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Guilherme Sant Anna, Tonyvan de Carvalho Oliveira

Aula 03

Segundo a NBC TA 530, “amostragem em auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria


em menos de 100% dos itens de população relevante para fins de auditoria, de maneira que todas
as unidades de amostragem tenham a mesma chance de serem selecionadas para proporcionar uma
base razoável que possibilite o auditor concluir sobre toda a população”.
O objetivo do auditor, ao usar a amostragem em auditoria, é o de proporcionar uma base razoável
para que possa concluir quanto à população da qual a amostra é selecionada.
Ressaltamos que a amostragem é apenas um dos métodos que os auditores utilizam para obter
evidências sobre afirmações. O auditor, ao efetuar a seleção de itens para obtenção de evidência
de auditoria apropriada e suficiente, dispõe dos seguintes meios:
(a) seleção de todos os itens (exame de 100% - também chamada de procedimento censitário);
(b) seleção de itens específicos; e
(c) amostragem de auditoria.

A aplicação de qualquer um desses meios ou uma combinação deles pode ser apropriada
dependendo das circunstâncias específicas, por exemplo, os riscos de distorção relevante
relacionados à afirmação que está sendo testada, e a praticidade e eficiência dos diferentes meios.
Grosso modo, a amostragem em auditoria é recomendável quando os itens da população de
interesse possuem características homogêneas, bem como quando não é possível efetuar um
procedimento censitário (seleção de todos os itens).
A escolha do método de seleção é uma questão de julgamento profissional do auditor, feita com
base na avaliação de risco, na materialidade, na eficiência e no custo da auditoria. No entanto, o
método escolhido deve ser eficaz no cumprimento do objetivo do procedimento de auditoria e, em
última análise, na coleta de evidências que darão suporte à conclusão do auditor. O quadro a seguir
sintetiza as circunstâncias em que cada método é apropriado, podendo haver aplicação combinada
deles.

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Aula 03

MÉTODOS DE SELEÇÃO E CIRCUNSTÂNCIAS APROPRIADAS PARA SUA UTILIZAÇÃO


MÉTODO APROPRIADO QUANDO/PARA:

Seleção de todos • A população constituída por uma pequena quantidade de


itens de valor alto.
os itens • Existe um risco significativo e outros meios não fornecem
evidência de auditoria suficiente e apropriada.
• Podem ser usadas TAAC (técnicas de auditoria assistidas
por computador) em uma população maior para testar
eletronicamente um cálculo repetitivo ou outro processo.
Seleção de itens • Itens-chave ou de valor alto que individualmente
poderiam resultar em distorção relevante.
específicos • Todos os itens acima de um valor especificado.
• Quaisquer itens ou divulgações de demonstrações
financeiras não usuais ou sensíveis.
• Quaisquer itens altamente suscetíveis à distorção.
• Itens que fornecerão informações sobre assuntos/áreas,
tais como a natureza da entidade, a natureza das
transações e o controle interno.
• Itens para testar a operação de certas atividades de
controle.
Amostragem • Chegar a uma conclusão sobre todo um conjunto de dados
(população) por meio da seleção e do exame de uma
amostra representativa de itens da população –
principalmente quando tais itens possuem características
homogêneas.
Fonte: adaptado de IFAC (2010).

O quadro a seguir ilustra alguns enfoques alternativos (amostragem, procedimentos analíticos, uso
de software, etc.) à coleta de evidências sobre afirmações em demonstrações financeiras e exemplos
de tipos específicos de evidência que podem ser obtidas de acordo com cada tipo de afirmação
(existência, integridade, direitos, etc.). A informação a seguir, como dito, é meramente ilustrativa e
geralmente não cobrada em provas.

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ENFOQUES ALTERNATIVOS À OBTENÇÃO DE EVIDÊNCIA DE AUDITORIA SOBRE AFIRMAÇÕES


AFIRMAÇÃO ENFOQUES PARA OBTENÇÃO DE EVIDÊNCIA

Existência • Amostragem: tomar uma amostra e examinar a evidência subjacente


ou enviar pedidos de confirmação.
• Procedimentos analíticos: comparação com expectativas do auditor
baseadas em dados do ano anterior ou outros indicativos
econômicos.
• Análise: revisão de 100% das transações ou de dados em um sistema
computadorizado para determinar se a classificação é apropriada.
• Software de auditoria: ordenar o arquivo para identificar os itens
maiores, os menores, os mais frequentes; também é útil para
identificar transações incomuns.
• Rever blocos de transações para verificar se a classificação é
apropriada, por exemplo, fazendo testes de corte no final do ano.
Integridade • Amostragem: selecionar uma amostra em busca de passivos
contabilizados de forma incompleta.
• Procedimentos analíticos: comparação com expectativas do auditor
baseadas em dados do ano anterior ou outros indicativos
econômicos.
• Rever blocos de transações para verificar se a classificação é
apropriada, por exemplo, fazendo testes de corte no final do ano.
Direitos • Amostragem: geralmente em conjunto com testes de existência,
mediante o exame de documentos originais.
• Procedimentos analíticos: buscar relações incomuns (saldo de caixa
superior ou inferior ao esperado ou anomalias semelhantes nos
dados básicos).
Avaliação • Amostragem: selecionar itens e associá-los a documentos originais
(por ex., contratos de compra ou faturas).
• Procedimentos analíticos: exame de modelos utilizados para predizer
valores estimados, tais como provisões para devedores duvidosos e
comparação de estimativas de modelos às expectativas do auditor.
• Software de auditoria: totalizar o arquivo e testar cálculos.
• Procedimentos analíticos: identificar anomalias nos dados básicos.
Apresentação e • Amostragem: verificar estimativas ou outros itens para determinar se
a divulgação é apropriada.
Divulgação • Revisão de 100%, tal como a leitura das notas explicativas de
demonstrações financeiras.
Fonte: Gramling, Rittenberg e Johnstone (2012).

A escolha do método de obtenção de evidência depende da natureza das transações e das


afirmações específicas que estão sendo testadas. Embora seja importante entender as técnicas de
amostragem, é igualmente importante saber que há poucas contas para as quais a conclusão do

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auditor sobre seus saldos será baseada exclusivamente em dados de amostragem (Gramling,
Rittenberg e Johnstone, 2012).
Ao definir uma amostra de auditoria, o auditor deve considerar a finalidade do procedimento de
auditoria e as características da população da qual será retirada a amostra. Como os objetivos, por
exemplo, dos testes de controles e dos procedimentos substantivos são distintos, diferentes
abordagens podem ser utilizadas.
A amostragem em auditoria pode ser estatística (o que pressupõe seleção aleatória e uso da teoria
das probabilidades para a avaliação dos resultados) e não estatística. Pela amostragem estatística,
os itens da amostra são selecionados de modo que cada unidade de amostragem tenha uma
probabilidade conhecida e diferente de zero de ser selecionada. Pela amostragem não estatística, o
julgamento é usado para selecionar os itens da amostra.
Tanto a amostragem estatística quanto a não estatística, quando adequadamente utilizadas, podem
fornecer evidência suficiente para as conclusões do auditor. (Gramling, Rittenberg e Johnstone,
2012).

Entretanto, somente os resultados de amostras estatísticas podem ser extrapolados para toda
a população.
Os resultados obtidos em amostragens não estatísticas são válidos apenas para os elementos
observados. Essa situação deve ser registrada de forma clara para evitar interpretações
enviesadas acerca da população.

Destacamos os parágrafos acima na caixa azul para podermos tecer algumas considerações
complementares a seu respeito.

A afirmação acima, que diz que apenas os resultados da amostragem estatística podem ser
extrapolados para toda a população, não se encontra prevista de forma expressa nas Normas
Técnicas de Auditoria (especialmente na NBC TA 530). Tal entendimento encontra fundamento
em posicionamentos doutrinários, bem como em normas de auditoria governamental.

Outro ponto importante para nosso estudo é o fato de que o tamanho da amostra não é um critério
válido para distinguir entre as abordagens estatísticas e não estatísticas, pois uma amostra

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estatística não necessariamente implicará numa amostra de tamanho maior do que uma não
estatística.
Em qualquer amostra inferior a 100% da população, sempre há o risco de uma distorção não ser
identificada e de poder exceder o nível tolerável de distorção ou desvio. Isso é denominado risco de
amostragem. Em outras palavras, o risco de amostragem é o risco de que a conclusão do auditor,
com base em uma amostra, seja diferente daquela que seria obtida se toda a população tivesse sido
testada.
O auditor deve determinar o tamanho de amostra suficiente para reduzir o risco de amostragem
a um nível mínimo aceitável (reparem, portanto, que não se pode eliminar o risco de amostragem).
A amostragem estatística permite controlar precisamente o risco de fazer uma inferência incorreta
a respeito da população da qual a amostra é extraída, enquanto a não estatística não possibilita tal
tipo de controle (Gramling, Rittenberg e Johnstone, 2012).

Os auditores independentes – profissionais autônomos ou sociedades – precisam implantar e


manter procedimentos e regras de supervisão e controle interno de qualidade de modo a garantir
a qualidade dos serviços executados. Diversos fatores devem ser considerados no estabelecimento
das regras e procedimentos de controle interno de qualidade, especialmente os ligados à estrutura
da equipe técnica do auditor, ao porte, ao clima, à organização e à complexidade dos serviços a
serem realizados.
A supervisão e o controle interno de qualidade são relevantes na garantia da qualidade do serviço
prestado, devendo abranger todas as atividades dos auditores, principalmente considerando-se a
repercussão que o relatório de auditoria pode ter sobre a entidade auditada.

A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à


instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou
constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer técnico-contábil, em
conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no que for
pertinente.
A perícia e a auditoria se distinguem por vários fatores, notadamente por possuírem objetivos
distintos. Enquanto o objetivo da auditoria independente é aumentar o grau de confiança nas
demonstrações contábeis mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre se as
demonstrações contábeis foram elaboradas de acordo com a estrutura aplicável, a perícia serve a
uma época, a um questionamento específico, com o objetivo de levantar elementos de prova e
esclarecer uma controvérsia instaurada, um litígio ou constatar um fato.

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A NBC TA 530 – Amostragem em Auditoria se aplica quando o auditor independente decide usar
amostragem na execução de procedimentos de auditoria. Ela trata do uso de amostragem estatística
e não estatística na definição e seleção da amostra de auditoria, na execução de testes de controles1
e de detalhes 2e na avaliação dos resultados da amostra.
O objetivo do auditor, ao usar a amostragem em auditoria, é o de proporcionar uma base razoável
para o auditor concluir quanto à população da qual a amostra é selecionada.
O método de amostragem é aplicado como forma de viabilizar a realização de ações de controle em
situações onde o objeto alvo da ação se apresenta em grandes quantidades e/ou se distribui de
maneira bastante pulverizada. A amostragem é também aplicada em função da necessidade de
obtenção de informações em tempo hábil, em casos em que a ação na sua totalidade se torna
impraticável.
A amostragem tem como objetivo conhecer as características de interesse de uma determinada
população a partir de uma parcela representativa. É um método utilizado quando se necessita obter
informações sobre um ou mais aspectos de um grupo de elementos (população), considerado
grande ou numeroso, observando apenas uma parte do mesmo (amostra). As informações obtidas
dessa parte somente poderão ser utilizadas de forma a concluir algo a respeito do grupo, como um
todo, caso esta seja representativa.
A representatividade é uma característica fundamental para a amostra, que depende de sua forma
de seleção e tamanho. Potencialmente, a amostra obtém essa característica de relevância quando é
tomada ao acaso. Para uma amostra ser considerada representativa de uma população, ela deve
possuir características de todos os seus elementos, bem como ter conhecida a probabilidade de
ocorrência de cada elemento na sua seleção.
Todas as definições delineadas abaixo – algumas delas já comentadas ao longo da seção
Contextualização – já foram objeto de provas nos mais diversos concursos. Segundo a NBC TA 530:
5. Para fins das normas de auditoria, os termos a seguir têm os significados a eles atribuídos:
Amostragem em auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria em menos de 100%
dos itens de população relevante para fins de auditoria, de maneira que todas as unidades de
amostragem tenham a mesma chance de serem selecionadas para proporcionar uma base
razoável que possibilite o auditor concluir sobre toda a população.

1
Teste de controle é o procedimento de auditoria planejado para avaliar a efetividade operacional dos
controles na prevenção ou detecção e correção de distorções relevantes.
2
Teste de detalhe é o procedimento planejado para detectar distorções relevantes no nível de afirmações
(declarações incorporadas às demonstrações) relativas a classes de transações, saldos de contas e
divulgações).

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População é o conjunto completo de dados sobre o qual a amostra é selecionada e sobre o qual
o auditor deseja concluir.

Risco de amostragem é o risco de que a conclusão do auditor, com base em amostra, pudesse
ser diferente se toda a população fosse sujeita ao mesmo procedimento de auditoria. O risco
de amostragem pode levar a dois tipos de conclusões errôneas:

(a) no caso de teste de controles, em que os controles são considerados mais eficazes do que
realmente são ou no caso de teste de detalhes, em que não seja identificada distorção
relevante, quando, na verdade, ela existe. O auditor está preocupado com esse tipo de
conclusão errônea porque ela afeta a eficácia da auditoria e é provável que leve a uma opinião
de auditoria não apropriada.
(b) no caso de teste de controles, em que os controles são considerados menos eficazes do que
realmente são ou no caso de teste de detalhes, em que seja identificada distorção relevante,
quando, na verdade, ela não existe. Esse tipo de conclusão errônea afeta a eficiência da
auditoria porque ela normalmente levaria a um trabalho adicional para estabelecer que as
conclusões iniciais estavam incorretas.
Esclarecendo: a eficácia, ou o resultado, da auditoria é prejudicada quando o auditor chega a
conclusões errôneas, seja por considerar os controles mais eficazes do que realmente são
(superavaliá-los), seja por não identificar distorção quando elas realmente existem. Percebam
que, nesse caso, o auditor “deu mole” ao considerar as coisas mais seguras do que elas
realmente eram; isso prejudica todo o resultado do trabalho. Já a eficiência (medida de
utilização de recursos no processo) é prejudicada quando o auditor tem um trabalho a mais
para perceber que estava errado inicialmente, seja por considerar os controles menos eficazes
do que realmente são (subestimá-los), seja por considerar que há distorções quando elas não
existem. Percebam, nesse caso, que o auditor “pecou por excesso”.

Risco não resultante da amostragem é o risco de que o auditor chegue a uma conclusão
errônea por qualquer outra razão que não seja relacionada ao risco de amostragem.
Os exemplos de risco não resultante da amostragem incluem o uso de procedimentos de
auditoria não apropriados ou a interpretação errônea da evidência de auditoria e o não
reconhecimento de uma distorção ou de um desvio.

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Anomalia é a distorção ou o desvio que é comprovadamente não representativo de distorção


ou desvio em uma população.

Unidade de amostragem é cada um dos itens individuais que constituem uma população.
Esclarecendo: apesar do nome "unidade DE AMOSTRAGEM", esse conceito está diretamente
relacionado à população da qual se deseja extrair a amostra, e não à amostra propriamente
dita. É o que se extrai da própria definição (cada um dos itens que constituem uma
POPULAÇÃO).

