Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aula 03
A aplicação de qualquer um desses meios ou uma combinação deles pode ser apropriada
dependendo das circunstâncias específicas, por exemplo, os riscos de distorção relevante
relacionados à afirmação que está sendo testada, e a praticidade e eficiência dos diferentes meios.
Grosso modo, a amostragem em auditoria é recomendável quando os itens da população de
interesse possuem características homogêneas, bem como quando não é possível efetuar um
procedimento censitário (seleção de todos os itens).
A escolha do método de seleção é uma questão de julgamento profissional do auditor, feita com
base na avaliação de risco, na materialidade, na eficiência e no custo da auditoria. No entanto, o
método escolhido deve ser eficaz no cumprimento do objetivo do procedimento de auditoria e, em
última análise, na coleta de evidências que darão suporte à conclusão do auditor. O quadro a seguir
sintetiza as circunstâncias em que cada método é apropriado, podendo haver aplicação combinada
deles.
O quadro a seguir ilustra alguns enfoques alternativos (amostragem, procedimentos analíticos, uso
de software, etc.) à coleta de evidências sobre afirmações em demonstrações financeiras e exemplos
de tipos específicos de evidência que podem ser obtidas de acordo com cada tipo de afirmação
(existência, integridade, direitos, etc.). A informação a seguir, como dito, é meramente ilustrativa e
geralmente não cobrada em provas.
auditor sobre seus saldos será baseada exclusivamente em dados de amostragem (Gramling,
Rittenberg e Johnstone, 2012).
Ao definir uma amostra de auditoria, o auditor deve considerar a finalidade do procedimento de
auditoria e as características da população da qual será retirada a amostra. Como os objetivos, por
exemplo, dos testes de controles e dos procedimentos substantivos são distintos, diferentes
abordagens podem ser utilizadas.
A amostragem em auditoria pode ser estatística (o que pressupõe seleção aleatória e uso da teoria
das probabilidades para a avaliação dos resultados) e não estatística. Pela amostragem estatística,
os itens da amostra são selecionados de modo que cada unidade de amostragem tenha uma
probabilidade conhecida e diferente de zero de ser selecionada. Pela amostragem não estatística, o
julgamento é usado para selecionar os itens da amostra.
Tanto a amostragem estatística quanto a não estatística, quando adequadamente utilizadas, podem
fornecer evidência suficiente para as conclusões do auditor. (Gramling, Rittenberg e Johnstone,
2012).
Entretanto, somente os resultados de amostras estatísticas podem ser extrapolados para toda
a população.
Os resultados obtidos em amostragens não estatísticas são válidos apenas para os elementos
observados. Essa situação deve ser registrada de forma clara para evitar interpretações
enviesadas acerca da população.
Destacamos os parágrafos acima na caixa azul para podermos tecer algumas considerações
complementares a seu respeito.
A afirmação acima, que diz que apenas os resultados da amostragem estatística podem ser
extrapolados para toda a população, não se encontra prevista de forma expressa nas Normas
Técnicas de Auditoria (especialmente na NBC TA 530). Tal entendimento encontra fundamento
em posicionamentos doutrinários, bem como em normas de auditoria governamental.
Outro ponto importante para nosso estudo é o fato de que o tamanho da amostra não é um critério
válido para distinguir entre as abordagens estatísticas e não estatísticas, pois uma amostra
estatística não necessariamente implicará numa amostra de tamanho maior do que uma não
estatística.
Em qualquer amostra inferior a 100% da população, sempre há o risco de uma distorção não ser
identificada e de poder exceder o nível tolerável de distorção ou desvio. Isso é denominado risco de
amostragem. Em outras palavras, o risco de amostragem é o risco de que a conclusão do auditor,
com base em uma amostra, seja diferente daquela que seria obtida se toda a população tivesse sido
testada.
O auditor deve determinar o tamanho de amostra suficiente para reduzir o risco de amostragem
a um nível mínimo aceitável (reparem, portanto, que não se pode eliminar o risco de amostragem).
A amostragem estatística permite controlar precisamente o risco de fazer uma inferência incorreta
a respeito da população da qual a amostra é extraída, enquanto a não estatística não possibilita tal
tipo de controle (Gramling, Rittenberg e Johnstone, 2012).
A NBC TA 530 – Amostragem em Auditoria se aplica quando o auditor independente decide usar
amostragem na execução de procedimentos de auditoria. Ela trata do uso de amostragem estatística
e não estatística na definição e seleção da amostra de auditoria, na execução de testes de controles1
e de detalhes 2e na avaliação dos resultados da amostra.
O objetivo do auditor, ao usar a amostragem em auditoria, é o de proporcionar uma base razoável
para o auditor concluir quanto à população da qual a amostra é selecionada.
O método de amostragem é aplicado como forma de viabilizar a realização de ações de controle em
situações onde o objeto alvo da ação se apresenta em grandes quantidades e/ou se distribui de
maneira bastante pulverizada. A amostragem é também aplicada em função da necessidade de
obtenção de informações em tempo hábil, em casos em que a ação na sua totalidade se torna
impraticável.
A amostragem tem como objetivo conhecer as características de interesse de uma determinada
população a partir de uma parcela representativa. É um método utilizado quando se necessita obter
informações sobre um ou mais aspectos de um grupo de elementos (população), considerado
grande ou numeroso, observando apenas uma parte do mesmo (amostra). As informações obtidas
dessa parte somente poderão ser utilizadas de forma a concluir algo a respeito do grupo, como um
todo, caso esta seja representativa.
A representatividade é uma característica fundamental para a amostra, que depende de sua forma
de seleção e tamanho. Potencialmente, a amostra obtém essa característica de relevância quando é
tomada ao acaso. Para uma amostra ser considerada representativa de uma população, ela deve
possuir características de todos os seus elementos, bem como ter conhecida a probabilidade de
ocorrência de cada elemento na sua seleção.
Todas as definições delineadas abaixo – algumas delas já comentadas ao longo da seção
Contextualização – já foram objeto de provas nos mais diversos concursos. Segundo a NBC TA 530:
5. Para fins das normas de auditoria, os termos a seguir têm os significados a eles atribuídos:
Amostragem em auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria em menos de 100%
dos itens de população relevante para fins de auditoria, de maneira que todas as unidades de
amostragem tenham a mesma chance de serem selecionadas para proporcionar uma base
razoável que possibilite o auditor concluir sobre toda a população.
1
Teste de controle é o procedimento de auditoria planejado para avaliar a efetividade operacional dos
controles na prevenção ou detecção e correção de distorções relevantes.
2
Teste de detalhe é o procedimento planejado para detectar distorções relevantes no nível de afirmações
(declarações incorporadas às demonstrações) relativas a classes de transações, saldos de contas e
divulgações).
População é o conjunto completo de dados sobre o qual a amostra é selecionada e sobre o qual
o auditor deseja concluir.
Risco de amostragem é o risco de que a conclusão do auditor, com base em amostra, pudesse
ser diferente se toda a população fosse sujeita ao mesmo procedimento de auditoria. O risco
de amostragem pode levar a dois tipos de conclusões errôneas:
(a) no caso de teste de controles, em que os controles são considerados mais eficazes do que
realmente são ou no caso de teste de detalhes, em que não seja identificada distorção
relevante, quando, na verdade, ela existe. O auditor está preocupado com esse tipo de
conclusão errônea porque ela afeta a eficácia da auditoria e é provável que leve a uma opinião
de auditoria não apropriada.
(b) no caso de teste de controles, em que os controles são considerados menos eficazes do que
realmente são ou no caso de teste de detalhes, em que seja identificada distorção relevante,
quando, na verdade, ela não existe. Esse tipo de conclusão errônea afeta a eficiência da
auditoria porque ela normalmente levaria a um trabalho adicional para estabelecer que as
conclusões iniciais estavam incorretas.
Esclarecendo: a eficácia, ou o resultado, da auditoria é prejudicada quando o auditor chega a
conclusões errôneas, seja por considerar os controles mais eficazes do que realmente são
(superavaliá-los), seja por não identificar distorção quando elas realmente existem. Percebam
que, nesse caso, o auditor “deu mole” ao considerar as coisas mais seguras do que elas
realmente eram; isso prejudica todo o resultado do trabalho. Já a eficiência (medida de
utilização de recursos no processo) é prejudicada quando o auditor tem um trabalho a mais
para perceber que estava errado inicialmente, seja por considerar os controles menos eficazes
do que realmente são (subestimá-los), seja por considerar que há distorções quando elas não
existem. Percebam, nesse caso, que o auditor “pecou por excesso”.
Risco não resultante da amostragem é o risco de que o auditor chegue a uma conclusão
errônea por qualquer outra razão que não seja relacionada ao risco de amostragem.
Os exemplos de risco não resultante da amostragem incluem o uso de procedimentos de
auditoria não apropriados ou a interpretação errônea da evidência de auditoria e o não
reconhecimento de uma distorção ou de um desvio.
