Você está na página 1de 19

UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Ana Carolina Magnoto


Areta Wojtowicz Dantas
Judilson Nardes da Silva
Mara Iza Maciel dos Santos
Ronaldo César da Silva
Ronaldo Pena de Souza
Thaís Helena de Souza

Metodologias lúdicas no ensino/aprendizagem de divisão e multiplicação em


alunos de 2ª série, diagnosticados com transtorno de déficit de atenção com
hiperatividade.

Carapicuíba - SP
2021
UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Metodologias lúdicas no ensino/aprendizagem de divisão e multiplicação em


alunos de 2ª série, diagnosticados com transtorno de déficit de atenção com
hiperatividade.

Relatório Técnico - Científico apresentado na disciplina


de Projeto Integrador para o curso de Licenciatura da
Universidade Virtual do Estado de São Paulo
(UNIVESP).

Carapicuíba - SP
2021
MAGNOTO, Ana Carolina; WOJTOWICZ DANTAS, Areta; NARDES DA SILVA, Judilson;
MACIEL DOS SANTOS, Mara Iza; DA SILVA, Ronaldo César; PENA DE SOUZA, Ronaldo;
DE SOUZA, Thaís Helena. Metodologias lúdicas no ensino/aprendizagem de divisão e
multiplicação em alunos de 2ª série, diagnosticados com transtorno de déficit de atenção com
hiperatividade. 00f. Relatório Técnico-Científico. Licenciatura – Universidade Virtual do
Estado de São Paulo. Tutor: Ricardo Pinto Ferreira. Polo Carapicuíba, 2021

PALAVRAS-CHAVE: TDAH; Lúdico; Pop it; Matemática.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – POP IT 9
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO 1
2.DESENVOLVIMENTO 2
2.1. PROBLEMA DE PESQUISA 2
2.1.1. OBJETIVO GERAL 2
2.1.2. OBJETIVOS ESPECIFICOS 2
2.2. JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA 2
2.3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3
2.3.1. TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE 4
2.3.2. O APRENDIZADO DE CRIANÇAS COM TDAH 5
2.3.3. METODOLOGIAS LÚDICAS 6
2.3.4. O ENSINO DA MATEMÁTICA E A LUDICIDADE 8
2.3.5. A UTILIZAÇÃO DO “POP IT” EM ALUNOS COM TDAH 9
2.4. METODOLOGIA 10
REFERÊNCIAS 12
1

1. INTRODUÇÃO

O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um transtorno


neurobiológico, de causas genéticas, que geralmente aparece na infância e acompanha o indivíduo
por toda a vida, seus sintomas mais frequentes são: desatenção, impulsividade e inquietude. É mais
comum o encaminhamento de crianças e adolescentes com TDAH para serviços especializados,
pois ele ocorre em 03 a 05% das crianças, normalmente indivíduos na vida adulta possuem os
sintomas de inquietude mais brandos.

Após pesquisa e diálogo com professores da 2ª serie de uma escola de ensino privado que
possuem alunos diagnosticados com TDAH, pensou–se em fazer uso de metodologias lúdicas para
auxiliar estes alunos a terem um aumento no rendimento escolar.

“A ludicidade é um meio de facilitar o processo de ensino-aprendizagem, pois através da


mesma o aluno é instigado a desenvolver o senso de experimentar, descobrir, elaborar,
assimilar e assim contribuir para a construção intelectual da criança. O lúdico é uma
ferramenta de grande valor significativo e qualitativo na aprendizagem, desse modo
merece uma atenção especial por parte dos educadores que devem utilizar métodos
eficazes que fortaleçam relações entre o docente e o discente. (DA SILVA; OLIVEIRA;
PEREIRA; ALMEIDA, 2019, p. 01)”.

A metodologia lúdica escolhida foi a do brincar (fazendo a utilização do brinquedo Pop it),
pois através deste ato a criança desenvolve uma aprendizagem de reconhecimento do mundo
exterior e suas vivencias, melhorando assim seu relacionamento com outras crianças, já que a
brincadeira é uma atividade prazerosa e fazer uso delas para o desenvolvimento da criança com
TDAH pode aumentar seu interesse, assim fazendo com que eles absorvam mais a aprendizagem.

“a aprendizagem é mais do que a aquisição de capacidades para pensar, é a aquisição de


muitas capacidades especializadas para pensar sobre várias coisas. (SILVA, 2003, P.
93)”.

