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LAURANN DOHNER

NOVAS ESPÉCIES
SLADE

Slade

Novas Espécies, volume 2

Copy right © 2011 by Laurann Dohner

© 2015 by Universo dos Livros

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de


19/02/1998.

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gravação ou quaisquer outros.

Diretor editorial: Luis Matos

Editora-chefe: Marcia Batista

Assistentes editoriais: Aline G raça, Letícia Nakamura e Rodolfo


Santana Tradução: Flora Manzione

Preparação: Cássio Yamamura

Revisão: Felippe Pereira

Arte: Francine C. Silva e Valdinei G omes

Capa: Rebecca Barboza

ZZZZ

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica


Ilacqua CRB-8/7057

D677s
Dohner, Laurann

Slade/ Laurann Dohner ; tradução de Flora Manzione.

São Paulo : Universo dos Livros, 2015.

352 p. (Novas espécies, v. 2)

ISBN: 978-85-7930-870-3

Título original: Slade

15-0599 CDD 813.6

Universo dos Livros Editora Ltda.

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Este livro contém cenas de sexo, violência e linguagem adulta.

Ao m eu, sem pre e para sem pre, Mr. Laurann

PRÓLOG O

– Você não trabalhava para um veterinário, Trisha?

Trisha franziu o cenho, dando um gole no café gelado. Seu corpo


ficou tenso quando ouviu a voz do hom em . O doutor Dennis
Channer era um im becil.
Sem pre dava um j eito de incom odá-la com o pudesse. O cara sim
plesm ente adorava provocá-la.

Ela j á sabia lidar com o fato de que era m uito fechada, m as isso
ainda a chateava às vezes. Term inara a escola com apenas 14
anos de idade e, quando tinha 24, havia concluído a faculdade de
Medicina, com pletado a residência e passado alguns anos nas
trincheiras de alguns dos hospitais m ais conhecidos por receberem
vítim as de traum as. Com 28 anos, ela chegou ao seu em prego
dos sonhos, em um dos m elhores hospitais dos EUA.

A m aioria das pessoas ou se sentia intim idada por ela, ou a achava


m uito convencida. Ela não era esnobe, não achava que era m elhor
do que os outros e definitivam ente não era insensível. Era apenas
péssim a com habilidades sociais.

Sem pre fora um pouco tím ida, com um a vida cheia de ocupações
que não a perm itia ter m uitas am izades, e tam bém havia o fato de
que poucas pessoas eram am igáveis com ela. Não era fácil ser sim
pática com quem a ignorava.

Dennis Channer era seu chefe e tinha um ressentim ento enorm e


em relação a ela. Tinha trinta e tantos anos, um a década a m ais
que Trisha, quando foi trabalhar no Hospital Mercy. Achava-a m uito
bonita e não escondia sua ideia de que o que a levara até aquele
em prego havia sido sua aparência, e não suas capacidades. Ela
havia trabalhado m uito para chegar até ali. Sacrificara a vida
pessoal pela carreira.

– Sim . Trabalhei num pronto-socorro veterinário durante a


faculdade de Medicina.

– Não tinha bolsa? – Ele deu um sorriso zom beteiro.

Ela contou até dez silenciosam ente.

– É.
– Você é a próxim a. – O rosto enrugado dele parecia estar achando
m uita graça de algo, satisfeito dem ais para o gosto de Trisha. – Há
um paciente chegando que é a sua praça. – Ele riu, obviam ente
fazendo algum a piada interna, cuj o alvo era ela.

Seus dentes se apertaram para que ela não dissesse nada de que
se arrependeria. Atirou o café gelado e o resto do sanduíche na
lixeira antes de sair do saguão e seguir Dennis pelo corredor. Deve
ser outra alma infeliz, pensou Trisha. Dennis adorava j ogar
bêbados, sem -tetos e m em bros de gangues para ela. Com o ele m
encionou “praça”, um m orador de rua lhe veio à cabeça.

Um a im agem de um corpo m uito m alcheiroso e suj o, que a


chocaria com o fedor, correu por seu cérebro. Era possível até que
fosse um daqueles loucos que

ficam gritando sobre com o m arcianos iriam sequestrar todos.


Trisha j á lidara com vários desses, infelizm ente. Muitos costum
avam enrolar folhas de alum ínio em várias partes do corpo,
supostam ente para im pedir que os alienígenas os escaneassem .
Rem over aquilo para exam inar os ferim entos m uitas vezes
resultava em pelo m enos quatro pessoas da equipe tendo que
segurá-los.

Trisha passou por Sally, um a enferm eira de quem ficara am iga,


enquanto andava rapidam ente em direção às portas da em
ergência. A expressão am edrontada e som bria no rosto da outra m
ulher a fez ficar m ais tensa. Sej a lá o que estivesse a cam inho, era
algo bem nefasto, pois aquela m ulher era durona e havia visto
coisas horrendas nos quinze anos em que trabalhava na em
ergência.

Trisha com eçou a ficar preocupada. Não havia m uita coisa que
assustava Sally. Duas sem anas antes, a enferm eira sequer se
encolheu quando chegou por lá um m em bro de gangue com três
ferim entos de bala nas costas. Enquanto cuidavam do j ovem , um
a gangue rival enviara um de seus integrantes até a sala de em
ergência para liquidá-lo. Sally calm am ente aj udou Trisha a levar o
hom em inconsciente até um arm ário para escondê-lo, enquanto os
seguranças evacuavam o prédio para localizar o bandido arm ado.

Dennis se virou, com um sorrisinho presunçoso para Trisha.

– Está chegando um m etade hom em , m etade cachorro.

– Não tem graça – Trisha suspirou. – Joguei fora m eu j antar por


isso? Cresça, Dennis.

Ele levantou as m ãos, ainda sorrindo.

– Eu gostaria que isso fosse um a piada, m as falo sério. Ele foi


resgatado de um centro de pesquisas Frankenstein para um a em
presa farm acêutica. Tem m ais ou m enos sessenta e cinco
pacientes dando entrada em diferentes hospitais. Som os o centro
de traum a m ais próxim o e eles estão enviando-o de helicóptero
para cá porque é a pior vítim a. Os param édicos que o atenderam
no local e a equipe do transporte aerom édico confirm aram que
esse hom em é um hum ano com partes de cachorro. – Dennis
parecia absolutam ente alegre. – E ele é todo seu, j á que você
entende de cachorros.

Trisha colocou as m ãos na cintura.

– Você devia ter guardado essa para o prim eiro de abril. Qual é a
história de verdade? Estão trazendo um a vítim a fantasiada de
cachorro? É um ator que fingia ser um vira-lata num a festa de
criança e que tropeçou durante o espetáculo?

– É verdade – Sally interveio delicadam ente. – Está em todos os


canais. – Ela não fazia pegadinhas com Trisha. Seus olhos escuros
pareciam ansiosos. – A polícia invadiu um centro de pesquisas e
estão tirando os sobreviventes do prédio, dizendo que são m etade
anim ais, m etade hum anos. Tem m esm o um voo chegando com
um deles a bordo. Cham am os um veterinário de em ergência para
nos dar suporte, m as ele só chegará em vinte m inutos.
Um a onda de choque percorreu Trisha enquanto ela lutava para
absorver as ram ificações do que ouvira. Ela se virou e foi a passos
largos e rápidos até o posto das enferm eiras para dar um a espiada
na televisão que ficava presa à parede. Duas enferm eiras j á
assistiam , com os olhos grudados no aparelho. Um helicóptero de
um a rede de televisão circundava um prédio enquanto film ava

am bulâncias e carros de polícia, de bom beiros e da SWAT no solo.


Um letreiro em negrito passava pela tela. Ela leu o suficiente para se
virar novam ente.

– Quanto tem po? – gritou Trisha.

Cory, o enferm eiro que controlava as chegadas, falou de seu posto


escondido no cantinho, atrás de um a m esa na entrada.

– Chegam em três m inutos. Até agora ele está estável.

– Merda! – desabafou Trisha. Seu olhar flutuou até Dennis e ela fez
com a cabeça um aceno soturno para ele. – O que sabem os por
enquanto?

– Detalhes precários, na m elhor das hipóteses. – Dennis ainda


sorria. – O

Garoto Cão teve perda de sangue, está em choque e não sabem o


que há de errado com ele. Eles só o recolheram e saíram correndo
quando os sinais vitais dele pioraram . Talvez você possa dar a ele
um biscoito de cachorro para ele responder com latidos quais são os
ferim entos.

– Está achando graça? – Trisha encarou-o com noj o. – Meu Deus,


você é um babaca. Trata-se da vida de alguém . – Ela lhe deu as
costas e focou em Sally. –

Por via das dúvidas, prepare um a sala de operação, j á que não


sabem os com o que vam os lidar. Acorde todo m undo. Vam os ter
que descobrir o tipo sanguíneo dele e quero painéis com pletos.
Nós…

– Não transporte sangue de cachorrinho – interrom peu Dennis.

Trisha se virou e olhou fixam ente para ele.

– Estou trabalhando aqui. Sou um a profissional. Lem bra o que é


isso?

O sorriso dele se esvaeceu.

– Não fale assim com igo. Sou seu chefe.

– Você é só um dos m eus chefes e vou passar por cim a da sua


cabeça se não sair de perto de m im agora m esm o – am eaçou
Trisha. – Me aj ude ou saia do m eu cam inho. O transporte aerom
édico deve aterrissar em um m inuto. – Ela girou nos calcanhares e
correu até a porta externa. No cam inho até lá fora, para vasculhar
os céus, gritava instruções.

Ela ouviu o helicóptero antes de vê-lo. Barulhos de portas se


abrindo atrás dela deram -lhe certeza de que seu tim e estava se
posicionando, e ela virou a cabeça, j ogando os braços no ar
enquanto o helicóptero descia. O vento causado pelas hélices a fez
virar a cabeça ainda m ais, enfiando-a debaixo da m anga frouxa de
seu j aleco branco para proteger o rosto. Seu olhar se fixou em Sally
e nos dois outros m édicos que haviam trazido um a m aca. Ela
esperava que não parecesse tão apreensiva com o os outros três. O
helicóptero pousou.

Apenas os anos de experiência m antinham Trisha calm a. Ela m al


olhou para o em brulho grande e coberto sendo tirado do
helicóptero. Voltou toda a sua atenção para o param édico enquanto
ele gritava sobre os sinais vitais e inform ações do paciente. Trisha
assentiu com a cabeça, escutando-o.

– Qual é o nom e dele?


– 215.

Trisha franziu a testa para o param édico. Ele balançou a cabeça


vigorosam ente.

– É tudo o que tem os. É assim que o cham am .

– Obrigada. – Trisha girou o corpo, se apressando até a m aca que


era colocada lá dentro. Ela olhou rapidam ente para Cory ao passar
correndo por ele. –

Arranj e m ais inform ações sobre ele para m im . Ligue para a


polícia que está trabalhando com essa bagunça. Custe o que custar,
preciso saber tudo o que for possível sobre esse cara. O único nom
e que eles têm dele é 215. – Ela arrancou luvas dos bolsos e as
colocou.

– Pode deixar – prom eteu Cory, pegando o telefone.

Trisha adorava trabalhar com ele. Era do tipo que podia fazer tudo.
Nunca reclam ava, nunca choram ingava sobre nada e fazia tudo o
que ela pedia, m esm o que não fosse tecnicam ente da alçada dele.
Sabia que ele faria o possível para aj udar. Ela correu para a sala de
exam es e observou seu tim e transferir a vítim a da m aca para a
cam a de exam e. Moveu a cabeça dele e, vestidas com as luvas,
suas m ãos desceram em direção ao rosto.

– Vam os lá – ordenou Trisha. Ela olhou para o corpo que era


descoberto conform e sua equipe rem ovia as roupas dele. A vítim a
tinha suj eira espalhada pelo rosto e pelo corpo, alguns m ontes de
lam a seca, o que tornava difícil ver seus traços com clareza.

– Vej a isso – Sally m urm urou. – As roupas têm velcro nos lados,
em vez de costuras.

– Prático – grunhiu Pete. – Aj ude-m e a virar ele, Sally. Esse


desgraçado é grande.
– Possível ferim ento de faca na lom bar – observou Sally – de pelo
m enos quatro centím etros. – Ela exam inou o ferim ento com as m
ãos com luvas. – Não é profundo.

– Há algum as queim aduras no om bro direito – acrescentou Pete.


– De segundo grau, não m uito graves. Acho que alguém usou um a
arm a de choque nele. Os ferim entos são pequenos orifícios no
centro das áreas afetadas. Que tipo de arm a causa queim aduras?
Nunca vi isso antes.

Trisha estava passando a m ão pela cabeça dele.

– Há um calom bo, m as nenhum sangram ento visível. Peça um a


tom ografia. –

Ela o soltou e pegou sua lanterninha. Delicadam ente ela abriu um a


das pálpebras e viu que ele tinha lindos olhos azuis. Ela ilum inou
cada um dos olhos, verificou as respostas. Seu alívio foi im ediato
ao ver que as pupilas reagiam perfeitam ente.

Tocou a garganta dele, procurando por algo fora do lugar.


Aparentemente sem ossos quebrados, nenhum inchaço, ela foi
ticando m entalm ente o checklist em sua cabeça. Em seguida,
focou-se na boca dele e separou os lábios. E arfou.

Sua equipe ficou im óvel, todos atentos a ela. Trisha se m exeu para
sair daquele m om ento de choque. Olhou fixam ente para os dentes
afiados na boca do paciente. Lem bravam presas de vam piro. Ela
colocou as m ãos com cuidado entre os lábios dele e abriu a m
andíbula para exam inar dentro da boca e verificar as vias aéreas.

– São dentes de cachorro? – A voz de Pete saiu trêm ula.

– Ferim ento de bala na coxa esquerda – anunciou Sally. – Entrou e


saiu.

– Sangram ento? – Trisha soltou a boca do paciente.


– Tratável, m as há um corte num a artéria. Os m édicos fizeram um
a bandagem de pressão nela. A pressão sanguínea dele está
estável no m om ento.

Os fluidos que eles inj etaram no cam inho parecem ter aj udado.

– Vam os levá-lo à sala de operação assim que term inarm os aqui.


Ela deve

estar preparada e pronta para nós.

Trisha ignorou os outros funcionários que saltavam para dentro e


para fora da sala de exam es, colhendo am ostras da vítim a. Ela
confiava em sua equipe e eles trabalhavam bem j untos. O Hospital
Mercy era conhecido por contratar apenas o m elhor pessoal.
Cuidadosam ente, viraram o paciente de lado e exam inaram cada
centím etro de sua pele.

– Marcas de agulha na nádega direita – observou Sally. – Ele não é


um drogado. Teria que ser bem flexível para alcançar ali com um
arm am ent o desse, e hom ens não são m uito flexíveis.

– Ele tem um a arm a? – Trisha rapidam ente tirou as m ãos de cim


a do paciente.

– Onde? Cuidado.

Sally riu pela prim eira vez.

– Não um a arm a de verdade. Armamento, Trisha. Não está vendo


esses m úsculos grandes e sarados? Este cara é totalm ente bom
bado, não reparou?

Trisha chacoalhou a cabeça, aliviada porque o cara não estava arm


ado.

– Vam os levá-lo à sala de operação e verificar essa coxa. Ainda


está sangrando. – Ela exam inou o ferim ento de bala. Cutucou os
buracos dos dois lados, por onde a bala entrara e saíra.
– Vam os lá, pessoal – ordenou Sally.

Trisha foi em direção à porta.

– Vou m e preparar para a cirurgia.

Ela chegou ao corredor antes de ser parada pelo doutor Jose


Roldio, que bloqueava seu cam inho. Ele estava pálido.

– Eu cuido desse, Trisha. Obrigado. – Ele a em purrou e foi em bora.

Trisha ficou ali por alguns segundos, chocada por Jose ter acabado
de assum ir o paciente dela sem consultá-la. Ela rapidam ente saiu
do cam inho quando sua equipe deixou a sala de exam es com o
hom em inconsciente. Fitou o rosto do paciente, agora que tinha tem
po para pensar e sua m ente perm itia que as im pressões se
registrassem . Ele tinha cabelos com pridos, grossos e castanhos,
com raios dourados no m eio. Os olhos eram de um a cor única:
azul-escuro com raios de azul-claro se agitando em volta da íris,
tornando-os m uito bonitos. Ela arrancou as luvas ensanguentadas e
correu até um a lata de lixo. Ficou m uito irritada por não ser ela a
operá-lo.

Seis pacientes depois, Trisha se encontrava novam ente no saguão


m édico. Deu um gole em outro café gelado e tentou relaxar. Jose
Roldio era um dos m aiores cirurgiões de traum a do país e o
paciente era im portante, notícia de j ornal. Ela não deveria ficar tão
chateada por ele ter vindo sabe-se lá de onde para assum ir os
cuidados com aquele hom em , m as ficou m esm o assim . Seus om
bros caíram .

Ela sem pre queria ir até o fim com seus pacientes.

A porta atrás dela se abriu, cham ando sua atenção. Ela viu o
próprio diabo quando o doutor Roldio entrou, parecendo acabado.
Ele acenou a cabeça para ela, indo até a m áquina de café. Trisha
se virou na cadeira para encará-lo.
– Ele sobreviveu?

– Sim . Tive que consertar um a artéria, m as foi a pior parte. O


sangram ento não era tão grave com o im aginávam os. O tal do
veterinário apareceu, m as ficou com m edo de tocar no paciente.
Só ficou ocupando espaço na m inha sala de

operação. Você viu as anorm alidades do paciente. Aquilo não é de


cirurgia plástica, verifiquei enquanto ele estava na m inha m esa de
operação. De algum a form a aquele cara foi criado. Ele tem tantas
anorm alidades que estou convencido de que não é totalm ente hum
ano. Dá pra acreditar nisso? Meu Deus!

– Foi possível identificar o tipo sanguíneo dele? – Aquele m istério


incom odara os pensam entos de Trisha por horas.

– Não. Dem os plasm a universal e ele não o rej eitou. Ele está
estável agora, m as precisei m andá-lo à UTI, pois não tem os ideia
de com o que estam os lidando. A divisão que está trabalhando
nesse pesadelo nos disse que algum as dessas pessoas são m eio
perigosas. Tivem os que colocar guardas do lado de fora do quarto
para proteger a ele e a nós. Acho que há equipes de reportagem
acam pando na recepção para tentar dar um j eito de entrar tam
bém . – Jose se j ogou na cadeira e olhou para Trisha. – Não quis
passar por cim a de você. Acho você um a ótim a m édica, m as
esse estava acim a de m im . Os chefões estavam com m edo de
que ele m orresse, então m e convocaram . Essa m erda vai cair no
ventilador no m undo inteiro.

Trisha deu de om bros.

– Eu entendo. – Ela sorriu. – No com eço fiquei brava, m as m e


acalm ei. É a sua especialidade.

– Deixei seu nom e com os seguranças. – Ele sorriu de volta. –


Achei que te devia um a e pensei que você pudesse querer dar um
a olhada nele. Sei que sem pre faz isso com seus pacientes.
Ela deu um gole na bebida.

– Por que você teve que dar m eu nom e? Meu crachá do hospital j
á seria suficiente para que eu entrasse na UTI e o visse.

– O cara é um a aberração m édica – Jose suspirou. – Estam os


tendo problem as com todos da equipe que querem ficar olhando
para ele, estarrecidos. Tam bém estão com m edo de que alguém
tire fotos dele para vender para a m ídia. Alguém espalhou que ele
tem dentes de vam piro.

– Caninos. São diferentes.

– Que sej a. Ele é um a aberração e o hospital está m orrendo de m


edo de quebra de sigilo. Tem os um ótim o representante para
proteger nossos pacientes.

Tivem os que restringir o acesso a ele, m as você está autorizada a


vê-lo. – O

m édico se levantou. – Preciso ir para casa para ficar com m inha


esposa.

Estávam os indo j antar quando m e biparam e ela não ficou nada


contente. É

aniversário dela.

– Na saída, passe na loj inha de presentes e com pre chocolates


para ela. –

Trisha piscou. – Eu perdoaria qualquer coisa por alguns quilos.

Jose riu.

– Minha esposa não é tão boa assim . Acho que preciso ligar para
um j oalheiro.
Por favor, fique de olho nele para eu poder dorm ir um pouco. Vão m
e bipar se for preciso. – Ele a cum prim entou ao sair.

Trisha bocej ou. Estava naquele turno há m uito tem po e era hora
de ir para casa. Ela pensou em sua cam a m acia e m al pôde
esperar para se j ogar nela.

Mostrou rapidam ente o crachá ao segurança.

– Sou a doutora Trisha Norbit. O doutor Jose Roldio m e pediu para


ver um paciente dele.

O guarda leu a prancheta.

– Entre, doutora Norbit. Está autorizada.

Trisha entrou na UTI e acenou com a cabeça para um a enferm eira


que fazia o m onitoram ento, e com quem falara algum as vezes.
Não conhecia m uitas pessoas que trabalhavam de dia e havia
acabado de ocorrer um a m udança de turno. Ela olhou para o
painel da UTI e na hora descobriu em que quarto ele estava. O núm
ero 215 estava escrito no painel. Ela se virou, indo em direção à
sala 3.

Trisha abriu a porta devagar. O hom em esticado na cam a tinha


sido lim po. Seu cabelo fora lavado e caía em seus om bros, e ela
não pôde deixar de notar com o parecia que raios de ouro corriam
por linhas de areia m olhada e escura. Ele era m uito diferente sem
aquela suj eira e m ontes de lam a espalhados pelo corpo. Era lindo.
Tinha um rosto m uito m asculino e forte, com um a linda estrutura
óssea.

Ela pegou o prontuário para estudá-lo. Seus olhos se dirigiram de


novo para ele, sua atenção se m oveu para o peito nu e largo, onde
fios que o conectavam aos m onitores desfiguravam sua pele. Ela
olhou um pouco em basbacada para seus braços robustos e
tonificados. Armamento. Ela nunca tinha ouvido aquele term o, m as
ele era extrem am ente m usculoso. Talvez ele seja um fisiculturista.

Seus olhos desceram até o teste de drogas, enquanto ela folheava o


prontuário.

Procurou por algum a droga conhecida usada por fisiculturistas, m


as os resultados eram negativos para todas. Só havia dado positivo
para um sedativo bem conhecido.

Trisha colocou o prontuário de volta no lugar e se aproxim ou. Parou


ao lado da cam a e colocou as m ãos na barra lateral, que fora
levantada para im pedir que ele caísse. Estudou o rosto dele bem de
perto, fascinada. As m açãs do rosto eram m ais salientes que as de
um hum ano típico e o nariz era m ais largo e tinha um form ato…
diferente. Ela m ordeu o lábio ao se inclinar para m ais perto e
observar m elhor aqueles lábios generosos que escondiam bem os
dentes caninos, até que eles se m exeram . Ela hesitou por um
segundo antes de enfiar a m ão no bolso e colocar um a luva para
exam inar novam ente a boca dele, com a intenção de dar m ais um
a olhada naqueles dentes enquanto tinha a oportunidade.

Os lábios dele eram suaves, perfeitam ente desenhados e quentes.


Ela não notara isso na noite passada, m as estava ocupada dem ais
avaliando ferim entos, não feições. Ela delicadam ente usou os
dedos para puxar o lábio inferior. Os dentes de baixo pareciam norm
ais, com exceção dos laterais, que eram afiados com o os de um
cão. Ela usou o polegar para, suavem ente, levantar o lábio

superior, enquanto se inclinava para a frente para observar m elhor.


Com a m ão que estava sem luva, segurou suavem ente o rosto. Ela
abriu m ais o m axilar dele, deixando-o com a boca aberta. Precisou
esticar-se sobre o peito dele para observar m elhor, estudando o
que via.

Com os olhos, ela observou os dentes dele, com suas pontas


afiadas, e lam entou não saber m ais sobre odontologia. Abaixou-se
m ais e percebeu que seu cabelo caía no peito nu dele, m as não se
preocupou sobre acordá-lo. Ele fora altam ente sedado durante a
cirurgia e ainda faltavam horas para que acordasse.

O rosto dela pairava a poucos centím etros da boca dele enquanto


ela exam inava os dentes posteriores e fazia anotações m entais.
Os m olares superiores e inferiores eram definitivam ente caninos, m
ais afiados que dentes hum anos.

Aqueles dentes anorm ais serviam para dilacerar e m astigar.

Trisha tirou os dedos da boca dele, m as o queixo ainda estava em


sua m ão. Ela olhou para seu rosto outra vez para estudar o nariz
achatado e largo, m as em vez disso encontrou-se fitando um par de
olhos bem abertos e de um azul incrível, que olhavam de volta para
seus olhos surpresos.

– Olá – disse ele suavem ente, num ruído rouco.

Trisha deu um pulo. Ficou surpresa com o fato de o paciente estar


acordado antes do que deveria. Tentou afastar-se dele, m as duas m
ãos agarraram seus braços. Seu quadril bateu na lateral da cam a
quando ele a puxou com força, deixando-a em cim a dele. Um
choque de dor percorreu seu quadril com o im pacto da barra de m
etal quando ele a virou e a colocou no espaço estreito ao lado dele.
Seu peso a esm agou contra o colchão quando ele rolou para cim a
dela, prendendo-a sob seu corpo.

Trisha com eçou a lutar depois de alguns segundos, quando


percebeu o que estava acontecendo. As m ãos do paciente
deslizaram por seus braços e agarraram seus pulsos, ele os forçou
para cim a da cabeça dela e um rosnado alto arrancou-se de sua
garganta. O som era tão surpreendente, assustador e feroz que
Trisha ficou paralisada de m edo. Ela fitou aquela face bem m
asculina pairando centím etros acim a dela. Seus estranhos olhos
hipnóticos pareciam olhar diretam ente para a alm a dela enquanto
ele a estudava, até que os olhos se estreitaram . Sua língua
apareceu entre os lábios e deslizou pelo lábio inferior.
– Você é nova. Não te avisaram para nunca cruzar a linha da m
orte? – Seus olhos desceram até a garganta dela, m as retornaram
ao rosto. – E não m e acorrentar foi m esm o bem idiota. Não
explicaram com o lidar com a gente, doutora? Nunca se deve rem
over as am arras.

