 1000 utilização de conversores menos complexos, aplicados em
Po[W] faixas de potência em que não seriam usualmente empregados.
Fig. 18. Rendimento do conversor proposto. O artigo também apresentou um procedimento de redução
do conversor proposto para um conversor Buck equivalente,
que preserva a mesma dinâmica de operação, facilitando a
Vale ressaltar que o rendimento é satisfatório, porém
obtenção dos modelos de pequenos sinais necessários aos
estabeleceu-se em um patamar abaixo do inicialmente
projetos dos compensadores.
cogitado devido aos materiais utilizados na montagem do
Finalmente, a compactação do filtro de saída tornou a
protótipo (interruptores e magnéticos) não serem de última
topologia mais atrativa e com maior densidade de potência,
geração.
frente à proposta apresentada por [10].

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 141-150, abr./jun. 2018 149


AGRADECIMENTOS [14] S. J. Chen, S. P. Yang, C. M. Huang, C. K.
Lin, “Interleaved high step-up DC-DC converter with
Os autores agradecem a equipe INEP, pela colaboração parallel-input series-output configuration and voltage
neste trabalho. Este projeto foi financiado pelo CNPq. multiplier module”, in Proc. of ICIT, pp. 119–124,
2017.
REFERÊNCIAS [15] J. Shi, L. Zhou, X. He, “Common-Duty-Ratio Control
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[16] D. C. Martins, Semicondutores de Potência
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[3] K. Agbossou, S. Kelouwani, A. Anouar, M. Kolhe, [17] R. Erickson, D. Maksimovic, Fundamentals of Power
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[4] K. Agbossou, M. L. Doumbia, A. Anouar, “Optimal
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2005. Víctor Ferreira Gruner, nascido em Florianópolis, SC,
Brasil, em 15 de março de 1987 é engenheiro eletricista
[5] R. F. Coelho, L. Schimtz, D. C. Martins, “Grid-
(2015), mestre em engenharia elétrica (2017) pela
connected PV-wind-fuel cell hybrid system employing
Universidade de Federal de Santa Catarina. Atualmente
a supercapacitor bank as storage device to supply a
é estudante de doutorado no Instituto de Eletrônica de
critical DC load”, in Proc. of IINTEC, pp. 1–10, 2011.
Potência.
[6] J. Larmine, A. Dicks, Fuel cell systems explained,
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[7] M. Forouzesh, Y. P. Siwakoti, S. A. Gorji, F. Blaabjerg, março de 1990. Recebeu os títulos de Engenheiro Eletricista
B. Lehman, “Step-Up DC-DC Converters: A e de Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade
Comprehensive Review of Voltage Boosting Federal de Santa Catarina em 2012 e 2015, respectivamente.
Techniques, Topologies, and Applications”, IEEE Atualmente é estudante de doutorado do programa de Pós-
Transactions on Power Electronics, vol. 32, no. 12, pp. Graduação em Engenharia Elétrica na instituição.
9143–9178, Dec. 2017.
[8] B. Huang, I. Sadli, J. P. Martin, B. Davat, “Design Denizar Cruz Martins, nascido em São Paulo, SP, Brasil,
of a High Power, High Step-Up Non-isolated DC- em 24 de abril de 1955. Recebeu os títulos de Engenheiro
DC Converter for Fuel Cell applications”, in Proc. of Eletricista e Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade
VPPC, pp. 1–6, 2006. Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil, em 1978
[9] M. T. Zhang, M. M. Jovanovic, F. C. Y. Lee, “Analysis e 1981, respectivamente, e o título de Doutor em Engenharia
and evaluation of interleaving techniques in forward Elétrica pelo Instituto Nacional Politécnico de Toulouse,
converters”, IEEE Transactions on Power Electronics, Toulouse, França, em 1986. Atualmente é professor titular
vol. 13, no. 4, pp. 690–698, Jul. 1998. do Departamento de Engenharia Elétrica e Eletrônica da
[10] L. Schmitz, R. F. Coelho, D. C. Martins, “High step-up Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil.
DC-DC converter with input current sharing for fuel
cell applications”, in Proc. of PEDG, pp. 1–7, 2015. Roberto Francisco Coelho, nascido em Florianópolis,
SC, Brasil, em 19 de agosto de 1982. Recebeu os
[11] Y. Lian, G. Adam, D. Holliday, S. Finney, “Modular
títulos de Engenheiro Eletricista, Mestre e Doutor em
input-parallel output-series DC/DC converter control
Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa
with fault detection and redundancy”, IET Generation,
Catarina, Florianópolis, SC, Brasil, em 2006, 2008 e 2013,
Transmission & Distribution, vol. 10, no. 6, pp. 1361–
respectivamente. Atualmente é professor do Departamento
1369, May 2016.
de Engenharia Elétrica e Eletrônica da mesma instituição,
[12] S. Saravanan, N. R. Babu, “Design and Development onde desenvolve trabalhos relacionados ao processamento
of Single Switch High Step-Up DC-DC Converter”, de energia proveniente de fontes renováveis e ao controle e
IEEE Journal of Emerging and Selected Topics in estabilidade de microrredes.
Power Electronics, vol. PP, no. 99, pp. 1–1, Aug. 2017.
[13] C. L. Shen, Y. C. Lee, J. C. Su, C. T. Tsai, “A high
step-up DC/DC converter for PV panel application”, in
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150 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 141-150, abr./jun. 2018


Metodologia para Modelagem de Conversores Utilizando o Circuito Equivalente de
Thévenin
Methodology for Modeling Power Converters Employing the Thévenin Equivalent
Circuit
METODOLOGIA
Felipe Berger, Marcos A. Salvador,PARA
Thiago MODELAGEM DE CONVERSORES
A. Pereira, Telles B. Lazzarin, Roberto F. UTILIZANDO O
Coelho CIRCUITO EQUIVALENTE DE THÉVENIN
Felipe Berger, Marcos A. Salvador, Thiago A. Pereira, Telles B. Lazzarin, Roberto F. Coelho
Universidade Federal de Santa Catarina, Instituto de Eletrônica de Potência, Florianópolis, SC - Brasil
e-mail: felipe.berger@posgrad.ufsc.br, marcos.salvador@inep.ufsc.br, thiago.pereira@inep.ufsc.br, telles@inep.ufsc.br,
roberto@inep.ufsc.br

Resumo – Este artigo apresenta uma nova metodologia NOMENCLATURA


aplicada como ferramenta à modelagem de conversores
estáticos. A metodologia permite representar tais x Pequenas perturbações da grandeza x.
conversores por meio de um circuito equivalente de X Valor médio da grandeza x.
Thévenin visto a partir do par de terminais que contém o vS Tensão no interruptor.
elemento cuja tensão ou corrente se deseja controlar, vo Tensão na saída.
apresentando como principal vantagem a versatilidade iD Corrente no diodo.
com que as funções de transferências podem ser obtidas. iL Corrente no indutor.
A partir da análise de um circuito equivalente de D Razão cíclica.
Thévenin literal encontram-se modelos válidos para todos E Tensão de entrada.
os conversores, distinguidos apenas pelas equações que vD Tensão no diodo.
descrevem os parâmetros VTH e ZTH de cada caso. A fim iS Corrente no interruptor.
de validar a metodologia proposta, as funções de iL1 Corrente no indutor L1.
transferência orientadas ao controle de tensão e de iL2 Corrente no indutor L2.
corrente dos seis conversores cc-cc básicos não isolados vC1 Tensão no capacitor C1.
são obtidas e validadas via simulação por meio da VTH Tensão de Thévenin.
resposta ao degrau. Resultados experimentais referentes ZTH Impedância de Thévenin.
ao conversor Boost também são apresentados. ZL Impedância de carga.
P Potência do conversor.
Palavras-Chave – Conversores cc-cc, Equivalente de
R Resistência de saída.
Thévenin, Modelagem Dinâmica, Modelo Médio.
Gv Planta de tensão por razão cíclica.
Gi Planta de corrente por razão cíclica.
METHODOLOGY FOR MODELING Gvi Planta de tensão por corrente.
POWER CONVERTERS EMPLOYING THE
THÉVENIN EQUIVALENT CIRCUIT I. INTRODUÇÃO
Dentre os desafios associados à conversão eficiente de
Abstract – This paper presents a new methodology energia elétrica por meio de conversores estáticos, convém
applied as a tool for modeling static converters. The destacar os esforços empregados no desenvolvimento de
methodology allows representing such converters by an estratégias de controle confiáveis, que garantam operação
equivalent Thévenin circuit seen from the pair of destes conversores de acordo com os requisitos estabelecidos
terminals that contains the element which voltage or na etapa de dimensionamento, e que assegurem a proteção de
current is desirable to be controlled, and has as main seus componentes, da fonte de alimentação e da carga
advantage the versatility in which the transfer functions suprida.
can be obtained. From the analysis of a literal Thévenin Neste sentido, é recorrente a necessidade de obtenção de
equivalent circuit it is possible to find models valid for all modelos matemáticos acurados, que descrevam o
the converters, only distinguished by the equations that comportamento dinâmico das variáveis a serem controladas,
describe the parameters VTH and ZTH of each case. In permitindo definir a estratégia de controle e projetar
order to validate the proposed methodology, the transfer controladores adequados a cada aplicação.
functions oriented to control the voltage and the current Evidentemente, o fato de o funcionamento dos
of the six non-isolated basic dc-dc converters are conversores estáticos estar baseado no uso de dispositivos
obtained and validated by simulation considering the step que comutam em alta frequência (semicondutores) implica
response. Experimental results concerning the Boost descontinuidades e não linearidades, impossibilitando a
converter are also presented. aplicação direta das ferramentas utilizadas na análise de

circuitos lineares. Não obstante, a complexidade atrelada à
Keywords – Average Model, DC-DC Converters, modelagem de conversores estáticos aumenta à medida que o
Dynamic Modeling, Thévenin Equivalent Circuit. número de elementos armazenadores de energia que os
compõem eleva-se, em decorrência do aumento da ordem das
equações diferencias que os descrevem.

Artigo submetido 03/08/2017. Primeira revisão em 13/09/2017. Aceito para Felizmente, conforme [1], na maior parte das aplicações, é
publicação em 18/11/2017 por recomendação do Editor Marcelo Cabral
Cavalcanti. possível aproximar as grandezas comutadas que descrevem

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 151-160, abr./jun. 2018 151


determinado conversor por seus respectivos valores médios por seus valores médios calculados em um período de
calculados a cada período de comutação. Tal ação resulta em comutação.
modelos médios de grandes sinais [1]-[14], onde os A Figura 1 apresenta os modelos comutados dos
interruptores são substituídos por fontes dependentes de conversores cc-cc analisados, enquanto a Figura 2 expõe os
tensão ou de corrente, ainda descritas por equações não respectivos modelos médios de grandes sinais em modo de
lineares [6]. condução contínua. As fontes dependentes são especificadas
Para contornar tais não linearidades e empregar em função dos valores médios das tensões/correntes dos
ferramentas aplicáveis à análise de sistemas lineares, recorre- interruptores que elas substituem. Este modelo resolve o
se a técnicas de linearização [2], [3], que resultam em problema da descontinuidade dos conversores, porém a não
modelos médios de pequenos sinais válidos apenas para linearidade permanece, uma vez que tais tensões/correntes
pequenas perturbações em torno do ponto de operação. são descritas por equações não lineares, resultantes do
Matematicamente, estes modelos médios de pequenos sinais produto de grandezas que variam no tempo tal como
podem ser descritos por funções de transferência [4] ou exemplificado para o caso do conversor Boost por:
matrizes de estados [2], dependendo do método adotado para
modelar e controlar o conversor. vS  1  d  vo (1)
Na literatura, as metodologias de modelagem de
conversores cc-cc tipicamente recaem na modelagem por
iD  1  d  iL . (2)
circuito médio equivalente [4]-[8], [13], na modelagem do A modelagem orientada ao controle clássico tem como o
interruptor PWM [9], [10] ou em modelos médio em espaço objetivo a obtenção de funções de transferência por meio da
de estados [11], [12], [14], [15]. A modelagem por circuito aplicação da transformada de Laplace, aplicável apenas a
médio equivalente ou do interruptor PWM faz uso dos sistemas lineares e invariantes no tempo. Em virtude,
valores médios de tensões e correntes envolvidas na operação contudo, de os conversores estáticos tipicamente apresentam
do conversor em um período de comutação, enquanto o comportamento não linear, recorre-se à linearização. Uma
modelo médio por espaço de estado requer as equações de primeira opção consiste na expansão das funções não lineares
estado em cada etapa de operação. É importante ressaltar que que descrevem os conversores por meio da série de Taylor,
no modo de condução contínua (MCC) os três métodos de tomando-se, posteriormente, apenas os termos lineares.
supracitados culminam no mesmo comportamento dinâmico
e, portanto, nas mesmas funções de transferência [4], [6].
Neste artigo apresenta-se uma nova abordagem destinada
à modelagem de conversores estáticos, que passam a ser
descritos a partir de um circuito equivalente de Thévenin
visto do par de terminais cuja tensão ou corrente deseja-se
controlar. Tal método constitui uma ferramenta versátil, que
permite a obtenção rápida de funções de transferência,
mesmo quando os elementos alocados entre os terminais de
interesse são modificados. De maneira a validar a
metodologia desenvolvida, aplica-se o método proposto à
modelagem dos seis conversores básicos não isolados em
MCC, apresentando-se as respectivas funções de
transferência e resposta ao degrau de cada um deles.
Resultados experimentais obtidos a partir de um conversor
Boost de 200 W validam a metodologia proposta. Fig. 1. Modelos comutados dos conversores Buck, Boost, Buck-
Boost, Ćuk, SEPIC e ZETA.
II. MODELOS MÉDIOS DE GRANDES E DE
PEQUENOS SINAIS

Acerca das dificuldades que envolvem a modelagem de


conversores estáticos, o primeiro desafio a ser superado é a
descontinuidade gerada pela comutação. Comumente, o
período de comutação é significativamente menor que as
constantes de tempo do conversor, sendo assim, é possível
aproximar as grandezas instantâneas por seus valores médios
calculados a cada período de comutação, sem que haja perda
de informação relacionada à dinâmica que se deseja
controlar.
Do ponto de vista dos conversores, essa aproximação
significa substituir os interruptores passivos e ativos por
fontes dependentes de tensão ou de corrente. Tal técnica
resulta na obtenção do chamado modelo médio de grandes Fig. 2. Modelos médios de grandes sinais dos conversores Buck,
sinais, que aproxima as grandezas comutadas do conversor Boost, Buck-Boost, Ćuk, SEPIC e ZETA.

152 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 151-160, abr./jun. 2018


Alternativamente, pode-se considerar que o conversor tem TABELA I
comportamento linear nos entornos de um ponto de operação Equações dos Modelos Médios de Pequenos Sinais dos
X (parcela cc), desde que a perturbações x (parcela ca) em Conversores cc-cc Básicos Não Isolados
torno deste ponto sejam suficientemente pequenas [4]. Pode- Conversor Equações
se então expressar todas as variáveis do sistema pela soma 
v D  dE
Buck
das duas parcelas: a primeira cc, que descreve o ponto de i S DiL  dI
 
L
operação; a segunda ca, que por sua vez representa a pequena i D 
1  D  i L  dI

L
perturbação, isto é: Boost v S   
1  D  vo  dV o

x X  x . (3) i D 1  D  i L  dI

L
Buck-Boost
v S  1 D  v o  d Vo  E 
Aplicando a linearização descrita em (3) às variáveis de
(1) e (2), obtêm-se dois conjuntos de equações. O primeiro,  v D Dv C1  dV 
C1
Ćuk i S  DiL1  DiL 2  d  I  I 
representando o ponto de operação, é expresso por: L1 L2

v D  Dv C1  Dv o  d VC1  Vo 


VS 1  D Vo (4) SEPIC i S  DiL1  DiL 2  d  I  I 
L1 L2
I D 1  D  I L (5)
v D Dv C1  d VC1  E 
ZETA i S  DiL1  DiL 2  d  I  I 
enquanto o segundo representa as pequenas variações em L1 L2

torno deste ponto, conforme:


III. CIRCUITO EQUIVALENTE DE THÉVENIN E O
  d v o
v S 1  D  v o  dV (6)
o MODELO DINÂMICO
i D    di
1  D  i L  dI  L . (7)
L
A. Tensão de Saída por Razão Cíclica
As equações (6) e (7) permanecem não lineares devido aos Os circuitos apresentados na Figura 3 são lineares e,
termos de segunda ordem, representados pelo produto de portanto, permitem a utilização de ferramentas de análise de
perturbações. Contudo, da suposição de que tais perturbações circuitos lineares. A primeira ferramenta que pode ser
são suficientemente pequenas, infere-se que os termos de utilizada é a transformada de Laplace, que permite
segunda ordem serão relativamente menores do que os representar o circuito no domínio da frequência e extrair uma
demais e, portanto, podem ser descartados sem que haja função de transferência. A função de transferência permitirá
perda de generalidade. Tal suposição resulta em: conhecer a resposta dinâmica de uma variável do circuito em
função de perturbações em outra variável. Comumente é de
v S  
1  D  v o  dV (8)
o
interesse conhecer a resposta dinâmica da tensão de saída.
i D   .
1  D  i L  dI (9) No entanto, a obtenção do modelo depende da definição de
L
uma carga, usualmente um filtro capacitivo e um resistor, o
O desacoplamento entre os termos cc e ca promovido pela que torna o modelo obtido restrito, válido somente para a
linearização permite representar o conversor por meio de seu carga utilizada. Visando a obtenção de um modelo
modelo médio de pequenos sinais, que considera apenas os generalista capaz de se adequar a qualquer carga, faz-se o
termos ca. A fonte de tensão de entrada, aqui considerada uso do equivalente de Thévenin vista da saída do conversor.
ideal, não varia e, portanto, é representada por um curto A fim de encontrar o circuito equivalente de Thévenin de
circuito. A Figura 3 e a Tabela I apresentam os modelos
determinado conversor, substitui-se a carga por uma fonte de
médios de pequenos sinais dos conversores cc-cc básicos não
teste de valor ( vo , io ), conforme é exemplificado para o
isolados.
conversor Boost, conforme Figura 4.

Fig. 4. Circuito elétrico a ser analisado para obtenção do


equivalente de Thévenin visto da saída do conversor Boost.

Aplicando-se as leis de Kirchhoff ao circuito da Figura 4,


encontram-se:
 1  D  i L  dI
  i o 
L 0 (10)

sLiL  1  D  v o  dV
 
o 0. (11)
Fig. 3. Modelos médios de pequenos sinais dos conversores Buck,
Boost, Buck-Boost, Ćuk, SEPIC e ZETA. A resolução do sistema descrito por (10) e (11) resulta em:

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 151-160, abr./jun. 2018 153


 sLI L  1  D  Vo  sL vo sL
v o d  io . (12) ZTH
  . (17)
1  D  2
1  D 2 io 1  D 2
Para obtenção de VTH deve-se considerar a saída do
É simples demonstrar que as constantes Vo e IL no
conversor em circuito aberto, o que implica io nulo, enquanto
conversor Boost podem ser descritas em função da tensão de
para obtenção de ZTH, considera-se entrada nula, isto é d =0.
entrada e da potência do conversor, isto é:
O mesmo procedimento pode ser aplicado aos demais
P conversores cc-cc, variando apenas o esforço algébrico
IL  (13) necessário para resolução dos sistemas de equações de cada
E
conversor. A Tabela II resume os resultados encontrados.
E Conforme discutido anteriormente, ao circuito equivalente de
Vo  . (14)
 D
1  Thévenin pode ser adicionado qualquer tipo de carga linear.
Sendo assim, tendo em vista a generalização dos modelos,
A substituição de (13) e (14) em (12) conduz a: emprega-se uma impedância ZL, como na Figura 5.

LP
s
E
E sL
v o d 2
 io . (15)
1  D  1  D 2
A partir de (15) é possível extrair o valor da tensão VTH e
da impedância ZTH equivalente de Thévenin, dados Fig. 5. Circuito equivalente de Thévenin com carga ZL.
respetivamente por:
A tensão de saída do circuito da Figura 5 pode ser descrita
LP por:
s E
VTH 
d E (16) ZL
v o  VTH . (18)
1  D 2 Z L  ZTH

TABELA II
Parâmetros dos Circuitos Equivalentes de Thévenin Vistos da Saída dos Conversores cc-cc Básicos Não Isolados
Conversor VTH ZTH

Buck 
dE sL

LP
s E sL
Boost d E
1  D 2 1  D 2

LP
s E sL
Buck-Boost d DE
1  D 2 1  D 2

L1C1E LP 2
s2 s 1 E s 3 L1L2C1  s  L1D 2  L2 1  D  
Ćuk 1 D E  
d 2
s 2 L1C1  1  D 
2
s 2 L1C1  1  D 

L1 L2C1P 2 LP 2
s3  s C1E  L1  L2   s 1  E s 3 L1L2C1  s  L1D 2  L2 1  D  
SEPIC DE E  
d 2 2
2
s 2C1  L1  L2 1  D   1  D 
2
s 2C1  L1  L2 1  D   1  D 

L1C1E LP 2
s2 s 1 E s 3 L1L2C1  s  L1D 2  L2 1  D  
ZETA 1 D E  
d 2
s 2 L1C1  1  D 
2
s 2 L1C1  1  D 

154 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 151-160, abr./jun. 2018


Logo, pode-se obter a função de transferência que E sRC  2  R 1  D 
relaciona a tensão de saída com a razão cíclica de qualquer  v x d  ix . (26)
um dos conversores cc-cc analisados a partir da substituição
1  D  sRC  1 sRC  1
das respectivas equações que descrevem VTH, ZTH e ZL em A partir de (26) é possível encontrar VTH e ZTH vistos dos
(18). No caso do conversor Boost, ZL é tipicamente formada terminais do indutor, dados respectivamente por:
por um par RC paralelo, cuja impedância é expressa por:
E sRC  2
R VTH  d (27)
 Z L R  ZC . (19)  1  D  sRC  1
sRC  1
vx R 1  D 
A substituição de (16), (17) e (19) em (18) resulta em: ZTH  . (28)
ix sRC  1
RLP
s  RE
v o E Em aplicações de correção de fator de potência, por
Gv  s
  (20) exemplo, controla-se a corrente no indutor de entrada dos

d s RLC  sL  R 1  D 
2 2
conversores Boost e SEPIC. Já nos conversores Buck, Ćuk e
sendo a potência P de saída dada por: ZETA é comum controlar-se a corrente nos indutores de
2 saída. O controle da corrente no conversor Buck-Boost não é
V usual devido à posição do indutor, ainda assim, um modelo
P o . (21)
R pode ser obtido usando o mesmo procedimento. A Tabela IV
A Tabela III resume a aplicação deste procedimento para resume os parâmetros relacionados aos circuitos equivalentes
obtenção das plantas Gv(s) dos conversores cc-cc básicos não de Thévenin vistos a partir dos indutores de interesse para
isolados, considerando-se, em todos os casos, um par RC cada conversor cc-cc básico não isolado.
como carga do circuito equivalente de Thévenin. Partindo-se do circuito equivalente de Thévenin, ao qual
Vale ressaltar que se a impedância ZL fosse alterada para, se adiciona um indutor como carga, obtém-se o circuito
por exemplo, contemplar a resistência série equivalente do genérico ilustrado na Figura 7, cuja análise resulta em:
capacitor, uma nova função de transferência seria obtida, mas
o esforço matemático seria reduzido, haja vista que os i L  VTH . (29)
parâmetros VTH e ZTH não precisam ser redefinidos. ZTH  sL

B. Corrente no Indutor por Razão Cíclica


Em diversas aplicações, busca-se conhecer o
comportamento dinâmico da corrente em algum dos
indutores do circuito. A técnica de obtenção do circuito
equivalente de Thévenin aqui proposta pode também ser Fig. 7. Circuito equivalente de Thévenin visto do indutor.
aplicada a partir dos terminais do indutor cuja corrente deseja
se controlar, conforme mostra a Figura 6 para o caso do Logo, pode-se obter a função de transferência que
conversor Boost. relaciona a corrente no indutor com a razão cíclica para
qualquer um dos conversores cc-cc analisados por meio da
simples substituição das respectivas equações que descrevem
VTH e ZTH (Tabela IV) em (29). Tomando-se o conversor
Boost como exemplo, encontra-se:
i L E sRC  2
Gi  s
  . (30)
Fig. 6. Circuito elétrico a ser analisado para obtenção do circuito d 1  D  s RLC  sL  R 1  D 2
2

equivalente de Thévenin visto do indutor do conversor Boost.


A Tabela V apresenta as plantas Gi(s) dos conversores cc-
Aplicando-se as leis de Kirchhoff ao circuito da Figura 6, cc básicos não isolados obtidos a partir de (29).
é possível obter: Logicamente, caso a resistência parasita do indutor fosse
incluída no modelo, uma nova planta seria obtida, mas os
v o  sC  1 / R   1  D  i L  dI
 
L 0 (22) parâmetros VTH e ZTH manteriam-se inalterados, facilitando a
análise.
v x  1  D  v o  dV
 
o 0 (23)
C. Tensão de Saída por Corrente no Indutor
i L  i x . (24) Para fins de controle, é usual ainda determinar o
A solução do sistema de equações descrito por (22)-(24) comportamento dinâmico da tensão de saída em função da
culmina em: corrente no indutor, o que permite o uso de controladores
cascateados. As plantas Gvi(s) dos conversores analisados são
sRCVo  Vo  I L R 1  D   R 1  D  apresentadas na Tabela VI, a partir de:
v x d  i x . (25)
sRC  1 sRC  1 Gv  s  v o d v o
Gvis   . (31)
A substituição de (13), (14) e (21) em (25) resulta em: G  s  d i L i L
i

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 151-160, abr./jun. 2018 155


TABELA III
Funções de Transferência que Relacionam a Tensão de Saída com a Razão Cíclica dos Conversores cc-cc Básicos Não Isolados
Conversor Equações

RE
Buck Gv  s  
s 2 RLC  sL  R

RLP
s  RE
Boost Gv  s   E
2
s 2 RLC  sL  R 1  D 

RLP
s  RE
Buck-Boost Gv  s    DE
2
s RLC  sL  R 1  D 
2

RL1C1E RL P
s2  s 1  RE
Ćuk Gv  s    1  D E
2 2 2
s 4 RL1L2C1C2  s 3 L1L2C1  s 2 R  L1C2 D 2  L2C2 1  D   L1C1   s  L1D 2  L2 1  D    R 1  D 
   

RL1L2C1P 2 RL P
s3  s  RC1E  L1  L2    s 1  RE
SEPIC Gv  s   DE E
2 2 2
s 4 RL1L2C1C2  s 3 L1L2C1  s 2 R  L1C2 D 2   L2C2  L2C1  L1C1 1  D    s  L1D 2  L2 1  D    R 1  D 
   

RL1C1E RL P
s2  s 1  RE
ZETA Gv  s   1  D E
2 2 2
s 4 RL1L2C1C2  s 3 L1L2C1  s 2 R  L1C2 D 2  L2C2 1  D   L1C1   s  L1D 2  L2 1  D    R 1  D 
   

TABELA IV
Parâmetros dos Circuitos Equivalentes de Thévenin Vistos dos Indutores dos Conversores cc-cc Básicos Não Isolados
Conversor VTH ZTH

 R
Buck dE
sRC  1

E sRC  2 R 1  D 
2
Boost d
1  D  sRC  1 sRC  1

E sRC   D  1 R 1  D 
2
Buck-Boost d
1  D  sRC  1 sRC  1

 D2   L1D 2 
Ćuk
E
s 3 RL1C1C2  s 2 L1 C1  C2   s  RC2 1  D  
1  D   
  1  D 
R 1  D  
 
s 2 RL1 C1  C2 D 2  sL1 D 2  R 1  D 
2

(L2) d  2 2
s 3 RL1C1C2  s 2 L1C1  sRC2 1  D   1  D 
1  D  2
s 3 RL1C1C2  s 2 L1C1  sRC2 1  D   1  D 
2

 L D
s 3 RL2C1C2  s 2 L2 C1  D  1  C2 D   s  RC2 D  2   2 D 2 2
s 2 RL2  C1  C2 1  D   sL2 1  D   R 1  D 
2
SEPIC E  R 
d
 
2
(L1) 1  D  2 s3 RL2C1C2  s 2 L2C1  sR C1 1  D   C2 D 2   D 2
3 2 
s RL2C1C2  s L2C1  s R C1 1  D   C2 D 2
 D2  
 

 D2   L1D 2 
ZETA
E
s 3 RL1C1C2  s 2 L1 C1  C2

  s  RC 1  D  
1  D    2
  1  D 
R 1  D  
 
s 2 RL1 C1  C2 D 2  sL1 D 2  R 1  D 
2

(L2) d 2
s RL1C1C2  s L1C1  sRC2 1  D   1  D 
3 2 2
1  D  2
s 3 RL1C1C2  s 2 L1C1  sRC2 1  D   1  D 
2

156 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 151-160, abr./jun. 2018


TABELA V
Funções de Transferência que Relacionam a Corrente no Indutor com a Razão Cíclica dos Conversores cc-cc Básicos Não Isolados
Conversor Equações

sRC  1
Buck Gi  s   E
s 2 RLC  sL  R

E sRC  2
Boost Gi  s  
1  D  s 2 RLC  sL  R 1  D 2

E sRC   D  1
Buck-Boost Gi  s  
1  D  s 2 RLC  sL  R 1  D 2

 C D2   L1D 2 
s 3 RL1C1C2  s 2 L1 C1  2   s  RC2 1  D     1  D 
Ćuk E  1  D    R 1  D  
(L2) Gi  s  
1  D  s 4 RL1L2C1C2  s3 L1L2C1  s 2 R  L1C2 D 2  L2C2 1  D 2  L1C1   s  L1D 2  L2 1  D 2   R 1  D 2
   

 L 
s 3 RL2C1C2  s 2 C1  D  C1  C2    s  RC2  2  D  2 D
SEPIC E  R
(L1) Gi  s  
1  D  s 4 RL1L2C1C2  s 3 L1L2C1  s 2 R  L1C2 D 2   L2C2  L2C1  L1C1 1  D 2   s  L1D 2  L2 1  D 2   R 1  D 2
   

 C D2   L1D 2 
s 3 RL1C1C2  s 2 L1 C1  2   s  RC2 1  D     1  D 
ZETA E   1  D    R 1  D  
(L2) Gi  s  
1  D  s 4 RL1L2C1C2  s3 L1L2C1  s 2 R  L1C2 D 2  L2C2 1  D 2  L1C1   s  L1D 2  L2 1  D 2   R 1  D 2
   

TABELA VI
Funções de Transferência que Relacionam a Tensão de Saída com a Corrente no Indutor dos Conversores cc-cc Básicos Não Isolados
Conversor Equações

R
Buck Gvi  s  
sRC  1

2
1  sL  R 1  D 
Boost Gvi  s  
1  D  sRC  2

2
1  sLD  R 1  D 
Buck-Boost Gvi  s   
1  D  sRC   D  1

2
1 s 2 RL1C1 1  D   sL1D 2  R 1  D 
Ćuk Gvi  s   
(L2)
1  D   C D2   L1D 2 
s 3 RL1C1C2  s 2 L1 C1  2   s  RC2 1  D     1  D 
 1  D    R 1  D  

2 2 2

1  s  L1L2C1D   s  RC1  L1  L2 1  D    sL1D  R 1  D 
3 2

SEPIC Gvi  s  
(L1) 1  D  s3 RL C C  s 2 C  D  C  C   s  RC  L2  D  2 D
2 1 2  1 1 2   2 
 R

2
1 s 2 RL1C1 1  D   sL1D 2  R 1  D 
ZETA Gvi  s  
(L2)
1  D   C D2   L1D 2 
s 3 RL1C1C2  s 2 L1 C1  2   s  RC2 1  D     1  D 
 1  D    R 1  D  

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 151-160, abr./jun. 2018 157


IV. VALIDAÇÃO POR SIMULAÇÃO Como as funções de transferência representam o modelo
médio de pequenos sinais e, portanto, são válidas somente
Para validar a metodologia, foram realizadas simulações
para pequenas variações em torno do ponto de operação
para cada um dos seis conversores cc-cc, empregando os
escolhido, a validação elaborada consiste na aplicação de um
parâmetros da Tabela VII, com o intuito de confrontar os
pequeno degrau (step) de razão cíclica e no monitoramento
resultados provenientes dos circuitos comutados e das
das grandezas de interesse, isto é, a tensão de saída e a
respectivas funções de transferência. Tais resultados seguem
corrente no indutor.
ilustrados nas Figuras 8 e 9.
As formas de onda retratadas nas Figuras 8 e 9
TABELA VII correspondem, respectivamente, às respostas oriundas das
Parâmetros Utilizados nas Simulações dos Conversores simulações que relacionam a tensão de saída com razão
Buck Boost Buck-boost Ćuk SEPIC ZETA cíclica e a corrente no indutor com razão cíclica. A
E 300 V 120 V 300 V 300 V 120 V 120 V conformidade entre as respostas do modelo comutado e das
fs 50 kHz 50 kHz 50 kHz 50 kHz 50 kHz 50 kHz funções de transferência valida a metodologia proposta para
L1 667 μH 390 μH 720 μH 1,8 mH 2,8 mH 2,8 mH obtenção de Gv(s) e Gi(s) e, consequentemente, Gvi(s).
L2 - - - 1,2 mH 4,7 mH 4,7 mH
V. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
C1 1,45 μF 470 μF 10 μF 4,0 μF 210 nF 120 nF
C2 - - - 1,25 μF 2,5 μF 200 nF Com o intuito de validar experimentalmente a
Ro 40 Ω 12 Ω 40 Ω 40 Ω 250 Ω 100 Ω metodologia, realizaram-se também alguns testes a partir de
0,66 0,42 0,40 0,40 0,63 0,43
um conversor cc-cc tipo Boost, cujos parâmetros estão
D
descritos na Tabela VIII. Os resultados experimentais obtidos
step 0,03 0,02 0,01 0,01 0,01 0,01
seguem ilustrados na Figura 10 (a).

Fig. 8. Curvas de validação das funções de transferência da tensão de saída por razão cíclica Gv(s) dos conversores cc-cc básicos não
isolados.

Fig. 9. Curvas de validação das funções de transferência da corrente no indutor por razão cíclica Gi(s) dos conversores cc-cc básicos não
isolados.

158 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 151-160, abr./jun. 2018


Fig. 10. Resultados experimentais (a) e de simulação (b) do conversor Boost considerando as especificações da Tabela VIII. Escala de
tempo: 1 ms/div; D: 8 V/div; Vo: 2 V/div; iL: 1 A/div; offset de 45 V na tensão de saída e de 7 A na corrente do indutor.

conectado ao par de terminais de interesse, evitando, assim,


TABELA VIII
Parâmetros Utilizados nos Testes com o Protótipo do Conversor que uma análise completa tenha que ser realizada.
cc-cc Boost AGRADECIMENTOS
E fs L Co Ro D step
Os autores agradecem ao CNPq, CAPES e FINEP pelo
26,3 V 40 kHz 390 μH 40 μF 11,6 Ω 0,43 0,02
apoio financeiro e bolsas de estudo.

A fim de melhorar a visualização do degrau na tela do REFERÊNCIAS


osciloscópio, adicionou-se um offset na forma de onda da
tensão e da corrente. No instante t igual a 5 ms é aplicado um [1] G. W. Wester, R. D. Middlebrook, “Low-Frequency
degrau positivo de 0,02 na razão cíclica. Observa-se que a Characterization of Switched dc-dc Converters”,
resposta dinâmica experimentalmente obtida, Figura 10 (a), IEEE Transactions on Aerospace and Electronics
apresenta-se em conformidade com os resultados Systems., vol. AES-9, no 3, p. 376–385, Maio 1973.
provenientes de simulação e das respectivas funções de [2] R. D. Middlebrook, S. Ćuk, “A general unified
transferência, Figura 10 (b), evidenciando, inclusive, o efeito approach to modelling switching-converter power
do zero no semiplano direito que confere a característica de stages”, in Proc. of PESC - Power Electronics
fase não mínima ao conversor Boost. Specialists Conference, p. 18–34, 1976.
[3] M. G. Giesselmann, “Averaged and cycle by cycle
V. CONCLUSÕES switching models for buck, boost, buck-boost and
Ćuk converters with common average switch model”,
O presente artigo propôs a aplicação do teorema de in Proc. of IECEC - Intersociety Energy Conversion
Thévenin para obtenção de modelos dinâmicos dos Engineering Conference , vol. 1, p. 337–341, 1997.
conversores cc-cc básicos não isolados, contornadas suas [4] R. W. Erickson, D. Maksimović, Fundamentals of
características de descontinuidade e não linearidade. power electronics, Mass: Kluwer Academic, 2a
A partir da análise do circuito equivalente de Thévenin Edição. Norwell, 2001.
visto dos terminais do elemento cuja tensão ou corrente de [5] Y. W. Lu, G. Feng, Y.-F. Liu, “A large signal
deseja controlar, são extraídas, respectivamente por meio de dynamic model for DC-to-DC converters with
(18), (29) e (31), as diversas funções de transferência que average current control”, in Proc. of APEC - Applied
modelam os conversores, conforme resumem as Tabelas III, Power Electronics Conference and Exposition, vol. 2,
V e VI. Tais funções de transferência foram validadas por p. 797–803, 2004.
meio de simulações e experimentação, permitindo constatar [6] M. K. Kazimierczuk, Pulse-width Modulated DC-DC
que a resposta dinâmica das variáveis de interesse do Power Converters, Wiley, 2a Edição, 2008.
conversor em função de pequenas perturbações inseridas na [7] J. G. Kassakian, M. F. Schecht, G. C. Verghese,
razão cíclica coincide com a resposta do modelo comutado. Principles of Power Electronics, Addison-Wesley,
O método proposto aplica-se à determinação de funções New York, 1992.
de transferência orientadas ao controle de qualquer conversor [8] D. Maksimovic, A. M. Stankovic, V. J. Thottuveil, G.
estático que possa ser representado por um circuito C. Verghese, “Modeling and simulation of power
equivalente de Thévenin. Como principal vantagem da electronic converters,” Proc. IEEE, vol. 89, no. 6, pp.
metodologia apresentada, pode-se destacar sua generalidade 898–912, Jun. 2001.
e o fato de permitir corrigir rapidamente a função de [9] V. Vorperian, “Simplified analysis of PWM
transferência, caso seja necessário alterar o elemento converters using the model of PWM switches, Part I:

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 151-160, abr./jun. 2018 159


Continuous conduction mode,” IEEE Transactions on 2015. Suas áreas de interesse incluem modelagem e controle
Aerospace and Electronics Systems, vol. AES-26, pp. de conversores estáticos, conversores cc-cc de alto ganho,
490–496, Maio 1990. inversores, energias renováveis, armazenamento de energia,
[10] H. J. N. Spruijt, D. M. O. Sullivan, “PWM-Switch processamento digital de sinais.
Modeling of DC-DC Converters,” IEEE Transactions
on Power Electronics, vol. 10, no. 6, pp. 659–665, Thiago Antonio Pereira, nascido em Florianópolis, SC,
Nov. 1995. Brasil, em 17 de março de 1990 é Tecnólogo em
[11] S. R. Sanders, G. C. Verghese, “Synthesis of averaged Mecatrônica Industrial (2011) pelo IFSC, Engenharia
circuit models for switched power converters,” IEEE Elétrica (2016) pela UFSC. Atualmente é aluno de mestrado
Transactions on Circuits and Systems, vol. 38, no. 8, em Engenharia Elétrica da UFSC, desenvolvendo atividades
pp. 905–915, Aug. 1991. de pesquisa e desenvolvimento no Instituto de Eletrônica de
[12] A. Davoudi, J. Jatskevich, T. De Rybel, “Numerical Potência (INEP). Suas áreas de interesse são: eletrônica de
state-space average-value modeling of PWM DC-DC potência e industrial, sistemas de controle eletrônicos,
converters operating in DCM and CCM”, IEEE modelagem e controle de conversores estáticos, energia
Transactions on Power Electronics, vol. 21, no. 4, pp. solar, microrredes CC e CA, inversores e qualidade do
1003-1012, July 2006. processamento da energia elétrica. Thiago A. Pereira é
[13] R. F. Coelho, R. Schweitzer, D. C. Martins. membro da Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência
“Obtenção de modelos médios para grandes sinais (SOBRAEP) e do IEEE.
voltados à simulação de conversores estáticos”, in
XIX Congresso Brasileiro de Automática, pp. 1-6, Telles Brunelli Lazzarin, nascido em Criciúma, Santa
2012. Catarina, Brasil, em 1979. Recebeu o grau de Engenheiro
[14] L. Corradini, D. Maksimović, P. Mattavelli, R. Zane. eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela
Digital Control of High-frequency Switched-mode Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
Power Converters. John Wiley & Sons Incorporated, Florianópolis, Brasil, em 2004, 2006 e 2010,
2015. respectivamente. Atualmente é professor no Departamento
[15] A. Ayachit, A. Reatti, M. K. Kazimierczuk, “Small- de Engenharia Elétrica e Eletrônica da UFSC e pesquisador
signal modeling of PWM dual-SEPIC dc-dc converter no Instituto de Eletrônica de Potência (INEP). A área de
by circuit averaging technique”, in 42nd Annual concentração do prof. Telles é em eletrônica de potência,
Conference of the IEEE Industrial Electronics com ênfase em energias renováveis (principalmente eólica de
Society, pp. 3606–3611, 2016. pequeno porte), inversores de tensão e conversores estáticos
a capacitor chaveado. Prof. Telles é membro da Sociedade
DADOS BIOGRÁFICOS Brasileira de Eletrônica de Potência (SOBRAEP) e da IEEE
Society.
Felipe Berger graduou-se em Engenharia Elétrica pela
Universidade do Estado de Santa Catarina em 2015. Roberto Francisco Coelho, nascido em Florianópolis, SC,
Atualmente é estudante de mestrado do programa de Pós- Brasil, em 19 de agosto de 1982. Recebeu os títulos de
Graduação em Engenharia Elétrica na Universidade Federal Engenheiro Eletricista, Mestre e Doutor em Engenharia
de Santa Catarina. Suas áreas de interesse incluem Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina
conversores estáticos, inversores e sistemas embarcados. (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil, em 2006, 2008 e 2013,
respectivamente. Atualmente é professor no Departamento
Marcos Antônio Salvador, nascido em Blumenau, SC, em de Engenharia Elétrica e Eletrônica da UFSC onde
junho de 1985 é Engenheiro Eletricista (2012), e Mestre desenvolve trabalhos relacionados com o processamento de
(2014) pela Fundação Universidade Regional de Blumenau energia proveniente de fontes renováveis, modelagem e
(FURB). Atualmente cursa doutorado na Universidade controle de conversores estáticos, sistemas interligados à
Federal de Santa Catarina (UFSC) no Instituto de Eletrônica rede elétrica, técnicas de anti-ilhamento e estabilidade de
de Potência (INEP). Atuou na indústria eletroeletrônica de microrredes. Prof. Roberto é membro do IEEE e da
1999 a 2012 e como professor no ensino superior de 2014 a SOBRAEP.

160 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 151-160, abr./jun. 2018


Conversor CC-CC de Alto Ganho Obtido pela Combinação entre Redes de Indutor e
de Capacitor Chaveados
High Gain DC-DC Converter Obtained by Combining Switched Inductor and Swit-
CONVERSOR
ched Capacitor Cells CC-CC DE ALTO GANHO OBTIDO PELA COMBINAÇÃO
ENTRE
Marcos A. Salvador, REDES
Thamires DE
P. Horn, INDUTOR
Telles B. Lazzarin,ERoberto
DE CAPACITOR
F. Coelho CHAVEADOS

Marcos A. Salvador, Thamires P. Horn, Telles B. Lazzarin, Roberto F. Coelho


Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Instituto de Eletrônica de Potência – INEP, Florianópolis – SC, Brasil
e-mail: msal.salvador@gmail.com, thamireshorn@gmail.com, telles@inep.ufsc.br, roberto@inep.ufsc.br

Resumo – Este artigo apresenta um conversor CC-CC I. INTRODUÇÃO


elevador não isolado, obtido a partir da combinação de
uma rede ativa de indutores chaveados com uma rede Conversores CC-CC elevadores de alto ganho (>10) são
passiva de capacitores chaveados. O conversor proposto utilizados para adaptar baixos níveis de tensão a patamares
pode alcançar ganhos de tensão elevados (>10) e elevados. Teoricamente, o conversor Boost convencional
caracteriza-se por apresentar reduzido número de aparece como um candidato adequado para essas aplicações.
componentes e baixos esforços de tensão nos No entanto, na prática, quando sua razão cíclica de operação
interruptores. O artigo apresenta o princípio de operação se aproxima da unidade, seu ganho de tensão e sua eficiência
do conversor em modo de condução contínua e são drasticamente reduzidos devido ao aumento das perdas
descontínua, suas principais formas de onda, por condução [1].
equacionamento considerando parâmetros parasitas e Nesse contexto, considerando o ajuste da relação de
análise comparativa com outros conversores de similar
espiras dos transformadores, conversores CC-CC isolados
ganho, previamente publicados na literatura. A validação
podem ser identificados como opções viáveis para elevação
experimental do conversor proposto é alcançada por
do ganho de tensão [2], [3]. Entretanto, nesses conversores, a
meio de um protótipo com potência nominal de 200 W,
tensão de entrada de 20 V, tensão de saída de 260 V, indutância de dispersão do transformador pode produzir
frequência de comutação de 50 kHz e rendimento picos de tensão sobre os interruptores, requerendo o uso de
nominal de 94,27%. grampeadores [4], [5], fato que aumenta o custo e a
complexidade e reduz a eficiência do conversor.
Palavras-Chave – Capacitor Chaveado, Conversor CC- Como solução, conversores CC-CC não isolados que
CC Elevador de Alto Ganho, Indutor Chaveado. utilizem técnicas para promover o ganho de tensão têm sido
amplamente abordados em várias aplicações que envolvem
HIGH GAIN DC-DC CONVERTER OBTAINED fontes de energia renováveis de baixa potência, devido à
BY COMBINING SWITCHED INDUCTOR simplicidade, volume, custo e boa eficiência que apresentam
AND SWITCHED CAPACITOR CELLS quando comparados com topologias isoladas [2], [3], [6].
Tais conversores são frequentemente classificados com
Abstract – This paper presents a non-isolated dc-dc base na presença ou não de elementos magneticamente
converter obtained from the combination of a switched acoplados – indutores acoplados. Em conversores que fazem
inductor active network and a passive switched capacitor uso de indutores acoplados, o elevado ganho de tensão pode
cell. The proposed converter can achieve high voltage ser alcançado pelo ajuste da relação de espiras deste
gains (>10) and is characterized to present reduced componente. Nesse caso, a indutância de dispersão também
number of components and low voltage stresses in the pode causar picos de tensão sobre interruptores, assim como
switches. The paper presents the converter operation in nos conversores isolados [7], [8], demandando o emprego de
continuous and discontinuous conduction modes, its main circuitos de grampeamento passivos ou ativos para reduzir
waveforms, equation considering parasitic elements and a esse efeito [8], [9].
comparative analysis with other converters with similar Conversores de alto ganho que não empregam indutores
gain and previously published in the literature. The acoplados baseiam-se na utilização de conexões em cascata
experimental validation of the proposed converter is [10]-[12] ou de células multiplicadoras de tensão que, por
carried out by a prototype with nominal power of 200 W, sua vez, fazem uso de indutores ou de capacitores chaveados
input voltage of 20 V, output voltage of 260 V, switching [13]-[15]. As células de multiplicação são capazes de ampliar
frequency of 50 kHz and rated efficiency of 94.27%. o ganho de tensão dos conversores, porém a eficiência global

pode ser degradada em virtude do grande número de
Keywords – High Step-up DC-DC Converter, Switched componentes, principalmente quando várias células são
Capacitor, Switched Inductor. aplicadas [16].
Diante das possibilidades apresentadas, [17] propôs um
conversor simétrico híbrido que emprega uma rede ativa [18]
e uma célula passiva [15] de indutores chaveados

(Symmetrical Hybrid Switched Inductor Converter – SH-
Artigo submetido em 21/08/2017. Primeira revisão em 25/09/2017. Aceito
SLC). Durante o intervalo em que os interruptores deste
para publicação em 14/11/2017 por recomendação do Editor Marcelo Cabral
Cavalcanti. conversor estão conduzindo, a energia é armazenada em

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 161-170, abr./jun. 2018 161


quatro indutores conectados em paralelo (existem seis L1 C1
interruptores no caminho da corrente nesse intervalo). No
intervalo complementar, estes indutores descarregam-se em S1 S2 D2 D1
série (existem três interruptores no caminho da corrente
durante este intervalo). Apesar de empregar uma quantidade
considerável de componentes, sobretudo diodos (sete deles),
L2 C2
o conversor provém ganho de tensão elevado e uma
(a) (b)
eficiência aproximada de 92% na potência nominal. Fig. 1. (a) Rede ASL [18] e (b) célula SU2C [15].
Utilizando-se da mesma premissa, neste artigo apresenta-
se um novo conversor elevador de alto ganho sem empregar
indutor acoplado. Tal conversor combina uma rede passiva
de capacitor chaveado (Passive Switched Capacitor – PSC),
também denominada em [15] como step-up 2 cell (SU2C),
com uma rede ativa de indutor chaveado (Active Switched
Inductor – ASL) [18], resultando no conversor ASL-SU2C.
Embora ambos os conversores, SH-SLC [17] e ASL-
SU2C (proposto neste artigo), apresentem o mesmo ganho
estático, o ASL-SU2C possui algumas vantagens: (i) utiliza
menor número de interruptores (cinco diodos a menos); (ii)
há somente dois interruptores no caminho da corrente
durante os dois estados topológicos; (iii) apresenta menores Fig. 2. Conversor ASL-SU2C proposto.
esforços de tensão nos interruptores; (iv) pode alcançar uma
melhor eficiência, como será confirmado por resultados III. PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO E EQUACIONAMENTO
experimentais.
Os estados topológicos relacionados ao conversor ASL-
Objetivando explorar adequadamente esse novo conversor,
SU2C com componentes ideais são ilustrados na Figura 3,
o presente artigo está organizado da seguinte forma:
enquanto a Figura 4 apresenta algumas formas de onda
inicialmente, a Seção II apresenta a derivação topológica do
típicas obtidas para operação em MCC e MCD.
conversor ASL-SU2C. Posteriormente, na Seção III, são
apresentados os princípios de operação em modo de
A. Operação em MCC
condução contínua (MCC) e descontínua (MCD) de corrente,
O ASL-SU2C possui duas etapas de operação em MCC,
bem como as características externas, a influência dos
definidos como etapas 1 e 2, respectivamente descritas pelos
parâmetros parasitas no ganho de tensão e o equacionamento
circuitos equivalentes apresentados na Figura 3(a) e (b) e
relacionado ao conversor proposto. A Seção IV compara o
pelas formas de onda da Figura 4(a).
ganho estático, esforços e o número de componentes do
 Etapa 1 (t0 < t < t1): na primeira etapa os interruptores S1 e
ASL-SU2C com outros conversores. A Seção V apresenta
S2 são comandados a conduzir simultaneamente. Durante
alguns resultados experimentais com o intuito de validar a
esse intervalo os indutores L1 e L2 são carregados em
operação do conversor proposto e, por último, as conclusões paralelo pela fonte Vin e os capacitores C1 e C2 são
são obtidas na Seção VI. descarregados em série, enquanto os diodos D1 e D2
permanecem bloqueados. A carga é suprida pela fonte e
II. DERIVAÇÃO DA TOPOLOGIA ASL-SU2C pela energia previamente armazenada nos capacitores C1 e
C2. Considerando que idealmente as tensões médias VC1 e
A rede ativa de indutor chaveado (ASL), representada na VC2 são iguais, a variável VC foi adotada para representá-
Figura 1(a), é composta por dois interruptores S1 e S2 e dois las, e assim a tensão aplicada aos indutores é expressa por:
indutores L1 e L2. Os indutores L1 e L2 são carregados em V
L1 V
L2 Vin (1)
paralelo quando os interruptores estão conduzindo, e
descarregados em série quando os interruptores estão VLo  Vin  2VC  Vo . (2)
bloqueados [18], conforme pode ser observado na Figura 3.  Etapa 2 (t1 < t < t2): quando os interruptores S1 e S2 são
A célula passiva de capacitor chaveado (SU2C), mostrada comandados a bloquear, os diodos D1 e D2 entram em
na Figura 1(b), consiste em dois diodos D1 e D2 e dois condução. Assim, os indutores L1 e L2 são conectados em
capacitores C1 e C2. Esses capacitores são carregados em série com a fonte de tensão Vin e fornecem energia para
paralelo quando os diodos estão conduzindo e descarregados carregar os capacitores C1 e C2, conectados em paralelo, e à
em série quando os diodos estão bloqueados [15], como pode saída do conversor. Nesta etapa, a tensão aplicada aos
ser observado na Figura 3. indutores pode ser calculada por:
Combinando a rede ASL com a célula SU2C e um filtro Vin  VC
LC de baixa frequência de saída, o conversor apresentado na V
L1 V
L2 (3)
2
Figura 2 é derivado, sendo que os diodos operam de forma
complementar aos interruptores. VL
o
VC  Vo . (4)

162 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 161-170, abr./jun. 2018


Ao utilizar o princípio de balanço volt-segundo aos
indutores, podem-se obter as seguintes expressões usando
(1)-(4), sendo a variável D correspondente a razão cíclica do
conversor:
 V V 
VL1  VL2  Vin D   in C  1  D   0 (5)
 2 
VLo  Vin  2VC  Vo  D  VC  Vo  1  D  
0. (6)
Resolvendo (6), é possível determinar o valor médio da
tensão aplicada aos capacitores C1 e C2:
Vo  Vin D
VC  . (7)
1 D
Substituindo (7) em (5), o ganho de tensão ideal do
conversor em MCC é obtido:
Vo 1  3D
M MCC
  . (8)
Vin 1  D

B. Operação em MCD
O ganho estático ideal na operação em MCD pode ser
obtido incluindo-se a terceira etapa de operação na análise,
em que todos semicondutores estão bloqueados, conforme
retratado na Figura 3(c),
 Etapa 1 (t0 < t < t1): essa etapa de operação é ilustrada na
Figura 3(a). A tensão aplicada aos indutores é descrita por
(1) e (2), enquanto os valores máximos de corrente através
destes componentes (ILp e ILop) são expressos por:
Vin D
I Lp I
 L1 p I
L2 p  I L (min) (9)
fS L
2Vin D
I Lop
  I Lo (min) (10)
f S Lo
onde fS representa a frequência de chaveamento do
Fig. 3. Estados topológicos: (a) interruptores em condução, conversor e L representa os indutores de entrada L1 e L2,
(b) interruptores bloqueados e (c) interruptores bloqueados em considerando-os como sendo iguais.
operação MCD.
 Etapa 2 (t1 < t < t2): essa etapa é retratada na Figura 3(b). A
tensão aplicada aos indutores é descrita por (3) e (4) e as
correntes através deles são expressas por:
(Vin  Vc ) Dx
I
L (min) I
L1(min) I
L 2(min)  I Lp (11)
2 fS L
(Vc  Vo ) Dx
I Lo (min)
  I Lop (12)
f S Lo
onde Dx corresponde à razão cíclica do intervalo em que as
correntes dos indutores decrescem até zero.
 Etapa 3 (t2 < t < t3): durante esse intervalo a corrente
através dos diodos torna-se nula, enquanto os interruptores
S1 e S2 ainda permanecem sem comando, de maneira que
todos os semicondutores estejam bloqueados. A corrente
que flui através de L1 e L2 é constante, como mostrado nas
Figuras 3(c) e 4(b). Além disso, a corrente em Lo é descrita
por:
I Lo(min)  I L(min) . (13)

Combinando (9) e (11), é possível encontrar o intervalo de


tempo decorrente entre t1 e t2, associado à razão cíclica Dx,
Fig. 4. Formas de onda típicas para (a) MCC, (b) MCD. conforme ilustrado na Figura 4(b), dado por:

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 161-170, abr./jun. 2018 163


2Vin D ,
Dx  . (14)
VC  Vin ,

Associando (10), (12) e (14), a tensão VC também pode ser ,


obtida:
1
,

VC
 Vin  Vo  . (15)
MCC
2
,

Substituindo-se (15) em (14), Dx pode ser reescrita em


,

função dos parâmetros D, Vo e Vin: ,


MCD
4Vin D
Dx  . (16)
,

Vo  Vin ,

Durante a terceira etapa de operação, o valor médio da


corrente através dos diodos D1 e D2 é igual ao valor médio da , , , , , , , , ,
corrente de saída Io, então:
Fig. 5. Condições limites para a operação do conversor.
Dx Vo
I o I
Dp (17)
2 Ro
I Lp  I Lop
I Dp I
 D1 p I
D2 p . (18)
2
Combinando-se (9), (10), (17) e (18), encontra-se:
Vo 2Vin 2 D 2
Io
  (19)
Ro f S Leq (Vo  Vin )
onde a indutância equivalente Leq é definida por:
1
Leq  . (20)
1 1

2 L Lo
Resolvendo-se (19), o ganho de tensão ideal em MCD é
obtido:
V 1 1 8D 2
M MCD o  1 (21)
Vin 2 2 K , , , , , , ,

em que, similarmente a [1] e [19], o parâmetro adimensional


Fig. 6. Característica externa do conversor proposto.
K é definido por:
f S Leq I o Leq f S
K . (22)  . (25)
Ro Vin
C. Característica Estática Substituindo-se (25) em (19), o valor crítico de γ pode ser
O conversor proposto pode operar no modo de condução encontrado:
crítica (MCCr), onde os ganhos estáticos em MCC e MCD
2D2
são equivalentes. Consequentemente, igualando-se (8) e (21),  crit  . (26)
o valor crítico de K pode ser obtido: M 1
Ademais, isolando-se a razão cíclica D em (8) e
D(1  D)2 substituindo-se o resultado em (26), o valor crítico de γ pode
Kcrit  . (23)
2(1  3D) ser expresso em termos do ganho estático, tal como:
O gráfico de Kcrit versus D ilustrado na Figura 5 evidencia 2( M  1)
 crit  . (27)
que, para K>Kcrit, o conversor opera em MCC, caso ( M  3) 2
contrário, em MCD. Adicionalmente, a partir de (19) é O valor crítico de γ é graficamente retratado na Figura 6,
possível obter a resistência de carga crítica, dada por:
em que a linha tracejada mostra o limite da operação MCC e
2(1  3D) f S Leq MCD.
Rcrit  . (24)
D(1  D)2 D. Influência de Parâmetros Parasitas
Também se pode definir um parâmetro adimensional γ Com o intuito de verificar o impacto dos parâmetros
para representar a corrente parametrizada de saída do parasitas no ganho do conversor, alguns desses parâmetros
conversor [19], dado por: foram incluídos no modelo analisado. Nessa análise, é
considerada a resistência dos enrolamentos do indutor (rLo e

164 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 161-170, abr./jun. 2018


rL1=rL2=rL), a resistência de condução dos interruptores TABELA I
(rS1=rS2=rS), a queda de tensão direta dos diodos Parâmetros Parasitas dos Componentes
(VF1=VF2=VF), suas respectivas resistências (rD1=rD2=rD) e as VF rD rL rS rC rLo
resistências série equivalentes dos capacitores (rC1=rC2=rC). 1,7 V 83 mΩ 46 mΩ 15 mΩ 10 mΩ 412 mΩ
Os valores numéricos assumidos/medidos para essas
grandezas são apresentados na Tabela I, enquanto a estrutura
do conversor, incluindo os parâmetros parasitas é
apresentada na Figura 7.
Após a inclusão dos parâmetros parasitas, uma nova
equação para descrever o ganho estático do conversor pode
ser obtida, de acordo com:
1  3D 2VF

1 D Vin
M 'CCM  . (28)
rL 2(1  D ) 2 rS 8D rD  rC D 2 rLo
1   
Ro (1  D ) 2 Ro (1  D ) 2 Ro (1  D ) Ro

A comparação gráfica entre (8), (28) e alguns pontos Fig. 7. Conversor ASL-SU2C proposto com parâmetros
experimentais obtidos a partir do ensaio do protótipo descrito parasitas.
na Seção V pode ser feita por meio da Figura 8. Nota-se que
os resultados experimentais são adequadamente Conversor Ideal
Conversor Real
representados pelos modelos, principalmente quando os Resultados Experimentais
parâmetros parasitas do conversor são considerados. Pode-se
ainda verificar que o ganho estático se aproxima de 16 para
razões cíclicas próximas de 0,8, evidenciando a característica
de elevação do conversor proposto. Além disso, a imagem
M MCC

detalhada dentro da Figura 8 mostra as curvas de ganho


estático para uma completa excursão da razão cíclica,
evidenciando a relação entre o comportamento ideal e as
, , ,

limitações reais do conversor.