A elaboração de diferentes formas de atividades para crianças diagnosticadas com TDAH


colabora muito com professores que tem que lidar com estas crianças, por ser uma doença “nova”,
pois até então estas crianças eram tratadas como “malcriadas”, “mal-educadas” ou até mesmo
“baderneiras”, por não conseguirem manter a atenção por muito tempo na mesma atividade, com
o diagnóstico de que é uma doença se tornou necessário uma forma de lidar diferenciada.

“Nesse sentido, o professor, para lidar com esses alunos, deve utilizar como ferramentas
práticas pedagógicas que favoreçam a interação social e o aprendizado das crianças com
TDAH. (SILVA; FREITAS; ANDRADE; MELO, 2013, p. 02)”.
2

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Problema de pesquisa

Como utilizar metodologias lúdicas no ensino aprendizagem das operações matemáticas


de divisão e multiplicação em alunos de 2ª série diagnosticados com transtorno de déficit de
atenção com hiperatividade?

2.1.1 Objetivo geral

Descrever um plano de aula, com uso de metodologias lúdicas que auxilie no


ensino/aprendizagem das operações matemáticas de divisão e multiplicação de alunos de 2ª série
diagnosticados com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade.

2.1.2 Objetivos específicos

Identificar metodologias lúdicas para ensino/aprendizagem das operações matemáticas de


divisão e multiplicação em alunos com TDAH.
Descrever um plano de aula voltado ao ensino/aprendizagem das operações de divisão e
multiplicação utilizando metodologias lúdicas em alunos com TDAH.
Avaliar o uso metodologias lúdicas no ensino de operações matemáticas em alunos de 2ª
serie diagnosticados com TDAH.

2.2. Justificativa e delimitação do problema

Como utilizar metodologias lúdicas no ensino aprendizagem das operações matemáticas


de divisão e multiplicação em alunos de 2ª série diagnosticados com transtorno de déficit de
atenção com hiperatividade?
Para escolha do local de realização do PI buscou-se escolas que permaneceram com
funcionamento das aulas 100% presenciais (já que no momento do desenvolvimento do trabalho
todas as escolas públicas encontram-se funcionando no modelo a distância ou híbrido, devido a
pandemia causada pela COVID-19), sendo assim o trabalho será desenvolvido em escola da rede
privada de ensino.
3

Além disso foi fundamental para a escolha do local, a possibilidade de aplicação do plano
de aula que será desenvolvido, bem como a possibilidade de interação direta com professores e
alunos durante seu desenvolvimento, assim buscou-se um local acessível e aberto a essa interação.
A escola escolhida está localizada no município de Cotia, é construtivista e utiliza
metodologias ativas como ferramenta de ensino/aprendizagem, o que contribuí para uma visão
mais ampla desse processo, bem como na construção de um plano de aula mais abrangente.
Sendo assim percebemos que existe uma gama muito grande de assuntos que poderíamos
pesquisar.
Exemplos: Praticar o “faça você”; Variação de rotina; Incorporação de movimentos no
plano de aula; Utilizações de materiais que auxiliem na melhoria da atenção.
Foi identificado inicialmente a temática central (“Propor o uso de Metodologias lúdicas para o
auxílio do aumento do rendimento escolar em alunos com Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH)”),
Porém a partir da entrevista realizada e contatos posteriores com o grupo docente decidiu-
se afunilar o tema para: “Metodologias lúdicas no ensino/aprendizagem de divisão e multiplicação
em alunos de 2ª série, diagnosticados com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, já
que na escola escolhida os alunos diagnosticados estão neste ciclo, visando assim, ajudar o
professor e realizar aplicação do projeto.

2. 3. Fundamentação teórica

Para o desenvolvimento do projeto que têm como proposta um plano de aula com o objetivo
de como utilizar metodologias lúdicas no ensino/aprendizagem das operações de divisão e
multiplicação em alunos de 2ª série do ensino fundamental, faz se necessário a busca por base ou
fundamentação teórica de vários conceitos como o que é o Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade, metodologias lúdicas para o ensino fundamental I e o aprendizado de crianças com
TDAH. Além disso, após definição da ludicidade que será empregada no projeto, o grupo escolheu
utilizar-se do uso de “Pop it”, brinquedo muito utilizado na atualidade e que proporciona diversos
benefícios para aluno com TDAH, além de tornar a aula mais divertida e atrativa. tornou-se
pertinente também uma breve menção sobre o mesmo e alguns exemplos diretos de suas aplicações
em ensino.
Entende-se a importância de recorrer a autores que trabalham ou já dissertaram sobre os
temas e assuntos que serão abordados no projeto. Basear-se em seus conceitos e estudos
aprofundados enriquece o nosso trabalho e nos faz alcançar níveis diversos de pensamentos,
4

debates e considerações que saem do senso comum e passam por uma investigação histórico crítica
de conhecimento mais sistematizado e universal.

