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PRÉ-HISTÓRIA
Paleolítico S
Neolítico I
Serra da
Idade dos Metais L Capivara
Abriga o maior e mais
antigo acervo rupestre
da América. Muitos
artefatos localizados lá
datam de 50.000 anos
e as pinturas rupestres
possuem datações entre
17.000 e 25.000 anos.
[...] se trata das mais antigas relíquias dessa crença universal no poder
da produção de imagens; por outras palavras, que o pensamento desses
caçadores primitivos era que, se fizessem uma imagem de sua presa — e
talvez a surrassem com suas lanças e machados de pedra — os animais
verdadeiros também sucumbiriam ao poder deles. (GOMBRICH, 2000)
A pré-história abrange o período em que seres- natureza ao seu redor. Além disso, muitas das
humanos e seus ancestrais se desenvolveram e representações de animais possuem grande
deram os primeiros passos rumo ao desenvolvimento riqueza de detalhes e formas muito fiéis a
da sociedade como conhecemos hoje. Por grande realidade, o que indica que foram realizadas
parte deste período, a caça, o abrigo em cavernas por caçadores que conheciam e interagiam com
e o estilo de vida nômade foram o que possibilitou a esses animais frequentemente.
sobrevivência desses seres-humanos primitivos.
Apesar disso, acredita-se que a relação dos
No Período Paleolítico, a principal manifestação era primitivos com a arte rupestre estivesse longe
Figura 3 - Vênus de Willendorf
a arte rupestre. Dentre outros materiais, o artista de ser como algo decorativo ou contemplativo. c. 28.000 - 25.000 a.C.
utilizava sangue, argila, excrementos humanos, látex Acredita-se que, assim como nós, os primitivos
Também foram produzidos tra- nádegas. A maioria dos especialistas sentações de divindades ou
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de plantas e pó de rochas para desenhar animais, também atribuíam valor imagético a essas
pessoas, objetos e impressões de pés e mãos. representações e possuíam a crença de que, ao balhos em escultura. Mas, tanto na coincide em atribuir a estas “vênus” espíritos protetores de animais
representar os seres nas paredes das cavernas, pintura quanto na escultura, pre- paleolíticas certos fins culto-mágicos e homens, que asseguravam a
Os desenhos representam aspectos do cotidiano passavam a possuir certo poder sobre eles. dominam as figuras femininas com relacionados à fecundidade femini- existência daqueles e o êxito
dessas comunidades, eram feitos do ponto de a cabeça surgindo como prolon- na. Estudos recentes sobre comuni- da atividade de caça destes.
vista do autor, e muitas vezes representando a gamento do pescoço, seios volu- dades primitivas atuais sugerem que
mosos, ventre saltado e grandes essas estatuetas possam ser repre-
ARTE NO EGITO a arte funerária
Pintura
Escultura surge a partir da necessidade de se preservar os
Arquitetura corpos daqueles que iriam fazer a transição para o
próximo plano de vida.
Figura 6 - Jarro
A civilização egípcia é reconhecida como uma das Portanto, a arte egípcia é intimamente ligada da Tumba de
mais antigas e complexas civilizações da Antiguidade. à religião e se destaca principalmente com Sennedjem
O primeiro de seus impérios começa por volta de pinturas, esculturas e a arquitetura. No geral, c. 1279–1213 a.C.
Figura 5 - Máscara funerária de Tutancâmon
3100 a.C, período em que grande parte dos seres- a expressão artística tinha, então, a função de c. 1350 a. C.
humanos permaneciam organizados em grupos de aproximar os humanos e os deuses, ancorada
caçadores-coletores. também na crença de que a morte seria uma
passagem para a vida em outro plano, onde
Organizada de forma rigidamente hierárquica,
faraós e sua família continuariam ex istindo.
na pintura,
a sociedade se desenvolveu com um forte eixo
religioso que influenciou a organização política,
social e cultural como um todo. Como classes sociais
se distinguem: faraós, governadores máximos do
estado e adorados como uma divindade; sacerdotes, as convenções para a criação eram muito
fortes e a forma como eram executadas
responsáveis por rituais, festas e todas as atividades
determinava a qualidade do trabalho. Uma
religiosas; nobres, militares, comerciantes e escribas das principais regras era a lei da frontalidade,
responsáveis por registrar a vida do faraó e aspectos que ordenava que os corpos deveriam ser
culturais. pintados em dois ângulos diferentes.