Amostragem estatística é a abordagem à amostragem com as seguintes características:


(a) seleção aleatória dos itens da amostra; e
(b) o uso da teoria das probabilidades para avaliar os resultados das amostras, incluindo a
mensuração do risco de amostragem.
A abordagem de amostragem que não tem as características (i) e (ii) é considerada uma
amostragem não estatística.

Estratificação é o processo de dividir uma população em subpopulações, cada uma sendo um


grupo de unidades de amostragem com características semelhantes (geralmente valor
monetário).
Atenção: veremos mais detalhes acerca da Estratificação mais à frente. Por ora, prestem
atenção ao fato de que as subpopulações são grupos de unidades de amostragem com
características SEMELHANTES (ou HOMOGÊNEAS) – e não características distintas ou
heterogêneas.

Distorção tolerável é um valor monetário definido pelo auditor para obter um nível apropriado
de segurança de que esse valor monetário não seja excedido pela distorção real na população.
Observação: por menos intuitivo que pareça o conceito acima, podemos pensar na distorção
tolerável como um valor discrepante com o qual o auditor aceita (ou tolera) conviver. Excedido
esse valor, o auditor tem “com o que se preocupar”. Em outros termos, a distorção tolerável
corresponde ao máximo que se admitirá de erro para os resultados obtidos na amostra. A
distorção tolerável pode ter o mesmo valor ou valor menor do que o da materialidade na
execução da auditoria.

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Taxa tolerável de desvio é a taxa de desvio dos procedimentos de controles internos previstos,
definida pelo auditor para obter um nível apropriado de segurança de que essa taxa de desvio
não seja excedida pela taxa real de desvio na população. [grifos não constantes no original]
Observação: podemos entender a taxa tolerável de desvios como uma taxa (%) máxima
admitida de erros relacionados aos procedimentos de controle. Enquanto a distorção tolerável
é um valor (absoluto), a taxa tolerável de desvio é um valor percentual.

Ao definir uma amostra de auditoria, o auditor deve considerar: 1) a finalidade do procedimento


de auditoria; e 2) as características da população da qual será retirada a amostra.
A amostragem de auditoria permite que o auditor obtenha e avalie a evidência de auditoria em
relação a algumas características dos itens selecionados de modo a concluir, ou ajudar a concluir,
sobre a população da qual a amostra é retirada. Como dissemos anteriormente, a amostragem em
auditoria pode ser aplicada usando tanto a abordagem de amostragem não estatística como a
estatística.
Em complemento à passagem vista cima, podemos considerar que, ao definir uma amostra, o
auditor deve considerar os fins específicos a serem alcançados e a combinação de procedimentos
de auditoria que devem alcançar esses fins.
Ao considerar as características de uma população, para testes de controles, o auditor faz uma
avaliação da taxa esperada de desvio com base no seu entendimento dos controles relevantes ou
no exame de pequena quantidade de itens da população. Essa avaliação é feita para estabelecer a
amostra de auditoria e determinar seu tamanho. Por exemplo, se a taxa esperada de desvio for
inaceitavelmente alta, o auditor geralmente decide por não executar os testes de controles. Da
mesma forma, para os testes de detalhes, o auditor faz uma avaliação da distorção esperada na
população. Se a distorção esperada for alta, o exame completo ou o uso de amostra maior pode ser
apropriado ao executar os testes de detalhes.
A decisão quanto ao uso de abordagem de amostragem estatística ou não estatística é uma questão
de julgamento do auditor, não sendo o tamanho da amostra um critério válido para distinguir entre
as abordagens estatísticas e não estatísticas.
O auditor deve ainda determinar o tamanho de amostra suficiente para reduzir o risco de
amostragem a um nível mínimo aceitável. O tamanho da amostra pode ser determinado mediante
aplicação de fórmula com base em estatística ou por meio do exercício do julgamento profissional.
Apesar de não aparecer nas normas de auditoria, uma fórmula estatística amplamente utilizada para
o cálculo do tamanho da amostra é a seguinte:

Tamanho da amostra = fator de confiança / taxa tolerável de desvio

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O nível de risco de amostragem que o auditor está disposto a aceitar afeta o tamanho
da amostra exigida. Quanto menor o risco que o auditor está disposto a aceitar, maior
deve ser o tamanho da amostra.

O item acima, muito cobrado em provas, determina uma relação inversa entre o
tamanho da amostra e o risco que o auditor está disposto a aceitar. Trata-se de
relação, de certa maneira, lógica. Afinal, se o auditor não está muito propenso ao risco,
deve aumentar a amostra de maneira a reduzir possíveis conclusões equivocadas.

(TJ SP / 2019) A respeito do uso de amostras para a realização dos trabalhos de auditoria, assinale
a alternativa correta.
a) A utilização de amostras nos trabalhos de auditoria não é autorizada pelas normas brasileiras
de auditoria por comprometer a imparcialidade que deve orientar os trabalhos do auditor.
b) Ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou um método de seleção de itens a serem
testados, não poderão ser empregadas técnicas de amostragem.
c) A utilização de amostragem estatística deve ser evitada nos trabalhos de auditoria por não
permitir segurança suficiente a respeito dos seus achados.
d) Ao usar método de amostragem, estatística ou não, deve ser projetada e selecionada uma
amostra que possa proporcionar evidência de auditoria suficiente e apropriada.
e) Amostra e população são conceitos sinônimos em matéria de procedimentos de auditoria com
base em estatísticas.
Comentários:
Analisando cada assertiva:
A: errada. Vimos que a amostragem é plenamente autorizada pelas normas brasileiras de
contabilidade.

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B: errada. A NBC TI 01 – Auditoria Interna, prevê justamente o contrário. Estudamos, no detalhe,


a NBC TI 01 em outras aulas de nossos cursos. Trazemos, no momento, esta passagem, por ser
diretamente relacionada ao tema amostragem. Veja:
12.2.4.1 – Ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou um método de seleção de itens a
serem testados, podem ser empregadas técnicas de amostragem.
C: errada. Assertiva totalmente sem previsão normativa. A amostragem estatística é
perfeitamente utilizável.
D: correta, nos termos exatos da NBC TI 01 (norma que trata da auditoria interna):
12.2.4.2 – Ao usar método de amostragem, estatística ou não, deve ser projetada e selecionada
uma amostra que possa proporcionar evidência de auditoria suficiente e apropriada.
E: errada. Vimos que os conceitos são distintos. Amostra é uma parte do todo (população).
Gabarito: D.
(ISS São Luís – Auditor Fiscal – 2018 – Adaptada) Considere a seguinte situação hipotética:
Determinado Estado da Federação mantém programa de Cidadania Fiscal por meio do qual a
emissão de notas e cupons fiscais pode ser feita com a inclusão do número de CPF do consumidor
final. Após cadastro no programa, é possível que esses contribuintes diretos obtenham descontos
no imposto sobre a propriedade de veículos automotores – IPVA devido.
Em auditoria interna da base de dados de resgates de pontos na forma de descontos no IPVA,
realizou-se um teste para apurar a distância geográfica entre os estabelecimentos em que foram
realizadas as compras dos bens e serviços de onde se originou a pontuação resgatada, o endereço
registrado no cadastro do programa e o domicílio do proprietário constante da anotação no
Departamento Estadual de Trânsito. O objetivo pretendido era indicar possíveis erros, fraudes ou
simulações.
Após inspeção gráfica dos dados, o auditor promoveu a exclusão de uma série de observações que,
a seu juízo, não poderiam estar corretas. Ao fim, chegou-se a uma relação de pessoas jurídicas
como emissoras de documentação fiscal com afastamento geográfico suspeito entre sede e local
de utilização dos pontos derivados.
Sobre o caso e considerando a amostragem em auditoria, é correto afirmar.
a) As normas não permitem a exclusão dos chamados valores aberrantes (outliers), pois, sem a
integralidade do espaço amostral, as conclusões são tendenciosas.
b) Embora tecnicamente correto, tal trabalho nunca poderia subsidiar uma campanha de auditoria
dirigida.
c) Pode-se dizer que se trata de uma aplicação do método aleatório de seleção de amostra.
d) Se o auditor desejar aumentar o risco amostragem, deve diminuir o tamanho da amostra.
Comentários:

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A questão começa com uma narrativa que é praticamente irrelevante para a resolução da questão.
Vamos avaliar as assertivas:
Letra A: ERRADA. Esses são os chamados “pontos fora da curva”. Não há, nas normas de auditoria,
óbices (impedimentos) para tal exclusão. Podemos considerar, em termos estatísticos, que essa
eliminação é uma boa prática. Reparem que mais uma vez o enunciado é de pouca valia.
Letra B: ERRADA. A forma como foi conduzido o trabalho poderia subsidiar qualquer tipo de
auditoria.
Letra C: ERRADA. Segundo a NBC TA 530, seleção aleatória é aquela aplicada por meio de
geradores de números aleatórios como, por exemplo, tabelas de números aleatórios. A questão
não traz informações suficientes para garantir isso. Veremos adiante os tipos de seleção de
amostra.
Letra D. CORRETA. Estamos diante da relação inversa entre o tamanho da amostra e o risco de
amostragem (vista acima). O examinador aqui foi maldoso, pois apesar de manter a relação
inversa, alterou o “sentido” dos fatores da afirmação. Percebam:
Original da norma: quanto menor o risco que o auditor está disposto a aceitar, maior deve ser o
tamanho da amostra;
Assertiva: se o auditor desejar aumentar o risco amostragem, deve diminuir o tamanho da
amostra.
Ora, fica difícil supor que um auditor, em sã consciência, desejaria aumentar o risco de
amostragem. Independente disso, a relação inversa foi preservada, daí a correção da assertiva.
Reparem que, mais uma vez, não era preciso ler o enunciado para chegar a essa conclusão e, por
consequência, ao gabarito da questão.
Gabarito: D.
O auditor deve, também, selecionar itens para amostragem de forma que cada unidade de
amostragem da população tenha a mesma chance de ser selecionada.
Reiteramos que o auditor pode usar duas abordagens de amostragens: a estatística e a não
estatística. Pela amostragem estatística, os itens da amostra são selecionados de modo que cada
unidade de amostragem tenha uma probabilidade conhecida de ser selecionada. Pela amostragem
não estatística, o julgamento é usado para selecionar os itens da amostra. Nesse contexto, é
importante que o auditor selecione uma amostra representativa, de modo a evitar tendenciosidade
mediante a escolha de itens da amostra que tenham características típicas da população.
Os principais métodos para selecionar amostras correspondem ao uso de seleção aleatória, seleção
sistemática e seleção ao acaso. Veremos adiante detalhes sobre os métodos para seleção de
amostras. Adiantamos que há, além desses três (tidos como “principais”), mais dois métodos
(amostragem de unidade monetária e seleção de bloco).
A seguir, apresentaremos trechos da norma relacionados à execução de procedimentos de auditoria
em itens da amostra selecionados, natureza e causa de desvios e distorções, e projeção de
distorções.

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O auditor deve executar os procedimentos de auditoria, apropriados à finalidade, para cada item
da amostra selecionado.

Se o procedimento de auditoria não for aplicável ao item selecionado, o auditor


deve executar o procedimento em um item que substitua o anteriormente
selecionado – esse é o chamado procedimento em item de substituição.
Um exemplo de quando é necessário executar o procedimento em item de substituição é quando
um cheque cancelado é selecionado durante teste de evidência de autorização de pagamento (nesse
cenário, o auditor busca algum “problema”, ou desvio, no processo de cancelamento do cheque).
Se, no entanto, o auditor ficar satisfeito, concluindo que o cheque foi cancelado de forma apropriada
de modo a não constituir desvio, um item escolhido de maneira apropriada para substituí-lo é
examinado.
Se não for possível aplicar os procedimentos de auditoria definidos ou procedimentos alternativos
adequados em um item selecionado, o auditor deve tratar esse item como um desvio do controle
previsto, no caso de testes de controles, ou uma distorção, no caso de testes de detalhes. Um
exemplo de quando o auditor não pode aplicar os procedimentos de auditoria definidos a um item
selecionado é quando a documentação relacionada com esse item tiver sido perdida.
O auditor deve investigar a natureza e a causa de quaisquer desvios ou distorções identificados e
avaliar o possível efeito causado por eles na finalidade do procedimento de auditoria e em outras
áreas de auditoria.
Em circunstâncias extremamente raras, quando o auditor considera que uma distorção ou um
desvio descobertos na amostra são anomalias, o auditor deve obter um alto grau de certeza de que
essa distorção ou esse desvio não sejam representativos da população. O auditor deve obter esse
grau de certeza mediante a execução de procedimentos adicionais de auditoria, de modo a obter
evidência de auditoria apropriada e suficiente de que a distorção ou o desvio não afetam o restante
da população.
Para os testes de detalhes, o auditor deve projetar, para a população, as distorções encontradas
na amostra.
As distorções encontradas na amostra devem ser projetadas para a população de modo a se obter
uma visão mais ampla da escala de distorção, mas essa projeção pode ainda não ser suficiente para
determinar o valor a ser registrado.
Quando a distorção tiver sido estabelecida como uma anomalia, ela pode ser excluída da projeção
das distorções para a população. Entretanto, o efeito de tal distorção, se não for corrigido, ainda
precisa ser considerado, além da projeção das distorções não anômalas.
Já para os testes de controles, não é necessária qualquer projeção explícita dos desvios, uma vez
que a taxa de desvio da amostra também é a taxa de desvio projetada para a população como um
todo.
A avaliação do resultado de uma amostragem em auditoria é um procedimento essencial a ser
realizado pelo auditor. Nesse contexto, o auditor deve avaliar:

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(a) os resultados da amostra; e


b) se o uso de amostragem de auditoria forneceu uma base razoável para conclusões sobre a
população que foi testada.
No contexto da avaliação do resultado, especificamente em relação aos testes de controle, uma taxa
de desvio da amostra inesperadamente alta pode levar a um aumento no risco identificado de
distorção relevante, a menos que sejam obtidas evidências adicionais de auditoria que comprovem
a avaliação inicial.
Ainda nesse contexto, agora em relação aos testes de detalhes, a distorção projetada mais a
distorção anômala, quando houver, é a melhor estimativa do auditor de distorção na população.