E. Esforços de Tensão e de Corrente
Considerando-se a operação do conversor em MCC, uma
análise completa pode ser realizada para obter as principais
equações que descrevem os esforços de tensão e de corrente , , , , , , , , , , , , , ,

em todos os componentes. Fig. 8. Curvas de ganho estático do conversor ASL-SU2C.


Substituindo-se (15) em (2), encontra-se a tensão aplicada
ao indutor durante a primeira etapa de operação, expressa Como os indutores de entrada são conectados em paralelo
por: com a fonte Vin durante a primeira etapa de operação, a
di expressão para determinar as indutâncias de L1 e L2 pode ser
vLo 2
 Vin Lo Lo . (29) obtida de maneira similar à descrita para obtenção de Lo:
dt
Vin D
Manipulando-se tal relação, facilmente isola-se ΔILo ou Lo, L
 L 1 L
2 . (34)
I L f S
tal como:
2V D A partir da Figura 3(a) e (b) é possível definir uma
I Lo in (30) equação para calcular a corrente de entrada, tal como:
f S Lo
I in  (2 I L  I Lo ) D  I L (1  D). (35)
2Vin D
Lo  . (31)
I Lo f S Deste modo, os valores médios das correntes nos indutores
de entrada podem ser obtidos isolando-se IL em (35) e
Uma vez que o valor médio da corrente no capacitor de substituindo-se (33) no resultado encontrado, obtendo-se:
saída Co é nulo em regime permanente, o valor médio de Po (1  D)
corrente no indutor de saída ILo pode ser considerado igual ao I
L I
L1 I
L2 . (36)
Vin (1  3D)
valor médio da corrente de carga Io. Portanto, considerando
Po = Pin, pode-se escrever: A determinação das capacitâncias C=C1=C2 é realizada
1 D partindo-se da premissa de que durante a primeira etapa de
I Lo Io I in (32) operação a corrente que flui por estes elementos é a própria
1  3D
corrente iLo, que cresce linearmente, partindo de seu valor
P (1  D)
I Lo  o . (33) mínimo (ILo-ΔILo/2) até alcançar seu valor máximo
Vin (1  3D) (ILo+ΔILo/2), ou seja,

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 161-170, abr./jun. 2018 165


I Lo I Lo segunda etapa de operação e iS,rms pode ser determinada
iLo I Lo   t. (37) considerando-se a corrente que flui pelos interruptores
2 DTs
durante a primeira etapa de operação (IL + ILo).
Assim, aplica-se (37) em (38), para obter (39).
1
DTs IV. ANÁLISE COMPARATIVA
VC   iLo dt (38)
C 0 Esta seção compara a topologia proposta com as estruturas
não isoladas e não acopladas que também fornecem elevados
Po D(1  D) ganhos de tensão, tal como SL-Boost [15], o SC-Boost [20],
C
 C
1 C
2 (39)
Vin f S (1  3D)VC o Conversor III de [18] e o SH-SLC [17]. O número de
componentes aplicado em cada um dos conversores
O valor médio da tensão VC aplicada aos capacitores foi
comparados é apresentado na Tabela II. Ademais, o ganho
apresentada em (7). Contudo, a partir da substituição de (8)
estático e as equações normalizadas que descrevem os
em (7) pode ser reescrita em função da tensão de entrada:
esforços de tensão nos semicondutores para esses
Vin (1  D ) conversores estão resumidos na Tabela III e representados
V
C V
C1 V
C2 . (40)
1 D graficamente pelas Figuras 9 a 11.
Como evidenciado na Figura 3(a), a corrente nos
capacitores C1 e C2 é igual à corrente do indutor de saída A. Ganho de Tensão
A partir da Tabela III e da Figura 9 é possível perceber
durante o primeiro estado topológico. No segundo estado
que o maior ganho de tensão ideal é alcançado pelos
topológico cada capacitor assume metade da diferença entre
conversores ASL-SU2C (proposto) e SH-SLC [17]. Todavia,
as correntes dos indutores de entrada e de saída.
o conversor proposto possui um número significativamente
Consequentemente, o valor eficaz relacionado à corrente dos
menor de diodos e um indutor a menos. Em contraste, possui
capacitores pode ser expresso como:
apenas dois capacitores adicionais, que podem ser de filme,
1  DTs Ts  i
2
i   devido aos baixos valores de capacitância.
   iLo  dt    Lo L  dt 
2
iC , rms (41)
Ts  0 DTs
 2  
 TABELA II
Comparação entre o Número de Componentes
Po (1  D) D
iC , rms  . (42) ASL- SH-SLC Conversor
SC- SL-
Vin (1  3D) 1  D Número de Boost Boost
SU2C [17] III [18]
[20] [15]
O valor médio da tensão VCo aplicada ao capacitor de saída Interruptores 2 2 2 1 1
equivale à própria tensão de saída do conversor. Diodos 2 7 3 3 4
Capacitores 3 1 3 3 1
Considerando-se que a parcela alternada de iLo flui através de Indutores 3 4 2 1 2
Co, pode-se escrever:
Vin D TABELA III
Co  . (43) Comparação do Ganho de Tensão e dos Esforços de
4 Lo VCo f S 2
Tensão nos Semicondutores entre o Conversor
Para selecionar os diodos D1 e D2, o valor máximo da Proposto e Topologias sem o Emprego de Indutores
tensão reversa e o valor médio das correntes a que são Acoplados
submetidos podem ser expressos, respectivamente, por: ASL- SH-SLC Conversor
SC- SL-
Tensão SU2C [17] III [18]
Boost Boost
2Vin [20] [15]
vD  (44)
1 D 1  3D 1  3D 3 D 2 1 D
Ganho (MMCC)
1 D 1 D 1 D 1 D 1 D
Po (1  D)
ID  (45) Interruptores M M 1 M 1 M
Vin (1  3D) (vs /Vin) M
1  3D 2 2 2
sendo que durante a primeira etapa a tensão vD é igual a soma Diodos de saída M
(vDo /Vin)
– M 1 M 1 M
de Vin e VC e a corrente ID pode ser obtida pelo produto da 2
Diodos na
razão cíclica complementar com a média entre as correntes IL Célula P-SL
M 1 M 1
e ILo, conforme sugere a Figura 3(b). – 4 – – 2
(vDa,b /Vin) e
Os esforços de tensão nos interruptores e seus valores (vDc /Vin) 1 1
eficazes de corrente podem calculados, respectivamente, por: Diodos na M
Célula SC – – – –
V Ladder (vD /Vin) 2
vS  in (46) Diodos na
1 D
Célula de M 1
– – – –
2 Po D elevação de 2
iS ,rms  (47) Tensão (vD /Vin)
Vin (1  3D) Diodos no 2M
– – – –
onde vS é obtido pela diferença das tensões Vin e VL durante a SU2C (vD /Vin) 1  3D

166 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 161-170, abr./jun. 2018


B. Esforço de Tensão nos Interruptores C. Esforço de Tensão nos Diodos
As equações apresentadas na Tabela III e as curvas da Entre os conversores comparados, apenas o conversor
Figura 10 revelam que o conversor proposto apresenta os proposto não possui diodo de saída. É conveniente relatar
menores esforços de tensão nos interruptores, para qualquer que o indutor de saída representa um aumento de custo e de
ganho de tensão superior a 5. volume, mas também confere característica de fonte de
corrente à saída do conversor, o que pode ser vantajoso em
algumas aplicações, como, por exemplo, sistemas de recarga
de bancos de baterias.
Ao analisar a Tabela III, percebe-se que os diodos de saída
podem ser submetidos a níveis expressivos de tensão de
bloqueio quando ganhos elevados são requeridos. Além
disso, dependendo da célula de ganho aplicada, cada
conversor comparado terá diodos adicionais na estrutura. Os
esforços de tensão normalizados nos diodos (vD/Vin) para os
conversores comparados, são apresentados na Tabela III e
graficamente representados na Figura 11. A partir da referida
figura, percebe-se que os esforços de tensão nos diodos do
conversor proposto são intermediários aos diodos dos demais
conversores.

V. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
Fig. 9. Comparação do ganho de tensão. A fim de verificar o desempenho experimental do
conversor proposto, o protótipo mostrado na Figura 12 foi
construído e testado de acordo com as especificações e
componentes apresentados na Tabela IV.
Para alcançar o ganho de tensão desejado (13 vezes), de
20 V para 260 V, foi necessário ajustar a razão cíclica do
conversor para D = 0,76. As Figuras 12 a 15 apresentam
algumas formas de onda experimentais, considerando a

TABELA IV
Especificações e Componentes do Conversor Proposto
Tensão de entrada (Vin) 20 V
Tensão de saída (Vo) 260 V
Potência nominal (Po) 200 W
Frequência de comutação (fs) 50 kHz
Drivers comerciais DRO100S25A
S1 e S2 IRFB4321PbF
D1 e D2 SDT10S60
Fig. 10. Comparação dos esforços de tensão normalizados dos L 1 e L2 223 µH
interruptores. C1 , C2 e Co 1 µF (filme)
Lo 2,34 mH

C1 , C 2

L2

Lo

Co
D1 , D 2
S1 , S 2

L1

Fig. 11. Comparação dos esforços de tensão normalizados dos


diodos. Fig. 12. Protótipo de laboratório (100 mm x 100 mm x 50 mm).

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 161-170, abr./jun. 2018 167


operação do conversor em malha aberta, na potência nominal A Figura 16 mostra as formas de onda das correntes nos
e com a tensão de entrada fixa em 20 V. A Figura 13 mostra indutores L1 e L2. O valor médio das correntes mensuradas
os sinais de comando (vg1 e vg2) e destaca o patamar de 80 V nos respectivos indutores é de aproximadamente 5,42 A,
de tensão ao qual são submetidos os interruptores (vS1 e vS2) aproximando-se do valor teórico (5,38 A) estimado por (36).
durante o bloqueio, conforme previsto por (46). Além disso, como os respectivos indutores foram projetados
As tensões e correntes de entrada e de saída do conversor considerando uma ondulação de corrente (ΔiL) da ordem de
são mostradas na Figura 14, evidenciando o elevado ganho 25% do valor médio nominal, a ondulação
de tensão. Pode-se observar que a forma da corrente de experimentalmente obtida (1,4 A) tende ao valor teórico.
entrada indica que o conversor opera em MCC, como na A Figura 17 mostra as curvas de eficiência
Figura 4(a). A corrente de entrada iin é igual à soma de iL1, iL2 experimentalmente obtidas a partir do analisador de potência
e iLo durante o intervalo em que os interruptores estão Yokogawa (WT1800). Durante os ensaios, a tensão de saída
conduzindo, e igual à corrente dos indutores de entrada, no
intervalo complementar, apresentando uma transição que
varia entre iL e 2iL+iLo no instante em que os interruptores
entram em condução, e entre 2iL+iLo e iL, no bloqueio. Em
casos em que a fonte de entrada não possa ser submetida a
tais variações, é recomendado o emprego de um filtro passa-
baixas.
A Figura 15 evidencia que o valor médio da tensão nos
capacitores C1 e C2 estabelece-se em torno de 140 V, em
concordância com (40). Além disso, é observado que as
tensões nos diodos foram devidamente previstas por (44).

vg1 (30 V/div)

Fig. 15. Tensões nos capacitores (vC1 e vC2) e tensões nos diodos
(vD1 e vD2).
vS1 (40 V/div)

vg 2 (30 V/div)

vS 2 (40 V/div)
(10 s/div)

Fig. 13. Tensões aplicadas aos MOSFETs, entre porta e fonte (vg1
e vg2) e entre dreno e fonte (vS1 e vS2).

Fig. 16. Corrente nos indutores de entrada (iL1 e iL2).

Potê ncia de saı́da


Fig. 14. Tensões de entrada e de saída (Vin e Vo) e correntes de Fig. 17. Resultados experimentais: curvas de eficiência em
entrada e de saída (iin e Io). função da potência de saída.

168 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 161-170, abr./jun. 2018


foi mantida em 260 V, enquanto a potência de saída foi [5] C. M. Wang, “A novel ZCS-PWM flyback converter
variada. A eficiência máxima obtida foi de aproximadamente with a simple ZCSPWM commutation cell,” IEEE
96,33%, sendo alcançada com 150 W de potência e 30 V de Transactions on Industrial Electronics, vol. 55, no. 2,
tensão de entrada. Como pode ser observado na Figura 17 e pp. 749-757, Fevereiro 2008.
previamente destacado por [17], a eficiência eleva-se para [6] S.-M. Chen, T.-J. Liang, L.-S. Yang, J.-F. Chen, “A
maiores tensões de entrada, pois a corrente de entrada safety enhanced, high step-up DC-DC converter for
diminui e, dessa maneira, as perdas por condução nos AC photovoltaic module application,” IEEE
interruptores e nos indutores tendem a tornarem-se reduzidas. Transactions on Power Electronics, vol. 27, no. 4, pp.
1809–1817, Abril 2012.
VI. CONCLUSÃO [7] Y. Berkovich, B. Axelrod, "Switched-coupled inductor
cell for DC-DC converters with very large conversion
ratio," IET Power Electronics, vol. 4, no. 3, pp. 309-
Este artigo apresentou uma nova topologia de conversor
315, Março 2011.
CC-CC não isolado denominado de ASL-SU2C. Resultados
[8] Q. Zhao, F. C. Lee, “High-efficiency, high step-up dc-
experimentais evidenciaram que o conversor proposto pode
dc converters,” IEEE Transactions on Power
fornecer um elevado ganho de tensão (13 vezes), utilizando- Electronics, vol. 18, no. 1, pp. 65–73, Janeiro 2003.
se um número reduzido de semicondutores em uma estrutura [9] T. F. Wu, Y. S. Lai, J. C. Hung, Y. M. Chen, “Boost
simples, que apresenta apenas dois interruptores ou dois converter with coupled inductors and buck-boost type
diodos no caminho da corrente, dependendo da etapa de of active clamp,” IEEE Transactions on Industrial
operação. Adicionalmente, pelo gráfico da Figura 8 pode-se Electronics, vol. 55, no. 1, pp. 154–162, Janeiro 2008.
prever que o conversor é capaz de proporcionar ganhos de [10] T.-F. Wu, T.-H. Yu, “Unified approach to developing
até dezesseis vezes, com razão cíclica próxima de 0,8. single-stage power converters,” IEEE Transactions on
Verificou-se, a partir da análise e dos resultados, que as Aerospace and Electronics Systems, vol. 34, no. 1, pp.
tensões de bloqueio dos interruptores do conversor proposto 211–223, Janeiro 1998.
são reduzidas em comparação às topologias similares, para [11] F. L. Luo, H. Ye, “Positive output cascade boost
ganhos de tensão superiores a cinco. Além disso, devido ao converters,” IEE Proceedings - Electric Power
uso de uma rede ASL na entrada do conversor, a corrente de Applications, vol. 151, no. 5, pp. 590–606, Setembro
entrada é dividida entre os interruptores, assim, as perdas por 2004.
condução tornam-se ainda mais reduzidas. Como [12] Y. R. de Novaes, A. Rufer, I. Barbi, “A new quadratic,
desvantagem, empregam-se dois drivers isolados, three level, dc/dc converter suitable for fuel cell
evidenciando um custo adicional. applications,” in Proc. of Power Conversion
Nas especificações nominais, obteve-se uma eficiência Conference, pp. 601–607, 2007.
[13] M. Prudente, L. L. Pfitscher, G. Emmendoerfer, E. F.
satisfatória de aproximadamente de 94,27%, superior ao
Romaneli, R. Gules, “Voltage multiplier cells applied
desempenho apresentado pelo SH-SLC [17]. Maiores
to non-isolated dc-dc converters,” IEEE Transactions
eficiências também podem ser alcançadas quando a tensão de
on Power Electronics, vol. 23, no. 2, pp. 871–887,
entrada é aumentada para 30 V, como mostrado na Figura 17. Março 2008.
AGRADECIMENTOS [14] E. H. Ismail, M. A. Al-Saffar, A. J. Sabzali, A. A.
Fardoun, “A family of single-switch PWM converter
Os autores agradecem a CAPES, ao CNPq e a FINEP with high step-up conversion ratio,” IEEE
pelo apoio financeiro. Transactions on Circuits and Systems I, Reg. Papers,
vol. 55, no. 4, pp. 1159–1171, Maio 2008.
REFERÊNCIAS [15] B. Axelrod, Y. Berkovich, A. Ioinovici, “Switched-
[1] R. W. Erickson, D. Maksimovic, Fundamentals of capacitor/switched-inductor structures for getting
Power Electronics, Kluwer, 2ª Edição, Norwell, 2001. transformerless hybrid DC–DCPWM converters,”
[2] W. Li, X. He, “Review of nonisolated high-step-up IEEE Transactions on Circuits and Systems I, Reg.
dc/dc converters in photovoltaic grid-connected Papers, vol. 55, no. 2, pp. 687–696, Março 2008.
applications,” IEEE Transactions on Industrial [16] L. Schmitz, D. C. Martins, R. F. Coelho, "Generalized
Electronics, vol. 58, no.4, pp. 1239–1250, Abril 2011. High Step-Up DC-DC Boost-Based Converter With
[3] F. L. Tofoli, D. C. Pereira, W. Josias de Paula, D. S. Gain Cell," IEEE Transaction on Circuits and Systems
Oliveira Júnior, "Survey on non-isolated high-voltage I, Reg. Papers, vol. 64, no. 2, pp. 480-493, Fev. 2017.
step-up dc-dc topologies based on the boost [17] Y. Tang, D. Fu, T. Wang, Z. Xu, "Hybrid Switched-
converter," IET Power Electronics, vol. 8, no. 10, pp. Inductor Converters for High Step-Up Conversion,"
2044-2057, Setembro 2015. IEEE Transactions on Industrial Electronics, vol. 62,
[4] N. P. Papanikolaou, E. C. Tatakis, “Active voltage no.3, pp. 1480-1490, Março 2015.
clamp in flyback converters operating in CCM mode [18] L. S. Yang, T. J. Liang, J. F. Chen, “Transformerless
under wide load variation,” IEEE Transactions on DC–DC Converters With High Step-Up Voltage
Industrial Electronics, vol. 51, no. 3, pp. 632-640, Gain,” IEEE Transactions on Industrial Electronics,
Junho 2004. vol.56, no.8, pp. 3144-3152, Agosto 2009.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 161-170, abr./jun. 2018 169


[19] D. C. Martins, I. Barbi, Conversores CC-CC Básicos Telles Brunelli Lazzarin, nascido em Criciúma, Santa
Não Isolados, 4ª Edição, Florianópolis, 2011. Catarina, Brasil, em 1979. Recebeu o grau de Engenheiro
[20] J. C. Rosas-Caro, J. M. Ramirez, F. Z. Peng, A. eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela
Valderrabano, "A DC-DC multilevel boost converter," Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
IET Power Electronics, vol. 3, no. 1, pp. 129-137, Florianópolis, Brasil, em 2004, 2006 e 2010,
Janeiro 2010. respectivamente. Atualmente é professor adjunto no
Departamento de Engenharia Elétrica e Eletrônica da UFSC
DADOS BIOGRÁFICOS e pesquisador no Instituto de Eletrônica de Potência (INEP).
Suas áreas de interesse incluem processamento de energia
Marcos Antônio Salvador, nascido em junho de 1985 em
renovável (principalmente eólica de pequeno porte),
Blumenau, é Engenheiro Eletricista (2012), e Mestre (2014)
inversores de tensão e conversores estáticos a capacitor
pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB).
chaveado. Prof. Telles é membro da SOBRAEP, PELS, IES
Atualmente cursa doutorado na Universidade Federal de
e IAS.
Santa Catarina (UFSC) no Instituto de Eletrônica de Potência
(INEP). Atuou na indústria eletroeletrônica de 1999 a 2012 e
Roberto Francisco Coelho nasceu em Florianópolis, em
como professor no ensino superior de 2014 a 2016. Suas
agosto de 1982. Recebeu o título de Engenheiro Eletricista,
áreas de interesse incluem modelagem e controle de
Mestre e Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade
conversores estáticos, conversores CC-CC de alto ganho,
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil, em
inversores, energias renováveis, armazenamento de energia,
2006, 2008 e 2013, respectivamente. Atualmente é professor
processamento digital de sinais. Marcos Antônio Salvador é
do Departamento de Engenharia Elétrica e Eletrônica da
membro da SOBRAEP.
mesma instituição, onde desenvolve trabalhos relacionados
ao processamento de energia proveniente de fontes
Thamires Porth Horn, nasceu em São Miguel do Oeste.
renováveis, ao controle e estabilidade de microrredes e a
Atualmente, é graduanda em Engenharia de Controle e
conversores elevadores de alto ganho e de alto rendimento.
Automação na Universidade Federal de Santa Catarina. Suas
Prof. Roberto é membro da SOBRAEP e do IEEE.
áreas de interesse incluem estabilidade de microrredes e
técnicas de controle aplicadas a conversores estáticos.

170 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 161-170, abr./jun. 2018


Modelo Simplificado para as Sequências Positiva e Negativa do Sistema de Conversão
Eólico-Elétrico Baseado em Gerador de Indução Duplamente Alimentado
Simplified Model for the Positive and Negative Sequences of the Doubly-Fed Induction
Generator Based Wind Energy Conversion System
MODELO SIMPLIFICADO PARA AS SEQUÊNCIAS POSITIVA E NEGATIVA
Celso R. Schmidlin Jr., Francisco Kleber de A. Lima, Tobias R. Fernandes Neto, Carlos
G. C. Branco DO SISTEMA DE CONVERSÃO EÓLICO-ELÉTRICO BASEADO EM
GERADOR DE INDUÇÃO DUPLAMENTE ALIMENTADO
Celso R. Schmidlin Jr.1, Francisco Kleber de A. Lima2, Tobias R. Fernandes Neto2, Carlos G. C. Branco2
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Maracanaú – CE, Brasil
2
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza – CE, Brasil
e-mail: celso@ifce.edu.br, klima@dee.ufc.br, tobias@dee.ufc.br, gustavo@dee.ufc.br

Resumo – Para melhorar o desempenho e aumentar a NOMENCLATURA


suportabilidade a afundamentos de tensão do gerador de
indução duplamente alimentado durante desequilíbrios 𝑥𝑥0 , 𝑥𝑥1 , 𝑥𝑥2 Variáveis de sequência 0, positiva e negativa.
nas tensões da rede elétrica, muitos estudos propõem que 𝑥𝑥𝑎𝑎 , 𝑥𝑥𝑏𝑏 , 𝑥𝑥𝑐𝑐 Variáveis nos eixos a, b e c.
o sistema de controle também atue nas componentes de 𝑥𝑥𝑑𝑑 , 𝑥𝑥𝑞𝑞 Variáveis nos eixos d e q.
sequência negativa. Porém, isso eleva ainda mais a 𝑥𝑥𝛼𝛼 , 𝑥𝑥𝛽𝛽 Variáveis nos eixos α e β.
complexidade, o esforço computacional e o tempo de 𝑥𝑥𝑠𝑠 , 𝑥𝑥𝑔𝑔 Variáveis do estator e rede.
simulação deste sistema. Assim, este artigo apresenta um 𝑥𝑥𝑟𝑟 Variável do rotor referida ao estator.
novo modelo simplificado para as sequências positiva e 𝑥𝑥𝑙𝑙 Variável de dispersão.
negativa deste gerador, permitindo mais facilmente 𝑥𝑥𝑚𝑚 Variável relativa ao eixo mecânico.
estimar seu comportamento e realizar estudos de parques 𝑥𝑥𝜙𝜙 Variável relativa ao fluxo concatenado.
eólicos baseados nessas máquinas. Para mostrar que o 𝑟𝑟, L Resistência e indutância
modelo é adequado para modelar o comportamento do 𝐿𝐿𝑀𝑀 Indutância de magnetização.
gerador durante afundamentos e desequilíbrios nas 𝑛𝑛 Número de pares de polos do DFIG.
tensões da rede elétrica, são apresentados resultados 𝑎𝑎 Relação de espiras (estator/rotor) do DFIG.
experimentais e de simulação sob tais condições. 𝜔𝜔 Frequência angular.
𝜙𝜙 Fluxo concatenado.
Palavras-Chave – Gerador de Indução Duplamente 𝜃𝜃 Ângulo.
Alimentado, Modelo Simplificado, Sequências Positiva e 𝑣𝑣 Tensão.
Negativa. 𝑖𝑖 Corrente.
𝐌𝐌 Matriz de transformação entre referenciais.
SIMPLIFIED MODEL FOR THE POSITIVE 𝑃𝑃 Potência ativa.
AND NEGATIVE SEQUENCES OF THE 𝑄𝑄 Potência reativa.
DOUBLY-FED INDUCTION GENERATOR 𝑡𝑡 Tempo.
BASED WIND ENERGY CONVERSION 𝑑𝑑 Derivada.
𝑠𝑠 Operador de Laplace.
SYSTEM 𝐹𝐹 Função de transferência.
𝐾𝐾 Constante (ganho).
Abstract – In order to improve the performance and to 𝜎𝜎 Fator de dispersão do DFIG.
increase the low voltage ride through of the doubly-fed 𝜏𝜏 Constante de tempo.
induction generator during unbalanced grid voltages,
many studies propose the control system to also act on the I. INTRODUÇÃO
negative sequence components. However, this increases
the complexity, computational effort and simulation time Dos sistemas de conversão eólico-elétricos (SCEEs), o que
of this system. Thus, this paper presents a new simplified faz uso gerador de indução duplamente alimentado (DFIG, do
model for the positive and negative sequences of this inglês doubly-fed induction generator), tem dominado o
generator, making possible to estimate its behavior more mercado [1]-[3]. Seu estator é ligado à rede elétrica, enquanto
easily and to carry out studies of wind farms based on o rotor é alimentado por um conversor (do lado da máquina,
these machines. To show that the proposed model is CLM) eletrônico de potência. Este é conectado em back-to-
suitable to model the behavior of the generator during grid back a outro conversor (do lado da rede, CLR) com um elo de
voltage sags and imbalances, experimental and simulation corrente contínua (CC) entre eles [1], [4]. O CLR controla a
results are presented under such conditions.1 tensão do elo CC, enquanto o CLM as potências ativa e reativa
do estator do DFIG via o controle das correntes no rotor [5].
Keywords – Doubly-Fed Induction Generator,
Simplified Model, Positive and Negative Sequence.

Artigo submetido em 18/09/2017. Primeira revisão em 07/11/2017. Aceito


para publicação em 26/12/2017 por recomendação do Editor Marcelo Cabral
Cavalcanti.

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A principal vantagem do DFIG é apresentar menores 𝑥𝑥𝑎𝑎1 𝑥𝑥𝑎𝑎1 = 𝑋𝑋1 cos(𝜔𝜔1 𝑡𝑡)
perdas e custo [2], [4], [5] que as demais topologias de SCEE 𝐱𝐱 𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂 = [𝑥𝑥𝑏𝑏1 ] = {𝑥𝑥𝑏𝑏1 = 𝑋𝑋1 cos(𝜔𝜔1 𝑡𝑡 − 2𝜋𝜋/3) (1)
com conversores de escala plena, dado o conversor back-to- 𝑥𝑥𝑐𝑐1 𝑥𝑥𝑐𝑐1 = 𝑋𝑋1 cos(𝜔𝜔1 𝑡𝑡 + 2𝜋𝜋/3)
back processar cerca de 30% da potência nominal do gerador 𝑥𝑥𝑎𝑎2 𝑥𝑥𝑎𝑎2 = 𝑋𝑋2 cos(𝜔𝜔2 𝑡𝑡)
[4], [5]. Entretanto, isto traz dificuldades adicionais a este tipo 𝐱𝐱 𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂 = [𝑥𝑥𝑏𝑏2 ] = {𝑥𝑥𝑏𝑏2 = 𝑋𝑋2 cos(𝜔𝜔2 𝑡𝑡 + 2𝜋𝜋/3) (2)
de SCEE, como uma partida/sincronização mais complexa [1] 𝑥𝑥𝑐𝑐2 𝑥𝑥𝑐𝑐2 = 𝑋𝑋2 cos(𝜔𝜔2 𝑡𝑡 − 2𝜋𝜋/3)
e um maior número de conexões/desconexões à/da rede, já que
o DFIG só pode ser controlado a velocidades próximas à em que x é uma variável elétrica qualquer, 𝑋𝑋 é sua amplitude
síncrona (com escorregamento entre ±0,3 [1]) e ainda devido e 𝜔𝜔 é sua frequência angular. As frequências angulares dos
o conversor não ser capaz de suportar as sobrecorrentes 𝑥𝑥1 e 𝑥𝑥
vetores espaciais ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗2 são 𝜔𝜔1 e 𝜔𝜔2 , respectivamente. Ainda,
originadas durante afundamentos de tensão [6]-[8].
Para aumentar a suportabilidade a afundamentos de tensão
(LVRT, do inglês low voltage ride through) e melhorar o |𝑥𝑥 2 2 2
(1,2) | = √𝑥𝑥𝑎𝑎(1,2) + 𝑥𝑥𝑏𝑏(1,2) + 𝑥𝑥𝑐𝑐(1,2) = 1,5𝑋𝑋(1,2) .
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ (3)
desempenho do DFIG durante situações de desequilíbrio das
tensões da rede elétrica (a partir da redução das oscilações no 𝑥𝑥1 nos referenciais αβ
A Figura 1 mostra a representação de ⃗⃗⃗⃗
torque eletromagnético, nas potências ativa/reativa do estator, (estacionário) e dq1 (girando no sentido anti-horário).
e/ou nas correntes de estator/rotor), muitos trabalhos têm
proposto que o sistema de controle atue também nas
β q1 β
componentes de sequência negativa [9]-[13], já que a maioria
dos afundamentos e os desequilíbrios de tensão dão origem a xβ1 = 1,5 X1 sen(θ1)
xβ1
estas componentes [14]. ω1 x1 = 1,5 X1 xβq1 ωdq1
Com isso, elevam-se ainda mais a complexidade, o esforço θ1 xβd1 xαd1 d1
α xαq1 α
computacional e o tempo de simulação deste sistema [15]. xα1 = 1,5 X1 cos(θ1) θdq1
xα1
Assim, abre-se espaço para a utilização dos modelos de ordem (a) (b)
reduzida que, apesar de menos precisos, reduzem os esforços Fig. 1. Representação do vetor espacial. (a) αβ. (b) dq1.
computacionais e o tempo de simulação, além de tornar a
análise do comportamento do sistema mais simples [6]. Os referenciais abc e αβ são invariantes, qualquer que seja
Diante do exposto, este artigo apresenta um novo modelo o sentido de rotação do vetor espacial. Assim, os mesmos não
simplificado para as sequências positiva e negativa do SCEE apresentam os subscritos “1” e “2”. Por sua vez, dado que os
baseado em DFIG. O mesmo se baseia no modelo e hipóteses referenciais girantes seguem os respectivos vetores espaciais,
simplificadoras apresentadas em [6], mas com a separação das os mesmos são identificados como dq1 e dq2.
componentes de sequência positiva e negativa. A partir da Figura 1(a) e acrescentando-se as componentes
Com este modelo, objetiva-se facilitar o estudo, por de sequência zero, tem-se:
exemplo, do impacto de grandes parques eólicos nas matrizes
energéticas, já que o modelo proposto implica em menor 1 −0,5 −0,5
𝑥𝑥𝛼𝛼1 𝑥𝑥𝑎𝑎1 cos(𝜔𝜔1 𝑡𝑡)
esforço computacional para simulações de grande porte. 0 √3/2 −√3/2 𝑥𝑥
Para mostrar que o modelo simplificado proposto é [𝑥𝑥𝛽𝛽1 ] = 𝐾𝐾 [ 𝑏𝑏1 ] = 1,5𝑋𝑋1 𝐾𝐾 [sen(𝜔𝜔1 𝑡𝑡)]
𝑥𝑥
⏟ 01 1 1 1 ⏟𝑥𝑥𝑐𝑐1 (4)
adequado para modelar o comportamento do DFIG durante 0
𝐱𝐱 𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶 ⏟ [3𝐾𝐾 3𝐾𝐾 3𝐾𝐾 ] 𝐱𝐱 𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂
afundamentos e desequilíbrios nas tensões da rede elétrica, são 𝐌𝐌𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂−𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶
apresentados resultados experimentais e de simulação
relativos à operação do sistema sobre tais condições. em que 𝐾𝐾 = 2/3 e 𝐾𝐾 = √2/3 para as transformações com
invariância em amplitude e potência. Caso nenhuma destas
II. VETOR ESPACIAL TRIFÁSICO seja utilizada, 𝐾𝐾 = 1.
A partir da Figura 1(b) e de (4), obtém-se:
Como as três fases dos elementos elétricos trifásicos
(tensões, correntes e fluxos concatenados) se comportam de 𝑥𝑥𝑑𝑑1 cos(𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑1 𝑡𝑡) sen(𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑1 𝑡𝑡) 𝑥𝑥𝛼𝛼1
forma coordenada, estes sistemas devem ser entendidos como [𝑥𝑥 ] = [ ] [𝑥𝑥 ] =
⏟ 𝑞𝑞1 ⏟−sen(𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑1 𝑡𝑡) cos(𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑1 𝑡𝑡) ⏟ 𝛽𝛽1
vetores constituídos de três componentes [16]. 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅
𝐌𝐌𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶−𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅
𝐱𝐱 𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶
(5)
Pela teoria das componentes simétricas [17], a componente
cos{(𝜔𝜔1 − 𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑1 )𝑡𝑡}
zero (subscrito “0”) representa o elemento não girante. Como 1,5𝑋𝑋1 𝐾𝐾 [ ].
em sistemas a três fios não há as respectivas correntes e fluxos −sen{(𝜔𝜔1 − 𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑1 )𝑡𝑡}
concatenados, essas não serão consideradas. Já as
componentes de sequência positiva e negativa (subscritos “1” Já para a sequência negativa, tem-se:
e “2”) representam os elementos com sentido de giro,
𝑥𝑥𝛼𝛼2 cos(𝜔𝜔2 𝑡𝑡)
respectivamente, anti-horário e horário.
[𝑥𝑥𝛽𝛽2 ] = 𝐌𝐌𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂−𝜶𝜶𝜶𝜶𝟎𝟎 ∙ 𝐱𝐱 𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂 = 1,5𝑋𝑋2 𝐾𝐾 [sen(𝜔𝜔2 𝑡𝑡)].
⏟𝑥𝑥02
(6)
0
A. Sistemas Trifásicos de Sequências Positiva e Negativa 𝐱𝐱 𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶
Sistemas trifásicos equilibrados genéricos de sequências
positiva e negativa e livres de harmônicas são dados por: Considerando o referencial dq2 como girando em sentido
contrário ao dq1 com frequência 𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑2 , obtém-se:

172 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 171-181, abr./jun. 2018


𝑥𝑥𝑑𝑑2 −𝟏𝟏
𝑥𝑥𝛼𝛼2 cos{(𝜔𝜔2 − 𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑2 )𝑡𝑡} Por fim, é possível não se efetuar a respectiva separação,
[𝑥𝑥 ] = 𝐌𝐌
⏟ 𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶−𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅 [𝑥𝑥 ] = 1,5𝑋𝑋2 𝐾𝐾 [ ]. (7) mas se fazer uso de controladores PI em dq1 com um termo
⏟ 𝑞𝑞2 ⏟ 𝛽𝛽2 −sen{(𝜔𝜔2 − 𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑2 )𝑡𝑡}
𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅 𝐌𝐌𝜶𝜶𝜷𝜷𝟐𝟐−𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅 𝐱𝐱 𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶 ressonante (R) sintonizado na frequência de oscilação, como
proposto por [13], [21] com base em [22], [23]. Este trabalho
B. Métodos de Separação de Sequências fará uso desta opção no controle das correntes do rotor. Assim,
Nos referenciais abc e αβ as quantidades elétricas são: a respectiva margem de fase é mantida.

𝐱𝐱 𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂 = 𝐱𝐱 𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂 + 𝐱𝐱 𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂 (8) III. MODELAGEM DO SCEE BASEADO EM DFIG


𝐱𝐱 𝜶𝜶𝜶𝜶 = 𝐱𝐱 𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶 + 𝐱𝐱 𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶 . (9)
A. Modelo Padrão de 5a Ordem
As tensões do estator do SCEE baseado em DFIG são [9]:
Sendo as frequências angulares dos referenciais dq1 e dq2
(𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑1 e 𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑2 ) iguais às dos respectivos vetores girantes (𝜔𝜔1 e
𝜔𝜔2 ), 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅 e 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅 de (5) e (7) apresentam elementos constantes.
𝑣𝑣𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) = 𝑟𝑟𝑠𝑠 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) + 𝑑𝑑𝜙𝜙𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) ⁄𝑑𝑑𝑑𝑑 − 𝜔𝜔𝑠𝑠(1,2) 𝜙𝜙𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) (11)
Durante situações equilibradas, as componentes abc de 𝑣𝑣𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) = 𝑟𝑟𝑠𝑠 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) + 𝑑𝑑𝜙𝜙𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) ⁄𝑑𝑑𝑑𝑑 + 𝜔𝜔𝑠𝑠(1,2) 𝜙𝜙𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) (12)
sequência negativa (𝐱𝐱 𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂 ) são nulas e a aplicação de (4) em 𝜙𝜙𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) = 𝐿𝐿𝑠𝑠 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) + 𝐿𝐿𝑀𝑀 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) (13)
(8) resulta em 𝐱𝐱 𝜶𝜶𝜶𝜶 = 𝐱𝐱 𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶 , com 𝐱𝐱 𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶 = 0. Assim, aplicando-se 𝜙𝜙𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) = 𝐿𝐿𝑠𝑠 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) + 𝐿𝐿𝑀𝑀 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) (14)
(5) em (9), obtém-se 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅 = 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅 , com 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅 = 0. 𝐿𝐿𝑠𝑠 = 𝐿𝐿𝑀𝑀 + 𝐿𝐿𝑙𝑙𝑙𝑙 . (15)
Por sua vez, se as componentes abc de sequência negativa
(𝐱𝐱 𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂 ) não forem nulas, ao se proceder de forma semelhante Por sua vez, as equações das tensões do rotor referidas ao
resulta que 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅 = 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅 + 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅~ , em que 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅~ é dado por: estator (a ausência do apóstrofo nas quantidades do rotor
indica que estas estão referidas ao estator) são:
𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅~ = 𝐌𝐌𝜶𝜶𝜷𝜷𝜷𝜷−𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅 ∙ (𝐌𝐌𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂−𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶𝜶 ∙ 𝐱𝐱 𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂 ) =
cos{(𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑1 + 𝜔𝜔2 )𝑡𝑡} (10) 𝑣𝑣𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) = 𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) + 𝑑𝑑𝜙𝜙𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) ⁄𝑑𝑑𝑑𝑑 − 𝜔𝜔𝑟𝑟(1,2) 𝜙𝜙𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) (16)
1,5𝑋𝑋2 𝐾𝐾 [ ].
−sen{(𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑1 + 𝜔𝜔2 )𝑡𝑡} 𝑣𝑣𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) = 𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) + 𝑑𝑑𝜙𝜙𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) ⁄𝑑𝑑𝑑𝑑 + 𝜔𝜔𝑟𝑟(1,2) 𝜙𝜙𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) (17)
𝜙𝜙𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) = 𝐿𝐿𝑟𝑟 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) + 𝐿𝐿𝑀𝑀 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) (18)
Assim, 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅 é composto por uma parte contínua (𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅 ) e
outra (𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅~ ) oscilando com frequência 𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑1 + 𝜔𝜔2 [16]. Como 𝜙𝜙𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) = 𝐿𝐿𝑟𝑟 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) + 𝐿𝐿𝑀𝑀 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) (19)
durante desequilíbrios de tensão os referenciais dq1 e dq2 𝐿𝐿𝑟𝑟 = 𝐿𝐿𝑀𝑀 + 𝐿𝐿𝑙𝑙𝑙𝑙 . (20)
continuam girando na frequência angular da rede elétrica [9],
𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅~ apresenta frequência igual ao dobro da rede elétrica. As frequências angulares são: 𝜔𝜔𝑠𝑠1 = 𝜔𝜔𝑠𝑠 , 𝜔𝜔𝑠𝑠2 = −𝜔𝜔𝑠𝑠 , 𝜔𝜔𝑟𝑟1 =
Vale ressaltar que a aplicação de (6) em (8) e então de (7) 𝜔𝜔𝑠𝑠1 − 𝑛𝑛𝜔𝜔𝑚𝑚 = 𝜔𝜔𝑠𝑠 − 𝑛𝑛𝜔𝜔𝑚𝑚 e 𝜔𝜔𝑟𝑟2 = 𝜔𝜔𝑠𝑠2 − 𝑛𝑛𝜔𝜔𝑚𝑚 = −𝜔𝜔𝑠𝑠 − 𝑛𝑛𝜔𝜔𝑚𝑚 , em
ao resultado durante situações de desequilíbrio, resulta em que 𝑛𝑛 é o número de pares de polos do DFIG e 𝜔𝜔𝑚𝑚 a rotação
𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅 = 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅~ + 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅 , com 𝐱𝐱 𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅𝒅~ dado por equação semelhante do eixo do rotor. A partir de (11)-(20), são obtidos os circuitos
a (10), ou seja, oscilando com frequência 𝜔𝜔𝑑𝑑𝑑𝑑2 + 𝜔𝜔1 , também equivalentes do DFIG mostrados na Figura 2.
igual a duas vezes a frequência da rede elétrica.
isd(1,2) r ωs(1,2)ϕsq(1,2)
Para ser possível o controle por meio de controladores s Lls Llr ωr(1,2)ϕrq(1,2) rr ird(1,2)
proporcional-integral (PI) clássicos, esses termos oscilantes
devem ser retirados. A alternativa mais direta é a que faz uso
de filtros do tipo notch [18] ou band-trap [9], [10]. Entretanto, vsd(1,2) dϕsd(1,2) LM dϕrd(1,2) vrd(1,2)
esse método tem o inconveniente de influenciar no ramo direto dt dt
de controle, reduzindo a margem de fase [16].
Outra alternativa seria primeiramente separar 𝐱𝐱 𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂𝒂 ou 𝐱𝐱 𝜶𝜶𝜶𝜶 isq(1,2) r ωs(1,2)ϕsd(1,2)
s Lls Llr ωr(1,2)ϕrd(1,2) rr irq(1,2)
em suas componentes de sequência. Uma opção para tal, mas
que apresenta desvantagem semelhante (por fazer uso de
filtros adaptativos), é utilizar o duplo integrador generalizado vsq(1,2) dϕsq(1,2) LM dϕrq(1,2) vrq(1,2)
de segunda ordem com malha de captura de frequência dt dt
(DSOGI-FLL, do inglês double second-order generalized
integrator – frequency-locked loop) [19] para se obterem Fig. 2. Modelo do DFIG nos referenciais dq1 e dq2.
primeiramente as componentes αβ1 e αβ2. Como este já é
utilizado neste trabalho para se determinar o ângulo da B. Modelo Simplificado Proposto
sequência positiva das tensões da rede, estas são separadas em Assumindo que o sistema descrito por (11)-(20) é linear,
suas componentes αβ1 e αβ2 por meio deste método. pode-se combinar estas equações [24]. Assim, ao se aplicar a
Pode-se, também, utilizar referenciais síncronos duplos transformada de Laplace, obtêm-se:
desacoplados (DDSRF, do inglês decoupled double
synchronous reference frame) [20] ou subtrair de um sinal um (𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠𝐿𝐿𝑆𝑆 )𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) + 𝜔𝜔𝑠𝑠(1,2) 𝐿𝐿𝑠𝑠 𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2)
outro atrasado de 1/4 do respectivo período [12]. Tais métodos 𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) = +
𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿2𝑠𝑠 + 𝑟𝑟𝑠𝑠2 + 𝑠𝑠2𝑟𝑟𝑆𝑆 𝐿𝐿𝑆𝑆 + 𝑠𝑠 2 𝐿𝐿2𝑠𝑠
apresentam período de assentamento de cerca de dois ciclos, −𝐿𝐿𝑀𝑀 (𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿𝑠𝑠 2 )𝐼𝐼
+ 𝑠𝑠𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑆𝑆 𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) + 𝑟𝑟𝑠𝑠 𝜔𝜔𝑠𝑠(1,2) 𝐿𝐿𝑀𝑀 𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2)
(21)
mas sem interferir no ramo direto de controle. Este trabalho 𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿2𝑠𝑠 + 𝑟𝑟𝑠𝑠2 + 𝑠𝑠2𝑟𝑟𝑆𝑆 𝐿𝐿𝑆𝑆 + 𝑠𝑠 2 𝐿𝐿2𝑠𝑠
faz uso do DDSRF para as demais quantidades em αβ.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 171-181, abr./jun. 2018 173


−𝜔𝜔𝑠𝑠(1,2) 𝐿𝐿𝑠𝑠 𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) + (𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠𝐿𝐿𝑆𝑆 )𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) controladas por corrente, conforme mostrado na Figura 3,
𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) = +
𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿2𝑠𝑠 + 𝑟𝑟𝑠𝑠2 + 𝑠𝑠2𝑟𝑟𝑆𝑆 𝐿𝐿𝑆𝑆 + 𝑠𝑠 2 𝐿𝐿2𝑠𝑠 desde que estejam conectadas à rede e utilizando controle
2 2
−𝑟𝑟𝑠𝑠 𝜔𝜔𝑠𝑠(1,2) 𝐿𝐿𝑀𝑀 𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) − 𝐿𝐿𝑀𝑀 (𝜔𝜔𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑠𝑠 + 𝑠𝑠𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑆𝑆 )𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2)
(22) vetorial orientado pelo campo no CLM. Ainda, estes podem
𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿2𝑠𝑠 + 𝑟𝑟𝑠𝑠2 + 𝑠𝑠2𝑅𝑅𝑆𝑆 𝐿𝐿𝑆𝑆 + 𝑠𝑠 2 𝐿𝐿2𝑠𝑠 inclusive ser conectados em paralelo sem problemas de
interferência entre os respectivos controles.
sendo tais equações semelhantes às apresentadas em [24], mas
agora também válidas para a sequência negativa. Rede vg(abc)
Para fins de simplificação de (21) e (22), consideram-se as
mesmas situações propostas em [6], as quais têm sua precisão
elevada à medida que a potência do SCEE se eleva, ou seja: vgα1 vgα2 Modelo
DSOGI – FLL
vgβ1 vgβ2 Simplificado
1. Despreza-se 𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠1 , pois ao se considerar o reduzido valor de θϕs1 θϕs1 do DFIG isc isb isa
rs (da ordem de 0,005 pu em máquinas de grande porte Mαβ1-dq1 Mαβ2-dq2
[25]), o vetor espacial da tensão do estator de sequência θϕs1 M-1abc1-αβ1
vgd1 vgd2 isβ
positiva está praticamente alinhado ao referencial q1; i * i* isd1 isq1 isβ1 isα
vgq1 vgq2 rd1 rq1 +
2. Despreza-se 𝑟𝑟𝑠𝑠2 no denominador, pois este é bem menor que isβ2
Ps0
*
Objetivo Eqs. (24) M-1αβ1-dq1 +
o outro termo sem o operador de Laplace 𝑠𝑠, ou seja, 𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿2𝑠𝑠 ; isα1
Qs0
* (Tabela I) a (27) M-1αβ2-dq2 isα2
3. Desprezam-se os termos cruzados das correntes do rotor,
𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) em (21) e 𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) em (22), dado o baixo valor de ird2
* irq2
* isd2 isq2 θϕs1
𝑅𝑅𝑠𝑠 𝜔𝜔𝑠𝑠(1,2) 𝐿𝐿𝑀𝑀 quando comparado com o denominador; Fig. 3. Diagrama do modelo simplificado do DFIG.
4. Considera-se o quociente presente nos termos de 𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) em
(21) e 𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) em (22) como próximo de 1, ou seja: A. Ângulo da Sequência Positiva do Fluxo do Estator
No controle vetorial clássico é comum fazer 𝜃𝜃𝑑𝑑𝑑𝑑1 igual ao
(𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿𝑠𝑠 + 𝑠𝑠𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠 2 𝐿𝐿𝑆𝑆 )/(𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿𝑠𝑠 + 𝑠𝑠2𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠 2 𝐿𝐿𝑠𝑠 ) ≅ 1. (23) ângulo da sequência positiva do fluxo do estator (𝜃𝜃𝜙𝜙𝜙𝜙1 ). Para
tornar o controle vetorial mais estável, 𝜃𝜃𝜙𝜙𝜙𝜙1 é obtido de forma
Com isso, obtêm-se: aproximada ao se desprezar a resistência do estator [1]. Com
isso, 𝜃𝜃𝜙𝜙𝜙𝜙1 é tido como sendo aquele que garante 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 = 0 e 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1
𝜔𝜔𝑠𝑠1 𝐿𝐿𝑠𝑠 𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠1 𝐿𝐿𝑀𝑀 𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟1 máximo positivo, ou seja, o referencial girante está em fase
𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠1 = − (24)
(𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿𝑠𝑠 + 𝑠𝑠2𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠 2 𝐿𝐿𝑠𝑠 )𝐿𝐿𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑠𝑠 com o eixo q1 da tensão da rede. Assim, 𝜃𝜃𝜙𝜙𝜙𝜙1 = 𝜃𝜃𝑔𝑔1 − 𝜋𝜋/2.
(𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠𝐿𝐿𝑆𝑆 )𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠1 𝐿𝐿𝑀𝑀 𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟1 Como durante desequilíbrios de tensão os referenciais dq1
𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠1 = − (25) e dq2 continuam girando na frequência angular da rede elétrica
(𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿𝑠𝑠 + 𝑠𝑠2𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠 2 𝐿𝐿𝑠𝑠 )𝐿𝐿𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑠𝑠
[9], o ângulo das sequências negativa e positiva do fluxo do
(𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠𝐿𝐿𝑆𝑆 )𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠2 + 𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿𝑠𝑠 𝑉𝑉𝑠𝑠𝑞𝑞2 𝐿𝐿𝑀𝑀 𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟2
𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠2 = − (26) estator são iguais, ou seja, 𝜃𝜃𝜙𝜙𝜙𝜙2 = 𝜃𝜃𝜙𝜙𝜙𝜙1 .
(𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿𝑠𝑠 + 𝑠𝑠2𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠 2 𝐿𝐿𝑠𝑠 )𝐿𝐿𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑠𝑠
A Figura 4 mostra o DSOGI-FLL com os ganhos propostos
−𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿𝑠𝑠 𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠2 + (𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠𝐿𝐿𝑆𝑆 )𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠2 𝐿𝐿𝑀𝑀 𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟2 em [16]. Por ele são obtidas as componentes αβ1 e αβ2 das
𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠2 = − (27)
(𝜔𝜔𝑠𝑠2 𝐿𝐿𝑠𝑠 + 𝑠𝑠2𝑟𝑟𝑆𝑆 + 𝑠𝑠 2 𝐿𝐿𝑠𝑠 )𝐿𝐿𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑠𝑠 tensões da rede (𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 , 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 , 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 e 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 ) além da respectiva
frequência angular (𝜔𝜔𝑔𝑔 ). Com isso, 𝜃𝜃𝑔𝑔1 = tan−1 (𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 /𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 ).
sendo que (24) e (25) são equivalentes às apresentadas em [6].
Já as novas equações obtidas para as correntes do estator de DSOGI-QSG(α)
-1
sequência negativa diferem das de sequência positiva pelo fato vgα
+ 2 + x 1/2 +
destas primeiras apresentarem a componente de eixo direto da vgα1
2
tensão do estator (𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠2 ). Isso se deve ao fato do sistema de -1 x x
controle garantir que vetor tensão do estator de sequência x 1/2 -1 vgα2
positiva esteja alinhado ao referencial q1, o que não acontece FLL +
com o vetor tensão do estator de sequência negativa. + -50 x + 2 ÷ + ωg
N D
ωff
IV. IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO SIMPLIFICADO x 1/2 -1 vgβ1
-1 x x2 PNSC +
A Figura 3 traz um diagrama da implementação do modelo + 2
vgβ + x 1/2 +
simplificado do DFIG. Notar que na entrada do bloco relativo vgβ2
à (24)-(27) são aplicadas as referências das correntes do rotor -1 DSOGI-QSG(β)
em dq1 e dq2. Assim, o modelo simplificado proposto é mais
preciso quanto mais rápido for o controle destas correntes. Fig. 4. Estrutura do DSOGI-FLL.
Ainda, como tal modelo faz uso das tensões do estator em dq1
e dq2, a rapidez e precisão na determinação destas também é B. Determinação das Referências de Corrente
de vital importância à sua precisão, sobretudo em transitórios, Com a rede desequilibrada, surgem componentes oscilantes
como afundamentos de tensão. nas potências ativa e reativa do estator, as quais apresentam
Vale ressaltar que, de acordo com [25], os SCEEs baseados frequência igual ao dobro da rede elétrica [6], [9], [16].
em DFIG podem ser representados por fontes de corrente Assumindo que as tensões do estator são iguais às da rede
elétrica, suas potências ativa e reativa são dadas por [9], [16]:

174 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 171-181, abr./jun. 2018


