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I.

- INTRODUÇÃO

Todos os seres vivos têm a necessidade de se comunicar, informar e educar,


permitindo com isso acreditar no que lhe seja necessário fazer e não porque
alguém possa mandar.

Muitos programas de Informação, Educação e Comunicação (IEC), estimulam


as pessoas a exprimirem-se sobre questões que lhes preocupam, a exemplo
da realidade do nosso país a realização de dramatização, discursos, palestras
e seminários como meios de IEC1, reúnem pessoas para discutirem vários
problemas que atingem a nossa sociedade e que não deixam de ser graves.

Várias imagens negativas da nossa sociedade podem ser corrigidas através da


IEC para tal este sistema deve ser bem organizado usando metodologias, e
técnicas bem definidas.

Ao longo da história da humanidade até aos dias de hoje, o IEC sempre fez
parte do modo de convivência entre os homens, por isso é fundamental o seu
estudo para a nossa formação para situar-nos cada vez mais próximos das
populações informando, educando sobre diversos assuntos relacionados com a
nossa saúde e de outros temas do nosso dia-a-dia.

Portanto, a IEC é um dos princípios de grande importância visto que muitos


problemas decorrentes de saúde e convivência social usam estas técnicas para
se encontrar suas devidas soluções.

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Apresentadas por diversos grupos e indivíduos capacitados e preparados.
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
UNIDADE 1: CONCEITOS DE INFORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E
COMUNICAÇÃO EM SAÚDE

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
1.1.- BREVES CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE A IEC
Ao longo da história da humanidade até aos dias de hoje Informação,
Educação e Comunicação (IEC) sempre fez parte do modo de convivência
entre os homens, por isso, é fundamental o seu estudo para a nossa formação
e situar-nos cada vez mais próximos das populações, informando, educando
sobre diversos assuntos relacionados com a nossa saúde e de outros temas do
nosso dia-a-dia.
O conceito de IEC foi desenvolvido e usado principalmente pelos planificadores
em saúde na década de 60. Inicialmente IEC foi aplicado no campo da Saúde
Reprodutiva e do Planeamento Familiar, visando criar demanda, orientar os
prestadores e utilizadores desses serviços. Naquela época, o objectivo inicial
de IEC foi de reduzir o fosso que existia entre os níveis de “conhecimento”
sobre os benefícios do Planeamento familiar, comparativamente a baixa
“prática” na utilização dos serviços existentes.
Fazendo jus que, o uso combinado de educação e informação (baseada no
conhecimento), e (actividades na comunicação e motivação), IEC resolveria o
problema uma vez que, estaria voltada para a mudança de comportamento e
de atitude com relação ao uso dos Serviços e posteriormente na alteração de
algumas normas sociais com relação às questões de saúde.
Ficou demonstrado que IEC não funciona apenas na criação da demanda de
serviços, mas também na melhoria da qualidade dos serviços, assim como
serve de instrumento de advocacia que visa obter o apoio das comunidades, a
percepção do público sobre a utilidade dos serviços de saúde e na avaliação
das razões que levam a diminuição desses serviços em detrimento da
demanda dos populares.
Por essa razão, actualmente IEC passou a ser aplicado aos outros sectores da
sociedade de forma mais abrangente. Aplicando o conceito de IEC na prática
mostra-nos que é um componente obrigatório de qualquer programa nacional.

1.2.- TRAJETÓRIA DA IEC EM ANGOLA


Em Angola, o uso de IEC como um dos métodos de trabalho na área de
Promoção da Saúde monta de 2002 quando a Organização Mundial da Saúde
(OMS) aprovou a estratégia de promoção de saúde para a Região Africana, a
qual teve a participação activa de Angola na sua elaboração.
Nesse ano, o Programa Nacional de Educação para Saúde (PNEPS) criado em
1979, como principal estratégia dos Cuidados Primários de Saúde, mas muito
verticalizado, foi transformado numa área transversal de Promoção da Saúde
como Gabinete de Apoio a todas as áreas prioritárias do sector da Saúde, em
particular a Direcção Nacional de Saúde Pública.
Na prática IEC em Angola, granjeou imensos ganhos, começando pelo
Ministério da Saúde, o maior instrumento de IEC/marketing Social em

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
mobilização social foi produzido em 1999 designado por “Estrelinha Kuia”,
símbolo de vacinação de sucesso na actualidade quiçá em África.
Outrossim, na área de produção de materiais de IEC coordenados pelo
Departamento de Promoção da Saúde, destacamos os de apoio á mobilização
social de resposta a epidemias que têm assolado o país:
ANO PRODUÇÃO DE MATERIAL Epidemia
1999 a 2013 + de 2.000.000 exemplares de materiais Várias
diversos de IEC e JNV2
2005 + de 300.000 brochuras Marburg
2008 + de 600.000 exemplares Luta contra a
Tuberculose
2011 + de 700.000 folhetos Gripe H1N1
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2013 + de 1.000.000 folhetos Dengue

1.3.- DEFINIÇÃO DE INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO


É a resposta de várias questões colocadas a volta dos homens, buscando
soluções para um estilo de vida saudável, com intuito de alcançar
comportamento e atitudes mensuráveis no seio de uma comunidade.

1.4.- IMPORTÂNCIA DE IEC


IEC em saúde tem importância central na relação entre técnicos de saúde e os
doentes:
 Identificam-se os principais problemas que podem ocorrer nos serviços
de saúde;
 Definem-se estratégias cuja finalidade é o desenvolvimento das
competências comunicacionais dos técnicos de saúde e dos doentes;
 Visa alcançar comportamento e atitudes comparáveis entre grupos
alvos.

1.5.- CONCEITO DE INFORMAÇÃO


Origem etimológica da palavra “Informação”: Do latim Informátió, ónis que
significa “acção de formar, de fazer, fabricação; esboço, desenho, plano; ideia,
concepção; formação, forma.
Conceito actual da Informação: O termo informação, tem entre outras
acepções, as seguintes:
a) Comunicação ou recepção de um conhecimento ou juízo;

b) O conhecimento obtido por meio de investigação ou instrução,


esclarecimento, explicação, indicação, informe;
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Jornadas Nacionais de Vacinação.
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Para além de spots de rádio, TV e jornais e outros materiais de outras áreas de saúde pública como HIV/SIDA e
também formação de Agentes de Mudança “Agentes Comunitários de Saúde” incluindo jornalistas, ao nível sectorial e
intersectorial (com um investimento de quase 2 milhões de dólares Norte Americanos, Relatório do GPS 2010) quer
nas instituições nacionais como nas internacionais com o apoio financeiro do Governo, da OMS e do UNICEF.
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
c) Acontecimento ou facto de interesse geral voltado ao conhecimento público
a ser divulgado pelos meios de comunicação; notícia;
d) Conjunto de actividades que têm por objectivo a recolha, o tratamento e a
difusão de notícias junto ao público;
e) Conjunto de conhecimentos reunidos sobre determinados assuntos.
Além dessas, na rubrica informática, encontramos: mensagem susceptível de
ser tratada pelos meios informáticos; conteúdo dessa mensagem, interpretação
ou significado dos dados, e, ainda produto do processamento de dados.
1.5.1.- INFORMAÇÃO EM SAÚDE
Conceito de informação em saúde: A informação em saúde actua como
sistema e a sua implementação normalmente visa atingir e interligar ás mais
diferentes área de serviço.
Ou seja, preliminarmente, a informação em saúde pode ser pensada como um
compósito de transmissão e/ou recepção de eventos relacionados ao cuidado
em saúde.
1.5.2.- ÁREAS DO USO DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE
Diversas áreas usam a informação proveniente dos sistemas da informação em
saúde com destaque para as seguintes áreas de serviço:

Administrativos

Financeiros Clínicos

Stocks

 Administrativo, registar os dados demográficos dos doentes e os dados


do funcionamento da Instituição (Data de internamentos dos doentes);
 Financeiros, registar dados relativos ao custo ou receitas de serviços
prestados (despesas apresentar ao subsistema de saúde);
 Clínicos, registar dados de saúde e doença de utentes.
Fazem parte desta os seguintes utilizadores: Administrativos, profissionais de
saúde (médicos, enfermeiros, gestores e outros profissionais), doentes e
acompanhantes;
 Stocks, fazer gestão de stocks de uma instituição (Fármacos).
Finalidade da informação em saúde. Fornecer dados (informação) às
autoridades, organizações e associações do campo de saúde, aos cidadãos e
profissionais da saúde com vista a estimar a magnitude de um problema da
saúde e prever a dimensão, assim como escolher as opções correctas para a
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
resolução do problema (conhecer o estado da saúde e os determinantes da
saúde).
1.5.3.- SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
Conceito de sistema: É um conjunto ordenado de elementos que se
encontram interligados e interagem entre si.
Conceito de sistema de informação em saúde: São mecanismos de recolha,
processamento, análise e transmissão da informação necessária para
organizar e fazer funcionar os serviços da saúde, com destaque para os:
 Administrativos, que ajudam na gestão dos pacientes e do
funcionamento de uma instituição que incluem funcionalidade como
gestão de doentes, agendamento orçamentação e arquivo documental;
 Hospitalares, que auxilia na gestão de toda informação clinica e
administrativa para melhorar a qualidade da prestação dos serviços.
1.5.4.- TIPOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO SANITÁRIA
a) De base Populacional: Registos (mortalidade, nascimento, doenças);
Questionários (de saúde: deficiências, acidentes, consumo de drogas, sistemas
de notificação: acidentes, doenças profissionais entre outras);
b) Provenientes dos serviços sanitários: Registos: Dados hospitalares;
Questionários: causa de hospitalização, sistemas de notificação: doenças de
notificação obrigatória; toxicodependência, interrupção voluntária de gravidez.
1.6.- EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Etimologia da palavra Educação: A palavra “Educação”, em português, vem
de “Educar”, a origem desta, por sua vez, é do Latim Educare que é um
derivado de EX, que significa “fora” ou “exterior” e Ducare, que tem o
significado de “guiar”, “instruir”, “conduzir”. Ou seja, em Latim, Educação tinha
o significado literal de “guiar para fora” e pode ser entendido que se conduzia
tanto para o mundo exterior quanto para fora de si mesmo.
Conceito da Educação: No sentido lato, podemos definir educação como o
meio fundamental para os hábitos, costumes, comportamentos e valores de
uma sociedade sejam transferidos de geração em geração, de acordo com a
evolução da colectividade como um todo.
Conceito de educação para a saúde: Segundo a OMS a educação em saúde
é entendida como sendo uma combinação de acções e experiências de
aprendizado planejado com o intuito de habilitar as pessoas a obterem controlo
sobre factores determinantes e comportamento de saúde.
Todavia, a educação em saúde se estabelece a partir da participação da
população, de suas necessidade, estilo de vida, crenças e valores, desejos,
opções, vivências, no contexto cultural-sócio-político em que vive. Essa
participação exige envolvimento, compromisso e solidariedade, estabelecidas