A voz dela finalm ente saiu.

– Você está em um hospital, vai ficar bem .

Ele franziu a testa. Trisha estava presa em baixo dele, com o corpo
fortem ente pressionado contra o dele dos pés à cabeça. Tam bém
não conseguia ignorar o peso, nem o fato de que o corpo dele
cobria o seu totalm ente.

– Não sei se devo te m ontar ou te m atar – rosnou ele, suave. De


repente ele se m exeu, fazendo Trisha arfar quando algo duro se
pressionou contra ela. Não houve dúvidas de que ele estava com
um a ereção quando aj ustou o corpo novam ente sobre ela,
pressionando seu pau duro contra a costura da calça dela. –

Voto em m ontar você, porque detestaria m atar algo tão belo. – Ele
sorriu para

ela. Trisha ficou am edrontada ao ver aqueles dentes afiados. – Já


quis ser com ida por um anim al, gracinha?

– Sou a doutora…

– Não estou nem aí – ele rosnou suavem ente, interrom pendo-a. –


Me beij e, linda, e então vou m ostrar o que você andou perdendo.
Decidi te m ontar, apenas não consigo resistir. – As narinas se
abriam quando ele inspirava e um gem ido profundo se fazia ouvir
de seus lábios sem icerrados. – Você m e deixa tão duro e cheira
tão bem …

O pânico tom ou conta de Trisha. Ela gritou.


– Socorro!

215 a fitou e sorriu.

– Ninguém seria idiota a ponto de entrar nesta sala para tentar te


salvar, linda.

Você tirou as am arras e agora é m inha.

Ele a aj ustou na cam a, agarrando os dois pulsos com um a m ão


só e deixando a outra m ão livre para percorrer o corpo dela. Suas
m ãos pararam por um m om ento na curva dos seios, o bastante
para fazê-la arfar, e então passaram pelas costelas, depois
desceram m ais um pouco, até o quadril. Ele se m exeu sobre ela o
bastante para deslizar a m ão por entre ela e a cam a, agarrou-a na
bunda e apertou com força.

– Sua bunda é m inha, docinho. Mas não se preocupe, não vou te m


achucar e definitivam ente não vou te m atar. Gosto pra caram ba de
você. Só decidi te m anter com igo aqui por alguns dias, doutora.
Vou praticar com você coisas que vão te fazer nunca m ais querer
sair dessa sala. Quando eu for forçado a te libertar, você vai querer
que eu te m onte, vai precisar disso do m esm o j eito que precisa
com er ou respirar.

De repente um a sirene alta soou dentro da sala. Trisha fitou o hom


em , que continuava a sorrir para ela. A m ão em sua bunda a
agarrava ainda m ais firm e conform e ele se m exia, forçando o
quadril entre suas pernas e abrindo-as. A ponta dura do pau dele se
esfregava contra o quadril da m édica. Os olhos dela se arregalaram
com a sensação de tê-lo pressionando tão fortem ente seu corpo.

– Você vai m e desej ar do m esm o j eito que te desej o – garantiu


ele num tom de voz rouco.

Ele se aproxim ou m ais de Trisha, não m ais olhando em seus


olhos. Acariciou o rosto dela com a bochecha, pressionando-a até
ela virar a cabeça. Seus lábios roçaram o pescoço dela, se abriram
e ele lam beu a pele e gem eu. Um choque a percorreu quando ele
a m ordiscou m as, pior ainda, o quadril dele com eçou a se m exer
no m esm o instante. O com prim ento rígido de seu pênis se
esfregava diretam ente no clitóris dela através das roupas. O corpo
dela estrem eceu em baixo dele, e ele rosnou, com o m axilar se
apertando no om bro dela.

O fato de o corpo dela responder a ele a deixava um pouco


aterrorizada. Seus m am ilos se endureceram , sua barriga trem ia e
o prazer provocado pelo quadril que se m exia e m assageava seu
clitóris, m esm o através de cam adas de roupa, a deixava ofegante.
Ser dom inada nunca fora um a fantasia, m as de repente ela não
conseguia deixar de ficar excitada com o fato de que um hom em
poderoso, lindo e m uito perigoso controlava seu corpo. Ela lutava
contra isso, tentava racionalizar suas respostas físicas com um a
lógica fria, m as sua m ente não

queria funcionar.

Ele rosnou contra o pescoço dela, livrando-a da m ordida.

– Não posso esperar para sentir o gosto de cada centím etro seu.
Vou enterrar m inha cara entre suas coxas e te foder com a m inha
língua até você im plorar para que eu te faça gozar, gracinha. Sei
que seu gosto vai ser tão doce quanto seu cheiro – ele rosnou m ais
alto. – Depois vou te virar, colocar a sua bunda para cim a e te m
ontar até você gozar de novo.

Trisha arqueou o corpo contra o dele. A im agem que ele pintou em


sua m ente, com binada com o estím ulo em seu clitóris, quase a fez
chegar ao clím ax antes de ele fazer tudo aquilo. Ela sabia que isso
aconteceria se ele não parasse de m exer o quadril. Seu clitóris latej
ava e ela m ordeu o lábio com força para não gem er.

De repente as portas do quarto se rom peram estrondosam ente e


pelo m enos seis pessoas correram para dentro. Aquele distúrbio
fora com o um balde de água fria para a libido descontrolada de
Trisha. O hom em em cim a dela virou a cabeça em direção a eles e
um rosnado alto e am edrontador irrom peu de sua garganta.

– Sedem ele! – berrou Trisha, com sua m ente funcionando de novo.

Assistentes e guardas pularam no paciente. Ele tentou se virar para


encará-los com um rugido de raiva, com a intenção de m antê-los
longe. Suas m ãos a soltaram e ele tentou elevar o corpo para se
livrar dos hom ens que o seguravam .

Com m edo de que ele se ferisse, Trisha colocou os braços em volta


do pescoço dele e passou as pernas em volta das coxas dele para
tentar aj udar a segurá-lo.

Ele se debatia, com o pau se esfregando com m ais força contra ela,
deixando-a m ais ciente do quão excitado estava. Ela viu dois
assistentes enfiando agulhas nele enquanto o cercavam pelas
costas para segurá-lo.

Rosnados raivosos saíram de sua garganta, m as ele finalm ente


parou de lutar.

O corpo relaxou e seu peso m orto recaiu sobre ela com o um


cobertor asfixiante e pesado, até ela ficar sem ar e não conseguir
nem tom ar fôlego. Só conseguiu se libertar quando dois
assistentes, um segurança e dois enferm eiros ergueram o hom em
o bastante para que Trisha saísse rapidam ente de baixo dele
depois que as laterais da cam a foram abaixadas.

Trisha suava e ofegava ao se levantar com as pernas bam bas. O


paciente estava sedado e de barriga para baixo na cam a. Ela
olhava para ele, trem endo e profundam ente perturbada com o que
acontecera. Eles provavelm ente estariam transando se ela não
tivesse sido resgatada.

Um a m ão a tocou, fazendo-a pular. Era o doutor Hearsal Morris,


que parecia preocupado e apertava seu om bro.
– Você está bem ? Ele te m achucou?

Trisha pigarreou.

– Estou bem – m entiu.

CAPÍTULO UM

UM ANO DEPOIS

Trisha estava sentada à sua m esa, lem brando-se de 215. Ele


ainda a assom brava com seus incríveis olhos azuis, com a m aneira
com o havia a prendido sob ele na cam a de hospital e com o quase
a… seduzira. Sabia que nunca iria esquecê-lo, m as ele não se lem
brava dela. Isso tam bém a incom odava m uito.

Ela tinha ouvido falar que as Novas Espécies, sobreviventes que


foram resgatados do centro de testes de drogas, tinham se dado
nom es no lugar dos núm eros com os quais as Indústrias Mercile os
havia m arcado. Ele tinha escolhido o nom e Slade.

Com binava com ele. Ele era um filho da puta enorm e, de peito
largo, cabelos longos e selvagens e exalava um a sensação de
perigo. Toda vez que m ostrava os dentes afiados e anorm alm ente
longos quando sorria, parecia predatório. Era quase com o se ele
estivesse am eaçando alguém quando sorria. Ele tam bém devia ser
o hom em m ais sensual que ela j á conhecera, e as lem branças
daquela cam a de hospital sem pre a faziam trem er de excitação.

As Novas Espécies tinham recebido um retiro privado, cham ado


Hom eland, para os sobreviventes do centro de testes. O m undo
não recebia bem sua existência, e eles precisavam viver em um am
biente de alta segurança para ficarem protegidos de grupos de ódio
que os viam com o um a abom inação.

Fanáticos religiosos os cham avam de dem oníacos, não naturais e


diziam que eram um a afronta a Deus, pois haviam sido criados em
tubos de ensaio por cientistas. Se não usavam um a desculpa
religiosa para o ódio, cham avam as Novas Espécies de anim ais de
duas pernas que não m ereciam direitos hum anos, sendo nada m
ais do que anim ais treinados que im itavam pessoas. Era ridículo.

Trisha se irritava quando ouvia aqueles discursos inflam ados e m


alucos proferidos por idiotas nos telej ornais. As Novas Espécies
eram vítim as, não um a praga sobre a hum anidade, e definitivam
ente não eram a sem ente do m al de Satanás. Tam bém não eram
anim ais de estim ação capazes de articular palavras.

Dois m eses antes, ela havia ouvido que em breve iriam abrir um
centro m édico privado em Hom eland e im ediatam ente enviou seu
currículo, na esperança de garantir um a das vagas para m édicos
que planej avam contratar.

Nunca se esqueceria de com o ficou surpresa quando, dois dias


antes, recebeu a ligação. De todos os candidatos, ela tinha sido a
escolhida.

Todos na com unidade m édica estavam fascinados pelas Novas


Espécies. O

núm ero total de sobreviventes era desconhecido, m as as Indústrias


Mercile, em presa líder em pesquisa de drogas, os usavam com o
cobaias de testes. Eles haviam introduzido DNA anim al nos genes.
Corria o boato de que eles os haviam criado para com bater
doenças de anim ais que passaram para seres hum anos e tam bém
para criar vacinas e m edicam entos para com bater doenças que
atingiam as pessoas, m as às quais os anim ais eram naturalm ente
im unes. Depois dizia-se que a em presa havia se ram ificado para
as drogas anabolizantes para deixar os seres hum anos m ais
fortes, m ais m usculosos e em m elhor form a apenas tom ando as
pílulas que eles criaram .

Ela ficava chocada por outros m édicos e cientistas terem vendido


suas alm as apenas por um salário, m as obviam ente m uitos
tinham feito coisas inim agináveis aos hom ens e às m ulheres que
haviam sido forçados a serem cobaias. O sim ples fato de que
alguém havia encontrado um a m aneira de com binar com sucesso
DNA hum ano e anim al para criar vida tinha deixado o m undo m
édico com um a pulga atrás da orelha. E as Novas Espécies eram a
prova viva daquilo.

Trisha esperava poder saber inform ações m ais detalhadas sobre


eles, agora que havia conseguido o trabalho, m as até então não
haviam dito m uita coisa a ela. Um arquivo lhe foi entregue para que
desse um a olhada. Algum as das inform ações a chocaram , m as
ela estava pronta para qualquer desafio que lhe fosse apresentado.
Infelizm ente, parecia que ela havia sido contratada apenas para
brincar de enferm eira dos funcionários hum anos, j á que nenhum a
das Novas Espécies entrava na clínica.

Ela se recostou na cadeira, apoiou os pés sobre a m esa e reviu os


fatos de que tinha conhecim ento. As Novas Espécies escolheram
nom es estranhos para si m esm os, e geralm ente era algo que
tinha um significado para cada um . Eles haviam decidido se cham
ar de Novas Espécies porque m uitos deles não haviam sido
alterados com as m esm as cadeias de DNA anim al. Ela soube que
havia três tipos: espécies caninas, felinas e prim atas. Havia tam
bém algum as observações docum entadas a respeito das
diferenças físicas descobertas. Seus pensam entos se fixaram
instantaneam ente na razão de sua irritação.

Slade não se lembra de mim. Ele praticamente me molestou,


prometeu fazer coisas obscenas com meu corpo e simplesmente…
se esqueceu do que fez? Ela soltou o ar pela boca, surpresa por
não haver fum aça saindo de seus ouvidos, de tanta raiva que
queim ava intensam ente por dentro. Acabara de se confrontar com
ele e não vira nem m esm o um lam pej o de reconhecim ento
naqueles olhos.

Como ele poderia esquecer? Eu certamente não posso e isso não é


justo. Como pode um homem: excitar uma mulher, deix á -la
pegando fogo e depois se esquecer dela assim que ela sai de seu
campo de visão? Babaca!
Ele fora extrem am ente rude com ela, pra piorar. Um a das
funcionárias hum anas em Hom eland e um m acho canino das
Novas Espécies estavam m orando j untos. Trisha sabia que eles
estavam fazendo sexo, apesar de negarem , e ela queria estudar a
vida sexual do casal. Slade a havia encarado, dito coisas baixas e
tido a coragem de cham á-la de introm etida!

Qualquer detalhe sobre a vida sexual do casal podia ser im portante.


Havia m uitas coisas m édicas sobre as Novas Espécies que ainda
eram desconhecidas.

Será que sequer eram sexualm ente com patíveis com os hum
anos? Trisha não tinha certeza da porcentagem de hom ens
envolvidos, m as, nos poucos relatórios que ela havia lido para se
preparar para os novos pacientes, estava docum entado que alguns
dos m achos inchavam na base do pênis logo antes da ej aculação.
Isso era doloroso para um a m ulher? Essa era um a pergunta que
ela queria fazer à m ulher que vivia com um Nova Espécie, m as
Slade ordenara que ela ficasse longe do casal.

Ela queria explorar a possibilidade de os hum anos e as Espécies


terem filhos j untos. Soube que as Indústrias Mercile haviam feito as
Novas Espécies fêm eas cruzarem com seus m achos por anos,
esperando criar m ais deles. Nunca houve

nenhum resultado positivo de gravidez. Era possível que nenhum a


das Novas Espécies pudesse gerar filhos devido a algo sim ples,
que poderia ser tratado por um m édico. Ela poderia conseguir
descobrir algo se alguém a deixasse aj udar, m as isso não iria
acontecer se ninguém perm itisse que ela fizesse testes com eles.

– Doutora Norbit?

A voz puxou Trisha de seus pensam entos e a fez olhar para Paul,
que entrava na clínica para trocar de turno. Era o único enferm eiro
e parecia legal. Tinha quarenta e poucos anos e havia m encionado
um passado m ilitar.
– Pagaria pra saber o que você está pensando.

Trisha forçou um sorriso.

– Eles não valem tanto assim . Estou com pena de m im m esm a.


Queria esse trabalho para aprender sobre as Novas Espécies, m as
toda vez sou bloqueada.

– É, a ONE não é de falar m uito. Estou aqui há m ais tem po e


ainda não sei m uita coisa. Tem os que cuidar deles, m as não nos
dizem nada sobre sua fisiologia para nos aj udar a fazer isso.

– ONE?

– Organização das Novas Espécies. É com o eles se cham am aqui.


Estou surpreso que você não tenha visto os uniform es que alguns
deles usam . Acho que não gostam dos nossos seguranças e
criaram suas próprias equipes. Não os culpo.

Você perdeu o ataque que houve aqui há pouco tem po.

– Ouvi algo a respeito no noticiário.

Paul fez um a careta.

– Foi feio. Aqueles m anifestantes e cretinos dos direitos hum anos


derrubaram os portões da entrada e uns quinze cam inhões cheios
de idiotas com arm as em punho entraram com tudo. Felizm ente os
edifícios são construídos para resistir a ataques, e a segurança
conseguiu levar a m aioria das pessoas a lugares seguros enquanto
os portões eram violados. Aqueles cretinos entraram aqui com o se
alguém tivesse declarado que era tem porada de caça às Novas
Espécies. Já foi caçar cervos algum a vez?

– Não.

– Me lem brou disso. No final, dezessete pessoas haviam m orrido.


Até a aj uda chegar, foram os quarenta e poucos m inutos m ais
longos da m inha vida. É por isso que eles quiseram contratar um m
édico. Eu estava coberto de ferim entos naquele dia, principalm ente
na cabeça.

– Dezessete m ortes? Eu não sabia que o núm ero era tão alto. – A
notícia horrorizou Trisha.

Ele deu de om bros.

– Alguns m orreram depois, por causa dos ferim entos de bala. Os


seguranças que haviam contratado eram péssim os. Os caras das
Novas Espécies se j untaram para lutar quando eles apareceram
aqui, para im pedir que alguns daqueles im becis tentassem forçar
as portas das salas dos m édicos. Eu estava sozinho, achando que
eles iam entrar e m e m atar, j á que não escolhiam m uito em quem
iam atirar. Se você estivesse respirando, aqueles idiotas praticavam
tiro ao alvo em você. Os guardas das Novas Espécies usavam
uniform es pretos do tipo da SWAT e na parte da frente dos coletes
havia as letras ONE em branco.

Slade usava um uniform e parecido m ais cedo, quando a segurara.

– Então os hom ens que usam esses uniform es são seguranças da


ONE?

– Sim , e eles se cham am de guardas dos Novas Espécies. Não


queira m exer com esses caras. Um deles m e disse que era um
protótipo experim ental no centro onde ficava preso. O boato é de
que alguns deles foram treinados para lutar e m atar, só para m
ostrar o que poderiam fazer e com o eram rápidos. Ouvi dizer que
as Indústrias Mercile tinham um contrato com alguns países do
terceiro m undo para vender suas drogas anabolizantes a quem
fizesse o m aior lance. As Novas Espécies negam , m as quem sabe
qual é a verdade? De qualquer m aneira, eles são durões. Não
negam o fato de que eram torturados e espancados com frequência
para saber a quanto dano sobreviveriam e com o se recuperariam .

Você j á viu algum desses caras de perto? Céus! Eles são enorm es,
e acrescente a isso o fato de que são rápidos, têm audição, visão e
olfato aguçados e sim plesm ente arrebentam . Estive no exército e
com certeza absoluta não gostaria de enfrentar alguns deles, m esm
o com toda a m inha unidade m e dando cobertura.

Trisha olhou para o relógio. Ela não queria ouvir m ais nada sobre
com o as Novas Espécies eram m ás e perigosas. Eles j á a intim
idavam o bastante sem aquela especulação. Ela tam bém tinha
aprendido, desde que conhecera Paul, que ele podia divagar por
horas se tivesse a oportunidade.

– Meu turno acabou. Acho que vou para casa.

– O que você acha da habitação? Não é ótim a? Me deram um a


casa de dois quartos, estilo chalé. Minha esposa adora.

– É boa – Trisha concordou. Ela se levantou, pegando sua bolsa. –


Vej o você am anhã. Ligue se precisar de m im . – Ela deu um
tapinha no bolso. – Meu celular está ligado.

– Farei isso, doutora… ahn, Trisha.

Trisha saiu do centro m édico e foi cam inhando pela rua. Sua casa
ficava a apenas um a quadra dali, na área dos funcionários hum
anos, onde dezenas de casas de estilo chalé haviam sido
construídas. Ela havia ficado com um a azul e bonitinha. Olhou para
a lua, concluindo que era um a bela noite.

– É m eio tarde para você ficar andando sozinha – um a voz rouca e


m asculina disse asperam ente atrás dela.

Trisha engasgou ao se virar, tentando não m ostrar sua surpresa ao


ver Slade.

Ele vestia o uniform e preto e a atenção dela se fixou no lado direito


do peito, onde se liam claram ente as letras ONE num pequeno
bordado. Seu olhar se levantou em direção aos m ais incríveis olhos
azuis. Eles eram de um tom escuro que ela não conseguia deixar de
fitar.
Se ele era um guarda da ONE, devia ser bem durão, um
sobrevivente de m uito abuso, e possivelm ente fora treinado para
lutar para ser um dos protótipos que film avam para m ostrar as
coisas horríveis que haviam feito ao seu corpo, se Paul estivesse
certo. Isso significava que Slade podia ser superperigoso. Ela
respirou fundo, tentando acalm ar o coração, que batia forte.

– Eu não te vi nem ouvi – adm itiu ela.

Ele m ostrou os dentes afiados quando sorriu.

– É exatam ente aonde quero chegar. Você não devia ficar andando
sozinha.

Pode ser perigoso.

– Aqui é um lugar altam ente protegido, com guardas de segurança


por todo o lugar. – Ela franziu a testa. – Acho que estou bem segura
– Exceto com você, em endou silenciosam ente. Ele é atraente
demais. Veja esses lindos olhos e essa boca. Me pergunto como
seria beijá-lo… Pare com isso, ela ordenou m entalm ente a seus
pensam entos. Ele não se lembra.

Ele encolheu os om bros largos.

– Ainda está interessada em aprender sobre o processo de


procriação entre nossas duas espécies?

Aquela pergunta fez seu coração acelerar instantaneam ente.

– Você falou com o senhor Fury e a senhorita Brower? Eles m


udaram de ideia sobre deixar que eu os exam ine? – O entusiasm o
que veio com a ideia de conversar com o casal que m orava j unto
foi instantâneo e forte. Ela poderia aprender m uito com eles. Estaria
fazendo algo de verdade, em vez de ficar sentada à m esa
esperando que pessoas com cortes de papel fossem vê-la. – Eu
adoraria convencê-los a fazer alguns testes sim ples.
– Não. – Ele deu um passo em direção a ela. – Eles continuam sem
interesse.

Só queria saber se você ainda pretende estudar o processo de


procriação entre as nossas espécies.

O entusiasm o dela se desfez.

– Tenho m uito interesse. Há algum outro casal que eu não saiba?


Gostaria de um a oportunidade de conversar com eles, se possível.

Ele deu m ais um passo, parando a poucos m etros de Trisha,


fazendo-a perceber que ele era quase m eio m etro m ais alto que
ela. Ela im ediatam ente se sentiu intim idada pelo tam anho dele. A
lem brança de quando ele a prendeu sob seu enorm e corpo na cam
a de hospital passou com o um raio. Ela engoliu em seco e tentou
não perm itir que a atração que sentia se revelasse em suas feições.

– Eu poderia ir para casa com você. – Ele piscou. – Você poderia m


e exam inar o quanto quisesse, doutora. – A atenção dele se dirigiu
para os seios dela e depois de volta para os olhos. – Ficaria m ais
do que feliz em m e voluntariar para te m ostrar pessoalm ente com
o poderíam os fazer sexo. Topo um a hora de sexo sem com prom
isso.

Trisha deu um passo para trás, atordoada. Ela sabia que não
deveria estar, pois ele j á havia falado com ela de form a pior. Ele
não se lem brava, m as ela, sim .

Ficava chateada por ele lhe oferecer tão pouco, algo tão trivial,
enquanto ele se tornara um a ideia fixa para ela.

– Não, obrigada.

A pele ao lado dos olhos dele enrugou com a risada que deu
enquanto dava de om bros novam ente.
– Você que está perdendo. Sabe com o m e encontrar se m udar de
ideia. Eu te levo até a porta.

– Não, obrigada.

– Eu te acom panho até em casa. – Ele continuava com aquela


expressão de quem estava achando graça. – Então ande, doutora.
Ou podem os ficar em pé aqui. De qualquer j eito, vou ficar com
você até você chegar em casa.

Trisha se virou para longe dele e saiu cam inhando rapidam ente
pela calçada.

Podia senti-lo atrás dela, m as ele não fazia nenhum som . Para um
hom em

grande, se m ovia bem silenciosam ente. Ela virou a cabeça ao


chegar ao j ardim de entrada e ficou nervosa ao ver com o ele
estava próxim o de invadir seu espaço pessoal.

– Chegou em segurança – sussurrou ele. – Tem certeza de que não


quer que eu entre, doutora?

– Tenho – declarou Trisha, com firm eza.

Suas m ãos trem iam quando ela disparou em direção à porta da


frente. Será que ele tentaria forçar um a entrada em sua casa e
pressioná-la com a oferta de transar com ela? Ela destrancou a
porta para dizer a ele que fosse em bora, m as ele havia
desaparecido.

Trisha desceu da varanda, foi até a calçada e olhou em am bas as


direções, m as não o viu. Ela franziu a testa. Com o ele teria
desaparecido tão rápido? Ele a irritava dem ais. Ela correu para
dentro e trancou a porta firm em ente.

Trisha j ogou a bolsa sobre a m esa de entrada e se dirigiu ao


quarto. Passou pelo quarto de hóspedes vazio e se lem brou de que
precisava encom endar um a m esa e alguns porta-arquivos para
criar um escritório em casa.

Ela olhou ao redor do quarto. Odiava a grande cam a de dossel com


postes de m adeira que apontavam em direção ao teto. Ocupava
espaço dem ais no quarto.

A casa viera m obiliada, m as nada a agradava.

Ela tirou a roupa no cam inho até o banheiro. Será que Slade se
lembra de mim?

Ele pode estar fazendo algum tipo de jogo doentio para ver se digo
alguma coisa.

Ela só não tinha certeza. Ele era bastante convincente se queria que
ela acreditasse que eles nunca tinham se encontrado no passado.
Ligou o chuveiro e esperou alguns m inutos para a água esquentar.

Entrou em baixo do j ato de água quente e deu um suspiro. Por que


se sentia atraída por ele? Ela não podia negar que ele a encantava.
Talvez fosse curiosidade. Não tinha certeza de seus m otivos, m as,
toda vez que ele a olhava, ela se lem brava da sensação de sua
língua áspera e quente provocando seu pescoço, do j eito que ele
se m oveu contra ela com seu corpo pesado e quase a fez gozar
apenas esfregando o pênis nela. E dos sons que ele fazia. Os
grunhidos eram sensuais.

– Lavagem cerebral – suspirou ela.

Jogou a cabeça para trás, lavou o cabelo, depilou as pernas e, em


seguida, saiu do chuveiro. Ela ouviu um som característico. Sua
calça estava zum bindo no quarto, onde ela a tinha j ogado ao se
despir. Trisha se enrolou em um a toalha para sair do banheiro.
Abaixou-se, lutou com a calça e arrancou dela o celular preto.