Unidade de amostragem é cada um dos itens individuais que constituem uma população.
Esclarecendo: apesar do nome "unidade DE AMOSTRAGEM", esse conceito está diretamente
relacionado à população da qual se deseja extrair a amostra, e não à amostra propriamente
dita. É o que se extrai da própria definição (cada um dos itens que constituem uma
POPULAÇÃO).
Distorção tolerável é um valor monetário definido pelo auditor para obter um nível apropriado
de segurança de que esse valor monetário não seja excedido pela distorção real na população.
Observação: por menos intuitivo que pareça o conceito acima, podemos pensar na distorção
tolerável como um valor discrepante com o qual o auditor aceita (ou tolera) conviver. Excedido
esse valor, o auditor tem “com o que se preocupar”. Em outros termos, a distorção tolerável
corresponde ao máximo que se admitirá de erro para os resultados obtidos na amostra. A
distorção tolerável pode ter o mesmo valor ou valor menor do que o da materialidade na
execução da auditoria.
Taxa tolerável de desvio é a taxa de desvio dos procedimentos de controles internos previstos,
definida pelo auditor para obter um nível apropriado de segurança de que essa taxa de desvio
não seja excedida pela taxa real de desvio na população. [grifos não constantes no original]
Observação: podemos entender a taxa tolerável de desvios como uma taxa (%) máxima
admitida de erros relacionados aos procedimentos de controle. Enquanto a distorção tolerável
é um valor (absoluto), a taxa tolerável de desvio é um valor percentual.
O nível de risco de amostragem que o auditor está disposto a aceitar afeta o tamanho
da amostra exigida. Quanto menor o risco que o auditor está disposto a aceitar, maior
deve ser o tamanho da amostra.
O item acima, muito cobrado em provas, determina uma relação inversa entre o
tamanho da amostra e o risco que o auditor está disposto a aceitar. Trata-se de
relação, de certa maneira, lógica. Afinal, se o auditor não está muito propenso ao risco,
deve aumentar a amostra de maneira a reduzir possíveis conclusões equivocadas.
(TJ SP / 2019) A respeito do uso de amostras para a realização dos trabalhos de auditoria, assinale
a alternativa correta.
a) A utilização de amostras nos trabalhos de auditoria não é autorizada pelas normas brasileiras
de auditoria por comprometer a imparcialidade que deve orientar os trabalhos do auditor.
b) Ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou um método de seleção de itens a serem
testados, não poderão ser empregadas técnicas de amostragem.
c) A utilização de amostragem estatística deve ser evitada nos trabalhos de auditoria por não
permitir segurança suficiente a respeito dos seus achados.
d) Ao usar método de amostragem, estatística ou não, deve ser projetada e selecionada uma
amostra que possa proporcionar evidência de auditoria suficiente e apropriada.
e) Amostra e população são conceitos sinônimos em matéria de procedimentos de auditoria com
base em estatísticas.
Comentários:
Analisando cada assertiva:
A: errada. Vimos que a amostragem é plenamente autorizada pelas normas brasileiras de
contabilidade.
A questão começa com uma narrativa que é praticamente irrelevante para a resolução da questão.
Vamos avaliar as assertivas:
Letra A: ERRADA. Esses são os chamados “pontos fora da curva”. Não há, nas normas de auditoria,
óbices (impedimentos) para tal exclusão. Podemos considerar, em termos estatísticos, que essa
eliminação é uma boa prática. Reparem que mais uma vez o enunciado é de pouca valia.
Letra B: ERRADA. A forma como foi conduzido o trabalho poderia subsidiar qualquer tipo de
auditoria.
Letra C: ERRADA. Segundo a NBC TA 530, seleção aleatória é aquela aplicada por meio de
geradores de números aleatórios como, por exemplo, tabelas de números aleatórios. A questão
não traz informações suficientes para garantir isso. Veremos adiante os tipos de seleção de
amostra.
Letra D. CORRETA. Estamos diante da relação inversa entre o tamanho da amostra e o risco de
amostragem (vista acima). O examinador aqui foi maldoso, pois apesar de manter a relação
inversa, alterou o “sentido” dos fatores da afirmação. Percebam:
Original da norma: quanto menor o risco que o auditor está disposto a aceitar, maior deve ser o
tamanho da amostra;
Assertiva: se o auditor desejar aumentar o risco amostragem, deve diminuir o tamanho da
amostra.
Ora, fica difícil supor que um auditor, em sã consciência, desejaria aumentar o risco de
amostragem. Independente disso, a relação inversa foi preservada, daí a correção da assertiva.
Reparem que, mais uma vez, não era preciso ler o enunciado para chegar a essa conclusão e, por
consequência, ao gabarito da questão.
Gabarito: D.
O auditor deve, também, selecionar itens para amostragem de forma que cada unidade de
amostragem da população tenha a mesma chance de ser selecionada.
Reiteramos que o auditor pode usar duas abordagens de amostragens: a estatística e a não
estatística. Pela amostragem estatística, os itens da amostra são selecionados de modo que cada
unidade de amostragem tenha uma probabilidade conhecida de ser selecionada. Pela amostragem
não estatística, o julgamento é usado para selecionar os itens da amostra. Nesse contexto, é
importante que o auditor selecione uma amostra representativa, de modo a evitar tendenciosidade
mediante a escolha de itens da amostra que tenham características típicas da população.
Os principais métodos para selecionar amostras correspondem ao uso de seleção aleatória, seleção
sistemática e seleção ao acaso. Veremos adiante detalhes sobre os métodos para seleção de
amostras. Adiantamos que há, além desses três (tidos como “principais”), mais dois métodos
(amostragem de unidade monetária e seleção de bloco).
A seguir, apresentaremos trechos da norma relacionados à execução de procedimentos de auditoria
em itens da amostra selecionados, natureza e causa de desvios e distorções, e projeção de
distorções.
O auditor deve executar os procedimentos de auditoria, apropriados à finalidade, para cada item
da amostra selecionado.
A NBC TA 530 traz em seu corpo um total de 04 (quatro) Apêndices, todos eles importantes e cujos
ensinamentos são cobrados em provas recorrentemente. Os apêndices 1 e 4 envolvem,
respectivamente, detalhes da estratificação e os métodos de seleção da amostra. Sua cobrança em
provas é mais tranquila (ou direta). Os apêndices 2 e 3 tratam dos fatores que influenciam o
tamanho da amostra.
As bancas costumam comparar o tamanho da amostra a um dos fatores que influenciam o seu
tamanho. A essência das perguntas é se essa relação se dá de forma direta ou inversa. Por exemplo:
o que acontece com o tamanho da amostra se for aumentada a distorção tolerável? Nesse caso, o
tamanho da amostra deverá reduzir, uma vez que essas duas grandezas possuem relação inversa.
Na maioria dos casos, podemos fazer uma dedução lógica para concluir sobre a relação entre
determinado fator e o tamanho da amostra.
Vejamos, na sequência, o que nos ensina o Apêndice 1, que trata da Estratificação e da Seleção com
Base em Valor. Atenção ao fato de que a Estratificação permite que o tamanho da amostra seja
reduzido sem aumentar o risco de amostragem.
Em relação à seleção com base em valor, o Apêndice 1 da NBC TA 530 nos ensina que, ao executar
os testes de detalhes, pode ser eficaz identificar a unidade de amostragem como unidades
monetárias individuais que compõem a população. Após ter selecionado unidades específicas da
população, como por exemplo, o saldo das contas a receber, o auditor pode, então, examinar os
itens específicos, como por exemplo, os saldos individuais que contêm essas unidades monetárias.
O benefício dessa abordagem para definir a unidade de amostragem é que o trabalho de auditoria
é direcionado para itens de valor maior porque eles têm mais chances de serem selecionados e
podem resultar em amostras de tamanhos menores. Essa abordagem pode ser usada juntamente
com o método sistemático de seleção de amostras e é muito eficiente quando os itens são
selecionados usando a seleção aleatória.
Vejamos, agora, o que nos ensinam os Apêndices 2 e 3 da norma – muito cobrados em provas!
- Estratificação da Inversa
população
Se o auditor tolera (está disposto a aceitar) uma distorção alta, isso é sinal de que o auditor está
mais “relaxado”, podendo “se dar ao luxo” de reduzir o tamanho da amostra (distorção tolerável e
tamanho da amostra possuem relação inversa) – o mesmo raciocínio vale para a taxa tolerável de
desvio.
Já se o auditor espera uma distorção alta, ele deve aumentar o tamanho da amostra para se precaver
(distorção que o auditor espera encontrar e tamanho da amostra possuem relação direta) – o
mesmo raciocínio vale para a taxa esperada de desvios.
Ainda, caso se queira aumentar o nível de segurança desejado (qualquer que seja ele) ou caso a
avaliação de risco seja maior, é preciso que o auditor aumente o tamanho da amostra para se cobrir
de eventuais problemas (avaliação do risco e nível de segurança desejado possuem relação direta
com o tamanho da amostra).