2.3.1 Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade

O Transtorno do Déficit de Atenção/ Hiperatividade – TDAH- é definido, segundo o


Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais, o DSM-IV, como um problema de saúde
mental, considerando-o como um distúrbio bidimensional, que envolve a atenção e a
hiperatividade/impulsividade. (BENCZIK, 2000).
Conforme matéria do site Ninhos do Brasil em maio de 2021:

“O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos principais


distúrbios do neurodesenvolvimento, que afeta crianças, adolescentes e também adultos.
A hiperatividade é um dos sintomas, junto com a impulsividade e a dificuldade de
atenção. (NINHOS DO BRASIL, 2021)”

Portanto, uma característica padrão do TDAH é a falta de atenção e hiperatividade que se


apresenta com maior ênfase do que nas crianças de mesmo nível de desenvolvimento.
As crianças com TDAH, segundo (BENCZIK, 2000), demonstram baixo nível de atenção,
são impulsivas e podem apresentar problemas de conduta e agressividade, bem como baixo
rendimento escolar ou problemas de aprendizagem, são esquecidas, e facilmente distraídas pelo
ambiente e impacientes, com ritmo acelerado e energia o tempo todo. Porém nem todas as crianças
apresentam os mesmos sintomas/ comportamento pois, o TDAH pode variar em suas diversidades
de manifestação.

Para (BARKLEY, 1987), algumas características são indicadas para o TDAH:

“- O surgimento do TDAH nos primeiros anos de vida, embora atualmente alguns estudos
sugiram a possibilidade de aparecimento de sintomas em uma idade mais avançada, até
por volta dos 12 anos.
- Uma inquietação motora e períodos reduzidos de atenção que ficam aquém das
expectativas da idade da criança.
- Generalização dos sintomas em diversas situações e/ou ambientes.
- Uma discrepância entre o nível do desenvolvimento cognitivo e os problemas de
autocontrole. Essas crianças mostram-se mais imaturas do que geralmente são. (apud
BENCZIK, 2000, p.25).”

Outros sinais de TDAH, apresentados no site Ninhos do Brasil, 2021 são:

“Dentro da hiperatividade, podemos identificar um comportamento mais inquieto como


a agitação das mãos ou pés quando está sentada; energia demasiada em relação aos demais
colegas – como na sala de aula, enquanto todos estão sentados e a criança levanta o tempo
5

todo; correr e andar rápido demais em situações inapropriadas; dificuldade para brincar
com jogos que pedem um ritmo mais lento; falar muito e ter energia o tempo todo.
Também podemos perceber sintomas de impulsividade em que a criança responde a
perguntas antes de elas serem completadas; tem dificuldade para aguardar a vez dela; com
frequência, a criança interrompe conversas ou brincadeiras de outras pessoas.
E também falta de atenção, quando deixa de prestar atenção em detalhes durante
atividades escolares ou em casa; não consegue manter a atenção em tarefas cotidianas;
aparenta não escutar tudo quando falam com ela; se distrai muito facilmente; apresenta
dificuldade para concluir o que começa, como lições ou tarefas de casa; não gosta de
tarefas que demandam muita atenção, como trabalhos escolares; parece esquecer de
atividades diárias. (NINHOS DO BRASIL, 2021)

Segundo (GUARDIOLA; LOW; ROTTA, 2006), o diagnóstico precoce permite um


melhor prognóstico dos casos, já que, tais aspectos poderiam ser trabalhados desde cedo, visando
à reorganização dos comportamentos, viabilizando atitudes funcionais no meio familiar, escolar e
social.

“O diagnóstico do TDAH fundamenta-se no quadro clínico comportamental, já que não


existe um marcador biológico específico que contemple todos os casos desse transtorno.
Não existe, portanto, nenhum teste psicométrico, neurológico ou laboratorial que permita
diagnosticar o TDAH. O diagnóstico é o resultado da análise de informações obtidas de
várias fontes e em diversas situações, incluindo desde a queixa feita no consultório do
profissional até as informações obtidas mediante entrevistas e escalas com os pais ou
responsáveis, os professores e a anamnese da criança (apud JOU, AMARAL, PAVAN,
SCHAEFER, ZIMMER, 2010, p. 30).”