– Doutora Norbit.
– Trisha, é Paul. Tem os um problem a. Você pode voltar?

– Estou a cam inho. – Ela desligou e correu até a cam a. Largou o


celular ali e se virou. Deu um passo em direção ao arm ário, antes
de bater com tudo em um corpo largo e rígido.

Trisha engasgou. Duas m ãos grandes agarraram seus om bros nus


enquanto sua cabeça se erguia. Ela ficou boquiaberta com a
expressão bem -hum orada de Slade. Seu corpo estava pressionado
contra o dele, ele a segurou firm em ente pelos om bros e seus
lábios se curvaram em um sorriso.

– Você não estava atendendo o telefone. Precisam de você no


centro m édico.

– Você está dentro da m inha casa – disse ela, ofegante.

– Minha chave serve em todas as casas. Sou da segurança. Você


deve atender o telefone se não quer que alguém venha verificar as
coisas. Seu enferm eiro ficou ligando por uns cinco m inutos, até
que finalm ente nos cham ou.

– Eu estava tom ando banho!

A atenção dele se dirigiu para baixo.

– Entendi. Você fica bem de rosa, doutora. Ficaria m elhor ainda se


essa toalha estivesse no chão, aos seus pés. – O corpo dele estrem
eceu um pouco contra o dela, enquanto desviava a atenção para os
om bros. – É tentador lam ber todas essas gotas de água.

O coração dela batia forte de surpresa e, provavelm ente, de um


pouco de excitação com a ideia de ele fazer isso. O olhar no rosto
dele a fez engolir em seco. De repente, ele a soltou e se afastou.

– Estarei esperando por você na sala. Mexa-se, doutora. Alguém


está m achucado e precisam os de você no centro m édico logo.
Trisha observou aquele Nova Espécie deixar seu quarto e fechar a
porta atrás dele. Ela levou longos segundos para se recom por do
choque de encontrar Slade em seu quarto e de ser tocada por ele.
Ele entrou por conta própria em sua casa e quase a viu nua. Ela
olhou para a pequena toalha que m al cobria a parte de cim a de
seus seios e que ia até o m eio das coxas. Forçou as pernas a se m
exerem até o arm ário para pegar roupas rapidam ente.

Ele a esperava na porta de entrada. Água pingava do cabelo de


Trisha, m as ela não se im portou. Não tinha tem po para secá-lo.
Saiu e se virou enquanto o hom em corpulento fechava a porta,
observando-a.

– A fim de um a corridinha, doutora?

Trisha assentiu enquanto descia os degraus da varanda. Virou-se


em direção ao centro m édico, preparando-se para correr, m as, em
vez disso, engasgou-se de repente quando Slade a pegou e a
colocou nos braços. Ele ainda teve a audácia de m ostrar seus
dentes afiados ao lhe dar um grande sorriso e piscar.

– Segure-se em m im , doutora.

Ele com eçou a correr pela rua. Chocada, Trisha j ogou os braços
em volta do pescoço dele para se segurar. Não podia acreditar que
ele a carregava, com o se ela não pudesse chegar à clínica sozinha.

– Me ponha no chão.

– Estam os quase lá, doutora. Fique quieta e aproveite o passeio. –


Ele nem m esm o ofegava quando chegaram ao prédio. Foi parando
e cuidadosam ente colocou-a em pé ao lado da porta. Piscou para
ela novam ente antes de ir em bora. – Vej o você quando term inar –
disse ele por cim a do om bro.

Ao entrar, Trisha ainda cam baleava do choque que ele lhe causara.
Havia um a área de espera que ficava separada do resto por um
longo balcão. Ela viu Paul se inclinando sobre alguém que estava
deitado em um a cam a na área aberta. Trisha em purrou para longe
os pensam entos sobre Slade e o que acabara de acontecer.
Moveu-se rapidam ente.

– O que há aqui?

Paul se virou.

– Um a grave laceração. Ele vai precisar de pontos, Trisha.

Trisha perm aneceu ocupada pela m eia hora seguinte. Um dos


secretários do diretor de Hom eland havia acidentalm ente cortado a
palm a da m ão com um a faca de cozinha enquanto fazia o j antar.
Trisha lim pou o ferim ento, deu-lhe dez pontos e o enfaixou. Deu ao
secretário rem édios para a dor e um a vacina antitetânica. O centro
m édico tinha seu próprio gabinete de m edicam entos, sem pre
abastecido, e ela apenas pegou o que precisava. Depois, observou-
o sair.

Paul term inou de se lim par.

– Você trabalha bem , Trisha. Duvido que ele fique com um a cicatriz
grande.

– Obrigada.

– Vá para casa, eu faço a papelada. Está dispensada.

– Desculpe por não atender o telefone. Estava tom ando banho.

Paul sorriu.

– Entendo. Você precisa pentear o cabelo, os cachos estão


bagunçados e encharcados.

– Boa noite – suspirou ela, saindo.

Sentiu um grande alívio por não ver Slade por perto. Cam inhou por
uns dez m etros, até que sentiu sua presença. Parou, virou-se e o
viu andando na calçada, indo diretam ente até ela. Ele sorriu quando
seus olhares se encontraram .

– Pronta para que eu te escolte?

– Sei o cam inho, obrigada. Tenho trinta anos, j á dom inei a arte de
chegar em casa.

– Hoj e em dia todo cuidado é pouco, doutora. Nunca se sabe que


tipo de anim al está vagando por aí.

Ela lançou um olhar a ele. Como você? Não disse isso em voz alta,
m as teve vontade. Ela continuou andando. Dessa vez ele ficou ao
seu lado. Ela teve que andar rápido para acom panhar as longas
pernas dele.

Chegaram ao j ardim de entrada dela e Trisha virou-se para


observar o hom em que olhava para ela. Ela destrancou a porta da
frente e abriu-a o suficiente para apenas seu corpo passar. Ela se
virou, encarou Slade e adentrou a segurança de sua casa.

– Nunca m ais entre na m inha casa. O que você teria feito se eu


ainda estivesse no chuveiro?

Ele sorriu.

– Teria entrado lá para avisar que precisavam de você no centro m


édico e te dado um a toalha m enor do que a que você estava
usando. Talvez um a toalha de m ão. – Seus olhos percorreram o
corpo dela lentam ente e seu sorriso ficou m ais largo. – Ou um
pano de chão.

Ela ficou tensa.

– Você gosta de m e alfinetar, né?

Ele apenas deu de om bros, ainda sorrindo.

– Há algum m otivo em particular ou sou apenas especial?


O sorriso dele desapareceu.

– Talvez eu tam bém estej a interessado em ver com o as nossas


espécies se reproduzem .

– Bem , encontre outra pessoa para assediar.

Ele deu de om bros.

– Por m im , tudo bem . Se você não está interessada, não está. Só


estava procurando um a parceira sexual, m as não vou te incom
odar m ais. Você devia ter aceitado, doutora. – Seus olhos se
estreitaram . – Eu só queria algum as horas para responder a todas
as suas perguntas. Você é tão bonita, achei que valeria a pena.

Boa noite, doutora. – Ele se virou e saiu da varanda. Estava quase


na calçada quando ela abriu a boca.

– Apenas algum as horas, é? E, bonita? Na últim a vez você ficou m


e cham ando de linda. – Trisha deixou a raiva fluir. – Na últim a vez
você se ofereceu para fazer sexo com igo por dias, 215. Devo m e
sentir ofendida?

Ele se virou. Ela reconhecia choque quando via, e estava gravado


naquelas belas feições. Isso respondia à sua pergunta. Ele realm
ente não se lem brava dela.

Ela olhou para ele.

– Acho que gostava m ais de você quando você estava se


recuperando no m eu hospital. Era m ais atraente estando m eio m
orto do que totalm ente saudável. Isso é bem triste.

Ela bateu a porta no instante em que ele deu um passo em sua


direção.

Trancou as fechaduras, batendo a tram ela.

– Doutora? Abra a porta – ele rosnou as palavras do outro lado.


– Boa noite, senhor Slade.

Ele virou a m açaneta da porta, m as as trancas seguraram . Ela


ouviu o barulho de chaves balançando. Ele iria tentar destrancar sua
porta? Ela m ordeu o lábio.

– Vou cham ar a segurança – am eaçou ela. – Lem bra deles?


Fizeram um bom trabalho ao te segurar, m esm o que você tenha
dito da últim a vez que ninguém viria m e salvar.

Ele proferiu um xingam ento leve.

– Você é a m édica do hospital, não é?

– Ah, então você se lem bra de m im . – Ela se apoiou na porta.

– Seu cabelo está diferente.

Ela tocou nos cabelos úm idos. Tinha tentado ficar ruiva no ano
anterior, quando trabalhava no hospital onde eles se encontraram .
Agora estava de volta à sua cor norm al, um loiro-m el.

– Este é m eu cabelo de verdade. Decidi não pintá-lo m ais de verm


elho.

– Abra a porta e fale com igo – ordenou ele com um rosnado.

– Por quê? Para você m e insultar m ais? Para ser m ais babaca?

Trisha ficou tensa quando apenas o silêncio respondeu à sua


pergunta. Será que ele tentaria entrar em sua casa de outro j eito?
Por que ele se im portava em saber se ela era a m esm a m ulher
que ele abordara um ano antes? Ela continuou atenta, m as não
ouviu nada do outro lado da porta.

– Senhor Slade?

Ele não respondeu. Trisha finalm ente desencostou da porta e saiu


correndo pela casa para se certificar de que todas as j anelas
estavam trancadas. Ela relaxou, certa de que ele tinha ido em bora
e não pretendia incom odá-la m ais.

Entrou no quarto e apagou a luz. Dorm iu de m oletom , apenas


caso ele voltasse e decidisse surpreendê-la com outra visita não
anunciada.

Slade apoiou a testa na porta, fechou os olhos e ouviu a m édica se


afastar. O

choque de saber que a m ulher que ele acabara de insultar e irritar


era a m esm a que o assom brava todas as noites desde que ele
fora libertado ainda pulsava.

A doutora Trisha Norbit m udou a cor do cabelo e o deixou crescer.


Slade estava m uito drogado quando acordou em um hospital hum
ano, m as devia ter reconhecido o cheiro dela ou aqueles belos
olhos azuis quando a viu de novo. A lem brança deles o fez querer
bater em si m esm o por não ligar as coisas. Será que aquelas
drogas o tinham afetado tanto assim ?

Em sua defesa, ele nunca soube o nom e da m ulher que prendera


sob ele na pequena cam a de hospital, m as todo o resto sobre ela
perm anecia intacto. Seu corpo m acio preso sob o dele, o gosto de
sua pele na língua dele e o cheiro de sua excitação atorm entando-
o. Ele havia tido certeza de que ninguém iria salvá-la, que ela seria
sua, e ele havia adorado a ideia de fazer que ela o quisesse o tanto
quanto ele a queria. E então tudo se transform ara num inferno. Os
hum anos haviam corrido para dentro do quarto, o drogado e a
levado para longe.

Ele reprim iu um rosnado. Estragou tudo incrivelm ente. Tarde da


noite, antes de se entregar ao sono, ele sem pre pensava nela, em
sua ruiva sexy. Ele se afastou da m adeira fria, abriu os olhos e
olhou para a casa em que ela se escondia. Ele fantasiara m uitas
vezes sobre encontrá-la, colocá-la sob ele novam ente e term inar o
que havia com eçado. Havia planej ado com o usaria seu charm e
para ela, estudara táticas rom ânticas dos hum anos na esperança
de conquistá-la, se por acaso esse dia chegasse.

A doutora Trisha Norbit o odiava. Ele tam bém não podia culpá-la
por isso. Na m aior parte do tem po, ele fora um babaca com ela de
propósito. Irritava-se por se sentir atraído por ela, apesar de ter um
a m ulher fantasia em sua cabeça. Era quase com o se estivesse
traindo a m em ória de sua ruiva fantasiosa toda vez que seu corpo
respondia à doutora Norbit.

Sentia com o se estivessem lhe pregando um a enorm e peça, j á


que elas eram a m esm a pessoa. Ele adentrou a escuridão.
Acabara de perder todas as esperanças de tê-la em sua cam a.

Parou e se virou para olhar m ais um a vez para a casa. Sua raiva
foi desaparecendo, até se tornar tristeza. Fantasias são para os
tolos. Aprenda a lição e fique bem longe dela.

CAPÍTULO DOIS

Tensa. É com o Trisha descreveria sua nova relação com o oficial da


ONE.

Slade patrulhava a seção hum ana de Hom eland, área em que ela
vivia e trabalhava; por isso, ela tinha de lidar com ele. Desde aquela
noite eles m al se falavam . Quando o faziam , pareciam ter um
acordo m útuo para não m encionar nada pessoal. Dois m eses se
passaram assim .

O cara era sim pático, m as ela preferia que não fosse. Slade tinha
um sorriso rápido, um grande senso de hum or, e toda vez que ela
tinha de falar com ele, ele a fazia sorrir. Ele havia garantido que
nunca ficassem sozinhos desde a noite em que ela lhe dissera
quem era. Ela ficava m uito grata por isso.
Às vezes, quando ela ia para casa à noite, via-o de relance na rua
escura.

Sentia o olhar dele e sabia que a seguia para se certificar de que


chegaria em segurança. É o trabalho dele, ela lem brava a si m esm
a. Lam entava o que dissera sem pensar a ele, m as tinha perdido a
paciência.

Havia algo de errado com ela. Brigava m entalm ente consigo m


esm a por estar com raiva de um cara por aqueles m otivos,
sabendo que isso não era certo. Se sentira ofendida por ele ter se
esquecido dela. Pouco m ais de um ano antes, ele queria ficar com
ela por dias, a cham ou de linda, e agora… Ela suspirou. Ele só a
achava bonita e lhe ofereceu um a transa cafona. Nem mesmo uma
noite inteira.

Ele só me quer por algumas horas.

– Idiota – m urm urou ela.

– O quê? – falou suavem ente um a voz profunda atrás dela.

Trisha se sobressaltou, girou em sua cadeira e olhou estarrecida


para Slade.

Ela pôs a m ão no peito.

– Nunca m ais chegue assim de fininho. Será que fazer um pouco


de barulho ao se m exer te m ataria?

Ele arqueou as sobrancelhas e um sorriso curvou seus lábios


carnudos.

– Mas aí eu não veria você reagir desse j eito.

Ela suspirou.

– Fico feliz que você ache divertido, pelo m enos. Eu certam ente
não acho.
Ela olhou ao redor da sala, percebeu que não havia m ais ninguém
lá e ficou tensa na hora. Oh-oh. Se estava bem lem brada, era a
prim eira vez que eles ficavam sozinhos desde aquela noite em que
ele a acom panhou até em casa. Eles tiveram algum as interações
quando houvera problem as entre a hum ana Ellie Brower e seu m
arido Nova Espécie. Fury fora baleado durante um a conferência de
im prensa que havia sido infiltrada por alguns m em bros de um
grupo de ódio e, durante sua recuperação, um a enferm eira o
drogara, num a tentativa de deixá-lo louco. Eles haviam se visto
nessa época, m as foram profissionais.

– Do que você precisa?

– Que bom que não perguntou o que quero. – Ele deu um sorriso
zom beteiro

para ela, cruzando os braços sobre o peito largo. – Justice precisa


fazer um a viagem e quer que você vá com ele. – Ele m exeu as
sobrancelhas. – Ele disse para você fazer um a m ala para dois
dias. Não sabia que vocês estavam dorm indo j untos.

Trisha olhou para ele.

– Você sabe que o senhor North e eu… que não há nada entre nós.
Ele é m eu chefe e seu líder. Minhas únicas relações com ele são
absolutam ente profissionais.

A língua dele percorreu o lábio inferior. Trisha o observava. Ela


olhou ligeiram ente para seus olhos azuis, que olhavam de volta
para os dela.

– Eu sei, m as adoro ver você ficar verm elha quando fica brava. –
De repente, ele sorriu. – Justice quer que você estej a pronta em um
a hora.

– Mas…

– Um a hora. Não discuta com igo, apenas dou os recados.


– Mas aonde vam os? Estou no m eu turno agora e terei que
trabalhar am anhã tam bém . O que Justice quer com igo?

Ele deu de om bros, ainda sorrindo.

– Apenas dei o recado. Vej o você em um a hora, doutora. Te pego


na frente de sua casa.

Ela o observou sair da clínica. Um palavrão passou por seus lábios


antes que ela pudesse evitá-lo. Ele adorava irritá-la e tinha grande
talento para isso. Pegou o telefone para ligar para o doutor Ted
Treadm ont, o segundo m édico que haviam contratado por m eio
período, para que ele cobrisse alguns de seus turnos.

Eles definitivam ente precisavam de m ais m édicos. Dois m édicos


e enferm eiros não eram suficientes. Ela fez um a nota m ental para
m encionar isso novam ente a Justice quando falasse com ele. Ele
era o chefe das Novas Espécies, o líder nom eado por eles, e tom
ava a m aioria das decisões em Hom eland.

Ela olhou para o telefone, m eio tentada a ligar para ele e dizer que
não iria a lugar nenhum , m as m udou de ideia. Respeitava Justice
e, sej a lá qual fosse o m otivo, ele precisava dela para ir a um a
viagem longa. Ela não queria, m as iria.

Trisha não fazia ideia do que levar. Xingou e decidiu carregar um


pouco de tudo. Pegou alguns j eans, outras calças e um as cam isas
bonitas, além de um pretinho básico, caso fosse necessário. Em
seguida apanhou calcinhas e sutiãs.

Pegou um par de sapatos de salto alto, um par de tênis sem


cadarço e decidiu ficar com os tênis confortáveis que usava.
Colocou na m ala tam bém alguns conj untos de m oletom para
dorm ir.

Entrou no seu banheiro para arrum ar o nécessaire. Colocou nele m


aquiagem e itens pessoais. Lem brou-se de seu xam pu e do
condicionador para caso fossem a um hotel. Odiava aquelas am
ostras que disponibilizavam , eram pequenas dem ais para seus
cabelos com pridos.

Um a SUV preto parou em frente à sua casa e buzinou. Trisha olhou


para o relógio e viu que ele chegara quinze m inutos m ais cedo. Ela
cerrou os dentes.

Slade gostava m esm o de irritá-la. Ela pegou a bolsa, a m ala e


pendurou o nécessaire no om bro. O peso de toda aquela bagagem
a fez lutar para passar pela porta da frente.

Ninguém veio aj udá-la. Ela olhou incisivam ente para o segurança


dirigindo a SUV, m as ele apenas a observava enquanto ela fechava
a porta de casa e lutava com as chaves para trancá-la. Sua irritação
dim inuiu um pouco ao ver que o m otorista não era Slade. Ela
relaxou, respirou fundo e se virou. Tentou não gem er enquanto
andava pela calçada. Sua m ala estava pesada e o nécessaire fazia
um peso doloroso em seu om bro.

A porta de trás do veículo se abriu e dali saltou Slade. Ele sorriu


para ela, olhando para suas m alas. Balançando a cabeça, foi até a
parte de trás do veículo para abrir o porta-m alas. Saiu do cam inho,
riu e fez um sinal para que ela colocasse as coisas dentro.

– Puxa, obrigada pela aj uda. – Lançou a ele um olhar bravo.

– Disse que ficaríam os fora por dois dias, não duas sem anas,
doutora. Acho que você pode colocar aí sua própria bagagem se
acha que vai usar toda a porcaria que enfiou nessas m alas.

Ela bufou quando levantou a m ala e j ogou-a na parte de trás do


carro.

– Eu não sabia o que levar e acabei pegando diferentes tipos de


roupa. Não estaria levando tanta coisa se alguém – ela olhou para
ele enquanto j ogava o nécessaire – m e dissesse aonde vou e do
que isso se trata.
Ele fechou o porta-m alas.

– Vam os, doutora, não podem os ficar o dia todo conversando em


pé aqui.

Trisha estava m uito zangada. Pegou a bolsa com o se estivesse


estrangulando alguém . A porta de trás da SUV ainda estava aberta.
Ela se m exeu antes de Slade e entrou, sabendo que ele estivera
sentado ali. Lançou a ele um sorriso m alvado, enquanto se
aconchegava no assento que ainda estava quente do calor da
bunda dele. Ela bateu a porta e se virou para perguntar a Justice o
que estava acontecendo. O veículo estava vazio, a não ser pelo m
otorista e por Slade, que abriu a outra porta e entrou. A porta se
fechou.

– Vam os pegar Justice por últim o? – Ela odiou o tom esperançoso


em sua voz.

Slade colocou o cinto de segurança.

– Aperte o cinto, doutora. Não. Justice j á foi, vam os encontrá-lo


daqui a algum as horas.

Ela suspirou, prendendo o cinto.

– Para onde estam os indo? – Ela voltou a atenção para o


segurança atrás do volante, na frente dela. – Sou a doutora Trisha
Norbit. Qual é seu nom e, m otorista?

– Bart – respondeu ele alegrem ente, encontrando o olhar de Trisha


no retrovisor. – Estam os indo para o Norte, até um resort particular.

Trisha franziu a testa, inquieta.

– Por quê?

– Ah… – Bart ligou o carro. – O senhor North m arcou um m onte de


reuniões lá. Eles acharam que seria longe o bastante para deixar a
im prensa com preguiça se quisesse tentar segui-lo até lá e acam
par para ver o que ele está fazendo.

Esperam os que não descubram nada até depois do fato.

Trisha ignorava Slade.

– Que tipo de reuniões? Você sabe?

– Ah, claro. – O j ovem rapaz era bem falante, o que era bom para
Trisha. – O

senhor North quer com prar um terreno lá para as Novas Espécies.


Marcou reuniões com todas as autoridades de lá e com o cara que
quer vender o terreno.

Ouvi dizer que ele queria você presente caso alguém tivesse
perguntas sobre algum lance m édico. – Ele tom ou ar. – Você ouviu
aqueles boatos idiotas sobre as pessoas poderem pegar
parvovirose e coisas das Novas Espécies, certo? Fiquei m eio
preocupado, m as Tiger j urou que era besteira. Conhece o Tiger,
doutora Norbit? Não é verdade, é? Não tenho com o pegar nenhum
a doença anim al trabalhando com as Novas Espécies, tenho?
Porque isso é algo que eu realm ente detestaria. Acho que deveriam
nos pagar adicional de insalubridade se for verdade. Minha m ãe diz
que eu deveria ir a um veterinário e tom ar um as vacinas, apenas
para garantir, porque…

– Cale a boca – rosnou Slade.

Trisha deu um pulo com o tom de voz de Slade e Bart fechou a


boca. Ela virou a cabeça e olhou para Slade. Ele deu de om bros.

– Ele fala dem ais. Me irrita.

Trisha tentou esconder sua repulsa.

– Juro que você não tem com o pegar parvovirose das Novas
Espécies, Bart.
Obrigada – ela enfatizou essa palavra –, por m e dizer aonde estam
os indo e por quê. – Ela lançou a Slade outro olhar zangado. –
Algum as pessoas não gostam de gente educada, m as eu com
certeza gosto.

Slade se virou de leve em seu assento, encarou-a m ais e sorriu ao


cruzar os braços sobre o peito largo. Ele olhou para os seios dela
sem discrição nenhum a e m anteve o foco neles.

– Posso ser bem legal quando quero. Sei com o puxar conversa. –
Seu olhar se elevou e ele piscou para ela. – Sou bom com m inhas
habilidades orais quando estou m otivado. – Ele olhou para o colo
dela e seu sorriso se alargou. – Sou m uito bom com m inhas
habilidades orais.

Filho da puta. Trisha rangeu os dentes, recusando-se a dizer isso


em voz alta.

Ele não estava falando de conversa e ela sabia disso. Por que sem
pre tentava irritá-la? Talvez achasse que podia constrangê-la com
suas insinuações sexuais espalhafatosas, m as ela era um a m
édica. Respirou fundo e forçou um sorriso. Já fora assediada dem
ais por hom ens bêbados em salas de em ergência para cair na
dele.

– Habilidades orais são sem pre um a coisa m aravilhosa para se


ter, senhor Slade. – Seus olhos desceram até o m eio das pernas
dele, que estavam vestidas com um a calça preta, e se dem oraram
ali. Ela lentam ente perm itiu que seu olhar viaj asse pelo corpo dele
para exam inar cada centím etro, até que seus olhos se
encontraram e ficaram se fitando. Viu que o sorriso dele havia
desaparecido, entendendo que suas ações tinham lim pado do rosto
dele aquele olhar de quem estava achando graça. – Acho que dá
para dizer que eu m esm a tenho um a fixação oral.

Ela sorriu m ais para ele, lam beu os lábios, deixando a língua
deslizar lentam ente sobre a superfície. Ele apertou a m andíbula ao
se aj eitar no assento e ela notou o interesse.
– Um a boa conversa é m uito im portante, não acha? É m uito estim
ulante e prazerosa se for feita da m aneira correta. Você pode se
surpreender ao ver o

quanto aprendi sobre o assunto com o m édica. Faz m uito tem po


desde a últim a vez que tive um a conversa realm ente boa, e às
vezes o desej o de que alguém m e estim ule quase dói. – Seus
olhos se estreitaram . – Mas infelizm ente ainda não encontrei
ninguém com quem eu realm ente queira conversar. Só fico
conhecendo babacas sem finesse.

Ele rosnou para ela. Ela riu e se virou para olhar pela j anela
enquanto eles deixavam Hom eland. Os guardas no portão
acenaram para a SUV. Trisha não se preocupou em olhar para
Slade. Estava com m edo de que ele ainda estivesse olhando para
ela. Se virou para a j anela e se aj eitou até encontrar um a posição
confortável.

– Espero que vocês não se im portem , m as vou tirar um cochilo. –


Ela não conseguiu resistir. Virou a cabeça e encontrou o olhar de
Slade. Ele ainda a observava e seus incríveis olhos azuis a fitavam
sérios. Na verdade, ele parecia bravo.

– Faça um bom cochilo, doutora Norbit. Eu te acordo quando


chegarm os lá –

ofereceu Bart. – Se im porta se eu ligar o rádio?

– De m aneira algum a. – Trisha se voltou outra vez para a j anela,


percebendo que estava m uito cansada.

