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Aldair Oliveira de Andrade
Pedro Rodolfo Fernandes da Silva
Organizadores
REFLEXÕES, EXPERIÊNCIAS E
PRÁTICAS DE ENSINO DE FILOSOFIA
A PARTIR DO CHÃO DA ESCOLA
-3-
Comitê Científico Alexa Cultural
Presidente
Yvone Dias Avelino (PUC/SP)
Vice-presidente
Pedro Paulo Abreu Funari (UNICAMP)
Membros
Adailton da Silva (UFAM – Benjamin Constant/AM)
Alfredo González-Ruibal (Universidade Complutense de Madrid - Espanha)
Aldair Oliveira de Andrade (UFAM - Manaus/AM)
Ana Paula Nunes Chaves (UDESC – Florianópolis/SC)
Arlete Assumpção Monteiro (PUC/SP - São Paulo/SP)
Barbara M. Arisi (UNILA – Foz do Iguaçu/PR)
Benedicto Anselmo Domingos Vitoriano (Anhanguera – Osasco/SP)
Carmen Sylvia de Alvarenga Junqueira (PUC/SP – São Paulo/SP)
Claudio Carlan (UNIFAL – Alfenas/MG)
Denia Roman Solano (Universidade da Costa Rica - Costa Rica)
Débora Cristina Goulart (UNIFESP – Guarulhos/SP)
Diana Sandra Tamburini (UNR – Rosário/Santa Fé – Argentina)
Edgard de Assis Carvalho (PUC/SP – São Paulo/SP)
Estevão Rafael Fernandes (UNIR – Porto Velho/RO)
Evandro Luiz Guedin (UFAM – Itaquatiara/AM)
Fábia Barbosa Ribeiro (UNILAB – São Francisco do Conde/BA)
Fabiano de Souza Gontijo (UFPA – Belém/PA)
Gilson Rambelli (UFS – São Cristóvão/SE)
Graziele Acçolini (UFGD – Dourados/MS)
Iraíldes Caldas Torres (UFAM – Manaus/AM)
José Geraldo Costa Grillo (UNIFESP – Guarulhos/SP)
Juan Álvaro Echeverri Restrepo (UNAL – Letícia/Amazonas – Colômbia)
Júlio Cesar Machado de Paula (UFF – Niterói/RJ)
Karel Henricus Langermans (USP/EcA - São paulo/SP)
Kelly Ludkiewicz Alves (UFBA – Salvador/BA)
Leandro Colling (UFBA – Salvador/BA)
Lilian Marta Grisólio (UFG – Catalão/GO)
Lucia Helena Vitalli Rangel (PUC/SP – São Paulo/SP)
Luciane Soares da Silva (UENF – Campos de Goitacazes/RJ)
Mabel M. Fernández (UNLPam – Santa Rosa/La Pampa – Argentina)
Marilene Corrêa da Silva Freitas (UFAM – Manaus/AM)
María Teresa Boschín (UNLu – Luján/Buenos Aires – Argentina)
Marlon Borges Pestana (FURG – Universidade Federal do Rio Grande/RS)
Michel Justamand (UNIFESP - Guarulhos/SP)
Miguel Angelo Silva de Melo - (UPE - Recife/PE)
Odenei de Souza Ribeiro (UFAM – Manaus/AM)
Patricia Sposito Mechi (UNILA – Foz do Iguaçu/PR)
Paulo Alves Junior (FMU – São Paulo/SP)
Raquel dos Santos Funari (UNICAMP – Campinas/SP)
Renata Senna Garrafoni (UFPR – Curitiba/PR)
Renilda Aparecida Costa (UFAM – Manaus/AM)
Roberta Ferreira Coelho de Andrade (UFAM - Manaus/AM)
Sebastião Rocha de Sousa (UEA – Tabatinga/AM)
Thereza Cristina Cardoso Menezes (UFRRJ – Rio de Janeiro/RJ)
Vanderlei Elias Neri (UNICSUL – São Paulo/SP)
Vera Lúcia Vieira (PUC – São Paulo/SP)
Wanderson Fabio Melo (UFF – Rio das Ostras/RJ)
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Aldair Oliveira de Andrade
Pedro Rodolfo Fernandes da Silva
Organizadores
REFLEXÕES, EXPERIÊNCIAS E
PRÁTICAS DE ENSINO DE FILOSOFIA
A PARTIR DO CHÃO DA ESCOLA
-5-
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
CONSELHO EDITORIAL
Presidente
Henrique dos Santos Pereira
Membros
Antônio Carlos Witkoski
Domingos Sávio Nunes de Lima
Edleno Silva de Moura
Elizabeth Ferreira Cartaxo
Spartaco Astolfi Filho
Valeria Augusta Cerqueira Medeiros Weigel
Reitor
Sylvio Mário Puga Ferreira
Vice-Reitora
Therezinha de Jesus Pinto Fraxe
Editor
Sérgio Augusto Freire de Souza
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AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Amazonas, em particular à
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESP), pelo
acompanhamento sistemático à pós-graduação, por meio da Pró-
Reitoria de Pós-Graduação, Edital n. 038/2022 pela concessão
de incentivo à Publicação, pelo fortalecimento do Programa de
Pós-Graduação em Filosofia – PPGFIL, Mestrado Profissional em
Filosofia – PROF-FILO, da Universidade Federal do Amazonas.