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
com todos que participam no processo educativo, e mantém o compromisso de
trocar experiências.
1.6.1.- OBJECTIVOS DE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE
a) Ter a consciência do direito a saúde, dentro do grau de desenvolvimento do
grupo social no qual vive o indivíduo;
b) Possuir conhecimentos sobre a saúde;
c) Conhecimento dos serviços para saúde que a comunidade possui e a
consequente utilização dos mesmos;
d) Conhecimento da utilização das práticas de saúde.
N.B: Dentro desses objectivos, teríamos em vista, após a etapa inicial de
conhecimento, a mudança de comportamento a respeito da saúde individual e
da comunidade.
1.6.2.- ETAPAS DE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE
1) Realizar o diagnóstico educativo dos problemas de saúde, ou seja, o
conhecimento da realidade local e temporal, com base no levantamento das
características sócio-económico-culturais da comunidade e na detecção das
barreiras psicológicas, culturais e sociais que interferem nas mudanças de
comportamento dos indivíduos e da população;
2) Elaboração do plano de educação, incluindo a determinação dos objectivos
educacionais a serem alcançados;
3) Identificação dos recursos educacionais da comunidade, a selecção de
métodos, técnicas e materiais de ensino e a determinação dos critérios de
avaliação;
4) Execução, através de uma coordenação de actividade de educação, da
interpretação para o público dos objectivos e programas de serviço, do
treinamento de líderes da comunidade e do relacionamento adequado entre
órgãos oficiais e grupos da comunidade;
5) Avaliação das actividade, no sentido de constatar se os objectivos propostos
foram alcançados.
1.6.3.- CARACTERÍSTICAS DE CONTEÚDOS EDUCATIVOS NA SAÚDE
Devem estar seleccionadas e desenvolvidas de acordo com os objectivos ou
seja, nas condutas que se querem alcançar. Estas condutas devem ser:
 Relevantes, para os educandos, úteis para o melhoramento da sua
qualidade de vida;
 Importante, para o seu desempenho diário no que respeita ao cuidado e
protecção da saúde;
 Específica, de acordo com as características das pessoas as suas
necessidades de crescimento e desenvolvimento ou estado fisiológico.
1.6.4.- CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO EDUCATIVO EM SAÚDE
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O conceito de educação para a saúde integra elementos fundamentais como:
a) Mudança de atitudes e comportamento, conjunto de experiências que
modificam favoravelmente a atitude do indivíduo e seu comportamento perante
a vida (OMS, 1954);
b) Divulgação de informação e de conhecimento, acto de tornar conhecida
ao público a informação sobre a saúde por técnicas que despertem,
desenvolvam e orientam motivação para aprender a viver uma vida sã
(Gonçalves, 1967);
c) Práticas sociais, actividades que têm por finalidade incrementar as
capacidades dos indivíduos e das comunidades para participação e cuidar de si
próprio em matéria de saúde (OMS, 1982).
1.7.- COMUNICAÇÃO EM SAÚDE
Etimologia da palavra comunicação: Do Latim “comunicare” que significa:
colocar em comum, compartilhar algo.
Conceito de comunicação: Existem várias acepções de comunicação: Um
processo, uma acção, uma actividade, um evento, um contacto, uma ciência,
disciplina de campo de estudo, dar mensagem, interacção, uma conexão, um
meio de transmitir informação.
Finalidade da comunicação: Divulgar estratégias, objectivos, processos,
funções, tarefas, interesse, cumprir autoridade, regular comportamentos,
exercer influência, dar sugestões, instruções.
1.7.1.- TIPOS DA COMUNICAÇÃO
a) Intrapessoal: Processamento individual da informação. Realiza-se uma
conversação íntima e profunda. É uma conversação íntima e limitada dada pela
via do monólogo.
b) Interpessoal: Tipo de comunicação onde se realiza a relação humana
directa com maior intensidade e é a mais efectiva. É uma interacção que
envolve o intercâmbio de informação verbal e não-verbal entre dois ou mais
participantes.
1.7.1.1.- REQUISITOS BÁSICOS PARA A COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL
a) Transparência: Comunicar sem subterfúgios e sem simulação.
b) Autenticidade: Comunicar com sinceridade o que se pensa.
c) Coerência: Conexão e uma relação lógica do que pensa-se, comunica-se e
actua-se.
d) Congruência: Relação entre o que se comunica e o que se faz.
e) Aceitação: Tolerância dos diferentes pontos de vista.
f) Consonância: capacidade de criar ambiente emotivo positivo e produzir
melhores emoções nas pessoas que recebem a mensagem.
g) Empatia: Compartilhar as experiências e os sentimentos dos outros.
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
1.7.1.2.- TIPOS DE COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL
a) Verbal: As mensagens da comunicação adquirem duas formas: Oral e
escrita.
b) Não-verbal/Extraverbal: tem a particularidade de transmitir imagens e
informações relacionadas com emoções por intermédio de gestos, posturas,
olhares, movimentos do corpo, entre outros.
A comunicação interpessoal para ser funcional é preciso que seja: Fluida, clara,
fiel, transparente e adequada.
Outras características da comunicação interpessoal:
a) Assertividade: Comunicar o que se pensa sem manipulação sem falar
respeito, conservando limites e valores.
b) Persuasão: Fundamentação lógica do que se comunica a fim de alcançar a
concordância dos ouvintes.
c) Saber escutar: Processo activo, consciente, recepção compreensível das
comunicações com calma e respeito.
Para uma comunicação interpessoal eficaz é preciso saber:
a) O que deseja comunicar: Problema de trabalho, relações sociais, familiar.
b) Porque comunicar: Com qual objectivo.
c) Como comunicar: Linguagem simples, acessível, correcta dicção,
pronúncia correcta das palavras, precisão, ritmo justo, adequação ao nível do
interlocutor.
1.7.2.- CONCEITO DA COMUNICAÇÃO EM SAÚDE
A comunicação na saúde foi interpretada ao longo dos tempos como o estudo
da natureza, do alcance e da função, assim como os meios pelos quais os
tópicos da saúde alcançam e afectam os públicos apropriados.
Conceito: Segundo a OMS, a comunicação em saúde abarca o estudo e o uso
de estratégias da comunicação para informar e influenciar decisões individuais
e comunitárias que melhoram a saúde.
Finalidade da comunicação em saúde: Contribuir para a prevenção das
doenças e promoção da saúde.
1.7.3.- ATRIBUTOS DE UMA COMUNICAÇÃO EFECTIVA NA SAÚDE
a) Exactidão: O conteúdo é valido e sem erros de facto.
b) Disponibilidade: O conteúdo é enviado onde o público pode ter acesso a
mensagem.
c) Balanço: O conteúdo deve ser apropriado, apresentando benefícios e os
riscos.
d) Consistência: ter consciência interna e estar alinhado com outras
informações publicados pelos especialistas.

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e) Competência cultural: Considerar as diferenças culturais na emissão do
conteúdo e no envio da mensagem.
f) Evidência base: Os conteúdos devem basear-se em evidências científicas
bem documentadas.
g) Alcance: A mensagem deve alcançar o maior número possível de pessoas
ou público-alvo.
h) Confiabilidade: A fonte da informação deve ser confiável e actualizada.
i) Repetição: O envio da informação deve ser repetível para maior impacto.
j) Tempo: Disponibilizar a mensagem quando o público está mais receptivo.
k) Compreensível: Adequar a linguagem e o formato ao público específico.
1.7.4.- IMPORTÂNCIA DA CAMUNICAÇÃO EM SAÚDE
A comunicação em saúde é dada pelo seu carácter:
a) Transversal: Joga um papel fundamental em várias áreas e contextos de
saúde, quer nos serviços de saúde quer na comunidade.
b) Central: Na relação que os técnicos de saúde estabelecem com os utentes
no quadro da prestação dos cuidados de saúde.
c) Estratégico: Relacionado com o alcance da satisfação dos utentes.
Outrossim, os processos de informação e comunicação em saúde têm
importância critica e estratégica porque podem influenciar significativamente na
avaliação que os doentes fazem da qualidade dos cuidados de saúde,
adaptação psicológica a doença e os comportamentos de adesão
medicamentosa e comportamental.
A avaliação que os doentes fazem da qualidade dos cuidados de saúde
prestados pelos técnicos em grande parte é a partir da avaliação que fizeram
das competências comunicacionais dos técnicos de saúde com os quais
interagiram.
Importância da comunicação efectiva em saúde e sua influência a nível
individual e a comunitário
A nível individual, ajuda a tomar consciência das ameaças para a saúde,
pode influenciar a motivação para a mudança que visa reduzir os riscos,
reforça atitudes favoráveis aos comportamentos protectores da saúde e pode
ajudar a adequar a utilização dos serviços e recursos de saúde;
A nível da comunidade, pode promover mudanças positivas nos ambientes
socioeconómicos e físicos, melhorar a acessibilidade dos serviços de saúde e
facilitar a adopção de normas que contribuam positivamente para a saúde e a
qualidade de vida.
Portanto, os processos de informação e comunicação em saúde podem
influenciar os resultados da actividade dos técnicos em termos de ganhos em
saúde, no que se refere a morbilidade, bem-estar psicológico e qualidade de

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vida dos utentes, e são excelentes analisadores da qualidade dos cuidados e
das competências dos técnicos de saúde.
1.7.5.- PRINCIPAIS PROBLEMAS NA COMUNICAÇÃO ENTRE
PROFISSIONAIS DA SAÚDE E UTENTES
As dificuldades de comunicação entre os técnicos e utentes têm a ver com 04
aspectos fundamentais:
1.- Transmissão de informação pelos técnicos de saúde
- Informação insuficiente, imprecisa ou ambígua sobre comportamentos
de saúde (por exemplo, regimes alimentares, exames de rastreio), natureza da
doença que afecta o utente, exames complementares e tratamentos;
Informação excessivamente técnica sobre resultados de exames ou causas da
doença.
- Tempo escasso dedicado a informação em consultas e intervenções
mais centradas nos técnicos do que nos utentes, a informação em saúde
necessita de ser clara, compreensível, recordável, credível, consistente ao
longo do tempo, baseada na evidência e personalizada.
Esta personalização, significa que a informação é a “medida” das
necessidades de informação do utente naquele momento, adaptada ao seu
nível cultural e estilo cognitivo.
A personalização da informação permite economizar o tempo, aumentar a
satisfação dos utentes e facilitar a sua intenção de virem adoptar
comportamentos esperados.
2.- Atitudes dos técnicos de saúde e dos utentes em relação á
comunicação: Os técnicos de saúde encorajem pouco as perguntas por parte
dos utentes, tendem a falar mais do que ouvir, não se interessam por conhecer
qual a perspectiva do utente nem as suas preocupações e expectativas
induzem atitudes passivas por parte dos utentes. Os utentes adoptam com
frequência atitudes passivas e dependentes, concordantes com as influências
sociais e culturais tradicionais das relações entre os leigos e os peritos.
3.- Comunicação afectiva dos técnicos de saúde: Distanciamento afectivo,
relacionado com o evitamento de temas difíceis da doença grave; Desinteresse
pelas preocupações do utente em relação ao seu futuro; Dificuldade em
funcionar como fonte de apoio emocional e de transmissão de segurança.
4.- Baixo nível do conhecimento dos utentes sobre matérias da saúde:
Baixa literacia de saúde é a dificuldade em compreender qual é o seu estado
de saúde e quais as necessidades de mudança de comportamentos, planos de
tratamentos e de auto-cuidados, que pode relacionar-se com literacia geral
baixa, nível de conhecimentos baixos sobre saúde ou inibição resultante do
embaraço e meio do ridículo.