Distorção na população para testes de detalhes = distorção projetada + distorção anômala

Se o auditor conclui que a amostragem de auditoria não forneceu uma base


razoável para conclusões sobre a população que foi testada, o auditor pode:
• solicitar que a administração investigue as distorções identificadas e o potencial para distorções
adicionais e faça quaisquer ajustes necessários; ou
• ajustar a natureza, época e extensão desses procedimentos adicionais de auditoria para melhor
alcançar a segurança exigida. Por exemplo, no caso de testes de controles, o auditor pode aumentar
o tamanho da amostra, testar um controle alternativo ou modificar os respectivos procedimentos
substantivos.
A seguir, apresentamos alguns esquemas das principais informações vistas até o momento:

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A NBC TA 530 traz em seu corpo um total de 04 (quatro) Apêndices, todos eles importantes e cujos
ensinamentos são cobrados em provas recorrentemente. Os apêndices 1 e 4 envolvem,
respectivamente, detalhes da estratificação e os métodos de seleção da amostra. Sua cobrança em
provas é mais tranquila (ou direta). Os apêndices 2 e 3 tratam dos fatores que influenciam o
tamanho da amostra.
As bancas costumam comparar o tamanho da amostra a um dos fatores que influenciam o seu
tamanho. A essência das perguntas é se essa relação se dá de forma direta ou inversa. Por exemplo:
o que acontece com o tamanho da amostra se for aumentada a distorção tolerável? Nesse caso, o
tamanho da amostra deverá reduzir, uma vez que essas duas grandezas possuem relação inversa.
Na maioria dos casos, podemos fazer uma dedução lógica para concluir sobre a relação entre
determinado fator e o tamanho da amostra.
Vejamos, na sequência, o que nos ensina o Apêndice 1, que trata da Estratificação e da Seleção com
Base em Valor. Atenção ao fato de que a Estratificação permite que o tamanho da amostra seja
reduzido sem aumentar o risco de amostragem.

APÊNDICE 1 - ESTRATIFICAÇÃO E SELEÇÃO COM BASE EM VALOR

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Outros pontos de destaque, em relação à estratificação, são os seguintes:


• Nesse processo, a população é GERALMENTE estratificada com base no valor monetário.
Portanto, questão que afirme que a população SEMPRE é dividida (ou estratificada) com
base no valor monetário está errada!
• Os resultados obtidos com a aplicação de procedimentos dentro de um estrato, por óbvio,
só podem ser projetados para os itens que compõem esse mesmo extrato.

Em relação à seleção com base em valor, o Apêndice 1 da NBC TA 530 nos ensina que, ao executar
os testes de detalhes, pode ser eficaz identificar a unidade de amostragem como unidades
monetárias individuais que compõem a população. Após ter selecionado unidades específicas da
população, como por exemplo, o saldo das contas a receber, o auditor pode, então, examinar os
itens específicos, como por exemplo, os saldos individuais que contêm essas unidades monetárias.
O benefício dessa abordagem para definir a unidade de amostragem é que o trabalho de auditoria
é direcionado para itens de valor maior porque eles têm mais chances de serem selecionados e
podem resultar em amostras de tamanhos menores. Essa abordagem pode ser usada juntamente
com o método sistemático de seleção de amostras e é muito eficiente quando os itens são
selecionados usando a seleção aleatória.

Resumindo as informações relacionadas à seleção com base em valor:

• É usada na aplicação de testes de detalhes (ou testes substantivos);


• Consiste, basicamente, em identificar a unidade de amostragem como uma unidade
monetária individual (por exemplo, cada real – R$ - é considerado uma unidade de
amostragem);
• O trabalho é direcionado para os itens de maior valor, uma vez que eles têm mais chances
de ser selecionados (exemplo: um saldo de conta de R$ 3.000 possui 3x mais chance de ser
selecionado do que um saldo de conta de R$ 1.000).

Vejamos, agora, o que nos ensinam os Apêndices 2 e 3 da norma – muito cobrados em provas!

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APÊNDICES 2 E 3 – FATORES QUE INFLUENCIAM O TAMANHO DA AMOSTRA PARA OS


TESTES DE CONTROLES E PARA OS TESTES DE DETALHES

FATORES QUE INFLUENCIAM NO TAMANHO DA AMOSTRA

Testes de Controle Testes de Detalhes

Fator Relação Fator Relação

Avaliação de riscos Direta Avaliação do risco Direta


considera os de distorção
controles relevantes relevante

Taxa tolerável de Inversa Distorção tolerável Inversa


desvio

Taxa esperada de Direta Valor da distorção Direta


desvios que o auditor espera
encontrar

Nível de segurança Direta Nível de segurança Direta


desejado de que a desejado de que a
taxa tolerável não distorção tolerável
seja excedida pela não é excedida pela
taxa real de desvio distorção real na
na população população

- Uso de outros Inversa


procedimentos
substantivos

- Estratificação da Inversa
população

Quantidade de unidades de amostragem na população: efeito negligenciável

A memorização da relação entre os fatores acima apresentados e o tamanho da amostra é muito


importante para provas. Esse processo é facilitado pela correta interpretação dessas relações.
Vejamos exemplos de como raciocinar nesse sentido:

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Se o auditor tolera (está disposto a aceitar) uma distorção alta, isso é sinal de que o auditor está
mais “relaxado”, podendo “se dar ao luxo” de reduzir o tamanho da amostra (distorção tolerável e
tamanho da amostra possuem relação inversa) – o mesmo raciocínio vale para a taxa tolerável de
desvio.
Já se o auditor espera uma distorção alta, ele deve aumentar o tamanho da amostra para se precaver
(distorção que o auditor espera encontrar e tamanho da amostra possuem relação direta) – o
mesmo raciocínio vale para a taxa esperada de desvios.
Ainda, caso se queira aumentar o nível de segurança desejado (qualquer que seja ele) ou caso a
avaliação de risco seja maior, é preciso que o auditor aumente o tamanho da amostra para se cobrir
de eventuais problemas (avaliação do risco e nível de segurança desejado possuem relação direta
com o tamanho da amostra).
Já se o auditor utiliza outros procedimentos de auditoria direcionados à mesma afirmação, isso é
sinal de que ele pode relaxar, diminuindo a amostra (afinal, ele já se garantiu ao aplicar outros
procedimentos) – uso de outros procedimentos substantivos possui relação inversa com o
tamanho da amostra).
Finalmente, o uso da estratificação, por sua própria definição, permite que o tamanho da amostra
seja reduzido sem que seja aumentado o risco de amostragem. Por isso, o uso da estratificação
possui relação inversa com o tamanho da amostra.
Uma consideração sobre um ponto que geralmente causa muitas dúvidas: apesar do nome "unidade
DE AMOSTRAGEM", esse conceito está diretamente relacionado à população da qual se deseja
extrair a amostra, e não à amostra propriamente dita. Então, pela afirmação “a quantidade de
unidades de amostragem possui efeito negligenciável sobre o tamanho da amostra” podemos
entender que o “tamanho da população” possui efeito negligenciável sobre o tamanho da amostra.
É que, para populações grandes, o tamanho real da população (e, por consequência, da quantidade
de unidades de amostragem) tem pouco efeito, se houver, no tamanho da amostra. Já para
pequenas populações, a amostragem de auditoria pode nem ser o meio mais eficiente para se obter
evidência de auditoria.
Vejam, portanto, que só podemos afirmar que a quantidade de unidades de amostragem possui
efeito negligenciável em relação ao tamanho da amostra quando consideramos populações grandes.

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Finalmente, abordaremos por meio do esquema abaixo os métodos de seleção de amostra


(presentes no Apêndice 4 da norma). Trata-se de definições relativamente simples, cuja cobrança
costuma se dar de forma bem direta.

APÊNDICES 4 – MÉTODOS DE SELEÇÃO DE AMOSTRA

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Informações complementares:

• Seleção sistemática: a qtd. de un. de amostragem na população é


dividida pelo tamanho da amostra para dar um intervalo de amostragem
como, por exemplo, 50, e após determinar um ponto de início dentro das
primeiras 50, toda 50ª unidade de amostragem seguinte é selecionada.

• Seleção ao acaso: embora nenhuma técnica estruturada seja usada, o


auditor, ainda assim, evitaria qualquer tendenciosidade ou previsibilidade
consciente. A seleção ao acaso não é apropriada quando se usar a
amostragem estatística.

• Seleção de bloco: a seleção de bloco geralmente não pode ser usada


em amostragem de auditoria porque a maioria das populações está
estruturada de modo que esses itens em sequência podem ter
características semelhantes entre si, mas características diferentes de
outros itens de outros lugares da população.

Iremos expor agora informações relevantes sobre Amostragem previstas na IN SFC nº 01/2001.
Lembramos que esse normativo foi substituído, no ano de 2017, pela IN nº 03/2017/Ministério da
Transparência e CGU (norma que aprovou o Referencial Técnico da Atividade de Auditoria Interna
Governamental do Poder Executivo Federal). Independentemente desse cenário, a IN 01/2001 ainda
costuma ser cobrada em provas, especialmente aquelas que trazem auditoria governamental em
seu conteúdo programático!
Existem várias razões que justificam a utilização de amostragem em levantamentos de grandes
populações. Uma dessas razões é a economicidade dos meios. Onde os recursos humanos e
materiais são escassos, a amostragem se torna imprescindível, tornando o trabalho do servidor bem
mais fácil e adequado. Outro fator de grande importância é o tempo, pois onde as informações das
quais se necessitam são valiosas e tempestivas, o uso de amostra também se justifica. Outra razão
é o fato de que, com a utilização da amostragem, a confiabilidade dos dados é maior devido ao
número reduzido de elementos, podendo-se dedicar mais atenção aos casos individuais, evitando-
se erros nas respostas. Além disso, a operacionalidade em pequena escala torna mais fácil o controle
do processo como um todo.
Existem casos, no entanto, em que não se recomenda a utilização de amostragem, tais como:
a) quando a população é considerada muito pequena e a sua amostra fica relativamente grande;

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b) quando as características da população são de fácil mensuração, mesmo que a população não
seja pequena; e
c) quando há necessidade de alta precisão recomenda-se fazer censo, que nada mais é do que o
exame da totalidade da população.

Ainda de acordo com a IN SFC 01/2001, o método de amostragem se subdivide em dois tipos: o
probabilístico e o não-probabilístico.
A principal característica do método de amostragem não-probabilístico é que este se baseia,
principalmente, na experiência do servidor, sendo assim, a aplicação de tratamento estatístico a
seus resultados se torna inviável, bem como a generalização dos resultados obtidos através da
amostra para a população. Essa limitação faz com que o método não sirva de suporte para uma
argumentação, visto que a extrapolação dos resultados não é passível de demonstração, segundo as
normas de cálculo existentes hoje. Contudo, é inegável a sua utilidade dentro de determinados
contextos, tal como, na busca exploratória de informações ou sondagem, quando se deseja obter
informações detalhadas sobre questões particulares, durante um espaço de tempo específico.
Já o método de amostragem probabilístico tem como característica fundamental o fato de poder
ser submetido a tratamento estatístico, sendo, portanto, os resultados obtidos na amostra
generalizáveis para a população. Para tanto, a amostragem estatística conta com uma série de
formas diferentes de obtenção do tamanho da amostra.
Uma dessas formas é a Amostra Aleatória Simples, que tem como característica o fato de que cada
elemento da população possui a mesma chance de pertencer à amostra. Considera-se para isso que
os elementos da população em questão estão distribuídos de maneira uniforme. Nas demais formas
ou métodos de amostragem, pelo fato dos elementos não se processarem de maneira homogênea
na população, faz-se necessário dispor de técnicas mais sofisticadas na obtenção do tamanho e
seleção da amostra.

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Para se obter uma amostra é preciso obter alguns elementos fundamentais, sem os quais fica
impraticável o uso da técnica. O elemento primordial para se elaborar um plano amostral é saber
exatamente qual o objetivo da ação de controle, ou seja, o que se deseja obter com os resultados e,
de posse deles, a quais conclusões deseja-se chegar. Isso porque quando os objetivos da ação estão
bem definidos, fica claro o estabelecimento de qual é a população alvo a ser considerada para a
elaboração da amostra, bem como a definição das unidades de amostragem (elementos). A partir
do conhecimento da população objeto de estudo e seus elementos é que se torna possível conhecer
como essa população se distribui entre os seus elementos, para a partir daí ser definido o método
de amostragem a ser adotado, bem como todas as suas considerações “a priori”.
Outro fator importante a ser definido anteriormente é a precisão que se deseja, ou seja, o máximo
que se admitirá de erro para os resultados obtidos na amostra. Além disso, é importante que a
seleção dos elementos da amostra seja rigorosamente aleatória. Tal exigência é necessária pois, se
na seleção da amostra não for garantida a aleatoriedade, isso significa que o servidor está
influenciando com seu juízo pessoal a escolha dos elementos da amostra, colocando em risco todo
o trabalho realizado. Nesse cenário, as informações obtidas a partir daquela amostra enviesada
trarão resultados equivocados a respeito do universo em questão. Ou seja, uma amostra mal
dimensionada e sem aleatoriedade é tendenciosa, levando o servidor a conclusões errôneas.
Existem situações em que não é possível a obtenção de informações a respeito da população e sua
distribuição, seja pelo fato de a obtenção dessas informações ser muito dispendiosa, ou seja pelo
fato de se levar muito tempo para essas serem concluídas. Ou mesmo, pelo fato do acesso às
mesmas somente ser possível no ato da ação de controle.
Sendo assim, é usual a utilização de tabelas aplicadas ao Controle Estatístico de Qualidade, com a
definição prévia do risco que se deseja assumir, ou seja, qual o limite máximo de itens ou elementos
irregulares aceitáveis para se considerar uma situação regular, através do qual o tamanho da
amostra é dimensionada. A utilização dessas tabelas deve ser feita com muito critério, pois os
resultados obtidos das amostras provenientes delas são bastante específicos. Tais situações
específicas devem ser devidamente estudadas, pois essas tabelas não são de aplicação generalizada,
sendo, portanto, necessário o estudo de cada caso em separado, mensurando as vantagens e
desvantagens da sua utilização.

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Aula 03

(SEFAZ RS – 2019) Em auditoria, o tamanho da amostra é influenciado por vários fatores,


mas deve possibilitar que o auditor faça inferências sobre toda a população. Entre esses
fatores, aquele que possibilita reduzir o tamanho da amostra é o aumento
a) na taxa tolerável de desvio.
b) na taxa esperada de desvio da população a ser testada.
c) na quantidade de unidades de amostragem na população.
d) na extensão dos riscos de controle, incluídos os controles considerados relevantes na
avaliação de riscos do auditor.
e) no nível de segurança, conforme o qual a taxa tolerável de desvio não seja excedida pela
taxa real de desvio na população.
Comentários:
Questão trata dos fatores que alteram o tamanho da amostra. Nesse tipo de questão, temos
que ficar atentos a qual o efeito provocado na amostra quando determinado fator é alterado,
ou seja, se ele possui relação direta ou inversa com seu tamanho.
Os apêndices 2 e 3 da NBC TA 530 trazem quadros que resumem a influência desses fatores
no tamanho da amostra.
As bancas adoram explorar a relação entre a “taxa tolerável de desvio” e o “tamanho da
amostra”. Como vimos, essa RELAÇÃO É INVERSA, ou seja, quando aumenta a taxa tolerável
de desvio, reduz-se o tamanho da amostra (gabarito, portanto, letra A)!
Como dissemos ao longo da aula, é possível compreendermos uma lógica por trás dessas
relações. Ora, se o auditor aumenta a taxa tolerável de desvio (que é taxa de desvio dos
procedimentos de controles internos que o auditor define como máxima), ele pode reduzir
o tamanho da amostra. Nesse cenário, o auditor está – de alguma maneira – tolerando
maiores níveis de desvios – o que justificaria uma amostra pouco menor. Vejamos as demais
assertivas:
Letra B: se a taxa esperada de desvio aumenta, sinal de que o auditor precisa se precaver,
aumentando o tamanho da amostra (relação é direta).
Letra C: esse é um fator que possui efeito negligenciável em relação ao tamanho da amostra,
tanto para testes de controle quanto para testes de detalhes.
Letra D: quanto mais segurança o auditor pretende obter da efetividade operacional dos
controles, maior deve ser o tamanho da amostra.

