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AS PERSEGUIÇÕES À IGREJA

Através dos documentos, por notícias seguras, se distingue as perseguições por duas fases principais:

As perseguições esporádicas, localizadas e ocasionais.

 SÉCULO I: em Jerusalém, por parte do Sinédrio ou de populares.


Em Roma, na época de Nero César (64 d.C); os cristãos foram utilizados como “bode
expiatório” após o incêndio da Capital. Nesta, ou em outra perseguição pereceram Pedro e
Paulo.
Em Roma, pelo imperador Tito Flávio Domiciano (93-96 d.C), onde ele tomou medidas
contra o “ateísmo” cristão (abandono da religião pagã tradicional); ou na Ásia Menor, onde
o culto ao imperador era mais desenvolvido. No início de seu reinado foi benigno com os
cristãos, mas já no final os perseguiu. Exemplo disso, foi que mandou executar seu parente
Flávio Clemente com sua esposa Flávia Domicilia por serem cristãos.
Não existiam leis contra os cristãos, o que havia era uma hostilidade de judeus e um
preconceito popular (estranhavam a ausência de templos e de práticas religiosas externas
cristãs; suspeita de imoralidades e incesto por causa das reuniões noturnas; o receio de que a
nova religião desagrade aos deuses atraindo desgraças).
 SÉCULO II: a carta de Plínio (111 ou 112 d.C), governador da Bitínia, ao imperador
Trajano é um precioso documento de como agir contra os cristãos. Mesmo sendo moderado,
a ação de Trajano é confirmada em seu sucessor Adriano (117 d.C), do qual Justino
conservou uma carta ao procônsul da Ásia.
Em Roma e Esmirna, na época de Marco Aurélio (161 d.C), morreram Justino (Roma 165
d.C) e Policarpo (Esmirna 165 d.C). Em Lião, sul da França, morrem os mártires de Lião
(177 d.C). Em 193-253 d.C, na época dos imperadores dos Severos houve calmaria;
 SÉCULO III: contudo, ainda com os Severos, em 202-203 d.C passam existir perseguições
locais: são assinaladas perseguições e um edito proibindo a conversão ao judaísmo e ao
cristianismo. Em Cartago, ocorreu o comovente martírio de Perpetua e Felicidade (203
d.C). O imperador Maximino (235-238 d.C), depondo os Severos, afastou da corte
funcionários cristãos e exilou o Papa Ponciano, bispo de Roma. Por fim, o imperador Felipe,
o Árabe (244-249 d.C) foi simpatizante dos cristãos e houve rápida paz.

Perseguições intelectuais

Combate sutil e intelectual para atingir as pessoas cultas: Celso, o filósofo (séculos II e III), Epicteto,
filósofo (50-138 d.C), Fronto pedagogo de Marco Aurélio, Luciano de Samósata em sua obra “morte do
Peregrino.

Do lado cristão surge atividade intelectual e literária em defesa; surgem os discursos de defesa ou
justificação, que ficaram conhecidos como “apologia”, em seu conjunto de “apologética”. Dentre eles,
encontramos os apologistas de língua grega: apologia de Quadrato, apologia de Aristides, Apologia Diálogo
com o judeu trifon de Justino mártir. Também Taciano, discípulo de Justino; Atenágoras de Atenas em
Súplica para os cristãos; a Carta a Diagneto, de autor anônimo. Apologistas de língua latina: Tertuliano,
Minúcio Félix, São Cipriano de Cartago, Arnóbio, Lactâneo; os dois últimos nos finais do século III e IV.
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Perseguições sistemáticas

Na segunda metade do século III aparecem as perseguições sistemáticas.

