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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

CAMPUS CORA CORALINA


CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

Consciência histórica por meio do conceito de Egito Negro em A Origem da


Civilização Africana: Mito ou Realidade de Cheikh Anta Diop.

YURI MIGUEL GUIMARÃES BARBOSA DOS SANTOS

Anápolis - Goiás
2023
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
CSEH - NELSON DE ABREU JÚNIOR
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

Projeto de Pesquisa do Curso de


licenciatura em História na
Universidade Estadual de Goiás com o
objetivo de obtenção de nota na
disciplina de Metodologia da Pesquisa
Histórica.

Anápolis - Goiás
2023
INTRODUÇÃO

O Conceito de Egito Negro é o campo de estudo criado pelo autor senegales


Cheikh Anta Diop, que nasceu em 29 de dezembro de 1923 em Thieytou no Senegal
e faleceu em 7 de fevereiro de 1986, ele foi um dos maiores antropólogos e
historiadores da África. Onde em suas pesquisas ele sempre enfatizou a
contribuição direta da África e mais ainda da África negra na construção da cultura e
da civilização humana. Seus estudos no meio científico se iniciaram aos seus 23
anos quando ele vai para Paris afim de estudar física e química, mas acaba se
interessando mesmo pela história e por ciências sociais, onde ele tomou um ponto
de vista especificamente africano, o que era pouco adotado por outros autores já
que o povo africano era visto como um povo sem passado.

Em 1951 defendeu sua tese de doutorado na Universidade de Paris, onde foi


orientado por Marcel Griaule que foi um grande etnólogo francês especializado no
grupo étnico originário do planalto central do Mali chamados Dogons, em que ele
afirmava que o Egito antigo era habitado e diretamente influênciado por povos
negros, em primeiro momento ele não conseguiu reunir uma banca sendo assim ele
não consegue seu titulo, mas seu trabalho se transformou em um livro em conjunto
com Théophile Obenga, que é um discipulo e amigo de Cheikh Anta Diop, chamado
Nations nègres et culture que foi bastante difundido. E então em 1960 Cheikh Anta
Diop consegue defender sua tese de doutorado.

Após conseguir o título de doutor ele retorna para Senegal onde ele assume a
cadeira de professor na Universidade de Dakar que posteriormente será renomeada
para Universidade Cheikh Anta Diop (UCAD). E com sua paixão por química e física
ele, em 1966, cria nesta universidade o primeiro laboratório de datação de fósseis
arqueológicos por meio do radiocarbono, e neste mesmo laboratório ele realizou
testes de melanina em múmias egípcias onde lhe permitiria provar que os antigos
egípcios tinha a pele negra. Na década de 1970, Cheikh Anta Diop se fez presente
em um comitê científico da UNESCO, que dirigia a redação de um História Geral do
continente africano e também participou de um colóquio internacional na cidade do
Cairo onde ele conseguiu confrontar os resultados de sua pesquisa com as ideias de
outros grandes especialistas mundiais, e em seguida lhe dada a oportunidade de
escrever a redação do capítulo nomeado à origem do antigos egípcios. A maior
parte dos especialistas entraram de acordo com as ideias de Cheikh Anta Diop e
Théophile Obenga, mas ainda assim a comunidade científica ficou divida sobre o
conceito.

Diop fundamentou suas ideias em escritas antigas, especialmente de Heródoto e


Estrabão. Sua principal argumentação fica em torno da ideia de que os antigos
egípcios possuíam características físicas semelhantes às dos africanos negros
contemporâneos, incluindo a cor da pele, os tipos de cabelo, a forma do nariz e dos
lábios. Para comprovar essa afirmação, ele se valeu de evidências de campos como
antropologia e arqueologia, sugerindo que a cultura egípcia estava profundamente
enraizada nas tradições das populações africanas negras.