O presente trabalho foi realizado com apoio do
Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
CAPES/Brasil.
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© by Alexa Cultural
Direção
Gladys Corcione Amaro Langermans
Nathasha Amaro Langermans
Editor
Karel Langermans
Capa
Klanger
Revisão Técnica
Aldair Oliveira de Andrade
Edição e diagramação
Alexa Cultural
CDD - 100/370
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OBSERVAÇÕES ACERCA DO USO
DA NOÇÃO DE “EXPERIÊNCIA” NAS
DISSERTAÇÕES DO MESTRADO
PROFISSIONAL DE FILOSOFIA
(PROF-FILO)
1. INTRODUÇÃO
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uma perspectiva que entende a filosofia como um saber que precisa
ser frequentemente questionado, pois pensar a si mesmo é um exer-
cício irrevogável da atitude filosófica.
O texto que se segue é um esforço no sentido de tecer algumas
considerações sobre a uso do termo “experiência” nas dissertações
já defendidas no âmbito do programa de mestrado profissional em
filosofia, o PROF-FILO, por considerarmos que os diferentes usos
desse termo, e uma discussão sobre ele enquanto arcabouço teórico
da área de ensino de filosofia, são relevantes para pensar as questões
acima elencadas.
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zada. De antemão, aceitamos a ressalva de que outros textos também
podem trazer essa noção, porém sem a centralidade que o título a con-
feriria. No recorte proposto, foram encontradas 38 dissertações, isto é,
aproximadamente 9,5% das dissertações defendidas até a data consul-
tada. Podemos dizer, desde já, que esse número de quase 10% dos tra-
balhos indicarem a centralidade do tema é interessante e robusto, so-
bretudo se imaginarmos a amplitude nacional do programa e a extensa
variedade de temas pesquisados nos seus núcleos, além das dissertações
em que a experiência é abordada, mas com menor importância.
Em nossa análise9, observamos que há uma polifonia mui-
to grande em torno da noção de experiência expressa nos trabalhos
sobre ensino de filosofia. E se, por um lado, a presença robusta do
termo e a pluralidade de acepções a ele relacionadas possam ser ex-
plicadas pela importância semelhante do termo para o conjunto já
consolidado de pesquisas na área da filosofia como um todo; por ou-
tro, revela, pelo menos como retrato no momento, a importância do
termo para aqueles que têm dedicado suas reflexões e investigações
no campo do ensino de filosofia, que ainda disputa seu lugar ao sol.
Das quase quatro dezenas de textos analisados, em dez deles
a noção de experiência não aparece atrelada a uma filiação filosófica
precisa, o que nos sugere que se trata do uso do termo como um
relato de experiência, sem haver o aprofundamento teórico do que
o autor ou autora conceituam como experiência e, portanto, a usam
no sentido de relatar situações vivenciadas na prática docente, suas
propostas didáticas e a elaboração a partir do fazer em sala de aula.
Além disso, ao observar o conjunto dos trabalhos, é possível
afirmar que duas linhas de conceituação da noção de experiência se
destacam na delimitação teórica do termo: primeiro, a filiação teóri-
ca com o espanhol Jorge Larrosa, filósofo cuja inspiração heidegge-
riana é notável, e, segundo, a aliança teórica com a experiência filo-
sófica de Silvio Gallo e Renata Aspis, na qual se observa a presença
marcante do pensamento deleuziano. Esses são os dois principais
eixos encontrados na análise do acervo e constituem, momentanea-
mente, as duas linhas mais bem orientadas do debate sobre a expe-
riência no campo do ensino de filosofia.