𝑃𝑃𝑠𝑠 = 𝑃𝑃𝑠𝑠0 + 𝑃𝑃𝑠𝑠𝑠𝑠2 cos⁡(2𝜔𝜔𝑔𝑔 𝑡𝑡) + 𝑃𝑃𝑠𝑠𝑠𝑠2 sen⁡(2𝜔𝜔𝑔𝑔 𝑡𝑡) (28) C. Obtenção das Componentes em dq1 e dq2
Para se confirmar que as referências de corrente foram
𝑄𝑄𝑠𝑠 = 𝑄𝑄𝑠𝑠0 + 𝑄𝑄𝑠𝑠𝑠𝑠2 cos⁡(2𝜔𝜔𝑔𝑔 𝑡𝑡) + 𝑃𝑃𝑠𝑠𝑠𝑠2 sen⁡(2𝜔𝜔𝑔𝑔 𝑡𝑡) (29) devidamente determinadas e que o controle está atuando de
𝑃𝑃𝑠𝑠0 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 forma adequada, é necessário o cálculo das componentes das
𝑄𝑄𝑠𝑠0 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 −𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 −𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠1 potências ativa e reativa do estator. Para tal, de (30), as tensões
𝑃𝑃𝑠𝑠𝑠𝑠2 1 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠1 da rede elétrica e correntes do estator devem estar
= 1,5𝐾𝐾2 𝑣𝑣
𝑔𝑔𝑔𝑔2 −𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 −𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠2 . (30)
𝑃𝑃𝑠𝑠𝑠𝑠2 representadas nos referenciais dq1 e dq2.
𝑄𝑄𝑠𝑠𝑠𝑠2 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 −𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 −𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 [𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠2 ] Para o caso da tensão da rede elétrica, dado que o DSOGI-
[𝑄𝑄𝑠𝑠𝑠𝑠2 ] [−𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 −𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 ]
FLL já efetuou a separação das componentes αβ em αβ1 e αβ2,
basta realizar as transformações de (5) e (7), sendo que 𝜃𝜃𝑑𝑑𝑑𝑑1 =
Como mostrado anteriormente, as correntes do estator nos 𝜃𝜃𝑑𝑑𝑑𝑑2 = 𝜃𝜃𝜙𝜙𝜙𝜙1 . Para as demais quantidades elétricas, no entanto,
referenciais dq1 e dq2 estão relacionadas com as correntes no há a necessidade de se efetuar a separação nas componentes
rotor nestes mesmos referenciais. Assim, as componentes da de sequência positiva e negativa.
corrente do rotor podem ser utilizadas para controlar as A Figura 5 mostra a estrutura baseada em malhas de
componentes das potências ativa e reativa. desacoplamento (DDSRF) [20] utilizada para obtenção das
No controle vetorial clássico, somente as componentes dq1 componentes dq1 e dq2 a partir das componentes em αβ. Os
da corrente do rotor são controladas e portanto só é possível o blocos identificados como FPB são filtros passa-baixa de
controle de duas das componentes de potência de (30), em
primeira ordem com frequência de corte √2 vezes menor que
geral as potências ativa e reativa médias (𝑃𝑃𝑠𝑠0 e 𝑄𝑄𝑠𝑠0 ). Porém, ao
a frequência da rede elétrica, como proposto em [16].
se controlarem também as componentes dq2 da corrente do
rotor, dois outros parâmetros podem ser controlados, sendo xd1
que em [9] são tratados dos seguintes objetivos: DDSRF xq1
xα d
+ FPB -1
d

xβ Mαβ1-dq1 Mαβ2-dq2 q
I. Corrente de rotor equilibrada (𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 = 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 = 0). q + FPB
II. Corrente de estator equilibrada (𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠2 = 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠2 = 0). θ1 -1
III. Potência ativa do estator constante (𝑃𝑃𝑠𝑠𝑠𝑠2 = 𝑃𝑃𝑠𝑠𝑠𝑠2 = 0). -1
IV. Potência reativa do estator (e, consequentemente, torque +
eletromagnético) constantes (𝑄𝑄𝑠𝑠𝑠𝑠2 = 𝑄𝑄𝑠𝑠𝑠𝑠2 = 0). -1
θ2 -1
Com isso, faz-se uso das referências de corrente da Tabela d
+ FPB M -1
d
I (semelhantes às de [10], [11]), as quais são obtidas de (13), Mαβ2-dq2 αβ1-dq1 q
q + FPB
(14) e (30), com as seguintes aproximações: xd2
xq2
Fig. 5. Estrutura do DDSRF.
1. Despreza-se 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 , pois o vetor espacial da tensão do estator
de sequência positiva está alinhado ao referencial q1; Para as variáveis da rede ou do estator, 𝜃𝜃1 e 𝜃𝜃2 são iguais ao
2. Dado o baixo valor de 𝑟𝑟𝑠𝑠 , 𝜙𝜙𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) ≈ 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔(1,2) /𝜔𝜔𝑠𝑠(1,2) e ângulo da sequência positiva do fluxo concatenado do estator
𝜙𝜙𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) ≈ −𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔(1,2) /𝜔𝜔𝑠𝑠(1,2) . Assim, têm-se 𝜙𝜙𝑠𝑠𝑠𝑠1 ≈ 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 /𝜔𝜔𝑠𝑠 , (𝜃𝜃𝜙𝜙𝜙𝜙1 ). Já para o caso da corrente do rotor, 𝜃𝜃1 e 𝜃𝜃2 são,
𝜙𝜙𝑠𝑠𝑠𝑠1 ≈ 0, 𝜙𝜙𝑠𝑠𝑠𝑠2 ≈ −𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 /𝜔𝜔𝑠𝑠 e 𝜙𝜙𝑠𝑠𝑠𝑠2 ≈ 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 /𝜔𝜔𝑠𝑠 .
respectivamente, 𝜃𝜃𝑟𝑟1 = 𝜃𝜃𝜙𝜙𝜙𝜙1 − 𝑛𝑛𝜃𝜃𝑚𝑚 e 𝜃𝜃𝑟𝑟2 = 𝜃𝜃𝜙𝜙𝜙𝜙1 + 𝑛𝑛𝜃𝜃𝑚𝑚 , em
que 𝜃𝜃𝑚𝑚 é o ângulo do eixo do rotor.
TABELA I Notar que 𝜃𝜃1 + 𝜃𝜃2 é igual a 2𝜃𝜃𝜙𝜙𝜙𝜙1 , seja para variáveis da
Referências de Corrente
rede, do estator ou do rotor. Assim, as oscilações a serem
Objetivo Referências de Corrente
eliminadas pelos filtros passa-baixa (FPB) estão sempre em
2 2 2
𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 = (𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 − 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 − 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 − 𝑄𝑄𝑠𝑠0 𝜔𝜔𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑠𝑠 )/(𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝜔𝜔𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑚𝑚 ) uma frequência duas vezes maior que a frequência da rede.
I
𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 = −𝑃𝑃𝑠𝑠0 𝐿𝐿𝑠𝑠 /(𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝐿𝐿𝑚𝑚 ), 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 = 0, 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 = 0
𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 = [𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 /(𝜔𝜔𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑚𝑚 )] − [(𝑄𝑄𝑠𝑠0 𝐿𝐿𝑠𝑠 )/(𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝐿𝐿𝑚𝑚 )] V. SISTEMA DE CONTROLE
II 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 = −𝑃𝑃𝑠𝑠0 𝐿𝐿𝑠𝑠 /(𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝐿𝐿𝑚𝑚 )
𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 = −𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 /(𝜔𝜔𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑚𝑚 ), 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 = 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 /(𝜔𝜔𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑚𝑚 ) A. Malhas Internas de Controle de Corrente
2 2 2 A Figura 6 mostra as malhas fechadas das correntes do
𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 (𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 + 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑑𝑑2 + 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 − 𝑄𝑄𝑠𝑠0 𝜔𝜔𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑠𝑠 )
𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 = rotor, sendo apresentadas em diversos trabalhos. Os termos 𝜎𝜎,
2 2 2
𝜔𝜔𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑚𝑚 (𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 + 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 + 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 ) 𝑓𝑓𝑓𝑓 𝑓𝑓𝑓𝑓
𝑣𝑣𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) e 𝑣𝑣𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) são o fator de dispersão e as tensões do rotor
III 2 2 2
𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 = −𝑃𝑃𝑠𝑠0 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝐿𝐿𝑠𝑠 /[𝐿𝐿𝑚𝑚 (𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 − 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 − 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 )] de alimentação direta (feed-forward) de sequência positiva e
𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 = [(𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 − 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 )/𝑣𝑣𝑔𝑔𝑞𝑞1 ] − 2𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 /(𝜔𝜔𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑚𝑚 ) negativa, sendo dados por:
𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 = [2𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 /(𝜔𝜔𝑠𝑠 𝐿𝐿𝑚𝑚 )] − (𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 + 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 )/𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1
𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 1 𝑄𝑄𝑠𝑠0 𝐿𝐿𝑠𝑠 𝜎𝜎 = 1 − 𝐿𝐿2𝑀𝑀 /(𝐿𝐿𝑟𝑟 𝐿𝐿𝑠𝑠 ) (31)
𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 = ( − 2 2 2 )
𝐿𝐿𝑚𝑚 𝜔𝜔𝑠𝑠 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 − 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 − 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑓𝑓𝑓𝑓
𝑣𝑣𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) = −𝜔𝜔𝑟𝑟(1,2) 𝐿𝐿𝑟𝑟 𝜎𝜎𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) + 𝑣𝑣𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) 𝐿𝐿𝑚𝑚 𝜔𝜔𝑟𝑟(1,2) /(𝜔𝜔𝑠𝑠(1,2) 𝐿𝐿𝑠𝑠 )(32)
2 2 2
IV 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 = −𝑃𝑃𝑠𝑠0 𝐿𝐿𝑠𝑠 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 /[𝐿𝐿𝑚𝑚 (𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 + 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 + 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 )]
𝑓𝑓𝑓𝑓
𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 = (−𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 + 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 )/𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1 𝑣𝑣𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) = 𝜔𝜔𝑟𝑟(1,2) 𝐿𝐿𝑟𝑟 [𝜎𝜎𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟(1,2) + (1 − 𝜎𝜎)𝑣𝑣𝑠𝑠𝑠𝑠(1,2) /(𝜔𝜔𝑠𝑠(1,2) 𝐿𝐿𝑚𝑚 )]. (33)
𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 = (𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 + 𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔2 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 )/𝑣𝑣𝑔𝑔𝑔𝑔1

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mais de 20 vezes superior que 𝐾𝐾𝑖𝑖 . Para embasar a escolha do
CLM –vrdq(1,2) Planta
ff ff
vrdq(1,2)
valor de 𝐾𝐾𝑟𝑟 , foi elaborada a Figura 8, que mostra o diagrama
irdq(1,2)
*
1 1 irdq(1,2)
+ PI + + de Bode do controlador PI+R em função de 𝐾𝐾𝑟𝑟 para o SCEE
1+sTD rr+sσLr baseado em DFIG simulado (Tabela II) e 𝜔𝜔𝑐𝑐 = 1 rad/s.
–1
100
Fig. 6. Malhas de controle das correntes do rotor em dq1 e dq2. 80 Kr = 100Ki Kr = 20Ki Kr = 2Ki Kr = 0

Ganho [dB]
60
40
A função de transferência (FT) de primeira ordem com 20
0
constante de tempo TD representa o atraso do CLM. Assim, -20
-40
considera-se 𝑇𝑇𝐷𝐷 = 1,5𝑇𝑇𝑐𝑐ℎ , sendo 𝑇𝑇𝑐𝑐ℎ o período de chaveamento. 10
0
10
1
10
2
10
3

Para manter elevada a velocidade do controle das correntes 80


60

Fase [graus]
40
do rotor, este trabalho usa controladores PI+R, com os termos 20
0
ressonantes sintonizados numa frequência duas vezes maior -20
-40
que a da rede elétrica. Como mostrado na Figura 7, as -60
-80
referências de corrente no referencial dq2 são transformadas 10
0
10
1
Frequência [Hz] 10
2
10
3

para dq2~, de forma que não há a necessidade de se efetuar a Fig. 8. Diagrama de bode do controlador PI+R em função de 𝐾𝐾𝑟𝑟 .
separação das correntes do rotor de eixo direto e quadratura.
Para frequências menores que 10 Hz e maiores que 1 kHz,
R Sistema para 𝐾𝐾𝑟𝑟 até 100𝐾𝐾𝑖𝑖 , o ganho dos controladores PI e PI+R são
ird1
* ird1+ird2~
+ + PI + + CLM Planta iguais. Entretanto, quanto maior o valor de 𝐾𝐾𝑟𝑟 , maior a largura
irq1
*
–1 irq1+irq2~ de banda do termo ressonante. Dessa forma, dado que na
simulação não há componentes harmônicas nesta faixa de
ird2~
*
irq2~
* ff
vrq1 ff
+vrq2~ frequência, será escolhido 𝐾𝐾𝑟𝑟 = 100𝐾𝐾𝑖𝑖 .
Mαβ1-dq1 θr1 ff
vrd1+vrd2~ff
Já para o caso experimental, os ganhos dos controladores
-1
Mαβ2-dq2 θr2 PI são determinados pelo método tratado em [29], sendo os
ird2
*
irq2
*
mesmos são apresentados na Tabela VI. Já o ganho do termo
Fig. 7. Malhas de controle das correntes do rotor. ressonante é tal que 𝐾𝐾𝑟𝑟 = 2𝐾𝐾𝑖𝑖 e 𝜔𝜔𝑐𝑐 = 5 rad/s, como proposto
em [23], para evitar que possíveis ruídos sejam amplificados.
𝑓𝑓𝑓𝑓 𝑓𝑓𝑓𝑓 𝑓𝑓𝑓𝑓 𝑓𝑓𝑓𝑓
Para se obterem 𝑣𝑣𝑟𝑟𝑟𝑟1 + 𝑣𝑣𝑟𝑟𝑟𝑟2~ e 𝑣𝑣𝑟𝑟𝑟𝑟2 + 𝑣𝑣𝑟𝑟𝑟𝑟2~ , basta substituir
os termos com subscrito (1,2) em (32) e (33) por 𝑣𝑣𝑠𝑠𝑠𝑠1 + 𝑣𝑣𝑠𝑠𝑠𝑠2~ , VI. VALIDAÇÃO DO MODELO SIMPLIFICADO
𝑣𝑣𝑠𝑠𝑠𝑠1 + 𝑣𝑣𝑠𝑠𝑠𝑠2~ , 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 + 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2~ , 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 + 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2~ , 𝜔𝜔𝑟𝑟1 e 𝜔𝜔𝑠𝑠1 .
A. Simulação – Desequilíbrio de Tensão
B. Sintonia dos Controladores de Corrente Simulou-se no PSCAD/EMTDC um SCEE baseado em
A FT do controlador PI+R é dada por [23]: DFIG de 2 MW, cujos parâmetros constam na Tabela II e o
diagrama esquemático é mostrado na Figura 9. Apesar de
𝐹𝐹𝑃𝑃𝑃𝑃+𝑅𝑅 (𝑠𝑠) = 𝐾𝐾𝑝𝑝 + (𝐾𝐾𝑖𝑖 /𝑠𝑠) + {𝐾𝐾𝑟𝑟 𝜔𝜔𝑐𝑐 𝑠𝑠/[𝑠𝑠 2 + 𝑠𝑠2𝜔𝜔𝑐𝑐 + 4𝜔𝜔𝑔𝑔2 ]} alguns parâmetros estarem em por unidade (pu), o controle foi
(34)
realizado com as variáveis no sistema internacional.
em que 𝜔𝜔𝑐𝑐 ≪ 2𝜔𝜔𝑔𝑔 representa a frequência angular de corte. TABELA II
A sintonia da parte PI do SCEE baseado em DFIG simulado Parâmetros do SCEE Baseado em DFIG Simulado [3]
é feita pelo método da magnitude ótima [26], [27], um método Descrição Valor Variável Valor Variável Valor
clássico de otimização usado frequentemente em aplicações
Potência Nominal 2 MW 𝑅𝑅𝑠𝑠 0,0108 pu 𝐿𝐿𝑙𝑙𝑙𝑙 0,102 pu
de acionamento e eletrônica de potência. Por ele, busca-se Tensão do Estator 690 V 𝑅𝑅𝑟𝑟 0,0121 pu 𝐿𝐿𝑙𝑙𝑙𝑙 0,11 pu
manter a magnitude da resposta em frequência unitária para Frequência 50 Hz 𝐿𝐿𝑚𝑚 3.362 pu 𝑎𝑎 1
uma larga faixa de frequência. Assim, resulta-se em uma 𝐾𝐾𝑝𝑝 0,1056 Ω 𝐾𝐾𝑖𝑖 1,9203 Ω/s 𝐾𝐾𝑟𝑟 192,03 Ω/s
resposta temporal de malha fechada rápida e não-oscilatória
para uma grande classe de modelos de processos. Dessa Um afundamento de 30% na tensão da fase c (Figura 10) é
forma, dada a velocidade desse tipo de controlador, garante-se aplicado em 𝑡𝑡 = 6 s ao sistema já sincronizado à rede (rotação
uma maior precisão do modelo simplificado proposto. equivalente a um escorregamento de 0,3, a qual é mantida fixa
Para tal, simplifica-se a FT do sistema a ser controlado durante todas as situações apresentadas na sequência) mas sem
(malhas em dq1) para a seguinte forma [28]: injetar potências por meio do estator. Essas etapas não são
detalhadas pois não se tratam de objetivo do trabalho.
𝐹𝐹𝑠𝑠𝑠𝑠 (𝑠𝑠) = 𝐾𝐾/[(1 + 𝑠𝑠𝜏𝜏1 )(1 + 𝑠𝑠𝜏𝜏2 )] (35) No instante 11 s, iniciou-se a injeção de potências pelo
estator (𝑃𝑃𝑠𝑠0

= -100 kW e 𝑄𝑄𝑠𝑠0

= 50 kvar). A Figura 11 mostra
com 𝜏𝜏1 > 𝜏𝜏2 . Comparando (35) e a Figura 6, 𝜏𝜏1 = 𝜎𝜎𝐿𝐿𝑟𝑟 /𝑟𝑟𝑟𝑟 , 𝜏𝜏2 = as potências ativa e reativa (𝑃𝑃𝑠𝑠 e 𝑄𝑄𝑠𝑠 ) e seus valores médios (𝑃𝑃𝑠𝑠0
𝑇𝑇𝐷𝐷 , e 𝐾𝐾 = 1/𝑟𝑟𝑟𝑟 . Assim, os ganhos proporcional (𝐾𝐾𝑝𝑝 ) e integral e 𝑄𝑄𝑠𝑠0 ) calculadas por meio de (29) a (31). As referências de
(𝐾𝐾𝑖𝑖 ) são 𝐾𝐾𝑝𝑝 = 𝜏𝜏1 /(2𝐾𝐾𝜏𝜏2 ) = 𝜎𝜎𝐿𝐿𝑟𝑟 /(2𝑇𝑇𝐷𝐷 ) e 𝐾𝐾𝑖𝑖 = 𝐾𝐾𝑝𝑝 /𝜏𝜏1 = 𝑟𝑟𝑟𝑟 /(2𝑇𝑇𝐷𝐷 ). corrente do rotor para cada um dos objetivos de controle
Para a sintonia da parte R, [23] mostra que esse termo em tratados anteriormente são calculadas conforme a Tabela I.
CA tem relação com um integrador em CC e, assim, os autores Pela Figura 11, percebe-se que os objetivos de controle III
propõem 𝐾𝐾𝑟𝑟 = 2𝐾𝐾𝑖𝑖 . Entretanto, em [13], [21] o valor de 𝐾𝐾𝑟𝑟 é e IV atingem o resultado esperado, dado que as oscilações das

176 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 171-181, abr./jun. 2018


potências ativa e reativa do estator são reduzidas a zero. O 150
100
objetivo I, por sua vez, é facilmente alcançado, não sendo 50
Isa Isb Isc
mostrado graficamente, dado que está relacionado com a 0

(a)
-50
injeção de corrente do rotor de sequência negativa nula. -100
-150
11 11.1 11.2
Rede vg(abc) is(abc) Estator 80
40
0
Rotor -40

(b)
-80 Isd1 Isq1 Isd2 Isq2
θϕs1 -120
DSOGI – FLL Mabc1-αβ1 -160
vgα1 θr1 11 11.1 11.2
vgα2 DDSRF ir(abc) θm 150
vgβ1 vgβ2 isd1 100
θϕs1 θϕs1 Mabc1-αβ1 50
isq1 n 0 Issa Issb Issc

(c)
Mαβ1-dq1 Mαβ2-dq2 isd2 Mαβ1-dq1 CLM θn -50
-1 θϕs1 -100
vgd1 vgd2 isq2 PWM -150
ird1+ird2~ - vcc + 11 11.1 11.2
vgq1 vgq2 irq1+irq2~ v*r(abc) + 80
40
-1
P*s0 Controladores Mabc1-αβ1 0
Tabela I θr1 -40

(d)
Qs0
*
PI e P+R -1
Mαβ1-dq1 -80
Issd1 Issq1 Issd2 Issq2
-120
i +i
*
rq1
*
rq2~ -160
ird1+ird2~
* * 11 11.1 11.2
Fig. 9. Diagrama esquemático do sistema implementado. Tempo [s]
Fig. 12. Correntes [A] do estator. (a) Modelo clássico em abc. (b)
600 Modelo clássico em dq1 e dq2. (c) Modelo simplificado em abc. (d)
400
200 Modelo simplificado em dq1 e dq2.
0 Vga Vgb Vgc
(a)

-200
-400
-600 Por limitações de espaço, não serão mostradas as correntes
10,9 10,95 11
630 do estator durante os objetivos de controle I, III e IV. Porém,
620 Vgq1
verificou-se que quando variam as referências de corrente, há
(b)

610
10,9 10,95 11 também uma oscilação nas correntes de sequência negativa.
0
-20 Vgd1 Vgd2 Vgq2 Por essa razão, a avaliação da eficácia do modelo simplificado
(c)

-40
-60 proposto é mais precisa a partir da utilização das correntes do
10,9 10,95
Tempo [s]
11 estator no referencial abc, pois não inclui o erro proveniente
do DDSRF.
Fig. 10. Tensões [V] da rede: (a) abc; (b) q1; (c) d1 e dq2.
Para avaliar quantitativamente a aproximação entre duas
100 curvas quaisquer, usa-se o índice de desempenho proposto em
80 [30], chamado de integral normalizada do erro absoluto
60
40 Ps
(NIAE, do inglês Normalized Integral of Absolute Error) [30]:
20
0 Ps0 ∞
-20 Objetivo II Objetivo I Objetivo III
Objetivo
Qs ∫0 |𝑥𝑥𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 − 𝑥𝑥𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 |𝑑𝑑𝑑𝑑
-40
IV
Qs0
𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 = 1 − ∞ . (36)
-60 ∫0 |𝑥𝑥𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 |
-80
-100
-120 Assim, quanto mais próximo da unidade o valor de NIAE,
-140 mais próximas são as curvas. A Tabela III traz os valores
-160
11 11.5 12 12.5 13 13.5 14 14.5 15 obtidos da comparação entre as correntes do estator dos
Tempo [s] modelos padrão e simplificado proposto, que mostra uma
Fig. 11. Potências ativas [kW] e reativas [kVAr] do estator. aproximação maior que 96,44% para as correntes em abc.

As Figuras 12(a) e (c) mostram as correntes do estator no TABELA III


referencial abc para os modelos clássico e simplificado, NIAE para as Correntes do Estator dos Modelos Padrão
respectivamente, durante a injeção de potência e objetivo de e Simplificado Proposto em Desequilíbrios de Tensão
controle II. Nota-se o equilíbrio nas correntes em regime, o Obj. Fase 𝒂𝒂 Fase 𝒃𝒃 Fase 𝒄𝒄 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒒𝒒𝒒𝒒 𝒅𝒅𝒅𝒅 𝒒𝒒𝒒𝒒
que garante que o objetivo de controle foi atingido. II 0,9850 0,9863 0,9880 0,9938 0,9852 -0,0061 -0,0627
As Figuras 12(b) e (d) mostram as correntes do estator nos I 0,9644 0,9784 0,9773 0,9950 0,9838 0,9343 0,9678
referenciais dq1 e dq2 para os modelos clássico e simplificado III 0,9715 0,9721 0,9684 0,9954 0,9836 0,8812 0,4853
IV 0,9760 0,9837 0,9816 0,9979 0,9840 0,9732 0,2980
(termos com sobrescrito “s”), respectivamente, durante a
injeção de potência e objetivo de controle II. As oscilações nas
correntes 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠2 e 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠2 da Figura 12(b) são devidas ao processo Os valores negativos de NIAE, na comparação entre as
de separação das componentes de sequência positiva e correntes 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠2 e 𝑖𝑖𝑠𝑠𝑠𝑠2 , devem-se ao fato das respectivas correntes
negativa (DDSRF), que apesar de rápido, apresenta essa serem iguais a zero. Assim, a oscilação devida ao DDSRF
característica durante os transitórios. passa a ter um impacto maior na comparação entre tais curvas.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 171-181, abr./jun. 2018 177


B. Simulação – Afundamento de Tensão do estator. Ainda, os valores de NIAE que são mais próximos
A maior desvantagem do SCEE baseado em DFIG é a sua de zero na comparação entre as correntes no eixo q se devem
suscetibilidade a afundamentos de tensão [7], [8]. Para lidar às respectivas correntes se aproximarem de zero.
com as elevadas correntes induzidas no rotor é comum a
utilização de circuitos crowbar e suas variações [11], [25], que TABELA IV
geralmente desconectam o CLM durante estas situações. NIAE para as Correntes do Estator dos Modelos Padrão
Entretanto, os códigos de rede de diversos países vêm e Simplificado Proposto em Afundamentos de Tensão
requerendo que os SCEEs permaneçam conectados durante Afundamento Fase 𝒂𝒂 Fase 𝒃𝒃 Fase 𝒄𝒄 𝒅𝒅 𝒒𝒒
afundamentos de tensão. Assim, diversos trabalhos propõem 1 0,9550 0,8541 0,7389 0,9000 0,1131
estratégias de controle que visam alcançar este objetivo sem 2 0,9551 0,9250 0,8883 0,9542 0,4179
fazer uso de outros circuitos de proteção. Dado este não se
tratar de um objetivo específico deste trabalho, faz-se uso aqui C. Experimental – Desequilíbrio de Tensão
das propostas apresentadas em [11], [25], não sendo A Figura 14 mostra o protótipo utilizado nos ensaios
aprofundado o tema em outras referências. Com isso, visa-se experimentais. O mesmo está implantado no Laboratório de
validar o modelo simplificado proposto também durante Aplicações de Eletrônica de Potência & Integração a Sistemas
afundamentos de tensão sem desconectar o sistema. de Energia (LAPIS), no Departamento de Engenharia Elétrica
Propõe-se em [25] que as correntes do estator sejam (DEE) da Universidade Federal do Ceará (UFC). As Tabelas
utilizadas como valores de referência para as correntes do V e VI trazem, respectivamente, os dados de placa e os
rotor referidas ao estator durante afundamentos de tensão. É parâmetros do DFIG de quatro polos (𝑛𝑛 = 2) [29].
mostrado que com essa técnica a tensão do rotor se mantém
abaixo de 1 pu para afundamentos equilibrados de até 65%.
Em [8] é mostrado que durante afundamentos assimétricos
dSPACE
surge uma componente natural no fluxo do estator que pode 1103
ControlDesk
induzir elevadas tensões no rotor. Assim, para melhorar o
comportamento do DFIG durante este tipo de falha na rede, Conexão e
[11] propõe acrescentar um termo ressonante no controle das Proteção
correntes do rotor, sintonizado na frequência da rede elétrica.
Inversor
Assim, simulou-se o sistema detalhado anteriormente com
o afundamento da Figura 10 para duas situações: com o pico Elo CC CLM
da componente natural do fluxo do estator 1) máximo e 2) Encoder DFIG Motor de
mínimo, respectivamente. A Figura 13 mostra o pior destes Indução
casos. Antes do afundamento, o sistema operava com
escorregamento de 0,3 e injetando potências pelo estator com
valores de referência: 𝑃𝑃𝑠𝑠0

= -1,4 MW e 𝑄𝑄𝑠𝑠0

= 0 Mvar.
Crowbar Medição de
Tensões e
0,4 Ids Correntes
0
-0,4 Iqs
-0,8 Fig. 14. Plataforma experimental do LAPIS.
(a)

-1,2 Isds
-1,6
-2 Isqs TABELA V
3,95 4 4,05 4,1
2 Dados de Placa do DFIG
1 Descrição Valor Descrição Valor
Ias
0 Potência Nominal 10 CV Frequência 60 Hz
(b)

Isas
-1 Tensão (Linha) do Estator 380 V Tensão (Linha) do Rotor 436 V
-2 Corrente (Linha) do Estator 12,1 A Corrente (Linha) do Rotor 8,2 A
3,95 4 4,05 4,1 Ligação do Estator Y Ligação do Rotor Y
Tempo [s]

Fig. 13. Correntes [kA] do estator para os modelos simplificado e


clássico no afundamento 2. (a) dq. (b) Fase a. TABELA VI
Parâmetros do SCEE Baseado em DFIG Experimental
Na Figura 13 são mostradas as correntes do estator para os Variável Valor Variável Valor Variável Valor
modelos clássico e simplificado em (a) dq e (b) na fase a. 𝑎𝑎 1,2854 𝐿𝐿𝑠𝑠 113,013 mH 𝑟𝑟𝑟𝑟 0,5712 Ω
Optou-se por não apresentar as correntes do estator nos 𝑟𝑟𝑠𝑠 0,6719 Ω 𝐿𝐿𝑀𝑀 108,003 mH 𝐿𝐿𝑟𝑟 114,426 mH
referenciais dq1 e dq2 pelo fato dos métodos de separação de 𝐾𝐾𝑝𝑝 12 Ω 𝐾𝐾𝑖𝑖 360 Ω/s 𝐾𝐾𝑟𝑟 720 Ω/s
sequência serem menos precisos durante transitórios, que se
trata justamente da situação que se está analisando. O diagrama da Figura 9 também é válido para a estrutura
A Tabela IV traz os valores obtidos da comparação entre as experimental, sendo os sinais medidos enviados à plataforma
correntes do estator dos modelos padrão e simplificado, que dSPACE 1103 e tratados no Simulink. Deste, alguns sinais são
mostra uma aproximação maior que 70% para as correntes do enviados à unidade eletrônica de controle desenvolvida no
estator em abc. Nota-se que no afundamento tipo 2 o modelo software ControlDesk (que acompanha o dSPACE), onde são
simplificado proposto obtém melhor aproximação, devido à visualizados e salvos. Desta última, também advêm os valores
menor amplitude da componente natural do fluxo concatenado de referência 𝑃𝑃𝑠𝑠0

e 𝑄𝑄𝑠𝑠0

.

178 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 171-181, abr./jun. 2018


A Figura 15 mostra as tensões do estator com o DFIG da 0,6
0,4 Ifilt
rd2
I*rd2 Ifilt
rq2
I*rq2
Figura 14 sincronizado à rede elétrica com rotação equivalente 0,2
-0 Objetivo II

(a)
a um escorregamento de 0,3 (mantida fixa por meio do -0,2
-0,4 Objetivo I
controle vetorial do inversor que aciona o motor de indução -0,6
acoplado diretamente ao eixo do DFIG). -0,1 -0,05 -0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3
0,8
0,6 Ifilt
rd2
I*rd2 Ifilt
rq2
I*qd2
400 0,4 Objetivo IV
Vag 0,2 Objetivo III

(b)
200 -0
0 Vbg -0,2
(a)

-0,4
-200 Vcg -0,6
-0,1 -0,05 -0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3
-400 Tempo [s]
-0,1 -0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1
370
360 Vqg1 Fig. 17. Controle de 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 e 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 [A] na mudança dos objetivos de
(b)

350
-0,1 -0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1
controle: (a) de II para I e (b) de III para IV.
10 Vdg1
0
-10 Vdg2 O termo ressonante garante o seguimento das referências,
(c)

-20
-30
-0,1 -0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1
Vqg2 sendo que as oscilações e os erros de regime permanente são
Tempo [s] devidas ao método de separação de sequências utilizado
Fig. 15. Tensões [V] da rede: (a) abc; (b) q1; (c) d1 e dq2. (DDSRF). Ressalta-se que as correntes mostradas foram
tratadas por meio de filtros passa-baixa de Butterworth de
Para desequilibrar a tensão da rede elétrica foi utilizado um primeira ordem com frequência de corte de 10 Hz, sendo estes
auto-transformador trifásico variável de 30 kW, sendo que os responsáveis pelos atrasos no seguimento das referências.
somente a fase c foi variada. Foi necessário se utilizar um A Figura 18 mostra que os objetivos III (até 0 s) e IV (a
dispositivo de elevada potência pois ao se utilizar um de 13,5 partir de 0 s) são parcialmente atendidos, pois os respectivos
kW verificou-se que a saturação deste dava origem a termos oscilantes não foram anulados. Isso se deve à não
distorções nas tensões aplicadas ao estator do DFIG. consideração de 𝑟𝑟𝑠𝑠 na obtenção das equações da Tabela I
A Figura 16 mostra a injeção de potências ativa e reativa (aproximação válida para máquinas de grande porte, como o
pelo estator com 𝑃𝑃𝑠𝑠0

= -1,0 kW e 𝑄𝑄𝑠𝑠0

= 0,5 kvar, sendo que o DFIG simulado, entretanto não é o caso da bancada de testes)
sobrescrito “filt” indica que os sinais foram tratados por meio e a possíveis erros nos valores dos parâmetros do DFIG.
de filtros passa-baixa de Butterworth de primeira ordem com
frequência de corte de 10 Hz. Antes e depois da injeção de 0,4
0,2
potências, as referências de corrente do rotor são relativas aos 0 Pfilt
s0
-0,2
objetivos de controle I e II, respectivamente. Pfilt
(a)

-0,4 Objetivo III Objetivo IV sc2


-0,6
-0,8 Pfilt
sc2
0,2 -1
0 -0,1 0 0,1 0,2
-0,2 Pfilt
s0
0,3 Qfilt
-0,4 Objetivo IV s0
Pfilt 0,2 Objetivo III
(a)

-0,6 sc2 0,1 Qfilt


(b)

0 sc2
-0,8 Pfilt -0,1
ss2
-0,2 Qfilt
-1 ss2
-0,3
-1,2 -0,1 0 0,1 0,2
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Tempo [s]
Qfilt
0,4 s0 Fig. 18. Potências (a) ativas [kW] e (b) reativas [kVAr] na mudança
0,2
Qfilt do objetivo de controle de III para IV.
(b)

0 sc2
-0,2 Qfilt
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 ss2
Tempo [s] Pelo mesmo motivo anterior, o objetivo II também não é
Fig. 16. Injeção de potências (a) ativas [kW] e (b) reativas [kVAr] atendido completamente. Porém, a Figura 19 (b) mostra que
para o objetivo de controle II. 𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠2 ≈ 0 e 𝐼𝐼𝑠𝑠𝑠𝑠2 ≈ 0. Para comprovar que o modelo simplificado
proposto aproxima o comportamento real, a Figura 19 mostra
A Tabela VII mostra as referências de corrente do rotor as dinâmicas das correntes do estator em dq1 e dq2 nas
para os objetivos de controle de I a IV. Como as correntes de mudanças entre os objetivos de controle. As demais correntes
sequência positiva praticamente não variam com a alteração não são mostradas pois, apesar da variação do objetivo de
do objetivo de controle, a Figura 17 mostra o controle das controle, estas se apresentavam em regime permanente.
correntes de sequência negativa na mudança dos objetivos de Mais uma vez, as oscilações a 60 Hz nas correntes do
controle (instante 0 s): (a) de II para I e (b) de III para IV. estator obtidas experimentalmente se devem ao processo de
separação realizado pelo DDSRF. Entretanto, estas têm uma
TABELA VII baixa amplitude, sendo menos perceptíveis quanto maior a
Valores Médios das Referências de Corrente para o corrente do estator, como mostra a Figura 19 (a).
Experimento Proposto
Corrente Obj. II Obj. I Obj. III Obj. IV
D. Experimental – Afundamento de Tensão

𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 8,0507 A 7,9497 A 8,0299 A 7,9815 A Para a emulação de um afundamento de tensão, a norma

𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟1 3,1843 A 3,1959 A 3,2116 A 3,1805 A IEC61400-21 [31] recomenda que seja utilizada uma estrutura

𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 0,4196 A 0A 0,6859 A -0,3812 A
como um divisor de tensão com indutores. Conforme tratado

𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟2 -0,6153 A 0A -0,5753 A -0,5498 A
em [11], também poderia ser utilizado para tal um corruptor

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 171-181, abr./jun. 2018 179


de potência industrial (IPC, em inglês Industrial Power REFERÊNCIAS
Corruptor). Outra opção seria a partida simultânea de diversos
motores de indução monofásicos juntamente com utilização [1] G. Abad, J. López, M. Rodríguez, L. Marroyo, G. Iwanski,
um transformador para elevar a impedância da rede. Doubly Fed Induction Machine, John Wiley & Sons, New
Jersey, 2011.
1
0,5 [2] F. Blaabjerg, K. Ma, “Future on power electronics for wind
0
-0,5 turbine systems”, IEEE Journal of Emerging and Selected
-1
(a)

-1,5 Objetivo II Ifilt


sd1
Issq1 Ifilt
sq1
Issq1 Topics in Power Electronics, v. 1, n. 3, p. 139–152, Sep.
-2
-2,5 2013.
-3
-0,1 -0,05 -0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 [3] Z. Q. Zhu, J. Hu, “Electrical machines and power-
0,8
0,4
electronic systems for high-power wind energy generation
-0
applications. Part I – market penetration, current technolo-
gy and advanced machine systems”, The International
(b)

-0,4
-0,8
Objetivo II Ifilt
sd2
Issd2 Ifilt
sq2
Issq2 Journal for Computation and Mathematics in Electrical
-0,1 -0,05 -0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 and Electronic Engineering, v. 32, n. 1, p. 7-33, Dec. 2012.
[4] A. Petersson, Analysis, Modeling and Control of Doubly-
0,8 Objetivo III Ifilt I*sd1 Ifilt I*sq1
0,4 sd1 sq1 Fed Induction Generators for Wind Turbines. PhD Thesis,
-0 Chalmers University of Technology, Göteborg, Sweden,
(c)

Objetivo I
-0,4 2005.
-0,8
-1
-0,1 -0,05 -0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 [5] R. Pena, J. Clare, G. Asher, “Doubly fed induction genera-
1,2
Ifilt
I*
Ifilt
I*sq2
tor using back-to-back PWM converters and its application
0,8
0,4
sd2 sd2 sd2
Objetivo III
to variable-speed wind-energy generation”, IEE
Proceedings – Electric Power Applications, v. 143, n. 3, p.
(d)

-0
-0,4
Objetivo IV
231-241, May 1996.
-0,8
-0,1 -0,05 -0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 [6] F. K. de A. Lima, E. H. Watanabe, P. Rodríguez, Á. Luna,
Tempo [s]
“Modelo Simplificado para Aerogeradores Equipados com
Fig. 19. Dinâmicas das correntes do estator [A]: Na injeção de Gerador de Indução Duplamente Alimentado”, Eletrônica
potências com objetivo de controle II em (a) dq1 e (b) dq2; (c) na
mudança do objetivo de controle I para o III em dq1; e (d) na mudança
de Potência, v. 16, n. 1, p. 47-55, Dez. 2010/Fev. 2011.
do objetivo de controle III para o IV em dq2. [7] J. López, P. Sanchis, X. Roboam, L. Marroyo, “Dynamic
Behavior of the Doubly Fed Induction Generator During
Entretanto, por limitações de ordem técnica, como a não Three-Phase Voltage Dips”, IEEE Transactions on Energy
disponibilidade das estruturas detalhadas anteriormente, não Conversion, v. 22, n. 3, p. 709-717, Sep. 2007.
foi possível a realização de tais ensaios. [8] J. López, E. Gubía, P. Sanchis, X. Roboam, L. Marroyo,
“Wind Turbines Based on Doubly Fed Induction Genera-
VII. CONCLUSÕES tor Under Asymmetrical Voltage Dips”, IEEE
Transactions on Energy Conversion, v. 23, n. 1, p. 321-
Este artigo propõe um novo modelo simplificado para as 330, Mar. 2008.
sequências positiva e negativa do SCEE baseado em DFIG. [9] L. Xu, Y. Wang, “Dynamic Modeling and Control of
Mostrou-se por meio de simulação que este modelo aproxima DFIG-Based Wind Turbines under Unbalanced Network
de forma adequada o comportamento das correntes do estator Conditions”, IEEE Transactions on Power Systems, v. 22,
frente a desequilíbrios e afundamentos desbalanceados na n. 1, p. 314-323, Feb. 2007.
tensão na rede elétrica. Dessa forma, torna-se mais simples, [10] V. F. Mendes, H. Pereira, F. F. Matos, W. Hofmann, S.
por exemplo, a realização de estudos precisos de grandes R. Silva, Doubly-Fed Induction Generator Control During
parques eólicos baseados nessas máquinas. Unbalanced Grid Conditions, in IEEE 13th Brazilian Po-
Apesar do modelo simplificado ser mais preciso para wer Electronics Conference and 1st Southern Power Elec-
máquinas de grande porte, os resultados experimentais obtidos tronics Conference (COBEP/SPEC), p. 1-6, 2015.
em um protótipo 10 CV mostram que as referências de [11] V. F. Mendes, Ride-Through Fault Capability Improve-
corrente calculadas aproximaram os objetivos de controle ment Through Novel Control Strategies Applied for Dou-
desejados, que o sistema de controle é capaz de controlar as bly-Fed Induction Wind Generators. PhD Thesis, Univer-
correntes de sequência positiva e negativa e que o modelo sidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.
simplificado proposto aproxima o comportamento real. [12] Y. Zhou, P. Bauer, J. A. Ferreira, J. Pierik, “Operation of
Para a implementação do SCEE tanto em simulação quanto Grid-Connected DFIG Under Unbalanced Grid Voltage
em bancada experimental, foram utilizadas diversas técnicas Condition”, IEEE Transactions on Energy Conversion, v.
para se lidar com a sequência negativa, dentre elas destaca-se 24, n. 1, p. 240-246, Mar. 2009.
o DSOGI, o DDSRF e o controle por meio de controladores [13] J. Hu, Y. He, L. Xu, B. W. Williams, “Improved Control
PI+R. Assim, a implementação realizada também servirá para of DFIG Systems During Network Unbalance Using PI–R
a realização de estudos futuros, como desenvolvimento de Current Regulators”, IEEE Transactions on Industrial
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Burgos, D. Boroyevich, “Decoupled Double Synchronous Celso Rogério Schmidlin Júnior possui graduação (2003),
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IEEE Transactions on Power Electronics, v. 22, n. 2, p. pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É professor do
584–592, Mar. 2007. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, inicial-
[21] J. Hu, Y. He, “Modeling and enhanced control of DFIG mente no Piauí (2007 a 2010) e atualmente no Ceará (desde
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[22] Y. Suh, V. Tijeras, T. A. Lipo, “Control scheme in hybrid
synchronous–stationary frame for PWM AC/DC converter Francisco Kleber de Araújo Lima é Engenheiro Eletricista
under generalized unbalanced operating conditions”, IEEE (1998) e Mestre em Engenharia Elétrica (2003), pela UFC.
Transactions on Industry Applications, v. 42, n. 3, p. 825– Recebeu o título de Doutor em Engenharia Elétrica pela
835, Jun. 2006. COPPE/UFRJ em 2009. É professor do Departamento de
[23] R. Teodorescu, F. Blaabjerg, M. Liserre, P. C. Loh, Engenharia Elétrica da UFC. Suas áreas de interesse são:
“Proportional-resonant controllers and filters for grid- Energias Renováveis, Eletrônica de Potência, Qualidade de
connected voltage-source converters”, IEE Proceedings in Energia, Acionamentos de Máquinas Elétricas e Filtragem
Electric Power Applications, v. 153, n. 5, p. 750–762, Sep. Ativa. Ele é membro da SOBRAEP e do IEEE.
2006.
[24] F. K. A. Lima, E. H. Watanabe, P. Rodríguez, A. Luna, Tobias Rafael Fernandes Neto possui graduação em
“Control Strategy for the Rotor Side Converter of a DFIG- Engenharia Elétrica pela Universidade de Fortaleza (2004),
WT under Balanced Voltage Sag”, in Proc. of COBEP, p. mestrado em Engenharia Elétrica pela UFC (2007) e
842-847, 2009. doutorado em Engenharia Elétrica pela Technische
[25] F. K. de A. Lima Aerogerador Baseado em Máquina de Universität Darmstadt (2012). Suas principais áreas de
Indução Duplamente Alimentada - Suportabilidade para interesse são as máquinas elétricas e eletrônica de potência.
Afundamento de Tensão. Tese de Doutorado, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, 2009. Carlos Gustavo Castelo Branco possui Graduação (2002) e
[26] J. W. Umland, M. Safiuddin, “Magnitude and symmetric mestrado (2005) em Engenharia Elétrica pela UFC. Durante o
optimum criterion for the design of linear control systems: Mestrado trabalhou em Projetos de P&D na área de Fontes
what is it and how does it compare with the others?”, IEEE Ininterruptas de Energia (UPS) e Conversores de Alta
Transactions on Industry Applications, v. 26, n. 3, p. 489– Potência. Desde 2005 trabalha na área de P&D de sistemas
497, May/Jun. 1990. UPS Isolados em Alta Frequência, Sistemas de Energia
[27] C. Kessler, “Über die vorausberechnung optimal abges- Fotovoltaica e Acionamentos de Máquinas. É professor
timmter regelkreise teil iii. die optimale einstellung des re- assistente do Departamento de Engenharia Elétrica da UFC.
Ele é membro da SOBRAEP e do IEEE.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 171-181, abr./jun. 2018 181


Algoritmo de Seguimento do Ponto de Máxima Potência Global para Inversores Sola-
res Multistring em Condições de Sombreamento Parcial
Algorithm for Following the Global Maximum Power Point at Solar Multistring Inver-
ALGORITMO
ters in Partial Shading ConditionsDE SEGUIMENTO DO PONTO DE MÁXIMA POTÊNCIA
Claudio J. O. Júnior, Lucas P.
GLOBAL PARA INVERSORES Pires, Luiz C. Freitas, Ernane A. A.MULTISTRING
SOLARES Coelho, Luiz C. G. EM CONDIÇÕES DE
Freitas, Danillo B. Rodrigues SOMBREAMENTO PARCIAL

Claudio J. O. Júnior¹, Lucas P. Pires¹, Luiz C. Freitas¹, Ernane A. A. Coelho¹, Luiz C. G. Freitas¹, Danillo
B. Rodrigues²
¹Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Faculdade de Engenharia Elétrica (FEELT), Núcleo de Pesquisa em Eletrônica de
Potência (NUPEP), Uberlândia - MG, Brasil
² Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Departamento de Engenharia Elétrica (DEE), Uberaba - MG, Brasil
e-mails: claudiojr2506@gmail.com, lucaspereirapires@yahoo.com.br, lcgfreitas@yahoo.com.br

Resumo – Neste trabalho são apresentadas duas where access is difficult and shadowing caused by nearby
estratégias para melhorar o aproveitamento na geração de objects). With the algorithm created, each converter is
energia solar a partir de um sistema fotovoltaico. A able to extract the maximum available power of its
primeira delas trata-se da utilização de um inversor solar respective string, even under conditions of partial
multistring, composto por duas strings fotovoltaicas shadowing and variations of solar irradiation. Finally, the
conectadas a conversores CC-CC Boost para extração de main experimental results for the validation of the exposed
energia de forma independente. Esses são dotados de theory are presented.
algoritmos de MPPT P&O clássicos. A segunda estratégia 

consiste na utilização de um algoritmo especificamente Keywords – Independent Energy Extraction, Partial


criado para detecção do ponto global de máxima potência. Shading, Photovoltaic System.
A utilização de uma estrutura multistring tem como
objetivo mitigar o efeito negativo causado pelos I. INTRODUÇÃO
sombreamentos parciais (devido a sujeiras nos painéis
solares, falta de manutenção especialmente em lugares A utilização de fontes de energia renováveis para atender
onde o acesso é difícil e sombreamentos causados por as necessidades da demanda de energia elétrica tem se tornado
objetos nas proximidades) e, com o algoritmo criado, cada uma excelente opção para o problema do défice de energia
conversor é capaz de extrair a máxima potência disponível elétrica. Uma variedade no desenvolvimento de técnicas
de sua respectiva string, mesmo sob condições de relacionados ao uso das fontes de energia renováveis têm
sombreamento parcial e variações de irradiação solar. impulsionado cada vez mais pesquisas para utilização de
Finalmente, são apresentados os principais resultados fontes de energia renováveis em diversas configurações, como
experimentais para validação da teoria exposta. por exemplo, a utilização de sistemas fotovoltaicos para
aplicação em microrredes CC (corrente contínua) [1].
Palavras-Chave – Extração de Energia Independente, Em se tratando de energia solar, o Brasil é um dos países
Sistema Fotovoltaico, Sombreamento Parcial. com maior potencial. Os níveis de irradiação solar anual
incidente em qualquer região do território brasileiro (1500 -
ALGORITHM FOR FOLLOWING THE 2500 kWh/m²) são superiores aos níveis de irradiação solar
GLOBAL MAXIMUM POWER POINT AT verificado no restante do mundo [2]. Para exemplificar esse
potencial, a Alemanha, que é um dos países com maior
SOLAR MULTISTRING INVERTERS IN capacidade de energia fotovoltaica instalada, tem em sua
PARTIAL SHADING CONDITIONS região com mais incidência de irradiação solar (1250 kWh/m²)
níveis inferiores comparados a pior região do Brasil [2].
Abstract – In this work two strategies are presented to Como desvantagem ao uso da energia solar fotovoltaica,
improve the generation of solar energy from a destaca-se os custos elevados para instalação do sistema. No
photovoltaic system. The first one is the use of a entanto, os custos dos painéis fotovoltaicos em 2012, por
multistring solar inverter, consisting of two photovoltaic exemplo, quando comparados com 1976 são 87 vezes
strings connected to DC-DC Boost converters for menores, passando de US$ 70/Wp para US$ 0,8/Wp e com
independent maximum energy extraction. These are projeção de diminuir ainda mais [3]. Outro ponto negativo é a
equipped with classical P&O algorithm. The second one baixa eficiência de conversão das células, contudo, nesse
strategy consists in the use of an algorithm specifically ponto nota-se os recentes avanços obtidos por estudos
designed to detect the global maximum power point. The científicos acerca da melhor utilização dos materiais
use of a multistring structure is intended to mitigate the semicondutores, obtendo-se aumento na eficiência de
negative effect caused by partial shading (due to dirt on conversão de energia. Pode-se tomar como exemplo desse fato
the solar panels, lack of maintenance especially in places

Artigo submetido em 27/09/2017. Primeira revisão em 07/11/2017. Aceito


para publicação em 02/01/2018 por recomendação do Editor Marcelo Cabral


Cavalcanti.

182 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 182-192, abr./jun. 2018


TABELA I
Técnicas Específicas para Detecção do Ponto Global de Máxima Potência
Complexidade de Detecção do GMPP sob Condições
Métodos Informações Adicionais
Implementação de Sombreamento Parcial (CSP)
Melhora o desempenho, mas ainda Além da comparação em três pontos, possui
P&O com comparação em três
Baixa assim falha em algumas condições de uma busca periódica, aumentando a
pontos [4]
operação. probabilidade de detecção do GMPP.
Utiliza a trajetória de uma hipérbole retangular
Melhora o desempenho, mas pode
Observação das características das para permitir incrementos maiores,
Baixa levar ao rastreamento de um MPP
curvas I-V e P-V sob CSP [5] aumentando assim, a velocidade no processo
local em alguns casos.
de busca do GMPP.
Ocorre perda significativa de energia durante a
Controlador de MPPT Detecta em todas as condições de
Baixa medição da tensão de circuito aberto e da
melhorado [6] operação.
corrente de curto circuito da string.
Utiliza a técnica de MPPT hill climbing
Técnica de rastreamento do GMPP Detecta em todas as condições de
Alta baseado em lógica fuzzy para rastrear o GMPP
utilizando lógica fuzzy [7] operação.
sob CSP.
Em sistemas com uma grande uma quantidade
Controlador de MPPT melhorado
Detecta em todas as condições de de módulos fotovoltaicos, a presença de
para sistemas fotovoltaicos sob Baixa
operação. diversos sensores de tensão eleva
CSP [8]
consideravelmente o custo operacional.
Em casos totalmente atípicos em que os falsos
Algoritmo VWS (Voltage Window Pode falhar em CSP totalmente pontos de máxima potência estejam fora da
Média
Search) [9] atípicas. faixa esperada no artigo em questão o
algoritmo provavelmente irá falhar.
O valor de razão cíclica é modificado de um
mínimo até o máximo por passos fixos e todos
Detecta em todas as condições de
Full Scanning of Duty Ratio [10] Baixa os valores de potência são salvos.
operação.
Desnecessários escaneamentos provocam
perdas e diminuem a eficiência da técnica.
Detecta pontos de máximo de acordo com
Pode falhar em CSP totalmente certas regiões da curva P-V, o que aumenta a
Large Scanning of Duty Ratio [10] Média
atípicas. eficiência para a maioria dos casos e inclui
falhas em casos atípicos.
As perdas durante o processo de busca do
GMPP são minimizadas pelo cálculo do ponto
Detecta em todas as condições de inicial de operação e também pelo passo
Método proposto pelo Autor Baixa
operação. variável entre as ações do algoritmo. Utiliza
estrutura do tipo multistring para maximização
da energia produzida.

a tecnologia de células multijunção [11] e células fotovoltaicas tornando necessário o desenvolvimento de técnicas que sejam
concentradas [12]. capazes de seguir o MPP mesmo sob condições de
Devido à natureza intermitente da energia solar, é sombreamento parcial. A perda na geração de energia de um
necessário o uso de conversores destinados ao sistema fotovoltaico pode chegar a 70% sob condições de
condicionamento da energia proveniente dos painéis sombreamento parcial [14].
fotovoltaicos. Esses conversores são responsáveis por elevar De forma a minimizar os prejuízos advindos da irradiação
ou reduzir e manter constante a tensão de saída da carga, não uniforme nas células fotovoltaicas, tem-se a tendência de
independentemente da tensão de entrada gerada na fonte de desenvolvimento da tecnologia multistring, a qual consiste na
alimentação [13]. Para controlar esses conversores e utilização de strings em paralelo e com seguimento do MPP
determinar a lógica de chaveamento dos mesmos, é necessário de forma independente, sendo que, nesse caso, o aparecimento
o uso de técnicas para o seguimento do ponto de máxima desse efeito indesejado em apenas uma das strings não atinge
potência (MPPT - Maximum Power Point Tracking), de modo a operação normal da outra.
a manter a máxima potência de geração dos painéis Além disso, outra vertente de estudos concentra-se na
fotovoltaicos. utilização de técnicas específicas para detecção do GMPP
A precisão das técnicas convencionais de MPPT é muito (Global Maximum Power Point) que também tornam o
elevada sob condições de irradiação solar uniforme, sistema mais eficiente no que tange ao melhor aproveitamento
entretanto, sob condições de sombreamento parcial, essas na geração de energia. Desse modo, ao aliar-se uma estrutura
técnicas podem deixar de acompanhar o ponto de máxima multistring com algoritmos/técnicas que garantem operação
potência (MPP - Maximum Power Point) real. no ponto de máximo global tem-se a certeza de que os efeitos
Quando a matriz solar não recebe irradiação solar uniforme, da irradiação solar não uniforme estão reduzidos em escala
devido às nuvens, árvores, edifícios, sujeira nos painéis, etc., considerável, quando se comparado à situação em que tais
pontos de máximos locais múltiplos podem aparecer na curva tecnologias estejam operando separadamente.
característica P-V (potência x tensão) do arranjo fotovoltaico. Na Tabela I são citados alguns trabalhos acerca de
Nessas condições, a utilização de técnicas de MPPT algoritmos para detecção do ponto global de máxima potência.
convencionais reduz a eficácia na geração de energia, Destaca-se que a maioria das técnicas apresentadas se

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 182-192, abr./jun. 2018 183


mostraram de fácil implementação, mas com falhas em não varie rapidamente devido à comutação da chave. A tensão
algumas condições de operação ou apresentando perdas correspondente a máxima potência nas CPT é 123,9 V. A
significativas de energia durante o processo de busca do amplitude desejada da ondulação de tensão é de 6% e a
GMPP. Outras, se mostraram eficazes na busca do ponto frequência de oscilação é o dobro da frequência fundamental
global de máxima potência, mas com complexidades maiores da tensão da rede elétrica (120 Hz) [16]. Logo, o valor de
de implementação. capacitância encontrado [17] é 705,57 µF.
Em caráter especial, na técnica conhecida como “Full Os contatores K1 e K2 fazem parte do esquema de proteção
Scanning of Duty Ratio” [10] a razão cíclica de trabalho é do circuito e foram utilizados apenas a nível de ensaios
alterada de um valor mínimo para um valor máximo (ou vice- laboratoriais, sendo totalmente dispensáveis em um produto
versa) com passo fixo constante e os valores de potência são final. Não ocorrendo nenhuma anormalidade durante cada
armazenados para todas razões cíclicas de trabalho. No ensaio, tais elementos são acionados apenas uma vez, no início
algoritmo proposto pelos autores, também ocorre a variação do teste.
da razão cíclica de trabalho com passos fixos, no entanto, cada
valor de potência calculado é comparado com a potência B. Técnica de MPPT / Técnicas e Critérios de Controle dos
anterior e com a potência ótima detectada até aquele momento, Conversores CC-CC Boost
evitando gastos computacionais desnecessários com o O valor de tensão dos painéis solares que retorna a máxima
armazenamento de cada valor de potência calculado durante o potência gerada por sistemas fotovoltaicos varia sob
processo de busca do GMPP. condições ambientais, tais como a irradiação e a temperatura.
Já com relação à técnica conhecida como “Large Scanning Nesse sentido, faz-se necessário a utilização de técnicas de
of Duty Ratio” [10], o cálculo da razão cíclica de trabalho MPPT com o objetivo de manter cada string operando no
máxima/mínima envolve diversas variáveis e, ponto de máxima potência, de modo a maximizar a energia
consequentemente um maior gasto computacional. Além produzida.
disso, esta técnica também armazena todos os valores de Uma das técnicas mais utilizadas para o seguimento do
potência calculados para cada razão cíclica de trabalho ponto de máxima potência é a P&O [18], sendo essa, a
imposta durante a detecção do GMPP. escolhida para o seguimento da máxima potência nas duas
Assim, destaca-se como contribuição deste trabalho, o strings da estrutura proposta. No entanto, essa técnica, assim
desenvolvimento e implementação de um algoritmo simples e com as outras técnicas convencionais de MPPT, não são
eficaz para detecção do ponto global de máxima potência. A imunes aos efeitos causados pelos sombreamentos parciais e,
partir da utilização de uma estrutura multistring para extração sendo assim, o sistema pode operar em um ponto falso de
de energia independente e do algoritmo desenvolvido, tem-se máxima potência da curva (FMPP - False Maximum Power
a mitigação do efeito negativo causado pelos sombreamentos Point).
parciais nos painéis fotovoltaicos, garantindo assim, melhor A estratégia para extração da máxima potência disponível,
aproveitamento na geração de energia do sistema fotovoltaico. consiste na utilização da técnica de MPPT P&O clássica
associada ao algoritmo criado para detecção do GMPP, sendo
II. ANÁLISE E OPERAÇÃO DO ESTÁGIO CC-CC DE esse executado periodicamente. A utilização de uma estrutura
ENTRADA multistring, onde o controle de MPPT é realizado de forma
independente, atenua o efeito de sombreamento parcial,
A. Projeto dos Conversores CC-CC Boost aumentando assim, a geração de energia. Ressalta-se que em
O estágio de entrada da estrutura apresentada na Figura 1 é uma string fotovoltaica sob condições de sombreamento, a
composto por duas strings conectadas em paralelo, havendo operação no MPP resultante da associação não significa que
conexão ao barramento CC (cuja tensão é regulada em 400 V cada um dos painéis que a compõe encontram-se operando no
pelo ISB - Inversor Solar Bidirecional) pelos conversores CC- seu MPP e, as perdas na extração de energia podem ser
CC Boost, sendo esses os responsáveis pela extração de consideráveis em algumas CSP [19], justificando assim, o uso
energia em cada uma das strings, operando assim, de forma da referida estrutura.
independente. A primeira string é composta pela associação A técnica de MPPT P&O possui como variáveis de entrada
série de 7 painéis Kyocera KD140SX-UFBS, totalizando 980 a tensão e a corrente nos terminais da string e como saída uma
Wp nas CPT (condições padrão de teste: irradiância = 1000 tensão referência, sendo essa, a representativa da máxima
W/m² e temperatura dos painéis = 25ºC). Na segunda string, potência disponível para extração. A estratégia para imposição
tem-se a associação série de 7 painéis KD135SX-UPU, dessa tensão nos terminais das strings fotovoltaicas consiste
totalizando 945 Wp nas CPT. em um compensador CVpv (s) em cascata com a planta
A razão cíclica do conversor CC-CC Boost correspondente GVpv_D (s) (função de transferência a ser controlada), sendo
à máxima potência é 0,69. A frequência de chaveamento essa obtida através da modelagem em espaço de estados
escolhida é 25 kHz. A ondulação de corrente desejada nos médio. A Figura 2 ilustra o diagrama de blocos do controle de
indutores LB1 e LB2 é de 20% da máxima corrente de cada tensão utilizado, em que o modulador GPWM (s) e o sensor de
string nas CPT. Logo, o valor de indutância encontrado [15] é tensão Hv (s) são considerados com ganho unitário.
1,97 mH.
O capacitor de entrada do conversor Cpv é utilizado para
estabilizar a tensão nos terminais da string, de modo que essa

184 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 182-192, abr./jun. 2018


Fig. 1. Estrutura do sistema fotovoltaico constituído por duas strings com extração global e independente de potência e conexão à rede elétrica por meio de um
inversor solar bidirecional.