Já se o auditor utiliza outros procedimentos de auditoria direcionados à mesma afirmação, isso é
sinal de que ele pode relaxar, diminuindo a amostra (afinal, ele já se garantiu ao aplicar outros
procedimentos) – uso de outros procedimentos substantivos possui relação inversa com o
tamanho da amostra).
Finalmente, o uso da estratificação, por sua própria definição, permite que o tamanho da amostra
seja reduzido sem que seja aumentado o risco de amostragem. Por isso, o uso da estratificação
possui relação inversa com o tamanho da amostra.
Uma consideração sobre um ponto que geralmente causa muitas dúvidas: apesar do nome "unidade
DE AMOSTRAGEM", esse conceito está diretamente relacionado à população da qual se deseja
extrair a amostra, e não à amostra propriamente dita. Então, pela afirmação “a quantidade de
unidades de amostragem possui efeito negligenciável sobre o tamanho da amostra” podemos
entender que o “tamanho da população” possui efeito negligenciável sobre o tamanho da amostra.
É que, para populações grandes, o tamanho real da população (e, por consequência, da quantidade
de unidades de amostragem) tem pouco efeito, se houver, no tamanho da amostra. Já para
pequenas populações, a amostragem de auditoria pode nem ser o meio mais eficiente para se obter
evidência de auditoria.
Vejam, portanto, que só podemos afirmar que a quantidade de unidades de amostragem possui
efeito negligenciável em relação ao tamanho da amostra quando consideramos populações grandes.
Informações complementares:
Iremos expor agora informações relevantes sobre Amostragem previstas na IN SFC nº 01/2001.
Lembramos que esse normativo foi substituído, no ano de 2017, pela IN nº 03/2017/Ministério da
Transparência e CGU (norma que aprovou o Referencial Técnico da Atividade de Auditoria Interna
Governamental do Poder Executivo Federal). Independentemente desse cenário, a IN 01/2001 ainda
costuma ser cobrada em provas, especialmente aquelas que trazem auditoria governamental em
seu conteúdo programático!
Existem várias razões que justificam a utilização de amostragem em levantamentos de grandes
populações. Uma dessas razões é a economicidade dos meios. Onde os recursos humanos e
materiais são escassos, a amostragem se torna imprescindível, tornando o trabalho do servidor bem
mais fácil e adequado. Outro fator de grande importância é o tempo, pois onde as informações das
quais se necessitam são valiosas e tempestivas, o uso de amostra também se justifica. Outra razão
é o fato de que, com a utilização da amostragem, a confiabilidade dos dados é maior devido ao
número reduzido de elementos, podendo-se dedicar mais atenção aos casos individuais, evitando-
se erros nas respostas. Além disso, a operacionalidade em pequena escala torna mais fácil o controle
do processo como um todo.
Existem casos, no entanto, em que não se recomenda a utilização de amostragem, tais como:
a) quando a população é considerada muito pequena e a sua amostra fica relativamente grande;
b) quando as características da população são de fácil mensuração, mesmo que a população não
seja pequena; e
c) quando há necessidade de alta precisão recomenda-se fazer censo, que nada mais é do que o
exame da totalidade da população.
Ainda de acordo com a IN SFC 01/2001, o método de amostragem se subdivide em dois tipos: o
probabilístico e o não-probabilístico.
A principal característica do método de amostragem não-probabilístico é que este se baseia,
principalmente, na experiência do servidor, sendo assim, a aplicação de tratamento estatístico a
seus resultados se torna inviável, bem como a generalização dos resultados obtidos através da
amostra para a população. Essa limitação faz com que o método não sirva de suporte para uma
argumentação, visto que a extrapolação dos resultados não é passível de demonstração, segundo as
normas de cálculo existentes hoje. Contudo, é inegável a sua utilidade dentro de determinados
contextos, tal como, na busca exploratória de informações ou sondagem, quando se deseja obter
informações detalhadas sobre questões particulares, durante um espaço de tempo específico.
Já o método de amostragem probabilístico tem como característica fundamental o fato de poder
ser submetido a tratamento estatístico, sendo, portanto, os resultados obtidos na amostra
generalizáveis para a população. Para tanto, a amostragem estatística conta com uma série de
formas diferentes de obtenção do tamanho da amostra.
Uma dessas formas é a Amostra Aleatória Simples, que tem como característica o fato de que cada
elemento da população possui a mesma chance de pertencer à amostra. Considera-se para isso que
os elementos da população em questão estão distribuídos de maneira uniforme. Nas demais formas
ou métodos de amostragem, pelo fato dos elementos não se processarem de maneira homogênea
na população, faz-se necessário dispor de técnicas mais sofisticadas na obtenção do tamanho e
seleção da amostra.
Para se obter uma amostra é preciso obter alguns elementos fundamentais, sem os quais fica
impraticável o uso da técnica. O elemento primordial para se elaborar um plano amostral é saber
exatamente qual o objetivo da ação de controle, ou seja, o que se deseja obter com os resultados e,
de posse deles, a quais conclusões deseja-se chegar. Isso porque quando os objetivos da ação estão
bem definidos, fica claro o estabelecimento de qual é a população alvo a ser considerada para a
elaboração da amostra, bem como a definição das unidades de amostragem (elementos). A partir
do conhecimento da população objeto de estudo e seus elementos é que se torna possível conhecer
como essa população se distribui entre os seus elementos, para a partir daí ser definido o método
de amostragem a ser adotado, bem como todas as suas considerações “a priori”.
Outro fator importante a ser definido anteriormente é a precisão que se deseja, ou seja, o máximo
que se admitirá de erro para os resultados obtidos na amostra. Além disso, é importante que a
seleção dos elementos da amostra seja rigorosamente aleatória. Tal exigência é necessária pois, se
na seleção da amostra não for garantida a aleatoriedade, isso significa que o servidor está
influenciando com seu juízo pessoal a escolha dos elementos da amostra, colocando em risco todo
o trabalho realizado. Nesse cenário, as informações obtidas a partir daquela amostra enviesada
trarão resultados equivocados a respeito do universo em questão. Ou seja, uma amostra mal
dimensionada e sem aleatoriedade é tendenciosa, levando o servidor a conclusões errôneas.
Existem situações em que não é possível a obtenção de informações a respeito da população e sua
distribuição, seja pelo fato de a obtenção dessas informações ser muito dispendiosa, ou seja pelo
fato de se levar muito tempo para essas serem concluídas. Ou mesmo, pelo fato do acesso às
mesmas somente ser possível no ato da ação de controle.
Sendo assim, é usual a utilização de tabelas aplicadas ao Controle Estatístico de Qualidade, com a
definição prévia do risco que se deseja assumir, ou seja, qual o limite máximo de itens ou elementos
irregulares aceitáveis para se considerar uma situação regular, através do qual o tamanho da
amostra é dimensionada. A utilização dessas tabelas deve ser feita com muito critério, pois os
resultados obtidos das amostras provenientes delas são bastante específicos. Tais situações
específicas devem ser devidamente estudadas, pois essas tabelas não são de aplicação generalizada,
sendo, portanto, necessário o estudo de cada caso em separado, mensurando as vantagens e
desvantagens da sua utilização.
Letra E: quanto maior for o nível de segurança esperado de que os resultados da amostra
sejam de fato indicativos com relação à incidência real de desvio na população, maior deve
ser o tamanho da amostra.
Portanto, alternativa correta é A.
(TJ SP / 2015) Quando a auditoria é feita por amostragem, se o método utilizado para essa
amostragem é a seleção sistemática, então a seleção de itens é
a) por meio da seleção de um ou mais blocos contíguos da população.
b) de tal forma que assegure que todos tenham idêntica probabilidade de serem
selecionados.
c) a critério do auditor, com base em sua experiência.
d) com base em valores monetários.
e) procedida de tal maneira que haja sempre um intervalo constante entre cada item
selecionado.
Comentários:
Vimos que a seleção sistemática é aquela em que a quantidade de unidades de amostragem
na população é dividida pelo tamanho da amostra para dar um intervalo de amostragem
como, por exemplo, 50, e após determinar um ponto de início dentro das primeiras 50, toda
50ª unidade de amostragem seguinte é selecionada.
Portanto, nesse método podemos dizer que há um intervalo constante entre cada item
selecionado.
Gabarito: E.
(LIQUIGÁS – 2018) Um auditor necessita examinar uma população de registros com muitas
diferenças nos valores individuais das transações registradas.