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Aula 03

Letra E: quanto maior for o nível de segurança esperado de que os resultados da amostra
sejam de fato indicativos com relação à incidência real de desvio na população, maior deve
ser o tamanho da amostra.
Portanto, alternativa correta é A.

(TJ SP / 2015) Quando a auditoria é feita por amostragem, se o método utilizado para essa
amostragem é a seleção sistemática, então a seleção de itens é
a) por meio da seleção de um ou mais blocos contíguos da população.
b) de tal forma que assegure que todos tenham idêntica probabilidade de serem
selecionados.
c) a critério do auditor, com base em sua experiência.
d) com base em valores monetários.
e) procedida de tal maneira que haja sempre um intervalo constante entre cada item
selecionado.
Comentários:
Vimos que a seleção sistemática é aquela em que a quantidade de unidades de amostragem
na população é dividida pelo tamanho da amostra para dar um intervalo de amostragem
como, por exemplo, 50, e após determinar um ponto de início dentro das primeiras 50, toda
50ª unidade de amostragem seguinte é selecionada.
Portanto, nesse método podemos dizer que há um intervalo constante entre cada item
selecionado.
Gabarito: E.

(LIQUIGÁS – 2018) Um auditor necessita examinar uma população de registros com muitas
diferenças nos valores individuais das transações registradas.
Como ele definiu que fará uma amostragem estatística, para garantir maior rigor nos
procedimentos, recomenda-se, nesse caso, uma amostragem por
a) acessibilidade
b) estratificação
c) elementos representativos
d) elementos subjetivos
e) números sistemáticos
Comentários:

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Aula 03

Ao considerar as características da população da qual a amostra será retirada, o auditor pode


determinar que a estratificação (ou a seleção com base em valores) é apropriada.
Vejam que o enunciado inicia dizendo que a população possui registros com muitas
diferenças nos valores individuais (alta variabilidade dos itens da população). Em situações
como essa, vale a pena dividir a população em subpopulações, cada uma sendo um grupo de
unidades de amostragem com características semelhantes (ou homogêneas). Afinal, o
objetivo da estratificação é o de reduzir a variabilidade dos itens de cada estrato e, portanto,
permitir que o tamanho da amostra seja reduzido sem aumentar o risco de amostragem.
Percebe-se, portanto, que estamos diante de um caso em que a estratificação é indicada.

Portanto, alternativa correta é B.

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Amostragem segundo a NBC T 11.11

Nesta seção, apresentaremos alguns dos principais trechos previstos na NBC T 11.11 – Amostragem
(Res. CFC nº 1.012/05). Frisamos que esse normativo foi revogado com a entrada em vigor da NBC
TA 200, o que ocorreu em 01/01/2010. Não obstante, algumas questões de concursos ainda exigem
conhecimento de tal norma. Infelizmente, essa é uma prática comum em nossa disciplina. Em parte,
isso ocorre porque a doutrina veio reproduzindo, ao longo do tempo, diversos trechos das normas
atualmente revogadas.
Nessa parte da aula, vale a pena focar na literalidade de algumas passagens comumente cobradas,
considerando que já estudamos – na seção anterior – as bases da Amostragem em Auditoria.
Veremos que os conceitos aqui presentes, via de regra, não divergem das normas em vigor.

Considerações Gerais

Ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou método de seleção de itens a testar, o auditor


pode empregar técnicas de amostragem.
Amostragem, em sentido amplo, é a utilização de um processo para obtenção de dados aplicáveis a
um conjunto, denominado universo ou população, por meio do exame de uma parte deste conjunto
denominada amostra.
Amostragem estatística é aquela em que a amostra é selecionada cientificamente com a finalidade
de que os resultados obtidos possam ser estendidos ao conjunto de acordo com a teoria da
probabilidade ou as regras estatísticas. O emprego de amostragem estatística é recomendável
quando os itens da população apresentam características homogêneas.
Amostragem não-estatística (por julgamento) é aquela em que a amostra é determinada pelo
auditor utilizando sua experiência, critério e conhecimento da entidade.
Ao usar métodos de amostragem estatística ou não-estatística, o auditor deve planejar e selecionar
a amostra de auditoria, aplicar a essa amostra procedimentos de auditoria e avaliar os resultados da
amostra, de forma a proporcionar evidência de auditoria suficiente e apropriada.
Amostragem de auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria sobre uma parte da
totalidade dos itens que compõem o saldo de uma conta, ou classe de transações, para permitir que
o auditor obtenha e avalie a evidência de auditoria sobre algumas características dos itens
selecionados, para formar, ou ajudar a formar, uma conclusão sobre a população.
É importante reconhecer que certos procedimentos de auditoria aplicados na base de testes não
estão dentro da definição de amostragem. Os testes aplicados na totalidade da população não se
qualificam como amostragem de auditoria. Da mesma forma, a aplicação de procedimentos de
auditoria a todos os itens dentro de uma população que tenham uma característica particular (por
exemplo, todos os itens acima de um certo valor) não se qualifica como amostragem de auditoria
com respeito à parcela da população examinada, nem com respeito à população como um todo. Isto
porque os itens não foram selecionados, dando chance igual de seleção a todos os itens da
população. Esses itens podem indicar uma tendência ou uma característica da parcela restante da

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população, mas não constituem, necessariamente, uma base adequada para conclusão sobre
parcela restante da população.

(TRT 11ª Região / Analista Judiciário – Contabilidade – 2017)


Considere as afirmativas abaixo sobre amostragem em auditoria.
I. Amostragem de auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria sobre uma parte da
totalidade dos itens que compõem o saldo de uma conta ou classe de transações.
II. Ao usar o método de amostragem estatística, ou não, deve ser projetada e selecionada uma
amostra que possa proporcionar evidência de auditoria suficiente e apropriada.
III. A amostra selecionada pelo auditor deve ter uma relação direta com o volume de transações
realizadas, como também com os efeitos da avaliação patrimonial e financeira e o resultado
por ela obtido no período.
Está correto o que se afirma em:
a) I e III, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I, II e III.
d) I e II, apenas.
e) III, apenas.
Comentários
Item I – Correto. O item é a literalidade da definição de amostragem prevista na norma antiga
(NBC T 11.11).
Item II – Correto, nos exatos termos da norma antiga (NBC T 11.11).
Item III – Correto, também nos exatos termos da norma antiga (NBC T 11.11) – conforme
detalhado no tópico a seguir.
Gabarito: C

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Aula 03

Planejamento da Amostra

A amostra selecionada pelo auditor deve ter relação direta com o volume de transações realizadas
pela entidade na área ou na transação objeto de exame, como também com os efeitos nas posições
patrimonial e financeira da entidade e o resultado por ela obtido no período.
Em outros termos, quanto maior o volume de transações efetuadas pela entidade na área objeto do
exame, maior deve ser a amostra.

Ao planejar e determinar a amostra de auditoria, o auditor deve levar em consideração


os seguintes aspectos:
a) os objetivos específicos da auditoria;
b) a população da qual o auditor deseja extrair a amostra;
c) a estratificação da população;
d) o tamanho da amostra;
e) o risco da amostragem;
f) o erro tolerável; e
g) o erro esperado.

Percebe-se que o rol acima é mais amplo do que o previsto na NBC TA 530, segundo a qual o auditor
deve considerar a finalidade do procedimento e as características da população ao definir uma
amostra de auditoria.
Em relação ao tamanho da amostra, a NBC T 11.11 nos ensina que o auditor deve, ao determinar o
tamanho da amostra, considerar o risco de amostragem, bem como os erros toleráveis e os
esperados. Já havíamos estudado, anteriormente, a relação (inversa) existente entre o risco de
amostragem que o auditor está disposto a aceitar e o tamanho da amostra.
Para que a conclusão a que chegou o auditor, utilizando uma amostra, seja corretamente planejada
para aplicação à população é necessário que a amostra seja:
a) representativa da população;
b) que todos os itens da população tenham oportunidade idêntica de serem selecionados.

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(Auditor (MPE PR) – 2013) De acordo com Resolução CFC (Conselho Federal de Contabilidade)
ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou método de seleção de itens a testar, o
auditor pode empregar técnicas de amostragem. Ao planejar e determinar a amostra de
auditoria, o auditor deve levar em consideração os seguintes aspectos:
I. Objetivos específicos de auditoria.
II. População da qual deseja extrair a amostra.
III. Estratificação da população.
IV. Tamanho da amostra.
V. Risco de amostragem.
VI. Erro tolerável.
VII. Erro esperado.
Assinale a alternativa correta :
a) Apenas um aspecto está incorreto.
b) Todos os aspectos estão corretos.
c) Dois aspectos estão corretos.
d) Todos os aspectos estão incorretos.
e) Apenas um aspecto está correto.
Comentários:
Questão aborda os fatores que devem ser considerados no planejamento da amostra, segundo
a já revogada NBC T 11.11. Veja:
Ao planejar e determinar a amostra de auditoria, o auditor deve levar em consideração os
seguintes aspectos:
a) os objetivos específicos da auditoria;
b) a população da qual o auditor deseja extrair a amostra;
c) a estratificação da população;
d) o tamanho da amostra;
e) o risco da amostragem;
f) o erro tolerável; e

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g) o erro esperado.
Questão extraída literalmente da norma supracitada.
Gabarito: B

Risco de Amostragem

Nesse ponto, veremos que a NBC T 11.11 apresenta o mesmo conceito de risco de amostragem
estudado anteriormente, porém detalha as situações a que o auditor está sujeito a esse risco.
O risco de amostragem surge da possibilidade de que a conclusão do auditor, com base em uma
amostra, possa ser diferente da conclusão que seria alcançada se toda a população estivesse sujeita
ao mesmo procedimento de auditoria.

O auditor está sujeito ao risco de amostragem nos testes de observância e testes


substantivos, sendo:
1) Testes de Observância:
a) Risco de subavaliação da confiabilidade: é o risco de que, embora o resultado da
aplicação de procedimentos de auditoria sobre a amostra não seja satisfatório, o restante
da população possua menor nível de erro do que aquele detectado na amostra.
b) Risco de superavaliação da confiabilidade: é o risco de que, embora o resultado da
aplicação de procedimentos de auditoria sobre a amostra seja satisfatório, o restante da
população possua maior nível de erro do que aquele detectado na amostra.
Esclarecendo: no contexto dos testes de observância, que são aqueles aplicados para
obtenção de evidências quanto ao efetivo funcionamento dos controles internos, é
razoável entender que, se o auditor considera os controles menos confiáveis do que
realmente são (subavaliação da confiabilidade), a população tenha menor nível de erro
em relação à amostra. Do contrário, quando o auditor considera os controles mais
confiáveis do que realmente são (superavaliação da confiabilidade), é de se esperar que
o erro na população seja maior em relação à amostra.
2) Testes Substantivos:
a) Risco de rejeição incorreta: é o risco de que, embora o resultado da aplicação de
procedimentos de auditoria sobre a amostra leve à conclusão de que o saldo de uma
conta ou classe de transações registradas está, relevantemente, distorcido, mas,
efetivamente, não está;
b) Risco de aceitação incorreta: é o risco de que, embora o resultado da aplicação de
procedimentos de auditoria sobre a amostra leve à conclusão de que o saldo de uma

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conta ou classe de transações registradas não está, relevantemente, distorcido, mas,


efetivamente, está.
Esclarecendo: rejeição incorreta significa que, em primeiro momento, ao utilizar a
amostra, o auditor conclui que um saldo de contas está relevantemente distorcido,
quando na verdade não está. Em outros termos, o auditor rejeitou a amostra
incorretamente (considerou que ali havia distorções relevantes, quando elas não
existiam). Aceitação incorreta, por outro lado, significa que o auditor aceitou,
inicialmente, a amostra, ou seja, não encontrou distorção relevante no saldo de contas,
quando na verdade havia distorção.

O risco de subavaliação da confiabilidade e o risco de rejeição incorreta afetam a eficiência da


auditoria, visto que, normalmente, conduziriam o auditor a realizar trabalhos adicionais, o que
estabeleceria que as conclusões iniciais eram incorretas. O risco de superavaliação da
confiabilidade e o risco de aceitação incorreta afetam a eficácia da auditoria e têm mais
probabilidade de conduzir a uma conclusão errônea sobre determinados controles, saldos de contas
ou classe de transações do que o risco de subavaliação da confiabilidade ou o risco de rejeição
incorreta.

(SEFAZ AL – 2020)
Situação hipotética: Determinado auditor, após realizar conferência de cálculos, concluiu que
o saldo da conta de estoques estava relevantemente distorcido, embora o saldo não estivesse
efetivamente nessa condição.
Assertiva: Nesse caso, o auditor incorreu no risco de aceitação incorreta.
Comentários:
Risco de aceitação incorreta é aquele em que o auditor aceita, inicialmente, o resultado da
amostra (ou seja, conclui que um saldo de contas não está relevantemente distorcido), quando
– na realidade – existe distorção relevante.
A situação trazida pelo item se refere ao risco de rejeição incorreta.
Gabarito: ERRADO

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Erro tolerável / erro esperado

Neste ponto, veremos que a NBC T 11.11 previa apenas os conceitos de erro esperado e tolerável,
enquanto a NBC TA 530 prevê os conceitos de distorção esperada e tolerável, e de taxa de desvios
esperada e tolerável. Podemos entender que o erro tolerável é composto pela distorção tolerável
(no contexto dos testes substantivos) e pela taxa tolerável de desvio (no contexto dos testes de
observância ou de controle). Vejamos o que prevê a norma:
Erro tolerável é o erro máximo na população que o auditor está disposto a aceitar e, ainda assim,
concluir que o resultado da amostra atingiu o objetivo da auditoria. O erro tolerável é considerado
durante o estágio de planejamento e, para os testes substantivos, está relacionado com o
julgamento do auditor sobre relevância. Quanto menor o erro tolerável, maior deve ser o tamanho
da amostra.
Nos testes de observância, o erro tolerável é a taxa máxima de desvio de um procedimento de
controle estabelecido que o auditor está disposto a aceitar, baseado na avaliação preliminar de risco
de controle. Nos testes substantivos, o erro tolerável é o erro monetário máximo no saldo de uma
conta ou uma classe de transações que o auditor está disposto a aceitar, de forma que, quando os
resultados de todos os procedimentos de auditoria forem considerados, o auditor possa concluir,
com segurança razoável, que as Demonstrações Contábeis não contêm distorções relevantes.
Em relação ao erro esperado, pode-se dizer que, se o auditor espera que a população contenha
erro, é necessário examinar uma amostra maior do que quando não se espera erro, para concluir
que o erro real da população não excede o erro tolerável planejado.
Tamanhos menores de amostra justificam-se quando se espera que a população esteja isenta de
erros. Ao determinar o erro esperado em uma população, o auditor deve considerar aspectos como,
por exemplo, os níveis de erros identificados em auditorias anteriores, mudança nos procedimentos
da entidade e evidência obtida na aplicação de outros procedimentos de auditoria.