L� – Indutância do conversor [H];


R �� – Resistência do indutor [Ω].

Foram adotados como critérios de projeto para a função de


𝐺𝐺���_� (𝑠𝑠) um compensador com margem de fase entre 45º e
Fig. 2. Diagrama de blocos do controle de tensão utilizado. 76º, isso, para que o sistema apresente baixo tempo de
acomodação e ultrapassagem percentual (UP%) reduzida [20],
O controlador trabalha no sentido de compensar o erro entre [21], o que evita que os capacitores Cpv1 e Cpv2 sejam
a tensão de referência (obtida pela técnica de MPPT P&O submetidos a alto estresse dielétrico.
clássica) e a tensão de saída da string fotovoltaica, atuando na Adotou-se um compensador do tipo PID (Proporcional
razão cíclica de chaveamento do conversor CC-CC Boost de Integral Derivativo). A ação proporcional irá prover uma
modo a impor essa tensão de referência nos terminais de cada resposta mais rápida sob uma variação no sinal de entrada. A
uma das strings. ação integral tem como objetivo anular o erro em regime
A partir da modelagem em espaço de estados médio do permanente, ou seja, atingir um estado estável cujo valor seja
conversor CC-CC Boost, obtém-se a função de transferência o desejado no sinal de entrada, por fim, a ação derivativa
da tensão nos capacitores Cpv1 e Cpv2 com relação à razão possui um efeito de antecipação da correção do valor de saída
cíclica de chaveamento, dada por: do sistema de forma a melhorar a rapidez da resposta do
V��� R ��
sistema. A combinação dessas três ações irá fazer com que o
G���_� (s) = controlador em conjunto com a planta, forneça uma resposta
C�� L� R �� s � + �L� + C�� R �� R �� � s + R �� + R ��
adequada a uma determinada variação na entrada [22]. A
(1) função de transferência do compensador 𝐶𝐶��� (𝑠𝑠) utilizado é:
em que:
V��� – Tensão do barramento CC [V];
(s + 124) (s + 1150)
R �� – Resistência representativa da string [Ω]; C��� (s) = 0,1 . (2)
C�� – Capacitância de entrada do conversor [F]; s (s + 3,01 10� )

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 182-192, abr./jun. 2018 185


Fig. 3. Lugar das raízes e diagramas de Bode do sistema compensado. Fig. 4. Resposta ao degrau unitário do sistema compensado.

O ganho, os zeros e os pólos do compensador foram


ajustados utilizando a ferramenta sisotool do Matlab® para
atender aos critérios de estabilidade mencionados. Nota-se a
presença de um pólo a mais que o esperado com a finalidade
de atuar como filtro para frequências acima da frequência de
chaveamento, o que, por sua vez, age no sentido de melhorar
a resposta do controlador. A Figura 3 ilustra o lugar das raízes
e os diagramas de Bode do sistema compensado.
O sistema apresentado na Figura 3 é estável, pois os pólos
estão localizados no semiplano esquerdo e, com o
compensador utilizado, a nova margem de fase do sistema é
de 66,3º, sendo esse, um valor dentro da faixa mencionada
anteriormente.
Com a utilização do PID, observa-se, na Figura 4, a
resposta ao degrau unitário do sistema compensado, no qual o
sistema atinge o regime permanente com tempo de
acomodação de 41 ms (settling time de 2%), sendo este um
valor adequado para operação do controlador frente às Fig. 5. Fluxograma do algoritmo desenvolvido para detecção do GMPP.
constantes mudanças de referência de tensão providas pela
técnica de MPPT. escaneamento completo das strings, com início na razão
Com relação à tal técnica, a frequência de atualização das cíclica calculada anteriormente (DVoc) até uma razão cíclica
variáveis (fmppt) foi definida em 10 Hz com passo de máxima (Dmax), sendo essa definida em 0,9.
perturbação de tensão de tensão (ΔV) de 0,1 V. Esses valores A cada incremento de razão cíclica (passo_Dboost) é
proporcionam oscilações reduzidas em torno do ponto de calculada a potência instantânea, através do produto da tensão
operação, tendo como consequência um sistema mais preciso, e corrente de saída das strings. Durante essa ação é detectada
porém mais lento. Ressalta-se que o escaneamento periódico e salva a tensão ótima de operação Vref_P&O correspondente ao
da curva P-V retorna o GMPP, de forma que os incrementos ponto global de máxima potência e, ao final do escaneamento,
reduzidos de tensão garantem a operação com menor variação essa é liberada como referência inicial para atuação da técnica
em torno do ponto de máximo global obtido. de MPPT P&O clássica. Ressalta-se que o incremento com
passos definidos na razão cíclica do conversor Boost ocorre
C. Algoritmo para Detecção do GMPP apenas na etapa de escaneamento da curva P-V, sendo que
O algoritmo desenvolvido para detecção do GMPP é durante a operação do P&O é o controlador PID o responsável
realizado em cada string de forma independente, assim como pela variação desta variável.
a técnica de MPPT utilizada. O objetivo do algoritmo é a O escaneamento da curva P-V também poderia ser
mitigação do efeito negativo causado pelo sombreamento realizado por meio do controlador PID, admitindo para tanto
parcial, fazendo com que o sistema atue sempre no GMPP, uma variação da tensão de referência no intervalo requerido
garantindo desse modo, a extração da máxima potência entre circuito aberto e curto-circuito. Contudo, justifica-se a
disponível em todas as condições de operação, evitando busca pelo GMPP com o incremento da razão cíclica de
prejuízos ainda maiores pela atuação do sistema em um trabalho pelo fato desta anular qualquer efeito transitório que
FMPP. provocasse uma leitura sutilmente inadequada da tensão de
Na Figura 5 é apresentado o fluxograma do algoritmo máxima potência. Ao efetuar o escaneamento da curva P-V a
implementado para melhor interpretação do fluxo de partir do controlador PID, a razão cíclica de trabalho do
informações e a sequência que caracteriza a operação do conversor irá variar de modo a impor tal valor no circuito,
mesmo. Inicialmente há o cálculo da razão cíclica do sendo que tal variação transitória pode acarretar uma medida
conversor que corresponde à tensão de circuito aberto em cada levemente imprecisa do ponto de máxima potência global.
uma das strings, sendo essa ação representada como {2} no Com o incremento de razão cíclica (própria variável de saída
fluxograma. Em seguida, tem-se a execução da ação principal do controlador PID) tal fato não ocorre, visto que é entregue
do algoritmo ({3} a {7} na Figura 5), onde é realizado um ao PWM uma razão cíclica crescente com passo bem definido.

186 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 182-192, abr./jun. 2018


A escolha adequada da razão cíclica para o início da maneira de contribuir com a ação de controle para regulação
operação do algoritmo (DVoc) otimiza a operação do mesmo. da tensão do barramento CC, é a efetuação dos escaneamentos
Uma escolha errada pode resultar em um gasto maior de tempo em momentos distintos em cada uma das strings, evitando
para a execução do algoritmo, ou até mesmo iniciar a operação assim, oscilações mais acentuadas de tensão.
em um determinado ponto da curva, podendo prejudicar o É importante ressaltar que a tensão no barramento CC tem
algoritmo na busca pelo verdadeiro ponto de máxima influência direta na dinâmica dos conversores, uma vez que a
potência, uma vez que nessa situação, o escaneamento da ação de controle realizada para imposição da tensão
curva não será completo. Nesse sentido, foi inserido no representativa da máxima potência nos terminais das strings,
algoritmo o cálculo de DVoc e, sendo assim, diante de qualquer tem como premissa uma tensão de saída Vbar regulada. Logo,
quantidade de painéis utilizados nas strings, o algoritmo é um controle de tensão eficiente no barramento CC, o qual deve
capaz de detectar o ponto inicial de operação. Desta maneira, ser feito pelo ISB, auxilia o controle de extração de máxima
a faixa de escamento é minimizada tornando o escaneamento potência do sistema fotovoltaico e contribui para uma melhor
mais rápido. eficiência da técnica de MPPT.
Para evitar transitórios de tensão no barramento CC devido
ao fluxo de energia instantâneo proveniente das strings III. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
fotovoltaicas, foi incorporado ao algoritmo a ação de
mitigação desses efeitos ({8} a {14} na Figura 5). Essa ação Para obtenção dos resultados experimentais, foi construído
consiste em evitar passos acentuados de razão cíclica e, por um protótipo conforme a estrutura proposta neste trabalho,
conseguinte, danos aos semicondutores devido à sobretensão sendo este mostrado na Figura 7, assim como as placas para
causada pela mudança abrupta, seja da condição final do aquisição e conversão dos sinais, os drivers para comando das
escaneamento Dmax até o ponto ótimo detectado Dotimo, ou de chaves e o microcontrolador da texas TMS320F28335. As
Dotimo até DVoc para novamente iniciar o escaneamento. especificações do protótipo são apresentadas na Tabela II.
Ressalta-se, que o passo de razão cíclica utilizado nessa
condição (passo_transitorio) é maior que o passo utilizando
na ação principal do algoritmo, uma vez que o objetivo é
apenas evitar a transição repentina entre as ações.
Embora o trabalho retrate estratégias para maximização da
energia produzida por um sistema fotovoltaico, os resultados
obtidos foram realizados em condições reais de operação
(gerador fotovoltaico conectado na entrada do conversor
Boost e inversor multistring injetando potência ativa na rede
elétrica), daí toda a preocupação e cuidado com a dinâmica do
sistema como um todo (Conversores CC-CC e Conversor CC-
CA).
O cálculo de DVoc realizado na ação inicial do algoritmo
utiliza a tensão de circuito aberto das strings medida com os Fig. 7. Protótipo composto por duas strings com MPPT independente e
conversores ainda desabilitados. Contudo, a partir da segunda conexão à rede elétrica por meio de um inversor solar bidirecional.
iteração do algoritmo, os conversores já estão em operação e,
a tensão de circuito aberto medida inicialmente pode mudar TABELA II
em funções das condições ambientais. Sendo assim, o cálculo Especificações do Protótipo
de DVoc para as iterações seguintes foi efetuado de forma Parâmetros dos Conversores CC-CC Boost
aproximada. Considerou-se como ponto final, uma corrente no Indutores L1 e L2, L1 = L2 = 1 mH, Ferrite
conversor igual a 0,5 A, nessa situação, a tensão Capacitores, Cpv1 = Cpv2 = 660 µF, (2 x 330 µF, 500 V), Eletrolítico
correspondente nos terminais da string está muito próxima da Chaves, IRGPF40F; Diodos, FES16JT9812
tensão de circuito aberto e, dessa maneira, o cálculo de DVoc Parâmetros do Barramento CC
foi obtido utilizando essa tensão. A Figura 6 ilustra a operação Capacitor Cbar = 500 µF, 900 V, Eletrolítico
do algoritmo para essa condição. Parâmetros do Inversor Solar Bidirecional
Indutor de filtro Lf1 = 700 µH, Ferrite
Indutor de filtro Lf2 = 9 mH, Aço Silício
Capacitor de filtro Cf = 10 µF, 400 Vca
Chaves, IRG4PC40K; Diodos, FES16JT9812

A obtenção dos resultados experimentais foi realizada com


o sistema completo em funcionamento, ou seja, as duas strings
conectadas em paralelo com o barramento CC através dos
conversores CC-CC Boost, e conexão do barramento CC com
Fig. 6. Operação do algoritmo na transição de Dotimo para DVoc. a rede elétrica a partir do ISB objetivando avaliar a dinâmica
como um todo e validar toda a estrutura proposta.
O intervalo entre os escaneamentos realizados pode ser No entanto, o objetivo deste trabalho está na análise do
ajustado pelo operador através da variável tempo. Uma boa desempenho do estágio de entrada no que tange à extração de

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 182-192, abr./jun. 2018 187


máxima potência de forma independente sob condições de de irradiância escolhido para realização dos testes, mediu-se
sombreamento parcial. Os detalhes técnicos relacionados a as curvas características e, logo em seguida, iniciou-se os
operação do ISB são descritos em [23]. testes com o protótipo. Vale ressaltar que existe um pequeno
Neste sentido, com o intuito de verificar se os conversores intervalo de tempo entre as medidas feitas pelo equipamento e
estavam realmente extraindo a máxima potência disponível, as medidas realizadas com o protótipo em funcionamento, no
utilizou-se o instrumento Solar I-V. O instrumento permite a entanto, a diferença de irradiância e temperatura entres os
inserção das especificações elétricas do painel fotovoltaico e, ensaios são mínimas, o que permite uma comparação
com isso, a realização de testes rápidos para obtenção das adequada entre os resultados, para verificação da correta
curvas características I-V e P-V, as quais serão a base de operação dos conversores. Nas curvas obtidas há informações
verificação do ponto de operação dos conversores. A Figura 8 da irradiância e temperatura dos painéis no momento da
mostra o esquema de ligações feitos para utilização do realização do ensaio, assim como a tensão, corrente e a
instrumento. potência representativa do ponto máximo das curvas.
A Figura 9 apresenta a operação do conversor 1 realizando
a extração de potência sob condições de irradiância solar não
uniforme, conforme mostrado nas Figuras 9 (a) e (b). A Figura
9 (c) ilustra a operação do conversor apenas com a utilização
da técnica de MPPT P&O clássica. Como a técnica utilizada
não é imune aos efeitos de sombreamento parcial, a operação
do conversor ficou no FMPP, pois ao realizar a perturbação da
tensão em torno desse ponto não é encontrado valores maiores
de potências. Nessa situação, a perda na extração potência pela
Fig. 8. Esquema de ligação do instrumento Solar I-V. operação no FMPP foi de aproximadamente 42% da potência
total disponível pela string. A Figura 9 (d) ilustra as formas de
A obtenção das curvas I-V e P-V através do equipamento onda de tensão e corrente de entrada do conversor 1 obtidas
de medição fotovoltaico Solar I-V foi realizada antes de cada com o algoritmo para detecção do GMPP habilitado, ficando
respectivo ensaio feito no protótipo, uma vez que é necessário evidente, a correta operação do conversor na extração da
abrir o circuito para realização dos mesmos. Para cada valor máxima potência disponível.

(a) (b)

(c) (d)
Fig. 9. a) Sombreamento realizado para o ensaio; b) Curvas I-V e P-V da string 1 para irradiância de 602 W/m²; c) Tensão e corrente de entrada do conversor 1
para operação no FMPP; d) Tensão e corrente de entrada do conversor 1 para operação no GMPP.

188 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 182-192, abr./jun. 2018


(a) (b)

(c) (d)
Fig. 10. a) Curvas I-V e P-V da string 1 para irradiância de 500 W/m²; b) Curvas I-V e P-V da string 2 para irradiância de 506 W/m²; c) Sombreamento realizado
na string 2 para o ensaio; d) Tensão e corrente de entrada dos conversores 1 e 2.

(a) (b)

(c) (d)
Fig. 11. a) Curvas I-V e P-V da string 1 para irradiância de 597 W/m²; b) Curvas I-V e P-V da string 2 para irradiância de 602 W/m²; c) Sombreamento realizado
nas strings 1 e 2 para o ensaio; d) Tensão e corrente de entrada dos conversores 1 e 2.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 182-192, abr./jun. 2018 189


A Figura 10 apresenta os resultados referentes à extração
de potência de forma independente sob condições de
sombreamento parcial em uma das strings. As Figuras 10 (a)
e (b) ilustram as curvas características obtidas para as strings
1 e 2, respectivamente. A string 1 opera sob condições de
irradiância uniforme, enquanto a string 2 opera sob condições
de sombreamento parcial, conforme ilustrado na Figura 10 (c).
A Figura 10 (d) ilustra o resultado experimental obtido para as
condições apresentadas, nessa situação, o algoritmo GMPP
está habilitado, e a operação dos conversores está no ponto de
máxima potência de suas respectivas curvas.
Os painéis utilizados na string 1 são semelhantes aos da
string 2, logo as máximas potências disponíveis são próximas. Fig. 12. Comportamento da tensão do barramento CC frente à variação de
Com o sombreamento realizado, a diferença nas potências razão cíclica em caso de aumento na irradiação solar.
extraídas pelas strings foi significativa, evidenciando assim, o
prejuízo causado pelos sombreamentos parciais, que poderia IV. CONCLUSÕES
ser mais elevado caso o conversor 2 não estivesse operando no
GMPP. Este trabalho apresenta estudo e implementação de uma
A Figura 11 apresenta os resultados referentes à extração estrutura de Inversor Solar Bidirecional (ISB) monofásico do
de potência de forma independente com sombreamento parcial tipo multistring com a utilização de um algoritmo de controle
em ambas as strings. As curvas características são desenvolvido especificamente para detecção do ponto global
apresentadas nas Figuras 11 (a) e (b). O sombreamento de máxima potência sob todas as condições de operação.
realizado nas strings é ilustrado na Figura 11 (c). A Figura 11 Destaca-se que não foi evidenciado na literatura o uso desses
(d) ilustra o resultado experimental obtido e, também nessa dois artifícios juntos para maximização da energia produzida,
situação, o algoritmo está habilitado, havendo correta representando assim, uma importante contribuição deste
operação dos conversores no GMPP. trabalho.
A fim de elucidar o comportamento da tensão no Os resultados experimentais apresentados comprovam a
barramento CC e também da razão cíclica de trabalho dos eficácia do algoritmo utilizado, onde há operação no ponto
conversores Boost frente a variações na irradiação solar, global de máxima potência sob as diferentes condições que
realizou-se o teste de aumento de 400 W/m² para 800 W/m² foram impostas, incluindo condições de sombreamentos
em ambiente controlado (auxiliado por um emulador solar), complexos, em que podem surgir mais do que 3 MPPs.
apenas com a string 1 conectada, com rampa de 7 segundos. Destaca-se ainda a facilidade de implementação e pouca
A temperatura dos módulos fotovoltaicos foi mantida utilização de memória do microcontrolador. Já com o
constante em 25 ºC. algoritmo desenvolvido inativo, a operação do conversor ficou
A resposta obtida está mostrada na Figura 12. Fica em um ponto de máximo local e, nessa situação, a perda na
evidente que com o aumento gradual na irradiação solar a extração de energia chegou a 42% da potência total disponível.
tensão do barramento Vbar praticamente não se alterada, Tem-se ainda a maximização da energia extraída pela
reflexo de um bom controle efetuado pelo inversor utilização de uma estrutura do tipo multistring devido ao
multistring. Nesse caso, a razão cíclica de trabalho do controle de MPPT realizado de forma independente.
conversor pode ser observada por meio da tensão nos
terminais da string 1, uma vez que essas se relacionam. AGRADECIMENTOS
Percebe-se que a tensão Vpv também contém pouca variação,
o que já era esperado, uma vez que o aumento de irradiação Os autores agradecem à FAPEMIG (processos APQ-
está ligado principalmente à elevação da corrente dos módulos 01219-13 e TEC-PPM-00031-14), ao CNPq (processos
fotovoltaicos. Tal corrente, por sua vez, acompanha, em tempo 406845/2013-1, 472457/2013-6, 304252/2013-1 e
real, o aumento da irradiância, destacando assim, a boa 304307/2013-0) pelo incentivo financeiro concedido a este
atuação da técnica utilizada para extração de energia. trabalho.
Por fim, como o controle de tensão do barramento CC é de
responsabilidade do inversor, não há variações significativas REFERÊNCIAS
em termos de razão cíclica de trabalho dos conversores CC-
CC de entrada, mesmo em períodos transitórios como [1] H. BS, Budiyanto, R. Setiabudy, “Review of Microgrid
elucidado no resultado mostrado. Deve-se notar que pequenas Technology”, in International Conference on QiR
variações em Dboost são inevitáveis, uma vez que existe uma (Quality in Research), pp. 127-132, 2013.
ondulação característica de 120 Hz na tensão Vbar e o controle
dos conversores Boost deve adaptar a razão cíclica a fim de [2] E. B. Pereira, F. R. Martins, S. L. Abreu, R. Rüther,
manter a operação na tensão de máxima potência da string a Atlas Brasileiro de Energia Solar, 1ª ed., São José dos
todo instante. Campos, 2006.
[3] International Energy Agency, “Technology Roadmap -
Solar Photovoltaic Energy”, 2014. [Online].
Disponível: https://www.iea.org/publications/

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2017]. Array under Partially Shaded Condition”, in IEEE
[4] A. Ingegnoli, A. Iannopollo, “A Maximum Power Energy Conversion Congress and Exposition, 2009.
Point Tracking algorithm for stand-alone Photovoltaic [15] P. C. Todd, UC3854 Controlled Power Factor
systems controlled by low computational power Correction Circuit Design, Texas Instruments
devices”, in 15th IEEE Mediterranean Incorporated, 1999.
Electrotechnical Conference (MELECON), pp. 1522- [16] S. Jain, V. Agarwal, "Comparison of the performance
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MPPT Controller for Photovoltaic System Under Electrical Machines and Systems (ICEMS), pp. 829-
Partial Shading Condition”, IEEE Transactions on 834, 2014.
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Conference on Environment and Electrical
Solar Ponte Completa Bidirecional para Microrredes
Engineering and IEEE Industrial and Commercial
CC conectadas à rede CA em baixa tensão. Dissertação
Power Systems Europe (EEEIC / I&CPS Europe),
de Mestrado, UFU, Uberlândia, 2016.
2017.
[11] E. Winter, D. N. Micha, N. Y. Klein, M. P. Pires, P. L.
Souza, “Simulation of InGaAs/InGaP Multiple DADOS BIOGRÁFICOS
Quantum Well Systems for Multijunction Solar Cell”,
in 32nd Symposium on Microelectronics Technology Cláudio José de Oliveira Júnior, nascido em Uberlândia -
and Devices (SBMicro), 2017. MG em 1991, é Engenheiro Eletricista (2014), mestre (2017)
[12] Y. Okada, Y. Shoji, C.-Y. Hung, D. J. Farrell, T. pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e atualmente
Sogabe, “High Density Quantum Dot Solar Cells for cursando doutorado na mesma instituição, no Núcleo de
Concentrating Photovoltaics (CPV)”, in IEEE Pesquisa em Eletrônica de Potência (NUPEP). Suas áreas de
International Conference on Environment and interesse incluem conversores CC-CC, inversores solares e
Electrical Engineering and IEEE Industrial and sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica.
Commercial Power Systems Europe (EEEIC / I&CPS
Europe), 2017. Lucas Pereira Pires, nascido em Catalão – GO em 1992,
possui bacharel em Engenharia Elétrica pela Universidade
[13] W. T. Costa, Modelagem, Estimação de Parâmetros e
Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) no ano de 2014.
Método MPPT para Módulos Fotovoltaicos. Tese de
Desenvolveu seus estudos de mestrado no NUPEP (Núcleo de
Doutorado, UFES, Vitória, 2010.
Pesquisa em Eletrônica de Potência) da Universidade Federal
de Uberlândia (UFU) em 2016 na área de inversores

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 182-192, abr./jun. 2018 191


bidirecionais. Atualmente faz parte do mesmo núcleo Minas Gerais, Belo Horizonte. Atualmente é professor
desenvolvendo seu estudo de doutorado na área de inversores associado 2 da Faculdade de Engenharia Elétrica da
fotovoltaicos de baixo custo. Seus principais interesses Universidade Federal de Uberlândia, vinculado ao Núcleo de
envolvem estudos de microrredes CC e sistemas fotovoltaicos Pesquisa em Eletrônica de Potência (NUPEP), Uberlândia,
conectados e desconectados da rede elétrica. Minas Gerais. Sua área de atuação envolve inversores PWM,
paralelismo de inversores, correção do fator de potência e
Luiz Carlos de Freitas, nascido em Monte Alegre (MG), em novas tecnologias usando controle digital.
1952, é engenheiro eletricista (1975) pela Universidade
Federal de Uberlândia - Faculdade de Engenharia Elétrica Luiz Carlos Gomes de Freitas, nascido em Uberlândia - MG
(UFU-FEELT, Uberlândia / MG) mestre (1985) e doutor em 1976, é engenheiro eletricista (2001), mestre (2003) e
(1992) em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de doutor (2006) pela Universidade Federal de Uberlândia -
Santa Catarina – Instituto de Eletrônica de Potência (UFSC- Faculdade de Engenharia Elétrica (UFU - FEELT).
INEP), Florianópolis (SC). Atualmente é professor titular da Atualmente é professor associado da Faculdade de Engenharia
Faculdade de Engenharia Elétrica (FEELT) da UFU, Bolsista Elétrica da UFU, vinculado ao Núcleo Pesquisa em Eletrônica
de Produtividade em Pesquisa 1B do CNPq, vinculado ao de Potência (NUPEP), e bolsista de Produtividade em
Núcleo de Eletrônica de Potência (NUPEP) da mesma Pesquisa 2 do CNPq. Sua área de atuação é eletrônica de
Universidade. Possui 54 artigos publicados em periódicos potência e suas áreas de interesse incluem qualidade da
nacionais e internacionais, e mais de 200 artigos publicados energia elétrica, correção ativa do fator de potência, técnicas
em conferências relacionados ao desenvolvimento de de comutação não dissipativa, conversores CC-CC e CA-CC,
conversores CC-CC, CC-CA e CA-CC com comutação suave inversores, retificadores híbridos, técnicas de controle
e retificadores multipulsos. Orientou 20 dissertações de utilizando DSP e aplicações da eletrônica de potência em
mestrados e seis teses de doutorado como orientador principal. sistemas de geração distribuída. Em 2012 recebeu o Prize
Desde 1996 é pesquisador com bolsa de produtividade em Paper Award from IEEE-IAS-Industrial Automation and
pesquisa do CNPq. O professor Luiz Carlos de Freitas Control Committee por sua contribuição no desenvolvimento
publicou no PESC’92, no APEC’93, no PESC’93 e na IEEE de retificadores híbridos.
Transactions on Power Electronics - janeiro/1995, a evolução
de células de comutação suave que promovem a entrada e Danillo Borges Rodrigues, nascido em Uberlândia (MG), em
saída de condução de interruptores com tensão zero, as quais 1986, é engenheiro eletricista (2011), mestre (2013) e doutor
têm sido amplamente utilizadas em pesquisas relativas à (2016) pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Eletrônica de Potência desde então. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro (UFTM) e pesquisador colaborador do
Ernane Antônio Alves Coelho, nascido em Teófilo Otoni, Núcleo de Pesquisa em Eletrônica de Potência da UFU
Minas Gerais, em 1962, é engenheiro eletricista (1987) pela (NUPEP). Suas áreas de interesse incluem retificadores
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, híbridos e técnicas de controle digitais em conversores
mestre (1989) pela Universidade Federal de Santa Catarina, utilizados para mitigação de conteúdos harmônicos de
Florianópolis e doutor (2000) pela Universidade Federal de corrente e compensação de afundamentos de tensão.

192 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 182-192, abr./jun. 2018


INVERSORES DO TIPO FORWARD PARA CONEXÃO DE FONTES
RENOVÁVEIS À REDE ELÉTRICA

Gabriel Grunitzki Facchinello, Roberto Francisco Coelho, Telles Brunelli Lazzarin


Universidade Federal de Santa Catarina - EEL/INEP, Florianópolis – SC, Brasil
Inversores do Tipo Forward para Conexão de Fontes Renováveis
e-mail: gabriel.facchinello@inep.ufsc.br, à Rede Elétrica
roberto@inep.ufsc.br, telles@inep.ufsc.br
Forward-Type Inverters for Grid Connected Renewable Power Sources
Gabriel Grunitzki Facchinello, Roberto Francisco Coelho, Telles Brunelli Lazzarin
Resumo – Este artigo propõe dois inversores do tipo are experimentally validated through an application with
Forward, os quais foram concebidos para a conexão de 85 V as input voltage and 110 V as grid rms voltage.
fontes renováveis à rede elétrica através de um estágio The results showed a current injected into the grid with
único de conversão. As topologias permitem fazer o a power factor higher than 0.98 and a total harmonic
controle da corrente injetada na rede e da tensão de distortion lower than 3.75%, in addition to an efficiency
entrada e, devido ao ganho do transformador, podem ser higher than 84% in nominal power.
aplicados em tensões de entrada menores ou maiores que
a tensão da rede. As duas topologias operam no modo Keywords – Forward Converter, Grid, Inverters,
de condução contínuo e diferem-se entre si pela técnica Renewable Energy Sources.
de desmagnetização do transformador. Uma emprega
enrolamento terciário e foi concebida para potências entre I. INTRODUÇÃO
200∼500 W. A outra utiliza a estrutura Forward com
dois interruptores e, assim, desmagnetiza o transformador Os sistemas elétricos de potência vêm se reconfigurando
pelo enrolamento primário e foi concebida para sistemas nos últimos anos com a integração de fontes renováveis
de 500∼800 W. O artigo aborda princípio de operação, conectadas em média e baixa tensão, desenvolvendo assim,
análise estática, função de transferência, dimensionamento o conceito de geração distribuída (GD), cujo intuito principal
dos filtros e projeto do controle das topologias. Elas são é a geração em pequena escala e localizada próxima aos
validadas experimentalmente em uma aplicação com 85 centros consumidores [1]. Os sistemas de geração de fontes
V de tensão de entrada e 110 V eficazes de tensão de renováveis são conectados à rede elétrica por intermédio de
rede. Os resultados mostraram uma corrente injetada um estágio inversor, que pode ser de estágio único ou de
à rede elétrica com fator de potência maior que 0,98 e múltiplos estágios.
uma distorção harmônica menor que 3,75%, além de um Normalmente, sistemas de múltiplos estágios são
rendimento acima de 84% em potência nominal. compostos por dois estágios de conversão, um estágio
cc-cc elevador seguido de um estágio cc-ca abaixador. Esta
Palavras-chave – Conversor Forward, Fontes Renováveis configuração propicia a redução da corrente de entrada
de Energia, Inversores, Rede Elétrica. do estágio cc-ca e dos capacitores de barramento. Em
contrapartida, utiliza um maior número de componentes,
FORWARD-TYPE INVERTERS FOR GRID resultando em um aumento de custo e volume, quando
CONNECTED RENEWABLE POWER comparado ao sistema de único estágio. A solução clássica
SOURCES monofásica de dois estágios utiliza um conversor cc-cc do
tipo Boost e um inversor ponte completa. Outras topologias
Abstract – This paper proposes two new Forward- também são abordadas na literatura [2]–[6], as quais podem
type inverters which were designed for single stage grid- ser mais adequadas conforme o tipo de fonte, níveis de tensão
connected renewable power sources. The topologies allow e de potência.
to control the current to be injected in the grid, the Em outra direção, há os inversores de estágio único, os
input voltage and, due to the transformer gain, they quais mantém a capacidade de rastrear o ponto de máxima
can be used for input voltages lower or higher than the potência (MPP - do inglês Maximum Power Point) do sistema
grid voltage. The two topologies operate in continuous gerador (ou seja, regular tensão, corrente ou potência de
conduction mode and differ amongst themselves due to the entrada), de injetar uma corrente com alto fator de potência
transformer demagnetization technique. One uses tertiary à rede elétrica e adequar os níveis de tensão (ser abaixador
winding and was intended to powers between 200∼500 W. ou elevador conforme a aplicação). Grande parte dos
The other uses the two-switches Forward structure and, microinversores empregados em baixa potência e integrados
thereby, demagnetizes through the primary winding and com a fonte geradora são soluções de estágio único, que
was intended to systems with 500∼800 W. In this paper apresentam algumas vantagens como modularidade, aumento
the operation principles, the static analysis, the transfer de eficiência de rastreamento do MPP, uma vez que podem
function, the filter and control design are discussed. They diminuir os problemas com sombreamento (para geração
fotovoltaica) e a redução dos custos de instalação por utilizar
Artigo submetido em 18/10/2017. Primeira revisão em 24/12/2017. Aceito
menor quantidade de material [4].
para publicação em 18/02/2018 por recomendação do Editor Marcelo Cabral Atualmente, há diversas pesquisas na área de inversores
Cavalcanti. de estágio único, especialmente para os microinversores, com

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 193-203, abr./jun. 2018 193


o intuito de encontrar as topologias mais adequadas para são apresentadas a verificação experimental e a análise das
as suas diversas aplicações (fotovoltaica, eólica de pequeno topologias.
porte, célula combustível, etc.). Em [7] são apresentadas e
comparadas as topologias em ponte completa, Flyback, Buck- II. ESTRUTURAS PROPOSTAS
Boost e Z-Source como opções para o inversor de estágio único
aplicado em microgeração. Esta seção apresenta as topologias propostas e desenvolve
Em aplicações cujas potências são de até poucas centenas a análise de uma delas.
de watts (baixas potências), a literatura mostra que a topologia
Flyback apresenta bom desempenho, principalmente quando A. Topologias Propostas
opera no modo de condução descontínuo (DCM, do inglês As duas topologias propostas de inversores tipo Forward
Discontinuous Conduction Mode). Ademais, ela possui são apresentadas na Figura 1, sendo uma denominada de
baixo custo, simplicidade, reduzido número de componentes, inversor Forward a um interruptor (Figura 1(a)) e a outra
transformador que permite o ajuste dos níveis de tensão e, no de inversor Forward a dois interruptores (Figura 1(b)). Elas
DCM, não se faz necessário controlar a corrente injetada na foram concebidas para a conexão com a rede elétrica, uma
rede [8]–[11]. vez que não processam potência reativa, tendo em vista as
Entretanto, para aplicações que exigem potências acima fragilidades da solução Flyback, abordada em [9] e, tendo
de algumas centenas de watts, o DCM apresenta como como referência estruturas de dois estágios que utilizam o
desvantagens as elevadas perdas de comutação devido aos conversor Forward como conversor cc-cc [19].
bloqueios dissipativos (em virtude dos elevados valores O lado primário das topologias propostas pode ser
de pico de corrente), elevadas perdas no cobre/ferro dos implementado de duas maneiras. Uma é composta pela
magnéticos em razão da elevada excursão de fluxo no indutor estrutura Forward tradicional, que utiliza um interruptor
acoplado e elevadas perdas de condução nos dispositivos modulado em alta frequência e a técnica de desmagnetização
(também graças aos elevados valores eficazes e de pico das do núcleo é feita por intermédio de um enrolamento terciário
correntes) [3]. (Figura 1(a)). A segunda consiste em uma configuração
Segundo [12], essas desvantagens são agravadas para em ponte, o qual emprega dois interruptores modulados em
aplicações com baixa tensão de entrada (como em fotovoltaica alta frequência e dois diodos (Figura 1(b)). Nesse caso, a
e em alguns geradores eólicos de pequeno porte), tendo em desmagnetização do núcleo ocorre através dos diodos e, se
vista que as correntes de entrada são elevadas. Algumas N prim = Nterc , a tensão máxima de bloqueio dos interruptores
opções são descritas na literatura para solucionar esse do primário é grampeada na tensão de entrada.
problema, como a utilização de técnicas de comutação suave Do lado secundário do transformador, ambas as topologias
[10], combinação de modos de condução entre descontínuo e podem ser vistas como a associação de dois conversores
crítico [4], [8], [9], ou, até mesmo, condução contínua [13] o Forward espelhados, sendo que, um opera no ciclo positivo
que exigiria componentes extras e aumento na complexidade e o outro no ciclo negativo da rede elétrica. Essa operação
de projeto. complementar é garantida por meio de dois interruptores que
Complementarmente, a literatura apresenta topologias de comutam na frequência da rede elétrica S2 e S3 (Figura 1).
inversores que derivam da topologia Forward. Em [14] uma Durante o semi-ciclo positivo da rede elétrica S2 conduz, o que
estrutura Forward de três níveis é apresentada, [15] propõe habilita o secundário 1, enquanto S3 se encontra bloqueado e
uma topologia com ligação paralelo-série de dois estágios desabilita o secundário 2. Para o semiciclo negativo, é válida
capaz de reduzir o estresse de tensão dos interruptores de a operação complementar.
baixa frequência. Em [16] um microinversor de estágio único, No ponto de conexão com a rede (pontos A e B indicados
no modo de condução crítico, é proposto para aplicações em na Figura 1(a)) deve-se incluir um filtro. Neste momento,
sistemas de geração fotovoltaicos e testado com um protótipo por simplicidade, é considerado um filtro do tipo L (maiores
de 50 W. Entretanto, ainda não há uma solução consolidada no detalhes sobre o projeto do filtro serão abordados na seção III.).
que diz respeito a inversores de único estágio para aplicações A aplicação dos inversores propostos é em fontes
em baixas potências. renováveis de energia, e.g. fotovoltaico ou aerogeradores
Dessa forma, para aplicações que compreendem a faixa até de pequeno porte. Por este motivo, a fonte de entrada está
200 W, a literatura tende para as soluções no DCM, similares representada por uma fonte de corrente, em paralelo com o
ao Flyback. A literatura também mostra uma tendência capacitor de desacoplamento (Cin ).
de que, para potências maiores de 1 kW, as soluções de
B. Estados Topológicos
dois estágios parecem ser mais adequadas e consolidadas
[17]–[19]. Entretanto, há uma lacuna existente entre essas Os inversores Forward propostos, operando em CCM,
soluções, em que ainda não há um consenso sobre o modo de possuem seis estados topológicos, três deles aplicáveis para
operação e o tipo de topologia a ser empregada. Assim, este cada semiciclo da rede elétrica. A análise aqui apresentada
trabalho contribui com o estudo de inversores do tipo Forward considera os três primeiros estados como sendo do semiciclo
de único estágio, operando no modo de condução contínuo positivo da tensão da rede e os três subsequentes do semiciclo
(CCM, do inglês Continuous Conduction Mode) que pode ser negativo.
uma opção atraente para as fontes renováveis nesta faixa de A topologia inversor Forward a um interruptor, ilustrada
potência [20]. As topologias foram brevemente citadas em na Figura 1(a), será utilizada para apresentar os estados
[20], por intermédio de um estudo teórico. Neste trabalho topológicos e as principais formas de onda. Entretanto,
a análise pode ser estendida para a estrutura ilustrada na

194 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 193-203, abr./jun. 2018


vS2
pelo terciário e pela fonte de entrada. A corrente
Nprim N D1 iD1 A iLout fornecida para a fonte de saída circula pelo diodo de
vprim T vsec1
Nterc sec L vgrid roda-livre D2 , e, como a tensão sobre o indutor de filtro
S2 vAB
Iin
Cin
D2 é negativa, a corrente decresce.
Vin iD2 • Estado 3 [to f f − Ts ]: tem início quando a corrente de
Nsec2 B magnetização se anula. Neste instante, o diodo D5 se
D5
iD5 S1 D4 polariza inversamente e nenhuma tensão é induzida nos
iS1 S3
enrolamentos do transformador. Como o conversor está
operando em MCC, a corrente da fonte de saída continua
D3
circulando pelo diodo D2 . Dessa forma, o estado de roda-
(a) livre, que iniciou no segundo estado topológico, continua
D1 neste período.
T • Estado 4 [π +to − π +tc ]: o quarto estado topológico tem
S4 Nsec1 L Vgrid início quando o interruptor S1 é comandado a conduzir
D5 S2
D2 durante o semiciclo negativo da tensão da rede. A
Cin operação do lado primário é idêntica ao estado 1. Já
Iin
Nsec2 no lado secundário, a corrente injetada na rede circula
Nprim
D6 S1 D4 pelo secundário 2, pois o diodo D3 está polarizado
S3
diretamente e o interruptor S3 está conduzindo. Os
diodos D1 , D2 , D4 e D5 estão inversamente polarizados.
D3
• Estado 5 [π + tc − π + to f f ]: tem início quando o
(b)
interruptor S1 é comandado a bloquear. A operação do
Fig. 1. Topologias propostas de inversores conectados à rede elétrica: primário é idêntica ao estado 2. No semiciclo negativo
(a) Inversor Forward a um interruptor; (b) inversor Forward a dois da rede, a corrente da fonte de saída circula pelo diodo
interruptores. de roda-livre D4 .
• Estado 6 [π +to f f −π +Ts ]: tem início quando a etapa de
Figura 1(b), tendo em vista que a única diferença consiste na magnetização termina. No secundário, a etapa de roda-
técnica de desmagnetização adotada. Os circuitos equivalentes livre do diodo D4 é mantida, por onde circula a corrente
de cada estado estão ilustrados na Figura 2. fornecida à rede elétrica.
Os seis estados topológicos são descritos a seguir, sendo os
três primeiros válidos para o semiciclo positivo da rede elétrica As principais formas de onda do inversor Forward a
e consideram o interruptor S2 acionado e S3 bloqueado. Já um interruptor estão ilustradas na Figura 3, onde VGS1 (t)
os outros três são para o semiciclo negativo e consideram representa a tensão de gatilho do interruptor S1 , vL (t)
o interruptor S3 acionado e S2 bloqueado. Vale destacar representa a tensão sobre o indutor de saída, vS (t) representa
que a descrição das etapas desconsidera a dispersão do a tensão sobre o interruptor S1 , vAB (t) representa a tensão
transformador. sobre os pontos A e B e v prim (t), vsec (t) e vterc (t) referem-se
às tensões nos enrolamentos primário, secundário e terciário
• Estado 1 [to -tc ]: tem início quando o interruptor S1 respectivamente, durante um período de comutação (Ts ) e
é comandado a conduzir e, neste instante, a tensão considerando o semiciclo positivo da tensão da rede.
de entrada Vin é aplicada ao enrolamento primário. As principais formas de onda de corrente estão
Assim, a corrente de magnetização do transformador apresentadas na Figura 4, onde iLm (t) representa a corrente do
começa a crescer com derivada constante, enquanto indutor magnetizante, iL (t) representa a corrente do indutor
nos enrolamentos secundários tensões proporcionais são de saída, iS (t) a corrente do interruptor S1 , iD1 (t), iD2 (t) e
induzidas. Com base nas polaridades dos enrolamentos iD5 (t) as correntes nos diodos.
secundários, o diodo D1 é diretamente polarizado e O intervalo de tempo tc refere-se ao tempo de condução
conduz a corrente injetada na rede, enquanto D2 , D3 , do interruptor S1 , to f f refere-se ao tempo em que a corrente
D4 e D5 estão reversamente polarizados. Durante este magnetizante se anula e Ts representa o período de comutação.
intervalo, a corrente do indutor de filtro cresce com
derivada constante e o final deste estado acontece quando III. ANÁLISE MATEMÁTICA
o interruptor S1 é comandado a bloquear. A análise matemática será desenvolvida com base nas
• Estado 2 [tc −to f f ]: o estado de desmagnetização e roda- etapas de operação e nas formas de onda, ilustradas nas
livre tem início quando o interruptor S1 é comandado a Figuras 2, 3 e 4.
bloquear, o que polariza os diodos D5 e D2 diretamente
e bloqueia o diodo D1 . Durante este intervalo, a
relação n1 iM ampere-espiras, armazenados no indutor
magnetizante do transformador, que está presente no
enrolamento primário, é transferida para o enrolamento
terciário, por intermédio da relação iM n prim /nsec . Assim,
a corrente de desmagnetização circula pelo diodo D5 ,

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 193-203, abr./jun. 2018 195


Isec1 Igrid
Iprim VGS1(t)
Nterc Nprim Nsec1 L +
D1 S2
+
D2 Vgrid
tc toff Ts t
Vin vL(t) nVin-vout

D5 Nsec2
S1 D4 t
S3 -vout
vprim(t)
D3 Vin
(a)
Igrid t
-Vin Nprim⁄Nterc
vS(t) Vin(1+Nprim⁄Nterc)
Nterc Nprim Nsec1 L +
D1 S2
+ Iterc D2 Vgrid Vin
Vin
D5 Nsec2
S1 t
D4 S3 vsec(t) Vin Nsec⁄Nprim

D3 t
(b) -Vin Nsec⁄Nterc
vterc(t)
Igrid Vin
IS2
Nterc Nprim Nsec1 L + t
D1 S2
+ D2 Vgrid -Vin
Vin vAB(t) vsec
D5 Nsec2
S1 D4 S3 t
Fig. 3. Principais formas de onda de tensão em alta frequência dos
D3
inversores.
(c)

Iprim Igrid
VGS1(t)
Nterc Nprim Nsec1 L
D1 S2
+
D2 Vgrid
Vin + tc toff Ts t
iL(t) nVin-vout -vout
D5 Nsec2 I
sec2
S1 D 4 S3

D3 t
iS(t)
(d) Vin
Igrid

Nsec1 nVin-vout t
Nterc Nprim L
D1 S2 iD1(t)
D2 IS3 Vgrid
+ Iterc +
Vin
D5 Nsec2
S1 t
D4 S3 iD2(t) -vout
D3
(e) t
Igrid iD5(t) -Vin
Nterc Nprim Nsec1 L
D1 S2
D2 IS3 Vgrid
+ + I Lmpk t
Vin iLm(t)
Vin ⁄Lm Vin Nprim ⁄ LmNsec
D5 Nsec2
S1 D4 S3
t
D3 Fig. 4. Principais formas de onda de corrente em alta frequência dos
(f) inversores.

Fig. 2. Estados topológicos: (a) 1o Estado (t0 − tc ); (b) 2o Estado


(tc − to f f ); (c) 3o Estado (to f f − Ts ); (d) 4o Estado (π + to − π + tc );
(e) 5o Estado (π + tc − π + to f f ); (f) 6o Estado (π + to f f − π + Ts ).

196 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 193-203, abr./jun. 2018


Os valores assumidos pela corrente do indutor, durante os 0.9
0.8
estados topológicos, estão apresentados em: 0.7
0.6
d 0.5
0.4
0.3
Vin NNsec
prim
1
−Vgrid 0.2
0.1 0.2
iL (t) = t + Io → {t0 ≤ t ≤ tc } (1) 0 0.4
Lout π 0.6α ⁄n
π ⁄4 0.8
Vgrid   π⁄2
π ⁄4 0 1
iL (t) = ILpk − t → tc ≤ t ≤ t o f f (2) ωt
Lout Fig. 5. Variação da razão cíclica dos inversores propostos.
Vgrid  
iL (t) = IL (to f f ) − t → to f f ≤ t ≤ Ts (3)
Lout disso, o filtro de terceira ordem provém atenuação de
60 dB/dec ao longo do espectro de frequência acima da
onde a corrente de pico do indutor de filtro ILpk pode ser
ressonância e propicia saída indutiva no ponto de conexão com
definida como:
a rede elétrica, o que previne correntes de inrush [21].
iin L1 vC L2 igrid
Vin NNsec
prim
1
−Vgrid
ILpk = DTs (4) iC id
L Cd
e a razão cíclica D é definida como: vin C vgrid
Rd
tc
D = . (5)
Ts Fig. 6. Configuração de filtro escolhida para a aplicação.

A. Ganho Estático O projeto dos indutores de filtro foi feito com base em [22] e
Com base na corrente média no indutor de filtro, é possível [23]. Nesse caso, a determinação da indutância é definida com
obter o ganho estático das estruturas propostas, conforme: base na máxima ondulação de corrente admitida na frequência
de comutação.
  Por intermédio da substituição de (8) em (4), é possível
Nsec
VL  = d Vin − vgrid − vgrid (1 − d) (6) derivar uma expressão para definir o pico de corrente no
N prim
indutor de saída, como mostrado em:
Vgrid Nsec
= dVin (7)
Vin N prim
∆iL = iL (DTs ) (11)
onde d corresponde à variação senoidal da razão cíclica,  
Vin NNprim
sec
− vgrid (ωt)
representada em (5). = d(ωt)Ts (12)
Com base em (7), é possível derivar uma expressão que L
representa o comportamento da razão cíclica:  
Vin n −Vgrid pk sen(ωt) α
= sen(ωt)Ts . (13)
L n
α
d(ωt) = sen(ωt) (8)
n A equação (13) pode ser representada graficamente como
ilustrado na Figura 7.
onde as constantes α e n podem ser definidas conforme:
0.9  =0,1  =0,2
0.8 n n
 =0,3
n
0.7
Vgrid pk  =0,4
n
α = (9) 0.6  =0,5
Vin iL 0.5 n
 =0,6
n
Nsec 0.4  =0,7
n
n = . (10) 0.3  =0,8
N prim 0.2 n
 =0,9
n
0.1
A equação (8) pode ser representada graficamente 0 π⁄� π⁄� �⁄�
π π
conforme ilustrado na Figura 5. ωt
Fig. 7. Variação da máxima ondulação de corrente admitida no
indutor.
B. Projeto do Filtro de Saída
O filtro de terceira ordem LCL com amortecimento passivo,
Assim, uma expressão para definir a indutância do indutor
ilustrado na Figura 6, foi definido como a configuração
de filtro, com base na máxima ondulação de corrente
de filtro mais apropriada para a aplicação. Essa escolha
permitida, pode ser obtida isolando L em (13), conforme:
pode ser fundamentada uma vez que ele fornece melhor
desacoplamento entre o filtro e a impedância da rede, com
Vgrid pk  α 
menor ondulação de corrente do lado da rede e menor
L = sen(ωt) 1 − sen(ωt) (14)
dependência com os parâmetros da rede [21], [22]. Além fs ∆iL max n

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 193-203, abr./jun. 2018 197


e o resultado pode ser simplificado para seu valor máximo TABELA I
(sen(ωt) = 1), resultando em: Características dos Filtros de Saída
Indutâncias L1 e L2 0, 85 mH
Vgrid pk α Capacitores C e Cd 0, 82uF ± 10%
L = 1− . (15) Resistor Rd 60
fs ∆iL max n
Segundo [22], escolhendo-se ambos os indutores iguais se C. Projeto do Filtro de Entrada
otimiza o valor de capacitância requerido para o filtro, sendo Em sistemas de geração renovável monofásicos, a potência
assim: injetada na rede elétrica é variante no tempo, enquanto a
potência extraída da fonte geradora deve ser constante, de
modo a maximizar a geração de energia. Consequentemente,
L1 = αL L2 (16) uma técnica de desacoplamento entre a potência instantânea
αL = 1. (17) de entrada e a potência alternada instantânea de saída deve ser
aplicada nestes casos.
Segundo [24], L1 deve sempre ser maior ou igual a L2 por Dessa forma, elementos armazenadores de energia devem
razões de estabilidade. ser posicionados entre a entrada e a saída de modo a
O capacitor de filtro é calculado com base na máxima taxa balancear (desacoplar o desbalanceamento) a diferença entre
de circulação de reativos permissível, considerando como boa as potências instantâneas de entrada e de saída. Usualmente,
prática de projeto valores inferiores a 5% [25]. capacitores eletrolíticos são utilizados como elementos de
Quanto maior o valor da capacitância escolhida, maior será desacoplamento, devido às suas elevadas capacitâncias [27].
a circulação de reativos pelo capacitor e, assim, mais corrente Há vários estudos na literatura que objetivam a troca do
será demandada do indutor de filtro, o que resultará em uma capacitor eletrolítico por outras tecnologias, ou a melhora
indutância maior. Isso então, geraria um aumento na queda de suas características, com o intuito de superar suas
de tensão do filtro e, consequentemente, a diminuição da desvantagens de baixa vida útil, principalmente quando opera
eficiência do inversor [23]. em elevadas temperaturas [28]–[32].
Baseado nisso, a capacitância pode ser determinada por Entretanto, sendo o foco deste trabalho a análise dos
meio de: inversores, optou-se pela solução clássica do uso de
capacitores eletrolíticos no estágio de desacoplamento de
entrada. Assim, considerando pinv a potência de entrada do
Qmax inversor, vin a tensão de entrada e iinv a corrente de entrada do
C = 2
(18)
ωgrid Vgridrms inversor, é possível definir:

onde Qmax representa a potência máxima reativa admissível,  


ωgrid a frequência angular da rede elétrica e Vgridrms o valor δ vin
pinv (t) = vin iinv +Cin . (21)
eficaz da tensão da rede. δt
De modo a equilibrar o fator de qualidade do filtro e as
perdas nele, optou-se por definir a relação entre os capacitores Observando (21), é possível concluir que ela consiste em
de filtro como sendo unitária αC = Cd /C = 1 [22]. uma equação diferencial ordinária com coeficientes variáveis,
Para supressão da ressonância do filtro, propõe-se a sendo, então, não-linear. Linearizando-a em torno de um
aplicação de uma técnica de amortecimento, que pode ser ponto de operação e perturbando as variáveis em (21), é
classificada como ativa ou passiva. Neste caso, devido a possível derivar a capacitância de filtro como representado em:
simplicidade e baixo custo uma técnica passiva fora escolhida,
baseada na metodologia proposta em [26]. Dessa forma, o √
Pin 1 − 4∆Vin%
resistor de amortecimento pode ser definido como: Cin = (22)
2ωgrid Vin2 ∆Vin%
√   onde Pin representa a potência de entrada, ωgrid representa
αC + 1 Lp αC + 1 Lp
≤ Rd(LCL) ≤ (19) a frequência angular da rede e ∆Vin% representa a máxima
αC C αC C ondulação da tensão de entrada admitida em %.
onde L p é definido por:
IV. PROJETO DO CONTROLE

L1 L2 A estrutura de controle proposta está ilustrada na Figura 8,


Lp = (20) em que Vinre f representa a tensão de entrada de referência, que
L1 + L2
pode ser obtida do resultado de uma técnica de MPPT (do
e αC = Cd /C. inglês, Maximum Power Point Tracking) escolhida para uma
As especificações do filtro definido para os conversores está fonte renovável de energia.
resumida na Tabela I. Neste caso, a malha de controle fora implementada
digitalmente no DSP F28069M e os resultados apresentados
consideram esta premissa. A técnica adotada para geração
da referência de corrente em sincronismo com a rede elétrica

198 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 193-203, abr./jun. 2018


(b), respectivamente. Os pontos de máximo rendimento 40A
40 A 400
400V V
ficaram próximos em ambos os protótipos, sendo 87,1%
na estrutura a 1 interruptor e 86,5% na estrutura a 2 Vgrid
interruptores. O rendimento do conversor é limitado pelas
C4 igrid C3
perdas no transformador, conforme discutido na análise de -2008.0
V A

perdas e ilustrado na Figura 13. Os valores obtidos são


adequados para um inversor de único estágio, elevador,
isolado, com circulação de componentes em alta e baixa
frequência (típico de inversores monofásicos). É válido -40
-40AA -400
-400 V V
destacar que o rendimento de 84, 8% equivaleria a um sistema C3 BwL DC C4 BwL DC Tbase 0.00 ms Trigger Line

de dois estágios com rendimento de 92% em cada conversor.


50.0 V/div 10.0 A/div 5.00 ms/div Auto
0.00 mV 0.00 mA 5 MS 100 MS/s Edge Negative

O formato das curvas de rendimento presentes na Figura 12 (a)


permite concluir que o inversor Forward a 2 interruptores
está com os componentes mais adequados para a potência V 40
200V
200 40AA

de aplicação, em comparação com o conversor com terciário


Vin
(esta foi projetada com componentes iguais aos da topologia
com 2 interruptores, de maior potência). Isto explica o fato Iin
de, na curva do conversor anterior, o rendimento ainda estar C2 -2008.0
V A C1
crescendo em carga nominal.
20 A 200 V Vgrid

-200
-200 V -40
-800AA
V -40 V
igrid
C4 C3 C1 BwL DC
50.0 V/div
C3 BwL DC
10.0 A/div
Tbase 0.00 ms
5.00 ms/div
Trigger
Auto
Line

0.00 mV 0.00 mA 5 MS 100 MS/s Edge Negative

(b)

-20 A -200 V Fig. 11. Tensão e corrente do inversor Forward a 2 interruptores: (a)
C3 BwL DC C4 BwL DC Tbase 0.00 μs Trigger Line de saída; (b) de entrada.
50 V/div 5 A/div 10.0 ms/div Auto
0.00 V 0.00 mA 2.5 MS 50 MS/s Edge Positive

(a)
90
200 V 20 A 88
86
Vin
Rendimento [%]

84
82
C1
Iin 80
78
C2 76
74
-200 V -20
-800 A
V
72
C1 BwL DC C2 BwL DC Tbase 0.00 μs Trigger Line
50.0 V/div 5.00 A/div 10.0 ms/div Auto 70
0.00 V -9.45 A 2.5 MS 50 MS/s Edge Positive 0 20 40 60 80 100
(b) Potência de Saída [%]
(a)
Fig. 10. Tensão e corrente do inversor Forward a 1 interruptor: (a) de
saída; (b) de entrada. 87
86
O fator de potência para corrente injetada de 10%
Rendimento [%]

85
até a potência nominal, para os inversores a 1 e a 2 84
interruptores encontram-se ilustrados nas Figuras 14 (a) e 83
(b), respectivamente. Como é possível observar, o fator de 82
potência varia de 0,895 a 0,985 para o conversor a 1 interruptor
81
e de 0,933 a 0,989 para a estrutura a 2 interruptores.
A Figura 13 ilustra um detalhamento das perdas teóricas 80

de ambas as topologias e como é possível observar para 79


0 20 40 60 80 100 120
ambos os casos o transformador é responsável por um Potência de Saída [%]
grande percentual das perdas, seguido do(s) interruptor(es) (b)
(MOSFET) do enrolamento primário (perdas de comutação e
condução devido às elevadas correntes). Fig. 12. Rendimento experimental para degraus de corrente injetada:
(a) inversor Forward a 1 interruptor; (b) inversor Forward a 2
interruptores.