Como ele definiu que fará uma amostragem estatística, para garantir maior rigor nos
procedimentos, recomenda-se, nesse caso, uma amostragem por
a) acessibilidade
b) estratificação
c) elementos representativos
d) elementos subjetivos
e) números sistemáticos
Comentários:
Nesta seção, apresentaremos alguns dos principais trechos previstos na NBC T 11.11 – Amostragem
(Res. CFC nº 1.012/05). Frisamos que esse normativo foi revogado com a entrada em vigor da NBC
TA 200, o que ocorreu em 01/01/2010. Não obstante, algumas questões de concursos ainda exigem
conhecimento de tal norma. Infelizmente, essa é uma prática comum em nossa disciplina. Em parte,
isso ocorre porque a doutrina veio reproduzindo, ao longo do tempo, diversos trechos das normas
atualmente revogadas.
Nessa parte da aula, vale a pena focar na literalidade de algumas passagens comumente cobradas,
considerando que já estudamos – na seção anterior – as bases da Amostragem em Auditoria.
Veremos que os conceitos aqui presentes, via de regra, não divergem das normas em vigor.
Considerações Gerais
população, mas não constituem, necessariamente, uma base adequada para conclusão sobre
parcela restante da população.
Planejamento da Amostra
A amostra selecionada pelo auditor deve ter relação direta com o volume de transações realizadas
pela entidade na área ou na transação objeto de exame, como também com os efeitos nas posições
patrimonial e financeira da entidade e o resultado por ela obtido no período.
Em outros termos, quanto maior o volume de transações efetuadas pela entidade na área objeto do
exame, maior deve ser a amostra.
Percebe-se que o rol acima é mais amplo do que o previsto na NBC TA 530, segundo a qual o auditor
deve considerar a finalidade do procedimento e as características da população ao definir uma
amostra de auditoria.
Em relação ao tamanho da amostra, a NBC T 11.11 nos ensina que o auditor deve, ao determinar o
tamanho da amostra, considerar o risco de amostragem, bem como os erros toleráveis e os
esperados. Já havíamos estudado, anteriormente, a relação (inversa) existente entre o risco de
amostragem que o auditor está disposto a aceitar e o tamanho da amostra.
Para que a conclusão a que chegou o auditor, utilizando uma amostra, seja corretamente planejada
para aplicação à população é necessário que a amostra seja:
a) representativa da população;
b) que todos os itens da população tenham oportunidade idêntica de serem selecionados.
(Auditor (MPE PR) – 2013) De acordo com Resolução CFC (Conselho Federal de Contabilidade)
ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou método de seleção de itens a testar, o
auditor pode empregar técnicas de amostragem. Ao planejar e determinar a amostra de
auditoria, o auditor deve levar em consideração os seguintes aspectos:
I. Objetivos específicos de auditoria.
II. População da qual deseja extrair a amostra.
III. Estratificação da população.
IV. Tamanho da amostra.
V. Risco de amostragem.
VI. Erro tolerável.
VII. Erro esperado.
Assinale a alternativa correta :
a) Apenas um aspecto está incorreto.
b) Todos os aspectos estão corretos.
c) Dois aspectos estão corretos.
d) Todos os aspectos estão incorretos.
e) Apenas um aspecto está correto.
Comentários:
Questão aborda os fatores que devem ser considerados no planejamento da amostra, segundo
a já revogada NBC T 11.11. Veja:
Ao planejar e determinar a amostra de auditoria, o auditor deve levar em consideração os
seguintes aspectos:
a) os objetivos específicos da auditoria;
b) a população da qual o auditor deseja extrair a amostra;
c) a estratificação da população;
d) o tamanho da amostra;
e) o risco da amostragem;
f) o erro tolerável; e
g) o erro esperado.
Questão extraída literalmente da norma supracitada.
Gabarito: B
Risco de Amostragem
Nesse ponto, veremos que a NBC T 11.11 apresenta o mesmo conceito de risco de amostragem
estudado anteriormente, porém detalha as situações a que o auditor está sujeito a esse risco.
O risco de amostragem surge da possibilidade de que a conclusão do auditor, com base em uma
amostra, possa ser diferente da conclusão que seria alcançada se toda a população estivesse sujeita
ao mesmo procedimento de auditoria.
(SEFAZ AL – 2020)
Situação hipotética: Determinado auditor, após realizar conferência de cálculos, concluiu que
o saldo da conta de estoques estava relevantemente distorcido, embora o saldo não estivesse
efetivamente nessa condição.
Assertiva: Nesse caso, o auditor incorreu no risco de aceitação incorreta.
Comentários:
Risco de aceitação incorreta é aquele em que o auditor aceita, inicialmente, o resultado da
amostra (ou seja, conclui que um saldo de contas não está relevantemente distorcido), quando
– na realidade – existe distorção relevante.
A situação trazida pelo item se refere ao risco de rejeição incorreta.
Gabarito: ERRADO
Neste ponto, veremos que a NBC T 11.11 previa apenas os conceitos de erro esperado e tolerável,
enquanto a NBC TA 530 prevê os conceitos de distorção esperada e tolerável, e de taxa de desvios
esperada e tolerável. Podemos entender que o erro tolerável é composto pela distorção tolerável
(no contexto dos testes substantivos) e pela taxa tolerável de desvio (no contexto dos testes de
observância ou de controle). Vejamos o que prevê a norma:
Erro tolerável é o erro máximo na população que o auditor está disposto a aceitar e, ainda assim,
concluir que o resultado da amostra atingiu o objetivo da auditoria. O erro tolerável é considerado
durante o estágio de planejamento e, para os testes substantivos, está relacionado com o
julgamento do auditor sobre relevância. Quanto menor o erro tolerável, maior deve ser o tamanho
da amostra.
Nos testes de observância, o erro tolerável é a taxa máxima de desvio de um procedimento de
controle estabelecido que o auditor está disposto a aceitar, baseado na avaliação preliminar de risco
de controle. Nos testes substantivos, o erro tolerável é o erro monetário máximo no saldo de uma
conta ou uma classe de transações que o auditor está disposto a aceitar, de forma que, quando os
resultados de todos os procedimentos de auditoria forem considerados, o auditor possa concluir,
com segurança razoável, que as Demonstrações Contábeis não contêm distorções relevantes.
Em relação ao erro esperado, pode-se dizer que, se o auditor espera que a população contenha
erro, é necessário examinar uma amostra maior do que quando não se espera erro, para concluir
que o erro real da população não excede o erro tolerável planejado.
Tamanhos menores de amostra justificam-se quando se espera que a população esteja isenta de
erros. Ao determinar o erro esperado em uma população, o auditor deve considerar aspectos como,
por exemplo, os níveis de erros identificados em auditorias anteriores, mudança nos procedimentos
da entidade e evidência obtida na aplicação de outros procedimentos de auditoria.
O erro monetário máximo, a que o item se refere, é o erro tolerável no contexto dos testes
substantivos (e não dos testes de observância).
Gabarito: ERRADO
Seleção da Amostra
Os 3 métodos de seleção de amostra presentes na NBC T 11.11 são, justamente, aqueles que a NBC
TA 530 lista como principais: seleção aleatória, seleção sistemática e seleção ao acaso.
Aqui cabe uma observação, pois apesar de listar os métodos de seleção aleatória, sistemática e ao
acaso como “principais”, a NBC TA 530 apresenta, também, os métodos amostragem de unidade
monetária e seleção de bloco (esses 2, não presentes na NBC T 11.11).
Pois bem, segundo a NBC T 11.11, na seleção de amostra, devem ser consideradas:
a) a seleção aleatória ou randômica;
b) a seleção sistemática, observando um intervalo constante entre as transações realizadas; e
c) a seleção casual, a critério do auditor, baseada em sua experiência profissional.
Seleção aleatória ou randômica é a que assegura que todos os itens da população ou do estrato
fixado tenham idêntica possibilidade de serem escolhidos. Na seleção aleatória ou randômica,
utiliza-se, por exemplo, tabelas de números aleatórios que determinarão quais os números dos itens
a serem selecionados dentro do total da população ou dentro de uma seqüência de itens da
população predeterminada pelo auditor.
Percebe-se, portanto, que a descrição do método de seleção aleatória é praticamente o mesmo,
tanto nas normas antigas quanto nas atuais.
Seleção sistemática ou por intervalo é aquela em que a seleção de itens é procedida de maneira
que haja sempre um intervalo constante entre cada item selecionado, seja a seleção feita
diretamente da população a ser testada, ou por estratos dentro da população.
Ao considerar a seleção sistemática, o auditor deve observar as seguintes normas para assegurar
uma amostra, realmente, representativa da população:
a) que o primeiro item seja escolhido ao acaso;
b) que os itens da população não estejam ordenados de modo a prejudicar a casualidade de sua
escolha.
Se usar seleção sistemática, o auditor deve determinar se a população não está estruturada de tal
modo que o intervalo de amostragem corresponda a um padrão, em particular, da população. Por
exemplo, se em cada população de vendas realizadas por filiais, as vendas de uma filial, em
particular, ocorrerem somente como cada 100º item e o intervalo de amostragem selecionado for
50, o resultado seria que o auditor teria selecionado a totalidade ou nenhuma das vendas da filial
em questão.