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Falam-nos de uma terra que estava tão completamente organizada que foi possível empilhar utilizadas. Por exemplo: o preto representava
esses gigantescos morros tumulares durante a vida de um único rei; e falam-nos de reis que a morte, o vermelho significava energia e
eram tão ricos e poderosos que puderam forçar milhares e milhares de trabalhadores ou poder, o amarelo simbolizava a eternidade e
o azul homenageava o Nilo.
escravos a labutarem por eles, ano após ano, a cortarem as pedras, a arrastarem-nas para o
local da construção e a deslocarem-nas por meios sumamente primitivos até que o túmulo ficou Figura 7 - Estela de Aafenmut
pronto para receber o rei. (GOMBRICH, 2000) c. 924–889 a.C.
As esculturas gregas represen-
tam o homem como centro do
GRECO-ROMANA
dos de anatomia aperfeiçoaram
as formas dos corpos e a repre-
sentação de movimentos.
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não eram deuses, mas seres inteligentes e justos, arias da cultura romana.
que se dedicavam ao bem-estar do povo. Seus va- A pintura romana é muito conhecida pelas ornamentações
nas paredes de ambientes internos e até residências intei-
ras com pinturas de natureza morta e paisagens realistas
em todas as paredes. As casas não tinham janelas, mas se
abriam para um pátio central, os romanos antigos pintavam
Figura 13 - Augusto de Prima Porta janelas de faz de conta “se abrindo” para cenas requintadas.
c. 20 a. C.
ARTE AFRICANA as máscaras
são artefatos produzidos por grande parte das sociedades
tribais africanas. Assim como outras manifestações, elas,
em geral, têm como objetivo criar um elo entre a materiali-
dade e a espiritualidade coletiva.
a escultura
é outra linguagem bastante utilizada no continente Africa-
no. Nelas, os olhos e a boca são normalmente perfurados e a
cabeça tem formato cilíndrico, esférico ou cônico. A maioria
desses objetos são feitos como instrumentos espirituais e
coletivos.
A origem da história da arte africana está situada Figura 16 - Seated Chief (Mwanangana) Playing
muito antes da história registrada, tendo indícios Sanza
de entalhes em rochas datados em até 6.000 anos
antes de Cristo. Representando a cultura e aspectos
sociais de tribos africanas, a arte traz elementos de
abundância da natureza, abstrações de animais, vida
vegetal e desenhos de formas naturais.
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lidade de adquirir forças mágicas, as máscaras têm
um significado místico e importante na arte africana
e eram usadas nos rituais e funerais.
Detalhe | Figura Sentada
Século 13
Arte Românica
As pinturas românicas buscam cores vivas e eram feitas
principalmente em afresco, para decoração de ambientes.
Também se percebe uma certa deformação quanto as for-
A arte medieval é definida pela produção artística criada entre o
mas, pois eram pintadas de acordo com os sentimentos re-
século V e o século XV. Dessa fase se destacam pinturas, tapeça-
ligiosos do artista, então a figura de Cristo era, em grande
rias e grandes criações arquitetônicas voltadas para construção
maioria das representações, desproporcionalmente maior
de igrejas.
de que as demais figuras presentes nas pinturas.