200 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 193-203, abr./jun. 2018


4% maiores perdas de condução tanto nos interruptores quanto
7% 5% no enrolamentos do transformador, no lado primário. Além
Prim
disso, os IGBTs dos secundários também são responsáveis
11% Sec
Terc por um percentual significativo das perdas, correspondendo
5% 60% essencialmente à perdas em condução. O item descrito como
MOSFET
8% "Outros", na Figura 13, corresponde a outras fontes de perdas
IGBTs
Diodos não segmentadas como os filtros de entrada e de saída.
Outros
VI. CONCLUSÕES

(a) Este artigo propôs, analisou e desenvolveu duas novas


topologias de inversores tipo Forward. As topologias foram
4,5%
concebidas a partir do conceito de um conversor isolado com
6% entrada em tensão e saída em corrente. Essas características
10% Prim tornam as topologias atraentes para aplicações em sistemas
42%
Sec renováveis de energia, de baixa potência, conectados à rede
MOSFETs
30% elétrica. Os sistemas propostos são de único estágio e operam
IGBTs
7,5% no modo de condução contínuo.
Diodos O filtro LCL com amortecimento passivo, foi efetivo na
Outros filtragem do conteúdo harmônico de alta frequência vindo da
comutação do conversor. A técnica de amortecimento adotada
(b) também foi efetiva para o amortecimento das ressonâncias,
Fig. 13. Distribuição das perdas teóricas: (a) inversor Forward a 1
sem comprometer a eficiência do conversor.
interruptor; (b) inversor Forward a 2 interruptores. As topologias propostas apresentam isolação por meio
de um transformador de alta frequência, o que representa
0,99
inúmeras vantagens quando comparado a sistemas que
0,98 utilizam transformadores de baixa frequência como peso,
0,97 volume e custo. Além disto, a presença do transformador
permite aplicar a estrutura em tensões de entrada menores,
Fator de Potência

0,96
0,95 iguais ou maiores do que a tensão da rede.
0,94
A característica abaixadora do conversor Forward
0,93
0,92
simplifica o sistema e o projeto do controle. As malhas de
0,91 controle propostas operam em cascata, sendo a malha de
0,90 corrente interna e rápida e a malha de tensão externa e lenta.
0,89
0 20 40 60 80 100 110 O controle de corrente garante os padrões mínimos de
Potência de Saída [%] qualidade estabelecidos por norma para injeção de corrente
(a) na rede elétrica. O controle de tensão, atende a necessidade
de controlar a tensão de entrada do inversor, ou seja, controlar
1,00
0,99
o fluxo de potência do inversor e isto permite sua aplicação
em fontes renováveis. A referência de tensão pode vir de um
Fator de Potência

0,98
0,97 método de rastreamento do MPP.
0,96 Os resultados experimentais apresentados validam o
0,95 princípio de operação, projeto e dimensionamento dos
0,94 conversores, bem como a modelagem e a estratégia de controle
0,93
0 20 40 60 80 100 120 adotadas.
Potência de Saída [%] As topologias propostas se apresentam como uma opção
(b) interessante para sistemas com potências entre 200 W e 800
W. Além disto, podem ser aplicadas em painéis fotovoltaicos,
Fig. 14. Fator de potência experimental para degraus de corrente aerogeradores de pequeno porte, células combustíveis, etc,
injetada: (a) inversor Forward a 1 interruptor; (b) inversor Forward a pois são isoladas e permitem o controle de maneira simples
2 interruptores.
da corrente de saída e da tensão de entrada.
A circulação de componentes de corrente em baixa AGRADECIMENTOS
frequência (120 Hz) e alta frequência (100 kHz), traz um
desafio no projeto dos magnéticos. O transformador é Os autores gostariam de agradecer ao CNPq pelo suporte
projetado para baixa e alta frequência, consequentemente, financeiro ao projeto.
sua otimização não é trivial e ele apresenta maiores perdas.
Associado a isto, por ser uma estrutura elevadora e do REFERÊNCIAS
tipo Forward (razão cíclica limitada em 0,5), as corrente
[1] D. Boroyevich, I. Cvetkovic, R. Burgos, D. Dong,
eficazes no lado primário são mais elevadas, o que provoca
“Intergrid: A Future Electronic Energy Network?”,

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 193-203, abr./jun. 2018 201


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Microinverters With Three Different Decoupling (UDESC) e mestre (2017) pela Universidade Federal de Santa
Capacitor Locations in PV Systems”, IEEE Catarina (UFSC). Atualmente é pesquisador de hardware
Transactions on Power Electronics, vol. 28, no. 6, pp. em acionamento de motores na Empresa Brasileira de
2711–2726, Jun. 2013. Compressores - EMBRACO. Suas áreas de interesse incluem
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photovoltaic module-integrated-inverter topologies”, eólica e solar fotovoltaica, microrredes, transformadores de
in 27th IEEE Applied Power Electronics Conference estado sólido (SSTs), links magnéticos de alta frequência,
and Exposition (APEC), pp. 898–903, 2012. inversores conectados à rede elétrica e acionamentos
[29] C.-Y. Liao, W.-H. Lin, K.-S. Chen, Y.-M. Chen, C.- de máquinas elétricas. Gabriel Grunitzki Facchinello é
Y. Chou, “Forward-type micro-inverter with current membro da Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência
decoupling”, in IEEE Energy Conversion Congress (SOBRAEP).
and Exposition (ECCE), pp. 3277–3282, 2013.
[30] C.-Y. Liao, Y.-M. Chen, W.-H. Lin, “Forward-type Roberto Francisco Coelho, nascido em Florianópolis, em
micro-inverter with power decoupling”, in 28th IEEE agosto de 1982. Recebeu o título de Engenheiro Eletricista,
Applied Power Electronics Conference and Exposition mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade
(APEC), pp. 2852–2857, 2013. Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil, em
[31] D. Li, Z. Zhang, B. Xu, M. Chen, Z. Qian, “A method 2006, 2008 e 2013, respectivamente. Atualmente é professor
of power decoupling for long life micro-inverter”, do Departamento de Engenharia Elétrica e Eletrônica da
in 37th Conference on IEEE Industrial Electronics mesma instituição, onde desenvolve trabalhos relacionados ao
Society (IECON), pp. 802–807, 2011. processamento de energia proveniente de fontes renováveis
[32] H. Hu, S. Harb, N. Kutkut, I. Batarseh, Z. Shen, e ao controle e estabilidade de microrredes. Prof. Roberto é
“A Review of Power Decoupling Techniques for membro da Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência
Microinverters With Three Different Decoupling (SOBRAEP) e da IEEE.
Capacitor Locations in PV Systems”, IEEE
Transactions on Power Electronics, vol. 28, no. 6, pp. Telles Brunelli Lazzarin, nascido em Criciúma, Santa
2711–2726, Jun. 2013. Catarina, Brasil, em 1979. Recebeu o grau de Engenheiro
[33] C. E. M. Gomes, Controle digital de um condicionador Eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica
indireto de tensão alternada usando PLL para pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
obtenção do sinal de referência, Dissertação de Florianópolis, Brasil, em 2004, 2006 e 2010, respectivamente.
Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Atualmente é professor no Departamento de Engenharia
Florianópolis, Brasil, 2007. Elétrica e Eletrônica da UFSC e pesquisador no Instituto
de Eletrônica de Potência (INEP). A área de concentração
DADOS BIOGRÁFICOS do prof. Telles é em eletrônica de potência com ênfase
em energias renováveis (principalmente eólica de pequeno
Gabriel Grunitzki Facchinello, nascido em Xanxerê, SC em porte), inversores de tensão e conversores estáticos a capacitor
outubro de 1992. Recebeu o título de Engenheiro Eletricista chaveado. Prof. Telles é membro da Sociedade Brasileira de
(2014) pela Universidade do Estado de Santa Catarina Eletrônica de Potência (SOBRAEP) e da IEEE.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 193-203, abr./jun. 2018 203


Retificador Trifásico Isolado Modular Com Correção do Fator de Potência Baseado no
Conversor Zeta Operando no Modo de Condução Descontínuo
RETIFICADOR
Three-Phase TRIFÁSICO
Isolated PFC Rectifier ISOLADO
Based on the MODULAR
Zeta Converter COM
Operating in DCMCORREÇÃO DO
FATOR
Alan D. DE
Callegaro, IvoPOTÊNCIA BASEADO
Barbi, Daniel Tobias NO CONVERSOR
da Silva Borges, ZETA OPERANDO NO
Denizar Cruz Martins
MODO DE CONDUÇÃO DESCONTÍNUO

Alan D. Callegaro, Ivo Barbi, Daniel Tobias da Silva Borges, Denizar Cruz Martins
Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Engenharia Elétrica e Eletrônica
INEP – Instituto de Eletrônica de Potência, Florianópolis – SC, Brasil
e-mail: alancallegaro@gmail.com, ivobarbi2@gmail.com, danieltobias.sb@gmail.com, denizar.martins@gmail.com

Resumo – Este artigo apresenta a análise e o projeto de Keywords – Discontinuous Conduction Mode, Modular
um conversor ca-cc trifásico isolado, baseado na Rectifier, Power Factor Correction, Three-Phase
associação modular de três conversores cc-cc do tipo Zeta Rectifier, Zeta dc-dc Converter.
operando no modo de condução descontínuo, com
regulação da tensão de saída e transformador de alta I. INTRODUÇÃO
frequência. O alto fator de potência de entrada é
naturalmente atingido por meio do modo operacional dos A modernização no uso da energia elétrica demanda uma
módulos, sem o uso de qualquer sensor de corrente ou ampla diversidade tecnológica para o seu adequado
malha de controle da corrente. Todos os três módulos são processamento. Entende-se por adequado, um processamento
controlados simultaneamente através de um único pulso de energia eficiente, com níveis de tensão e corrente
de comando, o qual reduz a complexidade da estratégia apropriados a cada aplicação.
de controle. Um circuito snubber é incorporado ao As fontes de alimentação de alta potência, em geral, são
conversor para permitir a operação em comutação suave alimentadas por sistemas trifásicos, com dois estágios de
durante o bloqueio do interruptor. Para validar a análise processamento e sentido único para o fluxo de energia. Nos
teórica, um protótipo de laboratório de 1,2 kW, 220 V de casos mais simples, o primeiro estágio é composto por um
tensão de entrada, 60 V de tensão de saída, e frequência retificador a diodo, seguido por um conversor cc-cc.
de chaveamento de 25 kHz, foi construído. Resultados O emprego de dois estágios tem como principal
experimentais, com malha de controle da tensão de saída inconveniente o reduzido rendimento do sistema. Diante
para observação do comportamento dinâmico e de disto, iniciou-se na literatura o estudo de retificadores
regime permanente do conversor, são apresentados. trifásicos isolados modulares de um único estágio.
Dentre os retificadores trifásicos isolados modulares
Palavras-Chave – Conversor Zeta, Correção do Fator existentes, os quais têm sido intensivamente estudados para
de Potência, Modo de Condução Descontínuo, Retificador aplicações em telecomunicações e carregamento de baterias,
Modular, Retificador Trifásico. [1]-[5], este artigo apresenta uma topologia baseada no
conversor cc-cc Zeta, operando no modo de condução
THREE-PHASE ISOLATED PFC descontínuo.
RECTIFIER BASED ON THE ZETA Os parágrafos seguintes discutem algumas das principais
CONVERTER OPERATING IN DCM topologias existentes na literatura, que apresentam as
mesmas características do conversor aqui proposto.
Abstract – This paper presents the analysis and design of a Em relação às unidades trifásicas modulares de um único
three-phase isolated ac-dc converter based on the three single- estágio, o primeiro exemplo são as topologias tipo Buck
phase Zeta dc-dc converter modules operating in discontinuous apresentadas em [6]. Neste caso, a tensão nos terminais do
conduction mode (DCM), with output voltage regulation and capacitor de entrada é pulsada, e seu valor é proporcional a
high frequency transformer. The input high power factor is corrente de linha trifásica. O valor da capacitância deve ser
naturally attained through the operational mode without the suficientemente pequeno para permitir que o conversor opere
use of current sensors and a current control loop. All modules no modo de condução descontínuo. A alta frequência é
are simultaneously controlled by one single command pulse, filtrada pelo indutor de entrada. Em geral, a adição de um
which reduces the complexity of the control strategy. A snubber filtro LC neste tipo de topologia resulta em uma corrente de
circuit is added to the converter to allow soft switching
entrada naturalmente senoidal. Entretanto, o fator de potência
operation in the switch turn-off. To validate the theoretical
analysis, a prototype of 1.2 kW, 220 V line-to-line input voltage, é ligeiramente penalizado. Nesta referência a estrutura tipo
60 V output voltage, and 25 kHz switching frequency is Boost também é descrita.
presented. Experimental results for the output voltage closed- O segundo exemplo é apresentado em [7]. Nesta situação,
loop control to investigate the steady state and dynamic a topologia proposta necessita de interruptores de quatro

behavior of the converter are presented. quadrantes (S1 a S6) para desempenhar a função do estágio
ca-ca. Essa estratégia torna a topologia muito complexa, com
uma quantidade excessiva de interruptores no caminho da
Artigo submetido em 19/10/2017. Primeira revisão em 18/12/2017. Aceito corrente, comprometendo o rendimento do conjunto.
para publicação em 22/03/2018 por recomendação do Editor Marcelo Cabral
Cavalcanti.

204 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 204-215, abr./jun. 2018


O retificador trifásico Buck [8], [9] é outra topologia com triângulo () e as saídas em paralelo. As saídas em paralelo
as mesmas características da estrutura proposta neste são adequadas para aplicações em baixas tensões e altas
trabalho. Neste conversor a isolação em alta frequência é correntes, típicas para fontes em telecomunicações e
obtida através de um conversor Forward/Flyback, não carregadores de baterias.
havendo necessidade de controle dos interruptores no lado Esta configuração garante o cancelamento da corrente de
cc, e a regulação da tensão de saída é possível para uma larga baixa frequência (120 Hz) nos indutores de saída, o que
faixa de variação da carga. reduz os esforços do filtro de tensão de saída e as perdas no
Outra solução interessante é o retificador trifásico Buck- capacitor Co. Ademais, a conexão  na entrada reduz
Boost [10]. Este é composto por um único interruptor sobremaneira a capacitância do capacitor de filtragem, isto
controlado, operando no modo de condução descontínuo. A porque o capacitor é conectado na entrada de cada ponte de
razão cíclica é definida pelo controle da malha de tensão de diodos, conforme mostrado na Figura 9 mais adiante. Por
saída. Tendo em vista que o enrolamento primário é dividido conseguinte, a capacitância efetiva, vista pelos terminais de
em duas partes, o sentido das correntes no secundário é entrada, é multiplicada por 3, através da transformação ⁄Y.
independente das correntes no lado primário, o que permite a O transformador não apenas realiza a isolação galvânica
associação paralela no lado cc. entre entrada/saída, mas também é responsável pela
Em [11] é introduzido o conversor cc-cc modular do tipo atenuação de tensão na saída do conversor. No entanto, a
Cúk, aplicado como retificador trifásico. Cada módulo é presença da indutância de dispersão deve ser avaliada com
constituído de uma ponte de diodos associada a um cuidado.
conversor cc-cc Cúk. As características de entrada e saída De modo a absorver a energia armazenada na indutância
apresentam um comportamento tipo Boost e Buck, de dispersão do transformador, um circuito snubber LC
respectivamente. Por conseguinte, este conversor é capaz de passivo regenerativo é adicionado ao conversor.
operar, tanto como elevador ou como abaixador de tensão.
Outra vantagem desta topologia reside na possibilidade de
acoplamento entre o indutor de entrada e de saída.
Empregando o mesmo conceito, em [12] o conversor cc-
cc modular SEPIC é associado para formar um retificador
trifásico. De modo a reduzir as perdas por condução causadas
pelo diodo retificador do modulo monofásico, um retificador
trifásico isolado com alto fator de potência e sem ponte
retificadora, baseados nos conversores SEPIC e Cúk, é
proposto em [13].
Em [14] é apresentado a modelagem é o projeto de um
retificador trifásico de alto fator de potência baseado no
conversor cc-cc Zeta monofásico modular, operando em Fig. 1. Topologia proposta.
condução descontínua. Contudo, neste artigo apenas
resultados de simulação são apresentados, não fazendo III. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO
qualquer menção a resultados experimentais e tampouco ao
comportamento dinâmico. Como apresentado na Figura 1, a entrada dos módulos de
Outra opção possível apresentada na literatura é o cada conversor é conectada em . Assim, a tensão de linha é
retificador trifásico Vienna II [15]. Nesta proposta os aplicada nos terminais de cada ponte de diodos. A ponte de
interruptores são controlados através da modulação por vetor diodos lida com baixas (60 Hz) e altas (25 kHz) frequências.
de espaço, que também é responsável pela magnetização A Figura 2 mostra as tensões de linha (vL1, vL2, vL3), as
simétrica do transformador. tensões na saída de cada ponte de diodos (vr1, vr2, vr3), e a
Com o objetivo de contribuir com esta área de pesquisa, configuração topológica de cada ponte de diodos, para um
este artigo apresenta a análise e o projeto de um retificador ciclo da rede de alimentação (60 Hz). Portanto, cada módulo
trifásico isolado baseado no conversor cc-cc modular Zeta é alimentado por uma tensão de linha e cada conversor cc-cc
operando no modo de condução descontínuo. De forma a Zeta por uma tensão retificada, onde os esforços máximos de
validar o estudo teórico, e comprovar o desempenho do tensão e corrente são verificados para o valor de pico da
comportamento dinâmico e em regime permanente do tensão de linha na entrada dos retificadores.
conversor, alguns resultados experimentais, obtidos a partir A Figura 3 ilustra as formas de onda, em baixa frequência,
de um protótipo de laboratório de 1,2 kW (Po), 220 V de das correntes em Lm, Dz e Lo. Estas formas de onda são
tensão eficaz de linha (VL), 60 V de tensão de saída (Vo) e defasadas de 120o, devido à fonte trifásica de entrada. Na
25 kHz de frequência de comutação (fs), são apresentados. saída a baixa frequência é cancelada, devido ao fato de os
conversores serem conectados em paralelo. Idealmente,
II. TOPOLOGIA PROPOSTA admitindo uma rede trifásica equilibrada e desconsiderando
as não idealidades do circuito, o capacitor de saída é apenas
A topologia proposta neste trabalho é apresentada na responsável por filtrar as altas frequências; sendo, portanto,
Figura 1. Ela é constituída por três módulos ca-cc isolados, uma capacitância de baixo valor empregada. Entretanto, a
baseados no conversor Zeta operando em condução rede trifásica apresenta pequenos desbalanceamentos,
descontínua. As entradas dos módulos são conectadas em inerentes ao sistema. Deste modo, uma pequena parcela da

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 204-215, abr./jun. 2018 205


componente de baixa frequência deve ser considerada no carga, respectivamente, através do diodo Dz. A corrente no
dimensionamento do capacitor Co, cuja metodologia de diodo Dz decresce a partir de seu valor de pico até zero, onde
projeto é apresentada na seção V. o valor de pico é o valor máximo de corrente no interruptor S
da etapa anterior. O diodo Dz se bloqueia quando o valor
absoluto de corrente em Lm e Lo se iguala.
A terceira etapa é denominada de etapa de corrente
constante, devido que a corrente em ambos os indutores é
invariante; assim, não há variação de tensão nos seus
terminais. Esta etapa é absolutamente necessária, ela
caracteriza o modo de condução descontínuo do conversor.
Conforme mencionado anteriormente, para cada setor da
Figura 2, a energia processada por cada módulo não é igual,
devido ser a fonte de entrada senoidal. Na presente análise,
definida na Figura 2, a tensão máxima de linha retificada é
vr1 seguida por vr3 e vr2 em ordem decrescente. Portanto, na
terceira etapa, o primeiro diodo a bloquear está no segundo
módulo (Figura 4.c), depois no terceiro módulo (Figura 4.d)
e finalmente retornando ao primeiro módulo (Figura 4.e).

B. Análise Matemática
A análise do ganho estático do conversor baseia-se no
Fig. 2. Tensões de linha, tensões senoidais retificadas na saída de princípio da conservação de energia. Deste modo, todos os
cada módulo, e a configuração topológica de cada ponte de diodos. componentes foram considerados ideais, e a relação entre a
potência de entrada e a de saída é definida por:

3
P
in,3 VLmax I Smax
 V o Io Po (1)
2

em que: VLmax é a tensão máxima de linha, I Smax representa


o valor médio máximo quase-instantâneo da corrente na
chave S na entrada do módulo, e Io a corrente de carga.
Convém salientar, que para que (1) seja satisfeita, as
ondulações de Vo e/ou Io, devem ser consideradas nulas.
A forma de onda teórica da corrente no interruptor S (iS)
está ilustrada na Figura 5, na qual é composta por um trem de
Fig. 3. Forma de onda de corrente em Lm, Dz e Lo. pulsos triangulares com valores máximos instantâneos
definidos pela tensão de linha retificada.
A. Etapas Topológicas No domínio da frequência de comutação (fs), o valor
Dentro de um período de chaveamento a tensão de entrada médio da corrente no interruptor S é definido por:
retificada é considerada constante; logo, o conversor
proposto opera basicamente em três etapas topológicas I Smax
I Smed  D (2)
(Figura 4): a de magnetização, a de desmagnetização, e a de 2
corrente constante. O setor 1, ilustrado na Figura 2, foi
escolhido para a análise das etapas de operação. Convém sendo o valor máximo instantâneo da corrente em S definido
destacar, que a análise é equivalente ao conversor Zeta como uma função da tensão de linha vL, dada por:
convencional, e a única diferença consiste na quantidade de
energia processada por cada módulo. vL
A primeira etapa tem início quando o interruptor I Smax  D (3)
fs Leq
eletrônico S é colocado em condução (Figura 4.a). A energia
oriunda da fonte de entrada e do capacitor de acoplamento
(Ca) é armazenada nos indutores Lm e Lo, respectivamente. O onde fs = 1⁄Ts e D a razão cíclica de operação do conversor.
valor médio da tensão no capacitor Ca é igual à Vo e ambos Portanto, substituindo a tensão de linha vL pelo seu valor
os indutores são magnetizados através da tensão de linha vL. senoidal, dado por vL = VLmax sen(), obtém-se o valor médio
Portanto, a indutância equivalente (Leq), vista pela fonte de quase instantâneo da corrente no interruptor S como uma
entrada, é a associação paralela de Lm e Lo (Leq = Lm//Lo) [16]. função do ângulo , dado por:
O diodo Dz está bloqueado sob a tensão n vL + Vo, onde
n = Np/Ns representa a relação de espiras do transformador. _____  D 2 VLmax 
Na segunda etapa (Figura 4.b) a energia a partir de Lm e Lo I S ( )    sen( ). (4)
 2 fs Leq 
é transferida para o capacitor de acoplamento Ca e para a  

206 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 204-215, abr./jun. 2018


Fig. 4. Etapas topológicas: (a) Primeira etapa; (b) Segunda etapa; (c), (d) e (e) Correspondem à terceira etapa.

3 D 2 VLmax
2
Pin,3  (7)
4 fs Leq

na qual resulta na relação entre as potências de entrada e


saída definida por:

3 D 2 VLmax
2

Fig. 5. Forma de onda teórica da corrente no interruptor S.  Vo I o . (8)


4 fs Leq
O máximo valor em (4) ocorre para um ângulo  = ⁄2.
Assim, o valor médio máximo quase instantâneo da corrente De acordo com o desenvolvimento anterior, o ganho do
na entrada de cada módulo é obtido por meio de: conversor pode ser encontrado através da relação entre a
tensão de saída e a de entrada, dada por:
_____ D 2 VLmax
I Smax  (5) nVo
2 fs Leq G . (9)
VLmax

onde Leq é a associação paralela entre Lm e Lo, definida por: Como característica do modo de condução descontínuo, o
ganho do conversor depende da corrente de carga e sua
expressão é dada por:
Lm Lo n 2
Leq  (6)
Lm  Lo n 2 nVo D2
G  . (10)
VLmax 4 fs Leq I o
considerando uma relação de transformação n. 3 nVLmax
Baseado nas análises realizadas, a potência na entrada do
conversor pode ser obtida levando (5) em (1), obtendo-se:
Definindo a corrente de saída normalizada como:

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 204-215, abr./jun. 2018 207


4 fs Leq I o Tendo sido escolhido o ponto de operação do conversor, a
I o'  (11)
3 nVLmax corrente de saída normalizada I o' é diretamente obtida na
abscissa do ábaco (eixo x).
então, o ganho do conversor pode ser reescrito por:
IV. ANÁLISE DO CIRCUITO SNUBBER
2
D
G . (12) Além das etapas topológicas descritas anteriormente, o
I o' circuito snubber, incorporado ao conversor, introduz mais
três etapas. É interessante destacar que além de permitir a
Para ilustrar graficamente a característica de saída do regeneração de energia este circuito propicia comutações
conversor proposto, deve ser definido o limite crítico para a suaves para o interruptor principal. Assim, a operação
condução descontínua. A condição crítica ocorre quando o completa do conversor é discutida na sequência.
ganho do conversor, operando no modo de condução 1a Etapa: Esta etapa inicia com a entrada em condução
descontínuo, torna-se igual ao ganho no modo contínuo. ZCS da chave S, dando início à ressonância entre o capacitor
Portanto, o ganho crítico pode ser definido como: Cs1 e o indutor Ls1 (Figura 7), possibilitando a troca de
energia entre o capacitor e o indutor. Neste processo a tensão
D no capacitor é invertida, como mostrado na Figura 8. Na
Gcri  . (13) Figura 8 ficam evidentes as condições iniciais e finais de
1 D
cada etapa.
Desta forma, a partir de (13), a razão cíclica crítica é dada A energia envolvida nesta etapa é crucial para a
por: manutenção do circuito snubber, ela é necessária para a
correta operação do conversor. Portanto, a tensão vCs1 é
invertida, e o capacitor Cs1 é capaz de absorver a energia da
G
Dcri  . (14) indutância de dispersão do transformador, no momento do
1 G bloqueio do interruptor.
A corrente no capacitor Cs1 evolui senoidalmente,
Levando (14) em (12) obtém-se: circulando através do diodo Ds2 até anular-se completamente.
Sua expressão matemática é descrita por:
G
I o'  (15)
(1  G )2 iCs1 
vCs1
sen(1t ) (16)
Ls1 / Cs1
que representa o limite entre o modo de condução contínuo e
descontínuo, como ilustrado na Figura 6.
 
1
em que 1  Ls1 / Cs1 .

2a Etapa: O bloqueio do diodo Ds2 dá início à 2a Etapa.


Neste momento o circuito snubber fica fora de operação,
como mostrado na Figura 7, e os indutores Lm e Lo continuam
a absorver energia a partir da fonte de alimentação.
3a Etapa: Na terceira etapa o interruptor é comandado a
bloquear, interrompendo a corrente iS. A tensão nos terminais
da chave S é obtida por:

VS vC f  vCs1.
 (17)

A corrente de pico do interruptor S circula pelo diodo Ds1,


carregando o capacitor Cs1 negativamente, como mostrado na
Figura 8. Esta etapa finaliza quando a tensão vCs1 atinge o
Fig. 6. Característica de saída do conversor proposto. valor da tensão vCa refletida ao lado primário do
transformador.
4a Etapa: O diodo Dz entra em condução com comutação
No ábaco da Figura 6 também está representada a ZCS. De modo ressonante, a energia armazenada na
expressão (11) para diferentes valores de razão cíclica. A indutância de dispersão é transferida para o capacitor Cs1,
partir deste ábaco, o ponto de operação do conversor pode causando um acréscimo de tensão nos terminais deste
ser definido baseado no ganho G do conversor, representado capacitor, dado por:
pela linha tracejada na Figura 6.

208 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 204-215, abr./jun. 2018


Ld 5a Etapa: Nesta etapa o diodo Dz assume toda a corrente
VCs1 
I Smax (18) de pico do interruptor e o circuito snubber permanece fora de
Cs1
operação. A energia armazenada nos elementos magnéticos,
Lm e Lo, é transferida para a carga e para o capacitor de saída
em que Ld representa a indutância de dispersão do Co.
transformador. 6a Etapa: Esta etapa caracteriza o modo de condução
Deste modo, a tensão máxima nos terminais do capacitor descontínuo e inicia-se no momento em que as correntes nos
snubber no final desta etapa é obtida por: indutores Lm e Lo atingem valores iguais em módulo,
desmagnetizando os respectivos indutores. A corrente
V
Cs1max nVCa min  VCs1. (19) magnetizante iLm torna-se negativa, bloqueando o diodo Dz.

Analisando-se na Figura 7, a malha de tensão que envolve


o interruptor S, constata-se que sua tensão máxima é igual à
soma das tensões nos capacitores Cf e Cs1, obtida a partir de:

VSmax VC f min  VCs1max .


 (20)

Com base na tensão de bloqueio nominal do interruptor


escolhido, define-se a o valor de VSmax, onde uma margem de
segurança entre 5% a 10% deve ser considerada, uma vez
que as não idealidades do circuito não foram incluídas nesta
análise. Com o valor de VSmax determina-se a máxima
variação de tensão sobre o capacitor Cs1 ao absorver a
energia armazenada na indutância de dispersão do
transformador. Deste modo, tem-se [17]:

VCs1max VSmax  VC f min  nVCa min (21)

em que os valores mínimos de tensão em vCf e vCa são


definidos respectivamente por [17]:

3I1  I Smax D 2
VC
f min
VLmax  (22)
6 C f fs

6 I o  I Dmax (1  D )2
VCa min Vo  . (23)
6 Ca f s
Fig. 7. Etapas topológicas do primeiro módulo Zeta.
O passo seguinte consiste em determinar o capacitor
snubber, de modo a garantir a máxima variação de tensão V. EXEMPLO DE PROJETO E RESULTADOS
estabelecida em (21). A energia armazenada na indutância de EXPERIMENTAIS
dispersão e transferida ao capacitor Cs1 é calculada
aplicando-se o conceito da conservação de energia dado por: O esquema completo do conversor ca-cc Zeta trifásico é
apresentado na Figura 9. A topologia é composta por três
1 1 módulos monofásicos, onde cada módulo processa 1/3 da
ELd
 Ld ( I Smax
 )2 Cs1 (VCs1max ) 2 . (24)
2 2 potência total do conversor. As especificações do protótipo
estão discriminadas na Tabela I. A fonte de entrada está
Portanto, a capacitância necessária para atender a variação conectada em , proporcionando algumas vantagens como:
de tensão máxima estabelecida em (21) é obtida por: cancelamento de harmônicos e menor filtro capacitivo,
devido à transformação /Y. O filtro LC passa baixa de
 I 
2 entrada é necessário para assegurar uma forma de onda
Cs1  Ld  Smax  . (25) senoidal de corrente.
 VC max  A tensão de saída é monitorada através de um sensor
 s1 
resistivo, cujo sinal resultante é filtrado e condicionado para
Esta etapa finaliza no instante em que a corrente no ser lido por um microcontrolador. Um controlador digital de
capacitor Cs1 atinge zero e o diodo Ds1 bloqueia. sinal foi usado para gerar e controlar os sinais de comando
PWM com deslocamento de fase (phase-shift).

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 204-215, abr./jun. 2018 209


TABELA I VLmax D
Especificação do Protótipo Trifásico I Lo  . (27)
n f s Lo
Tensão eficaz de fase VFef = 127 V ( 10%)
Frequência da rede fR = 60 Hz
Tensão de saída Vo = 60 V Neste momento, há que se ressaltar, que o ganho estático
Potência de saída Po = 1200 W G, definido em (9), deve ser escolhido o mais próximo
Frequência de comutação fs = 25 kHz possível da unidade [17], devido que nesta condição a
Ondulação da tensão de saída Vo = 1% sensibilidade do ganho para pequenas variações de razão
Ondulação de corrente em Lo ILo = 52%
cíclica é mínima, o que reduz o esforço para controlar a
tensão de saída. Além disso, quando se opera em potência
nominal, a razão cíclica fica mais próxima de 0,5, e o
A. Exemplo de Projeto equilíbrio do esforço de corrente entre o interruptor S e o
Considerando as especificações do protótipo, o primeiro diodo Dz é alcançado.
elemento a ser projetado é o indutor Lo. De acordo com a A partir das especificações do conversor trifásico
primeira etapa, Figura 4.a, o indutor Lo acumula energia apresentadas na Tabela I, percebe-se que a tensão de saída Vo
proveniente da fonte de entrada. A tensão de entrada é representa, aproximadamente, 1/5 da tensão máxima de
aplicada sobre o indutor Lo e sua corrente cresce. O cenário linha, cujos valores determinam o ganho estático do
mais crítico ocorre quando a tensão de entrada atinge o seu conversor. Assim, objetivando tomar G o mais próximo
valor máximo. Deste modo tem-se que: possível do valor unitário, poderia ser cogitado a escolha da
relação de espiras n do transformador igual a 5. Todavia, a
VLmax relação n repercute não só no ganho estático G, mas também
vLo  . (26)
n na indutância de dispersão Ld do transformador, de modo que
quanto maior for n maior será Ld. Ademais, de acordo com
(25), o valor da capacitância snubber depende diretamente do
valor de Ld, que deve ser tão pequeno quanto possível, para
reduzir o tempo de atuação do circuito snubber.
Com base nestas informações, e procurando minimizar
todas as contestações técnica levantadas, a relação de espiras
do transformador é definida por:

n  3. (28)

Levando esta informação em (9) resulta em um ganho


estático igual à: G = 0,578, como ilustrado na linha tracejada
da Figura 6. O ponto de operação do conversor é escolhido
ao longo desta linha. Todavia, tal ponto deve estar próximo à
curva de condução crítica do conversor [17]. Entretanto, para
evitar que o conversor opere no modo de condução contínuo
(CCM), uma margem de segurança, a partir da linha de
condução crítica, deve ser considerada, devido às não
idealidades dos componentes do circuito. Deve-se também
considerar, que para variações abruptas de carga o conversor
está sujeito à mudança de seu ponto de operação, o que
poderia causar instabilidade no sistema e danos aos
semicondutores de potência.
Portanto, o ponto de operação do conversor está mostrado
na Figura 6, e a partir do eixo horizontal a corrente de saída
normalizada é dada por:

I o'  0, 21. (29)

Com a determinação de G e I o' obtém-se, através de (12),


a razão cíclica para o ponto de operação escolhido na
Figura 6, aplicando:
Fig. 8. Formas de onda teóricas incluindo o circuito snubber.

Portanto, a variação de corrente no indutor Lo é definida D G I o' 0,348.


 (30)
por:

210 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 204-215, abr./jun. 2018


Diante dos parâmetros obtidos e a partir de (27) e do VFmax (1  Vin ) sen (t )
percentual de ondulação de corrente definido na Tabela I, o 
vin VFmax (1  Vin ) sen ( t  2 / 3) . (35)
indutor Lo é determinado por:
V
 Fmax (1  Vin ) sen ( t  2 / 3)
VLmax D
Lo  460μH (31) Deste modo, a expressão da potência trifásica de entrada
n f s I Lo
levará a uma parcela constante adicionada a uma oscilante de
potência, tal como definida em [17]:
em que VLmax representa a tensão máxima de linha acrescida
de 10%, caracterizando a condição mais crítica de operação,
VFmax I Fmax
de acordo como as especificações da Tabela I.  Pin3 (3  Vin )  Vin VFmax I Fmax cos (2 t ). (36)
2  
O próximo passo na metodologia de projeto consiste na   Pac
Pdc
determinação da indutância magnetizante Lm do
transformador. Isto pode ser realizado através da expressão
da indutância equivalente Leq, definida em (6), cujo valor Em (36) a parcela oscilante é o resultado de uma
depende da escolha do ponto de operação definido no ábaco ondulação de tensão em baixa frequência.
da Figura 6. Com o objetivo de projetar o capacitor do filtro de saída
Por meio de (11) a indutância equivalente (Leq) pode ser (Co), o circuito da Figura 10 deve ser considerado.

calculada, tal como: Assim, a potência de saída é dada por:

3 nVLmax I o' v dv 
Leq  294μH. (32) Po  vo iLo  vo (io  iCo )  vo  o  Co o  . (37)
4 f s Io R
 o dt 

Com os valores de Lo e Leq definidos, então, através de (6), Com a finalidade de linearizar (37) em torno do ponto de
a indutância magnetizante Lm é determinada por: operação, uma perturbação de pequeno sinal, definida por:

Lo n 2 Leq o Vo  vˆo
v (38)
Lm  320 μH. (33)
Lo n2  Leq é aplicada na tensão de saída, resultando em:

Ambos os valores de indutância (Lm e Lo) são parâmetros Vo2 2Vo vˆo dvˆ
muito importantes, porque eles determinam o modo de Po    Co Vo o . (39)
Ro Ro dt
condução do conversor. Estes elementos devem ser
confeccionados com muito cuidado, para manter o balanço
de potência entre os módulos e o adequado cancelamento dos A relação entre a potência oscilante de entrada e saída,
harmônicos. considerando apenas os termos de 1a ordem, é dada por:
O capacitor de acoplamento Ca deve ser projetado da
mesma forma que no conversor cc-cc Zeta convencional, 2Vo vˆo dvˆ
Vin VFmax I Fmax cos (2  t )   Co Vo o . (40)
cuja expressão é dada por [16]: Ro dt

n 2 Vo D12  Lm  A solução particular para esta equação diferencial é obtida


Ca 1  D   D1  20 μF

(34) por:
2 Lm f s2 VCa 
2
n Lo 

onde D1 = D/G e VCa é a ondulação de tensão em Ca, Vin Vo 1  ( Co Ro ) 2


vo p sen [2 ( t   )] (41)
definida em 17% de Vo. 3 1  ( Co Ro ) 2 
 
Do ponto de vista ideal, se a fonte trifásica de entrada for
balanceada e os parâmetros do conversor não sofrerem
onde:
variações, o capacitor de filtragem na saída é projetado,
simplesmente, para atenuar as ondulações de alta frequência.
Entretanto, se a fonte trifásica de entrada é desbalanceada  1 
  arctan  . (42)
uma ondulação de baixa frequência surgirá na tensão de   Co Ro 
saída, cujo valor é o dobro da frequência da tensão de entrada
(120 Hz). A equação (41) representa a oscilação de tensão em torno
Na tentativa de contabilizar esta não idealidade, assumir-
do valor nominal da tensão de saída. O valor máximo é
se-á uma variação de tensão Vin = 10% na tensão nominal usado para definir o percentual de oscilação em torno de Vo.
de entrada, cujo pior caso está descrito em: Assim, o capacitor de filtro de saída é dado por:

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 204-215, abr./jun. 2018 211


Fig. 9. Conversor ca-cc Zeta trifásico completo.

Para testar o comportamento dinâmico do conversor e o


Vin2  9 Vo
Co  (43) controle da tensão de saída, uma carga com variações por
3 Ro Vo degrau foi providenciada. Na Figura 12 está representada a
performance das correntes trifásicas de entrada e da tensão
onde: Vo = 1% de Vo. de saída para uma variação de carga de 100% a 50%. As
O projeto do filtro de entrada Lf Cf segue os correntes trifásicas de entrada atingem o regime permanente
procedimentos convencionais e está apresentado em [17]. em um ciclo da rede, enquanto que a tensão de saída
apresenta uma ondulação máxima de aproximadamente
0,6 V, atingindo o regime permanente em menos de um
período de ciclo de rede.

Fig. 10. Análise do filtro de saída.

B. Resultados Experimentais
A Figura 9 mostra a topologia completa do conversor com
os seus respectivos valores de componentes, incluindo o
filtro de entrada de modo diferencial [17]. A Figura 11 ilustra
o protótipo implementado. Fig. 12. Variação de carga de 100% a 50%. Correntes de entrada:
2 A/div.; tensão de saída: 1 V/div.

Já o desempenho do conversor para uma variação de carga


de 50% a 100% é apresentado na Figura 13. Neste caso,
durante um quarto de ciclo da corrente de entrada, a tensão
de saída oscila abaixo do seu valor nominal. A razão dessa
oscilação reside no fato das correntes de entrada não serem
controladas. Assim, a energia transferida da entrada para a
saída se processa de forma lenta. Há que se ressaltar que o
projeto do capacitor de filtragem na saída foi baseado
unicamente na atenuação da frequênica de comutação, tendo
em vista que a fonte trifásica de entrada foi digitalmente
controlada e balanceada. Em condições reais na prática, e
dependendo da aplicação, o projeto do capacitor de filtragem
na saída deve ser baseado na atenuação de baixa frequência
(120 Hz) ou no hold up time. Em [17] é apresentada uma
análise detalhada do projeto do regulador da tensão de saída.
A tensão e a corrente por fase na entrada do conversor
estão representadas na Figura 14. Percebe-se que a forma de
Fig. 11. Protótipo implementado. onda da corrente segue o formato da tensão. A distorção

212 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 204-215, abr./jun. 2018


harmônica total para a modulação convencional (todos os foi de 92,8%, para a condição de potência nominal. A maior
moduladores em fase) foi de 2,071%, e com a modulação concentração de perdas foi registrada nos transformadores e
phase-shift foi de 1,718% para a condição de potência indutores, que utilizam núcleos de ferrite da Thornton [18].
nominal. A comparação da amplitude de corrente por ordem A Figura 18 mostra a variação do fator de potência em
harmônica é apresentada na Figura 15. Observa-se que função da potência de saída.
apenas as harmônicas de 5a, 35a e 37a ordens são maiores na
modulação phase-shift.

Fig. 13. Variação de carga de 50% a 100%. Correntes de entrada:


2 A/div.; tensão de saída: 1 V/div.
Fig. 16. Detalhes das formas de onda de tensão e corrente sobre o
interruptor S durante sua entrada em condução e bloqueio.

Fig. 14. Formas de onda da tensão e da corrente por fase na entrada


do conversor. Escalas: 2 A/div., 50 V/div. e 5 ms/div. Fig. 17. Rendimento do conversor em função da potência de saída.

Fig. 15. Comparação da amplitude de corrente por ordem Fig. 18. Curva do fator de potência.
harmônica entre as modulações convencional e phase-shift na
potência de 1200 W. VI. CONCLUSÃO

A Figura 16 mostra a corrente e a tensão sobre o O retificador Zeta trifásico isolado de um único estágio é
interruptor S, para um período de comutação. Verifica-se que constituído por três módulos Zeta ca-cc monofásicos com
o comportamento das formas de onda é o mesmo já descrito entrada conectada em triângulo e saída em paralelo,
na análise teórica. Convém mencionar, que o circuito fornecendo, deste modo, altas correntes com baixa tensão.
snubber, além de limitar o valor máximo de tensão (575,5 V) Esta característica é particularmente desejável em algumas
sobre o interruptor eletrônico, também provoca comutação aplicações, como: carregadores de baterias e fontes para
suave durante o bloqueio do mencionado interruptor, como telecomunicações. As principais vantagens do conversor
detalhado nas formas de onda teóricas. Estes são benefícios proposto são sua robustez e baixa complexidade do circuito
importantes quando comparados com o grampeamento RC de controle. Os três módulos podem ser controlados
dissipativo, refletindo-se sobre o desempenho no rendimento simultaneamente a partir de um único pulso de comando, ou
do conversor. em deslocamento de fase (phase-shift), que permite o
O rendimento do conversor em função da potência de cancelamento da componente de corrente na saída na
saída é apresentado na Figura 17. O máximo valor atingido

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 204-215, abr./jun. 2018 213


frequência de comutação, resultando em redução de perdas [6] E. Ismail, R. Erickson, “Single-Switch 3 phi; PWM
nos capacitores do filtro de saída. Low Harmonic Rectifiers”, IEEE Transactions on
De acordo com os resultados experimentais a distorção Power Electronics, vol. 11, no 2, pp. 338–346, Mar.
harmônica total da corrente de entrada foi de 2,071%, e o 1996.
fator de potência se manteve próximo da unidade em uma [7] S. Manias, P. Ziogas, “A Novel Sinewave in AC to DC
larga faixa de variação da carga. Com o propósito de Converter with High-Frequency Transformer Isolation”,
gerenciar a energia proveniente da indutância de dispersão IEEE Transactions on Industrial Electronics, vol. IE-
um circuito snubber passivo foi usado. Este circuito 32, no 4, pp. 430–438, Nov. 1985.
possibilitou um aumento no rendimento global do conversor, [8] D. Greff, R. da Silva, S. Mussa, A. Perin, I. Barbi, “A
na medida em que a energia da indutância de dispersão foi three-phase Buck Rectifier with High-Frequency
regenerada para o filtro capacitivo de entrada. O projeto e Isolation by Single-Stage”, in Proc. of IEEE PESC, pp.
construção do transformador exigiram alguns cuidados no 1129–1133, 2008.
sentido de diminuir, o quanto possível, a sua indutância de [9] V. Vlatkovic, D. Borojevic, F. Lee, “A Zero-Voltage
dispersão, de modo a aliviar os esforços e o tempo de atuação Switched, Three-Phase Isolated PWM Buck Rectifier”,
do circuito snubber. IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 10, no 2,
Sendo que o rendimento máximo do conversor se situou pp. 148–157, Mar. 1995.
em 92,8% para a condição de potência nominal, conclui-se [10] J. Kolar, H. Ertl, F. C. Zach, “A Novel Three-Phase
que o projeto do conversor não foi otimizado para obtenção Single-Switch Discontinuous-Mode AC-DC Buck-
do máximo rendimento. Isto porque o foco do estudo se Boost Converter with High-Quality Input Current
concentrou na comprovação dos conceitos gerados na Waveforms and Isolated Output”, IEEE Transactions
proposta da topologia. Há que se ressaltar que a frequência on Power Electronics, vol. 9, no 2, pp. 160–172, Mar.
de comutação, assim como material magnético de melhor 1994.
desempenho, deverão ser estudados e empregados para [11] U. Kamnarn, V. Chunkag, “Analysis and Design of a
reduzir as perdas no conversor. Além disso, com o emprego Modular Three-Phase AC-to-DC Converter Using Cúk
de semicondutores de potência de última geração, o Rectifier Module with Nearly Unity Power Factor and
rendimento do conversor pode ser ainda melhorado. Fast Dynamic Response”, IEEE Transactions on Power
Convém ainda salientar, que a estrutura proposta não tem Electronics, vol. 24, no 8, pp. 2000–2012, Aug. 2009.
como exclusividade as telecomunicações, podendo ser [12] G. Tibola, I. Barbi, “Isolated Three-Phase High Power
empregada em outras aplicações que exijam altas correntes Factor Rectifier Based on the SEPIC Converter
de saída com baixas tensões. Operating in Discontinuous Conduction Mode”, IEEE
Transactions on Power Electronics, vol. 28, no 11, pp.
AGRADECIMENTOS 4962–4969, Nov. 2013.
[13] X. Zhang, L. Zhou, D. Qiu, W. Xiao, B. Zhang, F. Xie,
Os autores agradecem imensamente a CAPES, CNPq e “Phase-Modular Three-Phase Isolated Bridgeless PFC
FINEP pelo apoio financeiro. Converter,” in Proc. of IEEE IECON, pp. 1723–1728,
2015.
REFERÊNCIAS [14] B. Singh, S. Singh, G. Bhuvaneswari, “Analysis and
Design of a Zeta Converter Based Three-Phase
[1] M. Heldwein, A. de Souza, I. Barbi, “A Simple Control Switched Mode Power Supply,” in Proc. of IEEE 4th
Strategy Applied to Three-Phase Rectifier Units for International Conference on Computational Intelligence
Telecommunication Applications Using Single-Phase and Communication Networks, pp. 571–575, 2012.
Rectifier Modules”, in Proc. of IEEE Power Electronics [15] J. Kolar, U. Drofenik, F. C. Zach, “VIENNA Rectifier
Specialists Conference (PESC), pp. 795–800, 1999. II-a Novel Single-Stage High-Frequency Isolated
[2] M. Karlsson, C. Thorén, T. Wolpert, “A Novel Three-Phase PWM Rectifier System,” IEEE
Approach to the Design of Three-Phase AC/DC Power Transactions on Industrial Electronics, vol. 46, no 4,
Converters with Unity Power Factor”, in Proc. of IEEE pp. 674–691, Aug. 1999.
21st INTELEC, pp. 1-7, 1999. [16] D. C. Martins, I. Barbi, Eletrônica de Potência:
[3] R. Greul, S. Round, J. Kolar, “Analysis and Control of Conversores cc-cc Básicos Não Isolados, Edição dos
a Three-Phase, Unity Power Factor Y-Rectifier”, IEEE Autores, 4a Edição, Florianópolis, 2011.
Transactions on Power Electronics, vol. 22, no 5, pp. [17] A. D. Callegaro, Retificador Trifásico Isolado de Único
1900–1911, Sept. 2007. Estágio com Fator de Potência Unitário Baseado no
[4] R. Girod, D. Weida, “High Efficiency True 3-Phase Conversor Zeta cc-cc Operando no Modo de Condução
Compact Switch-Mode Rectifier Module for Telecom Descontínuo. Dissertação de Mestrado, INEP (Instituto
Power Solution”, in Proc. of IEEE INTELEC, pp. 658- de Eletrônica de Potência), UFSC, Florianópolis, Brasil,
663, 2013. 2013.
[5] L. Huber, M. Kumar, M. Jovanovic, D. Ping, G. Liu, [18] www.thornton.com.br/perdas magneticas (dados
“Analysis, Design and Evaluation of Three-Phase obtidos em outubro/2017).
Three-Wire Isolated AC-DC Converter Implemented
with Three Single-Phase Converter Modules”, in Proc.
of IEEE APEC, pp. 38–45, 2016.

214 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 204-215, abr./jun. 2018


DADOS BIOGRÁFICOS Daniel Tobias da Silva Borges, nasceu em Monte Carmelo,
Minas Gerais, em 1990. Recebeu o título de Engenheiro
Alan Dorneles Callegaro, nasceu em Ijuí, Rio Grande do Eletricista e Mestre em Engenharia Elétrica, ambos pela
Sul, em 1985. Recebeu o título de Engenheiro Eletricista e Universidade Federal de Uberlândia, em 2014 e 2016,
Mestre em Engenharia Elétrica, ambos pela Universidade respectivamente. Atualmente está realizando seu curso de
Federal de Santa Catarina, em 2011 e 2013, respectivamente. Doutorado no Instituto de Eletrônica de Potência,
Atualmente está realizando seu curso de Doutorado no Universidade Federal de Santa Catarina, em
McMaster Automative Resource Centre (MARC), McMaster Florianópolis/SC, Brasil. Suas áreas de interesse incluem:
University, em Hamilton/ON, Canada. Suas áreas de eletrônica de potência, acionamentos de máquinas elétricas,
interesse incluem: conversores cc-cc bidirecionais, sistemas de controle, automação, identificação de sistemas,
conversores ca-cc, correção de fator de potência, e conversão microrredes e energias renováveis.
de energia para fontes renováveis.
Denizar Cruz Martins, nasceu em São Paulo, São Paulo,
Ivo Barbi, nasceu em Gaspar, Santa Catarina, em 1948. em 1955. Recebeu o título de Engenheiro Eletricista e Mestre
Recebeu o título de Engenheiro Eletricista e Mestre em em Engenharia Elétrica, ambos pela Universidade Federal de
Engenharia Elétrica, ambos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 1978 e 1981, respectivamente, e
Santa Catarina, em 1973 e 1976, respectivamente, e título de título de Doutor Engenheiro pelo Instituto Nacional
Doutor Engenheiro pelo Instituto Nacional Politécnico de Politécnico de Toulouse, Toulouse, França, em 1986.
Toulouse, França, em 1979. Suas áreas de interesse incluem: Atualmente é Professor Titular da UFSC. Suas áreas de
conversores cc-cc bidirecionais, conversores ca-cc, correção interesse incluem: conversores cc-cc e ca-cc bidirecionais,
de fator de potência, comutação suave, e processamento correção de fator de potência, comutação suave, e
eletrônico da energia elétrica. processamento eletrônico da energia elétrica.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 204-215, abr./jun. 2018 215


MPPT Híbrido Aplicado à Associação dos Conversores Boost ZVT e Inversor H6 Para
Aplicações Fotovoltaicas
Hybrid MPPTMPPTApplied to Boost ZVT
HÍBRIDO Converter and
APLICADO H6 Inverter Association
À ASSOCIAÇÃO DOSforCONVERSORES
Pho- BOOST
tovoltaic Applications
ZVT E INVERSOR H6 PARA APLICAÇÕES FOTOVOLTAICAS
Moacyr A. G. de Brito, Marcos G. Alves, Ruben B. Godoy, Carlos A. Canesin
Moacyr A. G. de Brito1, Marcos G. Alves2, Ruben B. Godoy1, Carlos A. Canesin2
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campo Grande – MS, Brasil
1
2
Universidade Estadual Paulista, UNESP-FE/IS-LEP, Ilha Solteira – SP, Brasil
e-mail: 1moacyr.brito@ufms.br, 2canesin@dee.feis.unesp.br

Resumo – Este artigo apresenta um inversor monofásico I. INTRODUÇÃO


de 4,8 kW para aplicações fotovoltaicas, baseado nos
conversores Boost ZVT e inversor H6, para a conexão à Considerando a busca por soluções para reduzir a
rede de distribuição. Devido aos valores nominais de dependência das fontes convencionais de energia, como o
corrente o conversor Boost ZVT traz vantagens, carvão e os combustíveis fósseis e, aliados à grande
considerando-se reduzida interferência eletromagnética, preocupação ambiental, o desenvolvimento de fontes
além de elevada eficiência (acima de 96%), enquanto que alternativas de energia com menores impactos ambientais e
o inversor H6 permite o projeto de elementos de conexão econômicos são extremamente desejáveis. Devido à grande
com indutância reduzida, além de propiciar baixa incidência de irradiação solar que o Brasil recebe admira-se
variação de nível de tensão de modo comum. No presente que ainda não haja grande disseminação desta fonte de energia
artigo, um sistema de MPPT híbrido que pode atuar no país. O principal fator que ainda reflete neste baixo
dependendo do nível da tensão de entrada da associação aproveitamento é seu custo. No entanto, verifica-se uma
de painéis é apresentado, podendo o sistema operar com tendência de uso a médio e longo prazos para a ampliação da
todos os conversores ou apenas com o conversor CC-CA, microgeração de energia fotovoltaica [1], [2].
fato que eleva a eficiência do sistema. Finalmente, Os sistemas fotovoltaicos (FV) necessitam de diversos
resultados e análises são apresentadas, contendo todos os algoritmos para seu funcionamento e operação, tais como
algoritmos necessários à aplicação proposta. algoritmos de anti-ilhamento, sincronização e de MPPT
(Maximum Power Point Tracking) com excelente nível de
Palavras-Chave – Boost ZVT, Energia Fotovoltaica, rastreamento [3]-[8]. Para o caso de múltiplos inversores,
Inversor H6, MPPT Híbrido. operando em paralelo, sistemas de comunicação podem se
tornar necessários para a correta injeção de potência pelo
HYBRID MPPT APPLIED TO BOOST ZVT sistema [9], [10]. Neste contexto, buscar alta eficiência,
CONVERTER AND H6 INVERTER qualidade de energia para a corrente injetada na rede e para os
equipamentos alimentados localmente, além de vida útil
ASSOCIATION FOR PHOTOVOLTAIC média elevada é fundamental para o aproveitamento deste tipo
APPLICATIONS de energia alternativa.
Considerando uma aplicação em torno de 4,8 kW é possível
Abstract – This paper presents a single-phase inverter utilizar a associação de um conversor elevador com um
applied to photovoltaic distributed generation, based on inversor de tensão para a conexão de um sistema FV à rede.
the association of a Boost ZVT converter and a H6 type Em parte do dia, considerando o nível de temperatura (dada as
inverter intended for grid connection. The designed 4.8 variações meteorológicas e mesmo sombreamentos), pode
kW rated power prototype, which is fed by PV arrays, may resultar para a associação FV, tensões menores do que o pico
demand boost voltage during operation. However, due to da tensão da rede e, ainda, os valores elevados de correntes
its nominal current values the resonant Boost ZVT demandarão estruturas com melhor rendimento. Desta forma,
converter has advantages, considering its low estruturas como as ressonantes ou derivadas ganham destaque
electromagnetic interference, as well as high efficiency. [11], [12]. Ainda, a conexão à rede demandará um sistema
The H6-type inverter allows the design of grid connecting inversor também apropriado buscando a minimização do
elements with reduced inductance, providing low common elemento indutivo de conexão, além de baixas variações nas
mode voltage. A hybrid MPPT system that can act tensões de modo comum, fato alcançado com as diferentes
depending on the panel association input voltage is modulações dos inversores, ou com topologias próprias para a
presented which may increase efficiency. Finally, analysis redução da tensão de modo comum [13], [14].
and experimental results are presented considering the Como a tensão de entrada equivalente do array FV pode
main control algorithms for the application. em grande parte do dia, ser maior do que o pico da tensão da
rede, este artigo propõe uma estrutura de MPPT Híbrido, que

Keywords – H6 Inverter, Hybrid MPPT, Photovoltaic ora estará residente no controle do conversor CC-CC ora
Energy, ZVT Boost. estará residente no controle do inversor, propiciando aumento

Artigo submetido em 08/11/2017. Primeira revisão em 28/01/2017. Aceito


para publicação em 14/03/2018 por recomendação do Editor Marcelo Cabral


Cavalcanti.