(SEFAZ AL – 2020) A adoção de amostragem em auditoria implica a admissão da existência de


diferentes tipos de erros; nos testes de observância, o erro tolerável é o erro monetário
máximo no saldo de uma conta.
Comentários:
Nos testes de observância, que são aqueles que buscam evidências em relação ao efetivo
funcionamento dos controles internos, o erro tolerável está associado à taxa máxima de desvio
de um procedimento de controle estabelecido que o auditor está disposto a aceitar, baseado
na avaliação preliminar de risco de controle.

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O erro monetário máximo, a que o item se refere, é o erro tolerável no contexto dos testes
substantivos (e não dos testes de observância).
Gabarito: ERRADO

Seleção da Amostra

Os 3 métodos de seleção de amostra presentes na NBC T 11.11 são, justamente, aqueles que a NBC
TA 530 lista como principais: seleção aleatória, seleção sistemática e seleção ao acaso.
Aqui cabe uma observação, pois apesar de listar os métodos de seleção aleatória, sistemática e ao
acaso como “principais”, a NBC TA 530 apresenta, também, os métodos amostragem de unidade
monetária e seleção de bloco (esses 2, não presentes na NBC T 11.11).
Pois bem, segundo a NBC T 11.11, na seleção de amostra, devem ser consideradas:
a) a seleção aleatória ou randômica;
b) a seleção sistemática, observando um intervalo constante entre as transações realizadas; e
c) a seleção casual, a critério do auditor, baseada em sua experiência profissional.
Seleção aleatória ou randômica é a que assegura que todos os itens da população ou do estrato
fixado tenham idêntica possibilidade de serem escolhidos. Na seleção aleatória ou randômica,
utiliza-se, por exemplo, tabelas de números aleatórios que determinarão quais os números dos itens
a serem selecionados dentro do total da população ou dentro de uma seqüência de itens da
população predeterminada pelo auditor.
Percebe-se, portanto, que a descrição do método de seleção aleatória é praticamente o mesmo,
tanto nas normas antigas quanto nas atuais.
Seleção sistemática ou por intervalo é aquela em que a seleção de itens é procedida de maneira
que haja sempre um intervalo constante entre cada item selecionado, seja a seleção feita
diretamente da população a ser testada, ou por estratos dentro da população.
Ao considerar a seleção sistemática, o auditor deve observar as seguintes normas para assegurar
uma amostra, realmente, representativa da população:
a) que o primeiro item seja escolhido ao acaso;
b) que os itens da população não estejam ordenados de modo a prejudicar a casualidade de sua
escolha.
Se usar seleção sistemática, o auditor deve determinar se a população não está estruturada de tal
modo que o intervalo de amostragem corresponda a um padrão, em particular, da população. Por
exemplo, se em cada população de vendas realizadas por filiais, as vendas de uma filial, em
particular, ocorrerem somente como cada 100º item e o intervalo de amostragem selecionado for
50, o resultado seria que o auditor teria selecionado a totalidade ou nenhuma das vendas da filial
em questão.

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Comparando o que preveem as normas atual (NBC TA 530) e antiga


(NBC T 11.11) para a seleção sistemática, vemos que elas são
semelhantes, no sentido de que se deve adotar um intervalo
constante entre cada item selecionado.
Há, no entanto, algumas diferenças. A norma em vigor determina como o intervalo de
amostragem é obtido (divide-se a quantidade de unidades de amostragem pelo tamanho
da amostra), ao passo que a norma antiga não menciona a forma de se chegar ao
intervalo.
A norma atual diz que o primeiro item pode ser selecionado ao acaso ou de forma
aleatória (utilizando-se geradores de números aleatórios), enquanto a norma antiga diz
que o primeiro item deve ser selecionado ao acaso.

Seleção casual pode ser uma alternativa aceitável para a seleção, desde que o auditor tente extrair
uma amostra representativa da população, sem intenção de incluir ou excluir unidades específicas.
Quando utilizar esse método, o auditor deve evitar a seleção de uma amostra que seja influenciada,
por exemplo, com a escolha de itens fáceis de localizar, uma vez que esses itens podem não ser
representativos.

Em auditoria, não podemos confundir seleção ao acaso (ou casual) com


seleção aleatória. Na seleção ao acaso, ou casual, nenhuma técnica
estruturada é seguida, por mais que o auditor procure se assegurar de
que todos os itens da população tenham a mesma chance de ser
selecionados, evitando qualquer tendenciosidade ou previsibilidade
consciente. Na seleção aleatória, utiliza-se uma técnica estruturada,
qual seja a aplicação de geradores de números aleatórios.

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O controle (ou gestão) de qualidade das firmas de auditoria é tratado na NBC PA 01; já o Controle
(ou gestão) de Qualidade das auditorias (ou do auditor) é abordado na NBC TA 220. Os principais
conceitos de ambas as normas convergem, porém há pequenos detalhes em cada um.

Gestão de qualidade para firmas (pessoas jurídicas e físicas) de


auditores independentes

A NBC PA 01 – Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de Auditores


Independentes trata das responsabilidades da firma pelo desenvolvimento (design), implementação
e operação de sistema de gestão de qualidade para auditorias e para trabalhos de revisão das
demonstrações contábeis, assim como outros trabalhos de asseguração e serviços correlatos.
O objetivo da firma (denominação dada ao único profissional ou sociedade de pessoas que atuam
como auditor independente) é planejar, implementar e operar o sistema de gestão de qualidade
para auditorias, revisões das demonstrações contábeis, outros trabalhos de asseguração ou de
serviços correlatos executados pela firma, para obter segurança razoável de que:
(a) a firma e seu pessoal cumprem com suas responsabilidades de acordo com as normas
profissionais e os requisitos legais e regulatórios aplicáveis, e conduzem trabalhos de acordo com
essas normas e requisitos; e
(b) os relatórios do trabalho emitidos pela firma ou pelos sócios do trabalho são apropriados nas
circunstâncias.
Nesse contexto, temos que compreender que o sistema de gestão de qualidade – é o sistema
planejado, implementado e operado pela firma para fornecer a ela segurança razoável de que os
objetivos relacionados à gestão da qualidade serão cumpridos, ou seja, de que a firma cumpre com
suas responsabilidades, de acordo com as normas, leis e regulamentos aplicáveis; e de que os
relatórios emitidos são apropriados nas circunstâncias do trabalho.
O sistema de gestão de qualidade atua de maneira contínua e iterativa, bem como responde às
mudanças na natureza e nas circunstâncias da firma e dos seus trabalhos. Ele não atua de maneira
linear. Contudo, o sistema de gestão de qualidade deve abordar oito componentes, a considerar:

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Componentes do sistema de gestão de qualidade


(a) processo de avaliação de riscos da firma;
(b) governança e liderança;
(c) requisitos éticos relevantes;
(d) aceitação e continuidade de relações com clientes e trabalhos específicos;
(e) execução do trabalho;
(f) recursos;
(g) informações e comunicações; e
(h) processo de monitoramento e correção.

A firma deve planejar, implementar e operar o sistema de gestão de qualidade. Para isso, deve-se
exercer julgamento profissional, levando em consideração a natureza e as circunstâncias da própria
firma e de seus trabalhos. O componente governança e liderança do sistema de gestão de qualidade
estabelece o ambiente que suporta o desenvolvimento, a implementação e a operação do sistema
de gestão de qualidade da firma.
Apresentamos, na sequência, uma descrição breve de cada um dos componentes e alguns objetivos
a eles relacionados:
(a) processo de avaliação de riscos da firma: estabelece os objetivos de qualidade, identifica e avalia
esses riscos, planeja e implementa respostas para tratar dos riscos de qualidade.
(b) governança e liderança: estabelece o ambiente que suporta o sistema de gestão de qualidade e
tem como objetivos, dentre outros, o compromisso com a qualidade e a responsabilidade da
liderança pela qualidade e pela prestação de contas.
(c) requisitos éticos relevantes: princípios de ética profissional e requisitos éticos aplicáveis aos
profissionais da contabilidade ao conduzir auditorias ou outros trabalhos.
(d) aceitação e continuidade de relações com clientes e trabalhos específicos: a firma deve exercer
julgamentos sobre se deve aceitar ou continuar o relacionamento com cliente ou trabalho
específico. Esses julgamentos são apropriados são considerados os valores éticos dos clientes.
(e) execução do trabalho: as equipes de trabalho devem entender e cumprir com suas
responsabilidades, incluindo, conforme aplicável, a responsabilidade geral do sócio responsável
pelos trabalhos por gerenciá-los e alcançar sua qualidade, além de estar suficiente e
apropriadamente envolvido durante todo o trabalho.
(f) recursos: obtenção, desenvolvimento, uso, manutenção, alocação e designação de recursos de
forma apropriada e tempestiva para permitir o desenvolvimento, a implementação e a operação do
sistema de gestão de qualidade, incluindo recursos humanos, tecnológicos, intelectuais e
prestadores de serviços.

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(g) informações e comunicações: obtenção, geração ou utilização de informações referentes ao


sistema de gestão de qualidade, e comunicação tempestiva de informações dentro da firma e para
partes externas de modo a permitir o desenvolvimento, a implementação e a operação do sistema.
(h) processo de monitoramento e correção: fornece informações relevantes, confiáveis e
tempestivas sobre o desenvolvimento, a implementação e a operação do sistema de gestão de
qualidade; e adota medidas apropriadas para responder às deficiências identificadas, de modo que
elas sejam remediadas tempestivamente.
No contexto da gestão de qualidade, exige-se que a firma aplique uma abordagem baseada em risco
durante o desenvolvimento, implementação e operação dos componentes acima mencionados, que
deve ocorrer de maneira interconectada e coordenada, para que a firma gerencie proativamente a
qualidade dos trabalhos que executa.
A abordagem baseada em risco está inserida na gestão de qualidade, basicamente, por meio de:
(a) definição dos objetivos de qualidade: os objetivos de qualidade definidos estão relacionados com
os componentes do sistema de gestão de qualidade que devem ser alcançados.
(b) identificação e avaliação de riscos para alcançar os objetivos de qualidade (chamados de riscos
de qualidade). A firma deve identificar e avaliar os riscos de qualidade para fornecer uma base para
o planejamento e a implementação de respostas a esses riscos; e
(c) planejamento e implementação de respostas para endereçar, ou tratar, os riscos de qualidade.
Nesse sentido, exige-se que, no mínimo uma vez por ano, os indivíduos a quem são atribuídas a
responsabilidade final pelo sistema de gestão de qualidade e a obrigação de prestar contas sobre
ele, avaliem, em nome da firma, o sistema de gestão de qualidade e concluam se o sistema fornece
segurança razoável de que os objetivos estão sendo alcançados (antes da revisão normativa, dizia-
se que “pelo menos uma vez por ano, a firma deve obter confirmação por escrito do cumprimento
de suas políticas e procedimentos sobre independência de todo o pessoal da firma, que precisa ser
independente por exigências éticas relevantes”).
Vejamos as principais definições previstas na NBC PA 01, muitas delas já cobradas em provas:
• Deficiência do sistema de gestão de qualidade da firma (“deficiência”) – existe quando:
(i) um objetivo de qualidade, requerido para alcançar o objetivo do sistema de gestão de
qualidade, não é estabelecido;
(ii) um risco de qualidade, ou uma combinação deles não é identificado ou devidamente
avaliado;
(iii) uma resposta, ou uma combinação de respostas, não reduz a nível aceitavelmente baixo a
probabilidade de ocorrer um risco de qualidade devido às respostas não terem sido
adequadamente planejadas, implementadas ou não atuarem de maneira eficaz; ou
(iv) outro aspecto do sistema de gestão de qualidade está ausente, ou não foi adequadamente
planejado, implementado ou operado de maneira eficaz.
• Documentação do trabalho – é o registro do trabalho executado, dos resultados obtidos e das
conclusões obtidas pelo auditor (geralmente referido como “papéis de trabalho”, embora parte
substancial seja por meio eletrônico ou outra mídia);

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• Sócio responsável pelo trabalho – é o sócio, ou outro indivíduo nomeado pela firma, para atuar
como responsável pelo trabalho, sua execução e pelo relatório que é emitido em nome da firma.
Ele é quem, quando necessário, possui a autoridade apropriada de órgão profissional, legal ou
regulatório;

• Revisão de qualidade do trabalho – é a avaliação objetiva dos julgamentos significativos


feitos pela equipe de trabalho e das conclusões obtidas sobre eles. A revisão é realizada e
concluída pelo revisor de qualidade do trabalho na data, ou antes da data, de emissão do
respectivo relatório;

• Revisor da qualidade do trabalho – é sócio ou outro indivíduo, dentro da firma ou externo,


nomeado pela própria firma para realizar a revisão de qualidade do trabalho. O revisor de
qualidade do trabalho não é membro da equipe de trabalho;
• Equipe de trabalho – são todos os sócios e quadro técnico (ou quadro de empregados)
envolvidos no trabalho, assim como quaisquer outros indivíduos que executam procedimentos
no trabalho, excluindo especialista externo e auditores internos que prestam assessoria direta
no trabalho;
• Sócio – é o indivíduo com autoridade para vincular a firma à execução de serviços profissionais;
• Pessoal – são os sócios e o quadro de empregados da firma;
• Quadro de empregados (em versões anteriores, utilizava-se a expressão quadro técnico) – são
os profissionais, exceto sócios, incluindo quaisquer especialistas empregados pela firma.
• Prestador de serviços – é o indivíduo ou organização externa à firma que fornece recurso que é
usado no sistema de gestão de qualidade ou na execução dos trabalhos. Prestadores de serviços
não incluem a rede da firma, outras firmas da rede ou outras estruturas ou organizações na rede;
• Inspeções externas – são conduzidas pela autoridade supervisora externa, relacionadas com o
sistema de gestão de qualidade da firma ou trabalhos executados pelas firmas;
• Constatações (em relação ao sistema de gestão de qualidade) – são informações sobre o
desenvolvimento, a implementação e a operação do sistema de gestão de qualidade, obtidas a
partir de atividades de monitoramento, inspeções externas e outras fontes relevantes, que
indicam que podem existir uma ou mais deficiências;
• Firma – pode ser um único profissional, uma sociedade de profissionais, uma empresa de
auditoria ou outra entidade de profissionais de auditoria ou seus equivalentes no setor público;
• Entidade listada – é aquela entidade que tem ações, cotas ou títulos de dívida cotados ou
registrados em bolsa de valores reconhecida, ou negociadas de acordo com os regulamentos de
bolsa de valores reconhecida ou outro órgão equivalente;
• Julgamento profissional – é a aplicação de treinamento, conhecimento e experiência relevantes,
dentro do contexto das normas profissionais, na tomada de decisões informadas sobre os cursos
de ação apropriados ao desenvolvimento, à implementação e à operação do sistema de gestão
de qualidade da firma;

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• Objetivos de qualidade – são os resultados desejados em relação aos componentes do sistema


de gestão de qualidade que devem ser alcançados pela firma;
• Risco de qualidade – é o risco com razoável possibilidade de: (i) ocorrer; e (ii) individualmente,
ou em combinação com outros riscos, afetar adversamente o alcance de um ou mais objetivos
de qualidade;
• Requisitos éticos relevantes – são os princípios de ética profissional e requisitos éticos aplicáveis
aos profissionais da contabilidade ao conduzir auditorias ou trabalhos de revisão das
demonstrações contábeis, outros serviços de asseguração ou serviços correlatos.
• Resposta (em relação ao sistema de gestão de qualidade) – são as políticas ou procedimentos
planejados e implementados pela firma para tratar de um ou mais riscos de qualidade: (i)
políticas são declarações do que deve, ou não deve, ser feito para tratar dos riscos de qualidade.
Essas declarações podem ser documentadas explicitamente em comunicações ou
implicitamente por meio de ações e decisões; e (ii) procedimentos são ações para implementar
políticas;
Antes da atualização normativa, feita no final de 2021, as normas traziam a definição de pessoa
externa qualificada (definição essa que não mais aparece de forma expressa nas normas).
Entendemos que ainda é importante conhecer esse conceito. Nesse sentido:
Pessoa externa qualificada é uma pessoa de fora da firma com competência e habilidades que
poderia atuar como sócio encarregado do trabalho, por exemplo, um sócio de outra firma ou um
empregado (com experiência apropriada) de outra firma de auditoria, cujos membros podem
realizar auditorias e revisões de informações contábeis históricas ou outros serviços de asseguração
e serviços correlatos.