A partir do diagnóstico do TDAH, entende-se a necessidade de buscar intervenções


psicopedagógicas que melhoram a qualidade de aprendizagem, assim como buscar
encaminhamentos metodológicos para o professor por meio de jogos e materiais educativos, que
segundo (AMARAL, 2014), contribuam para minimizar a agitação motora excessiva, bem como,
o déficit de atenção e hiperatividade apresentado, ensinando as crianças a gerenciar sua
aprendizagem e a lidar com a transitoriedade e construção do conhecimento.

2.3.2 O aprendizado de crianças com TDAH

A partir dos 3 ou 4 anos já é possível identificar alguns comportamentos significativos que


remetem ao TDAH, ou seja, na fase antes do período escolar. Mas, é quando a criança entra na
escola que aprende a inibir um comportamento frente a um comando. (BENÍCIO; MENEZES,
2017).
Para (MAIA; CONFORTIN, 2015), quando não se tem um diagnóstico, a criança é tachada
como indisciplinada, agitada, ansiosa. Elas apresentam dificuldades em se concentrar, questionar
e refletir, apresentam baixo rendimento escolar em comparação com sua turma, aumentam os
índices de repetência e evasão. Por isso a importância de ser avaliada para que ações pedagógicas
6

sejam efetivadas no ambiente escolar e para que tenham garantidas as mesmas oportunidades de
aprendizado, tendo em vista que o aluno com TDAH precisa de um tempo maior para assimilar o
que foi ensinado, e o professor como mediador neste processo de aprendizagem, segundo (REIS,
2011), tem papel indispensável no desenvolvimento da criança, a saber:

[...] o professor tem papel fundamental no desenvolvimento das habilidades e controle do


comportamento da criança com TDAH. Desse modo, ele deve ser instruído, tanto na
formação inicial como na continuada, como também deve ser auxiliado em sua prática
pedagógica e deve ter conhecimento sobre o transtorno e as estratégias adequadas em sala
de aula para que esses alunos sejam efetivamente inclusos na escola (apud MAIA;
CONFORTIN, 2015 p. 80).

Portanto quando o professor é bem instruído, ele consegue auxiliar na identificação de


crianças com TDAH, pode providenciar atividades extraclasses, bem como buscar a ajuda desse
estudante para que se sinta útil e canalize essa agitação e inquietude de forma proveitosa e juntos
conseguem dar passos significativos no ensino aprendizado destes alunos. A ABDA - Associação
Brasileira de Déficit de Atenção sugere algumas técnicas que podem melhorar a concentração e
atenção dos estudantes, tais como:

“1 – Quando o professor der alguma instrução, pedir ao aluno para repetir as instruções
ou compartilhar com um amigo antes de começar as tarefas. 2 – Quando o aluno
desempenhar a tarefa solicitada, ofereça sempre um feedback positivo (reforço) [...]
Alunos com TDAH precisam de suporte, encorajamento, parceria e adaptações [...]optar
por, sempre que possível, dar aula com materiais audiovisuais, computadores, vídeos,
DVD, e outros materiais diferenciados como revistas, jornais, livros, etc. [...] Etiquetar,
iluminar, sublinhar e colorir as partes mais importantes de uma tarefa, texto ou prova.
(MAIA, CONFORTIN, 2015, p. 81).”

A partir das técnicas sugeridas pela ABDA e baseando- nos na literatura pertinente ao
TDAH, e sempre visando melhorar a concentração e atenção dos alunos, bem como seu maior
rendimento escolar, propiciando um ensino que favoreça a todos, indistintamente, este projeto
integrador apresentará um plano de aula com a metodologia lúdica e uso do instrumento/ brinquedo
“pop it”, como meio de facilitar o ensino aprendizagem de multiplicação e divisão na disciplina
de matemática no 2º ano do Ensino Fundamental I.