216 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 216-225, abr./jun. 2018


de eficiência na conversão de energia. Em síntese, o sistema O intervalo de tempo Δt1 é obtido por:
opera com o MPPT residente no conversor CC-CC, isto é,
todos os conversores em operação, mas quando o nível de ∆𝑡𝑡1 =
𝐼𝐼𝑖𝑖𝑖𝑖 𝐿𝐿𝑟𝑟
. (3)
𝑉𝑉0
tensão se eleva acima de 350V, o conversor CC-CC é
desativado e o MPPT passa a residir na etapa CC-CA,
resultando desta forma na estratégia do MPPT híbrido. Neste Etapa 2 (t1 ≤ t < t2) - Figura 2c:
contexto, será apresentada neste artigo a análise da associação A segunda etapa de operação é descrita matematicamente
do conversor Boost ZVT (Zero Voltage Transition) e do pelas seguintes expressões:
Inversor H6, com os algoritmos pertinentes para uma 𝑉𝑉0
aplicação fotovoltaica, além da proposição desta estratégia de 𝑖𝑖𝐿𝐿𝐿𝐿 (𝑡𝑡) = 𝐼𝐼𝑖𝑖𝑖𝑖 + sen[𝜔𝜔1 (𝑡𝑡 − 𝑡𝑡1 )] (4)
𝑍𝑍1
MPPT híbrido; sistema este, que esteja de acordo com a
normatização exigida [15]. 𝑣𝑣𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 (𝑡𝑡) = 𝑉𝑉0 cos[𝜔𝜔1 (𝑡𝑡 − 𝑡𝑡1 )] (5)

II. ESTÁGIO DE ENTRADA BOOST ZVT onde o valor de tensão inicial da capacitância Coes é igual a Vo,
Z1 representa a impedância característica do conjunto Lr - Coes
A topologia adotada para a etapa CC-CC é o conversor e ω1 sua frequência de oscilação natural. O tempo desta etapa
Boost ZVT, Figura 1 [11]. Nesta topologia, o indutor (Δt2) e o valor máximo da corrente no indutor são dados
ressonante Lr juntamente com o capacitor ressonante Cr, respectivamente por:
atuam também como snubbers para a entrada em condução da 𝜋𝜋
chave auxiliar (Sa) e também para o bloqueio e para a entrada ∆𝑡𝑡2 = √𝐿𝐿𝑟𝑟 𝐶𝐶𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 (6)
2
em condução do diodo principal (Dp). Para que a análise 𝑉𝑉0
contemple a operação real deste conversor é importante que a 𝑖𝑖𝐿𝐿𝐿𝐿 (∆𝑡𝑡2 ) = 𝐼𝐼𝑖𝑖𝑖𝑖 + = 𝐼𝐼𝐿𝐿𝐿𝐿_𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 . (7)
𝑍𝑍1
capacitância de saída da chave principal (Coes) seja incluída
uma vez que a ressonância entre Lr e Coes é que garante a Etapa 3 (t2 ≤ t < t3) - Figura 2d:
entrada em condução da chave principal em ZVS (Sp). Este é o intervalo de roda livre da corrente sobre o indutor
Lr e, portanto, obedece a (7). O intervalo de tempo desta etapa
Lin Dp é obtido a partir de (8), em função do tempo de chave auxiliar
Cr
fechada (DTSa). É neste intervalo que a chave principal pode
Lr
Vin Sp Coes ser comandada à condução de forma ZVS.
Vo
D1 D2 Ro
Co
Sa ∆𝑡𝑡3 = 𝐷𝐷𝐷𝐷𝑆𝑆𝑆𝑆 − (∆𝑡𝑡1 + ∆𝑡𝑡2 ). (8)
Fig. 1. Conversor Boost ZVT. Etapa 4 (t3 ≤ t <t4) - Figura 2e:
A corrente no indutor ressonante e a tensão no capacitor
Considerando simplificações abordadas em [12], tensão de ressonante são dadas por:
saída Vo constante e que a tensão de entrada Vin em conjunto
com o indutor de entrada Lin podem ser considerados como 𝑖𝑖𝐿𝐿𝐿𝐿 (𝑡𝑡) = 𝑖𝑖𝐷𝐷1 = 𝐼𝐼𝐿𝐿𝐿𝐿_𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 cos[𝜔𝜔𝑟𝑟 (𝑡𝑡 − 𝑡𝑡3 )] (9)
uma fonte de corrente Iin, é possível realizar a análise deste
sistema através da utilização do conversor idealizado (Figura 𝑣𝑣𝐶𝐶𝐶𝐶 (𝑡𝑡) = 𝐼𝐼𝐿𝐿𝐿𝐿_𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 Z𝑟𝑟 sen[𝜔𝜔𝑟𝑟 (𝑡𝑡 − 𝑡𝑡3 )]. (10)
2a) sem perdas na análise.
Durante a operação, sete etapas ocorrem e são descritas, Nesta etapa o capacitor ressonante (Cr) é carregado pela
bem como suas equações resumidamente apresentadas. As corrente do indutor ressonante via D1. O tempo desta etapa
etapas de operação podem ser verificadas através das Figuras (Δt4) e o valor máximo da tensão no capacitor ressonante são
2b até 2h e, a partir da Figura 3 podem ser verificadas as dados respectivamente por:
principais formas de onda nos elementos do conversor.
𝜋𝜋
∆𝑡𝑡4 = √𝐿𝐿𝑟𝑟 𝐶𝐶𝑟𝑟 (11)
2
A. Equações das Etapas de Operação
De forma resumida, as equações que regem as etapas de 𝑣𝑣𝐶𝐶𝐶𝐶_𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝐼𝐼𝐿𝐿𝐿𝐿_𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑍𝑍𝑟𝑟 . (12)
operação de número 1 à 7 estão descritas a seguir. O
equacionamento é realizado conforme [11], [12]. Etapa 5 (t4 ≤ t <t5) - Figura 2f:
Após o bloqueio natural de D1, a corrente total é assumida
Etapa 1 (t0 ≤ t <t1) – Figura 2b: pela chave principal, desta forma:
As equações que regem a etapa 1 estão apresentadas em (1)
e (2). O diodo Dp estava em condução previamente ao início 𝑖𝑖𝑆𝑆𝑆𝑆 (𝑡𝑡) = 𝐼𝐼𝑖𝑖𝑖𝑖 . (13)
da etapa 1, quando em t = to a chave Sa é comandada à
condução de maneira ZCS. Esta etapa perdura até a chave principal ser comandada ao
bloqueio, sendo análoga ao armazenamento de energia no
𝑑𝑑𝑖𝑖𝐿𝐿𝐿𝐿 𝑉𝑉𝑜𝑜
𝑣𝑣𝐿𝐿𝐿𝐿 = 𝐿𝐿𝑟𝑟 → 𝑖𝑖𝐿𝐿𝐿𝐿 (𝑡𝑡) = (𝑡𝑡 − 𝑡𝑡0 ) (1) indutor de um conversor Boost PWM convencional.
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐿𝐿𝑟𝑟

𝑖𝑖𝐷𝐷𝐷𝐷 (𝑡𝑡) = 𝐼𝐼𝑖𝑖𝑖𝑖 −


𝑉𝑉𝑜𝑜
(𝑡𝑡 − 𝑡𝑡0 ) (2) Etapa 6 (t5 ≤ t < t6) - Figura 2g:
𝐿𝐿𝑟𝑟

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 216-225, abr./jun. 2018 217


Sp Coes Cr Dp iLr Dp VSp iLr iLr
Lr Lr iDp Lr Lr
Coes
Vo Vo Vo Vo
Iin D1 D2 Iin Iin Iin

Sa Sa Sa iDSp Sa

(a) (b) (c) (d)


Lr Cr VSp Cr Dp
iSp iSp Vcr iDp
iLr D1 Coes
Vo Vo Vo Vo
Iin Iin Iin Iin
D2

(e) (f) (g) (h)


Fig. 2. Esboço das principais etapas de operação do conversor Boost ZVT. (a) Conversor Idealizado. (b) Etapa 1 (t0≤t<t1); c) Etapa 2 (t1≤t<t2);
d) Etapa 3 (t2≤t<t3); e) Etapa 4 (t3≤t<t4); f) Etapa 5 (t4≤t<t5); g) Etapa 6 (t5≤t<t6) e h) Etapa 7 (t6≤t<t7).

Nesta etapa o Diodo D2 assume a corrente da fonte e, o S1 S2


tempo desta etapa (Δt6) é obtido por: D3

VDC S5 S6
𝑉𝑉0 𝐶𝐶𝑟𝑟
∆𝑡𝑡6 = . (14) D4 Lcon
𝐼𝐼𝑖𝑖𝑖𝑖
Lcon Vac
Etapa 7 (t6 ≤ t < t7) - Figura 2h: S3 S4
Nesta etapa o diodo principal assume a corrente da fonte,
como um conversor Boost PWM convencional, mas de Fig. 4. Topologia do inversor H6.
maneira ZVS, uma vez que Vcr = 0. Assim:
Neste inversor os interruptores que operam no semiciclo
𝑖𝑖𝐷𝐷𝐷𝐷 (𝑡𝑡) = 𝐼𝐼𝑖𝑖𝑖𝑖 . (15) positivo são S1 e S4, os que realizam o negativo são S2 e S3. O
interruptor de roda livre do semiciclo positivo é o S 5 e o do
IDp semiciclo negativo é o S6. A estratégia de modulação consiste
ZVS Iin em aplicar a modulação de S1 e S4 com o mesmo padrão bem
como para os interruptores S2 e S3. Para o semiciclo positivo
ISp o interruptor de roda livre S5 está sempre em condução
ZVS Iin enquanto que os interruptores do outro braço S 2 e S3 não
conduzem. O interruptor de roda livre S6 recebe pulsos de gate
ILr quando os interruptores principais S1 e S4 não conduzem,
Iin ILrmáx sendo, portanto complementar [13]. Isto não é requisito
fundamental mas facilita a montagem em hardware da
VCr
estratégia. As etapas de operação, para o semiciclo positivo,
Vo estão destacadas na Figura 5.

S2
VSp S1
Vo D3
S5 S6
VDC
VGSp D4 Lcon

Lcon Vac

VGSaux S3 S4

(a)
to t1 t2 t3 t4 t5 t6 t7 S2
S1
Ts = 1/fs D3

Fig. 3. Principais formas de onda relativas às etapas de operação. VDC


S5 S6

D4 Lcon
III. ESTÁGIO DE SAÍDA INVERSOR H6
Lcon Vac

O conversor da etapa inversora (CC-CA) é baseado na S3 S4

topologia H6 [13]. O circuito de potência é apresentado na (b)


Figura 4, onde observa-se filtros L de conexão (Lcon). Fig. 5. Etapas de operação considerando o semiciclo positivo. (a)
Obviamente, outros filtros, como LC ou LCL podem ser Primeira etapa de operação – Carga do indutor. (b) Segunda etapa de
utilizados [16]-[18]. operação - Roda livre.

218 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 216-225, abr./jun. 2018


É possível obter os esforços de corrente sobre os Esta equação também rege o valor médio através da chave
semicondutores da estrutura H6. A forma de onda de corrente S6.
através dos semicondutores S1 e S4 pode ser visualizada na
Figura 6. E desta forma, considerando-se que um IGBT é 30

utilizado como interruptor, encontra-se o valor médio desta 25

corrente, ao se realizar a integração primeiramente em um 20


período de comutação (Ts) e posteriormente no período de

Corrente(A)
rede (Trede), considerando M como o índice de modulação em 15

amplitude: 10

𝑀𝑀𝐼𝐼𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 5

𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼_𝑆𝑆1 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 = . (16)


4 0
0 0,005 0,01 0,015
Tempo(s)
De forma análoga as chaves S2 e S3 são acionadas durante Fig. 8. Forma de onda de corrente através das chaves S5 e S6.
o semiciclo negativo e no mesmo instante, tendo forma de
onda similar a da Figura 6 apenas deslocada de 180 graus, e,
portanto, (16) também é válida. O diodo D4 opera de forma IV. ALGORITMO DE MPPT HÍBRIDO
complementar à chave S1. A forma de onda de corrente que
percorre este diodo está apresentada na Figura 7. Dessa forma, O modo de operação deste conversor, inversor Boost ZVT
o valor médio da corrente é descrito por: em cascata com o inversor H6, depende do nível de tensão de
entrada e, quando a tensão do sistema FV é menor do que 350
1 𝑀𝑀 V o sistema opera com o MPPT no estágio CC-CC. A partir
𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼_𝐷𝐷4 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 = 𝐼𝐼𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 ( − ). (17) de 350 V de entrada, o sistema passa a operar com o MPPT no
𝜋𝜋 4
estágio CC-CA. Portanto, é interessante apresentar como se
30
configuram as malhas de controle para estas duas operações
25 em específico.
20

A. MPPT Residente no Conversor CC-CC


Corrente(A)

15
O modo mais comum de se realizar a extração de máxima
10 potência é utilizar o estágio elevador de tensão para buscar o
ponto de máxima potência (MPP) [3]-[6]. O algoritmo de
5
MPPT opera com as leituras de corrente e de tensão do arranjo
0
0 0,005 0,01 0,015 FV e atualiza a tensão de referência para que o controlador do
Tempo(s)
MPPT atualize a razão cíclica. Nesta configuração são
Fig. 6. Forma de onda da corrente através do interruptor S1. necessárias, além do algoritmo de MPPT e de seu controlador,
30 duas outras malhas de controle para o funcionamento correto
da estrutura, a saber, malha de controle de potência e a malha
de controle da corrente injetada. A malha de controle de
25

20 potência é a malha que regula o valor médio da tensão do


Corrente(A)

15
barramento CC e a malha de controle de corrente é a que
garante a qualidade da corrente injetada. De forma geral, a
10
Figura 9 apresenta em termos de diagrama de blocos e de
5 forma simplificada, as malhas de controle, a fim de facilitar a
compreensão da modelagem matemática, as nomenclaturas
dos elementos passivos serão redefinidas na sequência.
0
0 0,005 0,01 0,015
Tempo(s)

Fig. 7. Forma de onda de corrente através do diodo D4.


CIN CBUS Lcon
De forma análoga o diodo D3 opera de forma CC-CC Inversor
complementar à chave S2 durante o semiciclo negativo da PV
Boost ZVT CC-CA Lcon Vac
tensão de rede e, portanto, (17) também é válida para este
elemento. O interruptor de desacoplamento S5 opera com iFV, vCIN
Modulador
corrente praticamente senoidal, já que conduz a corrente de S1 MPPT irede
Comp_I
e S4 e também conduz a corrente de roda livre do diodo D4. VDC
(similar análise pode ser realizada para S6). A forma de onda +
-
Comp_V X
desta corrente é apresentada na Figura 8 e seu valor médio Vref
- +
pode ser calculado por: PLL

𝐼𝐼𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
Fig. 9. Diagrama simplificado para o controle do inversor,
𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼_𝑆𝑆5 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 = . (18) considerando o MPPT no conversor CC-CC.
𝜋𝜋

Considerando o arranjo de painéis como uma fonte de


corrente (IFV) e uma vez que a malha de controle de potência

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 216-225, abr./jun. 2018 219


regula a tensão no capacitor do barramento CC (CBUS) em uma A malha de potência pode ser obtida por meio do equilíbrio
tensão média fixa (VDC) é possível obter a função de de energia, na qual a potência extraída do capacitor de elo CC
transferência que representa a variação da tensão de entrada é a potência que deve ser injetada na rede. Neste sentido, pode-
(vCin) em função da variação da razão cíclica (d). Neste se obter:
sentido, são importantes para a obtenção das características
dinâmicas para o controle do MPPT, as dinâmicas do capacitor 𝑃𝑃𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝑉𝑉𝐷𝐷𝐷𝐷 𝐶𝐶𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵
𝑑𝑑𝑉𝑉𝑉𝑉𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵
(22)
𝑑𝑑𝑑𝑑
de desacoplamento do FV (Cin) e do indutor de entrada do 𝑉𝑉𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝐼𝐼𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
conversor (Lin). Desta forma, considerando a média das 𝑃𝑃𝐴𝐴𝐴𝐴 = (23)
√2 √2
equações de estado, é possível obter as seguintes expressões:
onde PCC representa a potência do elo CC, VDC a tensão do elo
𝑑𝑑𝑉𝑉𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
𝐼𝐼𝐹𝐹𝐹𝐹 −𝑖𝑖𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 = 𝐶𝐶𝑖𝑖𝑖𝑖 (19) CC e CBus a capacitância do elo CC. PAC representa a potência
𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑑𝑑𝑖𝑖𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 injetada na rede, Vpico a tensão de pico da rede e Ipico a corrente
𝑣𝑣𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 − (1 − 𝑑𝑑)𝑉𝑉𝐷𝐷𝐷𝐷 − 𝑟𝑟𝐿𝐿 𝑖𝑖𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 = 𝐿𝐿 . (20) de pico da rede.
𝑑𝑑𝑑𝑑
Considerando equilíbrio de potência, aplicando pequenas
Aplicando pequenas perturbações nas variáveis e utilizando perturbações nas variáveis e a transformada de Laplace,
a transformada de Laplace, após algumas manipulações, obtém-se a função de transferência da malha de potência,
obtém-se GvCin_d (s): descrita por:
𝑣𝑣𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 (𝑠𝑠) −𝑉𝑉𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑖𝑖𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 (𝑠𝑠) 𝑉𝑉𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
𝐺𝐺𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣_𝑑𝑑 (𝑠𝑠) = = . (21) 𝐺𝐺𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣_𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣 (𝑠𝑠) = = . (24)
𝑑𝑑(𝑠𝑠) (1+𝑠𝑠𝑟𝑟𝐿𝐿𝐶𝐶𝑖𝑖𝑖𝑖 +𝑠𝑠 2 𝐿𝐿𝑖𝑖𝑖𝑖 𝐶𝐶𝑖𝑖𝑖𝑖 ) 𝑣𝑣𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵 (𝑠𝑠) 2𝑠𝑠𝐶𝐶𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵 𝑉𝑉𝐷𝐷𝐷𝐷

É possível observar através da Figura 10 os diagramas de B. MPPT Residente no Inversor CC-CA


Bode de módulo e de fase da função de estudo para o controle Mesmo sendo comum realizar a extração de máxima
do MPPT (regulação de vCin). Ao adicionar um compensador potência através do estágio CC-CC para buscar o ponto de
do tipo PI à malha de controle da tensão de entrada é possível máxima potência (MPP) é possível a utilização direta do
verificar sua estabilidade através da Figura 11. Os dados dos estágio CC-CA para buscar este ponto ótimo, com excelentes
parâmetros da planta e do sistema compensado podem ser resultados de rastreamento. Isto quando a associação FV
verificados através da Tabela I. fornece tensão suficientemente elevada para garantir valor
Open-Loop Bode Editor for Open Loop 1(OL1)
instantâneo maior do que o pico da tensão de rede. Nesta
configuração, o algoritmo de MPPT realiza as leituras de
120

100
Magnitude (dB)

80

60
corrente e de tensão e atualiza a tensão de referência do
40

20
controlador do MPPT a fim de atualizar a corrente de
0
G.M.: -50.9 dB
referência. Desta forma, não existe mais a malha de controle
de potência para regular o valor médio da tensão do
-20 Freq: 0 Hz
Unstable loop
-40
180

barramento CC. De forma geral, a Figura 12 apresenta em


Phase (deg)

135

90 termos de diagrama de blocos, as malhas de controle para este


45
P.M.: -180 deg
caso.
Freq: 4.22e+03 Hz
0
0 1 2 3
10 10 10 10
Frequency (Hz) Lcon
CIN CBUS
Fig. 10. Diagramas de Bode da planta em malha aberta.
CC-CC Inversor
Open-Loop Bode Editor for Open Loop 1(OL1)
PV
Boost ZVT CC-CA Lcon Vac
40

20
Magnitude (dB)

0
Modulador
-20

Comp_I irede
-40
IFV, vCIN
-60
G.M.: 3.95 dB
Freq: 227 Hz iREF
Stable loop -
-80
-45 MPPT X
+
PLL
Phase (deg)

-90

-135

-180
Fig. 12. Diagrama simplificado para o controle do inversor,
-225
P.M.: 90.5 deg
Freq: 2.05 Hz considerando o MPPT no conversor CC-CA.
-1 0 1 2 3
10 10 10 10 10
Frequency (Hz)

Fig. 11. Diagramas de Bode da planta compensada. Neste sistema, a função de transferência que rege a
dinâmica da malha de controle para o MPPT deve reproduzir
TABELA I a corrente de referência (irede), logo deve ser analisada sua
Dados da Malha de Controle para o MPPT CC-CC interação com a variação de tensão do conjunto FV (vCin).
Planta VCin/d + Compensador Neste sentido, podem ser escritas as equações dinâmicas do
Indutância Boost Lin = 5,0 mH inversor, dadas por:
Resistência do Indutor rL = 0,1 Ω
Capacitância de desacoplamento Cin =100 µF 𝑑𝑑𝑉𝑉𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
Tensão CC do Elo VDC = 350 V 𝐼𝐼𝐹𝐹𝐹𝐹 −𝑚𝑚𝑚𝑚𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 = 𝐶𝐶𝑖𝑖𝑖𝑖 (25)
𝑑𝑑𝑑𝑑
Margem Fase 90° 𝑑𝑑𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟
Frequência de Cruzamento 2 Hz
𝑚𝑚𝑣𝑣𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 − 𝑣𝑣𝑎𝑎𝑎𝑎 = 𝐿𝐿𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 (26)
𝑑𝑑𝑑𝑑

220 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 216-225, abr./jun. 2018


Aplicando pequenas perturbações nas variáveis e a abordagem e com apenas o estágio CC-CA na segunda. A
transformada de Laplace, obtém-se GvCin_Irede (s): Tabela III sumariza os principais componentes do sistema.

𝐺𝐺𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣_𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 (𝑠𝑠) =
𝑣𝑣𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 (𝑠𝑠)
=
−(𝑀𝑀𝑉𝑉𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 +𝑠𝑠𝐿𝐿𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 )
. (27) TABELA III
𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖(𝑠𝑠) (𝑠𝑠𝐶𝐶𝑖𝑖𝑖𝑖 𝑉𝑉𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶+𝑀𝑀𝐼𝐼𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 )
Principais Dados para Implementação do Protótipo
Boost ZVT + Inversor H6
É possível observar através das Figuras 13 e 14 os Indutância Boost Lin = 5,0 mH
diagramas de Bode de módulo e de fase da função de estudo Capacitância Elo CC CBus = 2,5 mF
para o controle do MPPT (regulação de vCin), sendo os dados Indutância do Indutor Ressonante Lres = 10 µH
dos parâmetros da planta e do sistema compensado verificados Capacitância do Capacitor Ressonante Cres = 22 µF
Capacitância de desacoplamento Cin = 100 µF
na Tabela II. Observa-se que a frequência de cruzamento de Filtros CA Lcon = 1,5 mH
ganho desta malha é reduzida uma vez que as variações
meteorológicas são lentas; isto também ocorre para a Com a tensão de entrada abaixo de 350 V, torna-se
regulação de vCin no caso do MPPT CC-CC. necessária a operação da etapa elevadora Boost ZVT, de modo
A partir de (26) é possível obter a função de transferência a garantir tensão de barramento maior do que a tensão de pico
da injeção de corrente na rede (irede) em função do índice de da rede CA. Neste enfoque, têm-se: o algoritmo de MPPT
modulação (m), dada por: P&O e seu controlador, a malha de controle de potência e da
𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼(𝑠𝑠) 𝑉𝑉𝐶𝐶𝐶𝐶
injeção de corrente.
𝐺𝐺𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖_𝑚𝑚 (𝑠𝑠) = = . (28) A fim de permitir que o sistema possa operar em condições
𝑚𝑚(𝑠𝑠) 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠
de sombreamento parcial, o algoritmo de MPPT da etapa CC-
30
Open-Loop Bode Editor for Open Loop 1(OL1)
CC realiza um escaneamento da curva V(versus)I do arranjo
20
FV na inicialização, para o cômputo de P(versus)V. O
Magnitude (dB)

algoritmo aumenta a corrente drenada do painel até que a


10

-10 tensão do mesmo atinja o limite mínimo de operação do


-20 G.M.: 24.6 dB
Freq: Inf Hz
Unstable loop
conversor, definida em 125 V. Após este processo, o algoritmo
retorna para o ponto de operação de maior potência (máximo
-30
180

global) e permite que o algoritmo P&O continue o


Phase (deg)

rastreamento. Neste sentido, o rastreamento da curva para


135

90
P.M.: -83.7 deg
Freq: 47.6 Hz operação no ponto ótimo do arranjo FV pode ser observado
10-1 100 101 102
Frequency (Hz)
103 104 105
em termos da corrente injetada na rede através da Figura 15, a
Fig. 13. Diagramas de Bode da função de transferência para a planta qual mostra que o conversor retorna ao ponto de máxima
sem compensador. corrente para garantir a operação no máximo global.
Open-Loop Bode Editor for Open Loop 1(OL1)
A Figura 16 apresenta o rastreamento da máxima potência
10

0
usando como fonte o emulador fotovoltaico TerraSAS®. Foi
Magnitude (dB)

-10 adotado um conjunto de painéis com tensão de circuito aberto


VOC = 335 V, fator de forma FF = 0,8 e corrente no ponto
-20

-30

-40
G.M.: inf
máximo de 17 A. Neste teste experimental obteve-se fator de
rastreamento de 99,5%.
-50 Freq: NaN
Stable loop
-60
0
P.M.: 89.1 deg
Freq: 2 Hz
Phase (deg)

-45

-90

-135

-180
10
0 1
10 10
2 3
10
4
10
Pmax
Frequency (Hz)

Fig. 14. Diagramas de Bode da planta compensada.

TABELA II
Dados da Malha de Controle para o MPPT CC-CA
Planta VCin/Irede + Compensador Corrente
Capacitância Elo CC (mF) CBus = 2,5 Tensão
Tensão CC do Elo (V) VDC = 350
Capacitância de desacoplamento (µF) Cin =100
Filtros CA (mH) Lcon = 1,5
Margem Fase (Graus) 89,1
Frequência de Cruzamento (Hz) 2

V. RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Os primeiros resultados apresentados são da injeção de Fig. 15. Injeção de energia considerando o rastreamento inicial da
potência ativa na rede (220 V, 60 Hz), primeiramente com o curva V(versus)I do arranjo FV.
algoritmo de MPPT residente na etapa CC-CC e em seguida
com o algoritmo de MPPT residente na etapa CC-CA. Desta
forma, o conversor opera com ambos os estágios na primeira

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 216-225, abr./jun. 2018 221


Tensão

Corrente

Fig. 16. Curva do sistema FV na extração de máxima potência,


considerando o MPPT residente na etapa CC-CC.

Na operação para tensão de entrada maior do que 350 V, não


é mais necessária a etapa CC-CC, sendo o controle da potência
extraída do painel feito exclusivamente pela etapa CC-CA.
Desta forma, o MPPT está residente no inversor. Optou-se por Fig. 18. Troca do MPPT entre os estágios, considerando aumento da
utilizar um algoritmo misto, o qual combina o algoritmo de tensão de entrada do arranjo FV.
tensão constante com o algoritmo de P&O [4]. Diferentemente
do algoritmo de MPPT presente na etapa CC-CC, neste Início da
algoritmo misto o P&O é responsável por gerar o diferencial Operação
de tensão para que o algoritmo de tensão constante sempre
Selecionar Executar P&O
tenha a referência correta, independente das condições Voc*0,84>Vbus_min
MPPT CC-CC modificado
meteorológicas. A saída então é somada a uma porcentagem Não
fixa da tensão de circuito aberto e há a subtração desta tensão Sim Repassar
de referência com a tensão do arranjo FV que passa por um Selecionar parâmetros de
Vin>Vbus1
MPPT CC-CA operação do
compensador para gerar a corrente de pico a ser injetada na FV Sim Não
rede. Repassar
Executar Vcst + parâmetros de
Na Figura 17 é apresentada a extração de máxima potência P&O
Vin<Vbus2
operação do
com o MPPT residente na etapa CC-CA. Para os testes Sim FV
utilizou-se de um conjunto de painéis solares com tensão de
Não
circuito Voc = 515 V, fator de forma FF = 0,77 e corrente no Fig. 19. Fluxograma para transição entre modos de operação.
ponto máximo de 11 A. Obteve-se neste teste o fator de
rastreamento de 99,85%. Na Figura 20 é possível verificar a injeção de potência na
rede em CA, primeiramente com o MPPT residente na etapa
CC-CC e na sequência residente na etapa CC-CA. Destaca-se
a injeção de meia carga (Figuras (a) e (c)) e de carga nominal
(Figuras (b) e (d)), com a forma de onda de corrente em
magenta e a forma de onda tensão da rede em verde. Para
evitar que a ondulação de tensão do barramento CC
influenciasse a corrente de referência adicionou-se um filtro
Notch, operando na taxa de 10 kHz, com frequência de corte
de 120 Hz (com largura de banda em +/-10 Hz) [19].
Adicionalmente, a DHT (distorção harmônica total) é menor
do que 5% para as condições de carga apresentadas,
Fig. 17. Curva do sistema FV na extração de máxima potência, alcançando 2% em carga nominal.
considerando MPPT residente na etapa CC-CA. Para obter a eficiência do conversor, é importante levar em
consideração o fato de que o inversor não opera o tempo todo
Optou-se por uma transição suave entre os modos de na potência nominal; assim, o método de cálculo da eficiência
operação para garantir maior confiabilidade e europeia e CEC tornam-se interessantes, uma vez que
consequentemente garantir qualidade de energia injetada. realizam o cálculo da eficiência através de uma média
Desta forma, a Figura 18 apresenta a captura da forma de onda ponderada. É importante salientar que a eficiência CEC é mais
da tensão e da corrente de saída no momento em que ocorre a adequada para o Brasil. Esse método assume que o inversor
troca dos estágios; nota-se a variação de corrente devido à opera com maiores carregamentos (maior irradiação solar). A
inicialização do controlador do MPPT do estágio CC-CA, sem eficiência europeia e a eficiência CEC são obtidos
problemas de transitórios/confiabilidade do sistema. A Figura respectivamente através de [14], [20]:
19 apresenta um diagrama simplificado que possibilita a
transição entre os modos de operação para o MPPT. 𝑛𝑛𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 = 0,03𝑛𝑛5% + 0,06𝑛𝑛10% + 0,13𝑛𝑛20% + 0,10𝑛𝑛30% +
0,48𝑛𝑛50% + 0,2𝑛𝑛100% (29)

222 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 216-225, abr./jun. 2018


𝑛𝑛𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = 0,04𝑛𝑛10% + 0,05𝑛𝑛20% + 0,12𝑛𝑛30% + 0,21𝑛𝑛50% +
0,53𝑛𝑛75% + 0,05𝑛𝑛100% . (30) Tensão

Simulando-se os carregamentos exigidos, obteve-se a


eficiência europeia de 95,8% e a eficiência CEC de 96,01%
para o conversor fotovoltaico em estudo.
Considerando-se o conversor em potência nominal,
obteve-se eficiência máxima de 95,6% com os dois estágios
operacionais (MPPT residente no estágio CC-CC) e 96,7% Corrente
somente com o estágio CC-CA (MPPT residente no inversor).

VI. CONCLUSÕES

Este artigo apresentou a associação de um conversor (a)


elevador do tipo Boost ZVT com um Inversor H6 para
aplicação na geração fotovoltaica monofásica de baixa
potência, conectado à rede em CA de baixa tensão. Os
principais resultados experimentais, incluindo o algoritmo de
MPPT híbrido que opera residente no inversor ou residente no
conversor CC-CC bem como a injeção de energia na rede,
foram apresentados e discutidos, demonstrando a
funcionalidade do sistema através das formas de onda e dos
índices de qualidade alcançados. Finalmente, a Distorção
Harmônica Total da corrente injetada na rede é baixa, assim
como seu conteúdo harmônico, estando em conformidade com
as normas nacionais ABNT NBR-IEC para sistemas de
microgeração distribuída fotovoltaica e, adicionalmente, a
eficiência obtida do sistema é elevada considerando-se os (b)
níveis de potência da aplicação.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPESP, CNPq, CAPES e à PHB


Eletrônica Ltda pelo apoio financeiro e de infraestrutura à
pesquisa.

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carga; (b) Potência de carga nominal (MPPT CC-CC); (c) Potência
Transactions on Industrial Electronics, vol. 60, no. 3, pp.
de meia carga; (d) Potência de carga nominal (MPPT CC-CA).
1156–1167, 2013.

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- 2203, 2015. Atualmente é professor Adjunto IV na Universidade Federal
[18] W. Engin, S. Jianhui, W. Jiangu, L. Jidong, J. Shanhe, de Mato Grosso do Sul - UFMS, atuando em disciplinas de
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characteristics analysis considering effects of power grid Potência e Sistemas Ininterruptos de Energia. É também
impedance,” in Proc. of Control Conference, pp. 9260- professor permanente do Programa de Pós-Graduação em
9265, 2017. Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Mato Grosso
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double-line frequency ripple rejection for high- e média tensão, eficiência energética, sistemas fotovoltaicos
efficiency high-power density string inverter in off-grid e on-grid, qualidade de energia, cabeamento

224 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 216-225, abr./jun. 2018


estruturado e projetos complementares. Atua nas áreas de FE/IS. Foi editor geral da Revista Eletrônica de Potência
pesquisa e desenvolvimento de sistemas ininterruptos de (gestão 2003-2004), ex-presidente da SOBRAEP – Sociedade
energia, microinversores, transferência de potência wireless e Brasileira de Eletrônica de Potência (gestão 11/2004 –
modernas técnicas de medição de energia e potência elétrica. 10/2006), é editor associado da IEEE Transactions on Power
Electronics, desde 2003, e Membro do Conselho de Política
Carlos Alberto Canesin, nascido em Lavínia (SP), em 1961, Energética do Estado de São Paulo, desde 2010. Suas áreas de
é engenheiro eletricista (1984) pela Universidade Estadual interesse incluem: energias alternativas renováveis e
Paulista – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP- complementares, qualidade da energia elétrica, técnicas de
FE/IS), mestre (1990) e doutor (1996) em Engenharia Elétrica comutações não-dissipativas, técnicas de correção ativa do
pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC INEP, fator de potência, veículos elétricos puros, reatores eletrônicos
Florianópolis-SC. Atualmente é professor titular do para iluminação e técnicas modernas para o ensino de
Departamento de Engenharia Elétrica (DEE) da UNESP- eletrônica de potência.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 216-225, abr./jun. 2018 225


Estratégias de Anti-Ilhamento Aplicadas a Sistemas de Geração Distribuída Fotovoltai-
ca
ESTRATÉGIAS
Anti-Island DEatANTI-ILHAMENTO
Strategies Applied APLICADAS A SISTEMAS DE
Distributed Generation Systems
Moacyr A. G. de Brito, GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
Marcos G. Alves, FOTOVOLTAICA
Leonardo P. Sampaio, Carlos A. Canesin

Moacyr A. G. de Brito1, Marcos G. Alves2, Leonardo P. Sampaio3, Carlos A. Canesin2


Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campo Grande – MS, Brasil
1

Universidade Estadual Paulista, UNESP-FE/IS-LEP, Ilha Solteira – SP, Brasil


2
3
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Cornélio Procópio – PR, Brasil
e-mail: 1moacyr.brito@ufms.br, 2canesin@dee.feis.unesp.br

Resumo – Neste trabalho são avaliados alguns dos 


Keywords – Anti-Island, Distributed Generation,
principais algoritmos de anti-ilhamento, com modelos em Inverter, RLC Load.
ambiente MatLab/Simulink®, a partir de um inversor
fonte de tensão monofásico projetado para injetar I. INTRODUÇÃO
potência ativa na rede de distribuição em baixa tensão,
utilizando como fonte primária energia solar fotovoltaica. Devido a grande preocupação ambiental e a possibilidade
Os testes são realizados empregando uma carga RLC em de redução da oferta de combustíveis fósseis, a intensificação
paralelo, com fator de qualidade e frequência de do uso de fontes alternativas de energia, especialmente a solar
ressonância projetados de modo a atender às exigências da fotovoltaica (FV), em integração aos sistemas de distribuição
norma NBR IEC 62116. Uma vez que os métodos passivos tem se tornado uma realidade cada vez mais presente [1]-[3].
para detecção do ilhamento não possuem boa eficácia e, Para se realizar a conexão segura de sistemas de geração
que os métodos remotos são dispendiosos distribuída (SGD) à rede é necessário tomar certas precauções
economicamente, este trabalho tem seu foco nos métodos tais como a detecção de ilhamento e sincronização [4]-[6]. O
ativos. Normalmente, uma estratégia híbrida, que fenômeno de ilhamento para um SGD é definido quando o
contempla um algoritmo ativo e proteções de mesmo continua a alimentar as cargas locais na ausência da
sub/sobretensão e sub/sobrefrequência é escolhida para rede de alimentação. Ou seja, o sistema além de alimentar as
compor a estratégia de anti-ilhamento. Finalmente, um cargas especificadas para o mesmo, supre energia para as
protótipo de 1 kW é utilizado para os testes experimentais demais cargas conectadas à rede, resultando em problemas
de uma das estratégias de anti-ilhamento. operacionais devido a incapacidade de geração local, dentre
outros até mais graves. Embora a probabilidade de ocorrência
Palavras-Chave – Anti-ilhamento, Carga RLC, Geração deste efeito seja extremamente baixa, normas que versam
Distribuída, Inversor. sobre a interconexão de sistemas fotovoltaicos à rede
requerem métodos eficazes para detectar o ilhamento, tais
ANTI-ISLAND STRATEGIES APPLIED AT como IEEE 929-2000, IEEE 1547, UL1741 e ABNT NBR
DISTRIBUTED GENERATION SYSTEMS IEC 62116:2012, devido a diversos problemas resultantes [7]-
[9]. Durante o ilhamento problemas de segurança, qualidade
Abstract – In this work, some of the main anti-islanding de energia e confiabilidade podem ocorrer. A rede de energia
algorithms are evaluated through MatLab/Simulink® não consegue mais controlar a tensão e a frequência durante o
platform employing a single-phase voltage source inverter ilhamento. Este efeito pode criar uma situação de risco para
designed to inject active power into the low-voltage operários de linhas de distribuição ou até mesmo para pessoas
distribution network, using solar photovoltaic as energy comuns, uma vez que uma parte da rede de distribuição
source. The tests are carried out by using a parallel RLC continua energizada mesmo quando desconectada da rede
load, in which its resonance frequency and quality factor principal. Ainda, a reconexão da rede durante um ilhamento
are designed in order to meet the requirements of the NBR pode danificar equipamentos e até o sistema de geração
IEC 62116 standard. Since the passive methods to detect distribuída, por causa de uma conexão fora de fase, além de
islanding do not present good performance and remote poder interferir com a restauração do serviço pela rede [4]-[6].
ones are economically expensive, only the active Em virtude da necessidade clara da detecção de ilhamento
algorithms are taken into account in the test procedures. pelo SGD diversos métodos de detecção de ilhamento têm
Normally, a hybrid strategy, which contemplates an active sido propostos na literatura. Estes são divididos, basicamente,
algorithm with under/over voltage and under/over em métodos passivos e ativos residentes no inversor, ativo
frequency protections, is chosen to compose the anti- residente na rede e baseados em comunicação entre a rede e o
islanding detection strategy. Finally, a 1 kW inverter inversor [10]-[14]. Um esboço de um sistema de geração
prototype is used for experimental evaluation of one of the distribuída FV grid-tied é apresentado na Figura 1, o qual é
anti-islanding algorithms. composto pelo arranjo de painéis, conversor, carga local,
transformador de distribuição e chave de desconexão física.


Artigo submetido em 08/11/2017. Primeira revisão em 27/12/2017. Aceito
para publicação em 15/02/2018 por recomendação do Editor Marcelo Cabral
Cavalcanti.

226 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 226-234, abr./jun. 2018


Arranjo III. INTERAÇÃO ENTRE CARGA E GERAÇÃO
Fotovoltaico Ppv  jQ pv
Sol P  j Q
Rede
Conversores PCC Os efeitos da desconexão da rede nos terminais do inversor
Estáticos chave e na carga local dependem da relação entre a carga e a potência
disponibilizada pelo sistema FV. Isto ocorre, uma vez que o

Pc arg a  jQc arg a


Cargas conversor é usualmente controlado para injetar o máximo de
Locais
energia disponível (sistema com algoritmo de rastreamento de
máxima potência - MPPT [15]-[17]), independente da carga
Fig. 1. Diagrama geral de um sistema de geração distribuída. local, deixando a rede responsável por manter o equilíbrio. Em
caso de falta de energia em relação à gerada, a rede se
Os métodos passivos não são eficazes para determinar o encarrega de suprir a necessidade adicional e, em caso de
efeito de ilhamento, os métodos remotos são, ainda, excesso, a mesma absorve. Portanto, em caso de falha na rede,
dispendiosos econômica e tecnicamente; tendo, portanto, os se houver mais potência gerada do que exigida, a tensão se
métodos ativos maior eficácia [12]-[14]. Neste sentido, este eleva ou vice-versa. Da mesma forma, se houver um perfeito
artigo tem como propósito apresentar uma revisão dos equilíbrio entre a carga e a potência gerada, o efeito da perda
principais algoritmos de anti-ilhamento frente a uma típica da rede torna-se imperceptível com o algoritmo convencional,
carga RLC (pior condição de teste), apresentando estratégias uma vez que não ocorrem alterações na tensão de saída do
para implementação destes algoritmos e uma vez avaliados inversor. Estas condições estão ilustradas pelas Figuras 3 à 5.
qualitativamente, um sistema fotovoltaico é empregado para a Observa-se que o pior caso para a detecção do ilhamento
implementação experimental e testes práticos do algoritmo de ocorre quando há o equilíbrio entre a geração fotovoltaica e o
melhor eficácia global. consumo. Nestes casos, os métodos passivos não são eficazes,
tendo, portanto, os métodos ativos maior atratividade.
II. MODELO DA CARGA 200

150

A carga utilizada como modelo, para os testes dos


100
algoritmos, é uma carga RLC em paralelo com fator de
qualidade Qf = 1,0 e frequência de ressonância igual à
50
Tensão(V)

frequência da rede (f = 60Hz). O uso deste modelo se baseia 0

no fato de que a maioria dos algoritmos de anti-ilhamento -50

apresenta dificuldades para a detecção com algum tipo de -100


Desconexão
carga RLC. Em geral, cargas não lineares ou cargas de -150
da rede

potência constante não apresentam dificuldade para a -200


0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2
detecção, pois na ausência da rede os padrões normais de Tempo(s)

tensão são facilmente alterados, fato que não ocorre na Fig. 3. Efeito após ilhamento para potência gerada igual ao consumo.
presença de cargas RLC, ainda mais quando existe equilíbrio
entre carga e potência gerada [12], [13]. O modelo de 300

simulação é apresentado pela Figura 2, que contempla o 200

inversor fonte de tensão (VSI), a indutância de conexão com a


rede, a carga RLC local e a chave de desconexão do sistema. 100

A carga local pode ser modelada conforme [7]-[9]:


Tensão(V)

𝑉𝑉𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 2
-100

𝑅𝑅 = (1) Desconexão
𝑃𝑃 -200
da rede

𝑉𝑉𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 2
𝐿𝐿 = (2)
2𝜋𝜋𝜋𝜋𝑄𝑄𝑓𝑓 𝑃𝑃 -300
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2
𝑄𝑄𝑓𝑓 𝑃𝑃 Tempo(s)

𝐶𝐶 =
2𝜋𝜋𝜋𝜋𝑉𝑉𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 2. (3) Fig. 4. Efeito após ilhamento para potência gerada maior do que o
consumido.
i pv
Arranjo S1 S3 S5 200
Fotovoltaico
Lrede i vg Relé 150
rede
A
+ +
v pv 100
v AC Rede
- -
50
B
S2 S4 S6
Tensão(V)

Cargas
0

-50
irede
v pv g S1
v*pv I pico d -100
i pv MPPT
Malha Malha
PWM
gS 2 Desconexão
Tensão vpv Corrente iLin gS 3 da rede
gS 4 -150

t 
v AC t Algoritmo Relé -200
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2
PLL Tempo(s)
Ilhamento

Fig. 5. Efeito após ilhamento para potência gerada menor do que o


Fig. 2. Diagrama para os testes dos algoritmos de anti-ilhamento. consumo.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 226-234, abr./jun. 2018 227


IV. ESTRATÉGIA PARA INJEÇÃO DE POTÊNCIA V. ALGORITMOS ATIVOS DE ANTI-ILHAMENTO

Nesta estratégia o conversor se comporta como uma fonte de Nesta seção são apresentados os principais algoritmos de
corrente em relação à rede, onde a corrente injetada é anti-ilhamento com estratégias para suas implementações.
sincronizada à tensão por meio de um algoritmo PLL (phase-
locked loop) [18], que provê a frequência e a fase da tensão no A. Injeção de Reativo
ponto de acoplamento. O valor eficaz da corrente é obtida por O método da injeção de reativo busca dificultar o equilíbrio
meio do controle da energia disponível no arranjo F, a partir com a carga local, onde em condições normais a rede fica
de uma malha de potência. Neste trabalho, as condições responsável por prover o equilíbrio entre potência gerada e
nominais de operação são 1 kW e rede elétrica em 220 V/60 consumida. Após a desconexão da rede, o excesso ou a falta
Hz. Esta estratégia é apresentada na Figura 6. de reativo provocará mudanças na tensão no ponto de
acoplamento de carga (PCC). Este método é implementado
ωt Seno
+
-
PI Referência adicionando-se uma malha para o controle da energia reativa
alterando a fase da corrente em relação à fase da tensão da
Corrente
Ganho
vac PLL irede
rede. O reativo excedente provocará mudanças mais aparentes
na frequência da tensão da carga local. O diagrama do método
é apresentado pela Figura 8 [19]-[21].
Pnominal +
PI
-
Potência

Cálculo de Potência
Referência
+ PI
irede
+
ωt Seno -
+ Corrente

Fig. 6. Estratégia de controle para a injeção de energia na rede.


Ganho
vac PLL irede
PI
Potência II

A equação que representa a dinâmica da injeção de


corrente, em termos da equação média de estados, é dada por: Q
+ -
Qadicional
Cálculo de Potência
𝑑𝑑𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 PI
𝑚𝑚𝑣𝑣𝐶𝐶𝐶𝐶 − 𝑣𝑣𝑎𝑎𝑎𝑎 = 𝐿𝐿𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 + 𝑅𝑅𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 (4) P -
+ Potência I
𝑑𝑑𝑑𝑑 irede
Pnominal

Fig. 8. Estratégia para teste do método da injeção de reativo.


a qual é obtida considerando os terminais de saída da ponte
inversora como uma fonte de tensão variável em conexão à
rede através de um filtro indutivo de acoplamento. B. Desvio Ativo de Frequência (AFD)
Aplicando a análise de pequenos sinais obtém-se função de Este método opera com uma forma de onda ligeiramente
transferência que relaciona a injeção de corrente na rede (irede) distorcida, com frequência ligeiramente superior à da rede e
em função do índice de modulação (m), dada por: sincronizada com o cruzamento por zero da mesma (vide
Figura 9). Após o cruzamento da corrente por zero, esta é
𝐺𝐺𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖_𝑚𝑚 (𝑠𝑠) =
𝑖𝑖𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 (𝑠𝑠)
=
𝑉𝑉𝐶𝐶𝐶𝐶
. (5) mantida nula até coincidir com a passagem por zero da tensão
𝑚𝑚(𝑠𝑠) (𝑠𝑠𝐿𝐿𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 +𝑅𝑅𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 ) da rede. Desta forma, há uma tendência constante da
frequência se alterar em ilhamento. É possível definir a fração
A Figura 7 apresenta a planta de controle de corrente de corte (Chf – porcentagem de tempo com relação ao meio
compensada com os parâmetros apresentados na Tabela I. período de rede na qual a corrente injetada é nula) para o
100
Open-Loop Bode Editor for Open Loop 1(OL1)
método AFD, em função do tempo de corrente nula (T z) e da
80 metade do período (T) da rede através de:
Magnitude (dB)

60

40 𝑇𝑇𝑍𝑍
20
𝐶𝐶ℎ𝑓𝑓 = 2 . (6)
𝑇𝑇
G.M.: inf
0 Freq: NaN
Stable loop

Ainda, é possível estabelecer a condição para o algoritmo


-20
0
P.M.: 90 deg
Freq: 2.55e+03 Hz

-45
detectar ilhamento em função da carga RLC através de:
Phase (deg)

-90

1 𝐶𝐶ℎ𝑓𝑓
-135
tan−1 [𝑅𝑅 (𝜔𝜔𝜔𝜔 − )] = 𝜋𝜋 . (7)
10
-1 0
10
1
10 Frequency (Hz) 10
2 3
10 10
4
𝜔𝜔𝜔𝜔 𝑇𝑇
Fig. 7. Diagramas de Bode da planta com compensador adicionado.
Uma estratégia para a implementação deste método é
TABELA I apresentada na Figura 10. Este método apresenta uma
Dados da Malha de Injeção de Corrente degradação da qualidade da potência de saída do inversor e
Planta irede/m + Compensador aumento das emissões eletromagnéticas devido à distorção na
Indutância de conexão com a rede Lrede = 5,0 mH forma de onda de corrente e, obviamente há uma limitação no
Resistência do Indutor Lin rL = 0,1 Ω
tamanho do deslocamento em frequência imposto para manter
Tensão do barramento CC VCC = 400 V
Ganhos do controlador PI kp = 0,19 a distorção harmônica total (DHT) de corrente em nível menor
ki = 3,92 do que o especificado [22]-[25].
Margem de fase do sistema compensado MF = 90º
Frequência de cruzamento do sistema compensado fC = 2,5 kHz

228 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 226-234, abr./jun. 2018


rede. Com este método a frequência da tensão no PCC só se
Isenoidal
Iinversor mantém em 60Hz caso a rede esteja presente. Uma opção para
a fração de corte deste método é dada por:
Corrente (A)

Zero Corrente 𝐶𝐶𝑓𝑓 = 𝐶𝐶𝑓𝑓0 + 𝑘𝑘(𝑓𝑓𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 − 𝑓𝑓𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 ). (10)

Outras funções também podem ser aplicadas com sucesso


0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 0.012 0.014 0.016
e, através da Figura 15, verifica-se uma possibilidade de
Tempo(s)

Fig. 9. Extensão do zero de corrente usado no método AFD. implementação desta estratégia [28]-[31].

+ Δf
- Módulo ≥ Falha +
- Módulo ≥ Falha
fmax 2π Δf
fnominal
+
k
+
+ + 2π
Freq ++ Seno Freq
vac vac cf0
Ganho Desvio Ganho
PLL Saturador PLL
Integrador Referência
Integrador
Seno com Seno com Seno
Reset Reset
Referência
Sinal Fig. 12. Estratégia de implementação do método SFS.
Fig. 10. Estratégia para teste do algoritmo AFD.
E. Método da Realimentação Positiva da Tensão (Sandia
C. Desvio de Frequência no Modo Escorregamento (SMS) Voltage Shift - SVS)
Neste método o ângulo de fase entre a corrente injetada e Este método aplica realimentação positiva na tensão do
a tensão no PCC não é controlada para ser sempre nula, mas PCC de tal forma que quando houver diminuição no valor
sim uma função da tensão no PCC. A curva de fase do inversor eficaz desta tensão a potência ativa injetada pelo conversor
é projetada de tal forma que a fase do inversor aumente mais também decresce e, assim, sucessivamente até a detecção do
rapidamente do que a fase da carga local. É realizada uma ilhamento. A alteração é realizada na malha de potência do
realimentação positiva de tal forma que a frequência da rede inversor e uma possibilidade de implementação é apresentada
se torne instável para o inversor, ficando em 60Hz apenas na na Figura 13. O algoritmo opera de forma análoga para um
presença da mesma. A equação que rege este método é dada aumento do valor eficaz da tensão na carga local [31]-[33].
por:
𝜋𝜋 𝑓𝑓𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 −𝑓𝑓
𝜃𝜃 = 𝜃𝜃𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 ( ) (8) ωt Seno
+ PI Referência

2 𝑓𝑓𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 −𝑓𝑓
-
Corrente
Ganho
vac PLL irede

e o ângulo máximo que deve ser imposto para que o método


seja eficaz na presença da carga RLC pode ser obtido por:
PI +
PI
Valor Eficaz +-
Tensão
+- -
Potência

𝜃𝜃𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 12𝑄𝑄𝑓𝑓
. (9)
Vnominal Pnominal

𝑓𝑓𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 −𝑓𝑓 𝜋𝜋2
Cálculo de Potência

Na Figura 11 verifica-se uma possibilidade para irede


implementação deste método [24]-[27]. Fig. 13. Estratégia de implementação do método SVS.

F. Método da Medição de Impedância em uma Frequência


+
- Módulo ≥ Falha

fnominal Δf
Específica.
-
Freq + π/2 Seno Ɵmax
vac Neste método são introduzidas variações na corrente
Ganho fmax
PLL injetada pelo inversor de modo a observar seu efeito na tensão
ωt
+
+
Seno
Referência
no PCC. Como a frequência desta perturbação é previamente
conhecida, seus efeitos na tensão são mais fáceis de serem
Fig. 11. Estratégia para teste do algoritmo SMS. detectados. É necessário garantir que esta perturbação não
extrapole o nível máximo de DHT da corrente injetada que é
D. Desvio ativo de frequência com realimentação positiva de 5% [8], [9]. A alteração é dada na malha de controle de
(Sandia Frequency Shift - SFS) potência e pode ser observada na Figura 14 [34]-[36].
Este método aplica realimentação positiva na frequência
da corrente injetada de tal forma que esta corrente apresente VI. RESULTADOS DE SIMULAÇÃO
uma frequência ligeiramente superior à tensão da rede, mas
sincronizada com os zeros da forma de onda de tensão. Neste A variação de frequência para a detecção de ilhamento foi
sentido, o presente método é uma extensão do método AFD, considerada como 1,5Hz [9] e de acordo com as Figuras 10,
mas com menor interferência na forma de onda da corrente 11 e 12 o termo falha se refere ao sinal booleano que em nível
injetada já que o zero de corrente é uma função da tensão da lógico alto indica detecção pelo algoritmo.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 226-234, abr./jun. 2018 229


62,5
Harmônica
Específica

61,5

++ Referência
+ PI
ωt Seno -
Corrente

Frequência (Hz)
Ganho 60,5
vac PLL irede Detecção

59,5

Pnominal +
PI
-
Potência
58,5 Desconexão
Cálculo de Potência da rede

irede 57,5
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Fig. 14. Estratégia de implementação do método da medição de Tempo(s)

impedância em uma frequência específica. Fig. 17. Mudança de frequência após desconexão da rede – Método
AFD.
A. Injeção de Reativo
A partir dos resultados de simulação, este método se C. Desvio de Frequência no Modo Escorregamento (SMS)
mostrou muito eficaz para a detecção de ilhamento com a A curva do algoritmo SMS em conjunto com a curva da
presença da carga ressonante e, apenas uma pequena carga RLC, em função da variação de frequência, é
quantidade de reativo se fez necessária para alterar os apresentada na Figura 18. O ponto de cruzamento é o
parâmetros da tensão na carga local. A injeção de reativo equilíbrio entre a carga e a algoritmo após retirada da rede.
correspondeu a 10% da potência ativa total. O principal Qualquer valor de frequência entre estes dois pontos de
problema é que em potência nominal o fator de potência da equilíbrio podem ser escolhidos para a detecção do ilhamento
estrutura sempre será inferior ao fator de potência ótimo. Na pelo sistema. O valor de desvio máximo foi adotado para
Figura 15 verifica-se a mudança de frequência após a retirada ocorrer na variação de mais ou menos 1,5Hz para o ângulo
da rede. máximo de variação de 8°. Na Figura 19 mostra-se a mudança
de frequência após a retirada da rede
62,5

10

61,5 8

6
Frequência (Hz)

60,5 4
Detecção
Ângulo (Graus)

59,5 SMS
0
Carga Local
-2
58,5 Desconexão -4
da rede
-6
57,5
0 0,1 0,2 0.3 0,4 0,5 -8
Tempo(s)
-10
Fig. 15. Mudança de frequência após desconexão da rede – Injeção 57 58 59 60
Frequência (Hz)
61 62 63

de Reativo. Fig. 18. Variação da fase da carga e do algoritmo SMS em função


da frequência.
B. Desvio Ativo de Frequência (AFD)
Para este algoritmo especificou-se uma variação de 4 Hz 62,5

para a frequência da corrente injetada na rede, correspondendo


a uma fração de 6,7% do período da rede em 60Hz. A curva
61,5

deste algoritmo em conjunto com a curva da carga RLC, em


Frequência (Hz)

60,5

função da variação de frequência é apresentada na Figura 16. Detecção

O ponto de cruzamento é o equilíbrio entre a carga e o 59,5

algoritmo após retirada da rede. Após a retirada da rede, a 58,5


frequência da tensão na carga local sobe conforme pode ser Desconexão
da rede
observado na Figura 17. 57,5
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,45 0,5
Tempo(s)

10 Fig. 19. Mudança de frequência após desconexão da rede – Método


8 SMS.
6

D. Desvio Ativo de Frequência com Realimentação Positiva


Ângulo (Graus)

4 AFD

2
(Sandia Frequency Shift - SFS)
Carga Local
0
Especificou-se o desvio inicial de frequência com sendo
-2
Cfo = 0,1 Hz e a aceleração do ganho para o erro entre as
-4
frequências como sendo k = 2. Após a retirada da rede, a
-6
57 58 59 60 61 62 63 64 65 frequência da tensão na carga local se altera conforme pode
Frequência (Hz)
ser observado na Figura 20.
Fig. 16. Variação de fase da carga local e do AFD em função da
frequência.

230 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 226-234, abr./jun. 2018


62,5
da injeção de reativo e o SVS são simples no sentido de
61,5
implementação pois não é necessário se modificar o formato
da corrente injetada na rede. Levando-se este critério em
consideração, os métodos AFD e SFS apresentam maior
Frequência (Hz)

60,5
Detecção dificuldade para a construção do formato da onda de corrente
59,5 injetada, que deve ser sincronizada com o zero da tensão da
rede e possuir a correta fração de corte. Como o algoritmo
58,5 Desconexão
da rede SMS injeta corrente puramente senoidal mas sua
57,5
implementação é baseada em multiplicações e cálculos de
0 0,1 0,2
Tempo(s)
0,3 0,4 0,5
funções senoidais este possui dificuldade de implementação
Fig. 20. Mudança de frequência após desconexão da rede – Método intermediária
SFS.
8

E. Método da Realimentação Positiva da Tensão (Sandia 4


Voltage Shift - SVS)

Corrente Injetada (A)


2
A especificação para a detecção pelo SVS foi de 85% da
tensão nominal e, o tempo para a detecção pode ser 0

visualizado na Figura 21, onde após o tempo de 0,1s, a rede é -2

desconectada e o algoritmo passa a reduzir a potência injetada -4

até atingir a tensão para detecção. -6

-8
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1
240 Tempo(s)

220
Fig. 22. Forma de onda de corrente injetada na rede com forte
conteúdo de 7ͣ harmônica.
200
Tensão (RMS)

180
Detecção 6
160

140 5
Tensão Eficaz (V) - 7 Harmônica

120
Desconexão 4
100 da rede

80 3
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Tempo(s)
2
Fig. 21. Tempo de detecção de ilhamento pelo algoritmo SVS.
1

F. Método da Medição de Impedância em uma Frequência 0

Específica. 0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05


Tempo(s)
0,06 0,07 0,08 0,09 0,1

Este método não se mostrou eficaz para o teste com a carga Fig. 23. Valor eficaz da 7ͣ harmônica de tensão na carga local.
RLC já que um valor relativamente elevado de corrente
injetada em uma frequência acima da frequência da rede se fez VII. RESULTADO EXPERIMENTAL
necessária para alterar os parâmetros da tensão na carga local.
Injetou-se 1A eficaz de corrente na sétima harmônica para Os resultados apresentados são da injeção de potência ativa
observar um aumento de 5V eficazes na sétima harmônica de na rede e do tempo de detecção do ilhamento pelo algoritmo
tensão da carga local. Com a injeção de 1A eficaz de corrente SMS. Observa-se pela Figura 24, a injeção de potência ativa
na sétima harmônica, a DHT da corrente injetada na rede, em na rede com corrente (em azul) e tensão (em magenta) em fase
operação normal passa dos 15% (valor impraticável). Estes e pela Figura 25, o tempo de detecção do ilhamento obtido
dados podem ser visualizados nas Figuras 22 e 23 para ilustrar pelo algoritmo SMS, que nas condições propostas, apresentou
esta questão. Neste sentido, o referente método não foi tempo de 285 ms.
utilizado como comparativo frente aos demais métodos. A quantidade de ciclos de máquina despendidos pelo
Normalmente, a carga RLC apresenta características de filtro processador digital é de 45 ciclos para realizar o cômputo da
passa baixa para correntes de alta frequência, quase não rotina do SMS. Observa-se, portanto, que o referido algoritmo
impactando a tensão nesta frequência específica, quando da pode ser implementado em processadores digitais de baixo
saída da rede. custo. Adicionalmente, na Figura 26, é apresentado o tempo
É possível verificar através da Tabela II as principais desta rotina considerando-se a utilização de um processador
características dos algoritmos avaliados como tipo de detecção da família C28x rodando à 60 MHz, que está em torno de
(frequência ou tensão), tempo de detecção, DHT de corrente, 750ns (destacados pelas barras verticais).
facilidade de implementação e grau de distúrbio na rede. Finalmente, a Tabela III sumariza os principais
Observa-se que o algoritmo SMS apresenta o melhor custo componentes do sistema.
benefício, com relação ao tempo de detecção, facilidade de
implementação e grau de distúrbio injetado na rede. O método

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 226-234, abr./jun. 2018 231


TABELA II
Principais Características dos Algoritmos Avaliados
Frequência/Tensão Tempo para DHT Corrente Dificuldade de Grau de Distúrbio
Métodos
para detecção Detecção Injetada Implementação na rede
Injeção de Médio (FP
58,5 Hz 160 ms 2,5% Pequena
Reativo reduzido)
Alto (DHT
AFD 61,5 Hz 175 ms 7,0% Maior
elevada)
SMS 58,5 Hz 260 ms 2,5% Média Mínimo
SFS 61,5 Hz 320 ms 3,0% Maior Baixo
SVS 187 V 345 ms 2,5% Pequena Mínimo

Tempo SMS
Tensão

Corrente

Fig. 26. Tempo de processamento do algoritmo SMS utilizando um


Fig. 24. Injeção de potência ativa na rede. Corrente em azul e tensão
processador C28x à 60MHz. Em azul rotina SMS, em vermelho
em magenta. Escalas: Corrente (5 A/div) e tensão (100V/div). Tempo
rotina PLL e em preto rotina PLL + SMS. Escala: Tempo (5 μs/div).
(10 ms/div).