A arte medieval foi uma arte concretamente religiosa e cristã. A
A escultura românica era, assim como a gótica, ligada à ar-
Igreja Católica teve muita importância durante esse período, não
quitetura. Servia a função de decorar ambiente internos,
só em termos sociais como também como principal impulsionador
principalmente os das igrejas, onde também agia como
artístico. Ela controlava a produção artística e delimitava o campo
“guia” para o caminho que os fiéis percorriam no ambiente.
de criação em que artistas podiam criar suas obras. Muitos artistas
eram financiados pela própria igreja para criar obras religiosas que
A arquitetura é dominada pela construção de inúmeras igre-
ficariam em ambientes sagrados.
jas, sendo a maioria feita a partir de elementos da arquite-
tura romana. As igrejas eram também muito amplas, para
Dois estilos artísticos ficaram marcados dentro do contexto da arte
conseguirem suportar a quantidade de pessoas vindas de
medieval: a Arte Românica e a Arte Gótica.
peregrinações (que se tornaram muito comuns durante o
10 11
período).
RENASCIMENTO Na pintura,
grandes nomes foram consolidados
como artistas históricos, dentre os quais:
Michelangelo, Leonardo da Vinci, Botticelli,
Giorgione, entre muitos outros.
Esse movimento artístico nasce na em Flo- Em grande oposição aos valores observa- Na escultura,
rença, na Itália, no começo do século XV. dos durante a idade média, o renascimento
Sendo considerado por muitos como a propõe a valorização do ser humano, e não observamos uma busca por representar
maior revolução artística da história, ele mais do divino e da igreja como poder su- corpos mais próximos dos indivíduos
promove um resgate à arte clássica (e aos premo. É o movimento que ficou conhecido verdadeiros e também por representar a
valores clássicos como um todo), se poian- como Humanismo. anatomia dos movimentos e expressividade
do na cultura da Antiga Roma e da Antiga dos mesmos. Assim como na cultura grega e
Grécia. Além disso, com os avanços ma- na de Roma, as esculturas também levam a
temáticos e científicos, traz consigo uma característica monumental e grandiosa.
bagagem de racionalismo voltado para a
construção de imagens, o que resulta na
aplicação da perspectiva em pinturas e em
outros campos de criação.
12 13
BARROCO-ROCOCÓ
A arte barroca estendeu-se por todo o O Rococó é o estilo artístico que surgiu na
século XVII e pelas primeiras décadas do França como desdobramento do barroco,
XVIII. Mais do que um estilo definido, era mais leve e intimista que aquele e foi usado
uma tendência comum a todos as artes: um inicialmente em decoração de interiores.
gosto, resumindo. Para alguns historiadores é um estilo que
durou entre 1720 a 1780, ficou vigoroso até
A arte barroca conseguiu se casar à técnica o advento da reação neoclássica, por volta
avançada e o grande porte da Renascença de 1770, irradiou-se da França para o resto
com a emoção, a intensidade e a dramati- da Europa.
cidades do Maneirismo, fazendo do estilo
barroco o mais suntuoso e ornamentado
na história da arte.
14 15
2
CAPÍTULO
O Belo e o Feio
18 19
Figura 21- Rogier van der Weyden, Retrato de uma
Dama, (c. 1399–1464)
20 21
Figura 24 - Tsukioka Yoshitoshi, Picture of the Priest Dainin Killing the Girl
Umegae 1839-1892 Figura 26 - Hieronymus Bosch, O Jardim das Delícias Terrenas
1503–1515
Suassuna descreve:
Diante dessas ásperas formas de Arte que lidam com o Feio, o contemplador
experimenta um choque, uma espécie de fascinação misturada de repulsa, e a
impressão causada por obras desse tipo é inesquecível. A Arte do Feio como que
nos reconcilia com as contradições, os crimes e a feiura da vida, por apresentar
tudo isso representado num outro universo em que aquilo que é chaga aparece
cicatrizado e domado. (SUASSUNA, 1975)
22 23
crua e elementar da nossa realidade e reconhecemos o Feio através dela
não como algo que é passível de julgamento ou negação, mas sim como
mas também o que é falha, crueldade e infortúnio.
uma faceta verdadeira e constituinte do nosso universo.