No aspecto antropológico, o autor analisou o papel do matriarcado na sociedade


egípcia antiga. Ele argumentou que essa estrutura social, na qual o poder e a
descendência eram transmitidos pela linha materna, era uma característica comum
em muitas sociedades africanas, o que fortaleceria a conexão entre os antigos
egípcios e as culturas africanas negras. Quanto à arqueologia, o autor examinou
evidências que indicavam afinidades culturais e históricas entre o Egito antigo e
outras civilizações africanas. Ele identificou paralelos na iconografia, rituais
religiosos e em elementos da arte e da arquitetura que, de acordo com sua
interpretação, sugerem influências substanciais das culturas africanas na cultura
egípcia. Na área linguística, o autor propôs que o wolof, uma língua falada na África
Ocidental, possuía semelhanças fonéticas com a antiga língua egípcia. Essa
conexão linguística foi interpretada como uma evidência adicional do vínculo entre o
Egito antigo e as culturas africanas negras.
JUSTIFICATIVA

O estudo em cima do conceito de Egito Negro é importante na contrução de uma


melhor representação de África especificamente da África negra acerca da da
formação da cultura ocidental, principalmente quando se liga a história e influência
dos povos negros, seja pela representação fisica, social e cultural, com umas das
maiores civilizações que já existiram no mundo que foi o Egito Antigo.
Afastando a ideia de boa parte de pesquisadores ocidentais, que buscam aproximar
mais o Egito da Europa através da influência do Mar Mediterrâneo com
primeiramente os gregos e posteriormente com os romanos, que claro, esses povos
tiveram sim grande influência sobre o Egito, mas a África Negra teve um papel tão
importante quanto se não maior na construção da cultura egípcia. E também a
afastar a ideia de que a África Negra não possui um passado glorioso, possuindo
apenas povos “subdesenvolvidos”, assim criando uma consciência histórica em
África e aproximando mais pesquisadores para fazerem estudos mais
fundamentados e sérios a respeito do continente africano em geral. Objetivo GeralO
objetivo geral é entender como é a estrutura do conceito de Egito Negro Criado por
Cheikh Anta Diop por meio do livro “A Origem da Civilização Africana: Mito ou
Realidade”, e buscar a importância do conceito na criação de uma consciência
histórica em África.
PROBLEMAS DE PESQUISA

1- Qual a importância do conceito de Egito Negro na construção de uma consciência


histórica em África?
2- Qual o conceito de de Egito Negro abordado no livro A Origem da Civilização
Africana: Mito ou Realidade?
3- Como é estudada e retratada a influência da África Negra no Egito Antigo por
autores ocidentais?
4- Como é fundamentado os argumentos do autor?

HIPÓTESES
.
1- Sua importância vem da necessidade de conectar a história da África Preta com a
história de uma das maiores civilizações que já existiu que é a Civilização Egípcia,
trazendo historiadores competentes e corajosos para trazerem tal tema à tona, para
demonstrar que o “pobre” mundo Preto construiu boa parte da cultura ocidental.
2- É um campo no qual foi iniciado pelo autor Cheik Anta Diop que estuda a
civilização egípcia partindo de que ela é uma civilização negra-africana.
3- Essa influência é por vezes esquecida e quando se é lembrada é feita de maneira
que a influência do negro se torna rasa e quase nula e mesmo depois de Cheikh
Anta Diop fazer um trabalho provando essa influência de maneira direta, argumentos
contra essa ideia ainda surgem.
4- Diop fundamentou suas ideias em escritas antigas, especialmente de Heródoto e
Estrabão. Sua principal argumentação fica em torno da ideia de que os antigos
egípcios possuíam características físicas semelhantes às dos africanos negros
contemporâneos, incluindo a cor da pele, os tipos de cabelo, a forma do nariz e dos
lábios. Para comprovar essa afirmação, ele se valeu de evidências de campos como
antropologia e arqueologia, sugerindo que a cultura egípcia estava profundamente
enraizada nas tradições das populações africanas negras.
OBJETIVOS

Objetivo Geral:

O objetivo geral é entender como é a estrutura do conceito de Egito Negro Criado


por Cheikh Anta Diop por meio do livro “A Origem da Civilização Africana: Mito ou
Realidade”, e buscar a importância do conceito na criação de uma consciência
histórica em África.

Objetivos Específicos:

1- Analisar os argumentos utilizados para defender o conceito.


2- Trazer pensamentos de outros autores acerca do conceito.
3- Buscar onde o conceito se encaixa na criação da consciência histórica.
REFERENCIAL TEÓRICO

Partindo do conceito de Egito Negro dado por Cheikh Anta Diop que o apresenta,
em seu livro Egito Negro em A Origem da Civilização Africana: Mito ou Realidade,
da seguinte maneira:

Os antigos egípcios eram Negros. O fruto moral da sua civilização deve ser
contado entre os espólios do mundo Preto. Em vez de apresentar-se a
história como um devedor falido, este mundo Preto é o próprio iniciador da
civilização "ocidental" ostentada diante de nossos olhos hoje. (DIOP, 1967 p.
17)