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1.7.6.- CONSEQUÊNCIAS DOS PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO ENTRE
OS TÉCNICOS DE SAÚDE E OS UTENTES
 Insatisfação dos utentes com a qualidade dos cuidados de saúde.
 Erros de avaliação, porque não se identificam queixas relacionadas com
crises pessoais, dificuldades de adaptação e/ou psicopatologia e se
focaliza-se no perímetro problema apresentado, que sem sempre é o
mais importante.
 Comportamento de adesão mais insatisfatórios.
 Mais dificuldades no confronto e adaptação à doença por não saber o
que fazer (incerteza), ter recebido informação contraditória
(ambiguidade) ou até por se sentir incompreendido.
 Comportamentos inadequados de procura de cuidados, quer procura
excessiva e/ou recorrente dos serviços de saúde e alternativa.
N.B: A parte significativa da insatisfação dos doentes com a qualidade dos
cuidados de saúde tem a ver com os desempenhos comunicacionais dos
técnicos de saúde. Os doentes gostariam de ter mais tempo para falar, mais
tempo para fazer perguntas, mais informações sobre os exames que precisam
realizar, os seus eventuais resultados, mais informações sobre o diagnóstico
da doença e sobre o seu tratamento, reabilitação e maior sensibilidade para as
suas preocupações.
1.7.7.- COMO MELHORAR A COMUNICAÇÃO ENTRE OS TÉCNICOS DE
SAÚDE E OS UTENTES
 Formação dos técnicos de saúde: Há necessidade de desenvolver
as competências comunicacionais dos técnicos de saúde no que
concerne á competências básicas de comunicação, tais como escuta
activa, perguntas abertas e técnicas facilitadoras – Treino assertivo –
Resolução de conflitos e negociação – Como transmitir mais notícias
– Como transmitir informações sobre medidas preventivas, exames,
tratamentos e autocuidados, enfatizando mais os comportamentos
desejáveis do que os factos técnicos – Como transmitir informação
de saúde escrita – Elaboração de guidelines.
 Desenvolvimento da assertividade e empowerment dos utentes:
Importa desenvolver acções destinadas a promover competências de
comunicação e mais empowerment nos utentes, quer nos serviços
de saúde quer na comunidade, de forma para que os utentes se
tornem mais pró-activos na procura de informação sobre saúde. Nos
serviços de saúde, trata-se de aumentar o seu antes da consulta,
exames ou tratamentos, uma lista do que querem falar ou perguntar,
assegurar que se consegue fazer as perguntas que quer fazer. Na
comunidade, trata-se de contribuir para o desenvolvimento da
literacia de saúde, através de actividade nas escolas, locais de
trabalho, grupos comunitários e, ainda, de aumentar o acesso a
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internet, o que é essencial para aumentar a acessibilidade à
informação de saúde, bem como o contacto com técnicos e serviços
de saúde.

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UNIDADE 2: MEIOS, MÉTODOS E TÉCNICAS USADOS NA INFORMAÇÃO,
EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM SAÚDE

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2.1.- Meios
Meios são os canais de comunicação mediante os quais se transmitem as
mensagens. É necessário distinguir entre dois canais de comunicação,
chamados de comunicação interpessoal (individual ou grupal) e os meios de
comunicação de massa.
A comunicação interpessoal: Esta forma de comunicação pode ocorrer em
dois tipos de circunstâncias. A situação “interpessoal cara a cara” (exemplo:
um enfermeiro que conversa com um utente) e a situação “grupal cara à cara”
(exemplo: um trabalhador de saúde conduzindo uma sessão educativa com um
grupo de mães).
A voz é o principal órgão da comunicação interpessoal, mas o uso de outros
materiais de apoio é muito recomendável. Estes podem ser impressos, visuais
e audiovisuais. Eles reforçam a comunicação oral entre o “educador” e seu
público-alvo.
A comunicação interpessoal, na qual duas pessoas se reúnem, é de
importância considerável em qualquer estratégia de educação do público. Por
exemplo, as tentativas de mudar hábitos alimentares indesejáveis melhor
sucedidas baseiam-se principalmente na comunicação interpessoal usada de
forma conjunta com outros métodos.
Os meios de comunicação de massa: Os meios de comunicação de massa
têm a característica de que o transmissor e o receptor nunca estão em contacto
directo. A interacção é feita mediante imagem visual, impressa, ou por uma
combinação destes elementos.
2.1.1.- A radiodifusão
A radiodifusão usa o som (música e palavras). Os programas são
apresentados de várias formas: conferências, palestras, debates, radionovelas,
anúncios. Lamentavelmente, durante muito tempo os programas de educação
para a saúde limitaram-se a debates entre jornalistas e especialistas de saúde.
Desde então, tem-se desenvolvido campanhas mais efectivas, usando outras
formas.
O rádio é um meio muito popular em todo o mundo. Todos os países possuem
estações de rádio públicas e privadas. Na maior parte dos países em
desenvolvimento a proporção de uso do rádio excede a 10%. Considerando a
pirâmide populacional, assim como a audiência colectiva, pode-se inferir que,
em quase todos os países, a maior parte dos adultos têm acesso directo a este
meio. Entretanto, é necessário determinar a cobertura esperada no país ou na
região seleccionada para uma intervenção de educação nutricional.
O rádio pode ser visto a partir de duas perspectivas diferentes: interactiva e
não interactiva. A maneira mais comum de usar o rádio é a não interactiva. As
mensagens são transmitidas em uma direcção: do transmissor para a

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audiência. Aqui o transmissor não recebe a realimentação directa sobre o
impacto de seu programa, excepto mediante pesquisas de opinião.
Ao contrário, experiências com o rádio rural têm mostrado a possibilidade de
obter interacção activa com as pessoas destas comunidades. Nesta
modalidade, existe uma combinação entre a radiodifusão e a comunicação oral
com um grupo.
2.1.2.- A televisão
A televisão usa som, imagens em movimento e, algumas vezes, o texto escrito.
Nisto consiste sua força, Entretanto, é menos acessível que o rádio.
Ainda que a televisão não seja acessível para grande parte das pessoas nas
áreas rurais, continua exercendo enorme influência nas zonas urbanas.
A televisão foi concebida para ser um meio de comunicação audiovisual. Num
primeiro momento, foi projectada como um meio de difusão, actualmente, com
as novas tecnologias (digitais), foi-se transformando devido aos jogos de
vídeos e as possibilidades de interactividade com a internet.
A televisão produz efeitos sobre a aprendizagem, de acordo com alguns
condicionantes da programação apresentada e da recepção do sujeito. As
crianças por exemplo são telespectadoras activas e por isso são capazes de
desenvolver habilidades cognitivas ao interagir com a televisão.
Programas educativos na TV podem auxiliar no desenvolvimento cognitivo e na
aprendizagem. Usados de forma adequada, os meios de comunicação podem
contribuir com o desenvolvimento intelectual humano.
Os programas televisivos contam histórias fictícias com base na realidade
humana. Alguns personagens são considerados “bons” e outros “maus”, pelo
público, tornando-se referências que as pessoas, ao assistirem, trazem para
sua vida quotidiana, fazendo com que crianças e adultos tenham como modelo
as pessoas e suas atitudes. Esses modelos comportamentais expostos na tela
são copiados no quotidiano pela população, por isso, os idealizadores dos
programas deveriam cuidar dos conteúdos que eles transmitem.
Assistir televisão muda os sentidos das pessoas. A percepção e a atenção
transformam-se devido à hiperestimulação sensorial oriunda das cores,
movimentos e mudanças dos ecrãs.
Diferentes conteúdos podem ser exibidos e, nessa era de globalização, as
informações chegam em tempo real em qualquer parte do mundo. Nesse
contexto, onde as pessoas não analisam o que assistem, e não percebem o
que é realidade e o que é verdade, passam a acreditar em tudo o que é
transmitido.
Seria erróneo afirmar que a televisão teria somente efeitos maléficos à
população, pois diferentes conteúdos são expressos. Há manipulação na TV,
porém há aprendizagem e formação, já que o cérebro recebe estímulos
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
sensoriais benéficos ao desenvolvimento cognitivo. A televisão é um artefacto
da comunicação, um meio, não pode ser considerada nem boa nem má. A
maldade e a bondade estão presentes nos seres humanos, no olhar, na fala e
no ouvido e não nos objectos.
2.1.3.- A imprensa escrita
A imprensa escrita tem suas restrições: uma vinculada ao analfabetismo e a
outra a sua limitada circulação.
A circulação de jornais é bastante baixa na maior parte dos países em
desenvolvimento. Persiste o fato de que a imprensa escrita é elitista. Os jornais
podem ser usados em projectos de comunicação se o propósito é mobilizar
uma classe social que inclua os líderes de opinião e suas redes sociais.
Os cartazes podem servir como um meio de comunicação. Entretanto, é
aconselhável usá-los junto com outros meios. Este canal associa imagens fixas
com um texto escrito e isto limita o público-alvo à população alfabetizada. Os
cartazes podem ser utilizados sem nenhum texto. O procedimento é
complicado e requer habilidades especiais que a maioria das pessoas não
possui.
2.1.4.- Novas tecnologias de informação
Vivemos a era da informatização: grupos sociais interagem na internet, as
conversas e convívios se dão mediados pela tecnologia da informação e
comunicação (TIC), o envio e recebimento de documentos, antes transitados
via correio, agora se dá pela internet e até mesmo a validação de documentos
e assinaturas acontece nesse ambiente virtual. Via de regra, as comunicações
quer sejam formais ou não formais acontecem em ambientes para alguns novo
e estranho, mas para muitos - na verdade a maioria - acontecem em um
ambiente totalmente informatizado. As escolas e a comunicação em geral,
portanto, não podem ficar de fora desse contexto.
A inserção das TIC na educação pode ser uma importante ferramenta para a
melhoria do processo de ensino-aprendizagem e para a educação em saúde.
No entanto, para que o processo de ensino-aprendizagem tenha o sucesso
almejado é necessário equipar todo o contexto escolar, seja o ambiente físico
com os equipamentos necessários, seja na formação dos professores,
conferindo-lhes uma educação continuada. Dessa forma, estaria se propiciando
às crianças e, por extensão, aos seus familiares, uma ferramenta que já faz
parte do seu quotidiano infantil.
Independentemente do nível socioeconómico, costuma-se dizer que “as
crianças de hoje já nascem com um “chip” implantado, tornando coerente e
racional explorarmos algo que já faz parte desse universo com a finalidade de
obtermos melhores resultados nesse processo de educação para a saúde.
As pessoas também aprendem em casa, em um ambiente onde as novas
tecnologias estão presentes e são inexoravelmente muito usadas, quer sejam
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
PCs, Tablets e telemóveis. Muitas se encontram conectadas à internet com
informações contextualizadas para seu ambiente social, económico, religioso,
cultural, de modo que a interacção se dá activamente. Em contrapartida, muitas
vezes o mesmo não ocorre nas escolas.
Nesse espaço virtual, os estímulos são múltiplos, e a criança interage
explorando quase todos os sentidos. Ao mesmo tempo em que ela vê, ouve,
toca, é também estimulada nas sensações gustativas e odoríficas, tornando o
aprendizado atraente.
O importante nesse processo é atentarmos para o que estará disponível ao
acesso das pessoas na internet, temos que levar em consideração que o
ambiente virtual está recheado de lixo electrónico, da mesma forma que ela
poderá ter acesso a todos os tipos de informação nas ruas, nas conversas, nas
casas e na TV, no ambiente virtual não é diferente, há acesso a todo o tipo de
informação e pessoas, é necessário ficarmos atentos a esses aspectos, no
caso em questão das TIC, disponibilizando acesso apenas ao que constrói e
educa, para isso as escolas e professores necessariamente precisam estar
preparados.
As TIC no ambiente escolar também podem exercer um importante papel na
educação para a saúde (EpS), entendendo-se EpS como uma forma de alterar
comportamentos nocivos em comportamentos adequados para a melhoria da
saúde e, concomitantemente, da qualidade de vida. É fundamental levar em
conta as tecnologias como um recurso viável e potente diante das mazelas e
agravos à saúde humana. A escola significa um local importante para se
trabalhar conhecimentos, habilidades e mudanças de comportamento.
A educação escolar, neste processo, desempenha importante papel, pois é a
grande alavanca de transformação social e, neste caso concreto, nos modos
de prevenção à saúde. Nela se podem apreender comportamentos novos e
positivos relacionados aos autocuidados. Dessa forma, nada mais generoso
que aproveitar esse ambiente para se fazer EpS, aliando a ele as tecnologias
da informação, que nos brindam com recursos estimulantes como jogos e
aplicativos educativos.
2.2.- Técnicas e métodos de informação, educação e comunicação
Nos programas de educação para a saúde têm sido desenvolvidos e utilizados
métodos e técnicas, visando atingir os objectivos preconizados. Os técnicos da
saúde, ao desenvolver um programa, devem utilizar a metodologia em função
do objectivos que pretendem atingir do público-alvo e do assunto que
pretendem transmitir.
O método que deveremos empregar deve ser seleccionado não somente em
função da facilidade com que ele possa ser aplicado pelos educadores, mas,
como já sublinhado, pela sua adequação ao público, aos objectivos e a
mensagem que desejamos transmitir. Podemos dizer que não há um único