(Seção de Artistas e Obras
do Cap. 2 - O Belo e o Feio)
Artistas que serão apresentados:
- Susano Correa
- Jenny Saville
- Cathy Lu
24
CAPÍTULO
3
Arte Polêmica
Um artista é um
indivíduo extre-
mamente sensível
ao mundo em que
Como ex-aluno da
vive. Os aspectos
Academia Central
políticos, sociais e
艺术家是一个对他 de Belas Artes de
morais da socieda-
所生活的世界极为 Pequim, Zhang
de em que existe
敏感的人。他所 Huan é um dos ar-
moldam quem ele
在的社会的政治、 tistas mais influen-
é como pessoa e
社会和道德方面塑 tes da China. Seu
consequentemente,
造了他作为一个人 trabalho gira em
o que é a sua arte.
的身份,从而塑 torno de explorar a
Toda arte é auto
造了他的艺术。 identidade nacional
biográfica, pois toda
所有的艺术都是自 e pessoal através
obra nasce como
传的,因为每一件 de performances
subproduto da vi-
作品都是作为社会
vência de um ser
背 景 下 人 类经验 的 Ele se mudou para
humano dentro de
副产品而诞生的。 Nova York no final
um contexto social.
因 此 , 选择创 作 被 dos anos 1990, uma
定 义为 “ 有 争 议 ” mudança que, se-
Portanto, artistas
的作品的艺术家, gundo ele, afetou
que escolhem criar
肯定会专注于困扰 a maneira como
obras que serão
他们的社会方面。 ele fazia arte, bem
definidas como
通常,当观看公众 como seu senso de
“polêmicas”, estão
的 道 德 价 值观 和 信 identidade. Com
definitivamente
仰受到质疑时,他 Family Tree, que foi
debruçados sobre
们会感到受到攻击 criado assim que
aspectos sociais
Huan se mudou
que os incomoda.
para os Estados
E, muitas vezes,
Unidos, o artista
quando valores
oferece seu rosto
morais e crenças
como um meio no
do público obser-
qual nomes, histó-
vador são questio-
rias e palavras liga-
nadas, o mesmo
das à sua herança
se sente agredido.
FIGURA 29 - ZHANG HUAN – FAMILY TREE, 2000 cultural são escritas
28 29
[...] Esse sentimento de ser um estranho nunca foi embora. Eu sou inerentemente
chinês. Isso tornou meus sentimentos e pensamentos mais aguçados.”
30 31
Podemos mencionar vários exemplos
de obras de arte que chocaram o pú-
blico na época em que foram criadas,
mas que aos poucos transformaram o
modo de pensar sobre determinados
assuntos. Dessa forma, não é necessa-
riamente o fato de uma obra ser polê-
mica que faz dela importante, mas sim
os questionamentos que a obra carrega.
v 艺术家是一个对他
所生活的世界极为
敏感的人。他所
FIGURA 31 - AI WEIWEI – DROPPING A HAN DYNASTY URN, 1995 在的社会的政治、
Dentre os motivos que levaram a essa 社会和道德方面塑
obra, está uma crítica ao governo au- 造了他作为一个人
Derrubando uma Urna da Dinastia Han,
toritário que estava em regime na 的身份,从而塑
1995 é um uma performance fotogra-
época em que a obra (Urna) foi criada, 造了他的艺术。
fada que mostra Ai Weiwei, um artista
conectando também com as atitudes 所有的艺术都是自
chinês, destruindo um artefato precioso.