Esse conceito é enbasado em diversos argumentos, como podemos ver no


próprios livros do C. A. Diop, mas também podemos ver de forma mais sintetizada
no livro A Consciência Histórica Africana, no texto escrito por Cheikh M'Backé Diop
onde ele traz as várias temáticas diferentes usadas por Cheikh Anta Diop sendo elas
de ordem cultural, ordem sociológica, ordem antropológica ou de ordem histórica, e
com diversos argumentos dentro de cada uma, pegando o exemplo da ordem
cultural que engloba a cultura material para fazer um comparativo entre a África
subsaariana e o Egito Antigo seja na arquitetura, na tecnologia, no artesanato, em
instrumentos musicais, na escrita e na linguística, pegando a linguística que é, ainda
no texto de M’Backé, “onde se comparam as línguas negro-africanas modernas e a
língua egípcia (faraónica e copta)-, no plano da gramática (morfologia e sintaxe), do
vocabulário (lexicologia), das correspondências fonéticas.”, e a egiptologia ter uma
grande ação no estudo da linguística do continente africano como podemos ver no
livro HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA I Metodologia e pré-história da África editado
por Joseph Ki-Zerbo:

A egiptologia compreende a arqueologia histórica e a decifração dos textos.


Nos dois casos, o conhecimento da língua egípcia é um pré -requisito
indispensável. Esse idioma, que permaneceu vivo durante cerca de 5000
anos (se levarmos em consideração o copta), apresenta -se materialmente
sob três escritas distintas. (OBENGA, 1981 p. 66)

Estas três escritas distintas são a escrita hieroglífica onde os signos se separam
em duas classes, a primeira sendo os famosos ideogramas que são desenhos que
são utilizados para designar uma certa palavra ou frase e o segundo sendo os
fonogramas que são os sons utilizados a cerca dos ideogramas, depois temos a
escrita hierática que é a escrita cursiva dos hieróglifos, ela surge em torno da III
Dinastia, e por último a escrita demótica que é uma simplificação da escrita hierática,
que aparece em torno da XXV Dinastia, e nesta escrita pode se observar uma
semelhante origem com a escrita meroítica núbia. Podemos ver essa difusão da
escrita egípcia em praticamente todo o continente africano como a grande
semelhança ,que os pictogramas dos Kikuyu do Quênia e da mesma forma os
pictogramas nsibidi dos Efik no sudeste da Nigéria, apresentam diante dos
pictogramas egípcios, também podemos citar vários lugares que apresentam
grandes familiaridades com os hieróglifos egípcios como os signos da escrita de
Serra Leoa, Libéria e os Bamum de Camarões, podendo ainda analisar os
hieróglifos dogon, bambara e bozo. Como podemos ver a transmissão de cultura do
Egito para a África e da África para o Egito é evidente.

É olhando para a egiptologia, estudado-a e desenvolvendo-a dentro da África, e


revisitando em todos os pontos a civilização núbio-egípcia que vamos conseguir
reconstruir uma consciência histórica em África, trazendo esse pensamento Cheikh
Anta Diop diz:

Somente o enraizamento de uma semelhante disciplina científica [a


Egiptologia] na África negra permitirá estabelecer um dia, a novidade e a
riqueza da consciência cultural que queremos suscitar; sua qualidade, sua
amplidão, sua potência criadora... O africano que nos compreendeu é aquele
que, após a leitura de nossas obras, terá sentido nascer nele um outro
homem, animado por uma consciência histórica, um verdadeiro criador, um
Prometeu portador de uma nova civilização e perfeitamente consciente do
que a terra inteira deve ao gênio ancestral em todos os campos da ciência, da
cultura e da religião. (Diop, Civilização ou barbárie, 1981)

Cheikh Anta Diop nasce em um contexto onde a África estava sofrendo da


dominação colonial europeia que vinha se fortalecendo desde o século XVI com o
crescimento do trafico negreiro no Atlântico. E desde então vinha sendo construída
uma visão de que o povo africano é ahistórico e atemporal, onde de maneira alguma
os africanos seriam responsáveis em nenhum aspecto na construção da civilização
e Hegel é um dos que mais contribuem, com essa visão da África fora da história,
quando diz:
A África não faz parte do mundo histórico, não manifesta nem movimento,
nem desenvolvimento, e aquilo que ali aconteceu, isto é, no norte, resulta do
mundo asiático e europeu... Aquilo que apreendemos, em suma, pelo nome
de África, é um mundo a-histórico não desenvolvido, inteiramente prisioneiro
do espírito natural e cujo lugar ainda se encontra no limiar da história
universal. (HEGEL, 1982 p. 269)