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
método para transmitir uma mensagem. Existem sim, vários métodos e várias
técnicas que apresentam vantagens e desvantagens.
A combinação destes é, na realidade, o melhor processo a ser utilizado na
educação para a saúde.
2.2.1 Classificação dos métodos e das técnicas
Antes de classificarmos os métodos, devemos definir primeiro o que é
metodologia.
Metodologia, é o estudo e a sistematização dos métodos adaptáveis à
informação, comunicação e educação em saúde. Existem diversos critérios
para classificar os métodos utilizados neste processo.
a) Quanto ao número de pessoas alcançadas podem ser:
 Individuais: Visam atender as pessoas individualmente; Permitem,
através de troca de ideias conhecer as condições das populações rurais
e das próprias comunidades.
Exemplos de métodos individuais:
a) Visita formal: Pretendem comunicar acções, convites para reuniões,
realização de uma tarefa, assistência técnica, assessoria, ou sensibilização de
lideranças e dirigentes. Deve ser programada com antecedência, prevendo
objectivos e assuntos a serem tratados;
b) Visita Informal: Visitas de acompanhamento, observação e convívio social.
c) Contacto: Pode ser realizado pessoalmente, por telefone ou material
impresso. Destina-se a uma comunicação breve e de carácter informal.
Comunicação: Deve ser realizada preferencialmente em impressos e destina-
se à convites oficiais, convocações, comunicados relevantes e tramites
burocráticos.
 Grupais: são aqueles que visam atingir as pessoas em grupo;
proporcionam a troca de ideias entre os técnicos e o público. A
vantagem dos métodos grupais é atingir-se, de uma única vez, um
número maior de pessoas. Os métodos grupais também facilitam a
descoberta das lideranças comunitárias e o desenvolvimento das
pessoas através de discussões, demonstrações e informações;
possibilitam a troca de experiências, permitem variações de
ensinamentos e são os que proporcionam menores custos.
Exemplo de métodos ou técnicas de grupo:
 a) Conferencia: Palestra realizada para expor ideias e/ou informações
de carácter científico, cultural etc; Reunião de extrema importância em
que são discutidos assuntos de interesse comum; Assembleia em que
algumas questões são discutidas pelos representantes de vários
Estados.

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
 b) Palestra: A palestra é a exposição de certas ideias por parte de
alguém. É uma prática bem comum na educação para a saúde. O
objectivo de uma palestra é que o público aprenda novos conhecimentos
(podem ser teóricos ou práticos). Geralmente, quem assiste a uma
palestra são profissionais qualificados que estão preparados para
entender as reflexões ou as propostas do palestrante, mas pode ser
uma técnica para transmitir aspectos ligados a saúde nas comunidades.
 c) Seminário: Seminário é um género textual cujas informações
reunidas são apresentadas, principalmente, através da linguagem oral. A
exposição das informações pode ser feita por uma ou mais pessoas,
como uma espécie de aula sobre um tema previamente estudado pelos
comunicadores para tal apresentação.
 d) Dramatização: A dramatização (jogo de papéis, role playing) é a
teatralização de uma situação real ou inspirada na realidade e que pode
ser explorada pedagogicamente. A dramatização é útil com vista às
seguintes finalidades: criar uma situação empática ( ao assumir o papel
do outro vemo-lo de forma mais próxima, com mais empatia); trazer a
realidade social para a sala de formação; desenvolver a capacidade de
se exprimir com liberdade e com segurança; resolver problemas num
grupo ou contexto organizacional; aprender uma técnica de
comunicação.
2.2.1.1 Como organizar uma acção educativa através dum seminário ou
duma palestra
I. Passos para organização de um seminário
1. Estudo prévio do assunto
O responsável por ministrar a comunicação deve garantir que estudou
minuciosamente o assunto que apresentará ao público. É importante lembrar
que, um seminário, diferentemente de uma palestra, implica interactividade
entre comunicador e público-alvo. Considerando essa característica, é
perfeitamente natural que o público intervenha com perguntas e até mesmo
questionamentos relativamente a informação recebida. Sendo assim, o
comunicador deve estar preparado não só para informar, mas também para
responder.
2. Características do público-alvo
O responsável pela apresentação da informação deve reunir algumas
informações importantes que caracterizem seu público-alvo, para assim definir
a melhor abordagem a adoptar. Algumas informações importantes a serem
recolhidas são: Faixa etária; Expectativas relativamente ao que vai ser
abordado dentro do tema; Interesse pelo tema; Conhecimento prévio do
assunto.

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
3. Apresentação
Na preparação desta fase, o comunicador já sabe a quem seu seminário se
destina e desta maneira pode decidir a melhor forma de abordar o tema regra
geral, os seminários são ministrados em linguagem formal. É importante,
também, garantir que a comunicação seja feita com boa articulação do discurso
e bom-tom de voz. A clareza e a altura de voz utilizadas no decorrer do
discurso devem ser suficientes para alcançar todas as pessoas presentes no
local. O comunicador também deve evitar gestos e expressões faciais
excessivas. O foco da comunicação deve ser sempre a informação e jamais o
comunicador.
4. Recursos utilizados
Além da contribuição intelectual do próprio comunicador, o seminário pode ser
realizado com o auxílio de alguns recursos materiais: Cartazes; Apostilas;
Retroprojector; Data show; Microfone.
5. Roteiro de organização de um seminário
Antes do seminário: Distribuir uma sinopse sobre a apresentação para todos
os participantes.
No dia do seminário: Breve introdução ao assunto perante os participantes.
No caso de haver mais de um comunicador, deve ser escolhido um
coordenador para desempenhar essa função.
Apresentação: Deve ser iniciada a apresentação por parte dos comunicadores
(não esquecendo da importância de cumprir uma etapa de explicação e outra
de síntese da reflexão).
Discussão geral: O comunicador (ou coordenador do grupo, no caso de haver
mais de um comunicador) abre a discussão a todas as pessoas presentes no
recinto.
Síntese final: Após a discussão geral, deve ser apresentada uma síntese final
sobre a apresentação.
II. Passos para organização de uma palestra
1. Definição de objectivos: Saber qual é o objectivo que você deseja atingir é
o primeiro passo ao organizar uma palestra. E, quanto mais segmentado for
esse objectivo, maiores são as probabilidades de realizar um evento de
sucesso. Lembre-se de que é o objectivo que será a base de toda a
planificação, desde a definição do público-alvo até a apresentação do
conteúdo.
2. Definição do público-alvo: Quem será seu ouvinte? Verifique género,
idade, nível de instrução, interesses e preferências do seu público. São essas
diferentes características que te ajudarão a definir também a apresentação da
sua palestra: tópicos que serão abordados, tom da linguagem e nível técnico

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
do conteúdo. Ao ter o público-alvo definido, você conseguirá entender como
seu ouvinte fala e saberá qual a melhor forma de falar com ele.
3. Definição do local, da data e da hora: Um passo tão simples como esse
pode ser um dos factores determinantes para garantir a presença do público.
Por isso mesmo, deve ser planejado com atenção. Ao definir objectivo e
público-alvo, verifique as melhores opções de data e horário. Cheque no
calendário os feriados e pontes para saber se isso poderá prejudicar a
presença dos participantes ou então ser um diferencial para atraí-los. Quanto
ao local, dê preferência para opções de fácil acesso e conhecidas pelo público.
Leve em conta também o tipo de palestra que será realizada. Por exemplo,
caso o objectivo seja oferecer algo mais intimista, talvez um auditório grande e
verticalizado não seja a melhor opção. Não se esqueça também de que o lugar
deve oferecer toda a estrutura de audiovisual necessária para o dia da
apresentação.
4. Definição de recursos: Não considere apenas os recursos audiovisuais
quando estiver organizando uma palestra. É claro que os equipamentos de
áudio e vídeo são primordiais para a apresentação, porém uma palestra vai
muito além disso. Avalie se serão oferecidos blocos e canetas para anotação,
por exemplo, ou um coffe break para os participantes.
5. Identificação de patrocinadores: Como em qualquer outro evento, a
realização de uma palestra é algo que pode demandar investimentos altos ou
baixos, de acordo com o objectivo principal. Por isso, é importante buscar
parcerias e patrocínios, além de trabalhar com fornecedores que ofereçam o
melhor custo-benefício. Inclusive, você pode verificar se os próprios
fornecedores têm interesse em serem parceiros da sua palestra.
6. Divulgação: O público precisa saber que sua palestra existe e ser atraído
pelos diferenciais oferecidos por ela. Mas qual é a melhor forma de divulgar?
Baseado em seu público e nas informações que serão apresentadas, estude
quais são os meios de comunicação que mais podem impactar os
participantes. A internet é um dos meios mais economicamente viáveis, com
um enorme poder de alcance e uma interessante variedade de canais para
atingir pessoas de todas as idades.
7. Previsão de imprevistos: Eles acontecem em todos os tipos de eventos,
por mais bem planejados que sejam. Portanto, tenha sempre um plano B e seja
flexível para encontrar as melhores soluções para imprevistos. Se quiser evitar
estresse, pense em possíveis cenários que possam dar errado na hora da
apresentação e busque alternativas que evitarão esses problemas. Dentre os
mais prováveis estão a queda de energia, problemas com serviços como som e
iluminação, além de atrasos na chegada de palestrantes e convidados. O ideal
é fazer um plano de contingência em que estarão listados todos os pontos que
podem dar errado e estabelecer parâmetros para controlá-los. Se possível,

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
também designe uma pessoa ou mais para que fique responsável em resolver
os imprevistos.
8. Preparação de certificados de participação: Uma maneira eficaz de gerar
valor para os participantes da sua palestra é oferecer certificados. É por meio
deles que o público terá a oportunidade de comprovar formalmente a
experiência adquirida com o conteúdo apresentado.
9. Feedback: Para tornar suas palestras ainda mais interessantes no futuro, é
importante saber o que o público achou e o que pode ser melhorado. Uma
pesquisa de satisfação pode ser distribuída ao final da apresentação ou então
enviada por email com perguntas sobre o conteúdo apresentado, performance
do palestrante e estrutura oferecida.
2.2.1.2 Como organizar uma dramatização
 Planificação: O formador constrói uma situação ou um incidente que
desencadeie adesão e fomente as aprendizagens seleccionadas.
 Redige as fichas com as características dos papéis que irão ser
atribuídos a cada formando.
 Prevê os critérios de observação e elabora uma grelha.
 Negoceia os papéis a desempenhar por cada actor e escolhe o grupo
que irá observar.
 Explica sucintamente a situação e como dramatizá-la.
 Preparação da acção: Os Formandos – Actores combinam a forma de
levar a cena à situação. O formador pode ajudar.
 Representação: Durante a representação o grupo de análise regista as
observações.
 Análise: Todos os formandos intervêm sobre o assunto representado.
O grupo de análise faz os seus comentários; o formador sintetiza, no
final, as conclusões e as soluções para o problema.
 Nota bem: A dramatização tem aspectos positivos a considerar: motiva
para diferentes formas de expressão; suscita o conhecimento dos
formandos entre si; gera climas afectivos e pode conduzir a mudanças
nos comportamentos; a comunicação total, que está presente no teatro,
pode desbloquear situações-problema.
 Quando se utiliza este método convém, no entanto, saber que a
dramatização cria climas muito emotivos que podem agravar as relações
interpessoais. Não se deve utilizar no início de uma acção de formação
porque os formandos não se conhecem e estão mais inibidos.

