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Breve resumo dos fatos

A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados pede à Procuradoria-Geral da


República a abertura de um inquérito criminal contra o presidente Jair Bolsonaro e membros
de seu gabinete. O motivo é suas repetidas ações de apologia à ditadura militar no Brasil
(1964-1985) e incitação ao crime.
Um dos motivos da iniciativa foi a decisão de Bolsonaro de receber, no dia 4 de maio,
no seu gabinete no Palácio do Planalto, o militar da reserva do Exército Sebastião Curió
Rodrigues de Moura, um dos chefes da repressão à Guerrilha do Araguaia, nos anos 70,
durante a ditadura militar A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
(Secom) ainda usou sua conta oficial no Twitter e no Instagram para realizar homenagem ao
Tenente- Coronel, militar que já confessou ter sido responsável pela execução de 41 pessoas
na Guerrilha do Araguaia. O órgão ainda chamou o militar reformado de "herói".
Apesar do reconhecimento dos crimes, Bolsonaro recebeu o militar e, para os
deputados, sua gestão ainda faz "apologia à ditadura militar em plena página oficial do
governo".

Parte do Felipe totoso: elaborar discurso acerca da abstração do conceito de paz pública, e o
porquê deste tipo penal ser dificilmente caracterizado: Bem jurídico protegido, na ótica da
doutrina dominante, é a paz pública, isto é, a ameaça a esse bem não apenas individual, mas
também coletivamente; por extensão, protege-se a própria atividade estatal de assegurar o
bem comum, que é incompatível com a prática criminosa. Na realidade, ao contrário do que
se tem afirmado, o bem jurídico protegido não é a “paz pública”, como demonstramos ao
examinar a incitação ao crime, pois, considerando que, como já referimos, nosso
ordenamento prioriza o aspecto subjetivo, o bem jurídico protegido, de forma específica,
seria o sentimento coletivo de segurança na ordem e proteção pelo direito, que se veria
abalado pela conduta tipificada no art. 287, ora sub examen. No nosso entendimento,
contrariando a doutrina majoritária, a conduta descrita neste dispositivo legal, a rigor, não
atenta contra bem jurídico algum, como demonstraremos a seguir. Na verdade, acreditamos
que a “conduta” descrita não cria nenhum alarma social, não reproduz nenhuma repercussão
perturbadora, não passando, de regra, de simples manifestação pacífica de um pensamento,
por vezes, um desabafo, um exercício de liderança, e, na maioria dos casos, a coletividade
apenas ouve como uma das tantas pregações, forma ou não a sua opinião, a favor ou contra,
sem qualquer repercussão positiva ou negativa no meio social. Enfim, mesmo que a suposta
conduta possa adequar-se formalmente à descrição do tipo penal, materialmente não gera
efetiva ofensa ao pretenso bem jurídico protegido, que, aliás, é meramente produzida.

Porque não é incitação


Para que a conduta do sujeito ativo se ajuste à descrição típica é necessário que a
incitação ocorra em público: a publicidade do ato é elemento normativo do tipo, por isso é
indispensável a sua percepção por indeterminado número de pessoas. É necessário, em outros
termos, que a incitação se faça perante certo número de pessoas, para que se possa falar em
perturbação da paz pública, em alarma social etc.(bittencourt)
Logo, ao analisar o tipo do art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime, nota-se
que a atitude do, até então Presidente da República, não incita de fato um sujeito a um crime.
É evidente que este não é o caso, visto que, fazer apologia é enaltecer ou elogiar,
defendendo um fato criminoso de um crime já ocorrido, ou ao autor de um crime, também de
forma pública, enquanto incitar é induzir ou instigar alguém a fazer alguma coisa.
Em momento algum Jair Bolsonaro instiga alguém a cometer um crime diante dessa
atitude.

Porque não é associação criminosa


Para se tipificar o crime de associação criminosa, é necessário que haja 3 ou mais
pessoas reunidas com o intuito de praticar um crime específico. Como haviam 2 pessoas, e
eles não se reuniram com o fim de praticar algum crime em específico, convidar o autor de
um crime para seu gabinete e chamá-lo de herói não pode ser considerado como associação
criminosa

Porque não é constituição de milícia privada


Não pode tipificar a ação do ex-presidente como constituição de milícia privada pois não
houve nenhuma constituição de organização para cometer um crime específico.

Porque se trata de apologia ao crime


O tipo penal de apologia ao crime necessita para a sua realização que o autor demonstre
defesa (o significado de apologia) em relação a fato que configure crime ou a determinado
sujeito que tenha sido responsável por cometê-lo. Um dos principais pontos de contenda da
Bancada do PSOL ao apresentar essa denúncia foi o ato do então presidente da república Jair
Bolsonaro ter recebido em instalações oficiais do Governo o militar de reserva Sebastião
Curió, apontado como agente ativo no periodo da ditadura militar (que por si só configura
uma ofensa à integridade do Estado de Direito, mas não necessariamente crime no momento
do acontecimento) e por participação em variados sequestros e assassinatos, que esses sim
configuram crimes.
Outro elemento necessário para a realização desse crime é que esse discurso seja proferido de
forma pública, e como é relatado na notícia, foram utilizados meios de comunicação oficiais
do Estado para enaltecer o militar.

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