totalitaristas do regime Comunista que 传的,因为每一件
A destruição desta obra de arte é exibida governava a China na década de 90. 作品都是作为社会
em uma série de três fotografias em pre- 背 景 下 人 类经验 的
to e branco que mostram Ai derrubando Como reação, a maioria das pessoas 副产品而诞生的。
uma urna cerimonial da dinastia Han de achava que era muito antiético destruir 因 此 , 选择创 作 被
2000 anos (avaliado em U$ 1 milhão) qualquer artefato sob quaisquer circuns- 定 义为 “ 有 争 议 ”
tâncias, mesmo que fosse seu trabalho 的作品的艺术家,
A primeira foto mostra Ai segurando original ou destinado a criar arte. Por 肯定会专注于困扰
o vaso; a segunda mostra no ar e a úl- outro lado, algumas pessoas interpreta- 他们的社会方面。
tima mostra o vaso quebrado em pe- ram a mensagem que ele estava envian- 通常,当观看公众
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daços no chão. Ai afirma que ele, na do destruindo o artefato também como 的 道 德 价 值观 和 信
verdade, destruiu duas urnas no pro- uma demonstração do pouco valor que 仰受到质疑时,他
cesso de criação da obra de arte, mas as vezes damos para a obra de arte. 们会感到受到攻击v
seu fotógrafo não conseguiu captu-
rar o esmagamento da primeira urna.
-Ren Hang
-Zeng Fanzhi
CAPÍTULO
As Bienais
Obras memoráveis da
AS BIENAIS Bienal de Veneza (incompleto)
Bienal de Veneza
Bienal de São Paulo
Documenta de Kassel
La Biennale di Venezia
La Biennale di Venezia existe por mais de 120 anos hões em que são expostos os artistas de cada país.
e é uma das instituições culturais mais prestigia- Hoje existem mais de 80 pavilhões compondo o
das do mundo. Estabelecida em 1895, a Bienal re- espaço de exposição do festival.
cebe mais de 500 mil visitantes em sua exibição
de arte. Além do setor de Artes Visuais, a bienal Em todas as bienais de Veneza, há a entrega de
também organiza exposições de Arquitetura, Cin- dois cobiçados prêmios: o Leão de Ouro, entregue
ema, Dança, Música e Teatro. à melhor obra da mostra internacional, e o Leão
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Desde o começo, os organizadores da Bienal in- de Prata, voltado a artistas promissores. O Juri
centivaram os países a ficarem responsáveis pela para a escolha dos ganhadores é formado por ar-
construção, manutenção e programação dos pavil- tistas e pessoas influentes no cenário artístico de
cada setor.
Obras memoráveis da
Bienal de São Paulo (incompleto)
Figura 33 - Bienal Internacional de Arte de São Paulo - Pavilhão Ciccilio Matarazzo, São Paulo
CC BY 3.0
38 39
Picasso, Max Bill, Di Cavalcanti, Brecheret,
Obras memoráveis da
Documenta de Kassel (incompleto)
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CAPÍTULO
5
Arte no Pós Guerra
ARTE E GUERRA A Segunda Guerra Mundial
aconteceu entre 1939 e 1945, e mais de 70 milhões de pessoas foram
Anos antes da Segunda Guerra Mundial, o Hitler afirma que a arte moderna estava su- mortas. Pelo menos 1,1 milhões de judeus mortos em campos de
movimento de arte moderna estava a todo jando a cultura alemã, e que tal arte estava
concentração em câmaras de gás.
vapor na Europa e as artes vanguardistas relacionada à pobreza, à doença e a diversos
já vinham propondo um rompimento com outros problemas sociais que a Alemanha en- O mundo após a segunda guerra mundial é um mundo desolado. Milhões
os valores artísticos vigentes. Porém, como frentava no período. Com isso, a exposição de pessoas perderam seus familiares na guerra e milhões de pessoas
se sabe, uma onda política de autoritarismo reúne cerca de 650 obras entre pinturas, es- foram marcadas profundamente para sempre.
domina governos por toda a Europa e, dentre culturas, desenhos, gravuras e livros, prove-
eles, a Alemanha. nientes de acervos de 32 museus alemães, Nesse contexto, a arte do pós-guerra carrega esse peso e esse sofrimento
O documentário “Arquitetura da Destruição”, consideradas artisticamente indesejáveis e junto comv a reflexão de como as guerras destroem a humanidade.