– Depressa! – rugiu um hom em . – Vá m ais rápido. Ele está bem


na nossa cola!

Trisha acordou num pulo ao bater contra a j anela e gem eu com a


explosão de dor em sua testa. Estava sonolenta e desorientada ao
virar a cabeça para olhar em volta da SUV e entender o que estava
acontecendo.

Slade se inclinou para a frente e Bart ainda dirigia o carro. Trisha


estudou o entorno, vendo que eles estavam em um a área
arborizada, em um a estrada de duas m ãos, com densas árvores
em cada lado. O sol tinha baixado no céu e logo seria noite. Ela pôs
a m ão na testa, onde ainda doía, depois olhou para conferir se
havia sangue. Não havia.

– Pise m ais forte no acelerador – rosnou Slade. – Eles vão bater


em nós de novo.

Quem vai bater em nós? Trisha virou a cabeça para olhar para a
parte de trás da SUV. Ela viu um cam inhão verm elho com um a
grade de m etal vindo rápido atrás do veículo. Sabia que estava
boquiaberta quando o cam inhão se aproxim ou, percebendo que
ele iria golpeá-los. Ela arfou suavem ente quando ele se chocou
com a parte traseira do carro.

A SUV desviou, derrapando na estrada estreita. A cabeça de Trisha


foi j ogada para a frente, o banco do m otorista. O cinto de
segurança se apertou dolorosam ente contra seu colo e ela
percebeu que havia em purrado o cinto do om bro para baixo
durante o sono.

– Ai, m eu Deus. – Bart parecia estar chorando. – Eles estão


tentando nos

m atar.

– Pise fundo no acelerador – rugiu Slade. – Nosso m otor é m elhor,


eles não conseguiriam nos alcançar e bater na gente se você não
ficasse com frescura e acelerasse.

– Eu não posso – Bart gritou. – Vou perder o controle, as curvas são


m uito fechadas.
– Na próxim a vez, eu dirij o – rosnou Slade.

Trisha sentia o m edo enquanto observava as m argens da estrada.


Havia árvores em toda parte e um lado da estrada estreita ia m orro
acim a, enquanto o outro, ao qual ela estava m ais próxim a, caía
em um vasto vale de árvores. Ela olhou para baixo. Eles estavam
em algum a estrada num a m ontanha sinuosa, subindo.

– Cham e aj uda – falou Trisha, confusa e apavorada por acordar


naquela situação infernal.

– Não tem sinal de celular – Slade rosnou as palavras, furioso.

Ele virou a cabeça, olhando para trás, e em seguida xingou,


atirando-se no assento ao lado de Trisha. Ela ficou chocada ao ver a
arm a que ele tirou do cós da calça. Era um revólver preto.

– Ai, m erda. – Ela segurou o fôlego.

O cam inhão bateu nele de novo. Trisha foi j ogada contra a porta ao
lado dela, m as dessa vez conseguiu não bater a cabeça. Em vez
disso, sua m ão se esm agou entre seu corpo e a porta que
segurava. Slade foi j ogado na parte de trás do banco do
passageiro, antes de se apoiar nos j oelhos e se inclinar em direção
à traseira do carro. Ele apontou a arm a.

– Tape os ouvidos, doutora.

Ela fez isso no m om ento em que Slade abriu fogo. O vidro


estourou. O som da arm a atirando era ensurdecedor. O carro
derrapava loucam ente ao ficar quase sobre duas rodas. Bart falou
um palavrão ao ver um a faixa azul, fazendo um a curva m uito
rápida.

Trisha se contorceu para ver a traseira. Ela viu vapor branco saindo
de baixo do capô do cam inhão verm elho, deixando óbvio que
Slade atingira o m otor com os tiros. Ele devia ter acertado o
radiador ou outra coisa. O cam inhão verm elho desacelerou e a
SUV se afastou. Slade parou de atirar. Ele xingava enquanto tirava o
pente vazio e colocava outro cheio, que estava em seu bolso.
Fizeram um a curva e o cam inhão verm elho não estava m ais atrás
deles.

Trisha olhou boquiaberta para Slade. Os olhos azuis dele olharam


rapidam ente para os dela.

– Você está bem , doutora?

Ela conseguiu fazer que sim com a cabeça.

– Quem era?

Slade deu de om bros.

– Meu palpite é que não eram am igos nossos. – Ele se j ogou no


banco, colocando a arm a entre eles. Tirou sua atenção de cim a
dela para observar a j anela traseira danificada. Entrava vento no
veículo pelo buraco. Ele puxou o celular do bolso. Abriu-o, olhou
para ele por alguns segundos e xingou com raiva.

– Ainda sem sinal. – Seu olhar encontrou o dela. – Onde está seu
celular,

doutora?

– Se o seu não tem sinal, o m eu tam bém não vai ter.

– Nunca se sabe, podem os ter operadoras diferentes. Cadê? Não


quero ficar discutindo, prefiro tentar.

Procurou sua bolsa, m as não estava onde ela a havia deixado. Ela
olhou para baixo e percebeu que havia caído no chão. Apontou
onde estava e Slade se lançou em direção à bolsa. Sua m ão
praticam ente a esm agou quando ele a puxou. Num piscar de olhos
ele tinha virado a bolsa e j ogando todo o conteúdo no assento entre
eles com alguns chacoalhões.
Trisha teve que lutar contra a vontade de gritar com ele quando sua
boca se abriu em choque. Aquelas coisas que ele j ogara no banco
com o se fossem lixo eram dela. Ele enfiou a m ão naquela bagunça
que fizera, achou o celular dela e o abriu.

– Maldição – rosnou ele, j ogando-o no chão.

– É o m eu telefone! Não quebre.

Seu sangue subiu. Além disso, ela tam bém estava com m edo e m
uito, m uito brava. Ela soltou o cinto para se abaixar e pegar o
celular. Slade em purrou-a de volta no assento com a m ão.

– Não funciona, m esm o – rosnou ele, olhando para ela.

– Jogue o seu telefone, m as não o m eu. Isso é grosseiro.

– Desculpe, eu odiaria ser indelicado enquanto alguém tenta nos m


atar.

– Alô? – Bart gritou. – Tem outro cam inhão. Vocês podem parar de
brigar?

Acho que tem os m ais um problem a. Parece que eles não estavam
sozinhos!

Trisha virou a cabeça e olhou com horror para a traseira do carro.


Um segundo veículo vinha rápido atrás deles, dessa vez um a
picape azul com um a grade de m etal, quase igual à do cam inhão
verm elho. Ela viu um hom em se levantar no fundo da caçam ba da
picape, com um braço segurando a barra sobre a cabine do cam
inhão para se m anter em pé, e erguendo o outro para tentar
apontar um a arm a para eles. Ela abriu a boca para gritar um aviso.

Slade estendeu a m ão, agarrou a cam isa de Trisha e puxou-a para


baixo. Seu corpo esm agou o dela, fazendo que a bolsa e seu
conteúdo afundassem na barriga dela. Slade colocou a m ão entre a
doutora e o banco. Ele agarrou o peito dela, apertou-o, e sua m ão
se virou. Ele encontrou a arm a e puxou-a de baixo dela sem
cuidado algum . Um barulho alto soou, m as para Trisha saiu
abafado, pois seus ouvidos estavam entre as coxas de Slade.

Minha cabeça está entre as coxas de Slade. Isso significava que o


calom bo em seu pescoço… Ela rangeu os dentes. Como Slade
pode estar excitado quando estão atirando em nós? Ela lutou para
sair do m eio pernas dele, m as aquele peso m aciço e volum oso a
m anteve deitada. De repente os m úsculos dele se apertaram ,
quase esm agando a cabeça de Trisha.

– Fique quieta – m andou ele. – São m inhas bolas que você está
pressionando.

– Que se dane, saia de cim a de m im ! – ela gritou.

Um a grande m ão de repente deu um tapa forte na bunda de


Trisha, enviando um choque de dor ao seu cérebro, deixando-a
estarrecida.

– Meu rosto está bem aqui, doutora. Não m e m achuque que eu


não te m achuco.

Trisha apenas gritou. Ela estava com raiva, apavorada, e sua bunda
doía agudam ente onde ele a golpeara com aquela palm a grande.
Algo bateu com força na SUV e fez Slade cair em Trisha. Eles foram
j ogados para a frente e o corpo de Trisha deslizou com o dele. Am
bos se chocaram ao m esm o tem po contra o encosto dos assentos
dianteiros.

– Dirij a – ordenou Slade severam ente a Bart. – Mais um a batida


feia dessas e… PUTA MERDA!

Puta merda? Trisha se alarm ou com o tom de Slade. Um segundo


depois, a SUV ricocheteou descontroladam ente. Ela e Slade foram j
ogados para cim a. Ela ouviu um grito m asculino. Bart. Em seguida,
ela foi j ogada com força de volta no banco, com o peso de Slade
caindo sobre ela.
Ela ouvia um barulho horrível enquanto tudo chacoalhava,
ricocheteava e balançava tão forte que se perguntou se seria partida
ao m eio com tudo aquilo.

Um grande estrondo tom ou o ar de repente, um segundo antes de o


veículo se inclinar loucam ente e de ela ser j ogada m ais um a vez.
Ela gritou num absoluto terror.

Não sabia o que estava para cim a ou para baixo. Não reconhecia
nada além da dor, do m edo e da sensação de m ovim ento. Mãos
agarraram suas coxas, ela bateu com força no corpo de Slade, e
então houve algo im placável. Fez-se um barulho de vidro
estourando, m etal rangendo e se estraçalhando, num volum e
ensurdecedor. Trisha continuou gritando m as, de repente, tudo
parou de se m exer.

Ela ofegava, deitada em algo rígido. Seu om bro, sua orelha e sua m
ão doíam .

Tentou se acalm ar ao abrir os olhos, m as no m esm o instante


desej ou não ter feito isso. Viu que estava esparram ada no teto da
SUV. A j anela traseira, quebrada, estava à sua direita, fazendo-a
entender que de algum a form a ela fora j ogada na área do porta-m
alas. Olhou para a terra e a gram a no chão, a apenas alguns
centím etros de distância. Perto da traseira da SUV havia o tronco
espesso de um a árvore. Ela finalm ente com preendeu que o carro
estava capotado.

Trisha se m exeu, o que a fez sentir dor nas pernas e nos j oelhos.
Ela gem eu.

Colocou as m ãos para baixo e tentou se em purrar para cim a,


apesar da dor no om bro, m as só conseguiu levantar um pouco a
cabeça. Virou-se para a esquerda e viu Slade a poucos centím etros
dela. Ele estava esparram ado a seu lado, de costas para ela, com a
cabeça apoiada em seu quadril. Ele m oveu o braço e tocou o
próprio rosto.
– Merda – gem eu Slade. – Doutora? – Sua voz ficava m ais
profunda enquanto seu corpo inteiro estrem ecia. – Doutora? – Seu
tom de voz se aprofundou m ais com a situação de alarm e.

– Estou atrás de você. Você está bem ? – Trisha pigarreou. Sua voz
sum ira ao falar.

Slade virou a cabeça para olhar para ela.

– Bem . Está m uito m achucada?

– Ferida, m as viva. Está vendo o Bart? Tudo o que vej o daqui é a


parte de trás dos assentos e você.

Slade se m exeu um pouco e gem eu ao levantar a cabeça.

– Estou vendo. Está de cabeça para baixo, m as se m exendo.


Posso ouvi-lo respirar.

Um gem ido de dor veio da parte da frente da SUV. Trisha lam beu
os lábios secos, sentindo no m esm o instante o gosto de sangue.
Com eçou a se m exer aos poucos em direção à terra, determ inada
a sair dos escom bros.

Um a m ão agarrou sua coxa.

– Não – ordenou Slade. – Eles tinham arm as. Não sei até onde
saím os rolando, m as eles podem estar lá em cim a. Você pode
virar um alvo fácil se rastej ar para fora.

– Ai, Deus – chorou Bart baixinho.

– Preciso aj udá-lo. – Trisha olhou nos olhos de Slade.

As narinas dele se alargaram .

– Está bem . Passe por cim a de m im para ir até ele. Há um m onte


de vidro quebrado em baixo de m im e não quero que você se corte.
Fique no interior do veículo. Se não conseguir alcançá-lo por cim a
dos bancos, esqueça e espere eu exam inar as coisas lá fora.
Preciso saber se estam os a salvo ou se vão continuar atirando em
nós.

– Quer que eu rastej e por cim a de você? Mas…

– Faça isso, doutora. Não estou brincando sobre o vidro quebrado.


As j anelas se estilhaçaram , não eram blindadas coisa nenhum a.
Este não é um dos veículos de segurança que foram feitos
especialm ente para nós. Isso é vidro tem perado, m as alguns
cacos são afiados. Rastej e sobre o m eu corpo e vá até ele prim
eiro, e assim que fizer isso vou lá fora para ver onde estam os.
Espero que tenham os rolado m orro abaixo o suficiente para estarm
os fora da m ira deles, m as pode ser que estej am descendo a pé
para term inarem o serviço. De qualquer m aneira, não quero ficar
aqui por m uito tem po. Eles sabem onde estam os, ou pelo m enos
podem nos encontrar com facilidade. Tenho certeza de que deixam
os um a trilha clara de destroços para nos seguirem .

Trisha se virou de lado. Havia um espaço apertado, m as suficiente


para ela se m exer sob o banco traseiro, seus olhos encontraram os
de Slade. Ele sorriu para ela, m as ela não viu.

– Você sabe que quer rastej ar por cim a de m im , doutora. Essa é


sua chance.

Trisha torceu o nariz para ele.

– Você é um cuzão.

Ele piscou.

– Não é com o m eu cu que m e preocupo quando você está em cim


a de m im .

Cuidado com seus cotovelos e j oelhos, docinho.


Ela abriu a boca para dizer a ele que aquele não era o m om ento
para ele com eçar com aquelas m erdas, m as ela ouviu Bart
soluçar. O sorriso de Slade desapareceu.

– Mexa-se, doutora. Eles podem estar descendo para nos procurar


e não estou a fim de ser m orto com tiros à queim a-roupa.

Trisha esticou os braços cuidadosam ente e pôs as m ãos ao lado


da cabeça de Slade. De repente ele se m exeu, esticando as m ãos
para ela.

– Coloque suas m ãos nas m inhas. Há vidro aqui, vou te levantar o


m áxim o que conseguir. Depois deixe-as nas m inhas pernas.
Cuidado com os j oelhos, doutora.

É sério. – Ele piscou para ela. – Por m ais que eu saiba que você
quer ver com o sou grande, prefiro que sinta com as m ãos.

– Im becil – sussurrou Trisha, sem realm ente querer dizer isso.

Ela deu um sorriso coraj oso para ele, sabendo que ele estava
sendo idiota apenas para distraí-la. Estaria surtando com aquela
situação terrível se não fosse por Slade. Eles haviam acabado de
rolar parte de um a m ontanha abaixo, hom ens arm ados podiam
estar a cam inho e Slade tentava cham ar atenção para si m esm o,
não para o perigo.

– Obrigada – sussurrou ela baixinho, colocando suas m ãos nas m


ãos grandes dele. Seus dedos se entrelaçaram , suas palm as se j
untaram e Slade a levantou.

Ele com eçou a passá-la sobre seu corpo. Trisha levantou a parte
inferior do corpo e os j oelhos. Ela tentou não prestar atenção
quando seus seios roçaram na cara de Slade, nem em com o
conseguia sentir a respiração quente dele em sua barriga através do
tecido fino de sua blusa.
– Seria um a boa pensar num a dieta depois que sairm os vivos
daqui – sugeriu Slade, baixinho.

– Vá à m erda.

Ele riu.

– Não agora, com você em cim a de m im , doutora. Esse é o m


áxim o que consigo te levantar. Por m ais que eu goste de onde
você está, m exa-se, docinho.

Ela colocou os j oelhos nos om bros dele. Agarrou as coxas dele e


percebeu que teria ou que em purrar o corpo em direção aos pés
dele, ou que rastej ar de j oelhos sobre ele.

– Depressa, doutora.

Ela cuidadosam ente colocou o j oelho no om bro dele. De repente


as m ãos dele agarraram seu quadril e ele levantou suas pernas,
quase com o se ela estivesse fazendo flexões em cim a do corpo
dele. Ele a em purrou para a frente. Trisha quase foi j ogada no
espaço entre os bancos da frente, m as apenas sua cabeça ficou
entre eles, com o painel central acim a dela. Ela se apertou m ais no
espaço estreito. Agora conseguia ver Bart. Slade se m exeu em
baixo das pernas dela, que ainda estavam em cim a dele.

– Fique aí, doutora. Vou lá fora. Se você ouvir tiros, foi bom te
conhecer.

– Tenha cuidado – alertou ela.

CAPÍTULO TRÊS

O olhar de Trisha se virou para Bart, exam inando-o. Ele ainda


estava preso ao banco, com o cinto segurando-o. Parecia estar
inconsciente, e suas m ãos pendiam frouxas contra o teto. Ela viu
que sua m ão esquerda estava coberta de sangue e alcançou-a com
cuidado, o que era difícil, pois ela estava do outro lado do corpo
dele.

Falou um palavrão em voz baixa ao perceber que parecia ser um a


lesão por esm agam ento. A pele fora rasgada e ela im aginou que a
m ão atravessara o vidro quebrado quando o veículo saiu rolando.
Ela passou as pontas dos dedos pelo braço dele, procurando outros
ferim entos, e constatou que o pulso tam bém estava quebrado. Ele
teve um pouco de sorte, pois o osso não tinha atravessado a pele.

Ele acordou em um pulo.

– Bart? – Ela engoliu em seco. Sua voz ficava falhando. – Onde m


ais dói, além do braço e de onde o cinto está apertando?

– Minha perna – ofegou ele. Lágrim as m arej aram o castanho de


seus olhos quando ele com eçou a chorar.

Merda. Trisha não podia ir m ais para a frente, pois o corpo dele
estava no cam inho e o volante estava acim a dela. Ela enxergaria
m elhor se tivesse um a lanterninha, pois o sol estava baixando e a
luz dim inuía.

– Consegue m exer os dois pés?

– Dói – chorou ele baixinho.

– Mexa, Bart – exclam ou Trisha. – Aqueles hom ens podem estar


vindo atrás de nós. Mexa seus pés, preciso que você colabore com
igo.

Ele gem eu de dor.

– Consigo sentir e acho que se m exeram .

Trisha balançou a cabeça, olhando para onde os pés dele deveriam


estar. Não havia gotas de sangue caindo no teto em que ela se
encontrava contorcida; outro bom sinal. Ela se obrigou a se m anter
calm a e a pensar. Sua cabeça latej ava, seu corpo doía e ela sentia
dor. Ainda sentia gosto de sangue e não queria nem im aginar a
causa. Exam inaria seus próprios ferim entos depois, m as agora
toda a atenção deveria se voltar para aquele j ovem à sua frente.

– Bart, m e ouça. Preciso saber se suas pernas estão presas ou se


podem os descê-las. Preciso que você as m exa para ver se estão
soltas. Está m e entendendo?

– Dói – choram ingou ele.

Trisha cerrou os dentes.

– Tam bém estou com dor. Vam os lá, ouviu o que eu disse sobre os
hom ens que nos j ogaram para fora da estrada? Eles podem vir até
aqui e nos m atar. Preciso que você colabore com igo. Posso te aj
udar m ais se conseguirm os te soltar. Não posso fazer m uito por
você nesse m om ento, j á que não há espaço o bastante para

eu cuidar de você. Tenho que exam inar seus ferim entos, m as


preciso de você fora desse banco para eu fazer isso.

– Ok – sussurrou ele baixinho. – Vou tentar.

Trisha se esforçava para ouvir algum sinal de Slade, m as não ouviu


nenhum tiro. Onde ele está? De repente ela sentiu um certo m edo.
Ela e Bart não eram Novas Espécies. Será que Slade os deixaria ali
para salvar o próprio rabo? Ela realm ente esperava que não. Talvez
ele tenha ido buscar aj uda, m as não avisaria antes? Ela sim plesm
ente não sabia, e isso realm ente a incom odava.

– Consigo m exer as pernas. – A dor se fazia ouvir na voz de Bart.

– Ótim o. Sei que só um a das suas m ãos está sem ferim entos, m
as você precisa usar seu braço bom para tentar abrir a porta. Vej a
se ela abre.

– Não consigo.
Trisha se contorceu, olhando para o banco do passageiro. O porta-
luvas estava aberto e as coisas haviam caído de dentro dele. Ela foi
lentam ente até a pequena área debaixo do banco do passageiro. A
j anela perm anecia inteira daquele lado, m as estava rachada e
trincada. Ela usou o papel que caíra do porta-luvas para se proteger
e cobrir o vidro quebrado que voara pelo interior da SUV quando ela
capotou. Estendeu a m ão até a m açaneta. Ela se m exeu, m as a
porta, não.

– Merda – suspirou ela. Olhou para cim a, percebeu que a porta


ainda estava trancada e estendeu a m ão. Precisou se esforçar para
apertar os botões para destrancá-la. Mexeu na m açaneta de novo e
dessa vez ouviu um clique. Se virou para se apoiar nas costas e em
purrou a porta com um a m ão, enquanto a outra segurava a m
açaneta. A porta se m oveu alguns centím etros, até que se afundou
no chão. – Puta m erda.

– Ei, doutora. – Slade se abaixou ao lado da j anela do passageiro


para olhar para ela no m eio dos destroços. – Quer sair? Até agora
não vi nenhum daqueles cretinos vindo.

– Consegue abrir a porta?

Slade levantou a cabeça para estudar a porta em vez dela.

– Não sei. Vou ter que em purrar um pouco para o lado para ver se
consigo levantá-la alguns centím etros, porque a terra aqui está m
ole e a porta está afundada nela. – Ele fez um a pausa. – Talvez. Se
prepare para alguns m ovim entos.

Ela com preendeu o que ele pretendia fazer quando o viu se virar e
apoiar os pés atrás da porta do passageiro. Ele pressionou as
costas na lateral da SUV. Ela abriu a boca para lhe dizer que ele
não era forte o bastante para m over o carro um centím etro que
fosse, m as então o veículo se m exeu um pouco em baixo dela.

Ele o em purrou o suficiente para erguê-lo um pouco acim a do


chão.
– Em purre a porta – gem eu Slade. – Essa m erda é pesada.

Trisha usou as duas m ãos para em purrar com força a porta que
estava a uns bons centím etros acim a do chão. Abriu-se m ais um
pouco, derrapando na gram a e na terra. Ela em purrou m ais forte e
conseguiu m ais um centím etro, talvez. O

chão se inclinou m ais. Slade gem eu e a SUV se m exeu de novo. A


porta estava afundada na terra.

Slade se agachou ao lado da abertura e colocou a cabeça entre ela


e a porta.

– Me dê as m ãos e eu te puxo.

Só havia uns trinta centím etros de espaço, no m áxim o uns


quarenta. Ela xingou.

– Acho que não vou passar.

– Estava brincando quando disse que você precisava de um a dieta.


Vam os tentar, docinho, acho que você consegue. Vocês, m ulheres,
sem pre acham que são m aiores do que realm ente são. Aqui tem
m ais espaço do que você pensa.

Saia de lado.

Trisha agarrou as m ãos de Slade. Ele lentam ente com eçou a


puxá-la em sua direção, enquanto ela se virava de lado. Os j oelhos
dela estavam pendurados sobre os bancos da frente, m as quando
ela os im pulsionou, conseguiu m exer a parte inferior das pernas.
Slade a puxou outra vez. Sua cabeça passou pelo espaço apertado
enquanto ela se virava de lado, m as então seus seios e suas costas
ficaram esm agados. Ela percebeu que estava presa. Seus seios
estavam dificultando.

– Isso não seria um problem a se você não tivesse peitos tão


bacanas – Slade riu. – Um a m ulher sem peitos teria deslizado
facilm ente por aí.

Trisha lhe lançou um olhar zangado.

– Apenas m e puxe para fora! Isso não está confortável.

– Respire fundo e expire todo o ar. No três; um , dois, três.

Trisha soltou o ar até parecer que seus pulm ões estavam sendo
esm agados em seu peito. Slade a tirou de dentro do veículo. Ela
tragou um pouco de ar enquanto Slade a arrastava para longe da
SUV.

Ele soltou as m ãos dela antes de esticar os braços para ela novam
ente enquanto ela se encontrava deitada no chão. Ele agarrou seus
braços acim a dos cotovelos e, lentam ente, aj udou-a a se levantar.
Ele a exam inou criticam ente antes de olhar nos olhos dela.

– Consegue ficar em pé sozinha?

Testando as pernas, Trisha assentiu.

– Estou bem .

Ele arqueou um a sobrancelha.

– Você não diria isso se estivesse se olhando no espelho. Fique


aqui, vou ver se consigo pegar o tagarela ali.

– A m ão esquerda dele está esm agada e o pulso está quebrado –


Trisha advertiu. – Tente não tocar neles, nem fazê-lo se apoiar
neles.

Trisha olhou para baixo, pois seu j oelho latej ava, e viu um rasgo na
calça. Ela se inclinou, lutou contra um m om ento de tontura, m as
passou. Tocou o tecido rasgado, m anchado de sangue. Pegou na
calça com os dedos e aum entou o buraco. Trisha achou que o som
do tecido rasgando foi alto.
Ela olhou m ais de perto para seu j oelho, vendo um a verm elhidão
e um a pequena laceração que seus dedos sondaram . Estava
sangrando um pouco, m as não precisaria de pontos. Ela se
endireitou e saiu m ancando ao redor do carro, e teve certeza de
que ficaria com sérios hem atom as.

A SUV estava m esm o em m au estado. Ela exam inou os painéis


laterais am assados e o teto esm agado, pior ainda na traseira.
Havia um rom pim ento grande próxim o à porta do m otorista, e o
com partim ento do m otor fora gravem ente danificado.

Ela olhava para a parte da frente enquanto Slade abria a porta do m


otorista.

Parecia que o carro havia batido de frente em algum a coisa


enquanto rolava a m ontanha. Trisha im aginou que tivesse sido um
a árvore, ou talvez algum as, dado o tam anho do dano na frente
inteira do veículo. Era um m ilagre estarem vivos.