Seleção casual pode ser uma alternativa aceitável para a seleção, desde que o auditor tente extrair
uma amostra representativa da população, sem intenção de incluir ou excluir unidades específicas.
Quando utilizar esse método, o auditor deve evitar a seleção de uma amostra que seja influenciada,
por exemplo, com a escolha de itens fáceis de localizar, uma vez que esses itens podem não ser
representativos.
O controle (ou gestão) de qualidade das firmas de auditoria é tratado na NBC PA 01; já o Controle
(ou gestão) de Qualidade das auditorias (ou do auditor) é abordado na NBC TA 220. Os principais
conceitos de ambas as normas convergem, porém há pequenos detalhes em cada um.
A firma deve planejar, implementar e operar o sistema de gestão de qualidade. Para isso, deve-se
exercer julgamento profissional, levando em consideração a natureza e as circunstâncias da própria
firma e de seus trabalhos. O componente governança e liderança do sistema de gestão de qualidade
estabelece o ambiente que suporta o desenvolvimento, a implementação e a operação do sistema
de gestão de qualidade da firma.
Apresentamos, na sequência, uma descrição breve de cada um dos componentes e alguns objetivos
a eles relacionados:
(a) processo de avaliação de riscos da firma: estabelece os objetivos de qualidade, identifica e avalia
esses riscos, planeja e implementa respostas para tratar dos riscos de qualidade.
(b) governança e liderança: estabelece o ambiente que suporta o sistema de gestão de qualidade e
tem como objetivos, dentre outros, o compromisso com a qualidade e a responsabilidade da
liderança pela qualidade e pela prestação de contas.
(c) requisitos éticos relevantes: princípios de ética profissional e requisitos éticos aplicáveis aos
profissionais da contabilidade ao conduzir auditorias ou outros trabalhos.
(d) aceitação e continuidade de relações com clientes e trabalhos específicos: a firma deve exercer
julgamentos sobre se deve aceitar ou continuar o relacionamento com cliente ou trabalho
específico. Esses julgamentos são apropriados são considerados os valores éticos dos clientes.
(e) execução do trabalho: as equipes de trabalho devem entender e cumprir com suas
responsabilidades, incluindo, conforme aplicável, a responsabilidade geral do sócio responsável
pelos trabalhos por gerenciá-los e alcançar sua qualidade, além de estar suficiente e
apropriadamente envolvido durante todo o trabalho.
(f) recursos: obtenção, desenvolvimento, uso, manutenção, alocação e designação de recursos de
forma apropriada e tempestiva para permitir o desenvolvimento, a implementação e a operação do
sistema de gestão de qualidade, incluindo recursos humanos, tecnológicos, intelectuais e
prestadores de serviços.
• Sócio responsável pelo trabalho – é o sócio, ou outro indivíduo nomeado pela firma, para atuar
como responsável pelo trabalho, sua execução e pelo relatório que é emitido em nome da firma.
Ele é quem, quando necessário, possui a autoridade apropriada de órgão profissional, legal ou
regulatório;
A NBC TA 220 trata das responsabilidades específicas do auditor em relação à gestão de qualidade
no nível do trabalho de auditoria de demonstrações contábeis e das responsabilidades relacionadas
do sócio do trabalho.
De acordo com esse normativo, o objetivo do auditor é gerir a qualidade no nível do trabalho para
obter segurança razoável de que a qualidade foi alcançada de modo que:
(a) o auditor cumpriu com as suas responsabilidades e conduziu a auditoria, de acordo com as
normas profissionais e com os requisitos legais e regulatórios aplicáveis; e
(b) o relatório do auditor emitido é apropriado nas circunstâncias.
A equipe de trabalho, liderada pelo sócio do trabalho, é responsável, no contexto do sistema de
gestão de qualidade da firma pela:
(a) implementação das respostas da firma aos riscos de qualidade (ou seja, as políticas ou os
procedimentos da firma) aplicáveis ao trabalho de auditoria, usando informações comunicadas pela
firma ou obtidas da firma;
(d) não datar o relatório do auditor antes da conclusão da revisão de qualidade do trabalho.
Nesse ponto, cumpre frisar que a revisão de qualidade do trabalho é requerida para:
(i) auditorias de demonstrações contábeis de entidades listadas;
(ii) auditorias ou outros trabalhos para os quais uma revisão da qualidade do trabalho é requerida
por lei ou regulamento; e
(iii) auditorias ou outros trabalhos para os quais a firma determina que uma revisão da qualidade do
trabalho é uma resposta apropriada para tratar de um ou mais riscos de qualidade.
Neste ponto da aula, apresentamos alguns conceitos gerais para favorecer a compreensão, bem
==27561b==
como algumas passagens presentes nas versões anteriores da NBC PA 01 e da NBC TA 200, não mais
expressas, mas que ainda julgamos importantes para o estudo do tema.
As normas de auditoria apresentam 2 “momentos” do controle de qualidade (utilizamos essa divisão
para fins didáticos):
1) Controle (ou gestão) de qualidade propriamente dito ou interno (expressão não prevista nas
normas): feito pelo sócio encarregado do trabalho, que deve assumir a liderança pela qualidade de
todos os trabalhos de auditoria para os quais foi designado, evidenciar o não cumprimento de
exigências éticas relevantes, concluir sobre o cumprimento dos requisitos de independência etc.
2) Revisão do Controle de Qualidade (ou revisão de qualidade - expressão prevista nas normas):
feita pelo “revisor do controle de qualidade”, que pode ser sócio ou outro profissional da firma,
uma pessoa externa adequadamente qualificada, ou uma equipe composta por essas pessoas,
nenhuma delas fazendo parte da equipe de trabalho. A revisão aplica-se somente a entidades
listadas (com ações negociadas em bolsa de valores) ou outros trabalhos para os quais a firma tenha
determinado essa necessidade ou para os quais haja previsão em lei ou regulamento.
As normas de auditoria que tratam da Supervisão e Controle de Qualidade também fazem diversas
menções a um atributo do auditor muito importante e comentado em outras aulas de nossos cursos:
a Independência.
Nesse contexto, a firma deve estabelecer políticas e procedimentos para fornecer segurança
razoável de que a firma, seu pessoal e, quando aplicável, outras pessoas sujeitas a requisitos de
independência (incluindo pessoal de firma da mesma rede) mantêm a independência requerida por
exigências éticas relevantes. Essas políticas e procedimentos devem permitir à firma:
(a) comunicar seus requisitos de independência a seu pessoal e, quando aplicável, às outras pessoas
sujeitas a elas; e
(b) identificar e avaliar circunstâncias e relações que criam ameaças à independência, e tomar as
medidas apropriadas para eliminá-las ou reduzi-las a um nível aceitável, mediante a aplicação de
salvaguardas ou, se considerado apropriado, retirar-se do trabalho, quando esta retirada é permitida
por lei ou regulamentação
Pelo menos uma vez por ano, a firma deve obter confirmação por escrito do cumprimento de suas
políticas e procedimentos sobre independência de todo o pessoal da firma, que precisa ser
independente por exigências éticas relevantes.
A firma deve estabelecer políticas e procedimentos para:
(a) estabelecer critérios para determinar a necessidade de salvaguardas para reduzir a ameaça de
familiaridade a um nível aceitável ao utilizar o mesmo pessoal sênior em trabalho de asseguração
por longo período de tempo; e
(b) exigir, para auditorias de demonstrações contábeis de entidades listadas, a rotatividade do sócio
do trabalho e dos indivíduos responsáveis pela revisão do controle de qualidade do trabalho e,
quando aplicável, de outras pessoas sujeitas a requisitos de rotatividade, após período especificado
em conformidade com exigências éticas relevantes.
Observação 1: existem diversos tipos de ameaças à Independência (ameaça de interesse próprio, de
intimidação, de familiaridade, etc.). Ameaça de familiaridade é a ameaça de que, devido ao
relacionamento longo ou próximo com o cliente, o auditor venha a se tornar solidário aos interesses
dele ou aceitar seu trabalho sem muito questionamento.
Observação 2: a norma que trata da Independência, antes de sua atualização – ocorrida em
01/01/2020, previa como regra geral para o rodízio dos responsáveis técnicos pelo trabalho de
auditoria a alternância a cada 5 anos, havendo ainda um período de 2 anos para o profissional
retornar à empresa auditada (5+2). Após a atualização da norma, a previsão é de que os responsáveis
técnicos pelo trabalho (sócio ou pessoa nomeada como responsável pela revisão do controle de
qualidade do trabalho) não desempenhem essas atividades por período superior a sete anos
cumulativos (não necessariamente seguidos).
Observação 3: entenda que o rodízio (ou alternância) deve ocorrer não para as firmas de auditoria,
mas sim para os responsáveis técnicos pelos trabalhos (sócios-chave, encarregados da revisão do
controle de qualidade, etc.).