Peter Cohen, 1989 retrata justamente o co- moralmente prejudiciais ao povo pelo gover-
meço dessa campanha de ódio e preconceito, no nacional-socialista alemão
que começou justamente com a arte.
Começa então o que seria uma violenta per-
O princípio fundamental do nazismo era em- seguição a essas pessoas, e um processo de
belezar o mundo, nem que para isso tivesse censura extremo a todo tipo de arte que o
que destruí-lo. Por se tratar de um artista fra-
cassado, Adolph Hitler junta seus ideais artís-
governo nazista não considerasse “digna da
cultura alemã”. KATHE KOLLWITZ
ticos ao seu objetivo de atribuir, aos judeus
e a pessoas vulneráveis, a culpa pela crise
economica e social alemã. Dessa forma, surge Käthe Kollwitz foi uma im-
a exposição que marca o ápice da campanha portante desenhista, pintora,
“Arte degenerada” foi o termo oficialmente divulgado para
pública do regime nazista contra a arte mo- a arte moderna, difamada com justificativas de teoria racial gravurista e escultora alemã,
derna: a mostra internacional “Arte Degene- durante o governo nazista na Alemanha. O termo “degen- cuja obra reflete uma elo-
rada”. eração” foi emprestado da medicina para a arte no final do
século XIX. quente visão das condições
humanas na primeira meta-
de do século XX. Com traços
de Naturalismo e Expressio-
nismo, Kollwitz traz a classe
operária, fome, guerra e po-
breza como temas recorren-
tes em seu atrabalho.
45
GERHARD RICHTER
Gerhard Richter é um pintor
alemão que cresceu debai-
xo do Nacional-Socialismo e
viveu durante mais 16 anos
debaixo do comunismo da
Alemanha Oriental antes de
se mudar para a Alemanha
Ocidental, em 1961.
46 47
Figura 37 - FOME, Käthe Kollwitz, 1923
Figura 38 - Gerhard Richter, ‘September’, 2005
CONTINUA
CAPÍTULO
Arte e Design
6
PIET MONDRIAN
ANDY WARHOL
Em suas obras, Andy Warhol
discutiu a reprodutibilidade da
arte a partir do ponto de vista
do processo de massificação da
cultura e do sistema capitalista Ao entrar em contato com o estilo
de produção desenfreada. Ao cubista e a abstração, Mondrian
explorar esse universo o artista caminha para o desenvolvimento
inevitavelmente encontrou das obras pelas quais o artista
seria consagrado.
com aspectos que permeiam
a produção do design, tendo Com grids diversos, geometria
em vista que o mesmo está e cores primárias, a arte de
Figura 41 - Piet Mondrian
intrinsicamente ligado ao ato de Mondrian se aproxima do design
desenvolver produtos que serão por trazer escolhas que definem
Figura 39 - 210 Garrafas de
produzidos e/ou consumidos em Coca-Cola, Andy Warhol, 1962 o equilibro entre cores, equilíbrio
larga escala. esse que pode ser visto como uma
hierarquia visual, pois existem
obras com predominância de
Ao utilizar serigrafia como um dos principais
uma só cor e obras em que a
meios de criação, Warhol permitiu que suas disposição dos tamanhos dos
obras fossem tão reprodutíveis quanto espaços do grid e a disposição
o molde de vidro das garrafas de Coca- de cores são equilibrados e não
Cola, refrigerante difundido mundialmente surge predominância alguma.
e produzido aos milhões. Além disso, a
linguagem das formas chapadas e outros
elementos da Pop Art foram também
absorvidos no design das décadas de 60
e 70, como por exemplo no movimento de
design psicodélico.