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
UNIDADE 3: APLICAÇÃO DA IEC NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E NA
PREVENÇÃO DAS DOENÇAS

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
3.- APLICAÇÃO DA IEC NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E NA PREVENÇÃO
DAS DOENÇAS
A comunicação em saúde é importante para uma vida saudável, desta feita IEC
visa adoptar aos profissionais de saúde de ferramentas por forma a influenciar
as decisões do indivíduo na comunidade no sentido de promoverem a sua
saúde, bem como contribuir para a prevenção de doenças e melhoria da
qualidade de vida, ou seja, os esforços dos profissionais de saúde visam
incentivar mudanças de comportamentos (adopção de dieta mais saudável, uso
de preservativos, prática de actividade física, entre outros).
Importa referir que, as pessoas têm capacidade de cuidar da própria saúde
assim como das pessoas que amam, aliado a crescente complexidade das
informações de saúde e dos ambientes de assistência médica, e que a maioria
precisam de informações adicionais, habilidade e relacionamentos de apoio
para que as suas necessidades de saúde sejam atendidas para promover o
estilo de vida saudável, de acordo com as características específicas de cada
comunidade.

3.1.- Promoção de vida saudável


3.1.1.- A alimentação adequada
A qualidade e a quantidade de géneros alimentícios, sólidos ou líquidos,
ingeridos têm um impacto enorme na saúde e bem-estar das pessoas.
A garantia de uma alimentação saudável tem a finalidade de:
 Melhorar o estado de saúde global;
 Inverter a tendência crescente de perfis de doença que se traduzem no
aumento das taxas de incidência e prevalência de enfermidades como
sejam a obesidade, diabetes, hipertensão e outras;
 Colmatar carências nutricionais da mais carenciada, fornecendo-lhes os
nutrientes e a energia necessários para o bom desempenho cognitivo;
 Promover a saúde através da Educação para a Saúde, especificamente
em matéria de Alimentação Saudável e Actividade Física.
Leis de uma alimentação saudável: Pedro Escudero, um Médico argentino,
há mais de 70 anos criou as Leis da Alimentação que ainda até os dias de hoje
permanecem tão actuais, pois expressam, de uma maneira simples, como deve
ser a base de uma alimentação saudável. São quatro as Leis da Alimentação:
Quantidade, Qualidade, Harmonia e Adequação.
A Lei da Quantidade aponta que os alimentos devem ser suficientes para
satisfazer as necessidades energéticas e nutricionais do organismo e mantê-lo
em equilíbrio.
Cada indivíduo necessita de quantidades específicas de carbo-hidratos,
proteínas, gorduras, fibras, vitaminas, minerais e de água para manter suas
funções orgânicas e actividades diárias. Isto depende do sexo, da idade, do
estado fisiológico e da actividade física.
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
Tanto o excesso quanto a falta serão prejudiciais ao organismo, no entanto é
necessário muita atenção às quantidades individuais.
A Lei da Qualidade mostra que a alimentação deve ser completa em sua
composição e que forneça ao organismo todos os nutrientes que ele necessita.
Os nutrientes são essenciais para formação, crescimento e manutenção de um
corpo saudável ao longo da vida, assim como para uma possível recuperação
quando necessário.
As refeições devem ser variadas, oferecendo todos os grupos de nutrientes
para o bom funcionamento do corpo.
Nós somos formados por células e nossas células precisam de nutrientes,
portanto esta é a meteria prima do organismo. A saúde do nosso organismo
depende da qualidade do que fornecermos para que ele tenha ou não um bom
desempenho.
Quando adquirimos alimentos de boa qualidade e os consumimos, os reflexos
serão sentidos pelo organismo, que irão transparecer sob a forma de boa
disposição e vigor físico e ainda conforto emocional. O inverso também é
verdadeiro, se adquirirmos alimentos inadequados teremos uma alimentação
incorrecta.
A Lei da Harmonia consiste em ter um equilíbrio entre todos os nutrientes que
necessitamos. Não é porque um nutriente é bom que devemos consumi-lo em
grande quantidade. É necessário uma relação de equilíbrio na composição da
alimentação de modo a evitar os excessos ou deficiências de nutrientes.
O nosso organismo aproveita correctamente os nutrientes quando estes se
encontram em proporções adequadas. Assim, é importante haver um equilíbrio
entre eles, pois as substâncias não agem isoladamente, mas sim em conjunto.
Por exemplo, a relação entre a ingestão de carbo-hidratos, proteínas e
gorduras, deve estar em harmonia.
A Lei da Adequação mostra que a alimentação deve ser adequada às
necessidades de cada organismo, respeitando as características de cada
indivíduo. É necessário considerar os ciclos da vida: infância, adolescência,
adulto e idoso; o estado fisiológico: gestação, lactação; o estado de saúde:
presença ou ausência de doenças; os hábitos alimentares: deficiência de
nutrientes; as condições socio-económicas e culturais: acesso aos alimentos.
Em cada uma destas fases, é importante que seja feita uma adequação dos
alimentos.
O nutricionista é o profissional apto a aplicar estas leis para cada indivíduo,
respeitando a sua realidade.
A alimentação repercute directamente na sua saúde e qualidade de vida, por
isso ela deve ser quantitativamente suficiente, qualitativamente completa,
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
harmoniosa em sua composição e adequada à sua finalidade e a quem se
destina.

Pirâmide alimentar
A pirâmide alimentar, pode ser definida como um modelo para a orientação
nutricional. Ela funciona como uma forma de mostrar à população hábitos
alimentares mais saudáveis, dividindo os alimentos em grupos e facilitando a
selecção do que se deve ingerir. Uma dieta saudável deve ser composta por
todos os alimentos incluídos na pirâmide.
Em uma pirâmide alimentar, a base representa os alimentos que fornecem
energia para as pessoas, por isso, é composta por alimentos ricos em carbo-
hidratos. O segundo andar apresenta alimentos ricos em vitaminas e minerais,
ou seja, alimentos de origem vegetal. Já no terceiro andar, encontramos fontes
de proteína, como carnes e ovos. No último andar ou topo da pirâmide,
aparecem os alimentos energéticos, como gorduras e açúcares, que devem ser
ingeridos em pouca quantidade.

A pirâmide alimentar recomenda a ingestão de 2.000 calorias diárias.


Idealmente essas calorias devem estar distribuídas em seis refeições: café da
manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. Entre uma
refeição e outra, o período de jejum deve ser de, no máximo, três horas.
É importante ressaltar que, as refeições principais (café da manhã, almoço e
jantar) devem conter de 15% a 35% das recomendações energéticas diárias.
Já os lanches realizados entre as refeições devem conter de 5% a 15% das
recomendações de energia.
A pirâmide actual é formada por oito grupos. Observe os grupos abaixo e as
porções diárias recomendadas:
 Grupo do arroz, pão, massa, batata e mandioca: 6 porções = 900
kcal.
 Grupo das frutas: 3 porções = 210 kcal.
 Grupo das verduras e legumes: 3 porções = 45 kcal.
 Grupo do leite e derivados: 3 porções = 360 kcal.
 Grupo das carnes e ovos: 1 porção = 190 kcal.
 Grupo de feijões e oleaginosas: 1 porção = 55 kcal.
 Grupo de óleos e gorduras: 1 porção = 73 kcal.
 Grupo de açúcares e doces: 1 porção = 110 kcal.

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
3.1.2.- Prevenção do sedentarismo (inactividade física)
Sedentarismo, é definido como a falta, ausência ou diminuição de actividades
físicas ou desportivas. Considerada como a doença do século e está
associada ao comportamento quotidiano decorrente dos confortos da vida
moderna. Pessoas que têm um gasto calórico reduzido semanalmente pela
ausência da prática desportiva são consideradas sedentárias ou com hábitos
sedentários.
A quantidade de energia que o ser humano gasta diariamente pode ser dividida
em 03 partes: 10% é utilizada no processo de digestão e absorção dos
alimentos; de 15% a 30% em exercícios físicos e de 60% a 75% nas
actividades fisiológicas que mantêm o organismo funcionando em repouso.
Consequências da obesidade: De acordo com a OMS (Organização Mundial
da Saúde), aproximadamente 31% das pessoas com 15 anos ou mais anos
não praticam actividade física o suficiente, sendo 34% mulheres e 28%
homens.
Não praticar actividade física implica uma série de doenças, como a
osteoporose e a hipertensão, sendo responsável por 30% das queixas de
enfermidades cardíacas. A prática constante de exercícios ajuda a manter
equilibrado o nível de colesterol bom (HDL), fundamental para o bom
funcionamento do organismo. Uma vida sedentária pode também causar
diabetes, agravar doenças das articulações, dos músculos e da coluna,
além de constituir um factor de risco para a obesidade, complicações
psicológicas como ansiedade e até alguns tipos de câncer. Segundo a
OMS, 21% dos casos de tumores malignos na mama e no cólon são
relacionados a uma rotina insuficiente de actividades físicas.
Importância da actividade física: Para ter uma boa saúde e bom
funcionamento de todos os sistemas do nosso organismo, é necessário se
alimentar muito bem, ou seja, mantenha uma dieta alimentar balanceada. Além
disso, é importante se manter fisicamente activo, para isso deve-se inserir
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
actividades físicas em sua rotina semanal, o mínimo indicado são 03 vezes por
semana, por pelo menos 30 a 40 minutos.

3.2.- Vacinação
Uma vacina é uma preparação antigénica, que inoculada (administrada) num
indivíduo induz uma resposta imunitária protectora específica de um ou mais
agentes infecciosos.
O antigénio da vacina, é normalmente composto por microrganismos (vírus ou
bactérias) completos, mortos ou atenuados, ou de um fragmento desses
microrganismos, por exemplo, uma parte da parede celular de uma bactéria,
uma toxina inactiva, etc…
O antigénio da vacina, é apresentado em pequenas quantidades na dose da
vacina, numa forma purificada, diluído num líquido estéril e por vezes
combinado com adjuvantes, que amplificam a reacção imunitária.
As vacinas são consideradas medicamentos, mas apresentam várias
diferenças assinaláveis relativamente aos medicamentos clássicos.
A aventura da vacinação começou há mais de mil anos. Já era sabido que
quando uma epidemia espalhava o caos, os sobreviventes não contraíam logo
a doença. Quando a varíola apareceu na rota da seda, da China para a
Turquia, surgiu a ideia de inocular pus retirado de um doente, numa pessoa
saudável. Era arriscado, mas ao desenvolver sintomas benignos, a pessoa
estava mais bem protegida da infecção fatal.
O que se apelidou de variolização foi importado para o Ocidente no início do
século XVIII. Mas foi só em 1796, que um médico inglês, Edward Jenner,
estabeleceu as primeiras bases científicas.
Jenner usou o vírus da varíola bovina, retirado das pústulas de vacas doentes,
que inoculava em camponeses ingleses de forma a protegê-los da doença.
Utilizou o termo „variola vaccinae’, que significa literalmente, varíola das vacas
e que mais tarde daria origem à palavra vacina.
Tipos de vacinas: Globalmente, consideram-se 02 grandes tipos de vacinas:
Vacinas vivas atenuadas: O microrganismo (micróbio, normalmente bactéria
ou vírus), obtido a partir de um indivíduo ou animal infectado, é atenuado por
passagens sucessivas em meios de cultura ou culturas celulares. Esta
atenuação diminui o seu poder infeccioso.
Exemplo de vacinas vivas atenuadas: BCG (vacina contra a tuberculose),
vacina contra o rotavírus, vacina contra a varicela, VASPR (vacina contra o
sarampo, papeira e rubéola) e vacina contra a febre-amarela.
Vacinais mortas ou inactivadas: Nas vacinas inactivadas os microrganismos
são mortos por agentes químicos. A grande vantagem das vacinas inactivadas
é a total ausência de poder infeccioso do agente (incapacidade de se
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
multiplicar no organismo do vacinado), mantendo as suas características
imunológicas. Ou seja, estas vacinas não provocam a doença, mas têm a
capacidade de induzir protecção contra essa mesma doença.
Tipos de vacinas inactivadas
1. Inteiras (de vírus ou bactéria intactos): vacina contra a hepatite A, vacina
contra a encefalite japonesa, vacina contra a cólera, vacina contra a raiva.
2. Fragmentadas
Exemplos: vacina antigripal.