Ela virou a cabeça e olhou para a m ontanha. De onde estava não


conseguia ver a estrada, m as podia dizer de onde o veículo tinha
rolado antes de os destroços desaparecerem entre as densas
árvores. Cacos de vidro, partes da SUV

que foram arrancadas e algum as roupas estavam espalhadas pelo


cam inho do acidente.

Viu sua m ala quebrada perto de um a árvore. Foi esm agada e


rasgada, com o se alguém tivesse usado um m achado contra ela.
Ela estrem eceu. Poderia ter sido ela ou Slade, se um dos dois
tivesse sido j ogado para fora do veículo.

– Não! – Bart gritou.

– Sej a hom em – rosnou Slade para ele. – Você não pode ficar aí
pendurado o dia todo. Quando contar até três vou cortar o cinto e te
puxar para fora. Sua bunda vai cair, m as estou segurando sua
cabeça. Um , dois…
– Não! – Bart gritou, parecendo estar em pânico.

– Três!

Slade cortou o cinto e arrastou Bart, que uivava, para fora do


veículo. Trisha m ancou por alguns m etros até o hom em que
chorava no chão, enquanto Slade o soltava e se afastava. O olhar
que Slade lançou a Trisha revelava puro desgosto.

Slade chacoalhou a cabeça, cerrou os dentes e se afastou com


passos duros.

– Você cuida dele. Vou salvar o que der, vai escurecer em breve.

Trisha se pôs de j oelhos para exam inar Bart, que chorava baixinho.
Um sentim ento de com paixão por aquele garoto de vinte e poucos
anos, m as que no m om ento agia com o se fosse bem m ais j ovem
, brotou dentro dela. Ela entendia com o ele devia estar am
edrontado. Suas m ãos percorreram o corpo dele, a única coisa que
ela podia fazer sem a m aleta m édica. Tudo o que tinha para exam
iná-lo eram seu toque e sua visão, para tentar fazer um a triagem .

Ela exam inou os quadris, agarrou um a das coxas e foi descendo a


m ão até o tornozelo dele. Ele não parecia ter pés ou tornozelos
quebrados. Ela não ia tirar os sapatos dele para ter certeza, pois se
houvesse algum osso quebrado ali, o calçado o deixaria im óvel e
controlaria o inchaço. Ela agarrou sua outra coxa, circulando-a com
a m ão até o alto dela e depois descendo.

– Querem um quarto? – Slade suspirou. – Se você m e tocar assim ,


espero que m e dê um anel de noivado, doutora.

– Estou vendo se há ossos quebrados. – Ela nem sequer olhou por


cim a do om bro para Slade. – Até agora, tudo bem .

Trisha se inclinou para trás e franziu a testa para Bart.

– Onde dói?
– Minha m ão.

Ela explorou a barriga e a cabeça dele, term inando de passar as m


ãos pelo corpo inteiro dele.

– Com o estão seu pescoço e suas costas?

– Estão bem . Minha m ão dói. – Bart chorava baixinho com o braço


j unto ao peito.

Trisha virou a cabeça para olhar para Slade.

– Pode ser que ele tenha lesões internas, m as não vou saber sem
levá-lo a um hospital. Os únicos ferim entos de que tenho certeza
são na m ão e no pulso. Você pode ir até m inha m ala e pegar
algum as das m inhas roupas? Preciso delas.

Slade fez um a careta que desfigurou seus lábios.

– Você quer trocar de roupa? Dá um tem po, doutora, não é possível


que você sej a tão vaidosa.

– Seu im becil – exclam ou Trisha, com sua raiva inflando


instantaneam ente. –

Preciso de tiras de tecido para fazer um a atadura na m ão dele. A


alça da m inha m ala tem extensor, posso rem ovê-lo e usá-lo com o
tala no braço inteiro dele, até os dedos.

Slade corou um pouco.

– Estou indo. Desculpe. – Ele se afastou.

Trisha suspirou, deixando a raiva se desvanecer. Eles estavam


todos com estresse. Slade voltou em poucos m inutos. Ele usou um
a faca para cortar em tiras as blusas boas dela. Trisha fez um a tala
para a m ão quebrada de Bart. Ele desm aiou quando ela fez isso, o
que era bom , porque Slade parecia realm ente puto com o choro de
Bart. Mas Bart não estava m ais fazendo isso, agora que estava
apagado.

Trisha aproveitou o m om ento, enfaixou a m ão que sangrava e


deixou-a apoiada. Ela exam inou cuidadosam ente, decidindo que,
se eles não o levassem logo a um hospital, ele perderia a m ão
inteira. Ela inform ou isso delicadam ente a Slade.

– Já vou dar um j eito nisso. – Slade franziu a testa para ela. –


Assim que eu fizer nascerem asas em m im e nos tirar voando
daqui. O que você quer que eu diga? Estam os ferrados.

– Você poderia ir até a estrada e acenar para alguém , em vez de


ficar aí parado fazendo com entários engraçadinhos.

– E os dois cam inhões lá em cim a que tentaram nos j ogar para


fora da estrada? Ah sim , eles fizeram isso e pode ser que estej am
vindo para ter certeza de que estam os m ortos. Eles j á se deram
todo aquele trabalho para tentar nos m atar. Além disso, eles têm
arm as.

– Você não os viu vindo até aqui, certo?

A expressão de Slade se endureceu de raiva.

– Eles podem ter ido buscar os im becis do cam inhão verm elho em
que eu atirei. Pode ser que haj a até m ais deles vindo atrás de nós.
Talvez queiram fazer um a festa. Podem estar agora m esm o vindo
até aqui. Vou dar um a olhada e você fica aqui. – Ele girou sobre os
calcanhares e desapareceu atrás da SUV.

Trisha afundou a bunda no chão. Sua cabeça doía e seu j oelho latej
ava. Ela evitava m exer seu om bro dolorido. Toda vez que m exia o
braço direito, tinha vontade de se encolher. Estendeu a m ão
esquerda para esfregar o om bro ferido.

Ele não estava deslocado e ela não sentiu nada quebrado.


Esperava que fosse apenas um m úsculo distendido ou um a
contusão. Contusões em tecidos m oles podem ser m uito
dolorosas.

Bart acordou. Trisha sorriu para ele.

– Com o está se sentindo?

– Estou com dor. Não quero m ais esse em prego.

Trisha fez que sim com a cabeça.

– Eu não te culpo. Por que não tenta se sentar?

– Não quero. Quando a am bulância vai chegar? Slade foi buscar aj


uda?

– Ele foi se certificar de que aquelas pessoas que nos j ogaram da


estrada não estão vindo até aqui atrás de nós. Ele vai voltar e
sairem os daqui logo. Não se preocupe, Bart. Sou m édica, lem bra?
Você está bem .

Slade ignorava seus ferim entos. A raiva o aj udava a subir o m orro,


com todos os seus sentidos em alerta m áxim o. A gasolina
atrapalhava seu olfato, fazendo com que ficasse m ais difícil para
ele distinguir cheiros. Um pouco dela tinha pingado da SUV
destruída e vazado através dos escom bros. Ele lançou o olhar para
cim a, à procura de qualquer sinal de m ovim entos estranhos.

Trisha poderia ter m orrido. A raiva o tom ava quando ele pensava
nisso. Ela definitivam ente havia sido ferida, o cheiro do sangue dela
ainda perm anecia em sua m em ória, apesar do cheiro horrível de
gasolina. Um a parte dele esperava que um ou dois daqueles
cretinos que os atacaram fossem atrás deles. Ele adoraria m atar os
filhos da puta por a terem m achucado.
Um a enorm e rocha interrom peu sua cam inhada e ele olhou para
a parte de cim a de um a parede de seis m etros. A SUV tinha caído
lá de cim a. A visão o fez perceber a sorte que tiveram de
sobreviver. A frente do veículo sofrera a m aior parte dos danos, m
as se tivesse batido de lado… Ele estrem eceu. Trisha teria m
orrido.

A lem brança de tentar agarrá-la e protegê-la com seu corpo no pior


m om ento do acidente o assom brava. Ela foi arrancada dele no
final, quando a cabeça dele bateu com força contra o m etal. Aquilo
o deixou atordoado e seu corpo am oleceu. Ele ficou aterrorizado ao
ver com o ela quase foi atirada para fora do veículo quando viu que
ela havia ido parar na parte de trás do carro.

O hom em hum ano ao volante deveria ter sido m ais forte, m ais
valente, e dirigido o veículo a um lugar seguro. Em vez disso, o m
edo e o pânico tom aram conta de Bart, até que ele perdeu o
controle da situação e bateu o carro. Ele cerrou os dentes.

Ele devia ter insistido para deixarem -no dirigir, m as Justice queria
um hum ano ao volante para cham ar m enos atenção. Os vidros
escurecidos esconderiam Slade dos outros veículos na estrada. Ele
j urou que aquela havia sido a últim a vez que ele aceitava aquela
ordem . Era ele quem iria dirigir se Trisha andasse em outra SUV.

A gratidão por ele exigir ir com Trisha no carro o tom ou. A ideia de
ela poder ter sido atacada sem ele lá lhe dava calafrios. Ele
continuava observando a área lá em cim a, vendo se não havia
sinais dos agressores. Os hum anos seguiriam a trilha dos
destroços para localizá-los. Talvez achassem que estavam m ortos.

Ele relaxou. Seu povo entenderia pela dem ora que eles haviam tido
problem as.
Já teria escurecido antes de a aj uda chegar, m as ele m anteria
Trisha viva, não im portava o quanto seu povo dem orasse para
achá-los.

Um som chegou até ele e um a pequena chuva de suj eira escorreu


à sua esquerda. No m esm o instante ele aguçou os sentidos.

– Merda – disse um a voz m asculina. – Preciso de luvas.

– Fique feliz por term os um a corda. Acha que eles m orreram ?

– Não quero deixar dúvidas. – Um a outra voz m asculina declarou.


Precisam os encontrar os corpos para provar que m atam os


aquelas aberrações anim ais. Vam os tirar fotos com nossos
celulares.

– Espero que isso aguente. Tem certeza de que nosso peso não vai
rom per as cordas? – O hom em que falava tinha um leve sotaque. –
Eles tinham que ter saído da estrada j usto aqui? É um terreno m
uito acidentado.

Slade girou, se m oveu rapidam ente e se escondeu atrás de um as


árvores para ouvir m elhor o som que vinha de cim a. Ele viu seis
hom ens, todos com roupas diferentes. Mas o que tinham em com
um eram as arm as, presas às costas. Seus lábios se abriram , suas
presas se exibiram , m as ele segurou o rosnado que am eaçou
estourar ao avistar seus inim igos.

Ele poderia lutar com eles, ficar à espreita para atacar, m as e se


desse errado?

Ele perdeu a arm a durante o acidente, não tinha nem com o atirar
em alguns deles para que ficassem em igual núm ero. Se falhasse
em m atar todos antes que eles o abatessem a tiros, Trisha ficaria
indefesa contra eles. Ela ficaria à m ercê daqueles hum anos.
Deu um grunhido baixinho ao se virar e voltar correndo até ela. Não
iria arriscar a vida dela de j eito nenhum . Para ele, Bart não parecia
um hom em valente o suficiente para fugir com aqueles ferim entos.
Enquanto se m ovia rápida e silenciosam ente, para evitar alertar os
hom ens lá em cim a sobre sua presença, ele tom ou um a decisão
som bria.

Se Bart, o segurança hum ano, se recusasse a fugir, ele teria que


deixá-lo para trás. Trisha poderia protestar. Ela tinha um coração m
ole, m as Slade a salvaria, não im portava o que custasse, m esm o
que ele tivesse que dar um a bofetada nela e carregá-la no om bro.
A determ inação o fez correr m ais rápido para chegar até ela.

– Precisam os sair daqui agora – rosnou Slade de repente atrás de


Trisha.

Ela deu um pulo e virou a cabeça, fazendo um a careta. Seu om bro


se m anifestou em protesto contra o m ovim ento repentino.

– O que foi?

– Seis hom ens estão vindo atrás de nós. Eles têm cordas e arm as,
acho que foi por isso que dem oraram tanto para descer. O ponto de
onde caím os da estrada é íngrem e.

– Talvez sej a o socorro. – Bart parecia esperançoso.

– Com espingardas nas costas? – Slade retrucou. – Dá um tem po.


Eles chegarão aqui em breve. – Slade se virou. – Levantem -se. Vou
pegar o que achar que pode ser útil para sobreviverm os e logo em
seguida vam os em bora daqui.

Daqui a pouco vai escurecer e não vam os saber onde eles estão.

Trisha lutou para ficar em pé e tentou fazer com que Bart segurasse
sua m ão para que ele se levantasse com aj uda do braço que
estava bom . Ele chacoalhou a cabeça com firm eza.
– Não, eu vou ficar aqui. Devem ser aqueles AntiNovas Espécies.
Vou dizer a eles que sou hum ano e eles vão cham ar aj uda para m
im .

– Você está louco? – Trisha exclam ou surpresa. – Eles tentaram


nos m atar, e você acha que dizer que é hum ano vai im portar para
aquela gente?

– Eles odeiam as Novas Espécies e tenho certeza de que é por isso


que nos atacaram . Talvez eles até tenham achado que eu estava
com Justice North no carro. Eles o odeiam .

Slade voltou, carregando o nécessaire de Trisha. Ele foi até Trisha e


a passou em volta da cabeça e debaixo do braço dela, com o um a
tipoia, sem consultá-la antes. Ele evitou apoiar a alça no om bro
dolorido. Ela ficou surpresa por ele notar que ela preferia aquele
lado m esm o. Ele parecia furioso ao olhar para Bart.

– Estam os indo. Acho que vão te m atar, então m exa essa bunda e
venha se quiser continuar vivo. – Slade rosnava as palavras. – Você
vai m orrer se ficar aqui, garoto. Não tenho tem po para segurar sua
m ão enquanto você tenta raciocinar. Não vou arriscar a m inha vida
ou a dela pensando aqui com você.

Levante-se.

Bart olhou de volta para Slade.

– Sou hum ano e eles não vão m e m achucar. Vão cham ar um a


am bulância para m im .

– Você vai m orrer, m as não tenho tem po para discutir. Você foi
avisado. Eu tentei e isso é tudo o que posso fazer por você. – Slade
se virou e segurou o rosto de Trisha em sua m ão grande,
obrigando-a a olhar para ele. Seu olhar intenso encontrou o dela. –
Precisam os ir rápido e aum entar a distância entre nós e eles.
Você está m ancando e vou levá-la nas m inhas costas. Eu te levaria
na m inha frente, nos braços, m as o terreno é m uito acidentado e
preciso que m inhas m ãos fiquem livres. Não discuta com igo,
doutora. Eles estão chegando. Nós vam os m orrer se ficarm os
aqui.

Trisha teve que concordar. Ela não tinha nenhum a dúvida de que
aqueles hom ens eram perigosos.

– Ok.

Slade virou as costas para ela e se agachou. Ele virou a cabeça


para olhar para ela e abriu os braços ao lado do corpo.

– Suba.

Ela não m ontava nas costas de ninguém desde que era pequena,
m as não hesitou em subir nas costas de Slade. Ela colocou os
braços frouxam ente ao redor do pescoço dele, assegurando-se de
que não iria sufocá-lo, e ele segurou suas coxas contra o quadril
dele ao se levantar. Trisha olhou para Bart no chão.

– Venha com a gente. Por favor.

– Eles não vão m e m achucar. Vou ligar para Hom eland quando
chegar a um hospital. Vou contar a eles o que houve e eles vão
enviar aj uda a vocês.

– Últim a chance – rosnou Slade ao se afastar da SUV. – Siga-nos


ou m orra.

Ele saiu andando rapidam ente por entre as densas árvores, sem
esperar por um a resposta de Bart. Trisha segurou-se firm e.

CAPÍTULO Q UATRO

Slade aj eitou Trisha. Ela estava com os braços em volta dos om


bros dele, tentando segurar o próprio peso e não escorregar pelas
costas dele. Ele a havia erguido m ais, passando os braços por
baixo dos j oelhos dela e entrelaçando um a m ão na outra na altura
da cintura.

– Pode m e descer, consigo andar. Meu j oelho não está tão ruim
assim .

– Eu te aguento. Quero andar m ais um quilôm etro antes de o sol


se pôr com pletam ente. Vam os continuar nos m ovim entado
enquanto houver luz, senão eles podem nos encontrar.

O céu se enchia de raios cor-de-rosa acim a deles enquanto o sol se


punha. O

vento batia e soprava um ar fresco neles por trás. Trisha sentia frio
nas costas, m as na frente estava quentinha, pressionada contra
Slade. Seus braços doíam de segurar nele e ela tentava ignorar os
m úsculos doloridos entre as coxas. Ela não estava acostum ada a
ficar agarrada a algo por m uito tem po.

– Você deve estar ficando cansado, Slade. Vam os lá, m e ponha no


chão. Sou pesada. Sei que você é forte, m as isso j á é dem ais.
Você disse que j á andam os por alguns quilôm etros, dim inua o
ritm o, pelo m enos. Você vai ficar esgotado.

– Cale a boca – ordenou ele. – Estou tentando m e concentrar,


dizendo a m im m esm o que você não está aí. Você estraga tudo
toda vez que fala.

– Obrigada.

– Isso não foi um insulto, m as você tam bém não é leve com o um a
plum a.

Estou tentando esquecer que você está aí para convencer m eu


cérebro de que m eus m úsculos não estão doendo.

Ela m ordeu o lábio.

– Desculpe.
– Cale a boca – suspirou ele.

Ela procurou não falar enquanto lançava um olhar ao redor. Slade


cam inhava bem e, com aquelas longas pernas, andava m ais rápido
do que ela poderia correr.

Ele só dim inuía o ritm o quando eles tinham que fazer algum a
subida ou quando ele precisava atravessar um tronco caído.
Tiveram que fazer isso duas vezes.

BUM!

Pausa.

BUM! BUM!

– O que foi isso? – O coração de Trisha disparou.

Slade parou, inclinou a cabeça num pequeno ângulo e ficou tenso.

– Eles devem ter encontrado Bart.

– Eram barulhos de tiro, né?

– Três tiros. É. – Slade com eçou a andar novam ente. – Acho que
no fim das contas eles não se im portaram se ele era um hum ano
puro ou não.

Trisha não conseguia conter as lágrim as que brotavam em seus


olhos. Aqueles

hom ens não teriam atirado em algo se não tivessem intenção de m


atar. Bart tinha certeza de que eles se im portariam com o fato de
ele não ser um a Nova Espécie.

Ele era apenas um j ovem assustado que não m erecia m orrer.

– Não chore por ele, doutora – rosnou Slade. – Sei que é difícil, m
as prim eiro sobreviva, fique de luto depois. Você não pode fazer
nada por ele agora.

Ela lutou contra a vontade de chorar, sabendo que Slade tinha


razão. Eles dois tam bém m orreriam se aqueles hom ens os
alcançassem . Slade andava m ais rápido e Trisha se agarrava m
ais firm e nele, enquanto a escuridão caía lentam ente. Em alguns m
om entos, Slade desacelerava, m as continuava andando.

– Com o você consegue enxergar?

Ele agora respirava com dificuldade.

– Minha visão noturna é m elhor que a sua. Não estou enxergando


m uito bem , m as ainda não trom bei em nada.

– Você precisa descansar.

Slade soltou um palavrão baixinho ao parar. Seus braços saíram


debaixo dos j oelhos dela. Trisha gem eu quando ele a desceu até
seus pés tocarem o chão.

Seus j oelhos seguraram seu peso e ela se soltou dele, m as ficou


um pouco instável. Estava tão escuro que ela não conseguia nem
vê-lo. Ela pulou quando as m ãos dele tocaram seu quadril.

– Venha por aqui, vou te guiar. Vam os deitar para descansar um


pouco. Pode ser que eles ainda estej am nos procurando se tiverem
lanternas, m as isso j á vai dificultar bastante as coisas para eles.
Tam bém subi em rochas o m áxim o que pude para esconder
nossos rastros, e eles não tinham cães de caça. Além disso, estam
os a favor do vento, e com isso fica m ais difícil de eles nos farej
arem ; é por isso que o vento ficou batendo em nossas costas.

Ele a aj udou a se apoiar no chão, e ela se sentou na gram a m acia.


Ela se m exeu e bateu em algo duro e áspero com o cotovelo.

– Eles não conseguem sentir nosso cheiro, Slade. As Novas


Espécies têm essa capacidade, m as os hum anos não.
– Sem pre m e esqueço disso. – Ele fez um a pausa. – Isso ao seu
lado é um a pequena árvore, cuidado para não bater nela.

– Obrigada. Mal enxergo um palm o à m inha frente. – Trisha olhou


para o céu.

– Não vej o nem a lua.

– É por causa das folhagens. As árvores são densas nesta área,


isso é bom para nós.

– Será que não devíam os ir para o outro lado e tentar encontrar a


estrada?

– Não. – Slade se m oveu, tocando-a. Seus dedos encostaram nos


seios dela e ele tirou a m ão no m esm o instante. – Desculpe. Me
dê a m ala.

Trisha a entregou sem enxergar nada na direção em que ela achava


que ele estava. O peso da m ala dim inuiu e ela a soltou, sabendo
que ele a pegara. Ela ouviu o zíper abrir antes de Slade pressionar
algo contra seu braço.

– É tudo o que tem os, então dê apenas um gole. Espero que logo
encontrem os água.

Trisha tateou a garrafa, tirou a tam pa e deu um gole para aliviar sua
garganta seca. Ela deu m ais um pequeno gole antes de colocar a
tam pa de volta.

– Obrigada. Aqui está.

A m ão dele roçou na dela ao pegar a garrafa. Ela o ouviu tom ar um


pouco da água.

– Por que não devem os procurar a estrada?

– Pode ser que tenha m ais gente nos procurando. Eles podem
estar dirigindo pelas estradas, esperando aparecerm os. É o que eu
faria se estivesse caçando alguém . Perdidos, estam os m ais
seguros. Todos os nossos veículos têm sistem as de rastream ento,
pode dem orar um pouco para o m eu povo localizar o sinal, j á que
não tinha nem sinal de celular aqui, m as eles saberão onde
procurar. Justice sabia nossa rota, ele j á deve ter percebido que
aconteceu algum a coisa, porque deveríam os ter chegado antes de
escurecer. Deve ter tentado m e ligar e, com o não atendi, concluído
que estam os em apuros. Vam os ficar aqui. Tom ara que m eu povo
nos encontre antes daqueles hum anos.

– Acha que am anhã seu povo nos encontrará?

Slade hesitou.

– Não sei, doutora.

– Eu tenho um nom e, sabe. É Trisha. Será que você m orreria se o


dissesse?

Silêncio.

– Eu não m orreria.

Trisha respirou fundo. Teve um dia infernal, estava indisposta, seu


corpo doía e a fom e apertava seu estôm ago. Seu nível de
frustração aum entou.

– Mas você não vai dizer, vai? Por que se esforça tanto para tentar
m e irritar?

O que foi que eu te fiz?

Longos m inutos de silêncio se passaram . Trisha chacoalhou a


cabeça, achando que ele não ia responder. Um a m ão tocou em
seu braço e ela pulou, assustada.

Não esperava aquilo de j eito nenhum .


– Vam os nos deitar. Devem os dorm ir por algum as horas enquanto
podem os.

– E se eles nos encontrarem ? Vam os revezar o sono para que um


de nós fique vigiando?

– Não, nós estam os contra o vento, eu sentiria o cheiro deles antes


de chegarem até nós. Vou m e deitar ao seu lado. Pode m e usar de
travesseiro, doutora, você precisa do calor do m eu corpo para se m
anter aquecida.

– Não, obrigada.

Ela o ouviu ou bufar, ou rir, m as não tinha certeza do que era.

– Está esfriando bastante e o chão é duro, doutora. Quando se


cansar dos dois, pode se enrolar em m im . Boa noite.

Ele tirou a m ão de Trisha e se esticou ao lado dela, seu corpo se


encostava em um a parte da coxa dela. A visão dela se aj ustou um
pouco, até que ela conseguiu enxergar a form a dele no chão. O
vento soprava m ais gelado com o passar do tem po. Trisha se aj
eitou, se afastando alguns centím etros de Slade. Ela se virou de
lado e usou o próprio braço com o travesseiro. A fom e e exaustão a
incom odavam . De repente, outro problem a surgiu.

– Slade?

– O quê?

– Preciso ir ao banheiro.

Ele suspirou.

– Está bem . – Ele se sentou. – Me dê sua m ão, vou te levar para m


ais longe, na

direção do vento.
– Por quê?

Ele hesitou.

– Não quero sentir cheiro de urina. E realm ente não quero ficar a
favor do vento se você tiver que fazer outra coisa.

– Ah – corou ela. Nunca pensaria nisso.

Ele gentilm ente pôs Trisha de pé e ela o seguiu. Ele cam inhou por
cerca de vinte m etros antes de parar.

– Pode fazer aqui. Vou estar a uns quinze m etros de distância.


Acho que tam bém vou fazer enquanto isso.

– Com o eu sei que você não vai ficar olhando?

Ele riu.

– Sou perverso, m as isso é dem ais para m im , doutora. Vou voltar


bem rápido, então se apresse.

Já fazia quinze anos desde a últim a vez que Trisha acam para. Ela
desabotoou a calça e deixou-a cair. Não enxergar por causa da
escuridão atrapalhava. Ela rezou para que Slade realm ente não
estivesse em algum lugar em que pudesse vê-la. Ela ouviu algo
vagam ente e sorriu. Ela o invej ava por ser hom em naquele m om
ento. Ela rapidam ente term inou e aj eitou a roupa. Andou alguns m
etros e esperou.

– Espero que você não se lim pe com a m ão – ele rosnou baixinho


– Me diga agora se você fez isso, para eu não pegar nessa m ão.

– Não fiz – suspirou Trisha. – Você é doente, alguém j á te disse


isso? Quem faria isso?

Ele riu.
– Não sei, m as eu queria ter certeza. – Ele apertou a m ão dela e a
levou até o local de descanso. – Boa noite, doutora.