Então quando Cheikh Anta Diop inicia suas pesquisas na década de 1940, a
África Negra não integrava de maneira alguma um campo histórico, e se via que o
Egito estava integrado ao mundo Oriental e ao mundo mediterrâneo, seja
geográfica, antropológica e culturalmente, assim, nesse contexto de hostilidade e
escuridão quw C. A. Diop começa a questionar, através de pesquisas científicas
metódicas, os fundamentos da imagem na qual o Ocidente atribuía a África Negra,
fazendo um renascimento da África com o desenvolvimento de uma consciência
histórica.

É no sentido de dar continuidade na luta de Cheikh Anta Diop que nasce a obra
citada anteriormente, A Consciência Histórica Africana, organizado por Babacar
Mbaye Diop, que é professor do departamento de filosofia na Universidade Cheikh
Anta Diop em Senegal, e Doudou Dieng, que é doutor em filosofia pela Universidade
de Rouen na França, semdom uma compilação de textos de várias áreas de
conhecimento, e a obra se inicia com o texto do professor Bwemba Bong membro do
Círculo Samory e do Groupe de Réflexion Sur la Culture Africaine pour la
Renaissance du Peuple Noir, evidenciando a dominação ideológica que o ocidente
tem sobre a África, produzindo falsificações de todos os sentidos sobre a história e a
vida dos africanos, com o objetivo de mantê-los na escravidão, não só de maneira
física, mas sim de maneira intelectual, para se libertar o povo africano necessita
analisar seu próprio passado gerando assim uma memória histórica e essa memória
engrena em revoltas e na formação da consciência histórica no qual insere a história
africana na história mundial, e os ocidentais ignoram esse fato, como diz Bong:

Os Ocidentais não ignoram o facto de a consciência histórica desempenhar


um papel importante na libertação e elevação mental de um povo que toma
consciência do seu passado. Ao adquirir, deste modo, um orgulho suficiente,
torna-se difícil de manipular... (BONG, 2008 p. 27)

Bong finaliza a primeira parte de seu texto dizendo:

Em suma, a atitude histórica é compatível com um ponto de vista crítico: deve


vasculhar as suas raízes, revelar as fragilidades que estão na base da
sociedade tradicional, não demonstrar complacência perante um certo
imobilismo latente desta sociedade. Se o Africano tem conhecimento de que a
tradição representa, por natureza, uma fonte de verdade e uma norma de
afirmação, o mesmo não deve ignorar que esta pode ser uma constante de
inércia. Deste modo, deverá desconfiar daqueles para quem unicamente a
tradição ou o passado possuem legitimidade, aqueles para quem a simples
evocação deste sistema de referência constitui uma ocasião para discursos
adulatórios. (BONG, 2008 p. 31)

Outro conceito muito importante a ser trabalhado é o conceito de Afrocentrismo


com uma nova linguagem que nasce também com Cheikh Anta Diop e acompanha
as posteriores gerações de universitários interessados na relação entre a África
Negra e o Antigo Egito que é a afrocentricidade, o conceito afrocentrismo ou mais
precisamente do temo “afrocentricidade” está longe da antítese de eurocentrismo,
onde um povo, no caso o europeu, é colocado em um lugar na história humana de
protagonismo e que tal protagonismo não pode ser alcançado ou questionado o que
instala um sentimento de inferioridade em povos não europeus e em suas culturas,
porém a afrocentricidade vem para mostrar que existem sim uma pluralidade de
pontos de vista da história.

O eurocentrismo, principalmente nos últimos quinhentos anos vem obtendo


grande êxito se colocando acima das outras culturas e civilizações, e com a
implementação do colonialismo o paradigma da superioridade europeia instala-se
não só em termos culturais, mas também na política, na economia e em questões
raciais, ainda esse paradigma ocidental sequer enxerga a existência de cultura em
outros povos, já que a “cultura” é iniciada pelos gregos, e nesse caminho, Werner
Jaeger (1994) diz que

O helenismo ocupa uma posição singular. A Grécia representa, em face dos


grandes povos do oriente, um “progresso” fundamental, um novo “estádio” em
tudo o que se refere à vida dos homens na comunidade. Esta fundamenta-se
em princípios completamente novos. Por mais elevadas que julguemos as
realizações artísticas, religiosas e políticas dos povos anteriores, a história
daquilo a que podemos com plena consciência chamar cultura só começa
com os gregos.