3.2.1.- Calendário nacional de vacinação


Vacinar: é uma das medidas mais importantes e eficazes de prevenção contra
doenças. É melhor e mais fácil prevenir do que tratar as doenças e é isso que a
vacina faz. Ela protege o corpo contra os vírus e as bactérias.
Calendário de Vacinação: é um instrumento de programação das vacinas
destinadas às crianças menores de 5 anos e outros grupos etários.
Imunização: é um processo que serve para criar defesas no organismo contra
doenças preveníveis por vacina.
Prevenção: é um conjunto de medidas e acções que visam evitar o
aparecimento da doença no seio da população.
Promoção da Saúde, no sentido mais amplo, é uma estratégia que serve para
capacitar o indivíduo, a família e a comunidade na tomada de decisões sobre
as questões de saúde, reconhecendo que a saúde é influenciada por um
conjunto de determinantes (factores físico, socioeconómicos, biológicos, estilos
de vida e factores ambientais), que devem ser melhorados de forma a permitir
a longo prazo a melhoria da saúde e desenvolvimento das comunidades.
Vacinação: é o acto de administrar correctamente a vacina. Vacinas são
produtos preparados para serem administrados por via oral ou injectável em
uma pessoa para prevenção de doenças.
Que conhecimentos devem ter os pais ou responsáveis pela criança
sobre a vacinação?
 Conhecer quais são as doenças que cada vacina protege.
 Todas as crianças devem completar o calendário de vacinação antes de
completar um ano de idade.
 São necessárias apenas seis visitas ao centro de saúde para que a
criança complete o calendário de vacinação:
 Ao nascer • Aos 2 meses • Aos 4 meses • Aos 6 meses • Aos 9 meses •
Aos 15 meses (reforço contra o Sarampo e Rubéola).
 Mesmo se a criança estiver doente, pode ser vacinada.
 Todas as mulheres em idade fértil ou grávidas devem apanhar a vacina
contra o tétano.
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
Vacinação de rotina: A vacinação de rotina consiste no estabelecimento de
um calendário nacional de vacinação que deve ser aplicado a cada pessoa a
partir do seu nascimento, visando garantir a protecção da pessoa e da
comunidade.
Para que a vacinação de rotina exista e seja eficaz, é importante que as
pessoas sejam vacinadas nas idades recomendadas. Este sistema de
vacinação funciona em três estratégias:
 Postos fixos: Funcionam todos os dias em todas as Unidades de Saúde
 Equipas avançadas: Pelo menos uma vez por trimestre, as equipas de
vacinação devem se deslocar a 5 km ou 10 km da Unidade Sanitária
para vacinar as pessoas de aldeias ou bairros que ai se encontram. A
equipa avançada regressa ao Centro de Saúde no mesmo dia.
 Equipas móveis: Estas equipas se deslocam por vários dias a
localidades além de 10 quilómetros de distância e que não têm Unidade
de Sanitária.
Campanhas de Vacinação: Além de serem vacinadas nas idades
recomendadas pelo calendário, também devem receber as vacinas oferecidas
nas campanhas de vacinação. Uma não exclui a outra.
Resumo do Calendário Nacional de Vacinação: O Calendário Nacional de
Vacinação compreende a lista de vacinas recomendadas e garantidas pelo
Ministério da Saúde de forma gratuita para os utentes em todo o território
nacional. Orienta sobre o grupo alvo, a dose, a via e local de
administração das vacinas.
IDADE VACINA DOSE VIA LOCAL DOSAGEM
POLIO 0 ORAL BOCA 2 GOTAS
AO BCG ÚNICA ID DELTOIDE 0,05 ML
NASCER HEPATITE B ÚNICA IM COXA E 0,5 ML
PÓLIO 1ª ORAL BOCA 2 GOTAS
ROTAVIRUS 1ª ORAL SUBLING TODO
2 MESES PNEUMOCOCO 1ª IM COXA D 0,5 ML
PENTAVALENTE 1ª IM COIXA D 0,5 ML
POLIO 2ª D ORAL BOCA 2 GOTAS
ROTAVIRUS 2ª D ORAL SUBL TODO
4 MESES POLIO INATIVADA ÚNICA IM COXA D 0,5 ML
PNEUMOCOCO 2ª D IM COXA D 0,5 ML
PENTAVALENTE 2ª D IM COXA E. 0,5 ML
POLIO 3ª D ORAL BOCA 2 GOTAS
VIT A 1º D ORAL BOCA 3 GOTAS
6 Meses PNEUMOCOCO 3ª D IM COXA D 0,5 ML
PENTAV 3ª D IM COXA E 0,5 ML
VIT. A 2ª D ORAL ORAL 3 GOTAS
9 MESES SARAMPO/RUBEOLA 1ª D SUBCUT DELTOID E 0,6 ML
FEBREAMARELA UNICA SUBCUT DELTOI D 0,5 ML
15 MESES SARAMPO/RUBEOLA 2ª D SUBCUT SUBCUT 0,5 ML

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
3.3.- A IEC na Prevenção das doenças
3.3.1.- Malária
A malária representa um importante problema de saúde pública, é a primeira
causa de morte, de consultas médicas e de absenteísmo laboral e escolar,
constituindo uma das principais causas de morbilidade e mortalidade perinatal,
de baixo peso ao nascer, de anemia em mulheres grávidas e de mortalidade
materna.
Para a mobilização e sensibilização da população, o MINSA tem um plano
operacional de comunicação no âmbito da luta contra a malária, baseado na
Estratégia Integrada de Informação, Educação e Comunicação (IEC). Algumas
actividades do plano são implementadas, através de campanhas de
mobilização comunitárias.
Descrição: A malária é uma doença infecciosa causada por um parasita
unicelular (protozoário) do género Plasmodium (P). Existem quatro espécies de
Plasmodium que transmitem malária em humanos: P. falciparum, P. vivax, P.
ovale e P. malariae. As duas primeiras espécies causam a maior parte dos
casos de malária humana. O P. falciparum é responsável pela maior parte de
casos graves e mortalidade por malária.
Modo de transmissão: A doença é transmitida de uma pessoa para outra
através da picada de mosquitos do género Anopheles (An.).
Manifestações clínicas: Cefaleias, cansaço, dores articulares, mialgias,
desconforto abdominal, mal-estar geral, febre temperatura axilar ≥ 37.5˚C) ou
história de febre, arrepios de frio, sudorese, anorexia, vómitos e/ou diarreia e
agravamento do mal-estar. Em crianças é frequente observar-se anemia
(palidez na palma das mãos) com Hgb<8 g/dl e tosse. A febre, a cefaléia e as
mialgias são os sintomas mais frequentes da malária não complicada em zonas
de alta transmissão como é o caso de Angola.
Manifestações clínicas de malária grave: Prostração, alteração da
consciência coma, incapacidade de se alimentar, respiração profunda,
dificuldade respiratória (respiração acidótica), convulsões repetidas, colapso
circulatório ou choque, edema pulmonar, hemorragia espontânea anormal,
icterícia clínica e evidência de disfunção de outro órgão vital, hemoglobinúria,
anemia grave, hiperpirexia.
Diagnóstico: O diagnóstico da malária deve ser feito em qualquer doente que
apresente uma síndrome febril aguda (suspeita) com um resultado positivo no
teste de diagnóstico rápido (TDR), ou presença de Plasmodium no esfregaço
de sangue.
Prevenção: Mudança de comportamento quanto a higiene e saneamento de
meio ambiente; Uso da rede mosquiteira tratada com insecticida; Pulverização
das casas, incluindo o quintal, por forma de eliminar os mosquitos
transmissores da doença; A eliminação das águas estagnadas, é onde se
37
Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
desenvolve o mosquito, elimina as larvas do mosquito e impede o seu
desenvolvimento.
Como promover a prevenção da malária
Mensagens para a Comunidade
O técnico de saúde deve promover o aumento de conhecimentos das famílias e
comunidades sobre a malária, o modo de transmissão e a compreensão de que
o mosquito é o único vector da malária, e portanto a importância da adopção
das medidas de prevenção da malária, como o uso correcto e
consistentemente a rede mosquiteira tratada com insecticida de longa duração,
Incentivar a pulverização das suas casas, e a necessidade de que as mulheres
grávidas procurem o Tratamento Intermitente Presuntivo (TIP) nos serviços de
Consulta Pré – Natal.
Igualmente importante é que seja promovida a procura atempada dos cuidados
de saúde na Unidade Sanitária para diagnóstico e tratamento em caso de
sinais e sintomas de malária.
Exemplo de cartazes para a prevenção

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
3.3.2.- Tuberculose
A Tuberculose constitui um problema de saúde da população angolana e está
entre as 05 principais causas da morbilidade no País. Múltiplos factores têm
contribuído para a vulnerabilidade das pessoas à Tuberculose, nomeadamente
o alcoolismo, a má nutrição, o VIH/SIDA e pobreza.
Descriçao: A tuberculose é uma doença provocada pelo Mycobacterium
tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch (BK). O complexo M.
tuberculosis é constituído de várias espécies: M. tuberculosis, M. bovis, M.
africanum e M. microti. O reservatório principal é o homem.
Modo de transmissão: A tuberculose é transmitida de pessoa a pessoa,
principalmente, através do ar. A fala, o espirro e, principalmente, a tosse de um
doente de tuberculose pulmonar bacilífera lança no ar gotículas, de tamanhos
variados, contendo no seu interior o bacilo. As gotículas mais pesadas
depositam-se rapidamente no solo, porquanto as mais leves podem
permanecer em suspensão por diversas horas.
Período de transmissibilidade: A transmissão é plena enquanto o doente
estiver eliminando bacilos, e não tiver iniciado o tratamento.
Manifestações clinicas: As manifestações clínicas podem ser variadas. Os
sintomas respiratórios de TB pulmonar são: tosse com duração de duas ou
mais semanas, expectoração, hemoptises, dores torácica e dispneia. Os
sintomas constitucionais mais frequentes são: febre de qualquer tipo de
predomínio vespertino, anorexia, emagrecimento suor nocturnos e astenia.
Diagnostico: A suspeita de caso da tuberculose pulmonar, pode ser feita com
base em critérios clínicos, laboratoriais e radiológicos. A confirmação de um de
TB pulmonar é feita pelo exame bacteriológico das expectorações (exame
directo ou cultura).
Medidas preventivas: Existem três níveis de medidas essenciais de controlo
de infecção relativa a transmissão da tuberculose:
Administrativas: diagnóstico precoce, isolamento e o tratamento correcto e
emanação de directrizes escritas e a formação de profissionais.
Ambientais: adopção de medidas de controlo da qualidade do ar, com
sistemas de ventilação adequados, de forma a prevenir a disseminação e
reduzir a concentração dos núcleos de partículas infectantes.
Medidas gerais: Promover ou recuperar sistema que permitam adequada
ventilação natural consequente renovação do ar ambiente e uma boa
exposição á luz solar, nos espaços compartilhados por utente e/ou pessoal. Os
locais onde isso não e possível, devem estar equipados por alternativa de
ventilação forçada; Promover meios que permitam a rápida confirmação dos
casos suspeitos.

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
3.4.- A IEC na Prevenção das ITS
As ITS são infecções de transmissão sexual entre as quais podemos destacar:
VIH/SIDA; Vírus do Papiloma Humano-HPV; Clamídia; Gonorreia ou
blenorragia; Hepatite B; Sífilis; Herpes genital;Tricomoníase; Pediculose
Púbica; Escabiose; Molusco Contagioso.
Formas de transmissão: De forma geral são transmitidas durante as relações
sexuais, sem uso de preservativos. Algumas, como o herpes genital e o HPV,
também se transmitem por contacto pele com pele (sem penetração ou “sexo
completo”). A transmissão é facilitada se não usares preservativo e se tiveres
vários parceiros sexuais ao longo do tempo.