Um dos elementos mais importantes do sistema de controle de qualidade é o Monitoramento. A
firma deve estabelecer um processo de monitoramento para fornecer segurança razoável de que
as políticas e os procedimentos relacionados com o sistema de controle de qualidade são
relevantes, adequados e estão operando de maneira efetiva.
O processo de monitoramento deve:
(a) incluir a contínua consideração e avaliação do sistema de controle de qualidade da firma,
incluindo, de modo cíclico, a inspeção de, pelo menos, um trabalho concluído para cada sócio
encarregado de trabalho;
(b) requerer que a responsabilidade pelo processo de monitoramento seja atribuída a um ou mais
sócios, ou a outras pessoas com experiência e autoridade suficientes e apropriadas na firma para
assumir essa responsabilidade; e
(c) requerer que as pessoas que executam o trabalho ou a revisão do controle de qualidade do
trabalho não estejam envolvidas na inspeção desses trabalhos.
A NBC PA 11 trata da Revisão Externa de Qualidade pelos Pares (ou, simplesmente, “Revisão pelos
Pares”), que se constitui em um em processo de acompanhamento do controle de qualidade dos
trabalhos realizados pelos auditores independentes. Frise-se que a Revisão pelos Pares aplica-se
exclusivamente ao auditor com registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O objetivo da revisão pelos pares é o de avaliar os procedimentos adotados pelo contador que atua
como auditor independente e pela Firma de Auditoria, com vistas a assegurar a qualidade dos
trabalhos de auditoria e asseguração desenvolvidos.
A qualidade, neste contexto, é medida pelo atendimento ao estabelecido nas Normas Brasileiras de
Contabilidade Técnicas e Profissionais, emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e,
quando aplicável, nas normas emitidas por órgãos reguladores.
Grosso modo, podemos entender a Revisão pelos Pares como um exame realizado por um auditor
(revisor) sobre os trabalhos executados por outro auditor (revisado), com vistas a verificar: i) a
adequação dos procedimentos e técnicas aplicados às Normas correspondentes; ii) a adequação do
sistema de controle de qualidade originalmente estabelecido.
O exame realizado pelo revisor sobre os trabalhos do revisado deve seguir um Programa de Revisão,
e deve ter como “produto” um Relatório de Revisão. O Auditor deve submeter-se à Revisão pelos
Pares, no mínimo, uma vez a cada ciclo de quatro anos.
A revisão deve abranger, exclusivamente, aspectos de atendimento às Normas Brasileiras de
Contabilidade Técnicas e Profissionais emitidas pelo CFC e, quando aplicável, a outras normas
emitidas por órgão regulador.
Vejamos, na sequência, as importantes definições trazidas pela NBC PA 11:
5. Para fins desta norma, os seguintes termos são usados com os significados abaixo
especificados:
Revisado é o auditor independente (firma de auditoria ou auditor pessoa física) que deve se
submeter ao Programa de Revisão Externa de Qualidade, de acordo com os critérios
estabelecidos nesta norma.
Revisor é o auditor contratado pelo Revisado para a realização do trabalho de Revisão pelos
Pares.
Revisão pelos Pares é o exame realizado por auditor independente nos trabalhos de auditoria
executados por outro auditor independente, visando verificar se:
(a) os procedimentos e as técnicas de auditoria utilizados para execução dos trabalhos nas
empresas clientes estão em conformidade com as Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas
e Profissionais emitidas pelo CFC e, quando aplicável, com outras normas emitidas por órgão
regulador;
(b) o sistema de controle de qualidade desenvolvido e adotado pelo auditor está adequado e
conforme o previsto na NBC PA 01 – Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e
Físicas) de Auditores Independentes.
Programa de Revisão é o programa de trabalho do Comitê Administrador da Revisão Externa
de Qualidade (CRE) que compreende a definição da abrangência, a seleção dos auditores a
serem revisados, as etapas e os prazos a serem cumpridos pelos auditores revisores na
realização do trabalho de revisão.
Ano base da revisão refere-se ao ano a ser revisado pelo Revisor, que deve ser o ano anterior
ao da indicação do auditor a ser Revisado, ou o outro antecedente, caso não tenha realizado
serviço de auditoria.
Relatório de revisão é o relatório elaborado pelo Revisor, a ser apresentado ao CRE, dispondo
sobre a conformidade, ou não, do sistema de controle de qualidade existente nos trabalhos
desenvolvidos pelo Revisado.
Carta de recomendação é o documento a ser emitido pelo Revisor contendo sugestões para
melhoria das políticas e dos procedimentos de controle de qualidade.
Plano de ação é o documento elaborado pelo Revisado, a ser apresentado ao CRE, dispondo
sobre as ações que ele adotará ou implementará com o objetivo de corrigir as fragilidades
apresentadas na carta de recomendações emitida pelo Revisor ao término do trabalho de
revisão.
Revisão recíproca é a situação em que o Revisor teve sua última revisão realizada pelo atual
Revisado, não importando o intervalo de tempo entre as revisões.
Programa de revisão
14. O Auditor deve submeter-se à Revisão pelos Pares, no mínimo, uma vez a cada ciclo de
quatro anos, considerando que:
(a) a cada ano, no mês de janeiro, devem ser selecionados para inclusão no programa de
revisão, por critério definido pelo CRE, os auditores que deverão submeter-se à Revisão pelos
Pares, sendo, obrigatoriamente, incluídos aqueles que obtiveram seu cadastro na CVM no ano
anterior, que será definido como o ano-base da revisão;
(b) em decorrência de problemas específicos relatados pelo Revisor na última revisão, o CRE
pode decidir por determinar períodos menores para a revisão nos trabalhos do Revisado;
(c) durante o ano, e desde que com justificativa formal, podem ser selecionados, para inclusão
no programa de revisão, outros auditores que não foram selecionados em janeiro;
(d) em decorrência de problemas específicos que venham a ser identificados no Revisor, o CRE
pode decidir por determinar a inclusão desse no programa de revisão do próprio ano, ou no do
ano seguinte, ou ainda determinar períodos menores para a sua revisão.
(UFPR / ISS CURITIBA – 2019) Entre as normas de auditoria existentes e adotadas no Brasil,
há uma específica que trata da revisão externa pelos pares.
O objetivo principal da norma é:
a) reduzir o custo das empresas em relação à contratação da auditoria.
b) disciplinar os procedimentos de auditora executados e se estão em conformidade com a
legislação tributária e previdenciária vigente no país.
c) assegurar a qualidade dos serviços prestados pelas empresas de auditoria.
d) tornar pública e transparente as informações obtidas no processo de auditoria em relação
às empresas de interesse público.
e) obter uma segunda opinião em relação à situação patrimonial das empresas que não são
obrigadas a publicar demonstrações contábeis.
Comentários:
Os 03 primeiros itens da NBC PA 11 tratam de seus Objetivos. Vejamos:
Objetivo
1. A Revisão Externa de Qualidade pelos Pares, doravante denominada “Revisão pelos Pares”,
constitui-se em processo de acompanhamento do controle de qualidade dos trabalhos
realizados pelos auditores independentes.
2. O objetivo da revisão pelos pares é o de avaliar os procedimentos adotados pelo contador
que atua como auditor independente e pela Firma de Auditoria, com vistas a assegurar a
qualidade dos trabalhos de auditoria e asseguração desenvolvidos.
3. A qualidade, neste contexto, é medida pelo atendimento ao estabelecido nas Normas
Brasileiras de Contabilidade Técnicas e Profissionais, emitidas pelo Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) e, quando aplicável, nas normas emitidas por órgãos reguladores.
Pelo exposto, vemos que – dentre outros – o objetivo da NBC PA 11 é assegurar a qualidade
dos trabalhos de auditoria e asseguração desenvolvidos (parte final do item 2).
Gabarito: C
(FCC / ISS MANAUS – 2019) Acerca da NBC PA 11, que regula a “revisão externa de qualidade
pelos pares”, é correto afirmar que:
(A) O auditor somente pode atuar como revisor caso não tenha executado trabalhos de
auditoria independente nos últimos 2 anos anteriores ao da revisão que pretende fazer.
(B) É vedado ao revisor comunicar e discutir os resultados da revisão com a administração
do revisado.
(C) Aplica-se exclusivamente ao auditor com registro na CVM.
(D) O revisado é o auditor contratado para realização dos trabalhos de revisão.
(E) São estimuladas as revisões recíprocas entre auditores independentes (pessoas físicas e
jurídicas).
Comentários:
Por decorrência da previsão expressa do item 4 da NBC PA 11, nosso gabarito é a letra C:
Veja:
4. Esta Norma aplica-se, exclusivamente, ao Auditor com registro na Comissão de Valores
Mobiliários (CVM).
Comentário das demais alternativas:
(A) O auditor somente pode atuar como revisor caso não tenha executado trabalhos de
auditoria independente nos últimos 2 anos anteriores ao da revisão que pretende fazer.