Essa visão de cultura para Jaeger vem de uma cultura como valor a ser cultivado
distinguindo assim grupos que possuem cultura em detrimento de outros grupos e
referindo-se a esses grupos como incultos, ou seja, desprovidos de qualquer valor
cultural, e é partindo dessa visão que surge a divisão entre o ser “civilizado” e o ser
“selvagem”, onde o primeiro grupo reivindica a posição de superioridade sobre o
segundo o subjugando e essa imposição gera sobre os os dominados um processo
de deterioração da própria identidade cultural, pois percebem que sua cultura não
passa de reflexo da civilização que os domina. E é por isso que Frantz Fanon (2008)
diz que

Todo povo colonizado — isto é, todo povo no seio do qual nasceu um


complexo de inferioridade devido ao sepultamento de sua originalidade
cultural — toma posição diante da linguagem da nação civilizadora, isto é, da
cultura metropolitana. Quanto mais assimilar os valores culturais da
metrópole, mais o colonizado escapará da sua selva. Quanto mais ele rejeitar
sua negridão, seu mato, mais branco será.

Por essa reflexão de Fanon, não podemos analisar o eurocentrismo sem fazer um
vinculo com o colonialismo. E no esforço de driblar a deformação cultural na qual o
eurocentrismo impõe em outras culturas surgem intelectuais africanos em especial
Cheikh Anta Diop, que buscam criar esse novo paradigma epistemológico que se
contrapõe a dominação europeia, que é a afrocentricidade, ela estabelece uma lugar
do psicológico do povo africano e recupera a originalidade epistêmica da África,
Molefi Kete Asante define a afrocentricidade da seguinte forma:

A ideia afrocêntrica refere-se essencialmente à proposta epistemológica do


lugar. Tendo sido os africanos deslocados em termos culturais, psicológicos,
econômicos e históricos, é importante que qualquer avaliação de suas
condições em qualquer país seja feita com base em uma localização centrada
na África e sua diáspora. Começamos com a visão de que a afrocentricidade
é um tipo de pensamento, prática e perspectiva que percebe os africanos
como sujeitos e agentes de fenômenos atuando sobre a sua própria imagem
cultural e de acordo com seus próprios interesses humanos. (ASANTE, 2009
p.93)

Como podemos ver esse novo paradigma não se trata de somente inverter a
pirâmide, nem de constituir uma nova versão africana do eurocentrismo e sim o
contrário, trata-se de igualar e trazer novas visões. A afrocentricidade não tem o
objetivo apenas de resgatar o passado da Etiópia, da Núbia e do Egito, mas
socializar os saberes produzidos por africanos contemporâneos, seja no continente
africano ou fora dele.
METODOLOGIA

Será feito uma análise bibliográfica acerca do livro A Origem da Civilização


Africana: Mito ou Realidade de Cheikh Anta Diop, mas também de várias outras
obras para enterdermos processo de construção do conceito de Egito Negro.
CRONOGRAMA

jan fev mar abr mai jun julh ago set out nov dez
Período

Etapas
Adequações
do projeto de X
pesquisa
Leitura e
Levantamento X X X X X X X X X
bibliográfico
Tabulação / X X X
análise dos
dados /
Transcrição
Escrita dos X X X X X X X X X
capítulos
(I;II;III ??)
Qualificação X
Revisão e
redação final X
Defesa do X
TCC
REFERÊNCIAS

ASANTE, Molefi K. Afrocentricidade: notas sobre uma posição disciplinar. In:


NASCIMENTO, Elisa L. (Org.). Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica
inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009.

DIOP, Babacar Mbaye; DIENG, Doudou (Org.). A Consciência Histórica Africana.


Luanda: Edições Mulemba da Faculdade de Ciências sociais da Universidade
Agostinho Neto, 2014.

DIOP, Cheikh Anta. The African Origin of Civilization: mith or reality? Westport:
Lawrence Hill, 1974.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

HEGEL, Georg Willhelm Friedrich. Filosofia da História. 2. Ed. Brasília: Editora


Universidade de Brasília, 2008.

JAEGER, Werner W. Paideia: a formação do homem grego. Tradução Artur M.


Pereira. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

KI-ZEBO, Joseph (Org). História Geral da África: Metodologia e pré-história da


África. São Paulo: Editora Ática/Paris: UNESCO, 1982.

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