Gestão de qualidade da auditoria de demonstrações contábeis

A NBC TA 220 trata das responsabilidades específicas do auditor em relação à gestão de qualidade
no nível do trabalho de auditoria de demonstrações contábeis e das responsabilidades relacionadas
do sócio do trabalho.
De acordo com esse normativo, o objetivo do auditor é gerir a qualidade no nível do trabalho para
obter segurança razoável de que a qualidade foi alcançada de modo que:
(a) o auditor cumpriu com as suas responsabilidades e conduziu a auditoria, de acordo com as
normas profissionais e com os requisitos legais e regulatórios aplicáveis; e
(b) o relatório do auditor emitido é apropriado nas circunstâncias.
A equipe de trabalho, liderada pelo sócio do trabalho, é responsável, no contexto do sistema de
gestão de qualidade da firma pela:
(a) implementação das respostas da firma aos riscos de qualidade (ou seja, as políticas ou os
procedimentos da firma) aplicáveis ao trabalho de auditoria, usando informações comunicadas pela
firma ou obtidas da firma;

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(b) dadas a natureza e as circunstâncias do trabalho de auditoria, determinação quanto a planejar e


a implementar ou não respostas no nível do trabalho além daquelas especificadas nas políticas ou
nos procedimentos da firma; e
(c) comunicação à firma das informações do trabalho de auditoria que requerem comunicação
segundo as políticas ou os procedimentos da firma para suportar o planejamento, a implementação
e a operação do sistema de gestão de qualidade da firma.
Portanto, é o sócio do trabalho que deve assumir a responsabilidade geral pela gestão e pelo alcance
da qualidade no trabalho de auditoria, incluindo a responsabilidade por criar ambiente para o
trabalho que enfatiza a cultura da firma e o comportamento esperado dos membros da equipe de
trabalho. Ao fazer isso, o sócio do trabalho deve estar suficiente e apropriadamente envolvido
durante todo o trabalho de auditoria de modo a ter a base para determinar se os julgamentos
significativos feitos e as conclusões obtidas são apropriados, dadas a natureza e as circunstâncias do
trabalho.
Ao criar o ambiente descrito acima, o sócio do trabalho deve assumir a responsabilidade por tomar
ações claras, coerentes e eficazes, que reflitam o compromisso da firma com a qualidade e
estabeleçam e comuniquem o comportamento esperado dos membros da equipe de trabalho,
inclusive enfatizando:
(a) que todos os membros da equipe de trabalho são responsáveis por contribuir para a gestão e
o alcance da qualidade no nível do trabalho;
(b) a importância da ética, dos valores e das atitudes profissionais para os membros da equipe de
trabalho;
(c) a importância da comunicação aberta e firme dentro da equipe de trabalho, e que suporte a
capacidade de seus membros de levantarem questões sem medo de represálias; e
(d) a importância de cada membro da equipe exercer o ceticismo profissional durante todo o
trabalho de auditoria.
Se o sócio do trabalho designa o planejamento ou a execução de procedimentos, tarefas ou ações a
outros membros da equipe de trabalho para auxiliá-lo no cumprimento dos requisitos previstos, ele
deve continuar a assumir a responsabilidade geral pela gestão e pelo alcance da qualidade no
trabalho de auditoria por meio do direcionamento e da supervisão desses membros e da revisão do
seu trabalho.
Para os trabalhos de auditoria para os quais a revisão de qualidade do trabalho é necessária, o
sócio do trabalho deve:
(a) determinar que o revisor de qualidade do trabalho foi nomeado;
(b) cooperar com o revisor de qualidade do trabalho e informar os outros membros da equipe de
trabalho sobre sua responsabilidade de cooperar;
(c) discutir assuntos e julgamentos significativos levantados durante o trabalho de auditoria,
incluindo aqueles identificados durante a revisão de qualidade do trabalho, com o revisor de
qualidade do trabalho; e

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(d) não datar o relatório do auditor antes da conclusão da revisão de qualidade do trabalho.
Nesse ponto, cumpre frisar que a revisão de qualidade do trabalho é requerida para:
(i) auditorias de demonstrações contábeis de entidades listadas;
(ii) auditorias ou outros trabalhos para os quais uma revisão da qualidade do trabalho é requerida
por lei ou regulamento; e
(iii) auditorias ou outros trabalhos para os quais a firma determina que uma revisão da qualidade do
trabalho é uma resposta apropriada para tratar de um ou mais riscos de qualidade.

Aspectos gerais do controle (gestão) da qualidade

Neste ponto da aula, apresentamos alguns conceitos gerais para favorecer a compreensão, bem
==27561b==

como algumas passagens presentes nas versões anteriores da NBC PA 01 e da NBC TA 200, não mais
expressas, mas que ainda julgamos importantes para o estudo do tema.
As normas de auditoria apresentam 2 “momentos” do controle de qualidade (utilizamos essa divisão
para fins didáticos):
1) Controle (ou gestão) de qualidade propriamente dito ou interno (expressão não prevista nas
normas): feito pelo sócio encarregado do trabalho, que deve assumir a liderança pela qualidade de
todos os trabalhos de auditoria para os quais foi designado, evidenciar o não cumprimento de
exigências éticas relevantes, concluir sobre o cumprimento dos requisitos de independência etc.
2) Revisão do Controle de Qualidade (ou revisão de qualidade - expressão prevista nas normas):
feita pelo “revisor do controle de qualidade”, que pode ser sócio ou outro profissional da firma,
uma pessoa externa adequadamente qualificada, ou uma equipe composta por essas pessoas,
nenhuma delas fazendo parte da equipe de trabalho. A revisão aplica-se somente a entidades
listadas (com ações negociadas em bolsa de valores) ou outros trabalhos para os quais a firma tenha
determinado essa necessidade ou para os quais haja previsão em lei ou regulamento.
As normas de auditoria que tratam da Supervisão e Controle de Qualidade também fazem diversas
menções a um atributo do auditor muito importante e comentado em outras aulas de nossos cursos:
a Independência.
Nesse contexto, a firma deve estabelecer políticas e procedimentos para fornecer segurança
razoável de que a firma, seu pessoal e, quando aplicável, outras pessoas sujeitas a requisitos de
independência (incluindo pessoal de firma da mesma rede) mantêm a independência requerida por
exigências éticas relevantes. Essas políticas e procedimentos devem permitir à firma:
(a) comunicar seus requisitos de independência a seu pessoal e, quando aplicável, às outras pessoas
sujeitas a elas; e
(b) identificar e avaliar circunstâncias e relações que criam ameaças à independência, e tomar as
medidas apropriadas para eliminá-las ou reduzi-las a um nível aceitável, mediante a aplicação de
salvaguardas ou, se considerado apropriado, retirar-se do trabalho, quando esta retirada é permitida
por lei ou regulamentação

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Pelo menos uma vez por ano, a firma deve obter confirmação por escrito do cumprimento de suas
políticas e procedimentos sobre independência de todo o pessoal da firma, que precisa ser
independente por exigências éticas relevantes.
A firma deve estabelecer políticas e procedimentos para:
(a) estabelecer critérios para determinar a necessidade de salvaguardas para reduzir a ameaça de
familiaridade a um nível aceitável ao utilizar o mesmo pessoal sênior em trabalho de asseguração
por longo período de tempo; e
(b) exigir, para auditorias de demonstrações contábeis de entidades listadas, a rotatividade do sócio
do trabalho e dos indivíduos responsáveis pela revisão do controle de qualidade do trabalho e,
quando aplicável, de outras pessoas sujeitas a requisitos de rotatividade, após período especificado
em conformidade com exigências éticas relevantes.
Observação 1: existem diversos tipos de ameaças à Independência (ameaça de interesse próprio, de
intimidação, de familiaridade, etc.). Ameaça de familiaridade é a ameaça de que, devido ao
relacionamento longo ou próximo com o cliente, o auditor venha a se tornar solidário aos interesses
dele ou aceitar seu trabalho sem muito questionamento.
Observação 2: a norma que trata da Independência, antes de sua atualização – ocorrida em
01/01/2020, previa como regra geral para o rodízio dos responsáveis técnicos pelo trabalho de
auditoria a alternância a cada 5 anos, havendo ainda um período de 2 anos para o profissional
retornar à empresa auditada (5+2). Após a atualização da norma, a previsão é de que os responsáveis
técnicos pelo trabalho (sócio ou pessoa nomeada como responsável pela revisão do controle de
qualidade do trabalho) não desempenhem essas atividades por período superior a sete anos
cumulativos (não necessariamente seguidos).
Observação 3: entenda que o rodízio (ou alternância) deve ocorrer não para as firmas de auditoria,
mas sim para os responsáveis técnicos pelos trabalhos (sócios-chave, encarregados da revisão do
controle de qualidade, etc.).
Um dos elementos mais importantes do sistema de controle de qualidade é o Monitoramento. A
firma deve estabelecer um processo de monitoramento para fornecer segurança razoável de que
as políticas e os procedimentos relacionados com o sistema de controle de qualidade são
relevantes, adequados e estão operando de maneira efetiva.
O processo de monitoramento deve:
(a) incluir a contínua consideração e avaliação do sistema de controle de qualidade da firma,
incluindo, de modo cíclico, a inspeção de, pelo menos, um trabalho concluído para cada sócio
encarregado de trabalho;
(b) requerer que a responsabilidade pelo processo de monitoramento seja atribuída a um ou mais
sócios, ou a outras pessoas com experiência e autoridade suficientes e apropriadas na firma para
assumir essa responsabilidade; e
(c) requerer que as pessoas que executam o trabalho ou a revisão do controle de qualidade do
trabalho não estejam envolvidas na inspeção desses trabalhos.

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Aula 03

A firma deve avaliar o efeito das deficiências observadas em decorrência do processo de


monitoramento, determinando se o sistema de controle de qualidade é insuficiente e se há
deficiências sistêmicas que requerem medida corretiva imediata. Essas deficiências observadas, bem
como as recomendações de medidas corretivas, devem ser comunicadas aos sócios encarregados e
outras pessoas consideradas necessárias.
As recomendações para medidas apropriadas em relação às deficiências observadas devem incluir
uma ou mais das seguintes recomendações:
(a) aplicação de medida corretiva apropriada em relação a um trabalho individual ou a um membro
da equipe;
(b) comunicação das constatações aos responsáveis pelo treinamento e desenvolvimento
profissional;
(c) alterações nas políticas e procedimentos de controle de qualidade; e
(d) medida disciplinar contra aqueles que deixaram de cumprir as políticas e procedimentos da firma,
especialmente os reincidentes.
A firma deve comunicar, pelo menos uma vez por ano, os resultados do monitoramento de seu
sistema de controle de qualidade aos sócios encarregados dos trabalhos e outras pessoas
apropriadas na firma, incluindo o presidente ou, se apropriado, a diretoria executiva da firma. Essa
comunicação deve ser suficiente para permitir que a firma e essas pessoas adotem prontamente as
ações apropriadas, quando necessário, de acordo com suas funções e responsabilidades definidas.
As informações comunicadas devem incluir o seguinte:
(a) uma descrição dos procedimentos de monitoramento realizados;
(b) as conclusões obtidas dos procedimentos de monitoramento;
(c) quando relevante, uma descrição das deficiências sistêmicas, repetitivas ou outras deficiências
significativas e das medidas tomadas para resolver ou corrigir essas deficiências.
Vejamos agora outro ponto tratado pela NBC PA 01: os princípios fundamentais de ética
profissional.
Os princípios fundamentais da ética profissional a serem observados pelos auditores incluem:
(a) integridade;
(b) objetividade;
(c) competência profissional e devido zelo;
(d) confidencialidade; e
(e) comportamento profissional.
Esses princípios estão implícitos no Código de Ética Profissional do Contabilista.

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Aula 03

O Código de Ética Profissional do Contabilista e as normas profissionais relacionadas mostram como


a estrutura conceitual deve ser aplicada em situações específicas. Fornecem também exemplos de
salvaguardas que podem ser apropriadas para tratar das ameaças ao cumprimento dos princípios
fundamentais e traz, ainda, exemplos de situações onde não há salvaguardas disponíveis para tratar
as ameaças.
Os princípios fundamentais são reforçados especialmente por:
a) liderança da firma;
b) educação e treinamento;
c) monitoramento; e
d) processo para tratar das não conformidades.
Outro ponto importante já tratado pela NBC PA 01 diz respeito à propriedade da documentação do
trabalho de auditoria.
A documentação do trabalho é de propriedade da firma. A firma pode, a seu critério, disponibilizar
partes ou trechos da documentação do trabalho aos clientes, desde que essa divulgação não
prejudique a validade do trabalho realizado ou, no caso de trabalhos de asseguração, a
independência da firma ou do seu pessoal.

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Aula 03

Revisão Externa de Qualidade pelos Pares

A NBC PA 11 trata da Revisão Externa de Qualidade pelos Pares (ou, simplesmente, “Revisão pelos
Pares”), que se constitui em um em processo de acompanhamento do controle de qualidade dos
trabalhos realizados pelos auditores independentes. Frise-se que a Revisão pelos Pares aplica-se
exclusivamente ao auditor com registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O objetivo da revisão pelos pares é o de avaliar os procedimentos adotados pelo contador que atua
como auditor independente e pela Firma de Auditoria, com vistas a assegurar a qualidade dos
trabalhos de auditoria e asseguração desenvolvidos.
A qualidade, neste contexto, é medida pelo atendimento ao estabelecido nas Normas Brasileiras de
Contabilidade Técnicas e Profissionais, emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e,
quando aplicável, nas normas emitidas por órgãos reguladores.
Grosso modo, podemos entender a Revisão pelos Pares como um exame realizado por um auditor
(revisor) sobre os trabalhos executados por outro auditor (revisado), com vistas a verificar: i) a
adequação dos procedimentos e técnicas aplicados às Normas correspondentes; ii) a adequação do
sistema de controle de qualidade originalmente estabelecido.
O exame realizado pelo revisor sobre os trabalhos do revisado deve seguir um Programa de Revisão,
e deve ter como “produto” um Relatório de Revisão. O Auditor deve submeter-se à Revisão pelos
Pares, no mínimo, uma vez a cada ciclo de quatro anos.
A revisão deve abranger, exclusivamente, aspectos de atendimento às Normas Brasileiras de
Contabilidade Técnicas e Profissionais emitidas pelo CFC e, quando aplicável, a outras normas
emitidas por órgão regulador.
Vejamos, na sequência, as importantes definições trazidas pela NBC PA 11:
5. Para fins desta norma, os seguintes termos são usados com os significados abaixo
especificados:
Revisado é o auditor independente (firma de auditoria ou auditor pessoa física) que deve se
submeter ao Programa de Revisão Externa de Qualidade, de acordo com os critérios
estabelecidos nesta norma.
Revisor é o auditor contratado pelo Revisado para a realização do trabalho de Revisão pelos
Pares.