VIII. CONCLUSÕES

Os métodos passivos não se enquadram nos requisitos


mínimos necessários para detectar o fenômeno de ilhamento
na presença de cargas RLC e, os métodos remotos apresentam
custo elevado tendo, portanto, os métodos ativos posição de
destaque. Neste contexto, a fim de melhorar a eficácia dos
métodos de detecção de ilhamento, as singularidades dos
métodos passivos são adicionadas aos ativos.
Falta Detecção Com relação à parcela ativa dos métodos, o método da
injeção de reativo se mostrou como o mais eficaz,
apresentando o menor tempo para a detecção. No entanto, a
injeção de reativo na rede não é interessante por reduzir de
maneira significativa o fator de potência da estrutura. O
Fig. 25. Tempo para detecção de ilhamento pelo algoritmo SMS. método AFD apresenta um tempo relativamente reduzido para
Escala: Tempo (100 ms/div).
a detecção mas para garantir a eficácia na presença da carga
RLC introduz na rede elevado grau de distúrbio. Os métodos
TABELA III SMS e SFS se apresentam como boas soluções devido ao
Principais Dados para Implementação Experimental tempo relativamente baixo para detecção e baixo distúrbio na
Inversor em Ponte Completa + Carga RLC rede, tendo o método SMS maior simplicidade de
Tensão do Barramento CC VCC = 400,0 V
Tensão Eficaz da Rede VRMS = 220,0 V
implementação e maior rapidez para detecção nas condições
Frequência da Rede frede = 60,0 Hz propostas.
Frequência de Chaveamento fs = 30,0 kHz
Indutância da Carga Local L = 128,4 mH AGRADECIMENTOS
Capacitância da Carga Local C = 54,8 μF
Resistência da Carga Local R = 48,4 Ω
Os autores agradecem à FAPESP, CNPq e à CAPES pelo
Filtro CA de conexão Lrede = 5,0 mH
apoio financeiro e de infraestrutura à pesquisa.

232 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 226-234, abr./jun. 2018


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[30] P. Du, Z. Ye, E. Aponte, J. Nelson, L. Fan, "Positive- Marcos Gutierrez Alves, possui graduação em Engenharia
Feedback-based active anti-islanding schemes for de Computação pelo Centro Universitário FIEO (2009),
inverter-based Distributed Generators: Basic Principle mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica pela
Design Guideline and Performance Analysis", IEEE Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2013
Transactions on Power Electronics, vol. 25, n° 12, pp. e 2017), e curso-técnico-profissionalizante pelo Módulo
2941-2948, Dec. 2010. Centro Universitário (2003). Tem experiência na área de
[31] M. Hassan, A. Faza, “Performance of Three Islanding Engenharia Elétrica e de Engenharia de Computação, com
Detection Methods for Grid-tied Multi-inverters”, In ênfase em Circuitos Elétricos, Magnéticos e Eletrônicos.
Proc. of International Conference on Environment and Atuando principalmente na programação de circuitos
Electrical Engineering, pp. 1999-2004, 2015. embarcados para controle e gerenciamento, tais como DSPs,
[32] M. Robitaille, K. Agbossou, M. L. Doumbia, “Modeling DSCs e uC, além de dispositivos lógicos programáveis como
of an Islanding Protection Method for a Hybrid FPGAs e CPLDs. Tem como principais áreas de estudos os
Renewable Distributed Generator”, in Proc. of Canadian seguintes temas: geração distribuída, inversores para geração
Conference on Electrical and Computer Engineering, fotovoltaica, técnicas de rastreamento de máxima potência,
pp. 1477-1481, 2005. técnicas de anti-ilhamento e aplicações em eletrônica de
[33] V. John, Y. Zhihong, A. Kolwalkar, “Investigation of potência. Atualmente desenvolve pesquisa de pós-doutorado
Anti-Islanding Protection of Power Converter Based nas dependências do LEP/UNESP.
Distributed Generators Using Frequency Domain
Analysis”, IEEE Transactions on Power Electronics, Leonardo Poltronieri Sampaio, nascido em São José do Rio
vol. 19, n° 5, p. 1177-1183, Sep. 2004. Preto (SP), em 1983. Possui Doutorado em Engenharia
[34] M. Ropp, J. Ginn, J. Stevens, W. Bower, S. Gonzalez, Elétrica pela Universidade Estadual Paulista (2013), campus
“Simulation and Experimental Study of the Impedance de Ilha Solteira - SP, na área de Eletrônica de Potência, onde
detection anti-islanding method in the single-inverter obteve o título de Mestre (2010) e graduou-se em Engenharia
case,” in Proc. of World Conference on Photovoltaic Elétrica (2008). É Professor Adjunto na Universidade
Energy Conversion, pp. 2379–2382, 2006. Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR - Campus de
[35] Evaluation of Islanding Detection Methods for Cornélio Procópio, professor permanente do mestrado e
Photovoltaic Grid-interactive Power Systems",Tech. colaborador do doutorado do programa de Pós-Graduação em
Rep. IEA-PVPS T5-09:2002, December 2002. Engenharia Elétrica. Atua principalmente nos seguintes
[36] A. Woyte, R. Belmans, J. Nijs, P. Hakes, F. Philippen, temas: aproveitamento de energias alternativas, qualidade de
"Mains Monitoring and Protection in a European energia, desenvolvimento de ferramentas educacionais,
context", in Proc. of European Photovoltaic Solar análise e modelagem de conversores estáticos de potência e
Energy Conference and Exhibition, pp. 1-4, 2001. programação de controladores digitais de sinais.

DADOS BIOGRÁFICOS Carlos Alberto Canesin, nascido em Lavínia (SP), em 1961,


é engenheiro eletricista (1984) pela Universidade Estadual
Moacyr Aureliano Gomes de Brito, nascido em Andradina Paulista – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP-
(SP) em 1982. É engenheiro eletricista (2005), mestre (2008), FE/IS), mestre (1990) e doutor (1996) em Engenharia Elétrica
desenvolvendo projeto com reatores eletrônicos para pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC INEP,
múltiplas lâmpadas fluorescentes com correção ativa do fator Florianópolis-SC. Atualmente é professor titular do
de potência de entrada e doutor (2013), desenvolvendo projeto Departamento de Engenharia Elétrica (DEE) da UNESP-
sobre inversores monofásicos e trifásicos integrados para FE/IS. Foi editor geral da Revista Eletrônica de Potência
aplicações fotovoltaicas conectadas à rede, tendo recebido o (2003-2004), ex-presidente da SOBRAEP (11/2004 –
prêmio de melhor Tese do ano de 2013, ambos na área de 10/2006), é editor associado da IEEE Transactions on Power
eletrônica de potência, todos pela Universidade Estadual Electronics, desde 2003, e Membro do Conselho de Política
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP-FE/IS, em Ilha Energética do Estado de São Paulo, desde 2010. Suas áreas de
Solteira (SP). Atualmente é professor Adjunto da interesse incluem: energias renováveis e complementares,
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – Campus de qualidade da energia elétrica, técnicas de comutações não-
Campo Grande- MS atuando nos cursos de Graduação em dissipativas, técnicas de correção ativa do fator de potência,
Engenharia Elétrica, Eletrotécnica Industrial e de Pós- técnicas de mitigação harmônicas, veículos elétricos puros,
Graduação em Engenharia Elétrica. Suas áreas de interesse reatores eletrônicos para iluminação e técnicas modernas para
são: reatores eletrônicos, drives para LEDs, controle aplicado o ensino de eletrônica de potência

234 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 226-234, abr./jun. 2018


Estratégia de Paralelismo Baseado no Conceito de Impedância Virtual para Inversores
ESTRATÉGIA
Trifásicos a Quatro Fios DE PARALELISMO BASEADO NO CONCEITO DE
Virtual Impedance
IMPEDÂNCIA VIRTUAL Based ControlPARA
StrategyINVERSORES
for Parallel Connected Three-Phase Four-
TRIFÁSICOS A QUATRO FIOS
-Wire Voltage Source Inverters
Cesar A. Arbugeri, Tiago
Cesar K. Jappe, Tiago
A. Arbugeri, Telles B.
K.Lazzarin, Samir
Jappe, Telles B.A. Mussa Samir A. Mussa
Lazzarin,
Universidade Federal de Santa Catarina–UFSC, Departamento de Engenharia Elétrica e Eletrônica–EEL
Instituto de Eletrônica de Potência – INEP, Florianópolis – SC, Brasil
e–mail: cesar.a@inep.ufsc.br, tiagokj@inep.ufsc.br, telles@inep.ufsc.br, samir@inep.ufsc.br

Resumo – O artigo propõe uma estratégia para a I. INTRODUÇÃO


conexão em paralelo de inversores trifásicos, a qual
pode ser aplicada em sistemas baseados em fontes de A conexão em paralelo de inversores trifásicos de tensão
alimentação ininterrupta (UPS – Uninterruptible Power (VSI – Voltage Source Inverter), exemplificada na Figura 1,
Supply). A estratégia de controle proposta é baseada é aplicável a UPS (fonte de alimentação ininterrupta), data
no conceito de impedância virtual e sem comunicação centers, fontes de alimentação, fontes renováveis, microrredes,
entre os módulos. A principal característica da proposta máquinas elétricas, dentre outras aplicações. Mesmo já sendo
é a simplicidade de implementação, que é similar às utilizado na indústria em inúmeras aplicações, o paralelismo
abordagens convencionais de modulação e controle de de inversores continua sendo tópico de muitas pesquisas
inversores trifásicos. As principais vantagens obtidas devido a sua complexidade e os inúmeros desafios que
são a modularidade, a rápida resposta dinâmica e a ainda estão por ser superados para se ter uma estratégia
boa regulação estática dos conversores, mesmo durante de controle padrão. Estudos na área de paralelismo de
ocorrências de distúrbios de carga ou de eventos de inversores monofásicos modulares [1], aplicações em UPS
conexão/desconexão de inversores da associação em [2], paralelismo de inversores trifásicos a três e a quatro fios
paralelo. O procedimento de implementação digital [3]–[5], comunicação entre os inversores [6], [7], diferentes
é elucidado, assim como os resultados da validação arquiteturas de controle como o droop control [8]–[11] e
experimental, com base em dois módulos trifásicos, a controle de corrente [12], alimentação de diferentes cargas
quatro fios, com potência individual de 6 kVA. [11] e problemas como a circulação de corrente entre os
inversores [13] são alguns dos tópicos ainda em evidência na
Palavras-chave – Impedância Virtual, Inversores literatura.
Trifásicos, Paralelismo de Conversores Na conexão em paralelo, uma operação adequada significa
que os conversores estáticos suprem e compartilham a energia
VIRTUAL IMPEDANCE BASED CONTROL demandada pela carga de forma homogênea e equilibrada.
STRATEGY FOR PARALLEL CONNECTED Portanto, é mandatório o uso de uma estratégia de controle de
paralelismo que atue na regulação das correntes sintetizadas
THREE-PHASE FOUR-WIRE VOLTAGE
por cada conversor. No que concerne aos desafios para
SOURCE INVERTERS esta estratégia, ressalta-se que esta deve garantir a divisão
adequada da corrente de carga entre os n conversores
Abstract – The paper proposes a strategy for parallel conectados em paralelo, assim como minimizar a circulação
connection of three-phase inverters, which can be applied de corrente entre os circuitos de potência (efeito de um
in UPS (uninterruptible power supply). The control conversor atuar como carga para outro e vice-versa) conforme
strategy is based on the virtual impedance concept, with aborda a literatura [1]–[14].
no communication among the inverters. The proposed Sob ponto de vista de aplicações industriais, é crescente
strategy is highlighted by its easy implementation that is a demanda por soluções que propiciem a conexão em
similar to the conventional control of one inverter. The
main features of the proposed strategy are modularity, fast
dynamic response and good static regulation, even under
load disturbances or hot-swap connection of inverters. The
digital design implementation of the control strategy is
described and experimental verification using two four-
wires VSI modules with rated power of 6 kVA each are
reported herein.

Keywords – Parallel-Connected Inverters, Three-Phase


Four-Wires VSI, Virtual Impedance.
Fig. 1. Descrição de um sistema constituído por módulos de
conversores CC–CA, conectados em paralelo, no suprimento de
Artigo submetido em 10/11/2017. Primeira revisão em 04/01/2018. Aceito uma carga tendo como fonte primária a rede elétrica em CA de
para publicação em 02/03/2018 por recomendação do Editor Marcelo Cabral fornecimento de energia.
Cavalcanti.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 235-243, abr./jun. 2018 235


paralelo de conversores estáticos e que estas alternativas, sem a troca de informações entre os módulos é difundida
concomitantemente, agreguem elevada robustez e na literatura como droop control, a qual apresenta como
confiabilidade ao sistema de conversão de energia. O características preeminentes (i) modularidade e (ii)
conceito de modularidade de conversores estáticos é atraente redundância. Já as suas limitações são: (i) regulação
para a indústria que, por exemplo, já possua um consolidado estática pobre e (ii) resposta dinâmica lenta. O processamento
portfólio de conversores CC–CA. Neste caso, na demanda de variáveis elétricas, como potência ativa e reativa, assim
por soluções com potência superior ao que consta na linha de como a determinação do valor eficaz das grandezas de tensão
produtos convencionais, uma alternativa promissora remete e corrente podem ser identificados como as principais fontes
ao uso de conversores em paralelo e, assim, propiciará para a degradação do desempenho estático e dinâmico deste
que estes sejam hábeis para suprimento da carga em tipo de estratégia de paralelismo, uma vez que o cálculo do
aplicações com elevada potência. Ressalta-se também que o valor eficaz de um dado sinal demanda a amostragem de um
emprego de técnicas de paralelismo de conversores CC–CA período completo deste. Neste contexto, outro aspecto que
é estendido para uma ampla gama de aplicações, como degrada a resposta dinâmica e a regulação estática é o uso
geração distribuída, filtragem ativa de harmônicos, fontes de de filtros passa-baixa sintonizados com frequência de corte
alimentação de elevada potência, sistemas ininterruptos de abaixo da frequência da rede para a determinação do valor
suprimento de energia elétrica, etc. eficaz, conforme reportado em [9].
Adicionalmente, o emprego de inversores conectados em As estratégias de paralelismo que compartilham
paralelo viabiliza também o incremento da potência instalada informações entre os conversores, por sua vez, apresentam
do sistema empregando o conceito de modularidade de melhor desempenho acerca de critérios de regulação estática
conversores. Neste contexto, n conversores estáticos podem e dinâmica do que, comparativamente, as sem comunicação.
suprir (n · P) da potência total da carga. Neste âmbito, Por outro lado, a necessidade deste elo de comunicação
ainda é possível o uso de arranjos com (n + 1), (n + 2) ou degrada a robustez do sistema, uma vez que a falha
outras configurações, que agregará elevada confiabilidade e desta conexão pode culminar na desabilitação global dos
redundância ao sistema, nas hipóteses de desconexão ou falha conversores.
de algum módulo. A estratégia com controle central é usual e amplamente
Neste contexto, este artigo propõe a implementação de difundida na conexão em paralelo de conversores estáticos.
uma estratégia de paralelismo para inversores trifásicos de Nesta estrutura, todas as informações são manipuladas por
tensão a quatro fios. Ressalta-se que a simplicidade é uma meio de uma unidade única responsável pelo processamento
das principais características da estratégia proposta, haja visto global dos dados [1]. Assim, é possível determinar o
que cada módulo trifásico precisa monitorar apenas as suas ponto de operação para cada um dos conversores estáticos
próprias grandezas de tensão e corrente de fase. Estas conectados ao sistema, pois todas as informações estão
informações já são mensuradas na abordagem convencional reunidas nesta unidade primária. Este elemento central não
de controle para inversores trifásicos, logo, não há alterações é obrigatoriamente um circuito de potência, logo ele somente
significativas da arquitetura de controle que já é usualmente realiza o processamento matemático de todas as informações.
empregada. Desta forma, a estratégia mantém o conceito Os n conversores estáticos, conectados em paralelo, enviam
de modularidade em cada inversor, o que permite utilizá-la dados referentes às correntes de fase, com base em uma taxa de
no paralelismo de inversores em sistemas com redundância atualização. Ressalta-se que a regulação estática e a resposta
(independentemente da arquitetura). dinâmica global deste sistema são diretamente dependentes
O artigo está estruturado da seguinte forma: a Seção II da frequência de atualização destes dados. Além disso, o
faz uma revisão das estratégias de paralelismo de inversores montante de dados processados na unidade central cresce em
trifásicos de tensão presentes na literatura, e na sequência, uma progressão geométrica conforme o número de circuitos
contextualiza a estratégia proposta neste artigo. A composição conectados em paralelo. O principal inconveniente do uso
e a arquitetura dos conversores estáticos de quatro fios deste método de paralelismo consiste na possibilidade de falha
é abordada na Seção III. A descrição e o procedimento
de implementação digital da estratégia de controle em
Estratégias para Paralelismo
conjunto com o bloco do paralelismo são elucidada na de Inversores de Tensão [5]
Seção IV. Resultados experimentais constam na Seção V,
no intuito de validar a implementação da estratégia de
Sem Com
paralelismo proposta considerando dois conversores estáticos
Comunicação Comunicação
com potência individual de 6 kVA.
Estratégia Droop Control
II. REVISÃO DAS ESTRATÉGIAS DE PARALELISMO
Proposta [8]
PARA CONVERSORES ESTÁTICOS

Com base na literatura [5], é possível classificar as Outros Distribuído Central Mestre–Escravo
distintas estratégias de paralelismo de inversores de tensão [7] [1], [15] [1] [6]
em basicamente dois grupos: (i) com sinal de comunicação Fig. 2. Classificação das estratégias de controle para paralelismo de
entre os módulos inversores e (ii) sem comunicação entre os inversores de tensão sob o critério de compartilhamento de dados
conversores, conforme é ilustrado na Figura 2. entre os conversores.
O emprego de técnicas de paralelismo de inversores

236 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 235-243, abr./jun. 2018


de comunicação da unidade central com os demais conversores
estáticos, o que pode culminar na desabilitação global do
sistema de suprimento da carga crítica.
A estratégia classificada como mestre-escravo é similar a de
controle central, no entanto, a unidade mestre necessariamente
é um circuito de potência e pode ser substituída por outra
quando necessário [6]. Para esta estratégia, a unidade Fig. 3. Descrição do circuito de potência que compõem os n módulos
mestre é responsável pela regulação de tensão na carga e por trifásicos conectados em paralelo, com ênfase no sistema à quatro
determinar o montante de corrente de carga que as demais fios.
devem processar. O fluxo e o volume de dados também
são diretamente proporcionais ao número de circuitos de barramento CC. Ressalta-se também que o sistema não utiliza
potência presentes no sistema, sendo que este montante é transformador, agregando características preeminentes, como
processado pela unidade mestre. Neste caso, a regulação baixo peso e volume, ao sistema de conversão de energia. O
estática e a resposta dinâmica global também são diretamente emprego do inversor trifásico, com condutor neutro derivado
dependentes da frequência de atualização dos dados nas do ponto médio do barramento CC, é justificado pela robustez,
unidades escravas. pelo baixo custo, pela simplicidade e pela confiabilidade
Tanto para a estratégia de controle central quanto para a inerentes desta topologia, além de possibilitar a conexão de
de mestre–escravo, é possível obter rápida resposta dinâmica cargas monofásicas, que pode ser um requisito em algumas
e boa regulação estática quando a taxa de atualização dos aplicações comerciais.
dados ocorre pelo menos na frequência de comutação dos
circuitos de potência. No entanto, a complexidade desta IV. ESTRATÉGIA DE PARALELISMO PROPOSTA
rede de dados implica diretamente na robustez do sistema,
assim como na regulação estática e na resposta dinâmica dos A estratégia de paralelismo proposta é classificada
circuitos de potência frente a distúrbios de carga ou eventos de como sem comunicação entre os módulos CC–CA, com
adição/remoção de conversores na operação em paralelo. processamento baseado em grandezas elétricas instantâneas
Outro método com comunicação empregado é o controle (dupla amostragem dentro de um período de comutação),
distribuído, o qual agrega mais robustez e redundância do conforme consta no diagrama de blocos da Figura 4. Neste
que comparativamente as de controle central e mestre-escravo, contexto, diferentemente das técnicas baseados em droop
assim como melhor resposta dinâmica [1], [15]. A ausência de control, não é necessário o processamento matemático de
uma hierarquia vertical viabiliza que o controle das correntes grandezas de potência ativa ou reativa para a implementação
de fase sejam computadas localmente, tendo como base da estratégia de controle, por consequência, é possível obter
uma referência comum aos circuitos conectados em paralelo. rápida resposta dinâmica e boa regulação estática do sistema
Neste sentido, o volume de dados compartilhados entre as de conversão de energia.
unidades e a taxa de atualização são menores, pois somente Para a estratégia de paralelismo proposta é necessário que
o sinal comum, que define a referência de corrente para os cada módulo trifásico monitore as suas próprias grandezas
conversores estáticos é mandatório. de tensão e corrente de fase. Esta já é uma abordagem
A estratégia de paralelismo proposta neste trabalho é convencional na composição da arquitetura de controle dos
classificada como de controle sem comunicação. A principal conversores, logo, não há alterações significativas a serem
contribuição concerne no procedimento de implementação e implementadas em um já consolidado portfólio de produtos
de rastreamento de uma informação que define o sincronismo de uma empresa.
comum a todos conversores estáticos, sem que seja necessário A estratégia de controle proposta consiste em duas malhas,
a troca de dados entre estes circuitos de potência. O uma interna, de controle do paralelismo, e uma externa do
sincronismo dos n conversores é resultante do processamento controle, de tensão. A malha interna realimenta a corrente do
local de um algoritmo PLL (Phase-locked loop) que realiza a indutor do filtro L e emula uma impedância virtual em série
amostragem das tensões CA da rede elétrica de fornecimento com o indutor. O valor dessa impedância estará relacionado
de energia. Portanto, o elemento comum para o sincronismo com o compartilhamento de corrente entre os inversores. A
dos conversores é a fonte de alimentação, no entanto, não é malha externa é de controle de tensão e é responsável pela
necessário o compartilhamento de dados entre os circuitos de regulação da tensão de carga. Sendo a malha de tensão
potência. externa, garante-se uma tensão regulada na carga. Além disto,
a referência de tensão será a mesma entre todos os módulos e
III. DESCRIÇÃO DOS CONVERSORES ESTÁTICOS é isto que garantirá o sincronismo de fase e amplitude entre os
conversores.
O sistema empregado como base para a implementação A estratégia de paralelismo demanda um sinal de referência
da estrategia de paralelismo é resultante da associação de n e sincronismo que seja comum a todos os n módulos trifásicos
módulos conectados em paralelo, conforme ilustra a Figura 3. que atuam na conexão em paralelo. No entanto, não
Cada módulo é composto por um estágio retificador trifásico há a troca de informação entre os circuitos de potência.
passivo, com filtro capacitivo e derivação central, o qual é A implementação adotada neste caso foi por meio do
conectado a um inversor trifásico a quatro fios. Nos terminais monitoramento das tensões de fase da rede elétrica comercial.
de saída do inversor trifásico é conectado o filtro LC de cada Com a amostragem destes sinais, emprega-se o algoritmo
fase, enquanto o condutor neutro é derivado do ponto médio do de sincronismo PLL no intuito de determinar o valor

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 235-243, abr./jun. 2018 237


Nab c NAB C regulação de corrente, esta é computada localmente em cada
vA iA
módulo e não são compartilhadas informações com os demais
vB iB
VSI
acerca do número de conversores ativos, tão pouco os níveis
vC iC de potência processados individualmente.

PWM A. Projeto das Malhas de Controle no Domínio Discreto


Modulação e Controle DSP Para determinar o modelo dinâmico do conversor,
Sincronismo será utilizada a representação em variáveis de estado.
vA iA
vB
Considerando o modelo médio de uma fase do conversor,
iB
VSI vC iC
devido à conexão do conversor trifásico ser feita a quatro fios,
como mostrado na Figura 5(a), determinam-se as seguintes
expressões:
PWM
d
Modulação e Controle DSP Lf i f = uVdc − v f (1)
Sincronismo dt
vA d vf
iA Cf vf = if − . (2)
vB iB
dt Ro
VSI vC iC Consequentemente, a representação em espaço de estados
[ẋ] = [A] [x] + [B] u é:
 
PWM 1  
    Vdc
Modulação e Controle DSP d if  0 −
L f
 i f
Sincronismo = 1

1  vf +
 L f  u. (3)
Rede Carga dt v f − 0
Cf RoC f
Fig. 4. Diagrama de blocos da estratégia de controle dos
inversores, cada módulo opera empregando variáveis locais e sem Resultando nas funções de transferência no domínio s dadas
compartilhamento de dados entre estes. por:
 
da frequência angular instantânea (ωt). Assim, o sinal i f (s) Vdc sRoC f + 1
= (4)
de sincronismo resultante do PLL estará em fase com a u(s) L f C f Ro s2 + L f s + Ro
componente de sequência positiva da tensão da rede elétrica.
v f (s) Vdc Ro
Este processamento matemático é implementado localmente = . (5)
em cada módulo, logo, os n conversores estáticos operam u(s) L f C f Ro s2 + L f s + Ro
sincronizados com base na premissa de que estes monitoram
os mesmos sinais da rede elétrica. Conversor Filtro Carga
O uso do algoritmo PLL é preeminente para a estratégia
de paralelismo, uma vez que este agrega robustez para a if.k Lf,k
estratégia de controle [7]. Ressalta-se que o algoritmo + Cf,k Ro
permanece em operação satisfatória mesmo sob ocorrências de - uk.Vdc vf,k
surtos ou distúrbios na rede elétrica ou incidentes de leituras
(a)
espúrias por parte do conversor A/D, o que poderia impactar
negativamente a qualidade da tensão sintetizada na carga. vf,kref uk
O algoritmo de sincronismo PLL empregado é referenciado  PID[z]  PWMk
na literatura como q-PLL, o qual opera com base na teoria  
pq, conforme [16]. Com a amostragem das tensões da rede, vf,k k  { A, B , C }
K
if.k
o algoritmo calcula a fase (ωt), que está sincronizada com (b)
a componente fundamental de sequência positiva da tensão Fig. 5. (a) Circuito equivalente do conversor para a determinação da
do sinal de entrada. Com base nesta informação, determina- função de transferência (b) Representação em diagrama de blocos da
se as referências de tensão de cada fase (V fre,kf = VP sen(ωt + estrutura de controle com a impedância virtual.
ϕk )) para cada inversor trifásico. Esta abordagem viabiliza
Para controlar a tensão de fase foram projetados
que a dinâmica inerente dos controladores do algoritmo
controladores do tipo PID empregando técnicas de controle
PLL impacte na rejeição de distúrbios de carga ou de
clássico, resultando em:
adição/remoção dos conversores estáticos.
Portanto, na estratégia de paralelismo proposta, não u [z] 12, 81z2 − 23, 64z + 10, 91
há compartilhamento de informações entre os conversores PIDk [z] → = 2 . (6)
e [z] z − 1, 025z + 0, 02455
estáticos, o que permite a modularidade dos inversores. Os
circuitos de potência operam sincronizados com base na O controlador de tensão foi projetado por meio de alocação
referência gerada pelo PLL e atuam na regulação da tensão de polos e zeros, sendo que o ganho foi ajustado para obter
no ponto de acoplamento comum da carga. Com relação à uma frequência de cruzamento de 2 kHz (uma década abaixo

238 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 235-243, abr./jun. 2018


da frequência de comutação) e os zeros para obter uma Diagrama de Bode

Magnitude [dB]
margem de fase maior que 45◦ . Com esses critérios foi obtido eq (5)
o controlador contínuo que foi discretizado, posteriormente, eq (9)
utilizando o método de Tustin.
Este controlador PID é utilizado para cada uma das fases
do VSI, logo, há a regulação individual por fase e, para o
seu projeto, foram considerados os efeitos de amostragem e
atrasos computacionais que ocorrem em sistemas discretos. eq (9)

Fase [grau]
Foram incluídos os atrasos computacionais de controle e
eq (5)
atrasos de amostragem, sendo o atraso total considerado igual
3
a e− 2 Tsw s . O projeto de controle considerou a aproximação de
Padé de primeira ordem, a qual é definida por
Frequência [Hz]
− 32 Tsw s 1 − 3/4Tsw s Fig. 7. Resposta em frequência para as funções de transferência
e ≈ . (7)
1 + 3/4Tsw s que representam o inversor clássico, equação (5), e a que descreve
Na malha de controle do paralelismo, o elemento K é o inversor com o controle do paralelismo proposto, equação (9).
definido como uma impedância virtual que limita a corrente de
linha, como mostrado na Figura 5(b). Esta malha é utilizada
com o intuito de limitar a corrente que circula pelos inversores, vf kM Ro
fazendo com que a divisão de corrente entre os inversores seja =   (9)
u 2
L f C f Ro s + L f +C f kM K s + Ro + kM K
adequada. Também serve para evitar a circulação de corrente
entre os módulos durante a operação do sistema, seja durante o Vdc
regime permanente ou transitório [13]. O projeto desta malha onde: kM = .
kPW M
de controle emprega o sistema de representação por unidade É importante ressaltar que a impedância virtual é
(pu), o qual é comumente usado na análise de sistemas de responsável pela divisão adequada das correntes entre os
potência. Assumindo que os valores de base são a potência módulos. Quanto maior seu valor, melhor é a divisão de
(Sb ) e a tensão (Vb ), a impedância base é definida por: corrente entre os inversores, contudo, o aumento do ganho
K tem um impacto direto na redução da regulação de saída.
Vb2 Portanto, ao determinar o valor da impedância virtual, deve-se
Zb = . (8)
Sb levar em conta a regulação desejada.
E o ganho K é definido como 0, 1 pu de Zb . Esta queda Além disso, a malha de controle de corrente é interna à
de tensão propiciada pelo elemento K é compensada na malha de tensão, logo, a ação de controle do controlador de
tensão tem efeito sobre a malha de corrente. Por exemplo,
composição do sinal de referência de tensão de fase vref ,kf , logo,
se fosse utilizado um controlador ressonante, o efeito da
sem impactos na regulação de tensão sintetizada na carga.
impedância virtual em 60 Hz seria minimizado, fazendo com
O efeito da malha de controle do paralelismo é a emulação
que a divisão de corrente entre os módulos não possa ser
de uma impedância em série com o indutor do filtro de saída
garantida.
do conversor, como ilustrado na 6. A função de transferência
de v f /u desse circuito é dada por (9). Esta equação representa
o comportamento do inversor com a inserção do controle do V. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
paralelismo proposto. As funções (5), que representa inversor
clássico, e (9), que descreve o inversor com o controle do Os resultados experimentais visam validar a estratégia
paralelismo proposto, são comparadas graficamente na Figura de paralelismo de inversores trifásicos a quatro fios.
7. Nota-se que o ganho K na realimentação de corrente Empregaram-se dois módulos trifásicos com potência
introduz um amortecimento e uma diminuição do ganho individual de 6 kVA suprindo cargas lineares e não lineares.
estático no comportamento do inversor, o que garante a divisão A escolha da estrutura e o projeto do filtro LC têm como
adequada entre os inversores conectados em paralelo. objetivo a otimização de custos e, assim, fornecer uma solução
competitiva para o mercado brasileiro. Portanto, o filtro LC
Lf,k K foi otimizado em relação ao custo, tendo uma ondulação
de corrente e uma circulação de reativo maiores. Demais
if.k especificações constam na Tabela I.
+ Cf,k Ro O desempenho acerca da estratégia de paralelismo é
- uk.Vdc vf,k ponderada tanto na regulação estática, bem como na resposta
dinâmica, cujos resultados serão enaltecidos na sequência.
Na Figura 8 consta uma fotografia de ambos os protótipos
Fig. 6. Circuito equivalente que demonstra o modelo médio dos
implementados em laboratório e usados como base na
conversores estáticos juntamente com os sinais de realimentação que
determinação dos resultados experimentais que validam a
propiciam a representação da estratégia de controle de corrente que
emula uma impedância virtual (elemento K). estratégia de paralelismo proposta.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 235-243, abr./jun. 2018 239


TABELA I
Especificações dos Protótipos
Especificação Símbolo Valor
Potência nominal por módulo trifásico Sn 6 kVA
Número de módulo trifásicos n 2
Tensão eficaz fase-neutro na carga Vg 220 V ± 5%
Frequência na carga fg 60 Hz
Tensão máxima de barramento CC Vdcmax 450 V
Tensão mínima de barramento CC min
Vdc 350 V
Frequência de comutação fsw 20 kHz
Frequência de amostragem fs 40 kHz
Indutância do filtro LC Lf 3 mH
Capacitância do filtro LC Cf 25 µF
Ganho do modulador PWM kPW M 1 Fig. 10. Resultados experimentais, a plena carga e em regime
permanente, para uma fase demonstrando a tensão e as correntes
sintetizadas por distintos módulos juntamente com a corrente de
carga.

(canal 1), que é composta por iA = i f ,A1 + i f ,A2 − iC,A1 − iC,A2 ,


ou seja, i f ,A1 e i f ,A2 são as corrente dos indutores. Pode-
se dividir as correntes i f ,k em duas componentes, uma que
circula pela carga e outra que circula pelo capacitor, sendo
que a corrente que circula pelo capacitor é composta pela
Fig. 8. Protótipos implementados para validar a estratégia de controle componente de alta frequência mais a componente de corrente
dos inversores conectados em paralelo. em 60 Hz que está relacionada à energia reativa do filtro LC.
Todos os inversores são diretamente conectados em
A. Resultados Experimentais em Regime Permanente paralelo, sem adição de um indutor de conexão. Assim, os
Nesta Seção são descritos os resultados acerca do capacitores de saída de todos os inversores ficam em paralelo,
desempenho estático dos inversores trifásicos conectados em formando um capacitor equivalente. As componentes de
paralelo. Inicialmente, na Figura 9, são ilustradas as tensões alta frequência das correntes dos indutores circulam pelos
trifásicas sintetizadas na carga, juntamente com a corrente capacitores de saída. Como os inversores estão em paralelo, a
da fase A. Este ensaio foi realizado na condição de 2 kVA corrente de um inversor circula por todos os capacitores (pois
por fase, ou seja, 6 kVA no arranjo trifásico em uma carga estão todos em paralelo sem impedância entre eles).
linear simétrica e equilibrada. A regulação do valor eficaz Enfatiza-se que, sob o ponto de vista da carga, a presença
de tensão sintetizado, a plena carga, é condizente com as de dois módulos VSI compartilhando a corrente de carga é
especificações globais do sistema, conforme a Tabela I. Com vista de forma transparente. As correntes em ambos indutores
base nestas informações conclui-se que, sob o ponto de não são idênticas, pois enquanto o valor eficaz I f ,A1 = 4,7 A
vista da carga, o arranjo em paralelo de ambos os módulos (canal 2), tem-se I f ,A2 = 5,0 A (canal 3), no entanto ambas
trifásicos é transparente, pois supre a carga conforme as suas propiciam a composição da corrente de carga IA = 8,8 A. A
especificações mandatórias. origem deste desequilíbrio é vinculada à diferença paramétrica
Na Figura 10, por sua vez, ilustra as correntes nos indutores dos elementos do filtro LC, aos ganhos de sensores e ao
e na carga, em regime permanente, para a condição de 100% sistema de aquisição de sinais dentre os distintos módulos
da potência nominal. Neste caso, a corrente do indutor da fase VSI. Neste ponto de operação a tensão eficaz na carga é
A do módulo 1, iL,A1 (canal 2) e a corrente do indutor da fase A VA = 212, 6 V e a THD (do inglês – Total Harmonic
do módulo 2, i f ,A2 (canal 3) compõem a corrente de carga, iA Distortion) da tensão é T HDV = 0, 85%, sendo consideradas
as componentes harmônicas até 51a ordem.
Ressalta-se que este desequilíbrio é dinâmico, logo, haverá
instantes em que o valor eficaz da corrente I f ,A2 será
ligeiramente superior a I f ,A1 e vice-versa, sendo que o máximo
desequilíbrio observado foi inferior a 10%. É importante
enaltecer que esta dinâmica nos valores eficazes de I f ,A1 e I f ,A2
não acarreta desbalanço no barramento CC dos conversores
estáticos. Estes fenômenos de desequilíbrio dinâmico das
correntes nos indutores já foram reportados na literatura [17]
e são aceitáveis para a operação de inversores de tensão
conectados em paralelo, assim como para as especificações
mandatórias da carga.
Fig. 9. Resultados experimentais, a plena carga e em regime
Na Figura 11 são ilustradas as correntes nos indutores e
permanente, com tensões e correntes sintetizadas por um módulo na carga, em regime permanente, para a condição de carga
trifásico na potência nominal de 6 kVA com carga linear. não linear com potência aparente de 2 kVA e fator de crista

240 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 235-243, abr./jun. 2018


TABELA II
Resultados de Distorção Harmônica Total de Tensão
Descrição da carga Potência Valor THD
Sem carga So = 0 kVA THDV = 0,83%
Carga linear So = 6 kVA THDV = 0,85%
Carga não linear So = 6 kVA THDV = 8,29%

as especificações globais para a operação em paralelo dos


conversores estáticos.
B. Resultados Experimentais em Regime Transitório
O desempenho dinâmico da estratégia de paralelismo de
Fig. 11. Resultados experimentais, com carga não linear em regime inversores é averiguado por meio de distúrbios de carga, assim
permanente, para uma fase, mostrando a tensão e as correntes como inserção e remoção de módulos VSI em paralelo na
sintetizadas por distintos módulos juntamente com a corrente de hipótese de suprimento de uma carga crítica. É importante
carga. ressaltar que a conexão e/ou desconexão de módulos VSI deve
ser uma ação transparente sob o ponto de vista da carga, a qual
igual a 2. Neste caso, tem-se I f ,A1 = 5,0 A (canal 2), enquanto é garantida pela estratégia de paralelismo proposta.
I f ,A2 = 5,2 A (canal 3), para a composição da corrente de carga A Figura 13 ilustra as correntes da mesma fase, mas de
IA = 9,6 A. Observa-se que para a carga não linear, a tensão conversores distintos, conectados em paralelo. Ambos os
apresenta um achatamento próximo ao pico da tensão. Esse conversores operam a vazio e em paralelo até que ocorre a
resultado é esperado devido à corrente drenada pela carga, inserção de 100% da potência nominal para o sistema de
contudo, tanto o valor eficaz de tensão VA = 213, 9 V , quanto suprimento. Observa-se que a divisão de corrente entre os
a THD T HDV = 8, 29% estão dentro de limites aceitáveis. conversores não é afetada pelos distúrbios na carga, mesmo
Na Figura 12 ilustram-se as correntes nos indutores e na no caso em que ambos os conversores operam a vazio, em
carga, em regime permanente, para a condição a vazio. Neste paralelo e é dado um degrau de 100% de carga. As correntes
caso, tem-se I f ,A1 = 1,9 A (canal 2), enquanto I f ,A2 = 2,5 A se equilibram rapidamente dividindo a corrente de carga
(canal 3) para a composição da corrente de carga IA = 0,0 A igualmente entre os conversores com uma resposta transitória
(canal 1). Esta é uma situação crítica para a estratégia satisfatória e condizente com as especificações de projeto.
de paralelismo, pois pode ocorrer de um conversor atuar Na Figura 14 e na Figura 15 é ilustrado o procedimento
como carga para o outro. Neste caso, observa-se que as de inserção de um módulo VSI em paralelo com outro, que
correntes de ambos indutores são somente para compensação previamente supria a carga crítica, considerando 100% de
das perdas ôhmicas internas e energia reativa dos elementos potência processada. Enquanto na Figura 14 é observado
de filtragem, e que não ocorreu desbalanço na tensão do o comportamento das tensões, na Figura 15 apresenta-se os
barramento CC dos conversores. A operação estável para esta sinais com a divisão da corrente de carga entre ambos os
condição a vazio demonstra que a estratégia de paralelismo módulos. Neste caso, após a inserção do segundo conversor,
atua satisfatoriamente. Para este ponto de operação a tensão na as tensões se igualam nos dois módulos e a corrente passa
carga apresenta valor nominal VA = 220 V e T HDV = 0, 83%. a ser dividida de forma similar entre os dois conversores.
A Tabela II apresenta os resultados de distorção harmônica A rápida convergência propiciada pelo sistema de controle
total da tensão sintetizada na carga para a operação em regime também pode ser averiguada após a ocorrência deste distúrbio.
permanente, com dois conversores conectados em paralelo, Por outro lado, a Figura 16 ilustra o comportamento
distintos níveis de potência e configurações de carga. Estes dinâmico na ocorrência de desconexão de um módulo VSI e,
dados de THD foram computados considerando componentes por consequência, o conversor remanescente assume 100% da
harmônicas até 51a ordem e estão em conformidade com potência demandada pela carga.

Fig. 12. Resultados experimentais, a vazio e em regime permanente, Fig. 13. Correntes de mesma fase, mas de distintos módulos, em
para uma fase, mostrando a tensão e as correntes sintetizadas por conjunto com a de carga, em um evento com a inserção de ambos
distintos módulos juntamente com a corrente da carga (IA = 0,0 A). conversores simultaneamente para o suprimento de 100% de carga.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 235-243, abr./jun. 2018 241


sem comunicação, e requer um artifício para que os circuitos
de potência operem sincronizados na sintetização da corrente
de carga. No entanto, com base na estratégia proposta, as
grandezas de tensão e corrente processadas por cada módulo
trifásico são informações locais e não são compartilhadas
para os demais. O sincronismo dos conversores estáticos
resulta no processamento local de um algoritmo PLL, o qual
faz uso da amostragem das tensões trifásicas de suprimento
da rede elétrica. Logo, os módulos trifásicos operantes em
paralelo fazem uso de uma informação comum e global para
sintetização e composição da corrente de carga. Portanto, não
há modificações significativas na arquitetura convencional de
Fig. 14. Tensões e correntes sintetizadas por módulos distintos para modulação e controle de inversores trifásicos a quatro fios que
um evento de conexão em paralelo, com o sistema operando com empregam o controle instantâneo de suas grandezas elétricas.
carga nominal. Os resultados experimentais apresentados demonstraram
que a estratégia garante boa regulação estática, rápida resposta
dinâmica na rejeição dos distúrbios de carga e ações de
conexão e desconexão dos módulos trifásicos no suprimento
da corrente da carga. Ressalta-se que, nas hipóteses de
conexão ou desconexão de outros módulos, o sistema converge
para um compartilhamento da corrente de carga de forma
simétrica e equilibrada entre os inversores conectados em
paralelo. Destaca-se também que a inserção ou remoção de
módulos trifásicos é uma ação transparente sob o ponto de
vista da carga.

REFERÊNCIAS

Fig. 15. Resultados experimentais com tensões e correntes em [1] T. B. Lazzarin, G. A. T. Bauer, I. Barbi, “A Control
um evento de conexão em paralelo de um módulo adicional para Strategy for Parallel Operation of Single-Phase Voltage
suprimento da carga. Source Inverters: Analysis, Design and Experimental
Results”, IEEE Transactions on Industrial Electronics,
vol. 60, no. 6, pp. 2194–2204, Jun 2013.
[2] I. Muller, Y. Blauth, C. Pereira, G. Gabiatti, G. Bonan,
“Simplifying the design of parallel-connected UPS
inverters by means of the per unit system”, in Brazilian
Power Electronics Conference – COBEP, pp. 544–550,
2009.
[3] T. Jappe, T. Lazzarin, C. Arbugeri, S. Mussa,
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parallel connected in UPS applications”, in IEEE 23rd
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(ISIE), pp. 443–448, 2014.
[4] C. Arbugeri, T. Jappe, T. Lazzarin, S. Mussa,
Fig. 16. Resultados experimentais com tensões e correntes em um “Implementation of a control strategy for three-phase
evento de desconexão de um módulo. Após a desconexão, a carga four-wire VSI parallel connected”, in International
passa a ser suprida exclusivamente pelo conversor remanescente. Symposium on Power Electronics, Electrical Drives,
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[5] M. Prodanovic, T. C. Green, H. Mansir, “A survey of
Uma estratégia de paralelismo de inversores trifásicos de control methods for three-phase inverters in parallel
tensão, a quatro fios, foi proposta. As principais característica connection”, in Eighth International Conference on
são: (i) simplicidade de implementação; (ii) boa regulação Power Electronics and Variable Speed Drives, pp.
estática da tensão sintetizada na carga; (iii) rápida resposta 472–477, 2000.
dinâmica na rejeição de distúrbios de carga, assim como [6] C. Arbugeri, T. Lazzarin, S. Mussa, “A digital
eventos de conexão/desconexão de conversores em paralelo; communication system for a control strategy employed
(iv) ausência de um elo de comunicação entre os conversores in the parallelism of three-phase voltage source
estáticos e (v) robustez na operação sincronizada dos circuitos inverter”, in 15th European Conference on Power
de potência. Electronics and Applications (EPE), pp. 1–7, 2013.
A estratégia de paralelismo é classificada como de controle

242 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 235-243, abr./jun. 2018


[7] Y. Zhang, H. Ma, “Theoretical and Experimental DADOS BIOGRÁFICOS
Investigation of Networked Control for Parallel
Operation of Inverters”, IEEE Transactions on Cesar Augusto Arbugeri, nascido em Joaçaba, Santa
Industrial Electronics, vol. 59, no. 4, pp. 1961–1970, Catarina, Brasil, em 1990. Recebeu o grau de Engenheiro
Apr. 2012. eletricista e mestre pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil, em 2014 e 2016,
[8] C. Zhang, J. M. Guerrero, J. C. Vasquez, E. A. A.
respectivamente. Atualmente é doutorando no programa
Coelho, “Control Architecture for Parallel-Connected
de pós-graduação em Engenharia Elétrica da Universidade
Inverters in Uninterruptible Power Systems”, IEEE
Federal de Santa Catarina (UFSC) e pesquisador no Instituto
Transactions on Power Electronics, vol. 31, no. 7, pp.
de Eletrônica de Potência (INEP).
5176–5188, Jul. 2016.
[9] J. M. Kim, B. J. Kim, J. H. Cho, J. H. Lee,
Tiago Kommers Jappe obteve o grau de Engenheiro
C. Y. Won, “Multinomial model of droop control
eletricista pela Universidade Regional do Noroeste do Estado
method for parallel-connected UPS inverters”, in 20th
do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), Ijuí, Brasil, em 2006.
International Conference on Electrical Machines and
Recebeu o grau de Mestre e Doutor em Engenharia Elétrica
Systems (ICEMS), pp. 1–6, 2017.
pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em
[10] Y. Shi, W. Wu, H. Wang, Y. Du, J. Su, “The Parallel
2009 e 2015 respectivamente, na área de concentração em
Multi-Inverter System Based on the Voltage-Type
Eletrônica de Potência e Acionamento Elétrico. Entre 2016
Droop Control Method”, IEEE Journal of Emerging
e 2017 realizou estágio de pós-doutorado na Technische
and Selected Topics in Power Electronics, vol. 4, no. 4,
Universität Dresden (TUD), Dresden, Alemanha com
pp. 1332–1341, Dec 2016.
pesquisa direcionada ao desenvolvimento de conversores
[11] Q. C. Zhong, Y. Wang, B. Ren, “UDE-Based Robust
estáticos aplicados a sistemas de conversão para fontes
Droop Control of Inverters in Parallel Operation”,
alternativas de energia. Atualmente, Dr. Jappe atua no centro
IEEE Transactions on Industrial Electronics, vol. 64,
de pesquisa e desenvolvimento da ON Semiconductor em
no. 9, pp. 7552–7562, Sep 2017.
Munique, Alemanha, com pesquisa direcionada ao uso de
[12] A. Zorig, S. Barkat, M. Belkheiri, A. Rabhi, conversores estáticos em aplicações automotivas e fontes
F. Blaabjerg, “Novel Differential Current Control alternativas de energia.
Strategy Based on a Modified Three-Level SVPWM
for Two Parallel-Connected Inverters”, IEEE Journal Telles Brunelli Lazzarin, nascido em Criciúma, Santa
of Emerging and Selected Topics in Power Electronics, Catarina, Brasil, em 1979. Recebeu o grau de Engenheiro
vol. 5, no. 4, pp. 1807–1818, Dec 2017. eletricista, mestre e doutor pela Universidade Federal de
[13] B. Wei, J. M. Guerrero, J. C. Vásquez, X. Guo, “A Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil, em 2004,
Circulating-Current Suppression Method for Parallel- 2006 e 2010, respectivamente. Atualmente é professor no
Connected Voltage-Source Inverters With Common Departamento de Engenharia Elétrica e Eletrônica (EEL) da
DC and AC Buses”, IEEE Transactions on Industry Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pesquisador
Applications, vol. 53, no. 4, pp. 3758–3769, Jul 2017. no Instituto de Eletrônica de Potência (INEP). É membro da
[14] A. Ketabi, S. S. Rajamand, M. Shahidehpour, “Power Sociedade Brasileira de Eletrônica de (SOBRAEP) e da IEEE
sharing in parallel inverters with different types of Society.
loads”, IET Generation, Transmission Distribution,
vol. 11, no. 10, pp. 2438–2447, 2017. Samir Ahmad Mussa, Recebeu o grau de Engenheiro
[15] T. Lazzarin, I. Barbi, “Design of a 660V/15KVA eletricista pela Universidade Federal de Santa Maria em 1988,
Single–Phase UPS based on Series Connection of low- recebeu grau de Mestre e de Doutor pela Universidade Federal
output-voltage Modular UPS”, Eletrônica de Potência de Santa Catarina em 1994 e 2003 respectivamente e Pós-
– SOBRAEP, vol. 17, no. 3, pp. 584 – 591, jun/ago Doutorado no Imperial College London, Inglaterra entre 2015
2012. e 2016. Possui graduação em Matemática e habilitação em
[16] L. G. B. Rolim, D. R. da Costa, M. Aredes, Física pela Unifra, Santa Maria-RS (1986). Atualmente ocupa
“Analysis and Software Implementation of a Robust o cargo de professor no Departamento de Engenharia Elétrica
Synchronizing PLL Circuit Based on the pq Theory”, e Eletrônica (EEL) da Universidade Federal de Santa Catarina
IEEE Transactions on Industrial Electronics, vol. 53, (UFSC) e pesquisador no Instituto de Eletrônica de Potência
no. 6, pp. 1919–1926, Dec 2006. (INEP). Seus interesses de pesquisa incluem retificadores
[17] H. Cai, R. Zhao, H. Yang, “Study on Ideal Operation PFC, processamento de sinais digitais e controle aplicado em
Status of Parallel Inverters”, IEEE Transactions on eletrônica de potência, sistemas baseados em DSP, FPGA e
Power Electronics, vol. 23, no. 6, pp. 2964–2969, Nov. microprocessadores. Dr. Mussa é membro da Sociedade
2008. Brasileira de Eletrônica de Potência (SOBRAEP) e do IEEE
Society.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 235-243, abr./jun. 2018 243


Estágio de Entrada com Dupla Funcionalidade Aplicado a uma UPS Trifásica de alto
Desempenho
ESTÁGIO DE ENTRADA COM DUPLA FUNCIONALIDADE APLICADO A
Input Stage with Double Functionality Applied to a High Performance Three-Phase
UPS UMA UPS TRIFÁSICA DE ALTO DESEMPENHO
William A. Venturini, Henrique Jank, Fábio E. Bisogno, Mário L. S. Martins, Humber-
toWilliam
PinheiroA. Venturini, Henrique Jank, Fábio E. Bisogno, Mário L. S. Martins, Humberto Pinheiro
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria – RS, Brasil
e-mail: {williamventurini, hiquejank, fbisogno, mariolsm, humberto.ctlab.ufsm.br}@gmail.com

Resumo – Este trabalho apresenta uma configuração I. INTRODUÇÃO


topológica que permite utilizar o estágio de entrada de
uma UPS de dupla conversão como retificador trifásico, As fontes ininterruptas de energia (UPS - Uninterruptible
em modo normal de operação, e como conversor CC/CC Power Supplies) são sistemas eletrônicos capazes de fornecer
elevador de tensão, em modo bateria. Dessa forma, evita-se energia elétrica de forma contínua e ininterrupta a cargas
o uso de um circuito específico para a descarga do banco consideradas críticas, protegendo estes dispositivos contra
de baterias, o qual deve ser dimensionado para a potência grande parte dos distúrbios que ocorrem na tensão fornecida
nominal da UPS. É apresentada a análise de pelas concessionárias de energia ou por sistemas isolados de
funcionamento do estágio de entrada proposto, bem como geração. Podem ser classificadas basicamente em três
a modelagem matemática e o sistema de controle que grupos: passive stand-by/off-line, interativa (line-interactive)
garantem a aplicabilidade na correção do fator de potência ou dupla conversão (double conversion/on-line) [1], [2].
de entrada, no controle da tensão de barramento e ainda As UPS de dupla conversão são amplamente reconhecidas
no equilíbrio das tensões sobre os capacitores de por apresentarem o melhor desempenho dentre os tipos
barramento. A metodologia desenvolvida e a boa citados, uma vez que são conectadas entre a carga e a rede
performance do sistema proposto são validados através de pública, drenando uma corrente aproximadamente senoidal e
resultados obtidos em uma plataforma hardware-in-the- em fase com a tensão da rede, garantindo a operação com
loop, modelo Typhoon HIL402. Os resultados são alto fator de potência [3]. Ainda, podem disponibilizar uma
adquiridos para uma UPS trifásica de 20 kVA. tensão de saída regulada, com baixa distorção harmônica
total (THD – Total Harmonic Distortion) e com amplitude e
Palavras-Chave – Correção do Fator de Potência, frequência independentes dos respectivos valores das tensões
Fonte Ininterrupta de Energia, Retificador Trifásico, de entrada, possibilitando uma adequada operação mesmo
Sistema de Controle. frente a distúrbios e faltas provenientes da rede elétrica [4].
Configurações trifásicas de UPS são tipicamente
INPUT STAGE WITH DOUBLE empregadas em aplicações industriais em geral, pois a
FUNCTIONALITY APPLIED TO A HIGH corrente total consumida é distribuída entre as fases da
rede, resultando em uma redução da corrente eficaz que
PERFORMANCE THREE-PHASE UPS flui pelos cabos quando comparado com sistemas
monofásicos [5]. Tratando-se especificamente das UPS de
Abstract – This work presents a topological dupla conversão, estes sistemas consistem basicamente de
configuration that allows the input stage of a double um banco de baterias, um carregador de baterias, uma
conversion UPS to be used as a three-phase rectifier and chave estática de bypass e dois conversores trifásicos na
a DC/DC voltage boost converter in normal and backup configuração back-to-back. O barramento CC dividido,
operating mode, respectively. Thus, the use of a specific com a conexão comum do neutro da entrada e da saída,
circuit for the discharge of the battery bank, which would permite a alimentação de cargas monofásicas
be rated for UPS nominal power, is avoided. The independentes e possibilita assim uma estrutura de bypass
operation analysis of the proposed input stage is mais simples [5], [6].
presented, as well as the mathematical modeling and the Em configurações convencionais de UPS de dupla
control system that guarantee the applicability in the conversão, o estágio de entrada é responsável pela
input power factor correction, DC bus voltage control correção do fator de potência e pela regulação da tensão
and for the DC bus capacitors voltage balance. total do barramento CC enquanto a rede elétrica encontra-
Hardware-in-the-loop results are acquired for a 20 kVA se dentro de limites adequados de operação [6]-[11].
three-phase UPS to validate the developed analysis besides Quando a rede está fora dos limites preestabelecidos, o
to demonstrate the good performance of the system. banco de baterias, conectado diretamente ao barramento

CC, alimenta a carga até que a rede elétrica seja
Keywords – Control system, Power Factor reestabelecida ou enquanto houver energia suficiente
Correction, Three-Phase Rectifier, Uninterruptible armazenada [2], [12], [13]. Quando conectam-se baterias
Power Supply. diretamente ao barramento CC, necessita-se de uma
tensão elevada do banco de baterias, o que demanda um
número maior de unidades associadas em série, restringe-
Artigo submetido em 18/11/2017. Primeira revisão em 26/12/2017. Aceito

se a flexibilidade quanto à escolha da tensão das baterias,
para publicação em 06/02/2018 por recomendação do Editor Marcelo Cabral e limita-se a operação na descarga, o que representa
Cavalcanti.