Figura 40 - Marilyn, Andy Warhol, 1962
50 51
CAPÍTULO
Arte e Fotografia
7
CAPÍTULO
Performances
8
A PERFORMANCE
Yves Klein
Maurício Ianês
Marina Abramovic
Orlan
YVES KLEIN
Yves Klein foi um artista impor-
tante e muito influente, consi-
derado por alguns críticos como
precursor da arte contemporâ-
nea e conceitual, assim como
das performances artísticas.
A cor, valorizada pelo artista
francês, impressiona e seduz. Em
uma de suas performances mais
emblemáticas, Klein usou três
modelos como pincéis. Nuas,
elas se besuntavam com tinta
Azul Klein, e carimbavam telas
para formar imagens, tudo isso
acompanhado de uma pequena
orquestra que executava a “Sin-
Figura 44 - Yves Klein, Nice, França
fonia Monotônica”: uma sinfonia
de uma única nota criada por ele
mesmo em 1949.
56 57
propõe a repensá-lo, convidando-nos a refletir sobre os novos desafios da arte
e do corpo na atualidade. (GONÇALVES, 2004)
Figura 46 - Antropometria Yves Klein, 1960 É possível perceber a evolução do comportamento artístico que um dia
iria levar à arte performática até mesmo em artistitas das vanguardas
europeias. Gonçalves cita Pollock e o ato do artista caminhar pelas lonas
Gonçalves explica que o rompimento com o período as vanguardas em que pintava, incorporando o movimento do corpo como parte da
europeias trouxe o termo “arte de fronteira”, usado por Renato Cohen: criação da obra.
O termo é sem dúvida ambíguo, mas designa com precisão a própria natureza Após isso, temos as obras de assemblage e o a consciência do uso de
desta expressão artística que opera quebras e aglutinações, ao mesmo tempo
em que vai situar-se formalisticamente entre dois gêneros, mais exatamente
objetos proveniente da pop art, movimentos esses que acrescentaram
“no limite das artes plásticas e das artes cênicas, sendo uma linguagem híbrida ainda mais a corrente que criaria o elo do surgimento da arte de
que guarda características da primeira enquanto origem e da segunda perfomance.
enquanto finalidade” (Ibid, p.7). (GONÇALVES, 2004)
58 59
MAURÍCIO IANÊS Figura 51 - Zona Morta, Maurício Ianês, 2007
60 61
Figura 54 - Ritmo 0, Marina Abramovic , 1970
MARINA ABRAMOVIC
Marina Abramović é uma artista
performática que iniciou sua car-
reira no início da década de 1970
e manteve-se em atividade desde
então. Considera-se a “avó da arte
da performance”. Seu trabalho ex-
plora as relações entre o artista e
a plateia, os limites do corpo e as
possibilidades da mente.
“O que eu aprendi é que se você deixar nas mãos do público, eles podem te matar.
Eu me senti realmente violada. Cortaram minhas roupas, enfiaram espinhos de
rosa na minha barriga, uma pessoa apontou uma arma para minha cabeça e
outra a retirou. Isso criou uma atmosfera agressiva. Depois de exatamente 6
62 63
horas, como eu tinha planejado, me levantei e comecei a caminhar em direção
ao público. Todos fugiram para escapar de uma confrontação presente”
ORLAN
A artista francesa trabalha sobre o
tema do status do corpo, sobretudo
o corpo da mulher na sociedade e as
pressões exercidas sobre ele, sendo
assim muito ligada ao movimento fe-
minista.