Para além desses dois eixos, outros oito autores são citados
como referências para definição teórica da noção de experiência:
9 Ver tabelas ao final do texto.
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Matthew Lipman, Walter Benjamin, Walter Kohan, Hannah Arendt,
Henri Bergson e Merlau-Ponty, cada um com uma menção, e Geor-
ge Mead, com duas aparições. Por fim, em três textos, encontramos
uma articulação de mais de uma filiação, sendo em uma a junção de
Larrosa e Benjamin e em outros dois entre Larrosa e Gilles Deleuze.
Pretendemos, a partir desses números, apresentar algumas
considerações sobre essa importante noção quando se trata de pen-
sar o ensino de filosofia. Como já indicamos anteriormente, Jorge
Larrosa possui uma filiação teórica em Martin Heidegger, enquanto
Gallo e Aspis a possuem em Gilles Deleuze e Felix Guattari. Ao
apontar essas influências, já podemos tecer algumas considerações
relevantes pois, uma vez que se trata de pensamentos consolidados
e bastante diferentes na forma de conceber a subjetividade, o pensar
e a filosofia, apontam para desdobramentos que não somente ofere-
cem caminhos distintos a serem percorridos, como uma pluralidade
interessante e potente para as reflexões sobre o ensino de filosofia.
Vamos, portanto, tecer alguns comentários sobre essas diferenças.
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muitas das dissertações influenciadas por essa concepção. Destaca-
mos algumas:
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do estímulo, da vivência pontual, tudo o atravessa, tudo o excita,
tudo o agita, tudo o choca, mas nada lhe acontece. (LARROSA,
2002, p. 22)
[...] fazer uma experiência com algo significa que algo nos acontece,
nos alcança; que se apodera de nós, que nos tomba e nos transforma.
Quando falamos em “fazer” uma experiência, isso não significa pre-
cisamente que nós a façamos acontecer, “fazer” significa aqui: sofrer,
padecer, tomar o que nos alcança receptivamente, aceitar, à medi-
da que nos submetemos a algo. Fazer uma experiência quer dizer,
portanto, deixar-nos abordar em nós próprios pelo que nos interpela,
entrando e submetendo-nos a isso. Podemos ser assim transformados
por tais experiências, de um dia para o outro ou no transcurso do tem-
po. (p. 143) (HEIDEGGER, apud LARROSA, 2002, p. 25)
- 174 -
A paixão é lembrada aqui exatamente nesse sentido de padecer, o
sujeito passional não é agente, mas paciente (LARROSA, 2002, p.
26). Nesse sentido também entra a noção de transformação daque-
le que por algo se deixar submeter. Algumas dissertações enfocam
nesse processo o papel que o “outro” desempenha para o sujeito da
experiência como o que pode carregar o que virá a acontecer, já que
“Paixão” pode referir-se também a “certa heteronomia, ou a certa
responsabilidade em relação com o outro”. (LARROSA, 2002, p.
29)
Por fim, no texto aqui destacado, o autor espanhol fala do
saber da experiência como não atrelado à ciência e tecnologia, não
sendo utilitarista e impessoal. Portanto, o saber da experiência pre-
cisa estar atrelado a uma construção de sentido, ou de não-sentido, a
partir de uma perspectiva pessoal e transitória. Afirma o autor que:
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4. ASPIS E GALLO E A EXPERIÊNCIA FILOSÓFI-
CA
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filosófica em seu título. E, no artigo, ela aparece também atrelada à
noção de criação conceitual de Deleuze e Guattari. Afirma que:
- 177 -
e de encontro, marcados pela contingência e pelo ato imediato de
reagir ao que se encontra, diferentemente de interpretar que permite
imaginar um conjunto de diretrizes que indicam como algo deve ser
entendido através de pressupostos, afinal, isso poderia acabar com a
contingência e o encontro.