244 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 244-255, abr./jun. 2018


problemas relacionados à confiabilidade e ao custo total Entrada CA
do sistema, principalmente quando aplicados a UPS [14], Barramento Chave Saída CA
[15]. A Figura 1(a) apresenta o diagrama de blocos de uma CC Bypass
Retificador
UPS de dupla conversão convencional [2].
De forma a mitigar as desvantagens das configurações
Modo Normal
de UPS convencionais, [6] e [14] utilizam um conversor Banco de
Carregador Modo Bypass
específico para a carga e descarga do banco de baterias. Baterias Modo Bateria
Com isso, a tensão do banco de baterias e o número de
(a)
baterias pode ser reduzida. Contudo, o conversor
específico deve ser dimensionado para a potência nominal
da UPS, enquanto o circuito do retificador de entrada Entrada CA
permanece ocioso durante o modo bateria de operação. A Barramento Chave Saída CA
Bypass
Figura 1(b) apresenta o diagrama de blocos de uma UPS Retificador
CC
de dupla conversão com conversor específico para a carga
Banco de
e descarga do banco de baterias. Baterias Modo Normal
Diversos trabalhos têm sido publicados com o intuito Carregador/ Modo Bypass
de um melhor aproveitamento do hardware disponível, Descarregador Modo Bateria
integrando funções usualmente realizadas por dois ou (b)
mais conversores em um único estágio. Em veículos
elétricos (VE) por exemplo, que utilizam carregadores Entrada CA
embarcados, o volume e o peso destes equipamentos são Chave Saída CA
Barramento
parâmetros que devem ser minimizados [16]. Neste Retificador/ CC Bypass
sentido, uma alternativa interessante é a integração do Carregador
carregador de baterias aos conversores estáticos que
Modo Normal
compõem o sistema de propulsão [17], [18]. Banco de
Modo Bypass
Em [5], é apresentada a estrutura de controle de um Baterias
Modo Bateria
retificador trifásico a quatro fios aplicado a VE e UPS não
isoladas. O conversor é denominado multifuncional, pois (c)
possibilita a carga do banco de baterias paralelamente à
correção do fator de potência de entrada, sem a necessidade
Entrada CA
de um carregador externo. Contudo, a tensão mínima do
Barramento Chave Saída CA
banco de baterias ainda é limitada pela tensão do CC Bypass
Retificador/
barramento CC e o sistema não possui um controle Descarregador
específico da corrente de descarga das baterias, o que reduz Banco de
a confiabilidade do sistema [14]. A Figura 1(c) apresenta o Baterias Modo Normal
* Carregador/ * Modo Bypass
diagrama de blocos da UPS com conversor multifuncional,
** Equalizador ** Modo Bateria
utilizado como retificador e como carregador de baterias.
* Carregador de baterias
Neste contexto, o trabalho em questão apresenta de
** Equalizador de tensão
forma detalhada um estágio de entrada com dupla
(d)
funcionalidade, integrando o retificador trifásico e o
descarregador do banco de baterias, aplicado a UPS de Fig. 1. Diagrama de blocos de UPS de dupla conversão. (a) UPS
dupla conversão [7], [8]. O sistema é composto pelo convencional. (b) UPS com circuito carregador/descarregador
circuito de entrada e pelo circuito auxiliar, com uma específico. (c) UPS com retificador e carregador integrados. (d)
configuração topológica que permite empregar o hardware UPS proposta com dupla funcionalidade do estágio de entrada.
disponível para efetuar tanto a função retificador trifásico
quanto descarregador de baterias, permitindo ainda uma bem como o cálculo do capacitor equivalente de
flexibilidade quanto à escolha da tensão do banco de barramento de acordo com as especificações de projeto; a
baterias. O circuito auxiliar é utilizado para efetuar a carga seção III apresenta o sistema de controle utilizado
do banco de baterias em modo normal de operação e para considerando distintamente os modos de operação da UPS;
equilibrar as tensões sobre os capacitores de barramento em na seção IV são derivados os modelos de pequenos sinais
modo bateria de operação. O circuito auxiliar é necessários para os projetos dos controladores,
dimensionado pela corrente de carga, o que corresponde a apresentados na seção V; na seção VI é validada a proposta
uma pequena fração da potência da UPS. A Figura 1(d) do trabalho a partir da aquisição de resultados através de
apresenta o diagrama de blocos da UPS utilizando o estágio uma plataforma hardware-in-the-loop de alta fidelidade,
de entrada com dupla funcionalidade proposto. A Tabela I modelo Typhoon HIL402, para uma UPS trifásica de 20
sintetiza as principais características dos estágios de entrada kVA e frequência de chaveamento de 15 kHz. Os
de UPS de dupla conversão apresentados na Figura 1. controladores são implementados no processador de sinais
O artigo está dividido da seguinte forma: na seção II é digitais (DSP – Digital Signal Processor) da Texas
apresentado o circuito de potência e o funcionamento do Instruments TMS320F28335; na seção VII são
estágio de entrada com dupla funcionalidade proposto, apresentadas as conclusões do trabalho.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 244-255, abr./jun. 2018 245


TABELA I
Comparação entre Estágios de Entrada de UPS de Dupla Conversão
Tensão mínima do Carregador de Descarregador
Trabalho Observações
banco de baterias baterias das baterias
Limitada pela tensão Específico Sem controle
UPS convencional [2] Reduzida confiabilidade
do barramento CC (potência reduzida) específico
UPS com circuito Flexível
Incluso no Controlado Carregador/descarregador deve ser projetado
carregador/descarregador (através de elevador
descarregador (circuito específico) para a potência nominal da UPS
específico [6] e [14] de tensão)
UPS com multifuncionalidade do Limitada pela tensão Incluso no Sem controle
Reduzida confiabilidade
estágio de entrada [5] do barramento CC retificador específico
Flexível Controlado
UPS com o estágio de entrada Específico Necessita da inclusão de tiristores para controle
(através de elevador (através do circuito
proposto (potência reduzida) do fluxo de potência do banco de baterias
de tensão) de entrada)

II. ESTÁGIO DE ENTRADA COM DUPLA Salienta-se que o estágio de entrada proposto neste trabalho,
FUNCIONALIDADE em comparação às demais topologias citadas, requer a adição
de tiristores para controle do fluxo de potência do banco de
A. Descrição do Circuito baterias, os quais acrescentam perdas ôhmicas ao sistema e
O estágio de entrada com dupla funcionalidade proposto requerem um circuito de acionamento específico. Contudo, o
neste trabalho é composto pelo circuito de entrada, circuito custo da utilização de um conversor dedicado para a
auxiliar, um barramento CC dividido e um banco de baterias, carga/descarga das baterias (que também requer a utilização de
como mostrado na Figura 2, onde L1 é o indutor do lado da circuitos de acionamento) ainda é mais significativo.
rede, L2 é o indutor no lado do conversor, C1 é o capacitor do Para fins de manutenção da UPS, o circuito é
filtro de entrada, Laux é o indutor do circuito auxiliar e Cbar1 e desenergizado e a potência demandada pela carga é
Cbar2 são os capacitores equivalentes do barramento CC. O suprida diretamente pela rede elétrica através da chave de
neutro da rede é conectado à carga e ao ponto central do bypass, possibilitando a operação a quatro fios e
barramento CC. O circuito de entrada é composto por três eliminando a necessidade do transformador isolador. Esta
braços de interruptores e um filtro passa-baixas LCL. O conexão resulta em uma solução compacta, eficiente e de
circuito auxiliar é constituído por um indutor e um braço de baixo custo[20]. As chaves de transferência que conectam
interruptores. As chaves de transferência T1 e T2 realizam a o filtro de entrada à rede são necessárias em qualquer
conexão ou a desconexão de partes do circuito de acordo com topologia UPS para adequada operação da chave de
o modo de operação da UPS: normal e bateria. Quando as bypass, não sendo exclusivas do trabalho em questão.
chaves se encontram na posição 1 a UPS opera em modo Em modo normal de operação, o qual ocorre quando a
normal. A posição 2 é referente ao modo bateria de operação. tensão da rede está dentro de limites preestabelecidos, os
As chaves de transferência do circuito de entrada são terminais r, s e t de entrada são conectados ao filtro LCL, e o
compostas por tiristores para a conexão com a rede ou com o circuito de entrada da UPS é empregado como retificador
banco de baterias, uma vez que estes dispositivos permitem trifásico, realizando a correção do fator de potência e mantendo
uma rápida transferência entre os modos de operação. Para a a tensão do barramento CC regulada. Para evitar o desequilíbrio
conexão com a rede são utilizados tiristores em antiparalelo, das tensões dos capacitores do barramento CC em modo
formando uma chave bidirecional em corrente [19]. Para a normal, uma malha adicional de controle da tensão diferencial é
utilização de chaves eletromecânicas, o tempo de incluída [21]. O circuito auxiliar é utilizado para a carga do
transferência considerado deve ser maior, uma vez que estes banco de baterias, sendo dimensionado de acordo com a
equipamentos apresentam um tempo maior de abertura e corrente de carga, ou seja, entre 5% e 20% da potência nominal
fechamento dos contatos, o que exige maiores capacitores de da UPS, dependendo do método de carga empregado [22].
barramento. Para o circuito auxiliar são utilizados relés, pois Quando a tensão da rede de alimentação encontra-se fora dos
este circuito opera com baixas correntes e não é necessária limites adequados, a UPS opera em modo bateria de operação.
uma transferência rápida entre os modos de operação. Neste modo, o circuito de entrada é desconectado da rede
através de chaves de transferência e conectado ao banco de
baterias, sendo utilizado como um conversor boost,
descarregando o banco de baterias e evitando a utilização de um
circuito adicional para esta função, o qual deveria ser
dimensionado para potência nominal da UPS. Como não é
necessária a carga das baterias neste modo, o circuito auxiliar é
utilizado para equilibrar as tensões sobre os capacitores de
barramento, uma vez que a configuração que o circuito de
entrada assume para a descarga das baterias impede que o
mesmo possa efetuar a equalização das tensões nesse modo de
operação. Para isso, as chaves de transferência desconectam o
Fig. 2. Estágio de entrada com dupla funcionalidade aplicado a indutor do circuito auxiliar do terminal positivo do banco de
uma UPS de alto desempenho. baterias e conectam ao ponto central do barramento capacitivo.

246 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 244-255, abr./jun. 2018


B. Configuração e Análise do Estágio de Entrada Proposto CbarVbar 2
A Figura 3 apresenta a configuração assumida pelo Ebar  . (2)
2
circuito de entrada de acordo com o modo de operação da
UPS. A Figura 3(a) é referente ao modo normal de Sendo assim, a variação da energia do barramento CC
operação e a Figura 3(b) ao modo bateria. A análise do
(Ebar) é função da tensão nominal e da tensão mínima de
circuito de entrada é feita sem considerar a dinâmica do
barramento (Vbarmin). A tensão mínima de barramento é
inversor. Assim, são utilizadas duas resistências
assumida como a mínima tensão necessária para não
equivalentes, Req1 e Req2, em paralelo com os capacitores
comprometer a tensão sintetizada pelo inversor de saída. A
do barramento CC, consumindo a potência nominal da
variação da energia de barramento é dada por:
UPS. As tensões de saída são representadas por vbar1 e
vbar2, sendo que vbar é a tensão total do barramento.
De forma semelhante, o circuito auxiliar é analisado Cbar (Vbar 2  Vbarmin 2 )
Ebar  . (3)
independentemente da operação do circuito de entrada e 2
do inversor de saída. A Figura 4 apresenta o circuito
auxiliar analisado, onde a Figura 4(a) representa o modo Uma vez que a potência de saída é igual à variação da
normal de operação e a Figura 4(b) o modo bateria. energia de barramento pelo tempo da transferência, pode-se
obter o valor da capacitância mínima de barramento de
C. Projeto da Capacitância de Barramento acordo com o tempo de transferência (ttr), como pode ser
Em circuitos com estágio de correção do fator de observado em:
potência, geralmente a potência de entrada é pulsada.
Sendo assim, para que seja efetuado o balanço de energia dEbar
Po  (4)
entre a entrada e a saída da UPS, é necessário o uso de um dt
elemento armazenador de energia, geralmente um
capacitor. Para determinar o valor da capacitância Ebar  Pottr (5)
necessária ao barramento CC, podem ser analisados
basicamente dois aspectos: a ondulação máxima da tensão S1 S2 S3
de barramento e a capacidade de armazenamento de 3 x L1 3 x L2
Cbar 1 Req1
vbar1(t)
energia do barramento CC. r
iL 2
s
1) Capacitância de barramento considerando a máxima t Cbar 2 Req2
ondulação de tensão: Considerando um retificador 3 x R1 3 x C1 S4 S5 S6 vbar2(t)
trifásico, a energia é entregue pela rede a cada intervalo
de 60º. De acordo com [23], a capacitância de barramento
considerando a ondulação máxima de tensão pode ser
(a)
calculada a partir de:

Po (2Vbar  3V p ) S1 S2 S3
Cbar1 Req1
Cbar  2
(1) 3 x L2 vbar 1(t)
2 f swVbar Vbar )

onde: Cbar2 Req2


Cbar - capacitância equivalente de barramento; vbat
S4 S5 S6 vbar2(t)
fsw - frequência de chaveamento; ibat
Po - potência de saída;
Vbar - tensão nominal de barramento; (b)
Vp - tensão de pico de entrada;
Vbar - ondulação da tensão de barramento. Fig. 3. Configuração do circuito de entrada. (a) Retificador trifásico.
(b) Descarregador do banco de baterias.
2) Capacitância de barramento considerando o tempo
de transferência: O modo transferência ocorre sempre que
a UPS alterna a fonte de alimentação, de rede para bateria,
de bateria para a rede ou ainda para uma fonte alternativa
[19]. Durante este período, a carga é alimentada
exclusivamente pela energia armazenada nos capacitores
de barramento. Dessa forma, para não comprometer o
funcionamento do inversor e consequentemente a
qualidade da energia entregue à carga, o capacitor de
barramento pode ser dimensionado considerando o tempo (a) (b)
máximo de transferência. A energia total armazenada no
barramento CC é dada por: Fig. 4. Configuração do circuito auxiliar. (a) Carregador do banco
de baterias. (b) Equalizador da tensão de barramento.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 244-255, abr./jun. 2018 247


2 x Cb ar x Cb ar 2
2

(a)

2x Cb a r x Cba r 2
2

(b)

Fig. 5. Estrutura de controle do circuito de entrada com dupla funcionalidade. (a) Operação como retificador trifásico e equalizador das
tensões de barramento. (b) Descarregador do banco de baterias.

2ttr Po estrutura de controle do circuito de entrada em modo normal


Cbar  2 2
. (6) é composta por uma malha interna rápida de corrente, uma
Vbar  Vbarmin
malha lenta externa de controle da tensão total de barramento
e uma terceira malha, ainda mais lenta, para o equilíbrio das
Em aplicações relacionadas ao processamento de dados, tensões nos capacitores do barramento CC. No modo normal
sistemas distribuídos e fontes de energia, o período de tempo de operação, a corrente de entrada é sincronizada com a
que o conversor é capaz de prover energia para a carga após tensão da respectiva fase, vr, vs ou vt, através das medições
uma falta do sistema de alimentação é um importante requisito das tensões nos pontos r, s e t, respectivamente.
a ser atendido [24]. Este tempo é conhecido por hold-up time No modo bateria, aproveita-se o hardware disponível do
[25], e comumente deve ser maior que 17 ms [26]. Neste circuito de entrada, já dimensionado para a potência nominal
trabalho é adotado o hold-up time para o projeto dos da UPS, para descarregar o banco de baterias. A utilização do
capacitores do barramento CC. circuito de entrada como descarregador de baterias impede
que o equilíbrio das tensões sobre os capacitores de
III. SISTEMA DE CONTROLE barramento seja feito via controle do próprio circuito. Para
esta função é utilizado o circuito auxiliar.
A. Circuito de Entrada
O sistema de controle digital utilizado para o circuito de B. Circuito Auxiliar
entrada é apresentado na Figura 5. A Figura 5(a) mostra a A estrutura de controle do circuito auxiliar é mostrada na
estrutura de controle para o modo normal de operação e a Figura 6, onde a Figura 6(a) mostra a estrutura para o modo
Figura 5(b) para o modo bateria. hi é o ganho do sensor de normal e a Figura 6(b) para o modo bateria de operação. No
corrente, hv é o ganho do sensor de tensão, Ts é o período de modo normal de operação o circuito auxiliar é responsável
amostragem, Tsw é o período de chaveamento e x representa a pela carga do banco de baterias. Convencionalmente utiliza-
variável de entrada do bloco para simplificação do diagrama. se o método de carga por corrente e tensão constantes (CC-
De forma a garantir a operação com alto fator de potência CV), uma vez que este propicia uma regulação de corrente
de entrada, regular a tensão total de barramento e ainda refinada para a etapa de corrente constante e uma regulação
equilibrar as tensões sobre os capacitores de barramento, a precisa na etapa de controle de tensão [27], [28]. Neste

248 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 244-255, abr./jun. 2018


da frequência de comutação. Em modo normal e em modo
bateria de operação são utilizados controladores de corrente
do tipo proporcional, o qual apresenta como característica
principal a simplicidade de implementação. O erro de
corrente proveniente do controlador é compensado pela
malha externa de tensão. Em modo normal é adicionada
ainda uma ação feed-forward (kff) para proporcionar robustez
(a) ao controle do conversor em relação a distúrbios
relacionados à tensão da rede.

2) Malha de tensão total do barramento: O controle da


tensão total do barramento CC é feito através do
monitoramento da energia armazenada nos capacitores de
barramento, de forma a se trabalhar com uma planta
naturalmente linear. A equação que representa a energia
(b) armazenada no barramento CC é apresentada em (2).
Fig. 6. Estrutura de controle do circuito auxiliar. (a) Carregador do Sabendo-se que a potência instantânea é dada pela taxa de
banco de baterias pelo método CC-CV. (b) Equalizador de tensão. variação da energia, pode-se relacionar a variação da energia
do barramento CC com a potência de entrada em modo
método, é utilizada uma malha rápida de corrente e uma normal e em modo bateria, respectivamente, por:
malha externa, mais lenta, para o controle da tensão do banco
de baterias. Contudo, devido ao objetivo do trabalho, não são dEbar
abordados mais detalhes sobre o carregador de baterias. P3
  3V in I in 3Vin iL2 (8)
dt
Em modo bateria, o circuito auxiliar apresenta uma
estrutura de controle muito semelhante à do modo normal.
Contudo, neste modo de operação, a função do circuito dEbar
Pbat
  Vbat Ibat  3Vbat iL2 (9)
auxiliar é equilibrar as tensões sobre os capacitores do dt
barramento CC. Desta forma, a referência de tensão é zero, o
que representa o equilíbrio ideal das tensões dos capacitores. onde:
Ibat - corrente média de descarga do banco de baterias;
IV. MODELAGEM MATEMÁTICA Iin - corrente eficaz de fase de entrada;
iL2 - corrente nos indutores do lado do conversor;
A. Circuito de Entrada Vbat - tensão do banco de baterias;
1) Malha interna de corrente: O controlador de corrente é Vin - tensão eficaz de fase de entrada.
responsável por gerar o sinal modulante a ser comparado Aplicando-se a transformada de Laplace nas equações (8)
com a portadora triangular para a geração do sinal PWM de e (9), têm-se, respectivamente, as funções de transferência
comando dos interruptores. Com o ponto central do divisor que relacionam a energia de barramento com a corrente
capacitivo do barramento conectado ao neutro do sistema, a eficaz de entrada e com a corrente de descarga do banco de
planta de corrente do estágio de entrada pode ser modelada baterias:
como três circuitos monofásicos independentes. Os filtros L
e LCL apresentam respostas em frequência muito próximas Ebar  s  3Vin
até a frequência de ressonância [29]. Desta forma, pode-se Gvt  s 
  (10)
iL2  s  s
simplificar o circuito considerando apenas a dinâmica do
indutor dominante, no caso L2. Essa aproximação é válida
desde que seja adotada uma banda passante da malha de Ebar  s  3Vbat
vtbat  s 
G  . (11)
corrente inferior à frequência de ressonância do filtro LCL. iL2  s  s
Na literatura encontram-se publicações que abordam a
modelagem do filtro LCL [30], [31]. O modelo da corrente Para que seja utilizada a corrente eficaz de entrada no
no indutor L2 pela razão cíclica do interruptor superior da modelo descrito por (10) é necessário que a referência de
respectiva fase é dado por: corrente seja multiplicada por uma forma de onda senoidal
de amplitude igual a raiz de 2.
iL2  s  Vbar O projeto dos controladores da malha de tensão deve ser
Gid  s     (7) feito com o cuidado de não distorcer as referências das malhas
dS  s  s L2  RL2
de corrente. Quando cargas desbalanceadas são conectadas ao
inversor, uma componente de 120 Hz é observada na tensão do
onde RL2 é a resistência intrínseca do indutor L2. barramento CC. Assim, a banda passante dos controladores de
As malhas de corrente devem apresentar elevada banda tensão é limitada em 12 Hz, uma década abaixo desta
passante, uma vez que controlam diretamente a razão cíclica ondulação, de forma a rejeitar esta componente. Controladores
dos interruptores. Para o projeto da malha interna de corrente do tipo PI são utilizados para eliminar o erro em regime
usualmente é utilizada uma frequência de cruzamento da permanente. A margem de fase dos controladores de tensão é
função de transferência em malha aberta uma década abaixo

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 244-255, abr./jun. 2018 249


projetada para se obter uma resposta subamortecida entre 30º e V. PROJETO DOS CONTROLADORES
90º. Neste trabalho é adotada uma margem de fase padrão de
60º. Para isso, quando necessário, adiciona-se um zero na Os controladores projetados nesta seção são implementados
frequência necessária para se obter esta margem de fase. Como no DSP TMS320F28335. A metodologia de projeto utilizada
a corrente de descarga é dividida entre os três braços de baseia-se na aproximação da resposta em frequência discreta,
interruptores, o número de braços (n) deve ser considerado no onde o ganho e a fase do sistema são determinados a partir de
projeto dos controladores. diagramas de Bode. É utilizada uma frequência de amostragem
muito maior que a banda passante dos controladores. As
3) Malha de tensão diferencial do barramento: A tensão funções de transferência contínuas são discretizadas
diferencial (vd) representa a diferença entre as tensões dos considerando a dinâmica do retentor de ordem zero (ZOH –
capacitores do barramento CC (vd = vbar1 – vbar2), e Zero Order Hold). É considerado ainda o atraso de
idealmente deve ser mantida igual a zero. O modelo da implementação, uma vez que a lei de controle é implementada
tensão diferencial pela média das correntes de entrada (imed) é no próximo período de chaveamento. A Tabela II apresenta os
dado por: parâmetros de projeto e especificações de potência. A Tabela
III mostra os controladores projetados bem como suas
principais características, onde fc é a frequência de
vd  s  nReq
vd  s 
G
  (12) cruzamento do controlador projetado e mf é a margem de fase
imed  s  s Req Cbar  1 obtida. A Figura 7 apresenta os diagramas de Bode de malha
aberta para os sistemas não-compensados e compensados.
onde n é o número de fases do conversor e considera-se Cbar TABELA II
= Cbar1 = Cbar2 e Req = Req1 = Req2. Parâmetros de Projeto e Especificações de Potência
Bem como no controle da tensão total de barramento, a Parâmetro Valor Observações
banda passante da malha de tensão diferencial deve ser Tensão de fase de entrada (Vin) e 127 V,
Valores eficazes
significativamente menor que a menor frequência de de saída (Vinv) 60 Hz
Potência aparente de saída (So) 20 kVA -
ondulação de tensão sobre os capacitores do barramento CC.
Frequência de chaveamento (fsw) 15 kHz -
De forma a priorizar a malha de tensão total, a frequência de Frequência de amostragem (fs) 15 kHz -
cruzamento adotada para a malha diferencial é de 2 Hz, ainda Tensão total de barramento (Vbar) 430 V 215 V + 215 V
mais lenta que a malha da tensão total. O controlador Capacitor equivalente de
12,4 mF
4 x 6200 μF/ 450 V cada
escolhido é do tipo PI para garantir o erro nulo em regime barramento (Cbar) metade do barramento CC
Tensão do banco de baterias (Vbat) 240 V (20+20) x 9 Ah/12 V
permanente, o que significa manter a mesma tensão entre os
Indutores do lado da rede (L1) 150 µH Imax: 100 A (por fase)
capacitores do barramento CC mesmo para a operação com Indutores do lado do conversor (L2) 450 µH Imax: 100 A (por fase)
cargas desbalanceadas conectadas à saída da UPS. Capacitores de entrada (C1) 10 µF 1 x 10 μF/ 450 V (por fase)
Indutor do circuito auxiliar (Laux) 4,3 mH Imax: 10 A (por fase)
B. Circuito Auxiliar Resistências equivalentes de
4,62 Ω
10 x 46 Ω/1000 W cada
barramento (Req1, eq2) metade do barramento CC
1) Malha interna de corrente: A planta de corrente do
Interruptores do circuito de entrada 600 V/
circuito auxiliar é a mesma utilizada no circuito de entrada, (S1,2,3,4,5,6) 100 A
IGBTs + acionamentos
uma vez que o circuito equivalente de ambos os sistemas é Interruptores do circuito auxiliar 600 V/
IGBTs + acionamentos
idêntico. O modelo da corrente no indutor Laux pela razão (Saux1, aux2) 10 A
cíclica do interruptor Saux1 é dado por: TABELA III
Controladores Projetados
iLaux  s  Vbar Circuito de Entrada
iaux  s 
G  . (13) Modo normal de operação
d aux  s  s Laux  RLaux
Malha Tipo fc mf Controlador
Corrente P 1,5 kHz 37º Cid  z   0,0097
Utiliza-se um controlador de corrente do tipo proporcional Tensão total
com uma banda passante uma década abaixo da frequência ( z  0,99712)
de PI 12 Hz 60º Cvt  z   0,172
de comutação, de forma a se obter uma resposta rápida e barramento ( z  1)
ainda rejeitar distúrbios na frequência de chaveamento. Tensão ( z  0,9903)
diferencial de PI 2 Hz 60º Cvd  z   0, 0075482
barramento ( z  1)
2) Malha de tensão diferencial: A planta de tensão Modo bateria de operação
diferencial do circuito auxiliar é dependente de Req e Cbar. O Malha Tipo fc mf Controlador
modelo de pequenos sinais da tensão diferencial pela Corrente P 1,5 kHz 37º Cid  z   0,0097
corrente no indutor Laux é dado por:
Tensão total ( z  0,9713)
de PI 12 Hz 60º Cvtbat  z   0, 0907
vd  s  Req barramento ( z  1)
Gvdaux
 s  . (14)
iLaux  s  s Req Cbar  1 Circuito Auxiliar (Modo bateria de operação)
Malha Tipo fc mf Controlador
É utilizada uma frequência de cruzamento para o sistema Corrente P 1,5 kHz 36º Ciaux  z   0,092509
compensado em malha aberta de 2 Hz. A margem de fase Tensão ( z  0,9902)
empregada é de 60º. diferencial de PI 2 Hz 60º Cvdaux  z   0, 022398
barramento ( z  1)

250 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 244-255, abr./jun. 2018


Gid ( z ) Gid ( z )Cid ( z ) Gvt ( z ) Gvt ( z )Cvt ( z )
Fase ( º) Ganho (dB)

80 100

40 50

0 0

180 -90
0
-180 -135
-360
-540 -180
0 1 2 3 4 -1 0 1 2
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Frequência (Hz) Frequência (Hz)
(a) (b)

Gvd ( z ) Gvd ( z )Cvd ( z ) Gvtbat ( z ) Gvtbat ( z )Cvtbat ( z )


Fase ( º) Ganho (dB)

40 100
20
0 50
-20
-40 0
-80
0 -90
Fig. 8. Plataforma Typhoon HIL 402 utilizando o DSP da Texas
-45 Instruments TMS320F28335.
-90 -135
-135
-180 -180 -1 0 1 2
-1 0 1 2 3
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Frequência (Hz) Frequência (Hz)
(c) (d)
Giaux ( z ) Giaux ( z )Ciaux ( z ) Gvdaux ( z ) Gvdaux ( z )Cvdaux ( z )
Fase ( º) Ganho (dB)

80 40
60 0
40 -40
20 -80
0 180
90
-45
0
-90 -90
-135 -1 -180
0 1 2 -1 0 1 2 3
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Frequência (Hz) Frequência (Hz)
(e) (f)
Fig. 7. Diagramas de Bode das plantas e dos sistemas considerando
os controladores projetados. (a) Corrente de entrada para o modo
normal e para o modo bateria de operação. (b) Tensão total de Fig. 9. Tensão e corrente da fase r. Operação com 20 kW de carga.
barramento para o modo normal de operação. (c) Tensão diferencial THDi = 2,2 %, FP = 0,99.
de barramento para o modo normal de operação. (d) Tensão total de
barramento para o modo bateria de operação. (e) Corrente do
indutor do circuito auxiliar para o modo bateria de operação. (f)
Tensão diferencial de barramento para o modo bateria de operação.
4
Tensão (Vbar)
VI. RESULTADOS HARDWARE-IN-THE-LOOP Corrente (iL2r)
1

O desempenho do estágio de entrada com dupla


funcionalidade proposto neste trabalho é avaliado a partir da
implementação hardware-in-the-loop de uma UPS trifásica
de 20 kVA e frequência de chaveamento de 15 kHz. A
operação do inversor não é considerada, e são utilizadas
2 3
Corrente (iL2s) Corrente (iL2t)
resistências equivalentes em paralelo ao barramento CC para
a aquisição dos resultados e validação da metodologia de
1 50 A 2 50 A 3 50 A 4 100 V 200 ms
projeto. A Figura 8 mostra a plataforma hardware-in-the-
loop utilizada para emular o circuito de potência. A
Fig. 10. Degrau de carga linear (20%-100%-20%). Modo normal de
utilização deste equipamento tem se popularizado na
operação. Tensão de barramento e correntes nos indutores do lado
literatura e na indústria para a aquisição de resultados em do conversor.
tempo real com alta fidelidade, sendo uma alternativa que
reduz o custo, o tempo de desenvolvimento e o time-to- A Figura 10 mostra a resposta do sistema frente a
market, principalmente para sistemas de potência elevada degraus de carga linear (20%-100%-20%) com a UPS
[32]-[35]. O sistema de controle é implementado em um DSP operando em modo normal. São apresentadas a tensão do
da Texas Instruments modelo TMS320F28335. barramento CC e as correntes trifásicas nos indutores do
A Figura 9 apresenta a tensão e a corrente de entrada da lado do conversor. Pode-se observar que no momento da
fase r para o modo normal de operação com a UPS aplicação dos degraus a tensão de barramento varia,
fornecendo 20 kW. Percebe-se que a componente contudo não se reduz a valores que possam comprometer a
fundamental da corrente está em fase com a tensão e operação do inversor (menor que 360 V) nem alcança
apresenta baixa distorção harmônica (THDi = 2,2%). O valores que possam prejudicar os semicondutores (maior
fator de potência (FP) calculado é de 0,99. que 600 V).

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 244-255, abr./jun. 2018 251


Na Figura 11 é apresentado o desempenho do sistema sistema opera com correntes contínuas no modo bateria, é
de controle em modo bateria de operação frente a degraus necessário que as correntes caiam a zero para que o
de carga linear (20%-100%-20%). De forma semelhante bloqueio dos semicondutores ocorra. Para isso, os
ao ocorrido na Figura 10, a tensão de barramento interruptores do circuito de entrada permanecem abertos
apresenta uma resposta adequada, sem comprometer a antes que o modo normal se inicie.
operação do sistema e retornando ao valor nominal após
200 ms, aproximadamente.
Vbar1 = 200 V
Na Figura 12 é apresentada a operação do circuito Vbar1 = 215 V
auxiliar como equalizador das tensões sobre os 1
Tensão (Vbar1) Malha
Malha de
de tensão
tensão
capacitores de barramento. Devido as não-idealidades do diferencial
diferencial habilitada
habilitada
circuito, mesmo sem carga adicionada a saída da UPS, Corrente (iLaux)
3

existe uma diferença relevante entre as tensões das duas


metades do barramento CC. Neste ensaio, inicia-se com o
controle do circuito auxiliar desabilitado, operando com
razão cíclica fixa de 50%, e após a tensão de barramento
entrar em regime, o controle é acionado. Pode-se
perceber que as tensões de barramento apresentavam Tensão (Vbar2)
2 Vbar2 = -215 V
cerca de 30 V de desequilíbrio e após o circuito auxiliar Vbar2 = -230 V
entrar em operação, as tensões sobre os capacitores do
barramento CC assumem seus valores nominais em 1 50 V 2 50 V 3 5A 4 400 ms
aproximadamente 80 ms.
A Figura 13 apresenta a tensão do barramento CC e as Fig. 12. Equilíbrio das tensões sobre os capacitores de barramento.
correntes nos indutores do lado do conversor durante a Tensões do barramento CC e corrente no indutor do circuito
transição entre os modos de operação da UPS. A Figura auxiliar. Operação a vazio.
13(a) mostra a transição do modo normal para o modo
bateria. Nota-se que durante a transição a tensão do
barramento CC diminui devido ao tempo de transição
utilizado. Neste período, a carga é suprida 4
exclusivamente pelos capacitores de barramento, uma vez Tensão (Vbar)
que tanto a rede quanto o banco de baterias estão 1
Corrente (iL2r)
3
Corrente (iL2t)
desconectados do circuito. Os capacitores do barramento
CC de UPS são geralmente projetados de acordo com o
hold-up time, que deve ser especificado de acordo com a
aplicação. Se o tempo de transição for maior que o hold-
up time, a tensão de barramento pode cair a níveis que
Transição entre os
podem comprometer a operação do inversor de saída. 2
Corrente (iL2s) modos de operação da UPS
A Figura 13(b) apresenta a transição do modo bateria
para o modo normal. De forma semelhante a transição do
1 50 A 2 50 A 3 50 A 4 100 V 10 ms
modo normal para o modo bateria, a carga é alimentada
pelos capacitores de barramento durante a transição, (a)
resultando em uma queda na tensão do barramento CC até
que se inicie o próximo modo de operação. Como são
utilizados tiristores como chaves de transferência, e o
4
Tensão (Vbar)
Corrente (iL2r)
1 Corrente (iL2t)
3
4
Tensão (Vbar)

Transição entre os 2
1
2 Corrente (iL2r, iL2s, iL2t) modos de operação da UPS Corrente (iL2s)
3

1 50 A 2 50 A 3 50 A 4 100 V 10 ms

(b)
1 20 A 2 20 A 3 20 A 4 100 V 200 ms
Fig. 13. Transição entre os modos de operação. Tensão de
Fig. 11. Degrau de carga linear (20%-100%-20%). Modo bateria de barramento e correntes nos indutores do lado do conversor. (a)
operação. Tensão de barramento e correntes nos indutores do lado
Modo normal para modo bateria. (b) Modo bateria para modo
do conversor. normal.

252 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 244-255, abr./jun. 2018


VII. CONCLUSÕES Bueno, “A low cost three-phase transformerless
online UPS”, in Proc. of COBEP, pp. 1-6, 2015.
Este trabalho apresentou uma configuração topológica [8] H. Jank, W. A. Venturini, M. L. S. Martins, F. E.
de estágio de entrada com dupla funcionalidade aplicado a Bisogno, H. Pinheiro, C. Rech, J. R. Pinheiro, A. G.
uma UPS de alto desempenho. A característica de dupla Bueno, “DC-Link Bus active balancer/filter for a
funcionalidade é evidenciada pelo uso do mesmo circuito
half-bridge three-phase transformerless UPS”, in
para condicionar a energia demandada pela carga, tanto
Proc. of COBEP, pp. 1-6, 2015.
em modo normal, quanto em modo bateria de operação,
operando como um retificador trifásico e como um [9] M. R. Reinert, J. D. Sperb, M. Mezaroba, C. Rech, L.
conversor CC/CC elevador de tensão para a descarga do Michels, “UPS de Dupla Conversão Não Isolada
banco de baterias, respectivamente. Esta característica não Usando Snubber Regenerativo”, Eletrônica de
é observada na literatura, sendo usualmente utilizado um Potência – SOBRAEP, vol. 16, nº 2, pp. 158-167,
conversor específico para a descarga do banco de baterias, Março/Maio 2011.
o qual deve ser dimensionado para a potência nominal da [10] O. F. Bay, I. Atacak, "Realization of a Single Phase
UPS. É apresentada a modelagem de pequenos sinais e o DSP Based Neuro-Fuzzy Controlled Uninterruptible
projeto dos controladores que garantem a funcionalidade Power Supply", in Proc. of ISIE, pp. 707-712, 2007.
do estágio de entrada proposto. A metodologia de projeto [11] C. H. F. Félix, P. F. Seixas, P. C. Cortizo, “Digital
e o desempenho da topologia em questão são validados a
Control of a Three-Phase UPS”, Eletrônica de
partir de resultados obtidos através de uma plataforma
Potência – SOBRAEP, vol. 12, nº 3, pp. 189-196,
hardware-in-the-loop de alta fidelidade para uma UPS de
20 kVA. Novembro 2007.
[12] M. Pichan, H. Rastegar, “Sliding-Mode Control of
AGRADECIMENTOS Four-Leg Inverter With Fixed Switching Frequency
for Uninterruptible Power Supply Applications”,
Os autores gostariam de agradecer ao CNPq, CAPES e IEEE Transactions on Industrial Electronics, vol. 64,
grupo LEGRAND pelo suporte financeiro a esta pesquisa. n° 8, pp. 6805-6814, Agosto 2017.
[13] C. Zhang, J. M. Guerrero, J. C. Vasquez, E. A. A.
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Inverters in Uninterruptible Power Systems”, IEEE
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de potência ininterrupta, com saída em corrente Uninterruptible Power Supply (UPS) System With a
alternada (nobreak) - Terminologia, ABNT NBR Smaller Battery Bank for Low-Power Applications”,
15014:2003, 2003. IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 32, n°
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high frequency transformer isolation UPS topologies Pinheiro, J. R. Pinheiro, “Analysis and Design of a
for distributed generation applications”, IEEE New High-Efficiency Bidirectional Integrated ZVT
Transactions on Industrial Electronics, vol. 60, n° 4, PWM Converter for DC-Bus and Battery-Bank
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Cruz, A. W. N. da Silva, “Proposal of a Control Veículos Elétricos à Rede de Energia Elétrica Para
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DC Converter for EV and UPS Applications”, de Potência – SOBRAEP, vol. 19, nº 2, pp. 193-207,
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Bisogno, H. Pinheiro, C. Rech, J. R. Pinheiro, A. G. integral battery charger with power factor correction

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[25] P. C. Todd, “UC3854 Controlled Power Factor DADOS BIOGRÁFICOS
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Applications Handbook, pp. 10303-10322, 1995- William Alegranci Venturini, nasceu em Uruguaiana,
1996. RS, Brasil, em 1990. Possui graduação (2014) e mestrado
[26] Y. Lai, Z. Su, W. Chen, “New Hybrid Control (2016) em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal
de Santa Maria. Atualmente cursa doutorado pela mesma
Technique to Improve Light Load Efficiency While
instituição, onde desenvolve seus trabalhos no Grupo de
Meeting the Hold-up Time Requirement for Two-
Eletrônica de Potência e Controle (GEPOC). Durante o
Stage Server Power”, IEEE Transactions on Power primeiro semestre de 2014, realizou estágio curricular
Electronics, vol. 29, n° 9, pp. 4763-4775, Setembro junto ao Fraunhofer Institute - IZM, situado em Berlim -
2014. Alemanha, atuando na área de pesquisa e desenvolvimento
[27] I. Subotic, E. Levi, M. Jones, D. Graovac, “On-board de conversores estáticos. Suas principais áreas de
integrated battery chargers for electric vehicles using interesse incluem modelagem e controle digital de
nine-phase machines,” in Proc. of IEEE IEMDC, pp. sistemas, fontes ininterruptas de energia (UPS) e
239-246, 2013. paralelismo de UPS. É membro da Sociedade Brasileira de
[28] C.-H. Lin, C.-Y. Hsieh, K.-H. Chen, “A Li-ion Eletrônica de Potência (SOBRAEP) e sociedades IEEE.
battery charger with smooth control circuit and built-
Henrique Jank, nascido em 16/04/1991, engenheiro
in resistance compensator for achieving stable and
eletricista pela Universidade de Santa Cruz do Sul (2013),
fast charging,” IEEE Transaction on Circuits and
mestre pela Universidade Federal de Santa Maria (2016),
Systems I: Regular Papers, vol. 57, n° 2, pp. 506- atualmente cursa doutorado pela Universidade Federal de
517, Fevereiro 2010. Santa Maria, onde atua como pesquisador no Grupo de
[29] L. Dannehl, C. Wessels, F. W. Fuchs, “Limitations of Eletrônica de Potência e Controle (GEPOC). Possui
Voltage-Oriented PI Current Control of Grid- experiência em engenharia elétrica com ênfase em
Connected PWM Rectifiers With LCL Filters”, IEEE eletrônica de potência e controle, trabalhando com os
Transactions on Industrial Electronics, vol. 56, n° 2, seguintes tópicos: conversores estáticos, modelagem e
pp. 380-388, Fevereiro 2009. controle, fontes ininterruptas de energia.

254 Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 244-255, abr./jun. 2018


Fábio Ecke Bisogno, nascido em 07/04/1973 em Santa Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Paraná,
Maria, RS, é engenheiro eletricista (1999) e mestre (2001) Pato Branco, Brasil. Em 2012, juntou-se ao Departamento
em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de de Eletrônica e Ciência da computação da Universidade
Santa Maria e doutor (2006) em Engenharia Elétrica pela Federal de Santa Maria. Suas áreas de interesse incluem
Technische Universität Chemnitz. Paralelo com o SMPS, UPS, inversores fotovoltaicos e energias
doutorado esteve empregado no instituto de pesquisa renováveis. Dr. Martins é membro da Sociedade Brasileira
Fraunhofer – AIS e depois Fraunhofer – IAIS e IZM, de Eletrônica de Potência (SOBRAEP) e sociedades IEEE.
Alemanha. Atualmente é professor adjunto na
Universidade Federal de Santa Maria. Suas principais Humberto Pinheiro, nascido em Santa Maria, Brasil, em
áreas de interesse são: reatores eletrônicos, sistemas auto- 1960 e engenheiro eletricista (1983) pela Universidade
oscilantes, transformadores piezolétricos, conversores Federal de Santa Maria, Brasil, mestre (1987), pela
ressonantes e fontes ininterruptas de energia (UPS). Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, e Ph.D
(1999) pela Concordia University, Canadá. Atualmente é
Mário Lúcio da Silva Martins, nasceu em Palmeira das professor associado ao departamento de processamento de
Missões, RS, Brasil, em 1976. É engenheiro eletricista energia elétrica da Universidade Federal de Santa Maria,
(1999), mestre (2002) e doutor (2008) pela Universidade Brasil. Suas áreas de interesse incluem controle de fontes
Federal de Santa Maria. De 2006 a 2012 foi professor da ininterruptas de energia e sistemas de geração eólica.

Eletrôn. Potên., Joinville, v. 23, n. 2, p. 244-255, abr./jun. 2018 255


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(TAMANHO LETRA 14 PT, LETRAS MAIÚSCULAS, NEGRITO E CENTRADO)

Primeiro A. Autor1, Segundo B. Autor2 (Nomes dos Autores, 12 Pt, Centrado Abaixo do Título)
1
Primeira Afiliação, Cidade – UF, País (10 Pt, Centrado Abaixo dos Nomes dos Autores)
2
Segunda Afiliação (se necessário), Cidade – UF, País (10 Pt, Centrado Abaixo dos Nomes dos Autores)
e-mail: autor1@email.br, autor2@email.com

Resumo – O objetivo deste documento é instruir os NOMENCLATURA


autores sobre a preparação dos trabalhos para
publicação na Revista Eletrônica de Potência. Solicita-se P Número de polos.
aos autores que utilizem estas normas desde a elaboração Vdq Componentes dq da tensão de estator.
da versão inicial até a versão final de seus trabalhos.
Somente serão aceitos para publicação trabalhos que I. INTRODUÇÃO
estejam integralmente de acordo com estas normas.
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podem ser obtidas também diretamente com o editor, ou, qual os membros da SOBRAEP (Associação Brasileira de
através do portal iSOBRAEP no endereço eletrônico: Eletrônica de Potência) e demais pesquisadores atuantes na
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aceitas submissões em inglês ou espanhol, sendo que as discutir suas atividades e contribuições científicas. Neste
normas para estes idiomas são apresentadas no mesmo contexto, o Conselho Editorial convida os interessados a
endereço eletrônico. Este texto foi redigido segundo as apresentarem artigos completos que envolvam o estado da
normas aqui apresentadas para artigos submetidos em arte na área, através de resultados teóricos e experimentais,
português. além de informações tutoriais, nos tópicos de interesse da
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conjunto de até seis palavras-chave (em ordem alfabética, internacional, deve ser destacado no corpo do trabalho.
todas iniciais maiúsculas e separadas por vírgula) que Serão aceitos trabalhos em português e inglês. Os textos
possam identificar os principais tópicos abordados. submetidos em português devem conter também o título
(title), resumo (abstract) e palavras-chave (keywords) em
TITLE HERE IN ENGLISH IS MANDATORY inglês, obrigatoriamente.
(12 PT, UPPERCASE, BOLD, CENTERED) Os autores deverão submeter e acompanhar todo o
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do artigo submetido.
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by commas) to help identify the major topics of the no texto. Este item não deve ser numerado, assim como os
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256 Eletrôn. Potên., Joinville, v.23, n.2, p. 133-260, abr./jun. 2018


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normas. Os trabalhos que estiverem fora dos padrões letras em maiúsculo.
estabelecidos serão recusados, com a devida informação ao
autor correspondente. 2) Autores e instituições de origem: Abaixo do título do
trabalho (deixando uma linha em branco), também centrados
B. Edição do Texto na página, devem ser informados os nomes dos autores.
A editoração do trabalho deve ser feita selecionando o Poderão ser abreviados os nomes e sobrenomes
formato A4 (297 mm x 210 mm), de acordo com este intermediários e escritos na sua forma completa o primeiro
exemplo. nome e o último sobrenome (letras do tipo 12 pontos).
Como processador de texto, estimula-se o uso do Imediatamente abaixo do nome dos autores, informar as
processador Word for Windows. instituições a que pertencem, cidade, estado e país e, logo
abaixo, o endereço eletrônico de contato (letras do tipo 10
1) Tamanho das letras utilizadas no trabalho: Os pontos).
tamanhos das letras especificadas nesta norma seguem o
padrão do processador Word for Windows e o tipo de letra 3) Resumo e palavras-chave: Esta parte é considerada
utilizado é Times New Roman. A Tabela I mostra os como uma das mais importantes do trabalho. É baseado nas
tamanhos padrões de letras utilizadas nas seções do artigo. informações contidas no resumo e nas palavras-chave que os
trabalhos técnicos são indexados e armazenados em bancos
TABELA I de dados.
Tamanhos e Tipos de Letras Utilizadas no Texto O resumo deve conter no máximo 200 palavras de forma a
Estilo indicar as ideias principais apresentadas no texto,
Tamanho procedimentos e resultados obtidos. O resumo não deve ser
Normal Negrito Itálico
(pontos) confundido com uma introdução do trabalho e não deve
8 Texto de tabelas conter abreviações, referências, figuras, etc. Na elaboração
Legendas de
9 do resumo, como também em todo o trabalho, deve ser
figuras
Instituição dos Textos do resumo utilizada a forma impessoal como, por exemplo, “... Os
Títulos do resumo resultados experimentais mostraram que ...” ao invés de “...os
10 autores; texto em e palavras-chave;
e palavras-chave
geral; referências títulos de tabelas resultados que nós obtivemos mostraram que...”. A palavra
Nomes dos Resumo deve ser grafada em estilo itálico e em negrito. Já o
12 Título em inglês
autores
14 Título do trabalho
texto deste Resumo será em estilo normal e em negrito.
Palavras-chave são termos para indexação que possam
2) Formatação das páginas: Na formatação das páginas, identificar os principais tópicos abordados no trabalho. O
as margens superior e inferior deverão ser fixadas em 25 termo Palavras-Chave deve ser grafado em estilo itálico e em
mm, a margem esquerda em 18 mm e a margem direita em negrito. O texto deste item será em estilo normal e em
12 mm. As colunas de textos deverão apresentar uma largura negrito.
igual a 87 mm e um espaçamento entre si de 6 mm. A
tabulação a ser utilizada na primeira linha dos parágrafos 4) Informações em inglês: O título deverá ser reproduzido
deverá ser fixada em 4 mm. em inglês, conforme normas apresentadas, destacando-se o
estilo em letras todas maiúsculas, negrito e tamanho 12.
II. ESTILO DO TRABALHO A palavra Abstract deve ser grafada em itálico e em
negrito. Já o texto deste Abstract (em inglês) será em estilo
Neste item são apresentados os principais estilos normal e em negrito.
utilizados para edição do trabalho. Keywords são termos para indexação, em inglês, que
identificam os principais tópicos abordados no trabalho. O
A. Organização Geral termo Keywords deve ser grafado em itálico e em negrito. Já
o texto deste item será em estilo normal e em negrito.

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as definições das variáveis e símbolos utilizados devem ser
5) Introdução: A introdução deve preparar o leitor para o incluídas ao longo do texto, logo após o seu aparecimento.
trabalho propriamente dito, dando uma visão histórica do No início destas normas é apresentado um exemplo para este
assunto, e servir como um guia a respeito de como o trabalho item opcional.
está organizado, enfatizando quais são as reais contribuições
do mesmo em relação aos já apresentados na literatura. A 11) Agradecimentos e apêndices: Os agradecimentos a
introdução não deve ser uma repetição do Resumo e deve ser eventuais colaboradores, assim como apêndices, não recebem
a primeira seção do trabalho a ser numerada como seção. numeração e devem ser colocados no texto, antes das
6) Corpo do trabalho: Os autores devem organizar o referências. No final deste trabalho é mostrado um exemplo
corpo do trabalho em diversas seções, as quais devem conter de como podem ser feitos estes agradecimentos.
de forma clara, as informações a respeito do trabalho Na última página do artigo os autores devem distribuir o
desenvolvido, facilitando a compreensão do mesmo por parte conteúdo uniformemente, utilizando-se ambas as colunas, de
dos leitores. tal forma que estejam paralelas quanto ao fechamento das
mesmas.
7) Conclusões: As conclusões devem ser as mais claras
possíveis, informando aos leitores sobre a importância do B. Organização das Seções do Trabalho
trabalho dentro do contexto em que se situa. As vantagens e A organização do trabalho em títulos e subtítulos serve
desvantagens em relação aos já existentes na literatura devem para dividi-lo em seções, que ajudam o leitor a encontrar
ser comentadas, assim como os resultados obtidos e as determinados assuntos de interesse dentro do trabalho.
possíveis aplicações práticas do trabalho. Também auxiliam os autores a desenvolverem de forma
ordenada seu trabalho. O trabalho deve ser organizado em
8) Referências: As citações das referências ao longo do seções primárias, secundárias e terciárias.
texto devem aparecer entre colchetes, antes da pontuação das As seções primárias são os títulos de seções propriamente
sentenças nas quais estiverem inseridas. Devem ser utilizados ditos. São grafados em letras maiúsculas no centro da coluna,
somente os números das referências, evitando-se uso de separadas por uma linha em branco anterior e uma posterior,
citações do tipo “...conforme referência [2]...”. e utilizam numeração romana e sequencial.
Os trabalhos que foram aceitos para publicação, mas que As seções secundárias são os subtítulos das seções. Apenas
ainda não foram publicados, devem ser colocados nas as primeiras letras das palavras que a compõe são grafadas
referências com a citação “no Prelo”. em letra maiúscula, na margem esquerda da coluna sendo
Os artigos de periódicos e anais devem ser incluídos separada do resto do texto por uma linha em branco anterior.
iniciando-se pelos nomes dos autores (iniciais seguidas do A designação das seções secundárias é feita com letras
último sobrenome), seguido do título do trabalho, onde foi maiúsculas, seguidas de um ponto. Utilizam grafia em itálico.
publicado (em itálico), número do volume, páginas, mês e As seções terciárias são subdivisões das seções
ano da publicação. secundárias. Apenas a primeira letra da primeira palavra que
No caso de livros, após os autores (iniciais seguidas do a compõe é grafada em letra maiúscula. A designação das
último sobrenome), o título deve ser em itálico, seguido da seções terciárias é feita com algarismos arábicos, seguidos de
editora, da edição e do local e ano de publicação. um parêntese. Utilizam grafia em itálico.
No final destas normas, é mostrado um exemplo de como
devem ser apresentadas as referências [1]-[8]. III. OUTRAS NORMAS

9) Dados biográficos: Os dados biográficos dos autores A. Normas Editoriais


deverão estar na mesma ordem de autores colocados no Para artigos de autoria múltipla, é necessário informar a
início do trabalho e deverão conter basicamente os seguintes ordem de apresentação dos autores e preencher o Formulário
dados: Copyright no portal iSOBRAEP, autorizando a publicação
� Nome Completo (em negrito e sublinhado); do artigo. A Revista Eletrônica de Potência deve ser
� Local e ano de Graduação e Pós-Graduação; considerada fonte de publicação original. A Revista se
� Experiência Profissional (Instituições e empresas em reserva o direito de efetuar alterações de ordem normativa,
que já trabalhou, número de patentes obtidas, áreas de ortográfica e gramatical nos arquivos originais, respeitando o
atuação, atividades científicas relevantes, sociedades estilo dos autores. As provas finais não serão enviadas aos
científicas a que pertence, etc.). autores. Os trabalhos publicados passam a ser de propriedade
da Revista Eletrônica de Potência, ficando sua reimpressão
Caso sejam utilizados os itens adicionais Nomenclatura, total ou parcial sujeita à autorização expressa da SOBRAEP.
Apêndices e Agradecimentos as seguintes instruções devem Figuras, tabelas e equações devem obedecer as normas
ser observadas: apresentadas a seguir.

10) Nomenclatura: A nomenclatura consiste na definição B. Figuras e Tabelas


das variáveis e símbolos utilizados ao longo do trabalho. Não As tabelas e figuras (desenhos ou reproduções
é obrigatória a sua inclusão e este item não é numerado como fotográficas) devem ser inseridas no texto logo após serem
seção. Se este item for incluído, deve preceder o item citadas pela primeira vez, desde que caibam dentro dos
Introdução. Caso os autores optem por não incluir este item, limites da coluna; caso necessário, pode-se utilizar toda a

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área útil da página. A resolução das figuras deve ser superior devem ser editadas de forma compacta e estar centralizadas
a 300 dpi e, preferencialmente, no formato vetorial para boa na coluna. Caso a seção de nomenclatura não seja usada no
qualidade de impressão. A legenda deve ser situada acima da início do texto, as variáveis devem ser definidas logo após as
tabela, enquanto que na figura deve ser colocada abaixo da equações em que são indicadas, tal como:
mesma. As tabelas devem possuir títulos e são designadas
pela palavra Tabela, sendo numeradas em algarismos 3 Vi
romanos, sequencialmente. As legendas das tabelas devem IL Io (1)
estar centralizadas e em negrito. 2 Z
onde:
As figuras necessitam de legenda, e são designadas pela
palavra Figura no texto (Fig. na própria legenda), numeradas �IL - corrente de pico no indutor ressonante;
em algarismos arábicos, sequencialmente, com alinhamento Io - corrente de carga;
justificado conforme exemplo. A designação das partes de Vi - tensão de alimentação;
uma figura é feita pelo acréscimo de letras minúsculas ao Z - impedância característica do circuito ressonante.
número da figura, começando pela letra a, como por
exemplo, Figura 1(a). IV. CONCLUSÕES

Este artigo foi integralmente editado conforme as normas


apresentadas para submissão de artigos em português.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Fulano de Tal, pela colaboração


neste trabalho. Este projeto foi financiado pelo CNPq
(processo xxyyzz).

REFERÊNCIAS

[1] C. T. Rim, D. Y. Hu, G. H. Cho, “Transformers as


Equivalent Circuits for Switches: General Proof and D-
Q Transformation-Based Analysis”, IEEE Transactions
on Industry Applications, vol. 26, nº 4, pp. 832-840,
Julho/Agosto 1990.
[2] E. A. Vendrusculo, J. A. Pomilio, “Motores de Indução
Acionados por Inversores PWM-VSI: Estratégias para
Fig. 1. Curva de magnetização em função do campo aplicado. Atenuação de Sobretensões”, Eletrônica de Potência –
(Observe que o termo “Fig.” é abreviado. Existe um ponto após o SOBRAEP, vol. 8, nº 1, pp. 49-56, Junho 2003.
número da figura, seguido de dois espaços antes da legenda). [3] S. A. González, M. I. Valla, C. H. Muravchik, “A Phase
Modulated DGPS Transmitter Implemented with a
Com o intuito de facilitar a compreensão dos gráficos, a CMRC”, in Proc. of COBEP, vol. 2, pp. 553-558, 2001.
definição dos eixos dos mesmos deve ser feita utilizando-se [4] N. Mohan, T. M. Undeland, W. P. Robbins, Power
palavras e não letras, exceto no caso de formas de onda e Electronics: converters, applications, and design, John
planos de fase. As unidades devem ser expressas entre Wiley & Sons, 2a Edição, Nova Iorque, 1995.
parênteses. Por exemplo, utilize a denominação [5] T. A. Lipo, M. D. Manjrekar, “Hybrid Topology for
“Magnetização (A/m)”, ao invés de “M (A/m)”. Multilevel Power Conversion”, U.S. Patent 6 005 788,
As figuras e tabelas devem ser posicionadas Dez. 21, 1999.
preferencialmente no início ou no final das colunas, [6] IEEE Recommended Practices and Requirements for
evitando-as no meio das colunas. Devem ser evitadas tabelas Harmonic Control in Electrical Power Systems, IEEE
e figuras, cujas dimensões ultrapassem as dimensões das Std. 519-1992, 1993.
colunas. As figuras devem ser preferencialmente editadas em [7] SW Technologies, “SWDV Converter”, 2001. [Online].
preto, em fundo branco, uma vez que a versão impressa da Disponível: www.sw.com.br.
revista não utiliza cores. Os traços devem ser de espessura tal [8] I. Barbi, Etude de Onduleurs Autoadaptifs Destines a la
que permitam uma impressão legível. Alimentation de Machines Assynchrones. Tese de
Doutorado, Institut National Polytechnique de
C. Abreviações e Siglas Toulouse, Toulouse, França, 1979.
As abreviações a serem utilizadas no texto, devem ser
definidas na primeira vez em que aparecerem, como por DADOS BIOGRÁFICOS
exemplo, “... Modulação por Largura de Pulso (PWM)...”.
Fulano de Tal, nascido em 30/02/1960 em Talópoli, é
D. Equações engenheiro eletricista (1983), mestre (1985) e doutor em
A numeração das equações deve ser colocada entre Engenharia Elétrica (1990) pela Universidade de Tallin.
parênteses, na margem direita, como em (1). As equações

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Ele foi, de 1990 a 1995, coordenador do Laboratório de Dr. Tal é membro da SOBRAEP, da SBA e do IEEE.
Tal. Atualmente é professor titular da Universidade de Tal. Durante o período de 1998 a 2000 foi editor da revista
Suas áreas de interesse são: eletrônica de potência, qualidade Eletrônica de Potência da SOBRAEP.
do processamento da energia elétrica, sistemas de controle
eletrônicos e acionamentos de máquinas elétricas.

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