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MBA EM PROJETO E CONSTRUÇÃO DE ESTRUTURAS METÁLICAS E DE MADEIRA

Fundamentos de Estruturas de Madeira

Glauco José de Oliveira Rodrigues, D.Sc.

glauco.grengenharia@gmail.com
Glauco José de Oliveira Rodrigues
Mini CV glauco.grengenharia@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/5822821293050157

 Graduado em Engenharia Civil pela UERJ com ênfase em Estruturas pela UERJ em 1994;

 Mestre em Engenharia Civil pela PUC-Rio em 1999;

 Doutor em Engenharia Civil pela COPPE/UFRJ em 2004;

 Pós-Doutor em Engenharia Civil pela PUC-Rio em 2009;

 Experiência de mais de 27 anos em projetos de estruturas, por várias empresas do segmento de projetos e
consultoria de engenharia de estruturas;

 Professor Adjunto do Departamento de Estruturas e Fundações da Faculdade de Engenharia da UERJ e da


PUC-Rio nas Disciplinas de Estruturas de Madeira e Tópicos Especiais em Estruturas;

 Diretor técnico da GR Consultoria e Projetos de Engenharia.


BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

• Dimensionamento de Elementos Estruturais de Madeira – Carlito Calil Junior / Francisco Antonio Rocco Lahr /
Antônio Alves Dias / Gisele Cristina Antunes Martins – Editora Elsiever 2019 (Livro Texto);
À Partir de 29/06/2022:
• NBR 7190:2022 Projeto de Estruturas de Madeira – Parte 1 – Critérios de Dimensionamento; NBR 7190:2022
Projeto de Estruturas de Madeira – Parte 2 – Métodos de Ensaio para classificação visual e mecânica de peças
estruturais de madeira;
• NBR 7190:2022 Projeto de Estruturas de Madeira – Parte 3 – Métodos de ensaio para corpos de prova isentos de
defeitos para madeiras florestais nativas;
• NBR 7190:2022 Projeto de Estruturas de Madeira – Parte 4 – Métodos de ensaio para caracterização peças
estruturais;
• NBR 7190:2022 Projeto de Estruturas de Madeira – Parte 5 – Métodos de ensaio para determinação da resistência e
da rigidez de ligações com conectores mecânicos;
• NBR 7190:2022 Projeto de Estruturas de Madeira – Parte 6 – Métodos de ensaio para caracterização de madeira
lamelada colada estrutural;
• NBR 7190:2022 Projeto de Estruturas de Madeira – Parte 7 – Métodos de ensaio para caracterização de madeira
lamelada colada cruzada estrutural.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

Instituto Brasileiro da Madeira e das Estruturas de Madeira


https://ibramem.wordpress.com/
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

• Introdução;
• Propriedades físicas, mecânicas, resistência e rigidez das madeiras;

• Ações e segurança em estruturas de madeira;


• Método dos estados limites para peças tracionadas e emendas;
• Método dos estados limites para vigas de madeira serrada;

• Método dos estados limites para peças comprimidas;


EMENTA

• Unidade 1 • Introdução;

• Unidade 2 • Propriedades físicas, mecânicas, resistência e rigidez das


madeiras;

• Unidade 3 • Ações e segurança em estruturas de madeira;


• Método dos estados limites para peças tracionadas e emendas;

• Unidade 4 • Método dos estados limites para vigas de madeira serrada;


• Método dos estados limites para peças comprimidas;
UNIDADE 1

Introdução
UNIDADE 1

Recursos Brasileiros para Produção de Madeira – A Floresta Amazônica

• Ocupa área em torno de 2,8 milhões de km² (33% do território nacional).


• Estados abrangidos: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso,
Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
• As reservas atuais são estimadas em 50 bilhões de m³ de madeira,
distribuídas por mais de 4 mil espécies arbóreas.
• A exploração ainda é seletiva e predatória, responsável por mais de 760
mil km² originais, já devastados de modo praticamente irreversível (Fonte
INPE 2016).
UNIDADE 1

Atividade florestal
Uma das poucas que, com utilização de métodos racionais de exploração, poderá conjugar a
expansão econômica à conservação da qualidade de vida (desenvolvimento sustentável).

Benefícios proporcionados pelas árvores:


• Melhora da qualidade do ar pela fixação do CO2 (sequestro de carbono) e pela
liberação do oxigênio decorrentes da fotossíntese;
• Manutenção da biodiversidade com a preservação da fauna e da flora, associada ao
manejo florestal convenientemente conduzido;
• Redução da incidência de áreas erodidas e de suas graves consequências.
UNIDADE 1

Florestas Nativas

Floresta Amazônica Mata Atlântica


UNIDADE 1

Florestas Plantadas

Pinus – Conífera (origem EUA) Eucalipto – Folhosa (origem Austrália)


UNIDADE 1

Classificação Botânica
Classificação botânica das árvores

Classe de Vegetais: Fanerógramas

Gimnospermas Angiospermas

Classe mais importante: Classe mais importante:


Coníferas, também conhecidas Folhosas (dicotiledôneas), também
como softwoods, ou seja, madeiras conhecidas como hardwoods, ou seja,
moles. madeiras duras.
UNIDADE 1

Estrutura microscópica e fisiologia da árvore


Coníferas Dicotiledôneas
UNIDADE 1

Características
Coníferas Folhosas (Dicotiledôneas)
• Folhas perenes, em formato de escamas ou • Folhas de diferentes formatos renovadas periodicamente;
agulhas; • Quase totalidade das florestas tropicais.
• Típicas de climas temperados e frios
Exemplos: Jacarandá-da-Bahia
(Hemisfério Norte);
Aroeira do Sertão Angelim Vermelho
• Na América do Sul: (Sul do Brasil).
Peroba Rosa Canela
Ipê Freijó
Exemplos:
Mogno Itaúba
Pinho do Paraná;
Cedro Virola
Pinus Taeda;
Imbuia Jequitibá Rosa
Pinus Elliottii;
Caviúna Copaíba
Pinus Oocarpa;
Angico Pau-Brasil
Pinus Caribea.
Garapa Peroba-do-Campo
Pau-marfim Canafístula
Cerejeira Cambará
Cabriúva Sucupira
Amendoim Maçaranduba
UNIDADE 1

Vantagens do uso da madeira como material de construção:

• Retirada do CO2 da atmosfera chega a ser de 1,0ton por


m³ de madeira;

• As árvores só são eficientes na retirada de CO2 até os 30


ou 40 anos;

• O corte e replantio de árvores novas obriga a floresta a


retirar mais CO2;

• O transporte da madeira ao local da obra exerce um


impacto irrelevante no benefício final;

• Cerca de 1/4 da floresta colhida anualmente seria


possível suprir a demanda de construção.
UNIDADE 1

CELULOSE
C2H10O5
+
ÁGUA
H2O
UNIDADE 1

Sequestro de carbono pelas árvores:


O carbono constitui aproximadamente 50% da massa seca das árvores, e quando a madeira dessas árvores
é usada para produzir produtos de madeira o carbono é armazenado para toda a vida nesse produto. Se
usado nas estruturas de nossas casas este armazenamento de carbono é de cerca de 100 anos, cerca de 30
anos em móveis, 30 anos em dormentes de trem e cerca de 6 anos em paletes e papel. O carbono
armazenado na madeira só é liberado de volta para a atmosfera quando o produto é queimado ou se
decompõe.

A quantidade de carbono armazenada nas árvores depende de vários fatores, incluindo espécies,
condições de crescimento, idade da árvore e densidade. Existem várias maneiras de calcular o CO2
armazenado na madeira, dependendo das informações disponíveis.
UNIDADE 1

Estimativa de carbono sequestrado pelas árvores


• 35% da massa verde de uma árvore é água, então 65% é massa seca e sólida;
• 50% da massa seca de uma árvore é carbono;
• 20% da biomassa das árvores está abaixo do nível do solo nas raízes, portanto, um fator de multiplicação de
120% é usado;
• Para determinar a quantidade equivalente de dióxido de carbono, o valor de carbono é multiplicado por um
fator de 3,67 (que corresponde à densidade do carbono puro).

CO2 sequestrado (kg) = Massa da árvore (kg) x 65% (massa seca) x 50% (%carbono) x 3,67 x 120%

Exemplo 1m3 de Pinus - cuja densidade de madeira verde é de aproximadamente 550 kg/m3:
Fórmula : 550 x 65% x 50% x 3,67 x 120% = 787 kg de CO2 estocados em 1m3 de Pinus.

Exemplo 1m3 de Eucalipto - cuja densidade de madeira verde é de aproximadamente 700 kg/m3:
Fórmula : 700 x 65% x 50% x 3,67 x 120% = 1000 kg de CO2 (1 ton) em 1m3 de Eucalipto.
UNIDADE 1

Estimativa de carbono sequestrado pela madeira de construção:


Durante a transformação da madeira em colunas e vigas, há uma `perda` desse carbono armazenado devido ao
processo fabril e geração de resíduos.
A quantidade de carbono em toras de madeira serrada pode ser calculada usando taxas médias de recuperação
após o processamento, que é estimada em cerca de 35% para madeiras duras, como eucalipto, e 50% para
madeiras macias, como o pinus.
O teor de umidade padrão para madeira seca ao ar (e produtos de madeira) é de 12%, ou 88% da umidade foi
removida. 3

Para calcular o CO2 em madeira utilizada na construção necessita-se: da massa seca ao ar da tora, da
porcentagem de umidade removida e da taxa de recuperação.

CO2 sequestrado (kg) = Massa da madeira seca a 12% (kg) x 88% (massa seca) x 50% (%carbono) x 3,67
x taxa de recuperação da madeira

Exemplo com o Pinus - seco em estufa a 12%, laminado colado - densidade básica 400 kg/m3:
Fórmula : 400 x 88% x 50% x 3,67 x 50% = 323 kg de CO2 estocados em 1m3 de Pinus Estrutural.
UNIDADE 1

Conclusão:
Os valores sequestrados pela madeira estrutural são mais baixos do que os apresentados pela
madeira em forma de árvore. Obviamente isto acontece devido ao processo industrial em que
a madeira passa ao ser processada pois gera emissão de CO2 - não há nenhuma indústria
100% limpa.