2.3.3. Metodologias lúdicas

Inicialmente, conforme Moreira (1999), é necessário que os professores rejeitem o papel


de serem somente condutores de conhecimentos e passarem a conceber os indivíduos como
construtores do próprio saber, mas que necessitam do educador como mediador.
7

O autor parte do pressuposto que o objetivo do ensino é compartilhar, professor e aluno,


significados e promover a aprendizagem significativa. No entanto, isso só acontecera quando o
aluno internalizar esses significados de modo liberal sem a arbitrariedade do professor, quando as
novas informações obtiverem um significado por interação com o saber prévio do educando e,
concomitantemente der significados adicionais, distinguirem, integrarem, transformarem e
enriquecerem o conhecimento já existente.
Segundo Paulo Freire (Pedagogia do oprimido) “Ninguém educa ninguém, ninguém educa
a si mesmo, os homens educam-se entre si, mediatizados pelo mundo.” A visão do autor corrobora
a visão de Moreira (1999) de que o aluno precisa ter autonomia em seu aprendizado pois traz
consigo um mundo de conhecimento e o professor torna-se a ponte entre o que ele traz e o que
ainda tem por saber do mundo.
Quando falamos então de alunos com TDAH e Hiperatividade sabemos que esses também
trazem consigo um conhecimento de mundo, porém necessitam de atividades pedagógicas mais
dinâmicas e diversificadas, já que possuem dificuldades de concentração e de controle corpóreo,
facilitando assim o seu processo de aprendizagem. Para isso, torna-se fundamental que essas
estejam sempre mais voltadas para a ludicidade.
Quando o aluno aprende brincando, interagindo dentro da dinâmica de aula preparada pelo
professor, ele sai da rotina e explora suas outras potencialidades.
Dessa forma, os jogos, brincadeiras e utilização de materiais concretos apresentam-se como
recursos e ferramentas criativas, interativas e, portanto, atrativa para o aluno com essa
especificidade.
Nos relatos sobre a brincadeira infantil Vygotsky (1991) afirma que esta é uma situação
imaginária criada pela criança e onde ela pode, no mundo da fantasia, satisfazer desejos até então
impossíveis para a sua realidade. Portanto, o brincar “é imaginação em ação” (FRIEDMANN,
1996).
Há uma infinidade desses recursos a disposição do professor, inclusive uma gama muito
grande de recursos digitais. No entanto, é preciso ter muito claro quais são os objetivos da atividade
para fazer a seleção desses recursos. Caso contrário, se o recurso não for adequado ao nível do
aluno e aos objetivos estabelecidos, ele pode acabar distraindo ao invés de motivar para
aprendizagem.
8

2.3.4. O ensino da matemática e a ludicidade

Uma disciplina essencial desde os anos iniciais do ensino fundamental, porém que acaba
muitas vezes sendo temida ou ainda considerada chata/difícil é a Matemática, quer seja pelo
preceito dela se constituir de decorações/repetições ou ainda pela exatidão requerida ao se
responder exercícios (resposta correta única). Neste ponto, as metodologias lúdicas podem ser
consideradas de grande auxílio ao fazer com que os alunos enxerguem a disciplina de uma maneira
mais amigável/divertida. Conforme (COSTA):

“O brincar nas aulas de matemática tende ser uma realidade entre crianças de várias idades
e classes sociais, pois esse tipo de atividades tem auxiliado no desenvolvimento das
crianças sem pressioná-las. Diante das pesquisas, vários questionamentos foram
apresentados; entre eles, de como elas aprendem, sendo assim busca-se formas de propor
para as crianças atividades com significados e que seja prazeroso o ensino de matemática.
(COSTA, p. 6).”

Através do lúdico é possível aproximar ainda mais o conteúdo apresentado do cotidiano do aluno,
além disso promove uma transição mais fácil de um conhecimento até então abstrato em uma
forma mais concreta e assimilável a criança. As brincadeiras e jogos permitem o desenvolvimento
de habilidades cognitivas essenciais ao desenvolvimento da criança além da aquisição de
conhecimentos específicos de acordo com o objetivo de tal atividade, de acordo com
(ANGELO,2020):

“o jogo pode ser aplicado com o intuito de facilitar a aprendizagem, com possibilidades
diversas, como a construção de conceitos e a memorização de processos, já que a sua
repetição pode ser mais agradável do que a própria resolução de uma lista de exercícios,
por exemplo.” (ANGELO, 2020)

No caso da Matemática isto se torna ainda mais essencial, visto que diversas vezes para a
fixação de um conteúdo é necessário a prática constante de exercícios, isso resulta não só na
aquisição do conhecimento acerca dos números e seu papel indispensável na vida do ser humano,
mas a matemática também é a responsável pelo desenvolvimento do raciocínio lógico que
futuramente será essencial para a compreensão de mundo do aluno, de acordo com (ROCHA,2013)
citado em (ANGELO,2020):