Em Deleuze e Guattari a própria noção de sujeito da expe-
riência é atravessada de um modo diferente da história da filosofia
que o pensa como sendo o sujeito pensante, constituído a partir dos
conceitos de identidade e representação. Citando o pensamento de
Scherer, Gelano nos traz uma citação na qual a noção de sujeito
precisa ser encarada como uma dispersão de singularidade ou indi-
vidualidades, e não uma unidade. Gelamo então reflete:
- 179 -
Tabela 1 – Relatos de experiência
Autor (a) Título
ELVIS CAIO DE MACEDO LIRA INTERDISCIPLINARIDADE DO EN-
SINO FILOSOFIA: A EXPERIÊNCIA
(UFPE – Turma 2019-2021) DO COLÉGIO MARISTA SÃO LUÍS
FILOSOFIA E EXISTÊNCIA: UMA
FRANCISCO CARLOS DE MELO EXPERIÊNCIA COM OS CONCEITOS
SILVA DE CUIDADO E AUTENTICIDA-
(UERN – Turma 2017-2019) DE NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS
O ENSINO DA FILOSOFIA NA EDU-
JOCILAINE MOREIRA BATISTA CAÇÃO BÁSICA: UMA EXPERIÊN-
DO VALE CIA NO MUNICÍPIO DE PACATUBA
(UFC – Turma 2017-2019) A PARTIR DA PERSPECTIVA DE
MATHEW LIPMAN
JOILSON LUIZ DE OLIVEIRA FILOSOFIA E POESIA: TRAMAS TE-
(UFABC – Turma 2019-2021) CIDAS NA EXPERIÊNCIA DOCENTE
O ENSINO FILOSÓFICO DE FILO-
JOSE ANTONIO SOUZA ALMADA SOFIA NO CONTEXTO DA ESCOLA
EM TEMPO INTEGRAL COMO EX-
(UFMA – Turma 2019-2021) PERIÊNCIA POSSIBILITADORA DA
AUTONOMIA
A EXPERIÊNCIA POLÍTICO-DEMO-
CRÁTICA PELA CONSTRUÇÃO DA
PIERRE FRANCISCO ALVES ORGANIZAÇÃO ESTUDANTIL NO
(UFES – Turma 2019-2021) ENSINO FUNDAMENTAL. UMA
PRÁXIS DE CIDADANIA GRAMS-
CIANA NO ENSINO DE FILOSOFIA
DAYANE EVELLIN DE SOUSA NÚCLEO DE ESTUDOS FILOSÓFI-
COSTA COS SOBRE GÊNERO: UMA EXPE-
(UFC – Turma 2018-2020) RIÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
O ENSINO DE FILOSOFIA NA PAL-
EDNA CRISTINA LEITE TEIXEI- MA DA MÃO: UMA EXPERIÊNCIA
RA NO CENTRO DE ENSINO VICENTE
(UFMA – Turma 2019-2021) MAIA SOBRE O FILOSOFAR COM O
WHATSAPP
O CONCEITO DE AUTONOMIA
NICACIO NABI RIBEIRO SOARES KANTIANA NO ENSINO DE FILO-
- 180 -
O ENSINO DE FILOSOFIA POR MEIO
ROBSON PONTES CUSTÓDIO DA APRENDIZAGEM COOPERATI-
VA: UMA EXPERIÊNCIA NO ENSINO
(UFC – Turma 2019-2021) MÉDIO DO IFCE CAMPUS CAUCAIA
– CEARÁ
- 181 -
FILOSOFIA COM CRIANÇAS: EX-
PERIÊNCIAS DE PENSAMENTO
E POSSIBILIDADES PARA EXPE-
ROSANA LOPES DOS SANTOS RIENCIAR O PENSAR A PARTIR
(UERN – Turma 2019-2021) DE RODAS DE CONVERSAS COM
CRIANÇAS EM ESCOLA DA EDU-
CAÇÃO BÁSICA NO MUNICÍPIO DE
CAICÓ/RN
A ÉTICA DA ALTERIDADE DE
ROSEMIRO FERREIRA DE AL- EMMANUEL LEVINAS: INTERFA-
MEIDA CES DO OUTRO NA EXPERIÊNCIA
DO ENSINO DE FILOSOFIA NO
(UFPE – Turma 2018-2020)
ENSINO MÉDIO NA ESCOLA EREM
– VICENTE MONTEIRO – CARUA-
RU – PE
- 182 -
A UTILIZAÇÃO DO FACEBOOK
COMO RECURSO AUXILIAR À EX-
JOSSILANE DE SOUSA FREITAS PERIÊNCIA FILOSÓFICA NO ENSI-
(UFC – Turma 2018-2020) NO MÉDIO: UMA ALTERNATIVA DE
APLICAÇÃO DA METODOLOGIA
DE SÍLVIO GALLO
- 183 -
DANILLO MATOS DE DEUS A ARTE NARRATIVA COMO EXPE-
RIÊNCIA DO ENSINO DE FILOSO-
(UFMA – Turma 2017-2019) FIA NO NÍVEL MÉDIO
A EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO
JOSÉ GILLIARD SANTOS DA SOCIAL DO SUJEITO E O INTERA-
SILVA CIONISMO SIMBÓLICO EM G. H.