Revisão pelos Pares é o exame realizado por auditor independente nos trabalhos de auditoria
executados por outro auditor independente, visando verificar se:

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(a) os procedimentos e as técnicas de auditoria utilizados para execução dos trabalhos nas
empresas clientes estão em conformidade com as Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas
e Profissionais emitidas pelo CFC e, quando aplicável, com outras normas emitidas por órgão
regulador;
(b) o sistema de controle de qualidade desenvolvido e adotado pelo auditor está adequado e
conforme o previsto na NBC PA 01 – Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e
Físicas) de Auditores Independentes.
Programa de Revisão é o programa de trabalho do Comitê Administrador da Revisão Externa
de Qualidade (CRE) que compreende a definição da abrangência, a seleção dos auditores a
serem revisados, as etapas e os prazos a serem cumpridos pelos auditores revisores na
realização do trabalho de revisão.
Ano base da revisão refere-se ao ano a ser revisado pelo Revisor, que deve ser o ano anterior
ao da indicação do auditor a ser Revisado, ou o outro antecedente, caso não tenha realizado
serviço de auditoria.
Relatório de revisão é o relatório elaborado pelo Revisor, a ser apresentado ao CRE, dispondo
sobre a conformidade, ou não, do sistema de controle de qualidade existente nos trabalhos
desenvolvidos pelo Revisado.
Carta de recomendação é o documento a ser emitido pelo Revisor contendo sugestões para
melhoria das políticas e dos procedimentos de controle de qualidade.
Plano de ação é o documento elaborado pelo Revisado, a ser apresentado ao CRE, dispondo
sobre as ações que ele adotará ou implementará com o objetivo de corrigir as fragilidades
apresentadas na carta de recomendações emitida pelo Revisor ao término do trabalho de
revisão.
Revisão recíproca é a situação em que o Revisor teve sua última revisão realizada pelo atual
Revisado, não importando o intervalo de tempo entre as revisões.
Programa de revisão
14. O Auditor deve submeter-se à Revisão pelos Pares, no mínimo, uma vez a cada ciclo de
quatro anos, considerando que:
(a) a cada ano, no mês de janeiro, devem ser selecionados para inclusão no programa de
revisão, por critério definido pelo CRE, os auditores que deverão submeter-se à Revisão pelos
Pares, sendo, obrigatoriamente, incluídos aqueles que obtiveram seu cadastro na CVM no ano
anterior, que será definido como o ano-base da revisão;
(b) em decorrência de problemas específicos relatados pelo Revisor na última revisão, o CRE
pode decidir por determinar períodos menores para a revisão nos trabalhos do Revisado;
(c) durante o ano, e desde que com justificativa formal, podem ser selecionados, para inclusão
no programa de revisão, outros auditores que não foram selecionados em janeiro;

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(d) em decorrência de problemas específicos que venham a ser identificados no Revisor, o CRE
pode decidir por determinar a inclusão desse no programa de revisão do próprio ano, ou no do
ano seguinte, ou ainda determinar períodos menores para a sua revisão.

(UFPR / ISS CURITIBA – 2019) Entre as normas de auditoria existentes e adotadas no Brasil,
há uma específica que trata da revisão externa pelos pares.
O objetivo principal da norma é:
a) reduzir o custo das empresas em relação à contratação da auditoria.
b) disciplinar os procedimentos de auditora executados e se estão em conformidade com a
legislação tributária e previdenciária vigente no país.
c) assegurar a qualidade dos serviços prestados pelas empresas de auditoria.
d) tornar pública e transparente as informações obtidas no processo de auditoria em relação
às empresas de interesse público.
e) obter uma segunda opinião em relação à situação patrimonial das empresas que não são
obrigadas a publicar demonstrações contábeis.
Comentários:
Os 03 primeiros itens da NBC PA 11 tratam de seus Objetivos. Vejamos:
Objetivo
1. A Revisão Externa de Qualidade pelos Pares, doravante denominada “Revisão pelos Pares”,
constitui-se em processo de acompanhamento do controle de qualidade dos trabalhos
realizados pelos auditores independentes.
2. O objetivo da revisão pelos pares é o de avaliar os procedimentos adotados pelo contador
que atua como auditor independente e pela Firma de Auditoria, com vistas a assegurar a
qualidade dos trabalhos de auditoria e asseguração desenvolvidos.
3. A qualidade, neste contexto, é medida pelo atendimento ao estabelecido nas Normas
Brasileiras de Contabilidade Técnicas e Profissionais, emitidas pelo Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) e, quando aplicável, nas normas emitidas por órgãos reguladores.
Pelo exposto, vemos que – dentre outros – o objetivo da NBC PA 11 é assegurar a qualidade
dos trabalhos de auditoria e asseguração desenvolvidos (parte final do item 2).
Gabarito: C

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(FCC / ISS MANAUS – 2019) Acerca da NBC PA 11, que regula a “revisão externa de qualidade
pelos pares”, é correto afirmar que:
(A) O auditor somente pode atuar como revisor caso não tenha executado trabalhos de
auditoria independente nos últimos 2 anos anteriores ao da revisão que pretende fazer.
(B) É vedado ao revisor comunicar e discutir os resultados da revisão com a administração
do revisado.
(C) Aplica-se exclusivamente ao auditor com registro na CVM.
(D) O revisado é o auditor contratado para realização dos trabalhos de revisão.
(E) São estimuladas as revisões recíprocas entre auditores independentes (pessoas físicas e
jurídicas).
Comentários:
Por decorrência da previsão expressa do item 4 da NBC PA 11, nosso gabarito é a letra C:
Veja:
4. Esta Norma aplica-se, exclusivamente, ao Auditor com registro na Comissão de Valores
Mobiliários (CVM).
Comentário das demais alternativas:
(A) O auditor somente pode atuar como revisor caso não tenha executado trabalhos de
auditoria independente nos últimos 2 anos anteriores ao da revisão que pretende fazer.
Existe, na realidade, uma vedação ao trabalho como Revisor, no caso do auditor não ter
participado de nenhum trabalho de auditoria independente nos últimos 2 anos.
(B) É vedado ao revisor comunicar e discutir os resultados da revisão com a administração
do revisado. Essa comunicação é uma das responsabilidades do auditor-revisor. Veja:
28. O auditor-revisor tem as seguintes responsabilidades:
(a) organizar, planejar e conduzir os trabalhos de revisão;
(b) supervisionar o trabalho desenvolvido pelos membros da equipe;
(c) comunicar e discutir os resultados da revisão com a administração do auditor-revisado;
(d) elaborar o relatório de revisão e a carta de recomendações, quando for o caso;
(e) apresentar o relatório, a carta de recomendações e a cópia do questionário ao CRE;
(f) dar esclarecimentos ou participar de reunião com o CRE, quando requerido; e
(g) guardar por 7 (sete) anos toda a documentação referente aos trabalhos de revisão. [Grifos
não constantes no original]
(D) O revisado é o auditor contratado para realização dos trabalhos de revisão. O correto
seria dizer “revisor”.
(E) São estimuladas as revisões recíprocas entre auditores independentes (pessoas físicas e
jurídicas). Há vedação expressa para revisões recíprocas na NBC PA 11. Veja:

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24. São vedadas as revisões recíprocas entre auditores independentes (pessoas físicas e
jurídicas). Eventuais exceções devem ser submetidas à aprovação do CRE – Comitê
Administrador da Revisão Externa. [Grifos não constantes no original].
Gabarito: C
(CESGRANRIO / PETROBRAS – 2018) Em decorrência das medidas mais rigorosas impostas
às auditorias nos Estados Unidos, pela Lei Sarbanes-Oxley, e em atendimento aos termos da
Resolução CFC 910/2010, foi adotada no Brasil a prática do exame de auditorias por outras
auditorias.
Nesse contexto, tal prática é identificada, no Brasil, pelo nome de
a) auditoria de compliance
b) filosofia de auditoria
c) papel de auditoria
d) processo de abordagem de auditoria
e) revisão pelos pares
Comentários:
A revisão pelos pares pode ser entendida como o exame de auditorias (revisados) por outras
auditorias (revisores).
Gabarito: E
(AOCP / ISS Cariacica – 2020) Nos termos da NBC PA 11 – Revisão Externa de Qualidade pelos
Pares –, assinale a alternativa correta.
(A) Essa revisão constitui-se em um processo de acompanhamento do controle de qualidade
dos trabalhos realizados pelos auditores internos.
(B) O Auditor deve submeter-se à Revisão pelos Pares, no mínimo, uma vez a cada ciclo de
04 (quatro) anos.
(C) A revisão poderá abranger aspectos de atendimento às Normas Brasileiras de
Contabilidade Técnicas e Profissionais emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade e,
quando aplicável, a outras normas emitidas por órgão regulador.
(D) O objetivo da Revisão pelos Pares é o de avaliar os procedimentos adotados pelo
contador que atua como auditor independente e pela firma de auditoria, com vistas a
assegurar a qualidade dos serviços contábeis desenvolvidos.
Comentários:
Como vimos, o Auditor deve submeter-se à Revisão pelos Pares, no mínimo, uma vez a cada
ciclo de quatro anos – o que torna a letra B nosso gabarito. A letra A erra ao mencionar
“auditores internos” (a revisão pelos pares aplica-se aos auditores externos/independentes).
A letra C erra ao dizer que “poderá abranger” (de acordo com a norma, a revisão “deve”
abranger, exclusivamente, aspectos de atendimento às Normas Brasileiras de

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Contabilidade…). A letra D peca ao mencionar “serviços contábeis” (de acordo com a


literalidade da NBC PA 11, o objetivo da revisão pelos pares é o de avaliar os procedimentos
adotados pelo contador que atua como auditor independente e pela Firma de Auditoria, com
vistas a assegurar a qualidade dos trabalhos de auditoria e asseguração desenvolvidos).
Gabarito: B

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NBC TP 01

Conceitos Iniciais

A NBC TP 01 – Norma Técnica de Perícia Contábil (revisada em março/2020) estabelece regras e


procedimentos técnico-científicos a serem observados pelo perito, quando da realização de perícia
contábil, no âmbito judicial, extrajudicial, mediante o esclarecimento dos aspectos e dos fatos do
litígio por meio de exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação,
certificação e testabilidade.
Vejam que, como dissemos na seção Contextualização, a Perícia Contábil se presta a uma época, a
um questionamento específico, com o objetivo de levantar elementos de prova e esclarecer uma
controvérsia instaurada, um litígio ou constatar um fato.
Reproduzimos abaixo a definição de Perícia Contábil – item cobrado em provas recorrentemente.

A perícia contábil é o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a


levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução
do litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer
técnico-contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a
legislação específica no que for pertinente.

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Os instrumentos por meio dos quais o perito leva os elementos de prova à instância decisória são o
laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil. O laudo pericial contábil e o parecer contábil
têm por limite o próprio objeto da perícia deferida ou contratada.
A perícia contábil (judicial ou extrajudicial) é de competência exclusiva de contador em situação
regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição.
Os itens reproduzidos a seguir, acerca dos “tipos” de perícia, também aparecem em provas, ainda
que de forma discreta. Veja:

A perícia judicial é exercida sob a tutela do Poder Judiciário. Já a perícia extrajudicial é


exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntária.
A perícia arbitral é exercida sob o controle da lei de arbitragem e pelos regulamentos das
Câmaras de Arbitragem.
Perícias oficial e estatal são executadas sob o controle de órgãos de Estado.
Perícia voluntária é contratada, espontaneamente, pelo interessado ou de comum
acordo entre as partes.

Planejamento

O planejamento da perícia é a etapa do trabalho pericial na qual o perito estabelece as diretrizes e


a metodologia a serem aplicadas.
Os objetivos do planejamento da perícia são:
(a) conhecer o objeto e a finalidade da perícia para permitir a escolha de diretrizes e procedimentos
a serem adotados para a elaboração do trabalho pericial;
(b) desenvolver plano de trabalho onde são especificadas as diretrizes e procedimentos a serem
adotados na perícia;
(c) estabelecer condições para que o plano de trabalho seja cumprido no prazo estabelecido;
(d) identificar potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer no andamento da perícia;
(e) identificar fatos importantes para a solução da demanda, de forma que não passem
despercebidos ou não recebam a atenção necessária;
(f) identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia;
(g) estabelecer como ocorrerá a divisão das tarefas entre os membros da equipe de trabalho, sempre
que o perito necessitar de auxiliares.

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Elaborado o plano de trabalho pericial, o perito pode convidar os assistentes técnicos para uma
reunião de trabalho, presencial ou por meio eletrônico, para dar conhecimento do planejamento
da execução do trabalho pericial.
Ao identificar, na etapa de elaboração do planejamento, as diligências necessárias (desde que não
haja preclusão de prova documental), é necessário considerar a legislação aplicável, documentos,
registros, livros contábeis, fiscais e societários, laudos e pareceres já realizados e outras informações
pertinentes para determinar a natureza do trabalho a ser executado.
O planejamento deve ser realizado pelo perito nomeado ainda que o trabalho venha a ser
realizado de forma conjunta. Ele deve ser mantido por qualquer meio de registro que facilite o
entendimento dos procedimentos a serem aplicados e sirva de orientação adequada à execução do
trabalho.
O planejamento deve ser revisado e atualizado sempre que fatos novos surjam no decorrer da
perícia.
Quando a perícia exigir o trabalho de terceiros (equipe de apoio, trabalho de especialistas ou
profissionais de outras áreas de conhecimento), o planejamento deve prever a orientação e a
supervisão do perito nomeado, que responde pelos trabalhos por eles executados.