“tal relevância é verificada pelo fato de que a matemática compõe o quadro de disciplinas
na educação básica, já que a aquisição de seus saberes é fundamental para o aluno, onde
desenvolve a capacidade de raciocínio lógico. Outros autores complementam que o
raciocínio lógico traz contribuições relevantes para o aluno, onde o mesmo ganha
capacidade de pensar de maneira crítica em relação a opiniões, inferências e argumentos,
dando sentido ao pensamento. (ANGELO, 2020).”
9

Porém, deve-se tomar cuidado na escolha da metodologia lúdica empregada, ela deve
sempre ser fundamentada, estruturada e possuir um objetivo claro e possível, o docente aqui entra
com um papel duplamente importante: mediar a atividade de maneira a garantir sua realização e
proposito e observar durante a realização dela se o conteúdo de interesse é assimilado e quais as
dificuldades que se apresentam em relação ao mesmo. Isso é corroborado pelas palavras de
(GRANDO,2000) citado em (ANGELO,2020) e (SOUSA,2020):

“Grando (2000) considera que para haver vantagens, é importante que exista
intencionalidade pedagógica no processo, pois quando mal utilizados, há o risco de dar
ao jogo um caráter puramente aleatório, assim sendo, os alunos jogam sem saber
exatamente o que está sendo desenvolvido no jogo. Pontua também que a coerção do
professor, exigindo que o aluno jogue, mesmo que ele não queria, pode ser prejudicial, já
que vai contra a natureza do jogo. (ANGELO,2020)”

“Porém, cabe ao educando planejar e definir os objetivos do jogo e sua finalidade


pedagógica para que só assim o jogo não seja apenas uma brincadeira, um simples passa
tempo na sala de aula, é necessário que os jogos venham acompanhados, que envolvam
problematizações, situações problemas e, desencadeando assim, o raciocínio lógico
matemático, tornando o jogo um importante instrumento na quebra de bloqueio que
muitos alunos têm. (SOUSA,2020, p. 8).”

2.3.5. A utilização do “pop it” em alunos com TDAH

O POP IT é um brinquedo da categoria fidget toys, que são uma linha de brinquedos que
estimulam o sensorial através do toque de suas cores, sons e formatos. São brinquedos anti-stress
criados para serem usados em momentos e por pessoas onde as mãos estão inquietas.
O POP IT (Figura 1) normalmente são feitos de silicone, maleáveis ao uso e com bolhas
que são empurradas provocando um som parecido com o de um estouro de uma bolha do plástico
bolha, e essa bolha pode ser empurrada para baixo e para cima quantas vezes for desejado.

Figura 1- https://cdn.shopify.com/s/files/1/0574/3981/3790/products/PopItGigante50x50_200x200.png?v=1628618950
10

Segundo a psicóloga do Hospital Infantil Sabará Cristina Borsari, o movimento repetitivo


de apertar as bolhas traz um momento que ameniza a ansiedade.
Se pensarmos nas dificuldades de uma criança com TDAH podemos encontrar no lúdico
uma maneira de transpor essa barreira e achar um jeito de deixar a construção do aprendizado mais
fácil e até mesmo prazeroso.
Segundo Piaget (1998, p. 47), “O lúdico atua nas atividades intelectuais da criança. E é
nessa abordagem que a utilização do POP IT torna possível a utilização de um brinquedo no
ensino/aprendizagem.
Segundo Santos (2007) o uso de jogos no ensino/ aprendizagem da matemática é de muita
importância já que auxilia no desenvolvimento do corpo, da afetividade, nas ações, desperta o
interesse e ajuda no desenvolvimento de alguns conhecimentos.
Aplicando o lúdico na aprendizagem da matemática podemos criar experiências diferentes,
fascinantes e que auxiliam na compreensão do aluno.

2.4. Metodologia

A partir do tema norteador “Perspectivas sobre dificuldades de aprendizagem versus


inadequação metodológica.”, o grupo decidiu buscar uma comunidade escolar apta a aplicação do
plano, que será constituído por 2 aulas de 40 minutos, sendo assim optou-se por construí-lo visando
um modelo de aula presencial.