MEAD: CONTRIBUIÇÕES PARA O
(UERN – Turma 2017-2019) ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO
MÉDIO
EXPERIÊNCIA PERCEPTIVA E
DEBORA CRISTINA MARTINS DE MÉTODO FILOSÓFICO SEGUNDO
SOUZA MERLEAU-PONTY: UMA PROPOS-
(UFPR – Turma 2017-2019) TA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE
FILOSOFIA
ISABEL CRISTINA TORRES BAR- A RODA DE EXPERIÊNCIA DO
REIRA PENSAR: A COMPLEXIDADE NO
ENSINO-APRENDIZAGEM DE FI-
(UFES – Turma 2017-2019) LOSOFIA
LEANDRO CORREIA DOS SAN-
TOS EXPERIÊNCIA CONVIVIAL NO
ENSINO DE FILOSOFIA
(UFPE – Turma 2017-2019)
MARIA ALICE CORREA DE INICIAÇÃO DE ESTUDANTES DO
ARAUJO ENSINO MÉDIO AO MÉTODO FILO-
SÓFICO INTUITIVO BERGSONIA-
(UFPE – Turma 2017-2019) NO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
O ENSINO DE FILOSOFIA ENTRE
PEDRO SECUNDINO DE SOUZA VIDA ATIVA E VIDA CONTEMPLA-
MACIEL TIVA: POSSIBILIDADE DA EXPE-
(UFAM – Turma 2018-2020) RIÊNCIA DE PENSAR E PENSAR A
EXPERIÊNCIA NO NÍVEL MÉDIO
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
- 184 -
pequeno e suscetível de variações.
Em segundo lugar, podemos afirmar que, mesmo com a
ressalva acima, a ocorrência do termo experiência é bastante inte-
ressante em pelo menos dois aspectos: 1) no que diz respeito a um
expediente muito relevante para as pesquisas da área de ensino de
filosofia, a experiência, a mera observação de que se trata de um
termo frequente nas pesquisas desta área pode indicar que há um
constante interesse em partir da experiência dos docentes e daquilo
que eles efetivamente realizam nas suas atividade em sala de aula,
registrando um contato com a prática, a relevância da relação ensi-
no-aprendizagem e o potencial investigativo da prática de ensino;
2) a forma como as referências a Larrosa (Heidegger) e Gallo/Aspis
(Deleuze/Guattari) indica já um repertório comum, a partir do qual
podemos começar a refletir sobre as singularidades das pesquisas
feitas sobre o ensino de filosofia no Brasil.
Em terceiro lugar, talvez seja prudente lembrar que uma
análise mais detida dos textos, cuidadosa com cada pesquisa como
um todo, pode revelar alguma fragilidade no tratamento dessas re-
ferências, ou mesmo mostrar que elas podem aparecer de maneira
central no título, mas não sustentarem ao longo das dissertações uma
importância semelhante. Ou seja: é importante encorajar trabalhos
que façam essas análises e que nos ofereçam condições de aprofun-
dar nossas interpretações e amadurecer essas primeiras conclusões,
para ajustar ponteiros, corrigir rotas, e, gradativamente, consolidar
as principais referências teóricas, os temas mais frequentes e contri-
buir para a sustentação do campo de pesquisa no ensino de filosofia
no Brasil.
De certa maneira, nos pareceu, nesse confronto inicial entre
a perspectiva da experiência a partir de Larrosa e da experiência filo-
sófica de Aspis e Gallo, que temos pressupostos filosóficos diversos
e que consequentemente inspiram trabalho didáticos e metodológi-
cos diversos.
Por um lado, há uma divergência de pressupostos filosófi-
cos de fundo, pois Heidegger concebe um sujeito do pensamento
autocentrado, como portador do pensamento e que, portanto, passa
ou sofre experiências. Já Deleuze e Guattari propõem subjetivida-
des polifônicas em encontros, sendo que o pensar e experimentar
surgem de agenciamentos entre subjetividades, coisas, ideias, con-
- 185 -
ceitos, contextos sociais, políticos e culturais, propondo aquilo que
chamamos de pragmática do experimentar, no traçado de práticas
que aumentem o potencial de viver.
Por outro lado, ambos apostam nas singularidades e nas di-
ferenças, recolhidas nas práticas de ensino e que são elas produtoras
do pensar sobre o que ocorrem nesse lugar privilegiado que é o pen-
sar sobre a prática escolar. Como Gallo propõe uma metodologia de
aula, corremos o risco de ver a pragmática singular e inesperado se
sedentarizar em um método repetitivo.
7. REFERÊNCIAS
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