Termos e Atas – Termo de Diligência

Outro tópico que cai com frequência em provas diz respeito ao termo de diligência. Diligências são
todos os atos adotados pelos peritos na busca de documentos, coisas, dados e informações e outros
elementos de prova necessários à elaboração do laudo e do parecer, mediante termo de diligência,
desde que tais provas não estejam colacionadas aos autos. Ainda, são consideradas diligências as
comunicações às partes, aos peritos-assistentes ou a terceiros, ou petições judiciais. Veja:
Termo de diligência é o instrumento por meio do qual o perito cumpre a determinação legal ou
administrativa e solicita que sejam colocados à disposição livros, documentos, coisas, dados e
informações necessárias à elaboração do laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil.
O termo de diligência serve para formalizar e comprovar o trabalho de campo; deve ser redigido
pelo perito nomeado; e ser encaminhado ao diligenciado.
O perito deve observar os prazos a que está obrigado por força de determinação legal e, dessa
forma, definir o prazo para o cumprimento da solicitação pelo diligenciado.
Caso ocorra a negativa da entrega dos elementos de prova formalmente requeridos, o perito
deve se reportar diretamente a quem o nomeou, contratou ou indicou, narrando os fatos e
solicitando as providências cabíveis.
Estrutura
O termo deve conter os seguintes itens:
(a) identificação do diligenciado;
(b) identificação das partes ou dos interessados e, em se tratando de perícia judicial ou arbitral,
o número do processo ou procedimento, o tipo e o juízo em que tramita;

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Aula 03

(c) identificação profissional do perito;


(d) indicação de que está sendo elaborado nos termos desta Norma;
(e) indicação detalhada dos documentos, coisas, dados e informações, consignando as datas
e/ou períodos abrangidos, podendo identificar o quesito a que se refere;
(f) indicação do prazo e do local para a exibição dos elementos indicados na alínea anterior;
(g) local, data e assinatura.

Execução - Procedimentos

Ao ser intimado para dar início aos trabalhos periciais, o perito nomeado deve comunicar às partes
e aos assistentes técnicos: a data e o local de início da produção da prova pericial contábil, exceto
se fixados pelo juízo, juízo arbitral ou autoridade administrativa.
O perito, enquanto estiver de posse do processo ou de documentos, deve zelar por sua guarda e
segurança e ser diligente. Para a execução da perícia contábil, o perito deve ater-se ao objeto e ao
lapso temporal da perícia a ser realizada.

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Mediante termo de diligência, o perito deve solicitar, por escrito, todos os documentos e
informações relacionados ao objeto da perícia, fixando o prazo para entrega. A eventual recusa no
atendimento aos elementos solicitados nas diligências ou qualquer dificuldade na execução do
trabalho pericial devem ser comunicadas ao juízo, com a devida comprovação ou justificativa, em se
tratando de perícia judicial; ao juiz arbitral ou à parte contratante, no caso de perícia extrajudicial.
O perito pode utilizar os meios que lhe são facultados pela legislação e as normas concernentes ao
exercício de sua função, com vistas a instruir o laudo pericial contábil ou o parecer pericial contábil
com as peças que julgar necessárias.
O perito deve manter registro dos locais e datas das diligências, nome das pessoas que o atender,
livros e documentos ou coisas vistoriadas, examinadas ou arrecadadas, dados e particularidades de
interesse da perícia, rubricando a documentação examinada, quando julgar necessário e possível,
juntando o elemento de prova original, cópia ou certidão.
A execução da perícia, quando incluir a utilização de equipe técnica, deve ser realizada sob a
orientação e supervisão do perito, que assume a responsabilidade pelos trabalhos.
O perito deve, ainda, especificar os elementos relevantes que serviram de suporte à conclusão
formalizada no laudo pericial contábil e no parecer pericial contábil.
A parte da norma (NBC TP 01 (R1)) mais recorrente em provas é a que versa sobre os procedimentos
periciais contábeis adotados pelo perito durante a realização de seu trabalho. As bancas costumam
fazer a inversão de suas definições com objetivo de confundi-los. Portanto, fiquem atentos a esses
detalhes. Veja:
Procedimentos

Os procedimentos periciais contábeis visam fundamentar o laudo pericial contábil e o parecer


técnico-contábil e abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade da
matéria, exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação,
certificação e testabilidade. Esses procedimentos são assim definidos:

a) exame é a análise de livros, registros de transações e documentos.

b) vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou fato,


de forma circunstancial.

c) indagação é a busca de informações mediante entrevista com conhecedores do objeto ou de


fato relacionado à perícia.

d) investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou parecer técnico-
contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias.

e) arbitramento é a determinação de valores, quantidades ou a solução de controvérsia por


critério técnico-científico.

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Aula 03

f) mensuração é o ato de qualificação e quantificação física de coisas, bens, direitos e


obrigações.

g) avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e


receitas.

h) certificação é o ato de atestar a informação obtida na formação da prova pericial.

i) testabilidade é a verificação dos elementos probantes juntados aos autos e o confronto com
as premissas estabelecidas. [Grifo nosso]

Cuidado: o Arbitramento é a determinação de valores por critério técnico científico. Já a


Avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, etc.

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Aula 03

Laudo Pericial Contábil e Parecer Pericial Contábil

Detalharemos, agora, o laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil.


Concluídos os trabalhos periciais, o perito nomeado deve apresentar laudo pericial contábil, e o
assistente técnico pode oferecer seu parecer pericial contábil, obedecendo aos respectivos prazos
legais e/ou contratuais.

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Laudo pericial Apresentado pelo


contábil perito nomeado
Conclusão dos
trabalhos
Parecer pericial Oferecido pelo
contábil assistente técnico

O perito nomeado, depois de protocolado o laudo, pode fornecer cópia aos assistentes técnicos.
O assistente técnico não pode validar o laudo pericial quando o documento tiver sido elaborado
por leigo ou profissional de outra área, devendo, neste caso, oferecer o parecer pericial contábil
sobre a matéria periciada.
O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil devem ser elaborados somente por contador
ou pessoa jurídica, se a lei assim permitir, que estejam devidamente registrados e habilitados. A
habilitação é comprovada por intermédio da Certidão de Regularidade Profissional emitida por
Conselho Regional de Contabilidade ou do Cadastro Nacional de Peritos Contábeis do Conselho
Federal de Contabilidade.

O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil são documentos escritos, que
devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos
e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova
necessários para a conclusão do seu trabalho.

Os peritos devem consignar, no final do laudo pericial contábil ou do parecer pericial contábil, de
forma clara e precisa, as suas conclusões.
O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil são documentos escritos, nos quais os peritos
devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as
minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a
conclusão do seu trabalho.
Os peritos devem consignar, no final do laudo pericial contábil ou do parecer técnico-contábil, de
forma clara e precisa, as suas conclusões.
O laudo e o parecer são, respectivamente, orientados e conduzidos pelo perito nomeado e pelo
assistente técnico, que devem adotar padrão próprio, respeitada a estrutura prevista nas
disposições legais, administrativas e normativas. A linguagem adotada pelo perito deve ser clara,
concisa, evitando o prolixo e a tergiversação, possibilitando aos julgadores e às partes o devido
conhecimento da prova técnica e interpretação dos resultados obtidos. As respostas aos quesitos
devem ser objetivas, completas e não lacônicas. Os termos técnicos devem ser inseridos no laudo e
no parecer, de modo a se obter uma redação que qualifique o trabalho pericial, respeitadas as
Normas Brasileiras de Contabilidade.

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O laudo e o parecer devem contemplar o resultado final alcançado por meio de elementos de
prova inclusos nos autos ou arrecadados em diligências que o perito tenha efetuado, por
intermédio de peças contábeis e quaisquer outros documentos, tipos e formas.
Os peritos devem, na conclusão do trabalho pericial, considerar as formas explicitadas nos itens
seguintes:
(a) omissão de fatos: o perito nomeado não pode omitir nenhum fato relevante encontrado
no decorrer de suas pesquisas ou diligências, mesmo que não tenha sido objeto de quesitação
e desde que esteja relacionado ao objeto da perícia;
(b) a conclusão com quantificação de valores é viável em casos de: apuração de haveres;
liquidação de sentença, inclusive em processos trabalhistas; resolução de sociedade; avaliação
patrimonial, entre outros;
(c) pode ocorrer que, na conclusão, seja necessária a apresentação de alternativas,
condicionada às teses apresentadas pelas partes, casos em que cada uma apresenta uma
versão para a causa. O perito pode apresentar as alternativas condicionadas às teses
apresentadas, devendo, necessariamente, ser identificados os critérios técnicos que lhes deem
respaldo;
(d) a conclusão pode ainda reportar-se às respostas apresentadas nos quesitos;
(e) a conclusão pode ser, simplesmente, elucidativa quanto ao objeto da perícia, não
envolvendo, necessariamente, quantificação de valores.
Quando se tratar de laudo pericial contábil, assinado em conjunto pelos peritos, há
responsabilidade solidária sobre o referido documento.

NBC PP 01

A NBC PP 01 – Perito Contábil (revisada em março/2020) estabelece diretrizes inerentes à atuação


do contador na condição de perito.
Perito é o contador detentor de conhecimento técnico e científico, regularmente registrado em
Conselho Regional de Contabilidade e no Cadastro Nacional dos Peritos Contábeis, que exerce a
atividade pericial de forma pessoal ou por meio de órgão técnico ou científico.
Agora, vamos diferenciar os diversos peritos expressos na norma. Veja:

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Tipos de peritos:

Perito do juízo é o contador nomeado pelo poder judiciário


para exercício da perícia contábil

Perito arbitral é o contador nomeado em arbitragem para


exercício da perícia contábil

Perito oficial é o contador investido na função por lei e


pertencente a órgão especial do Estado

Assistente técnico é o contador ou órgão técnico ou científico


indicado e contratado pela parte em perícias contábeis.

Ressalte-se que o perito deve comprovar sua habilitação por intermédio de Certidão de
Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos Regionais de Contabilidade ou do Cadastro
Nacional de Peritos Contábeis do CFC. O perito pode anexá-las no primeiro ato de sua manifestação
e na apresentação do laudo ou parecer.
A indicação ou a contratação de assistente técnico ocorre quando a parte ou a contratante desejar
ser assistida por contador, ou comprovar algo que dependa de conhecimento técnico-científico,
razão pela qual o profissional só deve aceitar o encargo se reconhecer estar capacitado com
conhecimento, discernimento e independência para a realização do trabalho.
Dentre os tópicos presentes na NBC PP 01, as situações que caracterizam os impedimentos
profissionais (suspeição e impedimento legal) são, certamente, as que mais aparecem em provas.
Reproduzimos a seguir os dispositivos correspondentes e, na sequência, apresentamos mapa mental
para ajudá-los com a memorização. Veja:
IMPEDIMENTOS PROFISSIONAIS
7. Impedimentos profissionais são situações fáticas ou circunstanciais que impossibilitam o
perito de exercer, regularmente, suas funções ou realizar atividade pericial em processo judicial
ou extrajudicial, inclusive arbitral. Os itens previstos nesta Norma explicitam os conflitos de
interesse motivadores dos impedimentos a que está sujeito o perito nos termos da legislação
vigente.
8. Caso o perito não possa exercer suas atividades com isenção, é fator determinante que ele
se declare impedido, após nomeado ou indicado, quando ocorrerem as situações previstas
nesta Norma.
9. Quando nomeado, o perito deve dirigir petição, no prazo legal, justificando a escusa ou o
motivo do impedimento.
10. Quando indicado nos autos pela parte e não aceitando o encargo, o assistente técnico deve
comunicar a ela sua recusa, devidamente justificada por escrito, facultado o envio de cópia à
autoridade competente.

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11. O assistente técnico deve declarar-se impedido quando, após contratado, verificar a
ocorrência de situações que venham suscitar impedimento em função da sua imparcialidade ou
independência e, dessa maneira, comprometer o resultado do seu trabalho.
SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO LEGAL
12. O perito nomeado deve se declarar suspeito ou impedido quando não puder exercer suas
atividades, observadas as disposições legais.
13. O perito deve declarar-se suspeito quando, após nomeado ou contratado, verificar a
ocorrência de situações que venham suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou
independência e, dessa maneira, comprometer o resultado do seu trabalho em relação à
decisão.
14. Os casos de suspeição e impedimento a que está sujeito o perito nomeado são os seguintes:
(a) ser amigo íntimo de qualquer das partes;
(b) ser inimigo capital de qualquer das partes;
(c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus cônjuges, de parentes
destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau ou entidades das quais esses
façam parte de seu quadro societário ou de direção;
(d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou dos seus cônjuges;
(e) ser parceiro, empregador ou empregado de uma das partes;
(f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do objeto da discussão; e
(g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de uma das partes.
15. O perito pode ainda declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo.

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A legislação civil determina responsabilidades e penalidades para o profissional que exerce a função
de perito, as quais consistem em multa, indenização e inabilitação. Já a legislação penal estabelece
penas de multa e reclusão para os profissionais que exercem a atividade pericial que vierem a
descumprir as normas legais.
Tratando-se de perícia que abranja mais de uma área de conhecimento especializado (ou seja, ao se
utilizar o trabalho de especialista) o perito deve comunicar ao juízo.
Na elaboração do plano de trabalho e respectiva proposta de honorários, o perito deve considerar,
entre outros fatores: a relevância, o vulto, o risco, a responsabilidade, a complexidade operacional,
o pessoal técnico, o prazo estabelecido e a forma de recebimento.

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O perito deve elaborar a proposta de honorários, quando possível, descrevendo o plano de trabalho
de forma a atender ao objeto da perícia, considerando as várias etapas do trabalho pericial até o
término da instrução ou homologação do laudo.
O perito pode ressalvar que as despesas com viagens, hospedagens, transporte, alimentação e
outras despesas não estão inclusas na proposta de honorários e devem ser objeto de ressarcimento.
O assistente técnico deve, obrigatoriamente, celebrar contrato de prestação de serviços com o seu
cliente, observando as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Contabilidade.
O perito deve ressaltar, em sua proposta de honorários, que esta não contempla os honorários
relativos a quesitos suplementares/complementares. Quando haja necessidade de
complementação de honorários, devem-se observar os mesmos critérios adotados para a
elaboração da proposta inicial.
O perito nomeado pode requerer a liberação de até 50% dos honorários depositados, quando julgar
necessário para o custeio antes do início dos trabalhos, sendo defeso o perito receber honorários
diretamente dos litigantes ou de seus procuradores ou prepostos, salvo disposição em contrário
determinada pela autoridade competente.
Quando a perícia for considerada inconclusiva ou ineficiente, ou quando substituído, pode a
autoridade competente determinar a redução ou devolução do valor dos honorários já recebidos.
Os honorários periciais fixados ou arbitrados e não quitados podem ser executados, judicialmente,
pelo perito em conformidade com os dispositivos do Código de Processo Civil.

(CESPE – AUDITOR FISCAL/SEFAZ RS – 2019) João, contador em situação regular no Conselho


Regional de Contabilidade de sua jurisdição, emitiu, após ter sido intimado pelo Poder Judiciário,
laudo e parecer técnico-contábil para subsidiar a solução de um litígio.
Nesse caso, João realizou atividade de
a) auditoria independente.
b) auditoria interna.
c) auditoria operacional.
d) consultoria financeira.
e) perícia contábil.
Comentários:
Questão trata das diferenças entre auditoria interna, externa e perícia contábil. Aqui, você deve ficar
atento às palavras: “Poder Judiciário” e “solução de um litígio”, além de observar os instrumentos
utilizados “laudo” e “parecer técnico-contábil”. Veja o mapa mental a seguir:

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Gabarito: E.

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