Existe, na realidade, uma vedação ao trabalho como Revisor, no caso do auditor não ter
participado de nenhum trabalho de auditoria independente nos últimos 2 anos.
(B) É vedado ao revisor comunicar e discutir os resultados da revisão com a administração
do revisado. Essa comunicação é uma das responsabilidades do auditor-revisor. Veja:
28. O auditor-revisor tem as seguintes responsabilidades:
(a) organizar, planejar e conduzir os trabalhos de revisão;
(b) supervisionar o trabalho desenvolvido pelos membros da equipe;
(c) comunicar e discutir os resultados da revisão com a administração do auditor-revisado;
(d) elaborar o relatório de revisão e a carta de recomendações, quando for o caso;
(e) apresentar o relatório, a carta de recomendações e a cópia do questionário ao CRE;
(f) dar esclarecimentos ou participar de reunião com o CRE, quando requerido; e
(g) guardar por 7 (sete) anos toda a documentação referente aos trabalhos de revisão. [Grifos
não constantes no original]
(D) O revisado é o auditor contratado para realização dos trabalhos de revisão. O correto
seria dizer “revisor”.
(E) São estimuladas as revisões recíprocas entre auditores independentes (pessoas físicas e
jurídicas). Há vedação expressa para revisões recíprocas na NBC PA 11. Veja:
24. São vedadas as revisões recíprocas entre auditores independentes (pessoas físicas e
jurídicas). Eventuais exceções devem ser submetidas à aprovação do CRE – Comitê
Administrador da Revisão Externa. [Grifos não constantes no original].
Gabarito: C
(CESGRANRIO / PETROBRAS – 2018) Em decorrência das medidas mais rigorosas impostas
às auditorias nos Estados Unidos, pela Lei Sarbanes-Oxley, e em atendimento aos termos da
Resolução CFC 910/2010, foi adotada no Brasil a prática do exame de auditorias por outras
auditorias.
Nesse contexto, tal prática é identificada, no Brasil, pelo nome de
a) auditoria de compliance
b) filosofia de auditoria
c) papel de auditoria
d) processo de abordagem de auditoria
e) revisão pelos pares
Comentários:
A revisão pelos pares pode ser entendida como o exame de auditorias (revisados) por outras
auditorias (revisores).
Gabarito: E
(AOCP / ISS Cariacica – 2020) Nos termos da NBC PA 11 – Revisão Externa de Qualidade pelos
Pares –, assinale a alternativa correta.
(A) Essa revisão constitui-se em um processo de acompanhamento do controle de qualidade
dos trabalhos realizados pelos auditores internos.
(B) O Auditor deve submeter-se à Revisão pelos Pares, no mínimo, uma vez a cada ciclo de
04 (quatro) anos.
(C) A revisão poderá abranger aspectos de atendimento às Normas Brasileiras de
Contabilidade Técnicas e Profissionais emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade e,
quando aplicável, a outras normas emitidas por órgão regulador.
(D) O objetivo da Revisão pelos Pares é o de avaliar os procedimentos adotados pelo
contador que atua como auditor independente e pela firma de auditoria, com vistas a
assegurar a qualidade dos serviços contábeis desenvolvidos.
Comentários:
Como vimos, o Auditor deve submeter-se à Revisão pelos Pares, no mínimo, uma vez a cada
ciclo de quatro anos – o que torna a letra B nosso gabarito. A letra A erra ao mencionar
“auditores internos” (a revisão pelos pares aplica-se aos auditores externos/independentes).
A letra C erra ao dizer que “poderá abranger” (de acordo com a norma, a revisão “deve”
abranger, exclusivamente, aspectos de atendimento às Normas Brasileiras de
NBC TP 01
Conceitos Iniciais
Os instrumentos por meio dos quais o perito leva os elementos de prova à instância decisória são o
laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil. O laudo pericial contábil e o parecer contábil
têm por limite o próprio objeto da perícia deferida ou contratada.
A perícia contábil (judicial ou extrajudicial) é de competência exclusiva de contador em situação
regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição.
Os itens reproduzidos a seguir, acerca dos “tipos” de perícia, também aparecem em provas, ainda
que de forma discreta. Veja:
Planejamento
Elaborado o plano de trabalho pericial, o perito pode convidar os assistentes técnicos para uma
reunião de trabalho, presencial ou por meio eletrônico, para dar conhecimento do planejamento
da execução do trabalho pericial.
Ao identificar, na etapa de elaboração do planejamento, as diligências necessárias (desde que não
haja preclusão de prova documental), é necessário considerar a legislação aplicável, documentos,
registros, livros contábeis, fiscais e societários, laudos e pareceres já realizados e outras informações
pertinentes para determinar a natureza do trabalho a ser executado.
O planejamento deve ser realizado pelo perito nomeado ainda que o trabalho venha a ser
realizado de forma conjunta. Ele deve ser mantido por qualquer meio de registro que facilite o
entendimento dos procedimentos a serem aplicados e sirva de orientação adequada à execução do
trabalho.
O planejamento deve ser revisado e atualizado sempre que fatos novos surjam no decorrer da
perícia.
Quando a perícia exigir o trabalho de terceiros (equipe de apoio, trabalho de especialistas ou
profissionais de outras áreas de conhecimento), o planejamento deve prever a orientação e a
supervisão do perito nomeado, que responde pelos trabalhos por eles executados.
Outro tópico que cai com frequência em provas diz respeito ao termo de diligência. Diligências são
todos os atos adotados pelos peritos na busca de documentos, coisas, dados e informações e outros
elementos de prova necessários à elaboração do laudo e do parecer, mediante termo de diligência,
desde que tais provas não estejam colacionadas aos autos. Ainda, são consideradas diligências as
comunicações às partes, aos peritos-assistentes ou a terceiros, ou petições judiciais. Veja:
Termo de diligência é o instrumento por meio do qual o perito cumpre a determinação legal ou
administrativa e solicita que sejam colocados à disposição livros, documentos, coisas, dados e
informações necessárias à elaboração do laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil.
O termo de diligência serve para formalizar e comprovar o trabalho de campo; deve ser redigido
pelo perito nomeado; e ser encaminhado ao diligenciado.
O perito deve observar os prazos a que está obrigado por força de determinação legal e, dessa
forma, definir o prazo para o cumprimento da solicitação pelo diligenciado.
Caso ocorra a negativa da entrega dos elementos de prova formalmente requeridos, o perito
deve se reportar diretamente a quem o nomeou, contratou ou indicou, narrando os fatos e
solicitando as providências cabíveis.
Estrutura
O termo deve conter os seguintes itens:
(a) identificação do diligenciado;
(b) identificação das partes ou dos interessados e, em se tratando de perícia judicial ou arbitral,
o número do processo ou procedimento, o tipo e o juízo em que tramita;
Execução - Procedimentos
Ao ser intimado para dar início aos trabalhos periciais, o perito nomeado deve comunicar às partes
e aos assistentes técnicos: a data e o local de início da produção da prova pericial contábil, exceto
se fixados pelo juízo, juízo arbitral ou autoridade administrativa.
O perito, enquanto estiver de posse do processo ou de documentos, deve zelar por sua guarda e
segurança e ser diligente. Para a execução da perícia contábil, o perito deve ater-se ao objeto e ao
lapso temporal da perícia a ser realizada.
Mediante termo de diligência, o perito deve solicitar, por escrito, todos os documentos e
informações relacionados ao objeto da perícia, fixando o prazo para entrega. A eventual recusa no
atendimento aos elementos solicitados nas diligências ou qualquer dificuldade na execução do
trabalho pericial devem ser comunicadas ao juízo, com a devida comprovação ou justificativa, em se
tratando de perícia judicial; ao juiz arbitral ou à parte contratante, no caso de perícia extrajudicial.
O perito pode utilizar os meios que lhe são facultados pela legislação e as normas concernentes ao
exercício de sua função, com vistas a instruir o laudo pericial contábil ou o parecer pericial contábil
com as peças que julgar necessárias.
O perito deve manter registro dos locais e datas das diligências, nome das pessoas que o atender,
livros e documentos ou coisas vistoriadas, examinadas ou arrecadadas, dados e particularidades de
interesse da perícia, rubricando a documentação examinada, quando julgar necessário e possível,
juntando o elemento de prova original, cópia ou certidão.
A execução da perícia, quando incluir a utilização de equipe técnica, deve ser realizada sob a
orientação e supervisão do perito, que assume a responsabilidade pelos trabalhos.
O perito deve, ainda, especificar os elementos relevantes que serviram de suporte à conclusão
formalizada no laudo pericial contábil e no parecer pericial contábil.