Ainda assim o saldo de CO2 sequestrado é positivo, quando comparada a qualquer outro
material estrutural do mundo como concreto armado - fck 30MPa - que emite por volta de
410 kg de CO2 por m3 ou o aço que emite 1850 kg de CO2 por tonelada de aço.
UNIDADE 1

Materiais estruturais – comparativo ambiental


Concreto Armado Aço Madeira
• Matéria prima não renovável; • Matéria prima não renovável; • Matéria prima renovável;
• Brita, areia e calcário (cimento) • Siderurgia responsável pela emissão • Sustentável quando consumida
extraída de jazidas finitas; de gases tóxicos que contribuem para de forma consciente;
• Areia – degradação do leito dos o efeito estufa. • Alta resistência em relação à
rios; • Dependente da extração de minérios densidade, ou seja, são dotadas
• Minérios para fabricação de através de processos altamente de baixo peso próprio;
vergalhões. poluentes. • Extração e o desdobro (corte
• Fábricas de cimento e aço de • Fábricas de aço de perfis altamente de toras) envolvem baixo
vergalhões altamente poluentes - poluentes - grandes emissores de consumo de energia.
grandes emissores de CO2. CO2.
UNIDADE 1

Materiais estruturais – dados comparativos


Materiais Estruturais – Dados Comparativos

Peso Resistência Módulo de


Energia consumida na (MPa)
Material Específico Elasticidade
produção (MJ/m3)
(g/cm3) (GPa)

Concreto 2,4 1920 20 20

Aço 7,8 234000 250 210

Madeira conífera 0,6 600 50 12

Madeira folhosa 0,9 630 75 8


UNIDADE 1

Não vale a pena construir em madeira porque é inflamável?


VIGA DE MADEIRA

VIGA “I” DE AÇO


UNIDADE 1

Fogo e Durabilidade
• Crosta carbonizada, proteção natural;
• Seco x úmido;
• Não perde a capacidade portante;
• Queima de modo previsível;
• Em meia hora queima 2,1cm, cerca de
0,7mm por minuto;
• Aço à 750°C = colapso
• Difícil ignição.
UNIDADE 1

Preconceitos inerentes à madeira


• Divulgação insuficiente de informações tecnológicas;
• Falta de projetos específicos desenvolvidos por profissionais habilitados;
• Mão de obra não qualificada e maquinário obsoleto ou adaptado;
• Associação exagerada do uso da madeira à “catástrofes ecológicas”.

...“Não está sendo defendida aqui, a exploração irracional e predatória. O que se almeja é a aplicação
de um manejo de cultura e exploração inteligente, fundamentado em técnicas há muito dominadas por
engenheiros florestais e profissionais de área correlatas, que poderá garantir a perenidade de nossas
reservas florestais.”
(extraído do livro texto)
UNIDADE 1

Estrutura macroscópica da madeira


UNIDADE 1

Anéis de crescimento

Primavera e início do verão: Anéis de


cor mais clara e maior espessura –
crescimento mais intenso.

Outono e final do verão: Anéis de cor


mais escura e menor espessura –
crescimento moderado.
UNIDADE 1

Desdobros Obtida com corte e desdobro das peças.

Melhor época para abate são as épocas secas. No Brasil,


meses sem “R”. (maio, junho, julho, agosto).
UNIDADE 1

Tipos de madeira
Madeira Bruta ou madeira roliça Madeira Falquejada - Obtida trabalhando o tronco com machado
UNIDADE 1

Madeira Serrada
UNIDADE 1

Exemplos de utilização de madeira serrada


Telhado residencial
UNIDADE 1
UNIDADE 1
Formas e Cimbramentos
UNIDADE 1

Produtos industrializados da madeira


Madeira Engenheirada (Mass Timber – Madeira Massiva)
Madeira Lamelada Colada (MLC)
UNIDADE 1

Produtos industrializados da madeira


Madeira Lamelada Colada (MLC)
UNIDADE 1

Exemplos de construções com MLC


UNIDADE 1

Exemplos de construções com MLC


UNIDADE 1

Viga curva
UNIDADE 1

Estádio
Olímpico de
Tóquio - Japão
UNIDADE 1

Madeira Lamelada Colada Cruzada (MLCC) ou CLT (Cross Laminated Timber) - Placas
UNIDADE 1

2 Produtos: MLC + MLCC = Prédios em Madeira

MLC

MLCC
UNIDADE 1

Estruturas mistas concreto x madeira

INSTALAÇÃO DO
CONECTOR HBV
NO CLT COM PUR
UNIDADE 1

Outros tipos de madeira industrializada não contempladas pela NBR 7190:2022


Lâmina LVL (Laminated Veneer Lumber)
UNIDADE 1
Outros tipos de madeira industrializada não contempladas pela NBR 7190:2022
LWF – Light Wood Frame

Placas
OSB

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