Sintomas: Habitualmente as infecções sexualmente transmissíveis não dão


queixas durante meses ou mesmo anos, e as pessoas ignoram que estão
infectadas e sentem-se saudáveis. Mas podem transmitir as infecções aos/às
seus/suas parceiros/as sexuais. Em relação aos sintomas, estes podem
aparecer logo após o contacto sexual, ou levar semanas, ou meses a surgir.
Por vezes os sintomas desaparecem mesmo sem qualquer tratamento, mas a
infecção permanece no organismo (não há cura).
Alguns sinais e sintomas de IST:
 Corrimento anormal da vagina, pénis ou ânus;
 Ardor ou dor ao urinar;
 Feridas, bolhas ou outras lesões na área genital e/ou anal;
 Comichão ou irritação na área genital
 Dor na parte inferior do abdómen ou durante a relação sexual.

3.5.- A IEC na Promoção do Planeamento Familiar


Descrição: O Planeamento Familiar (PF) representa uma componente
fundamental na prestação de cuidados em Saúde Sexual e Reprodutiva (SSR)
e refere-se a um conjunto variado de serviços, medicamentos e produtos
essenciais que possibilitam às pessoas, individuais e em casal, alcançar e
planear o número de filhos desejados e o espaçamento dos nascimentos. A
decisão de ter ou não filhos, assim como a escolha do momento para ter filhos,
é um direito que assiste a todos os indivíduos e famílias.

Os serviços de PF incluem a prestação de cuidados de saúde,


aconselhamento, informação e educação relacionados com a SSR.
Numa perspectiva mais abrangente, o PF deve:
 Promover uma vivência sexual segura;
 Preparar uma maternidade e paternidade saudáveis;
 Prevenir a gravidez indesejada;
 Reduzir os índices de mortalidade e morbilidade materna, perinatal e
infantil;
 Reduzir o número de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
Em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde com serviço de
ginecologia e/ou obstetrícia, devem funcionar consultas de PF, ou equipas
multidisciplinares de forma a garantir a prestação de cuidados, nos seguintes
casos:
 Mulheres em situação de risco (designadamente, diabetes, cardiopatias
e doenças oncológicas);
 Homens e mulheres com indicação para contracepção cirúrgica
(laqueação de trompas ou vasectomia);
 Mulheres com complicações resultantes de aborto;
 Puérperas de alto risco;
 Adolescentes.
 Métodos contraceptivos para distribuição gratuita aos/às utentes.

Escolha do método adequado


O sucesso na escolha de um método contraceptivo depende de decisão
voluntária e esclarecida sobre a segurança, a eficácia, os custos, os efeitos
secundários e reversibilidade dos métodos disponíveis.
Há um conjunto de questões que devem ser colocadas quando se pretende
escolher um método contraceptivo.
Apenas o profissional de saúde pode aconselhar o método mais adequado
para cada mulher ou casal em particular. Assim, deve consultar o seu Clínico
antes de iniciar a utilização de qualquer método contraceptivo.

Métodos mais utilizados: Pílula - Contracepção hormonal oral; Preservativos -


Feminino (interno) e Masculino (externo); Dispositivo Intra-uterino e Sistema
Intra-uterino (DIU e SIU); Implante; Adesivo; Anel vaginal; Diafragma;
Contracepção hormonal injectável; Espermicidas; Abstinência
periódica/autocontrolo da fertilidade "métodos naturais"; Métodos cirúrgicos
definitivos; e Contracepção de emergência.

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
UNIDADE Nº 4: ESTRATÉGIA DE CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
4.- HISTORIAL
Entre 6 a 12 de Setembro de 1978, a OMS e UNICEF (Fundação das nações
Unidas para Infância), 134 países reuniram-se em ALMA ATA (Cazaquistão,
URSS), numa conferência internacional sobre os cuidados primários de saúde,
cujo objectivo desta conferência centrou-se em:
 Promover o conceito de cuidados primários de saúde em todos os
países;
 lntercambiar experiências e informação sobre o desenvolvimento dos
CPS no âmbito geral de sistemas de serviços nacionais de saúde;
 Aferir a presente situação da saúde e de seus serviços em todo o
mundo, na medida em que se relaciona com os CPS e pode por estes
ser melhorada;
 Definir os princípios dos CPS e os meios operacionais para superar
problemas práticos no desenvolvimento desses serviços;
 Definir o papel de governos e de organizações nacionais e
internacionais em matéria de cooperação técnica e apoio ao
desenvolvimento dos CPS;
 Formular recomendações para o desenvolvimento dos CPS.
A partir desta conferência os países passaram a reconhecer a saúde como um
direito fundamental de todo cidadão e que o seu mais alto nível é a maior meta
social e mundial, cujo alcance requer a acção de muitos outros sectores da
vida social e económica.
A conferência internacional sobre atenção primária á saúde, considerou na
necessidade da acção urgente por parte de todos os governos e de todos que
trabalham no campo de saúde em que fizeram-se dez declarações com
destaque para:
 A evidente desigualdade no estado de saúde dos povos, particularmente
entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos e também dentro de
cada país é totalmente inaceitável motivo de preocupação para todas as
nações;
 A população tem o direito e o dever de participar – individual e
colectivamente – no planeamento e na execução dos cuidados de
saúde;
 Os governos têm responsabilidade pela saúde de seus povos. Esta
obrigação só pode ser cumprida mediante e doação de medidas
adequadas na área da saúde e do campo social.
 Cada governo deve formular um plano de acção para iniciar e manter a
atenção primária como parte de um amplo sistema nacional de saúde –
em coordenação com outros sectores. Portanto, é preciso agir com

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
vontade política para mobilizar os recursos do país e utilizar
racionalmente os recursos externos disponíveis.
 É direito e dever dos povos participar individual e colectivamente na
planificação e na execução de seus cuidados de saúde.

4.1.- DEFINIÇÃO DE SAÚDE


O termo saúde, variava segundo o contesto de cada região e com base nos
interesses dos diversos grupos que vivem numa sociedade e a maneira como
está organizada e, de acordo as mudanças ocorridas levantou-se a
necessidade de uma ampliação do entendimento da saúde.
Na conferência de ALMA ATA definiu-se saúde, como sendo um estado
completo bem-estar físico, mental e social, não simplesmente a ausência
de doença ou enfermidades.
4.2.- CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE
O conceito de cuidados de saúde primários (CPS) tem sido várias vezes
reinterpretado e redefinido. Em alguns contextos, refere-se à prestação de
serviços de saúde pessoais ambulatórios ou do primeiro nível. Em outros
contextos, cuidados de saúde primários são entendidos como um conjunto de
intervenções de saúde prioritárias oferecidas às populações de baixos
rendimentos (também chamados de cuidados de saúde primários selectivos). E
também há quem entenda os cuidados de saúde primários como uma
componente essencial do desenvolvimento humano, centrada em aspectos
económicos, sociais e políticos.
Definição de CPS
A OMS concebeu uma definição coesa com base em 03 componentes de CPS:
 Satisfazer as necessidades das pessoas em matéria de saúde,
através de cuidados promotores, protectores, preventivos, curativos,
reabilitativos e paliativos completos durante toda a vida, atribuindo
prioridade estratégica aos principais serviços de cuidados de saúde
destinados às pessoas e famílias, através dos cuidados primários, e às
populações através das funções da saúde pública como elementos
centrais de serviços de saúde integrados;
 Abordar de forma sistemática os determinantes da saúde mais
vastos (incluindo sociais, económicos e ambientais, assim como as
características e comportamentos das pessoas), através de políticas e
acções públicas informadas por evidências, em todos os sectores;
 Capacitar as pessoas, famílias e comunidades para optimizarem a
sua saúde, como defensores de políticas que promovam e protejam a
saúde e o bem-estar, como co-criadores de serviços de saúde e sociais
e como auto-cuidadores e prestadores de cuidados a terceiros.

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
Segundo “Bárbara Starfield”, Pediátrica e Mestre em Saúde Pública,
estabeleceu 04 elementos fundamentais nos CPS sendo:
1.- Cuidado de Primeiro Contacto, espera-se dos CPS que sejam quais
acessíveis à população em todos os sentidos e que com isso seja primeiro
necessário a ser procurado dessa forma, o primeiro contacto da medicina com
o paciente;
2.- Cuidados longitudinais (ao longo da vida), a pessoa atendida mantém o
seu vínculo com o serviço ao longo do tempo, de forma que quando haja uma
nova necessidade esta seja actualizada de forma mais eficiente. Essa
característica também é chamada de longetudinalidade;
3.- Compreensão (global, holística); tratamento do indivíduo como um todo;
4.- Coordenação (Integração com os restantes níveis de cuidados), o nível
primário é responsável por todos os problemas de saúde, ainda que parte delas
seja em comunidade e equipa do nível secundário ou terciárias, Além do
vínculo com outros serviços de saúde, os serviços de nível primário podem
oferecer visitas ao domicílio, reuniões com as comunidades e acções
intersectoriais.
4.3.- COMPONENTES DOS CPS
Na declaração da ALMA ATA, os CPS incluem pelo menos os seguintes
componentes:
 Educação sobre os problemas prevalecentes de saúde e os métodos
para a sua prevenção e controlo;
 Promoção de uma alimentação e nutrição adequada;
 Abastecimento adequado de água potável e saneamento básico;
 Cuidados de saúde materno infantil, incluindo o planeamento familiar;
 Vacinação contra as principais doenças infecciosa;
 Prevenção e combate as doenças localmente endémicas;
 Tratamento adequado de doenças e lesões comuns;
 Fornecimento de medicamentos essenciais;
4.4.- ACESSIBLIDADE E CARACTERÍSTICAS
Implica a prestação, contínua e organizada de serviço a que a toda
comunidade, tenha fácil acesso geográfico, financeiro, cultural funcional.
Acessibilidade geográfica, entende-se uma distância, o tempo necessário
para cobri-la e meios de transporte aceitável para a população.
Acessibilidade financeira, entende-se que sejam quais forem as formas de
pagamento adoptado, custo dos serviços deve estar ao alcance da comunidade
e do país.

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
Acessibilidade funcional, significa a disponibilidade contínua de serviços
apropriados a quem deles necessitar, sempre que necessitar e proporcionados
pela equipa de saúde indicada para a sua adequada prestação.
 Os serviços essenciais de saúde devem ser igualmente acessíveis a
todos;
 O foco do cuidado deve ser a promoção de saúde e não de doenças;
 Os serviços de saúde devem ser adaptados as condições locais de
acordo com os recursos disponíveis e com a participação da
comunidade;
 Os serviços de saúde devem ser considerados somente como parte da
melhoria das condições de saúde da comunidade. E devem trabalhar
integrando com outros sectores da sociedade.
 Doenças diarreicas agudas;
 Doenças respiratórias agudas;
 Doenças infecciosas na criança (tosse convulsa, sarampo,
tuberculose, poliomielite);
 Malária;
 Grandes e pequenas endemias;
 Má nutrição.
4.5.- COMPONENTES DOS CPS EM ANGOLA
Em Angola foram priorizados os seguintes:
1.- Educação para saúde, educar a população sobre os principais problemas
de saúde que se colocam na comunidade bem como os métodos de prevenção
e combate aplicáveis;
2.- Seguimento a gravidez e assistência ao parto, o seguimento e
acompanhamento da mulher grávida até ao parto no âmbito de uma assistência
materna infantil, para que ela tenha gestação normal a puerpério safo;
3.- Espaçamento dos nascimentos e educação sexual, significa a prestação
de cuidados a mulher de idade dos 15 aos 44 anos visando a educação sobre
o planeamento familiar;
4.- Vacinação, prevenir as enfermidades imunizando principalmente as
crianças e as grávidas evitando assim o elevado índice de mortalidade
materno-infantil, tendo em atenção os seguintes elementos:
 Seguimento do crescimento e desenvolvimento da criança dos 0
até os 05 anos de idade, promover uma assistência adequada as
crianças durante este período (0 a 5 anos) visando essencialmente a
prestação de cuidado e educação adequada as mães contribuindo para
a administração da morbi-mortalidade infantil e detenção precoce de
certas doenças;