Orlan usa então a tecnologia presente
em seu tempo para esculpir seu corpo,
importando-se não com o resultado
final, mas com a reflexão decorrente
de cada uma das performances. Acon-
teceram nove dessas performances
enquanto a artista era operada, entre
1990 e 1993, cada uma delas sendo ba-
seada em um texto filosófico, psicana-
lítico ou literário, em torno do qual gi-
Figura 57 - O Rosto do Século, Orlan, 1990
rava o tema da performance-cirurgia,
sendo a sala decorada de acordo pela Figura 55 - Orlan
artista, que também lia o máximo pos- A respeito da debate dobre o corpo, a beleza e as pressões
sível do texto durante o procedimento. estéticas impostas sobre o mesmo, Gonçalves explica:
Figura 56 - O Rosto do Século, Orlan, 1990
De uma forma mais ampla, Glusberg viu no happening e na body art o
agrupamento de diversas tendências internas que tinham como denominador
comum a proposta de “desfetichizar o corpo humano – eliminando toda
exaltação à beleza a que ele foi elevado durante séculos pela literatura, pintura
e escultura – para trazê-lo à sua verdadeira função: a de instrumento do homem,
do qual, por sua vez, depende o homem” (Ibid, p.43).
64 65
CAPÍTULO
Instalção de Arte
Site Specific
9
INSTALAÇÕES?
Figura 60 - The Souls of Millions of Light Years Away, Yayoi Kusama, 2013
68 69
tendem a serem mais importantes do que Mas para onde a arte irá a partir daqui? Ao longo de sua carreira, a artista produziu mais de vinte Infinity
a qualidade de seu meio ou de sua técnica. Qual será o próximo movimento artístico Mirror Rooms distintos. Variando de câmaras peep-show a instalações
que trará um novo meio de expressão multimídia, cada um dos ambientes caleidoscópicos de Kusama oferece
artística? a chance de entrar em uma ilusão de espaço infinito. As salas também
oferecem a oportunidade de examinar os temas centrais da artista,
como a celebração da vida e suas consequências.
Figura 61 - Série “Urban Nature”, Naoko Ito, 2008 - 2021
Figura 62 - Série
“Urban Nature”,
Naoko Ito, 2008 - 2021
Nesta série Ito tem fotos e esculturas, mas são suas esculturas que A inspiração para a obra veio a partir do passado sombrio de uma Alemanha
70 71
realmente se destacam. Essas obras criam a ilusão de plantas crescendo pós Segunda Guerra, em que um muro dividia a cidade de Berlin e parte da
através do vidro, mas ao mesmo tempo estão presas dentro dele. população passava por miséria e marginalização.
Além disso, Cai queria retratar a tragédia humana universal resultando em
nosso desejo de mobilidade ascendente e avanço. Os lobos foram projetados
para ecoar o espírito humano de tentar incansavelmente atingir um objetivo
sem compromisso.
REFERÊNCIAS IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Arte Bizantina. História das Artes,
2022. Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-
medieval/arte-bizantina/>. Acesso em 22 Sep 2022.
72 73
2022. Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-na-
antiguidade/arte-grega/>. Acesso em 21 Sep 2022.
Figura 27 - Susano Correia, homem face a face
com o abismo, 2018 Figura 48 - Antropometria, Yves Klein, 1960
Figura 10 - Vênus de Milo Figura 24 - Tsukioka Yoshitoshi, Picture of the Priest Figura 42 - Piet Mondrian Figura 64 - Head On, Cai Guo-Qiang, 2006
c. 200 a.C Dainin Killing the Girl Umegae 1839-1892
Figura 43 - Passing Through, Sylvia Palacios Figura 65 - Head On, Cai Guo-Qiang, 2006
Figura 11 - Ática Figura 25 - Tsukioka Yoshitoshi, Whitman, 1977
c. 440 a. C. The Lonely House on Adachi Moor Figura 66 - Head On, Cai Guo-Qiang, 2006
1885 Figura 44 - Yves Klein, Nice, França
Figura 12 - Iniciação ao Culto de Deméter
Figura 26 - Hieronymus Bosch, O Jardim das Delícias
74 75
Figura 45 - Antropometria Yves Klein, 1960
Figura 13 - Augusto de Prima Porta Terrenas
c. 20 a. C. Figura 46 - Antropometria Yves Klein, 1960