Entretanto, tendo em vista que as escolas da rede pública, devido aos desdobramentos da
pandemia da Covid-19, estão funcionando apenas remotamente, decidiu-se então por realizar o
P.I. em uma escola da rede privada de ensino, localizada na cidade de Cotia/SP na qual a
modalidade presencial está em funcionamento.

A pesquisa constituiu-se em buscar o uso da empatia para compreender o problema,


analisando as pessoas envolvidas, ouvindo e entendendo suas necessidades, aplicando as técnicas
do design thinking.

Para desenvolver um projeto utilizando-se a metodologia Design Thinking é preciso


aprender a pensar através de uma abordagem própria, que consiste em enquadrar o problema,
pensar de forma criativa, gerar soluções, adotar um olhar multilateral, co-criar, fazer associações
inusitadas e prototipar as melhores soluções. (STICKDORN; SCHNEIDER, 2014, p.11).
11

A partir da escolha da escola o grupo realizou uma conversa informal com os docentes da
escola escolhida, na qual falamos sobre o PI, com intuito de identificar professores abertos a
construção do projeto e aplicação posterior dele.

No segundo momento, escolheu-se trabalhar o PI a partir das respostas dadas pelos


professores, sendo que durante a conversa, todos enfatizaram o TDAH como sendo seu principal
desafio frente as dificuldades de aprendizagem dos alunos, por conta disso durante a entrevista foi
improvisado perguntas especificas voltadas a essa dificuldade.

A conversa ocorreu de forma respeitosa e produtiva, com excelente engajamento entre os


participantes. Abordou-se diversos assuntos e temáticas no contexto de pandemia com aulas
remotas e presenciais em alguns momentos, bem como o hibridismo das aulas e os desafios que
esse contexto trás para os alunos com TDAH.

Os professores foram bastante sucintos e abertos, sendo que logo no início sua
problemática ficou bem clara e direcionada aos alunos com TDAH, sendo ela tanto no
ensino/aprendizagem efetivo desses alunos e quanto a dificuldade de se encontrar estratégias
lúdicas para melhorar o ensino.

A partir da entrevista e posteriores contatos com o grupo docente, identificou-se o


problema central: “ Metodologias lúdicas no ensino/aprendizagem de divisão e multiplicação de
alunos de 2ª serie diagnosticados com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade”.

Os professores foram pontuais sobre suas dificuldades em produzir planos de


ensino/aprendizagem que auxiliem no ensino das operações matemáticas já citadas, pois segundo
eles o aluno com TDAH possui uma barreira física, na qual perde-se o controle corpóreo e a
atenção torna-se limitada, sendo isso um desafio para os conteúdos que necessitam de maior
concentração e repetição.
A partir da delimitação final do tema o grupo início pesquisas sobre recursos lúdicos
disponíveis para auxiliar o professor no ensino das operações matemáticas citadas, bem como
voltados também para o ensino/aprendizagem de alunos com o TDAH. Sendo assim após
pesquisas o grupo optou por utilizar o Pop It como recurso lúdico na construção da solução (plano
de aula).

Sugestão: Acrescentar figuras de materiais lúdicos


12

REFERÊNCIAS

AMARAL, Naiara Eucares. XIX Semana de Iniciação Científica: Metodologias que auxiliam o
professor no manejo e no ensino do aluno com hiperatividade e/ou déficit de atenção.
Disponível em: <https://anais.unicentro.br/proic/pdf/xixv2n1/249.pdf >. Acesso em: 16 de
outubro de 2021.

ANGELO, Jamisson da Silva. A influência do lúdico na matemática para alunos das séries
iniciais do Ensino Público brasileiro. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do
Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 24, pp. 68-82. Disponível em:
<https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/influencia-do-ludico>. Acesso em: 17 de
outubro de 2021

BENCZIK, Edyleine Belllini Peroni; Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade:


atualização, diagnóstica e terapêutica: um guia de orientação para profissionais. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2000.

BENÍCIO, Cineide M.; MENEZES, Aurelania M. de C. Transtorno do Déficit de Atenção e


Hiperatividade – TDAH: Desafios e Possibilidades no Espaço Escolar. Id on Line Revista
Multidisciplinar e de Psicologia, vol.11, n.38, p. 375-387, 2017.

CHAS, Dijalmary Matos Prates. Matemática e Atividades Lúdicas: Uma Metodologia


Diferenciada. UDESC, Joinville, p. 1-11, setembro, 2014.