– Pare de m e cham ar assim . É Trisha. Por que você não diz m eu


nom e? O que eu te fiz para você não gostar de m im ?

Silêncio.

A raiva se fez sentir.

– Vou continuar falando se você não m e responder. Achei que você


quisesse dorm ir um pouco.

– Você não ousaria fazer isso. Salvei sua vida hoj e te carregando
por quilôm etros nas m inhas costas.

– Eu ousaria sim . Me diga o que fiz para não m erecer nem m esm
o que você diga m eu nom e. Quero um a resposta. Você não tem
ideia de com o isso é irritante. Vou com eçar a te cham ar de 215 se
você não parar com isso ou pelo m enos m e explicar por que sente
necessidade de m e deixar brava.

Um rosnado rasgou o silêncio da noite. Trisha soube no m esm o


instante que tinha ido longe dem ais. Soubera disso no segundo em
que as palavras passaram por seus lábios, m as era tarde dem ais
para retirá-las. Havia lido em algum lugar que todos os Novas
Espécies odiavam ser cham adas pelos núm eros de registro.

Ela não queria insultá-lo, só achava que aquilo o irritaria do m esm o


j eito que ele fazia com ela ao cham á-la de qualquer coisa m enos
pelo nom e.

– Desculpe, não quis te chatear. – Sua voz se suavizou. – Eu só


quero saber por

que você se recusa a dizer o m eu nom e.

A dor perfurou Slade com a lem brança do passado, seguida por


raiva. Era assim que ela o via toda vez que olhava para ele? Com o
um a vítim a? Com o a criatura m eio hum ana, m eio selvagem que
ele foi ao acordar no quarto de hospital, achando que ela era nova
no centro de testes e tola o bastante para rem over as am arras
dele? Norm alm ente, se tivesse a oportunidade, ele teria m atado a
pessoa instantaneam ente se fosse um hom em , m as ela era um a
m ulher.

Ele nunca m ataria um a m ulher. Em vez disso, ele a agarrou.


Mesm o que estivesse m eio fora de si, não queria m atá-la. Assim
que ele prendeu o corpo dela sob o dele, o cheiro dela penetrou seu
nariz, ele olhou para aqueles olhos incríveis, aqueles lábios
carnudos, e seu corpo rugiu para a vida. Ele a queria m ais do que
qualquer m ulher que j á havia tocado.

Ele queria m antê-la ali o m áxim o de tem po possível, aproveitar


cada pedacinho dela e fazê-la queim ar com a paixão que ele sentia.
Teria ficado dias sem com ida ou água, apenas para conhecer o
corpo dela. Para possuir algo tão m aravilhoso e proibido. Qualquer
punição teria valido a pena para dar prazer a am bos até que não
pudessem m ais se m over. Então, e só então, ele a libertaria de
seus braços. A lem brança do tem po que passaram j untos poderia
durar anos para eles quando sua m ente am eaçasse se afastar da
dor e da agonia que ele sofria com frequência.

É claro que não saiu com o ele planej ara. Ficou em choque quando
m ais hum anos entraram correndo no quarto para segurá-lo, seus
reflexos ficaram lentos com as drogas em seu sistem a e ele
acordou descobrindo que seu m undo havia m udado para sem pre.
Ele j á não estava trancado em sua cela, nem acorrentado a um a
parede, e os cheiros ao seu redor lhe asseguraram que nada era
fam iliar. Eles o deixaram am arrado, m as ele entendeu por que isso
havia sido necessário. Ele não os teria atacado, m as teria tentado
fugir.

Quatro m ulheres de uniform e encostadas à parede do quarto do


hospital inform aram -no de que ele tinha sido resgatado e seu povo,
libertado, e lentam ente explicaram que ele precisava se acalm ar.
Tinham lhe m ostrado, em um a pequena m áquina, vídeos de
outros de seu povo, cenas gravadas do resgate, e j uraram que
nenhum dano se abateria sobre ele. Levou tem po para entender
que eles estavam dizendo a verdade. O choque o deixou cam
baleante. As m ulheres não iriam lhe fazer m al, não trabalhavam
para a Mercile e aquela vida não existia m ais.

Ele foi transferido do hospital para um m otel rem oto no deserto


com dezenas de indivíduos de seu povo. Todas as oficiais m ilitares
m ulheres haviam sido designadas para protegê-los naquele local
seguro. Os hum anos haviam rapidam ente notado que Novas
Espécies m achos não atacariam m ulheres hum anas, e usaram
isso com o form a de assegurar que não se sentiam am eaçados.
Funcionou. As m ulheres sequer portavam arm as, a não ser pelas
que patrulhavam o perím etro para m anter os hum anos distantes.

O governo dos EUA lhes prom eteu um lugar próprio, onde seu povo
poderia viver a salvo da im prensa e dos hum anos que os viam com
o um a am eaça. Eles leriam livros, veriam TV e conversariam com
hum anos, que responderiam a

todas as suas perguntas. Os m eses transcorridos no deserto, à


espera de que a construção term inasse, os acalm ou e garantiu que
eles tinham direitos hum anos, e sua nova vida com eçara em Hom
eland. Ele deixou de ser um a cobaia e se tornou um hom em . A
doutora, obviam ente, não concordava. Para ela, ele sem pre seria o
215.

Aquilo doeu. Tudo o que ele queria era que ela o visse com o um
parceiro sexual, um sem elhante, e ele estragou tudo para sem pre
quando a insultou ao não reconhecê-la quando se viram novam
ente. Ela obviam ente não tinha perdão em seu coração. A dor
rapidam ente se transform ou em raiva. Ela que se dane. Se algum
homem merece alguma folga, sou eu.
A lem brança de tocá-la, sentir o gosto de sua pele e o cheiro de sua
excitação passou rapidam ente por sua m ente. Ela podia não vê-lo
com o hom em , m as seu corpo podia ser persuadido de outra m
aneira. Luxúria e desej o o atingiram com força. Talvez ela só
precisasse aprender, sem sua m ente estragando toda a verdade.
Ele se m exeu antes que pudesse desistir daquela ideia louca.

Duas m ãos agarraram os om bros de Trisha de repente. Slade a


colocou de costas no chão e, em um instante, estava em cim a dela.
Trisha lutou, m as não conseguia tirá-lo de cim a. Ele a prendeu com
o corpo. Ela abriu a boca, m as a m ão dele a tapou.

– Vai gritar e deixar aqueles assassinos saberem onde estam os? O


som pode ir para bem longe.

Ela queria gritar com ele. Balançou a cabeça contra a palm a da m


ão dele. A m ão a soltou no m esm o instante. Trisha em purrou
Slade.

– Saia de cim a de m im agora – sussurrou ela.

– Quer saber por que não digo seu nom e, Trisha? – Ele falava
baixinho, quase sussurrando.

Ela engoliu em seco, surpresa por ele finalm ente pronunciar seu
nom e.

– Por quê?

– Porque te irrita do j eito que você m e irrita. Acho que é j usto se


eu te aborrecer o tanto quanto você m e aborrece.

– Com o eu te irrito? É você quem sem pre faz algum com entário
engraçadinho e constantem ente faz com entários sexuais
grosseiros.

– É você que eu tenho tanta vontade de foder que até dói. – Ele
rosnou para ela. – Isso é m ais irritante do que m e ouvir falando
besteiras, doutora, acredite em m im . Eu não deixo você tão dura a
ponto de achar que a calça vai arrebentar.

Você faz isso com igo.

Aquilo a deixou sem palavras. Ela j am ais esperara aquela resposta


dele. De todas as coisas que ele podia ter dito, aquela nem estaria
em sua lista.

Para ela, ele devia odiar qualquer tipo de m édico, com aquele
passado traum ático. Ela tam bém achava que ele poderia vê-la com
o um a esnobe, pois as

pessoas sem pre a acusavam de ser m uito reservada. Não era sua
intenção, ela só não sabia com o se relacionar com as pessoas.

– Não vai dizer nada agora, doutora?

Ela não sabia o que dizer.

Slade rosnou.

– Você é um a vaca fria. Às vezes m e pergunto se você nunca se


aquece. – Ele fez um a pausa. – Será que de vez em quando você
esquenta um pouco?

– Não sou fria.

– Sério? Você m e engana o tem po todo.

– Não é j usto você dizer isso. Você não m e conhece de verdade.


Mal nos falam os, a não ser que sej a para insultar um ao outro ou
dizer algo grosseiro.

– Hum m m . – Ele se m exeu. – Se aqueça para m im , doutora.

Trisha suspirou quando Slade arqueou a barriga para longe de seu


corpo. A m ão dele deslizou entre eles e agarrou sua cam isa. Ela
tentou segurá-la, m as Slade foi m ais rápido. Ele puxou tudo para
cim a, até seu pescoço, e afastou suas m ãos frenéticas. Ele
enganchou o dedo na borda do boj o de seu sutiã e o puxou.

O seio de Trisha ficou livre no ar frio, que atingiu sua pele.

– Bom – rosnou Slade, antes de levar a boca para baixo.

Trisha em purrava o peito largo de Slade freneticam ente, até que a


boca dele se fechou em seu m am ilo endurecido. Ela ofegou com a
sensação chocante dos lábios quentes e m olhados e da língua
áspera quando Slade chupou delicadam ente a ponta de seu seio.
Ele rosnou, causando vibrações. Trisha congelou, cessando seus
esforços. Era um a sensação erótica, algo que ela nunca havia
experim entado antes, e em seguida Slade com eçou a chupá-la
dando puxões fortes com a boca.

A barriga de Trisha trem eu e ela não conseguiu conter o gem ido


que saiu por entre seus lábios. A sensação do que ele fazia com ela
era incrível. Ela arqueou o peito para cim a, contra o rosto dele, para
lhe dar m elhor acesso, e ao m esm o tem po percebeu que não o
em purrava m ais. Em vez disso, seus dedos agarraram o tecido do
uniform e da ONE para m antê-lo m ais próxim o.

Slade sugava m ais forte e os dentes dele se esfregavam em seu m


am ilo sensível. Trisha gem eu m ais alto. Ela encontrou o cabelo
dele e enterrou os dedos, segurando a cabeça no lugar. Seu
coração disparou e ela sabia que seu corpo respondia de um a form
a chocante enquanto o desej o quase a queim ava viva.

Slade colocou a outra m ão em sua coxa quando levantou o corpo e


deixou um pouco de espaço entre eles. Ele a em purrou para abrir m
ais suas pernas. Ela ofegava enquanto ele colocava a m ão em
concha entre suas pernas, debaixo dele. Ele pressionou o polegar
contra o centro de suas calças e esfregou-o firm em ente bem sobre
seu clitóris. Ela reagiu de im ediato, enquanto a sensação se
rasgava através de seu corpo.

– Isso – ela gem eu.


Slade congelou, todo o seu corpo se endureceu sobre o dela. Ele
tirou a m ão do sexo dela no m esm o instante em que tirou a boca
do seio dela. O ar frio batia no m am ilo nu e m olhado enquanto ele
se afastava. Os olhos de Trisha se abriram e ela tentou vê-lo no
escuro, m as ele era apenas um a som bra escura sobre ela.

– Você esquenta sim – m urm urou ele tão baixo que ela quase não
o ouviu.

– Slade? – Sua voz saiu trêm ula e ofegante.

Ele proferiu um palavrão e rolou para longe de Trisha. Sua form a


escura se levantou. Ela deu um im pulso para cim a, se retraindo
com a dor repentina que atravessou seu om bro. Em choque, ela
observou o esboço dele desaparecendo conform e ele se afastava
dela. Ela quase se esqueceu do seio descoberto e estendeu o braço
para arrum ar o sutiã. Ela puxou a cam isa para baixo para cobri-lo.

– Eu j á volto – declarou ele num tom áspero. – Vou ver se não há


ninguém perto de nós.

– Mas…

Trisha fechou a boca. Ela trem ia e seu corpo doía. Aquele filho da
puta. A raiva j orrava dentro dela. Ele havia propositadam ente a
excitado e ido em bora, deixando-a sozinha para lidar com a rej
eição. Era exatam ente isso. Ela praticam ente im plorara para que
ele a possuísse. Ela pode não ter dito as palavras, m as seu corpo
falou por ela.

– Desgraçado – xingou ela.

Trisha se deitou. Seu corpo form igava em todos os lugares errados.


Seus seios pareciam incrivelm ente pesados, e o que ele havia
tocado estava tão sensível que o sutiã quase o fazia doer. Ela
cerrou os dentes. Trocaria de calcinha se tivesse outra, pois a que
estava usando estava encharcada. Ela se virou de lado e levantou
os j oelhos, se enrolando com o um a bola.
Aquele desgraçado! , ela gritou silenciosam ente. Ele a excitara só
para ver se era capaz.

Tentou encontrar um a posição confortável no chão duro e frio. Ela


deveria ter m exido nas roupas que ficaram espalhadas com o
capotam ento da SUV para encontrar um a blusa de m anga com
prida, m as de dia havia feito calor. Ela estrem eceu e se encolheu
m ais. Parecia que um a eternidade se passou e Slade não voltava.

Eventualm ente, o m edo se instalou. Será que ele me abandonou


aqui?

Aconteceu alguma coisa com ele? Será que aqueles homens o


encontraram?

Lágrim as brotaram em seus olhos, m as ela as conteve, piscando


rapidam ente para isso. Com a minha sorte, ele vai voltar bem
quando eu estiver chorando.

Ele odiava lágrim as. Ela o vira reagir à dor de Bart e podia im
aginar que a m aioria dos Novas Espécies não tinha m uita
paciência com fraqueza. Eles haviam tido vidas m uito duras, e
durante os anos que haviam sofrido em cativeiro lhes fora incutido
que fraqueza era algo ruim . Ela apostava sua vida que Slade nunca
chorava.

CAPÍTULO CINCO

Slade observava o acam pam ento com um ar soturno. Os hum


anos estavam m ais perto do que ele queria, m as longe o suficiente
para assegurá-lo de que eles não os pegariam tão cedo. Ele m
anteria o passo durante a noite, m as Trisha não era um a Nova
Espécie. Ela precisaria descansar, por causa de seu corpo hum ano
m ais fraco.

Ela não reclam ou, m as ele notou sua fadiga. Tinha que adm itir
que sentiu um certo orgulho por ela ter lidado tão bem com aquela
situação de estresse.
Hum anos não eram m uito valentes, m as ela foi coraj osa. Isso o
fez querê-la ainda m ais.

Seu pênis finalm ente am oleceu o suficiente para ele se m over


sem dor. Seus dentes cerraram . Ele quase a possuíra ali, na terra.
Teria se tornado o anim al que ela provavelm ente acreditava que
ele era se a tivesse fodido no chão, com o se ela tam bém fosse um
anim al.

O gosto do beij o doce dela e a sensação daquelas curvas m acias


contra seu corpo quase o levaram à insanidade. Ela m erecia m ais
do que um a transa rápida no chão. Ele podia ser parte anim al, m
as ela não era. As m ulheres hum anas esperavam certas coisas
dos hom ens. Um a cam a m acia, um am biente rom ântico e talvez
velas. Ele se daria m uito m al se perm itisse que seus instintos e
desej os o levassem a fazer algo do qual se arrependeria depois.

Precisava se m anter em controle até que estivessem salvos.


Quando retornassem a Hom eland, ele seduziria Trisha em um a
cam a, dentro de um a casa, num local seguro, onde o perigo não
estivesse à espreita. Ele não teria pressa, a despiria lentam ente e
exploraria cada centím etro dela até que o desej o dela ficasse tão
intenso quanto o dele. E então ele faria am or com ela.

Delicadam ente, faria seu m elhor para fingir que podia ser m ais
hum ano do que realm ente era, pelo bem dela.

Ele farej ou o ar, o cheiro de fum aça quase o fez espirrar e ele se
afastou lentam ente daquela área. Deixara Trisha sozinha por m ais
tem po do que pretendia. Ele precisava se certificar de que tinha seu
desej o sob controle antes de tocá-la novam ente. Caso contrário,
todas as suas boas intenções seriam esquecidas.

Ele foi um babaca quando o corpo dela se enrolou no dele.


Contenção não era sua m elhor qualidade, m as ele tentaria por ela.
Ela m erecia um hom em que pudesse respeitar suas necessidades
hum anas, ou sej a, um a cam a para fazer sexo e o m om ento
apropriado para isso.
Eles teriam que ir em bora antes de o sol nascer. Ele achava
inaceitável que Trisha estivesse em perigo. Justice j á devia ter
enviado tim es para procurá-los.

Os hum anos talvez tivessem que esperar o sol raiar para m ontar
um a m issão de resgate, m as as Novas Espécies j á estavam atrás
deles. Ele sabia disso tão bem

quanto sabia reconhecer o perfum e fem inino tentador que o levou


direto de volta a Trisha.

Ele viu a silhueta dela encolhida no chão e precisou abafar o


rosnado que saiu de sua garganta, pois se aborreceu ao ver o frio
que ela estava sentindo. Ele a havia deixado sozinha por m uito tem
po. Será que ele podia fazer algum a coisa direito quando se tratava
dela? Parecia que não. Seus passos se aceleraram com sua
necessidade de aquecê-la e garantir que ela sobrevivesse à m
adrugada.

Acalme-se, ele ordenou a seu corpo. Aja naturalmente para não


assustá-la.

Algo farfalhou, um barulho parecido com folhas secas se m exendo.


Trisha ficou tensa, m as não se m oveu. Ela ouvia apenas o vento
batendo nas árvores acim a dela. Seu m edo cresceu quando ela viu
que algo se m ovia em sua direção.

Era grande, do tam anho de um hom em , e se aproxim ava m ais.

– Estam os bem – Slade anunciou delicadam ente enquanto se


acom odava ao lado dela.

Ela teve vontade de chorar por ele ter voltado, grata por ele retornar
em segurança e por não tê-la abandonado. Ela engoliu um soluço e
piscou com força para segurar as lágrim as que nadavam em seus
olhos. Slade se deitou de costas ao lado dela, a apenas alguns
centím etros de distância, e respirou fundo.
– Se enrole em m im – exigiu ele. – Está frio.

Trisha não falou nada, com m edo de que sua voz entregasse que
ela estava em ocionada. Apenas se deitou ao lado dele, ouvindo sua
respiração.

– Está bem . Fique aí. – Pelo tom de voz, ele parecia aborrecido. –
Boa noite.

Minutos se passaram , até que ela ouviu a respiração dele m udar e


ficar m ais lenta, e ela im aginou que ele provavelm ente adorm
ecera. Ela esperou m ais alguns m inutos para ter certeza e se m
oveu um pouco para a frente, dim inuindo a distância. Suas m ãos
estavam entrelaçadas atrás da cabeça para form ar um travesseiro.
Ela pressionou o corpo contra o dele, com o rosto de frente para ele.

Descansou a cabeça em seu braço m usculoso.

Ele estava bem quente. Ela estrem eceu, e chegou m ais perto dele
até que seu corpo se pressionou com firm eza contra o dele. Ela
colocou a m ão na barriga dele. De repente, o corpo em que ela se
encostava ficou tenso. Trisha congelou, seu coração bateu forte. A
respiração dele havia m udado.

– Com frio, doutora?

Ela hesitou.

– Estou congelando.

Ele suspirou.

– Entende o que quis dizer sobre com o você é irritante? – Ele


abaixou um de seus braços e sua m ão se fechou sobre a de Trisha
em sua barriga. Depois em purrou-a m ais para baixo. A palm a dela
acabou sobre um volum e. – Sente isso?

Trisha tentou puxar a m ão para longe da calça, m as a dele, que a


segurava, a im pediu de fazer isso. Ele apertou a palm a dela m ais
forte contra ele.

– Quer se m anter aquecida, doutora?

Ela cerrou os dentes.

– Quer soltar m inha m ão?

– Me esfregue.

– Vá se foder.

Ele riu.

– Eu deixaria você fazer isso, docinho. Há alguns problem as sobre


isso.

Prim eiro, você faz barulho. Não posso deixar que você grite
enquanto te com o, j á que estam os sendo caçados. Você os faria
descobrir onde estam os. O segundo problem a é que, se você quer
se encostar em m im e ficar quentinha enquanto dorm e, vou querer
dorm ir tam bém , m as não vou conseguir, j á que você m e deixa
tão duro que daria até para m edir m eu pulso.

– Cuzão.

– Há essa opção – riu ele. – Acho que não seria bom , doutora.
Prefiro ouvir você gritar de prazer do que de dor. Mas isso quer dizer
que ainda assim haveria gritaria e você entregaria nossa
localização.

A ficha do que ele quis dizer caiu. A boca dela abriu.

– Você… você…

– Não é daquelas que curtem a porta dos fundos, né? Que bom que
encontram os algo sobre o qual concordam os, eu tam bém não
curto. Hum anos m e garantiram que é m ais apertado, m as sou um
cara que curte boceta. Agora, ou m e esfregue ou se afaste.
– Solte a m inha m ão.

Ele não o fez. Em vez disso, apertou-a contra ele.

– Viu? Não é ruim , né? Eu diria que não é nenhum a dureza, m as


nesse caso é sim , doutora.

A fúria atingiu Trisha.

– Está bem . Quer que eu cuide do seu problem a, Slade?

Ele hesitou.

– Se você m e m achucar, doutora… Bem , te aconselho a não fazer


isso. Eu te m achucaria de volta. – Sua m ão soltou a dela e se
afastou.

Trisha pôs a m ão firm em ente sobre o contorno de seu pau grosso


e duro, preso dentro de suas calças. O com prim ento e a
circunferência eram im pressionantes.

Ela se m oveu para se sentar e esticou as m ãos, às cegas, até a


frente da calça dele. O corpo dele ficou tenso.

– O que está fazendo, doutora?

– Você queria ser tocado, certo? Bem , é o que vou fazer, Slade.
Preciso abrir sua calça para isso.

– Deixa com igo – m urm urou ele baixinho. O tom de divertim ento
desaparecera de sua voz.

Trisha levantou as m ãos. Slade se m exeu e ela ouviu um barulho


de zíper. Ela m al conseguia distinguir sua silhueta. Ele levantou os
quadris e abaixou as calças até o m eio da coxa. Trisha não estava
enxergando m uito, m as sabia que Slade libertara seu pau da calça.

Ela fitou, tentando vê-lo. Mal podia ver algum a coisa, m as pelo j
eito ele não tinha nada do que se envergonhar, isso era certo. Não
havia com o não saber o que era aquela silhueta ereta e orgulhosa.
Ele era longo e grosso, do j eito que parecia dentro da calça. Ela
hesitou, a ideia daquilo dentro dela se eles transassem a assustou
um pouco. Ele era m aior do que qualquer um com quem ela j á
estivera. O núm ero de am antes que j á tivera não era im
pressionante, eram

poucos, m as nenhum deles se com parava a ele.

– Doutora? Devem os dorm ir um pouco antes de seguirm os em


frente. – Sua voz saía num rosnado suave. – Vou fechar a calça. Eu
não devia ter feito isso, desculpe. Estou sendo um cretino. Eu
estava m eio adorm ecido e só um pouco cansado.

As m ãos de Trisha trem iam um pouco enquanto ela se m ovia para


a frente.

Um a de suas m ãos se enrolou em volta do pau de Slade antes que


ele pudesse cobri-lo. Ela o ouviu tom ar ar. Ele estava bem duro e
quente. Sua pele era m acia com o veludo, envolta em um a
espessura dura com o aço. Ela deixou que seus dedos e sua palm a
o explorassem . A respiração de Slade aum entou.

– Isso é tão bom – gem eu ele.

A raiva de Trisha desceu pelo ralo. Ele a excitava. Ela odiava isso,
m as era verdade. Gostou de tocá-lo. Mordeu o lábio e enrolou a
outra m ão na base do pau de Slade. Ele m exeu as pernas,
tentando abri-las m ais para que ela o explorasse.

Ele falou um palavrão baixinho quando viu que suas calças am


ontoadas em suas coxas não perm itiam isso.

– Isso é bom , doutora.

– Trisha – ordenou ela baixinho. – Me cham e pelo m eu nom e ou


eu paro. – Ela agarrou o m em bro com m ais firm eza, m ovendo a
m ão até a cabeça do pau para acariciá-la com os dedos.
– Trisha – gem eu ele. – Isso é tão bom .

– Queria ter um pouco de óleo agora.

– Eu tam bém , doutora.

Ela tirou as m ãos dele.

– Meu nom e é Trisha. Use-o.

Slade se sentou.

– Quer que eu use seu nom e?

– Sim , quero.

– Está bem – ele se afastou, abaixou as calças até os tornozelos e


avançou na direção dela.

Trisha arfou quando ele a agarrou. Ele a puxou e colocou-a de j


oelhos, enquanto se colocava na m esm a posição. Suas m ãos
soltaram os braços dela, agarrou-a pela cintura e levantou-a,
virando-a para o outro lado.

– O que você está fazendo? – A excitação se m esclou com um


pouco de m edo, m as ela não protestou.

– Coloque as pernas entre as m inhas – rosnou ele em tom áspero,


abrindo suas coxas nuas para abrir espaço para ela.

Trisha virou a cabeça.

– Por quê?

– Apenas faça isso – m urm urou ele. – Agora, Trisha.

O coração dela com eçou a bater forte. Ela tinha um a ideia do que
ele faria.
Ele estava de j oelhos e havia deixado-a de costas para ele. Ela se
m exeu e encaixou as duas pernas entre as dele, que estavam
afastadas. Seus pés se enroscaram na calça dele, que ele baixara
até o tornozelo, m as ela os levantou e passou-os por cim a dela.
Ele tirou um a das m ãos da cintura dela e deslizou a outra pela
frente do corpo dela. Ela ficou tensa e sua respiração aum entou

enquanto ele desabotoava as calças dela. Ele pressionou o peito


contra as costas dela e abaixou a cabeça até que ela pudesse sentir
a respiração dele em sua orelha.

– Eu vou te foder, Trisha – ele rosnou ao afirm ar isso. – Vou


afundar tanto na sua boceta que você ficará com vontade de gritar
m eu nom e, m as não vai poder.

Acha que consegue ficar em silêncio? – Ele puxou as calças dela


para baixo. Em seguida, puxou tam bém a calcinha até o m eio das
coxas dela, am ontoando-a com as calças.