 SÉCULO III: Imperador Décio: no início do ano 250 d.C, toma medida contra os chefes da
comunidades cristãs, começando pelo bispo de Roma Fabiano. Ele exige em todas as cidades
o sacrifício aos deuses romanos e ao gênio do Imperador; dos cristãos, não se exigia
abandono da fé, mas reconhecimento também dos deuses pagãos. Surgiram muitos mártires,
mas também muitos cristãos que cederam: eram os chamados lapsi ou “que caíram”, cuja
readmissão à Igreja foram objetos de muitas divergências.
 Imperador Valeriano: em 257-258 d.C, ordenou a execução do clero e o confisco dos bens da
Igreja. Em Cartago, foi martirizado Cipriano, que estava exilado desde a perseguição
posterior. Valeriano é feito prisioneiro durante a guerra dos Persas (259 d.C). Galieno
estabelece a paz e a Igreja vive tranqüila por 40 anos.
 SÉCULO IV: O Imperador Juliano, em 363, chamado pelos cristãos de “o apóstata”,
perseguiu os cristãos mas evitou-a sangrentamente, pois não queria mártires. Preferiu retirar
os privilégios dos cristãos, destituí-los de cargos públicos, fechar-lhe as escolas, combate-los
no plano intelectual.

Contudo, na África do Norte, houve uma inversão de atitudes dos cristãos: pediram a
intervenção imperial contra os donatistas. E, no império bizantino, contra maniqueus e pagãos.

É em 313 d.C, quando o Imperador Constantino se “converte” ao cristianismo, que a Igreja


encontra-se em grande paz.

FORTALECIMENTO INTERNO DA IGREJA NESSES SÉCULOS

 Expansão geográfica: no século II e III, o cristianismo está restrito ao território do


império. No século IV, na fronteira oriental nos reinos da Osrhoena (síria oriental) e
Armênia – entre domínios romanos e persas – o cristianismo penetra significativamente
antes do século IV. Os cristão são mais numerosos no Oriente de que no Ocidente.
No ano 300 d.C, havia 1000 bispos; e a ele, correspondia uma comunidade eclesial
urbana, centenas ou poucos milhares de fiéis como numa paróquia de hoje. Surge o
nome “paróquia” no século III. Somente na Síria e Egito há bispos ou presbíteros no
interior rural. Final do século III e inicio do IV, estão no Oriente (Ásia Menor, Síria,
Palestina, Egito), Norte da África, Sul da Itália, faixas da Gália (França), Espanha e
Roma.
 Organização interna: Atestado desde as cartas de Inácio de Antioquia (martirizado em
110 d.C), o modelo de organização da Igreja sintetiza as experiências nesse período:
cada cidade só pode ter um bispo, que coordena a vida da Igreja e preside ao Batismo e à
Eucaristia – Episcopado monárquico. É assistido por um conselho de presbíteros e
alguns diáconos (e, posteriormente de diaconisas). No século III, na África e em Roma,
desenvolveram-se, o que posteriormente ficaram conhecidas de Ordens menores
(ministérios subordinados aos bispos e diáconos: subdiáconos, leitores, acólitos,
exorcistas, ostiários).
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 Liturgia: desenvolvimento da preparação ao batismo ou catecumenato, que durava de 3


a 4 anos de preparação sendo orientados por mestres e catequistas. A segunda etapa,
após rigoroso exame, o catecúmeno é admitido à etapa final, na Quaresma. E,
posteriormente, era batizado na noite da vigília pascal. A Eucaristia: já havia assumido a
estrutura conservada nos dias de hoje, mesmo não sendo celebrada segundo as normas
rigorosas dos diversos ritos desenvolvidos nos séculos IV e V. Penitência: a Igreja
admitia o perdão dos pecados, conforma as palavras de Cristo nos Evangelhos. No
entanto, após o Batismo, admitia-se a penitencia no sentido estrito apenas uma só vez. O
cristão que havia cometido culpas graves (homicídio, adultério, apostasia) era afastado
da Igreja e da Eucaristia. Era readmitido somente após a penitencia, por decisão do
bispo. Às vezes somente na iminência de morte o perdão era concedido. Pecados leves
eram perdoados pelas formas comuns de penitência – jejum, oração e esmola.
 Conduta moral: eram irrepreensíveis. Vale a pena ler o texto de Teófilo de Antioquia,
mesmo sendo apologético.

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