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
 Promoção e recuperação nutricional, promover uma adequada
alimentação principalmente em comunidades que padecem devidos as
grandes calamidades, como guerra, seca, insuficiência agrícola entre
outras;
 Hidratação oral dos caso de diarreias agudas, prestar um eficiente
serviço de hidratação principalmente das crianças com doenças
diarreicas aguda, responde os líquidos perdidos como consequência da
diarreia;
 Abastecimento da água potável e saneamento dos meios, envidar
esforço no sentido de um abastecimento adequado de água em
qualidade e em quantidade suficiente às populações, assim como o
saneamento básico do meio visando principalmente a prevenção de
enfermidade que podem ser evitadas as complicações das
necessidades tendentes a promover a higiene do meio em que residem
as populações;
 Tratamento das doenças correntes e abastecimento em
medicamentos essenciais, diagnosticar e tratar os casos (doenças)
frequente nas comunidades, bem como promover uma adequada
política medicamentosa;
 Seguimento as vítimas de guerra, promover uma adequada política de
assistência a todos aqueles que sofrem devido a guerra, procurando a
sua reabilitação e posterior inserção na sociedade;
 Programa de luta contra as grandes endemias, tais serviços devem
ser direccionados no sentido de prevenir e tratar patologias que vitimam
um elevado número de indivíduo na comunidade;
 Ambiental e educação, que visam o desenvolvimento humano,
contribuem também para saúde;
Todos sectores de desenvolvimento nacional e comunitário particularmente
agricultura, pecuária alimentação, indústria, educação, habitação, obras
públicas, as comunicações e outros, devem coordenar os seus esforços com a
saúde para mobilizar os recursos no país e utilizar racionalmente os recursos
externos.
Recomenda-se a criação de estruturas de coordenação, multissectorial a todos
níveis e existentes para o efeito, os níveis de coordenação dos CPS
existentes em Angola são:
 Comissão Nacional de Saúde a nível central ou nacional;
 Comissão provincial a nível intermediário ou provincial;
 Comissão municipal da saúde a nível local (distrital) ou municipal;
 Não existe de momento nenhuma estrutura de coordenação
multissectorial a nível local, periférico (bairro, aldeia ou comunal).

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
4.6.- CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE E DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento progressivo melhoramento das condições e da qualidade
de vida desfrutada pela sociedade e compartilhada por seus membros, é um
processo de todas as sociedades.
A declaração de ALMA ATA considera a saúde como parte integrante do
desenvolvimento.
Os factores sociais como a saúde, são a verdadeira mola propulsora do
desenvolvimento permitir que os povos usufruam de uma vida economicamente
produtiva e socialmente satisfatória.
Os esforços evidenciados pelos povos do mundo, para aumentar seus
rendimentos não está no acumulo e simples de riqueza, mais nas melhorias
sociais que o aumento do seu poder aquisitivo lhes pode proporcionar, e os
seus filhos, tais como melhor alimentação e habitação, melhor educação,
melhor oportunidades de recriação e igualmente importante melhor saúde.
O alcance de um nível de saúde aceitável e indispensável para o indivíduo
possa desfrutar de outros benefícios da vida.

4.7.- RELAÇÃO ENTRE SAÚDE E DESENVOLVIMETO


A acessibilidade dos CPS deve ser mensurada não só pelo seu aproveitamento
ao nível comunitário como também pela medida em que podem ser resolvidos
problemas mais complexos e pelo número de pacientes que requer tratamento
mais especializados por parte dos outros níveis de sistema de saúde.
Portanto, quando proporcionam o aceso integral e universal aos CPS
contribuem para assegurar a utilização racional de todo sistema de saúde.

4.8.- TECNOLOGIA APROPRIADA DE SAÚDE


Entende-se por tecnologia, uma associação de métodos, técnicas e
equipamentos que tomados em conjunto com aqueles que os aplicam e
operam pode contribuir significativamente para a solução de um problema de
saúde.
A tecnologia é apropriada quando cientificamente bem fundamentada e
também aceitável para os que a empregam e para os seus beneficiários, isso
implica um ajustamento de tecnologia cultural e local.
A tecnologia deve ser adaptável se necessário, adicionalmente aperfeiçoado.
É preferível que seja facilmente entendida e aplicada por agentes comunitários
de saúde, e em certos casos, até por membros da comunidade e primar pela
sua simplicidade.
Os medicamentos são parte importante da tecnologia e existe uma lista padrão
de cerca de 200 medicamentos, considerados como essenciais que é utilizado
como base na selecção de medicamentos necessários a resolução dos
problemas da saúde da comunidade. Na formação da estratégia nacional de
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
CPS recomenda-se a identificação e ou o desenvolvimento de uma tecnologia
apropriada, melhor será se os medicamentos equipados escolhidos pudessem
ser produzidos localmente a baixo custo.

4.9.- PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA


A participação comunitária é um processo pelo qual indivíduos e familiares
assumem a responsabilidade pela sua saúde e o bem-estar e da comunidade e
desenvolvem a capacidade de contribuir para o desenvolvimento pessoal e
comunitário.
As pessoas chegam assim a conhecer melhor a sua situação e a serem
motivadas no sentido de resolver seus problemas comuns tronando-os agentes
de seu desenvolvimento em vez de beneficiários da ajuda para fins de
desenvolvimento.
É indispensável para o êxito dos CPS as auto-responsabilidade os indivíduos,
comunidades e autoridades nacionais e matéria de cuidados primários, e
implica tomar a iniciativa de assumir a responsabilidade do seu próprio
desenvolvimento sanitário, tomar medidas que todos compreendam e aceitem,
conhecer as suas possibilidade e recursos, saber como aproveitá-las, saber
quando e por que motivo procurar apoio e cooperação de outros.
Neste contexto, o termo “Envolvimento” é preferível que participam porque
sublinha uma participação activa. Utiliza-se também com o mesmo propósito a
palavra “Intervenção comunitária”.
Assegura a ligação da comunidade com o sistema de saúde, elementos
treinados da comunidade conhecidos por agentes de saúde comunitários
(ASC) ou trabalhadores de saúde comunitária (TSC).
Existem em Angola, promotor de saúde, a parteira tradicional, a defensora da
saúde e os activistas do PAV.
Importa definir a comunidade, como um conjunto de pessoas que convivem
dentro de uma forma de organização e coesão social e os seus membros
compartilham, em maior ou menor grau, características políticas, económicas,
sociais e culturais, bem como interesses e aspirações, inclusive a saúde.
Para assegurar a plena participação da comunidade recomenda-se a efectiva
divulgação da informação pertinente, a alfabetização e o desenvolvimento dos
necessários instrumentos institucionais que possibilitam aos indivíduos, as
famílias e as comunidades assumir a responsabilidade para sua saúde e bem-
estar.
Assim como deve a comunidade dispor-se de aprender cabe ao sistema de
saúde a responsabilidade de esclarecer, orientar e de proporcionar claras
informações sobre os seus problemas e desta forma a sociedade chegará a
compreender que a saúde mais que o direito, também é uma responsabilidade
de todos.
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
O pessoal de saúde é parte integrante da comunidade em que vive e trabalha e
o seu conteúdo, diálogo com os demais membros da comunidade é necessário
para harmonizar opiniões a actividade relacionadas com os CPS.

4.10.- SISTEMA DE REFERÊNCIA


Os cuidados primários de saúde constituem o primeiro nível de um contínuo
processo de prestação de cuidados de saúde.
Assim as actividades comunitárias são apoiadas por sucessivos níveis de
facilidades que concentram o pessoal mais treinado e capacitado a
empreender acções especializadas de saúde que requerem mais sofisticadas
do que capaz oferecida ao nível comunitário.
O sistema de saúde deve assegurar a ligação entre os diversos níveis,
primário, secundário e terciário de saúde.
É preciso prestar mais atenção para as facilidades de encaminhamento e
especialmente para os estabelecimentos que constituem na cadeia dos
serviços de saúde o vínculo situado acima dos cuidados primários de saúde.
Em particular é necessário passar em revista as funções, a doptação do
pessoal, o planeamento, desenho, equipamento, a organização e
administração dos postos de saúde.
Os postos de saúde devem passar a desempenhar um papel em atendimento
dos requisitos dos CPS dispensando, para além de assistência aos doentes, a
formação ou treinamento, a orientação e supervisão de agentes de saúde da
comunidade e a educação sanitária da comunidade como proporcionar apoio
logístico (medicamentos, equipamentos e outros) e ligação a acção com os
outros sectores do desenvolvimento socioeconómico ao nível administrativo.
A tecnologia sistema de evacuação ou encaminhamento é também utilizada
para as características dos CPS.

4.11.- CPS E OUTROS SECTORES


Multissectorialidade é uma das características dos CPS que sublinha a
necessária coordenação de actividades e recursos dos principais sectores
económicos e sociais a fim de assegurar o desenvolvimento harmónico de
sociedade e promover a saúde parte integrante do mesmo.
Não existe sector de desenvolvimento socioeconómico capaz de funcionar
adequadamente por si próprio as actividades de um incidem sobre as metas do
outro, uma vez que, sector da Saúde não atingirá a sua meta sem o apoio de
outros sectores de desenvolvimento socioeconómico.

Por exemplo, a falta de fornecimento de água por avaria no sistema da EASB


(Empresa de Água e Saneamento de Benguela), correspondeu ao aumento

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significativo de casos de cólera na semana de 11 a 19 de Maio do corrente
ano.
Os CPS requerem o apoio de outros sectores que podem assim servir de porta
de acesso para o desenvolvimento e a aplicação desses cuidados.
A declaração de ALMA ATA cita que os CPS, para além do sector de saúde,
envolvem todos sectores do desenvolvimento nacional e comunitário mormente
a agricultura, a pecuária, a produção de alimentos, a indústria, educação,
habitação e as obras públicas, as comunicações e outros e que requer os seus
esforços.
AGRICULTURA
É um sector de particular importância na maioria dos países em
desenvolvimento pela produção de alimentos como da sua disponibilidade.
Neste sector onde a intervenção da mulher é significativa é necessário que a
mesma possa desfrutar, tanto quanto ao homem dos benefícios do
desenvolvimento agrícola, facultando-as uma tecnologia apropriada para
reduzir a sua carga de trabalho e aumentar a sua produtividades.
NUTRIÇÃO
O desenvolvimento agrícola permite melhorar o estado nutricional e requer
conhecimento para as mulheres puderem proporcionar uma adequada
alimentação aos seus filhos e para a sua própria nutrição durante a gravidez
lactância.
Portanto, o desenvolvimento sanitário, que é um processo de melhoria contínua
e progressiva do estado de saúde de uma população é fundamental para o
desenvolvimento socioeconómico e os meios para atingir estes fins guardam
uma estreita relação mútua.
As medidas tendentes a melhorar as situações de saúde e socioeconómico
devem ser encaradas como complementar e não concorrente.
Assim a promoção da saúde representa um factor economicamente produtivo
que contribui para o desenvolvimento.

4.12.- CONTRIBUIÇÃO DOS CPS PARA O DESENVOLVIMENTO


A abordagem dos CPS, com a participação comunitária, ajudará os povos a
contribuir para o seu próprio desenvolvimento económico e social, por ser a
chave para obtenção de um nível satisfatório de saúde para todos.
Deste facto os CPS são parte integrante do desenvolvimento global da
sociedade.
Os CPS contribuem para o desenvolvimento no seguinte:
 Melhoram as condições de saúde e estimulam as organizações
orientadas para o apoio do processo de desenvolvimento;

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 Podem ser instrumentos de motivação da consciência e de promoção de
iniciativas e inovações para o desenvolvimento;
 Contribuem também para despertar o interesse social tão importante
para mobilizar a contribuição popular para o desenvolvimento.
Os demais níveis do sistema nacional de saúde podem contribuir para o
desenvolvimento desde que se ajustem a tarefa de apoiar as actividades
básicas de saúde primária promovendo um enfoque de apoiar as actividades
básicas de saúde primária promovendo um enfoque integrado de saúde e de
desenvolvimento.

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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo
BIBLIOGRAFIA
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Elaborado por: Justina S. Epalanga e Sebastião Cololo

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