A respiração de Trisha estava trêm ula. Ela queria Slade.

– Sim .

Ele fez outro som de rosnado. Um a de suas m ãos deslizou para


cim a da cam isa da m ulher e em purrou o boj o do sutiã para cim a.
Sua m ão agarrou o seio nu e o apertou suavem ente.

– Se curve para m im , Trisha. Vou te foder do j eito que eu queria


desde que te vi. Vou m eter tão fundo nessa sua bocetinha m olhada
que você não vai m ais saber onde eu term ino e você com eça.
Aposto que você é tão apertada que vai agarrar m eu pau e m e
fazer lutar para entrar em você.

Ela colocou as m ãos no chão. Nunca, j am ais passara pela sua


cabeça que um dia transaria com um hom em , de m adrugada na
floresta, de quatro. Mas ela tam bém j am ais pensara que iria
querer tanto alguém do j eito que queria Slade.
Seu corpo gritava para que ele adentrasse sua boceta e ela sabia
que não se decepcionaria com a sensação de estar envolta no pau
dele. Ele era tão grande que ficaria m esm o bem apertado.

A m ão dele apanhou firm em ente entre suas coxas, m assageando


seu clitóris e espalhando o calor úm ido de seu desej o. Ela gem ia
conform e ele a explorava do clitóris até o ânus. Ele colocou um
dedo lentam ente em sua boceta, dando-lhe um a sensação incrível
com aquele toque grosso sendo em purrado até o fundo, e Trisha
arqueava as costas enquanto o prazer se espalhava por ela.

– Tão m olhada, Trisha. E m uito apertada tam bém , com o eu sabia


que seria –

ele rosnou baixinho ao retirar o dedo e passá-lo pelo contorno dos


lábios vaginais dela, antes de se afastar.

– Slade? – Ela tem ia que ele m udasse de ideia e parasse, e seu


corpo doía.

– Não posso esperar, preciso m uito estar dentro de você, não vou
ficar te alargando m ais com m eu dedo. Sinto m uito, m as tenho
que te foder agora ou vou m orrer. – Ele pressionou a cabeça de seu
pau bem na entrada da abertura vaginal. Sua m ão esquerda largou
o seio dela e a agarrou pelo quadril com as duas m ãos. – Silêncio,
docinho. Fique bem quietinha. Vou tom ar cuidado, você é tão
apertada que tenho m edo de te m achucar e não quero isso.

Trisha m ordia o lábio enquanto Slade pressionava a ponta grossa


de seu pau contra a boceta. Ela quase ofegava, com tanta vontade
que até doía. O pau a penetrou lentam ente alguns centím etros,
depois m ais. Seu m em bro era largo, e o corpo dela se alargou
para acom odá-lo. Trisha queria m ais e se em purrou contra ele. Ele
agarrou seus quadris, m exeu o corpo para com binar com os m
ovim entos dela, m as não deixou que ela o fizesse ir m ais fundo.

– Slade – im plorou ela.


– Não se m exa – ordenou ele. Ele soltou um a das m ãos do quadril
dela e as

colocou em volta do peito dela. Ele a puxou para cim a e ela se


endireitou. Eles estavam de j oelhos e ela inclinou as costas firm em
ente contra o peito dele de novo. – Pronta, Trisha?

Ela abriu a boca para dizer que sim , m as a m ão que segurava seu
quadril se soltou dele e cobriu sua boca no m om ento em que ele m
eteu fundo e com força.

Trisha gritou em êxtase.

A m ão de Slade abafou o som . Seus quadris bom beavam rápido,


com força e profundam ente. Ele entrava e saía dela com um a
agitação tão selvagem que a levou à loucura. O prazer estava m uito
grande, quase insuportável, e ela soube que ia gozar. Ela o desej
ara por m uito tem po, sonhara sobre com o a realidade seria m
elhor que qualquer fantasia.

A m ão dele deslizou pelo corpo dela e m ergulhou entre as coxas.


Seus dedos encontraram o ponto m ágico, esfregando o clitóris dela
furiosam ente enquanto m etia na boceta dela m ais forte por trás.
Ela gritava contra a m ão dele, ofegando, e seus m úsculos vaginais
se apertaram em volta do m em bro grosso dele.

– Puta m erda – ele rosnou baixinho. – Incrível pra caram ba.

Trisha nem ligava que Slade ficasse com a m ão em sua boca,


contanto que não tapasse seu nariz. Na verdade, nem se im portava
se conseguiria respirar ou não naquele m om ento. Nada nunca fora
tão bom . A satisfação sexual foi se tornando m ais intensa conform
e Slade estocava m ais rápido dentro de seu corpo, com tanta força
que ela quase levantava do chão. Ela gritou ao atingir o orgasm o.

O interior dela enlouqueceu, com m úsculos se apertando e trem


endo. Ela gritou de novo quando a pressão aum entou em seu canal
vaginal extrem am ente sensível, enviando ainda m ais daquele
êxtase im pressionante por seu corpo. Slade m ordeu seu om bro de
repente e um som abafado e selvagem saiu de seus lábios, que
estavam selados na pele dela. O quadril dele espasm ava violentam
ente contra a bunda dela, batendo, até que tudo se aquietou, m
enos a respiração pesada deles. Trisha sentiu um calor percorrê-la
quando o sêm en quente a preencheu.

Slade abriu a boca, soltando o om bro de Trisha. Ela se sentia


quase sem ossos e não ligava que ele a tivesse m ordido. Não se im
portava com a dor naquela área.

Não doía m uito, apenas latej ava suavem ente.

Ela se concentrou m ais no calor que continuava encharcando sua


boceta, vindo de Slade. Ele continuara a ej acular enquanto os m
úsculos dela se apertavam em volta de seu pau ainda duro,
enterrado em seu corpo receptivo. Ela se sentiu ligada a Slade com
o j eito que seus corpos pareciam conectados, e gostou da
sensação. Resistiu à vontade de cair em cim a dele e ficar ali por um
bom tem po.

– Não se m exa, Trisha – Slade finalm ente controlou a respiração. –


Vai doer se tentar sair agora.

– Eu sei. – Ela respirou. – Vocês incham durante o sexo. É um a


coisa das Novas Espécies.

– Todo cara incha por sexo – ele riu. – Nós incham os na base logo
antes de gozar e ficam os assim por alguns m inutos depois.

Um pensam ento horrível passou por Trisha.

– Vocês não têm espinhos, né? Caram ba, m e diga que não tem
pequenos

espinhos m e segurando aí. Alguns anim ais têm isso. Sei que você
é canino, m as tem certeza que não foi m isturado com m ais nada?
Ele riu, fazendo o peito balançar contra ela.

– Você m e m ata de rir. Não, não tenho espinhos. Seria m uito


brochante, não?

Ela relaxou.

– Um pouco.

A m ão dele que segurava a boca dela roçou a barriga dela. Depois,


colocou-a sob a blusa dela e com eçou a acariciar a área das
costelas.

– Adoro estar dentro de você.

Trisha virou a cabeça contra o peito dele.

– Adoro você aí. Caram ba, Slade. Apenas caram ba.

Ele riu.

– Fico feliz que você tenha gostado.

– Não fui só eu.

Ele lam beu o om bro dela. Trisha se virou.

– Por que está m e lam bendo? – A língua dele pincelava a pele


dela, criando um a sensação estranha, m as não ruim . Apenas
diferente.

– Machuquei sua pele. Desculpe. Acho que eu estava tentando m e


m anter quieto. Te m ordi para não uivar. – Ele a lam beu de novo. –
É que você é tão gostosa e apertada que quase m e enlouqueceu.
Precisei m e segurar para não gozar antes de você. Foi tão bom
sentir sua boceta m e apertando. Você tem um gosto delicioso tam
bém . Hm m m .

– Gosta do sabor do m eu sangue?


Ele riu e lam beu o om bro dela.

– É um gosto adquirido. E, sim , seu sabor é bom .

– Pare. Não está com vontade de arrancar um pedaço de m im ,


está?

Ela se afastou da boca dele. Ainda havia m uita coisa que ela não
sabia sobre as Novas Espécies. Sabia que podiam com er carne
crua, que alguns continuaram a com ê-la por causa de anos do
hábito de receberem na cela. Eles gostavam de carne humana? Ela
sentiu um pouco de m edo ao pensar isso.

– Parece divertido.

– Você não com e gente, né?

O som da risada de Slade a agradou.

– Não vai ser seu om bro que vou querer com er, Trisha. E com
certeza não doeria tam bém . – A risada dele sum iu. – Acho que j á
estou relaxado o bastante para nos separarm os. Precisam os dorm
ir um pouco. Tem os que ir para longe daqueles hom ens. Subi em
um a árvore quando fui checar o perím etro agora há pouco. Há dois
espinhaços para lá. Os idiotas acenderam um a fogueira. Eu iria
fazer um a visitinha que eles não sobreviveriam para se
arrependerem se achasse que seria seguro te deixar sozinha.

– Você os m ataria? – Ela não ficou surpresa com aquela afirm


ação.

– Curve-se, docinho. E relaxe seus m úsculos.

Ele ignorou a pergunta dela. Ela concordou e se curvou, forçando o


corpo a relaxar. Slade saiu lentam ente de dentro dela. Ela pôde
sentir cada m ilím etro do pau ainda rígido dele enquanto saía de
sua boceta. O corpo dela estrem eceu, ainda m uito sensível. Slade
riu ao se afastar.
Trisha se virou depois de alisar as roupas e fechou a calça. Ouviu
Slade subir o zíper. Ele se deitou de costas no chão.

– Venha aqui, doutora. Use m eu peito de travesseiro e se enrole em


m im . Vou te m anter aquecida se colocar um a perna entre as m
inhas.

Ela suspirou ao engatinhar em direção a ele e se deitou. Ele era


grande e quente.

– Não pode m e cham ar de Trisha agora?

O corpo dele trem eu sob o rosto dela quando ele riu. Um dos
braços passou em volta da cintura dela.

– Não. Só vou te cham ar de Trisha quando estiver dentro de você.

Ela chacoalhou a cabeça.

– Babaca.

Ele riu de novo.

Lá se vão as boas intenções. Slade abraçou Trisha m ais forte. Ela o


tocara, todas as regras haviam sido quebradas, e ele não podia
dizer que se arrependia.

Ficava envergonhado sobre com o se controlava m al quando o


assunto era aquela m édica sexy. Só de a m ão dela encostar em
sua barriga, seu pau rugia. O sangue havia corrido de um a cabeça
para a outra. Ele perdeu a capacidade de pensar.

Havia a possuído m ais com o um anim al do que com o um hom em


.
Ele passou a língua sobre as presas. O gosto do sangue dela ainda
estava lá e ele ignorou o pau que se endurecia de novo ao desej á-
la. Virou a cabeça para esfregar o nariz no cabelo dela. O perfum e
dela o cham ava e o deixava m eio louco. Sentim entos possessivos
rasgavam seu peito e o assustavam m ais que qualquer coisa que j
á experim entara. Ele a m arcou com sua m ordida e gozou tanto e
tão forte dentro dela que a m arcou assim tam bém . Nunca havia
sentido nada assim enquanto m ais e m ais sêm en j orrava para
fora dele e dentro dela, com um prazer tão forte que quase o fez
desm oronar sob aquela força absoluta.

Só o que o m anteve firm e foi a preocupação em não m achucá-la.

Ela era um a hum ana esperta, um a m édica, e o que ele tinha para
oferecer a ela? Sexo? Má educação? Palavras rudes com sexo
animalesco? Ele apertou os olhos. Ela m erecia m ais que isso. Ele j
am ais seria o tipo que ela teria orgulho de cham ar de seu.

Droga. “Em boca fechada não entra mosca” devia ser meu lema.
Mais um a vez, ele provavelm ente a fez acreditar que era um
babaca com pleto. Conseguiu isso depois que ordenou que ela o
tocasse. É que ele precisava m uito dela.

Desej ava-a ainda m ais. E tê-la apenas aum entou o desej o de


possuí-la de novo, de ficar possuindo-a.

A respiração dela garantiu que ela dorm ia. Senão, ele ficaria
tentado a virá-la, despi-la e fodê-la por horas. Ele realm ente desej
ara tê-la sob ele, queria ter acesso a cada m ilím etro da pele dela
para lam ber e sentir o gosto. Explorá-la até

que conhecesse o corpo dela tão bem quanto o dele.

A ideia de abrir as pernas dela e se deliciar naquela boceta o fez


babar. Ele engoliu. O perfum e do desej o dela o deixava louco, m
as sentir o gosto? Fazê-la gritar seu nom e enquanto ele a lam bia
até levá-la ao orgasm o pareceu algo divino.
Seu pau com eçou a doer. Estava duro com o um a pedra de novo
e, se não tivesse acabado de derram ar seu sêm en, não saberia
onde ele teria ido parar. Ela o afetava de m aneiras que ele parecia
não ter forças para controlar.

Jurou que tentaria ser um hom em m elhor para ela. Antes, no


entanto, ele tinha que m antê-la viva. A raiva se fez dentro dele ao
pensar nos hom ens que am eaçavam sua m ulher. Minha?
Caramba. Tenho mesmo um fraco pela médica sexy. Só queria que
ela sentisse o mesmo.

CAPÍTULO SEIS

– Ei, docinho, hora de acordar.

Ainda estava escuro quando Trisha acordou e viu que o corpo de


Slade não estava m ais encostado no dela. Um a m ão pegou a sua
e com eçou a colocá-la em pé. Ela gem eu baixinho e se levantou,
ainda atordoada. Não sabia ao certo o quanto haviam dorm ido, m
as não foi nem perto do suficiente.

– Ande uns três m etros anquela direção e faça suas coisas. – Ele
soltou a m ão dela e a virou.

– Minhas coisas?

– Xixi m atinal – explicou ele. – Depressa. Já usei a árvore dos hom


ens.

– Não estou enxergando nada.

– Então que bom que estou te colocando num a direção em que


você não vai bater em nada. Acorde, doutora. Falta m ais ou m enos
um a hora para o sol nascer. Precisam os ganhar m ais distância
entre nós e eles. Já subi em um a árvore m ais alta e vi que o fogo
deles se apagou, m as ainda sinto cheiro de fum aça. Eles estão por
aí. Quando o dia clarear vai ser m ais fácil para eles nos acharem ,
por isso tem os que nos m exer.
– Tá – suspirou ela. – Não tem nada para com er, né?

– Sinto m uito.

Ela assentiu com a cabeça e se afastou de Slade quando ele a


soltou. Andou por uns quatro m etros, até que parou e abaixou as
calças. Tinha que fazer xixi, m as precisou de um m inuto para
relaxar o suficiente para se agachar. Ela não estava totalm ente
acordada ainda. Daria tudo por um café gelado e até m esm o um
pedaço de pão sem nada. Seu estôm ago roncou ao pensar em com
ida. Ela não com ia nada desde o café da m anhã do dia anterior.

Ela levantou as calças e foi de volta até Slade. Ouviu um a risadinha


em algum lugar à sua direita, antes de duas m ãos a agarrarem .

– Por aqui. Está indo na direção errada. Você não funciona bem de
m anhã, né?

– Não, não funciono.

– Acho que você é um a daquelas m ulheres que preferem ficar na


cam a e apertar o botão “soneca” várias vezes, até o últim o m inuto.

– E o que isso tem de errado? Fiquei m ais relaxada desde que saí
do hospital para trabalhar em Hom eland. Durm o bem m ais e não
posso reclam ar.

Ele riu.

– Hoj e não tem botão “soneca”.

– É, só tem os que correr para salvar nossas vidas.

– É um bom resum o. – Ele respirou fundo. – Acha que pode andar


um pouco?

– Me sinto m elhor. Dolorida, m as m elhor.

– Dolorida do acidente ou de m im ?
– Não fique se achando – sorriu Trisha. – Você é bem im
pressionante, m as

ainda consigo andar num a boa.

– Pronta pra ir, docinho?

– Claro, pirulito. – Ela deu um sorrisinho, virando a cabeça para que


ele não pudesse ver.

– Pirulito? – Ele pareceu quase insultado.

– Porque quero te lam ber – respondeu ela de um j eito doce.

Ele rosnou e agarrou o braço dela.

– Você só está dizendo isso porque sabe que tem os que ir.

– Tem certeza?

– Vam os.

– Mostre o cam inho.

Trisha não via nada. Slade a segurava firm e pelo braço, avisando-a
quando havia algum obstáculo no cam inho. Ela tropeçou algum as
vezes. Slade fez um a pausa depois de ela quase cair pela quarta
vez.

– Vou te carregar até clarear. Estam os indo devagar dem ais.

– Desculpe. – Ela estava sendo sincera. Ele poderia cam inhar bem
m ais rápido se ela não estivesse com ele, sabendo m uito bem que
ela era um perigo à sobrevivência dele.

– Não se preocupe com isso. Sei que você tem suas lim itações, j á
que é apenas hum ana. – Um tom de divertim ento tom ou sua voz.

Trisha levantou a outra m ão e m ostrou o dedo para ele.


– Consegue ver isso?

– Talvez depois, doutora. Vou entender isso com o um a oferta.


Estou m e virando para você m ontar em m im , e aqui está a m ala.
Se eu tenho que te carregar, então você tem que carregá-la.

Ele passou a m ala cuidadosam ente por cim a da cabeça e do


braço de Trisha, deixando-a apoiada nas costas dela. Ele se m oveu
e ela entendeu que Slade a esperava em sua frente. Ele se agachou
e ela subiu em suas costas. Elas se segurou nele pelos om bros
enquanto era levantada, e com eçaram a cam inhada.

Finalm ente o dia clareou e Trisha pôde enxergar.

– Me ponha no chão.

Ele parou e soltou os j oelhos de Trisha para que ela descesse e se


colocasse de pé. Eles estavam em um barranco íngrem e cuj o topo
não podia ser visto de baixo. Ela olhou para cim a, para os dois
lados.

– Vai ser um a subida e tanto se o fim dessa coisa for m uito longe.

Olhos azul-escuros encontraram os seus.

– Esperei você conseguir enxergar, m as precisam os subir agora.


Quero sair daqui. Aqui estava bom para te carregar, m as estarem
os m ais seguros num lugar m ais alto.

Eu tinha que abrir a boca… ela pensou, m as fez que sim com a
cabeça.

– Vou atrás de você.

Ele chacoalhou a cabeça.

– Eu vou atrás de você. Quero poder te segurar se você cair.


Aquilo fazia sentido para ela. Respirou fundo. Slade apontou e
Trisha assentiu com a cabeça, se virou e viu um m onte de m ato
dos dois lados. Segurou em um galho e com eçou a subir. O solo
ficava instável em alguns pontos, m as ela

sem pre encontrava algo em que se segurar no m eio da vegetação.


Slade estava bem atrás dela. Em um m om ento, seu pé escorregou
e ele agarrou a sola de seu sapato, im pedindo que ela
escorregasse. Ela virou a cabeça.

– Obrigada.

– Continue subindo, docinho.

– Pode deixar, pirulito.

– Corta essa.

– Só depois de você.

Ela voltou sua atenção para a escalada e continuou subindo. Suas


m ãos doíam , m as ela tentava ignorar, sabendo que suas vidas
estavam em j ogo. A luz do dia ficava m ais forte conform e o sol
subia e o ar frio foi se transform ando num a m anhã quente e
ensolarada, fazendo com que Trisha suasse.

Trisha sabia que seu alívio transpareceu quando chegaram ao topo,


e gem eu.

Parecia que estavam escalando há dias. De repente, um a m ão


agarrou a parte de trás de suas calças e a puxou para baixo. Trisha
arfou ao cair de j oelhos. Slade se agachou ao seu lado.

– Fique abaixada – m andou ele, lançando a ela um olhar irritado. –


Agora estam os no alto, está m ais fácil de nos ver e seu cabelo loiro
é m uito visível.

– Desculpe. Esse tipo de coisa não é m eu forte.


– Infelizm ente é o m eu. Faça um a pausa, fique abaixada e quieta.
Vou dar um a olhada na área.

– Claro, faça isso. – Ela estava exausta e se esparram ou no chão,


sem ligar para a suj eira que se espalhava nela. Ela colocou um
braço debaixo da cabeça. –

Não vou m e m exer.

Slade deu um a risadinha debochada.

– Mulheres.

– Hom ens.

– Espertinha.

– Bobinho.

– Doutora, pare com isso.

– Enquanto você faz o reconhecim ento do local, será que não


encontraria um café e m e traria um m ochaccino gelado? Talvez um
m uffin? Ou um donut?

Seus dentes apareceram quando ele sorriu de repente.

– Farei o m eu m elhor.

Trisha observou-o ir em bora. Ele se m antinha abaixado. Ela


estudou o céu, chegando à conclusão de que ficaria m uito quente
quando o sol nascesse por com pleto. Ela sentia que iria. Alguns m
inutos depois, se sentou e cuidadosam ente olhou ao redor, notando
espinhaços lá em baixo. Eles estavam m esm o em um ponto alto.
Ela se deitou novam ente, esperando que Justice North tivesse
enviado a Guarda Nacional para resgatá-los. Queria um banho
quente, roupas lim pas e com ida. Ela bocej ou.
Não tinha dorm ido o suficiente. Era ótim a em tirar pequenos
cochilos, fazia isso desde a faculdade de Medicina. Ser um a
estagiária num hospital podia virar um a existência sem horas de
sono. Ela aprendeu a dorm ir sob condições extrem as. Esperava
apenas que aquele treinam ento a aj udasse a sobreviver a tão
poucas horas de sono e àquele ritm o extenuante que precisavam m
anter se

quisessem se m anter à frente dos hom ens que os caçavam .

– Não faça porra de barulho nenhum . – Algo golpeou fortem ente a


barriga de Trisha.

Seus olhos se abriram rapidam ente e, com m edo, ela fitou o hom
em peludo de uniform e m ilitar em pé ao seu lado. Ele em purrou a
arm a com m ais força contra sua cintura, enterrando-a em sua
barriga, e os pés dele estavam afastados, acim a dela. Ela olhou
entre as pernas abertas dele e não pôde deixar de notar que havia
um rasgo na costura da calça que revelava parte de um a cueca
verm elha.

– Onde está o hom em anim al?

Trisha encontrou o olhar do hom em e seu coração com eçou a


bater forte de pavor. Ele está falando do Slade. Obviam ente, os
hom ens que haviam tentado m atá-los eram definitivam ente
AntiNovas Espécies. Ela respirava com dificuldade, apavorada. Ele
daria um tiro em suas entranhas se puxasse o gatilho, o que seria
um a m orte horrível. Se ele atirasse, ela esperava que ele
acertasse artérias grandes para que ela perdesse sangue rapidam
ente. Com a arm a pressionada em sua pele naquele ângulo, ela
concluiu que o buraco que o tiro faria acabaria com ela bem rápido.

– Você é surda, sua vaca? Cadê o hom em anim al?


– Ele m e abandonou – m entiu ela. – Eu estava fazendo ele ir m
uito devagar.

O hom em olhou m aliciosam ente para os seios dela.

– Anim ais idiotas de m erda. Eu teria te com ido antes, pelo m enos.
Levante-se devagar. Você é a m édica, certo?

Ela conseguiu fazer que sim com a cabeça, apesar do choque de


ele saber algum a coisa sobre ela.

– Sou a doutora Trisha Norbit.

– É um a veterinária ou m édica de verdade?

– Sou um a…

– Não im porta – ele a interrom peu. – Levante essa bunda. Um dos


m eus garotos está m achucado e hoj e é seu dia de sorte. Norm
alm ente nós m atam os traidores do país, m as preciso de você.
Acho que não im porta que tipo de m édica você é, contanto que
saiba consertar um osso e dar pontos.

Traidores do país? Ela olhou estarrecida para ele. O cara obviam


ente era um m aluco fanático. Ótim o. Ela se sentou quando ele
afastou a arm a alguns centím etros para longe de sua cam iseta e
deu outro passo para trás. Trisha se levantou cuidadosam ente e
ergueu os braços.

– Tem algum a arm a além dos seus peitos?

– Meus… – Ela gaguej ou e olhou para ele. – Não.

O hom em m exeu a arm a, deixou-a encaixada na parte de dentro


do braço, m as continuou.

– Levante sua cam iseta devagar e m e m ostre que não está


escondendo
nenhum a arm a no elástico da calça.

Ela o fez, levantando a cam iseta até a altura das costelas e se


virando lentam ente para que ele visse que ela não estava arm ada.
Ela encontrou o olhar dele ao com pletar a volta. Precisou de m uito
controle para não olhar em volta para ver se via Slade em algum
lugar, m as não arriscou fazer isso. Ela torcia para que ele visse o
hom em com a arm a e não voltasse até ela.

– Vam os. Bill? Tom ? Ainda estão vigiando?

– Sim , senhor. – Um hom em falou da esquerda.

– Mas é claro, Sully. – A voz falou do lado direito.

Trisha olhou em volta, m as não via ninguém além do hom em na


frente dela com a arm a. Ele sorriu, revelando dentes am arelos e
tortos.

– Alguns dos m eus rapazes estão com igo. Costum am os viaj ar


em grupos de quatro. Se o hom em anim al decidir te salvar, vai ser
a últim a coisa que vai fazer.

Mas ele não vai voltar para você a não ser que ele sinta um a
coceira no pinto.

Trisha se conteve para não fazer um a careta de noj o. Ele era a


form a m ais baixa de hum ano, na opinião dela. Pelo som de sua
voz e pelas coisas que dizia, ele realm ente achava que Slade era
pouca coisa. Ele nem o conhecia, aquilo certam ente era seu
preconceito contra todas as Novas Espécies. Ele podia ser um im
becil, m as infelizm ente tinha um a arm a apontada para ela.

– Mexa-se.

Um plano surgiu rapidam ente na cabeça de Trisha. Ela deu um


passo e m ancou forte, arrastando bastante o pé e fazendo um
grande teatro ao se contrair.
O hom em com a arm a proferiu xingam entos que a fizeram se
encolher.

– Está m achucada? Mas que droga! – Ele rugiu as palavras.