COSTA, Angela Maria dos Reis Gonçalves; SOARES, Hellen Conceição Cardoso. A ludicidade
no ensino da matemática nos anos iniciais do ensino fundamental I. Faculdade Atenas.
Disponível em:
<http://www.atenas.edu.br/uniatenas/assets/files/magazines/5___A_LUDICIDADE_NO_ENSIN
O_DA_MATEMATICA_NOS_ANOS_INICIAIS_DO_ENSINO_FUNDAMENTAL_I.pdf>.
Acesso em 16 de outubro de 2021.

DA SILVA, Isabel Martins; OLIVEIRA, Juarana Ribeiro; PEREIRA, Natali; ALMEIDA, Frairon
César Gomes. O uso da ludicidade nos anos iniciais do ensino fundamental: desafios e postura
docente. Conedu VI congresso nacional de Educação, 2019. Disponível em:
<https://documentcloud.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:27425153-aeee-4aea-
b670-8a3b0be20d4b>. Acesso em 16 de outubro de 2021

DE SILVA, Glaciane Lopes; FREITAS, Hariádila Eler de Moura; ANDRADE, Luciene de Souza;
MELO, Mariane França. Caracterização das práticas pedagógicas como ferramenta para o
aprendizado de crianças com TDAH. Pedagogia em ação, v.2, n.2, p.1-117, novembro, 2010 -
Semestral. Disponível em:
<https://documentcloud.adobe.com/link/review?uri=urn:aaid:scds:US:476e9418-ebe4-4300-
8457-5f7fcf12d821>. Acesso em 16 de outubro de 2021

FREIRE, Paulo - Pedagogia do Oprimido. 9 ed., Rio de Janeiro. Editora Paz e Terra. 1981, p.79
13

GRANDO, R. C. O Conhecimento Matemático e o Uso de Jogos na Sala de Aula. 2000. 239 f.


Tese (Doutorado), Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.

JOU, Graciela Inchausti de; AMARAL, Bruna; PAVAN, Carolina Robl; SCHAEFER, Luiziana
Souto; ZIMMER, Marilene. Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade: Um Olhar no
Ensino Fundamental. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/prc/a/Q4GXdJzTPvBdgwjwNZv8mrw/abstract/?lang=pt>. Acesso em:
15 de outubro de 2021.

MAIA, Maria Inete Rocha; CONFORTIN Helena. TDAH e a aprendizagem: Um desafio para
a educação. Perspectiva, Erechim. V.39, n.148, p. 73-84, dezembro/2015. Disponível em:
<https://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/148_535.pdf>. Acesso em: 15 de outubro de
2021.

MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem significativa. Brasília: Editora da Unb, 1999

PIAGET, J. A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

ROCHA, M. R. O Trabalho Interdisciplinar nos Anos Iniciais – Uma Estratégia de Ensino.


2013. 94f. Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciência e Tecnologia, do Programa de Pós-
Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Paraná, campus Ponta
Grossa, 2013.

RODRIGUES, Matheus. ‘Pop it’: Conheça o brinquedo que virou febre entre as crianças;
saiba os benefícios e restrições. G1, 2021 Disponível em:
<https://g1.globo.com/bemestar/noticia/2021/09/01/pop-it-conheca-o-brinquedo-que-virou-febre-
entre-as-criancas-saiba-os-beneficios-e-restricoes.ghtml>. Acesso em 16 de outubro de 2021.

SANTOS, S. M. P. dos. Brinquedoteca: sucata vira brinquedo. 2.ed. Porto Alegre: Artmed,
2007.

SILVA, Ana Beatriz B. Mentes Inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas,
impulsivas e hiperativas – São Paulo: Editora Gente, 2003.

SOUSA, Karina Faustino De et al. A ludicidade no ensino da matemática na educação infantil.


Anais VII CONEDU - Edição Online... Campina Grande: Realize Editora, 2020. Disponível em:
<https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/67760>. Acesso em: 17 de outubro de 2021.

TDAH e hiperatividade infantil: como identificar e lidar? Ninhos do Brasil, 2021. Disponível
em: <https://www.ninhosdobrasil.com.br/tdah-e-hiperatividade-infantil-como-identificar-e-
lidar?gclid=CjwKCAjwyvaJBhBpEiwA8d38vOhx87hGbecZI8D86oDdwUuxYZQjY_Gbu2aPD
2WHHHafU8G-zeyZiRoC2OQQAvD_BwE>. Acesso em: 14 de outubro de 2021.
14

VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2004
(FRIEDMANN, 1996).

Você também pode gostar