A parte da norma (NBC TP 01 (R1)) mais recorrente em provas é a que versa sobre os procedimentos
periciais contábeis adotados pelo perito durante a realização de seu trabalho. As bancas costumam
fazer a inversão de suas definições com objetivo de confundi-los. Portanto, fiquem atentos a esses
detalhes. Veja:
Procedimentos
d) investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou parecer técnico-
contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias.
i) testabilidade é a verificação dos elementos probantes juntados aos autos e o confronto com
as premissas estabelecidas. [Grifo nosso]
O perito nomeado, depois de protocolado o laudo, pode fornecer cópia aos assistentes técnicos.
O assistente técnico não pode validar o laudo pericial quando o documento tiver sido elaborado
por leigo ou profissional de outra área, devendo, neste caso, oferecer o parecer pericial contábil
sobre a matéria periciada.
O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil devem ser elaborados somente por contador
ou pessoa jurídica, se a lei assim permitir, que estejam devidamente registrados e habilitados. A
habilitação é comprovada por intermédio da Certidão de Regularidade Profissional emitida por
Conselho Regional de Contabilidade ou do Cadastro Nacional de Peritos Contábeis do Conselho
Federal de Contabilidade.
O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil são documentos escritos, que
devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos
e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova
necessários para a conclusão do seu trabalho.
Os peritos devem consignar, no final do laudo pericial contábil ou do parecer pericial contábil, de
forma clara e precisa, as suas conclusões.
O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil são documentos escritos, nos quais os peritos
devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as
minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a
conclusão do seu trabalho.
Os peritos devem consignar, no final do laudo pericial contábil ou do parecer técnico-contábil, de
forma clara e precisa, as suas conclusões.
O laudo e o parecer são, respectivamente, orientados e conduzidos pelo perito nomeado e pelo
assistente técnico, que devem adotar padrão próprio, respeitada a estrutura prevista nas
disposições legais, administrativas e normativas. A linguagem adotada pelo perito deve ser clara,
concisa, evitando o prolixo e a tergiversação, possibilitando aos julgadores e às partes o devido
conhecimento da prova técnica e interpretação dos resultados obtidos. As respostas aos quesitos
devem ser objetivas, completas e não lacônicas. Os termos técnicos devem ser inseridos no laudo e
no parecer, de modo a se obter uma redação que qualifique o trabalho pericial, respeitadas as
Normas Brasileiras de Contabilidade.
O laudo e o parecer devem contemplar o resultado final alcançado por meio de elementos de
prova inclusos nos autos ou arrecadados em diligências que o perito tenha efetuado, por
intermédio de peças contábeis e quaisquer outros documentos, tipos e formas.
Os peritos devem, na conclusão do trabalho pericial, considerar as formas explicitadas nos itens
seguintes:
(a) omissão de fatos: o perito nomeado não pode omitir nenhum fato relevante encontrado
no decorrer de suas pesquisas ou diligências, mesmo que não tenha sido objeto de quesitação
e desde que esteja relacionado ao objeto da perícia;
(b) a conclusão com quantificação de valores é viável em casos de: apuração de haveres;
liquidação de sentença, inclusive em processos trabalhistas; resolução de sociedade; avaliação
patrimonial, entre outros;
(c) pode ocorrer que, na conclusão, seja necessária a apresentação de alternativas,
condicionada às teses apresentadas pelas partes, casos em que cada uma apresenta uma
versão para a causa. O perito pode apresentar as alternativas condicionadas às teses
apresentadas, devendo, necessariamente, ser identificados os critérios técnicos que lhes deem
respaldo;
(d) a conclusão pode ainda reportar-se às respostas apresentadas nos quesitos;
(e) a conclusão pode ser, simplesmente, elucidativa quanto ao objeto da perícia, não
envolvendo, necessariamente, quantificação de valores.
Quando se tratar de laudo pericial contábil, assinado em conjunto pelos peritos, há
responsabilidade solidária sobre o referido documento.
NBC PP 01
Tipos de peritos:
Ressalte-se que o perito deve comprovar sua habilitação por intermédio de Certidão de
Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos Regionais de Contabilidade ou do Cadastro
Nacional de Peritos Contábeis do CFC. O perito pode anexá-las no primeiro ato de sua manifestação
e na apresentação do laudo ou parecer.
A indicação ou a contratação de assistente técnico ocorre quando a parte ou a contratante desejar
ser assistida por contador, ou comprovar algo que dependa de conhecimento técnico-científico,
razão pela qual o profissional só deve aceitar o encargo se reconhecer estar capacitado com
conhecimento, discernimento e independência para a realização do trabalho.
Dentre os tópicos presentes na NBC PP 01, as situações que caracterizam os impedimentos
profissionais (suspeição e impedimento legal) são, certamente, as que mais aparecem em provas.
Reproduzimos a seguir os dispositivos correspondentes e, na sequência, apresentamos mapa mental
para ajudá-los com a memorização. Veja:
IMPEDIMENTOS PROFISSIONAIS
7. Impedimentos profissionais são situações fáticas ou circunstanciais que impossibilitam o
perito de exercer, regularmente, suas funções ou realizar atividade pericial em processo judicial
ou extrajudicial, inclusive arbitral. Os itens previstos nesta Norma explicitam os conflitos de
interesse motivadores dos impedimentos a que está sujeito o perito nos termos da legislação
vigente.
8. Caso o perito não possa exercer suas atividades com isenção, é fator determinante que ele
se declare impedido, após nomeado ou indicado, quando ocorrerem as situações previstas
nesta Norma.
9. Quando nomeado, o perito deve dirigir petição, no prazo legal, justificando a escusa ou o
motivo do impedimento.
10. Quando indicado nos autos pela parte e não aceitando o encargo, o assistente técnico deve
comunicar a ela sua recusa, devidamente justificada por escrito, facultado o envio de cópia à
autoridade competente.
11. O assistente técnico deve declarar-se impedido quando, após contratado, verificar a
ocorrência de situações que venham suscitar impedimento em função da sua imparcialidade ou
independência e, dessa maneira, comprometer o resultado do seu trabalho.
SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO LEGAL
12. O perito nomeado deve se declarar suspeito ou impedido quando não puder exercer suas
atividades, observadas as disposições legais.
13. O perito deve declarar-se suspeito quando, após nomeado ou contratado, verificar a
ocorrência de situações que venham suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou
independência e, dessa maneira, comprometer o resultado do seu trabalho em relação à
decisão.
14. Os casos de suspeição e impedimento a que está sujeito o perito nomeado são os seguintes:
(a) ser amigo íntimo de qualquer das partes;
(b) ser inimigo capital de qualquer das partes;
(c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus cônjuges, de parentes
destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau ou entidades das quais esses
façam parte de seu quadro societário ou de direção;
(d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou dos seus cônjuges;
(e) ser parceiro, empregador ou empregado de uma das partes;
(f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do objeto da discussão; e
(g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de uma das partes.
15. O perito pode ainda declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo.
A legislação civil determina responsabilidades e penalidades para o profissional que exerce a função
de perito, as quais consistem em multa, indenização e inabilitação. Já a legislação penal estabelece
penas de multa e reclusão para os profissionais que exercem a atividade pericial que vierem a
descumprir as normas legais.
Tratando-se de perícia que abranja mais de uma área de conhecimento especializado (ou seja, ao se
utilizar o trabalho de especialista) o perito deve comunicar ao juízo.
Na elaboração do plano de trabalho e respectiva proposta de honorários, o perito deve considerar,
entre outros fatores: a relevância, o vulto, o risco, a responsabilidade, a complexidade operacional,
o pessoal técnico, o prazo estabelecido e a forma de recebimento.
O perito deve elaborar a proposta de honorários, quando possível, descrevendo o plano de trabalho
de forma a atender ao objeto da perícia, considerando as várias etapas do trabalho pericial até o
término da instrução ou homologação do laudo.
O perito pode ressalvar que as despesas com viagens, hospedagens, transporte, alimentação e
outras despesas não estão inclusas na proposta de honorários e devem ser objeto de ressarcimento.
O assistente técnico deve, obrigatoriamente, celebrar contrato de prestação de serviços com o seu
cliente, observando as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Contabilidade.
O perito deve ressaltar, em sua proposta de honorários, que esta não contempla os honorários
relativos a quesitos suplementares/complementares. Quando haja necessidade de
complementação de honorários, devem-se observar os mesmos critérios adotados para a
elaboração da proposta inicial.
O perito nomeado pode requerer a liberação de até 50% dos honorários depositados, quando julgar
necessário para o custeio antes do início dos trabalhos, sendo defeso o perito receber honorários
diretamente dos litigantes ou de seus procuradores ou prepostos, salvo disposição em contrário
determinada pela autoridade competente.
Quando a perícia for considerada inconclusiva ou ineficiente, ou quando substituído, pode a
autoridade competente determinar a redução ou devolução do valor dos honorários já recebidos.
Os honorários periciais fixados ou arbitrados e não quitados podem ser executados, judicialmente,
pelo perito em conformidade com os dispositivos do Código de Processo Civil.
Gabarito: E.