Trisha teve que resistir para não rir do idiota. Ele estava preocupado
com o barulho que ela faria, m as ele m esm o acabara de gritar.
Slade teria ouvido aquilo com certeza. Na verdade qualquer um num
raio de um quilômetro deve tê-lo ouvido, ela pensou. Ela m ordeu o
lábio e o observou ao parar de m ancar.

– Foi quando vocês causaram o acidente com a SUV.

Ele parecia furioso.

– Tom ? Venha aqui.

Tom talvez nem tivesse barba ainda, com aquela pele rosada e o
corpo franzino de um pré-adolescente. Ele era quase do tam anho
de Trisha, que tinha um m etro e sessenta. Ele segurava um
revólver e um a faca grande estava am arrada em sua roupa de cam
uflagem , fazendo-o parecer com um m enino de doze anos
fantasiado para o Halloween. As linhas tênues perto de sua boca
eram os únicos sinais que denunciavam sua idade, uns vinte e
poucos anos.

– Pois não, senhor? – A voz de Tom era estranham ente profunda,


talvez algo que ele fazia de propósito para parecer m ais m acho. Os
olhos verdes se fixaram em Trisha, desceram até seus seios e foi ali
que ele m anteve a atenção.

Ela queria cruzar os braços para cobri-los, m as estava com m edo


de se m exer e levar um tiro. O idiota olhava m aliciosam ente para
ela. Ela olhou para ele, m as ele parecia não se im portar, j á que
provavelm ente nem notara sua raiva. Ele não estava olhando para
seu rosto. Isso im plicaria parar de ficar babando nos seios dela.

– Pat está m uito longe de nós?


– Um quilôm etro, senhor. – Tom lam beu os beiços e esfregou a m
ão que estava livre na parte de cim a da coxa. – Essa que é a am
ante de anim ais, senhor?

Aposto que ela deu pra ele.

– Cale a boca – ordenou o hom em no com ando. – Olhe para ela.


Ela é bonita.

Não é um a sem noção feia que não pode arranj ar caras com o nós.
Pegue o rádio e diga a ele que vam os devagar porque ela está m
ancando.

Tom finalm ente desviou a atenção dos seios de Trisha e olhou para
o hom em m ais velho.

– Pode deixar, Sully. – Tom parecia qualquer coisa, m enos feliz, ao


desaparecer na vegetação densa.

– Vam os.

Trisha gravou os nom es deles. Sully. Tom . Bill. Até o m om ento


podia identificar dois deles, se vivesse o bastante para contatar as
autoridades. Ela realm ente queria que fossem presos. Se
concentrou naquele plano silencioso enquanto m ancava, arrastava
o pé de propósito e fazia um show sobre um a dor que não existia.
Ele poderia buscar aj uda e m andar a polícia até ela.

Durante a m aior parte do tem po, eles desceram o m orro. Ela


tropeçou algum as vezes, m as Sully nunca levantava um dedo
sequer para aj udá-la. Ele m antinha a arm a na direção dela, a
seguia bem de perto e não dizia um a palavra.

Trisha im aginava que se Slade não conseguisse aj uda para ela,


ela provavelm ente não viveria m uito m ais depois de cuidar do hom
em ferido.
Provavelm ente atirariam nela com o haviam feito com Bart assim
que ela não tivesse m ais utilidade para eles.

Finalm ente saíram da vegetação densa e ela viu um a clareira com


um a barraca arm ada e os restos recentes de um a pequena
fogueira. Trisha sentiu cheiro de com ida e seu estôm ago roncou.
Nas cinzas do forno rústico que eles haviam feito com pedras em
círculos, havia um bule de café. Trisha parou, virou a cabeça e
encontrou os olhos castanhos com o lam a de Sully.

– Ele está na barraca, então m exa essa bunda e vá aj udá-lo. Pat,


estam os aqui e a m édica está entrando. Não vá estourar os m iolos
dela antes de ela cuidar de você.

Trisha foi m ancando em direção à barraca, m as quase gritou de


dor de verdade quando um punho agarrou seus cabelos e puxou
seu corpo para trás. Ela tropeçou e caiu de j oelhos, forçando Sully
a soltá-la. Lágrim as a cegaram por alguns segundos quando ela
pôs as m ãos na parte de trás da cabeça, im aginando que ele
arrancara um pouco de seu cabelo. Ela olhou em choque para Sully
quando conseguiu vê-lo por trás das lágrim as.

Ele tinha a arm a apontada para a barraca.

– Pat? Responda agora.

Trisha voltou a atenção para a barraca, de onde ninguém respondia.


O zíper da barraca estava fechado. Sully se aproxim ou um pouco e
se inclinou. Abriu o zíper e pulou para trás, com a arm a apontada
para dentro enquanto se afastava m ais.

– Pat? Quero que responda agora.

Silêncio.

– Bill? Tom ? Respondam agora – rugiu Sully.


– Aqui, senhor! – Tom berrou. Ele saiu do m eio do m ato, a uns seis
m etros de onde Trisha e Sully estavam .

Outro hom em , de quarenta e poucos anos, careca e barrigudo saiu


do m ato do outro lado do acam pam ento. Trisha im aginou que
devia ser Bill. Ele balançou a cabeça para Sully. Os três hom ens
olhavam atentam ente para a barraca. Sully balançou a cabeça para
Tom e apontou na direção da barraca, m antendo a arm a apontada
para a abertura.

Tom se m oveu, enfiou a arm a no coldre e desam arrou da perna a


faca grande de caça. Segurou-a firm e e agachou ao lado da
barraca. Esticou a m ão esquerda e subiu o zíper, abrindo a aba
para espiar dentro.

– Ele sum iu – disse Tom , surpreso.

– Você não o cham ou pelo rádio? – Sully parecia furioso.

– Não, senhor, ele não respondeu. Achei que ele estivesse dorm
indo ou cagando. Ele ainda consegue se virar bem m esm o com o
braço todo ferrado.

Sully se virou para apontar a arm a para Trisha.

– Quando foi que o anim al te abandonou?

Ela engoliu em seco.

– Ele fugiu em algum m om ento durante a noite. Eu adorm eci com


ele lá, m as quando acordei, pouco antes de o sol nascer, ele j á
tinha ido.

– Ele está longe daqui. – Bill tinha um a voz profunda, com um


sotaque que parecia do Texas, ou do Sul. Era difícil dizer ao certo. –
Assim que ele parasse de carregá-la, sairia correndo feito vento.
Eles se m ovem rápido, Sully. A esta hora ele deve estar a uns
quinze quilôm etros de nós. Outro tim e vai pegá-lo com certeza.
– Filho da puta. – Sully abaixou a arm a. – Vam os nos dividir e
encontrar Pat.

Acha que ele pode estar delirando? Ele teve febre hoj e de m anhã.

Bill concordou com a cabeça.

– Pode ser. Eu disse que um de nós deveria ter ficado com ele.
Saím os no am anhecer e ele pode ter achado que dem oram os
dem ais. Um de nós fica aqui com a m ulher e ela cuida dele quando
o encontrarm os.

– Devíam os ter levado ele j unto – m urm urou Tom . – Eu disse que
ele podia m orrer. E se ele m orrer por aí?

– Não vou j ogar fora aquela recom pensa de cinquenta m il dólares


só porque o Pat é um idiota que não viu por onde andava – disse
Sully, num tom ríspido.

Bill fez que sim com a cabeça enquanto olhava para Trisha, que
continuava sentada no chão.

– Vou ficar com a m ulher enquanto vocês dois se dividem e


procuram o Pat.

Acho que ele deve ter descido o m orro, j á que seria m ais fácil de
cam inhar.

Talvez ele tenha entrado em pânico e estej a procurando outro tim e,


achando que alguém vai salvá-lo, ou pode ter pensado em ir até a
estrada para fazer sinal para algum m otorista.

– Merda! – Sully berrou. – Por que não esquecem os ele, m atam os


a vadia e vam os atrás do nosso anim al? Quero aquela recom
pensa de cinquenta m il dólares por um daqueles anim ais de m
erda.

Trisha se m anteve quieta, m as estarrecida. Alguém está pagando


uma recompensa de cinquenta mil dólares pelo Slade? Quem faria
isso? Por quê? Ela

engoliu em seco. Esperava que eles esquecessem que ela existia.


Odiava Sully por querer m atá-la im ediatam ente.

– Você está se esquecendo – Bill suspirou – que Pat é filho de Thom


as. Se não acharm os aquele cretino, ele nunca vai nos dar dinheiro
nenhum por um daqueles im becis. Precisam os deixar a m ulher
viva até que ela cuide dele.

Tem os que encontrar aquele cretino e pegar o anim al. O anim al


esteve andando pelos barrancos e vai m anter esse padrão. Vam os
encontrá-lo nos espinhaços.

Vej a quanto tem po ganham os.

– Mas a vadia estava fazendo ele ir devagar – Sully cerrou os


dentes e falou um palavrão. – Ok, vam os fazer isso. Bill e eu vam
os nos separar. Você vai em direção à estrada, caso Pat tenha ido
até lá. Vou atrás do anim al para ver se consigo pegá-lo. Espero que
ele estej a em lugares baixos e eu possa vê-lo do alto.

O Tom pode ficar aqui com a vadia.

Bill chacoalhou a cabeça.

– Olhe para esse idiota. Ele não consegue parar de olhar para os
peitos dela.

Trisha virou a cabeça na direção de Tom . Ele estava ali em pé,


segurando a faca e babando nos seios dela de novo. Ele sorriu.

– Vou ficar feliz de ficar com ela.

– Está vendo? – Bill xingou. – Querem os ela viva, im becil. Eu fico


aqui com a m ulher enquanto vocês dois se dividem para a busca.
Tom , vá para a estrada.
– Está bem – concordou Sully, lançando um olhar para Tom . – Mas
é m elhor você encontrar esse cretino. Vou para os espinhaços ao
oeste para pegar m ais rápido o anim al.

– Mas eu quero ficar com ela. – Tom não estava feliz, o que se
notava por seu tom de voz agudo em protesto.

Sully levantou a arm a.

– Você não está recusando um a ordem , está? Eu detesto chorões.


Não é o seu papai que vai nos dar a grana e ninguém vai dar a m
ínim a se você levar um tiro.

O m edo apareceu nas feições de bebê de Tom . Ele chacoalhou a


cabeça vigorosam ente.

– Vou agora m esm o.

Trisha observou Sully e Tom colocarem pequenos m antim entos na


m ochila e então os dois saíram em direções diferentes. Sobrava Bill
para vigiá-la. Trisha estudou o hom em que a fitava. Ele deu um
suspiro alto.

– Está com fom e? Com sede?

– Sim , por favor – disse Trisha, baixinho.

Bill foi a passos duros até a barraca e retornou rapidam ente. Ele
carregava um refrigerante e um saquinho Ziplock com algum tipo de
sanduíche. Parou a alguns m etros dela.

– Pegue.

Ela esticou as m ãos. Ele j ogou o refrigerante com cuidado. Trisha


pegou-o e colocou-o no chão, ao lado do j oelho. Esticou as m ãos
de novo e ele j ogou o sanduíche. Ela lhe deu um olhar de gratidão.

– Muito obrigada.
– Cale a boca – m andou ele. – Odeio ter que conhecer o que vou
ter que m atar m ais tarde. Apenas com a e fique quieta.

Trisha odiava sanduíches de m anteiga de am endoim , m as não


reclam ou enquanto m astigava. Estava com fom e dem ais para
ligar para o que com ia.

Abriu a lata de refrigerante e deu longos goles. Tentou não devorar a


com ida.

Ela percebeu que Bill havia se sentado no chão a uns cinco m etros
dela e observava silenciosam ente todos os seus m ovim entos. Ela
term inou o sanduíche e tentou guardar um pouco de refrigerante.
Não queria tom ar tudo, caso Bill não fosse generoso m ais tarde.

CAPÍTULO SETE

– Droga – rosnou Slade baixinho, observando os hom ens atrás de


um a folhagem , onde se escondia. Fazia bom proveito de sua
audição aguçada ao ouvi-los fazendo seus planos. Eles tinham
Trisha. A raiva tom ou conta e ele conteve a urgência que sentia de
saltar no acam pam ento e m atar todos eles.

Não eram os m esm os que os tinham j ogado para fora da estrada.


Isso queria dizer que m ais hum anos haviam se j untado à busca
por ele e pela doutora. Não saber quantos o deixava preocupado. O
acam pam ento instalado tam bém o alarm ava. Em pouco tem po
eles haviam feito um a base, o que significava que eram
organizados, e o perigo crescia exponencialm ente.

– Calm a – ordenou ele à sua m ente, num sussurro.

Eles estavam em m aior núm ero, tinham m ais arm as, e a que ele
tinha conseguido não seria m uito útil se um dos hum anos usasse
Trisha com o refém para fazê-lo largar a arm a, o que funcionaria.
De j eito nenhum ele deixaria que atirassem nela sem que ele
tentasse im pedir, m esm o que ele tivesse que j ogar a arm a e ir
até eles.
Ele não conseguiu voltar até ela a tem po para se certificar de que
não havia am eaças. A segurança dela era prim ordial para ele. Ele
teria que usar suas habilidades para m atá-los um a um . Atacar o
acam pam ento com todos eles em volta dela seria o últim o recurso.
Ele m orreria para tentar salvá-la –

independentem ente da desvantagem em que ele se encontraria –


caso decidissem m atá-la. Seria suicídio para os dois. Um últim o
recurso.

Ele ouviu os hom ens fazendo planos para localizá-lo e para


encontrar o hum ano ferido que estava sum ido. O hom em de olhos
libidinosos seria o prim eiro a m orrer se os outros o deixassem
sozinho com sua m ulher. Slade sabia que o hom em tentaria tocar a
doutora. Isso não aconteceria. Pelo m enos não enquanto ele
respirasse.

Eles não encontrariam o hom em que procuravam . Um sorrisinho


contorceu seus lábios quando decidiram que o hom em não era
confiável e poderia m olestar Trisha. Aquilo m ostrava que tinham
algum a inteligência. Quando dois dos hom ens deixaram o acam
pam ento, ele se levantou, pronto para atacar, m as então parou,
observando a cena a seguir.

O hom em que vigiava Trisha deu a ela com ida e bebida. Ele não
parecia am eaçador. Precisavam dela viva, acreditavam que
precisariam de suas habilidades m édicas, e talvez ela estivesse m
ais segura ali do que ao lado dele, enquanto ele elim inava as am
eaças.

A indecisão o percorreu. Ele farej ou o ar, m as não sentiu o cheiro


de nenhum hum ano estranho na área, m as isso não queria dizer
que eles não estivessem por perto, e poderiam aparecer em breve.
O vento infernizava seu nariz com a poeira.
Seu olhar se fixou em Trisha. Ela com ia e bebia calm am ente. O
cara que a vigiava não era am eaçador, nem fitava o corpo dela de
m aneira que indicasse intenções libidinosas. Ele parecia esperto o
suficiente para saber que feri-la quando eles precisavam de suas
habilidades m édicas seria prej udicial. O cretino que a puxara pelo
cabelo pagaria m uito caro por m achucá-la. Ele queria m atá-lo prim
eiro por aquela ofensa. Quanto antes, m elhor.

Até aquele m om ento, ela parecia estar segura, e se os outros hum


anos voltassem ao acam pam ento, o vigia sabia do valor dela. Dem
oraria um tem po para perceberem que não precisavam das
habilidades m édicas dela. Ele não poderia escondê-la em algum
lugar, deixá-la localizar os hom ens que a haviam am eaçado e não
se preocupar que ela não fosse encontrada de novo. Ele olhou para
o hom em que observava a doutora.

O cara parecia entediado, m as tam bém não parecia querer se m


exer. Slade se afundou de volta na terra e se m anteve abaixado
cuidadosam ente ao com eçar a seguir o hom em m ais velho que
ousou puxar o cabelo da doutora, e seu sangue borbulhou de raiva.
Aquele hom em pagaria por causar dor a ela. Pagaria m uito caro.

O silêncio se tornou terrível. A brisa soprava e árvores sussurravam


ao vento.

Trisha ouvia pássaros a distância. Ela estava sentada ao sol, desej


ando um a som bra. Tam bém precisava usar o banheiro. Quando
sua bexiga estava para estourar, ela virou a cabeça e olhou para
Bill.

– Por favor, preciso usar o banheiro.

Ele piscou.

– Está bem . Você é branca dem ais para ficar sob esse sol, m esm
o. É m uito fácil ficar desidratada se sua pele queim ar. Estava
pensando em m udar você de lugar.
– Então posso m e levantar?

Ele fez que sim com a cabeça.

– Está vendo a árvore próxim a à barraca? Vá atrás dela. Vou


quebrar suas pernas se você tentar fugir de m im , e essa não é um
a am eaça qualquer. Você não vai precisar delas para cuidar do Pat.
Vá atrás da árvore, faça sua coisa e pode ficar desse lado da
árvore, na som bra. Fui claro?

– Superclaro. Obrigada.

Trisha se pôs em pé. Seu corpo ficara dorm ente em lugares que se
despertaram dolorosam ente quando ela se lem brou de ir m
ancando até a árvore.

Precisou se enfiar em baixo de um dos galhos m ais baixos e não


havia m uita privacidade, m as ela não tinha escolha. Ela abriu a
calça, se abaixou e rapidam ente fez o que precisava, e então se
levantou. Deu a volta na árvore. Bill estava em seu cam inho.

Ela não havia ouvido ele andando até ali. Ela olhou para ele. Bill era
um

hom em corpulento de cerca de um m etro e oitenta. Tinha rugas


fortes no rosto de anos de sol, e sua pele era de um m arrom claro e
desbotado. Ele franziu a testa.

– Estou cansado. Não dorm i m uito à noite, então escute o que vam
os fazer: volte até aquela árvore. Quero que fique de costas para
ela.

Trisha o fitou com m edo. O que ele vai fazer? Ela tinha um a
sensação profunda de que seria algo m uito ruim .

– Vou te am arrar na árvore para eu poder descansar. É só isso. Vou


dorm ir a alguns m etros de você para ouvir qualquer barulho que
você fizer. Você acabou de com er, usar o banheiro e tom ar algum a
coisa. Vai ficar na som bra e não está frio. Você vai ficar bem .
Agora ande, antes que eu te force.

Ela não tinha escolha. Bill era um hom em m uito m aior. Ele parecia
ser o tipo de im becil que ninguém gostaria de enfrentar num a briga
de bar. Não era absurdam ente alto, m as tinha aquele olhar am
eaçador que dava a entender que podia cortar a garganta de
alguém num segundo. Ela concordou com a cabeça e lentam ente
voltou até a árvore, fitando-o com m edo.

– Estique os braços, afaste-os e segure os galhos.

– Não posso m e sentar?

– Eu disse – ordenou ele baixinho –, estique os braços e segure os


galhos. Não estou pedindo, estou m andando, e não vou repetir.
Você pode ou fazer o que digo, ou eu posso te fazer m udar de
ideia. Seria um a lição dolorosa. Está m e entendendo?

Ela levantou os braços para agarrar os galhos acim a de sua


cabeça. Viu o hom em colocar a m ão no bolso e pegar um a
bandana, que ele provavelm ente usava para lim par o suor. Ele se
aproxim ou bem dela. Usou a bandana para am arrar seu pulso,
prendendo-o ao galho.

Ele fedia e precisava de desodorante. Tam bém cheirava a bebida,


m isturada ao fedor noj ento de tabaco de m ascar. Ela segurava a
respiração o m áxim o que podia enquanto ele enrolava algo feito
com um tecido velho em seu outro pulso.

Apertou-o bem . Finalm ente ele se afastou e o cheiro horrível tam


bém .

Bill a fitou, balançou a cabeça e então se virou para voltar à barraca.


Trisha olhou para cim a, para os braços am arrados. Ele usara duas
bandanas diferentes para am arrar seus pulsos a uns galhos finos.
Ela os puxou, m as eles quase não se m exeram , provando que não
havia com o ela se soltar. Ela xingou baixinho e deu um puxão nas
bandanas, tentando ver se ele havia deixado algum espaço pelo
qual ela poderia passar a m ão. Ele havia am arrado forte dem ais.

Bill saiu da barraca carregando um saco de dorm ir e um


travesseiro. Ele lançou um olhar a ela antes de j ogá-los no chão, a
alguns m etros de onde Trisha estava. Ela havia pensado que ele
era m inim am ente decente por ter-lhe oferecido com ida e bebida,
m as isso fora antes de ele am arrá-la com o um espantalho à
árvore. Depois de um tem po, suas pernas ficariam bem cansadas.

Ele se esticou de costas em cim a do saco de dorm ir, olhando para


ela, e descansou a arm a sobre o peito. Ela notou um a faca de caça
em sua bota quando ele cruzou as pernas. Ele enfiou o travesseiro
em baixo da cabeça e fechou os olhos.

Trisha se m exeu. Suas pernas doíam e parecia que seus braços


iriam cair. Ela

ficou na ponta dos pés para deixar os braços no m esm o nível dos
om bros, o que enviou um pouco de sangue de volta para os m em
bros, m as então seus dedos do pé com eçariam a doer e ela teria
que colocar o pé inteiro no chão novam ente.

De vez em quando, rolava os olhos para cim a. Tentava dorm ir, m


as toda vez que com eçava a pegar no sono, suas pernas ficavam m
oles, o que fazia com que a dor a percorresse até seus braços, que
seguravam o peso. O tem po se arrastava.

Algo no m ato fez um pequeno barulho. Bill acordou instantaneam


ente, se colocou de barriga para baixo e levantou a arm a na direção
de onde o som viera.

Em choque, Trisha o fitou. Um pássaro voou de um a árvore


naquela direção.
O hom em de barriga para baixo suspirou e voltou à posição inicial,
olhando para ela.

– Tenho sono leve. Pare de suspirar, estou ficando cheio. – Ele


fechou os olhos novam ente e descansou a arm a novam ente no
peito.

Ele não pode estar dormindo de verdade. Trisha fitou o peito dele,
observando-o levantar e descer lentam ente. O som que o pássaro
fez era tão leve que ela m al havia escutado, m as o hom em aos
seus pés reagiu instantaneam ente, com o se estivesse sendo
atacado por algum a coisa. Ele até m esm o apontou a arm a
naquela direção. Se estivesse fingindo que estava dorm indo, então
ele estava a par de qualquer som que ela fazia. Sua esperança
reluzente de que pudesse fugir dim inuiu. Teria sido m elhor se
tivessem deixado Tom com ela. Um hom em babando em seus seios
parecia m elhor do que ser am arrada de form a tão desconfortável a
um a árvore.

A dor a acordou e ela gem eu. Seu corpo se pendurava e todo o


peso estava em seus pulsos, fazendo-os doer. Trisha conteve as
lágrim as. Colocou todo o peso nos pés e ficou na ponta deles.
Aquilo aliviou toda a tensão dos pulsos e o sangue fluiu de volta
para os braços enquanto ela observava o céu. Ela passou a m aior
parte do dia am arrada. O sol havia dim inuído. Ela olhou para o
hom em no chão, notando que ele a olhava de volta. Ela não tinha
certeza, m as achou que a atenção dele estava fixada em sua
barriga.

– Você está acordado. – Ela observou delicadam ente. – Posso m e


sentar agora? Por favor?

Ele se sentou e observou o rosto dela, franzindo até a testa, até que
colocou a arm a no chão, ao lado do saco de dorm ir, e se levantou.
Se afastou dela e foi até a barraca. Trisha levantou o queixo para
olhar para o céu. Cretino. Ele sabia que ela estava com dor e
desconfortável. Além disso, precisava usar o banheiro de novo. Ela
o ouviu voltar e lançou um olhar ao walkie-talkie que ele tinha em
um a das m ãos.

– Bill aqui – disse ele. – Base?

– Oi, Bill – respondeu um hom em pelo pequeno alto-falante. –


Reporte.

– Ainda não os encontram os. – Bill observava Trisha e colocou o


dedo em

frente à boca, num gesto para que ela ficasse em silêncio. – Estam
os na seção 22. Alguém teve sorte?

– Até agora, não. – A voz estava com estática. – Vocês estão bem
m ais na frente.

– Não tem outros caras nesse cam inho?

– Não, só vocês. Com o assim o Tom não está cham ando?

– Ele está cagando. O garoto está verde. Ligam os de volta e


reportam os de m anhã. Câm bio e desligo. – Ele desligou o walkie-
talkie.

– Eles ainda não acharam seu am iguinho anim al. – Ele j ogou o
walkie-talkie no travesseiro. – Agora estou descansado e pronto
para a ação. Queria ter certeza de que não havia m ais ninguém na
área, e agora som os só nós.

O estôm ago de Trisha se contorceu quando ela engoliu em seco.


Não sentiu um a coisa boa quando ele disse aquilo, nem com o j eito
que seus olhos passeavam pelo seu corpo. Seu olhar lascivo foi
subindo, até que encontrou a expressão am edrontada dela.

– Você é um a m ulher bonita. É um a daquelas vadias de coração


m ole e defensora dos direitos dos anim ais, não é? Você adora
anim ais, garotinha? – Ele pôs os braços para baixo e abriu o cinto,
com os olhos presos nos dela. – Eu não queria que o Tom ficasse
com você porque aquele m enino não sabe o que fazer com um a m
ulher.

– Ah, Deus – gem eu Trisha, observando-o tirar o cinto do passante,


com a fivela presa nas m ãos. Seus olhos voaram até os dele. – Sej
a lá o que estej a pensando, por favor, não faça.

– Cale a boca ou dou com esse cinto em você. Odeio gritaria. Está
m e entendendo? Você não vai precisar da língua para cuidar do Pat
quando o Tom trouxer aquele im becil até aqui. Ele é um idiota e
tenho certeza que tem os algum as horas até eles voltarem . Ele não
conseguiria encontrar nem o próprio rabo sem alguém m ostrando o
cam inho até ele. Vou cortar sua língua se você gritar.

Bill j ogou o cinto no saco de dorm ir e se abaixou. Puxou um a


grande e afiada faca de caça da bota direita. Olhou para ela e
passou o dedo por um dos lados da lâm ina. O lado de trás tinha a
ponta serrilhada. A lâm ina devia ter uns vinte e cinco centím etros.
Trisha a fitou horrorizada. Ele levantou a cabeça e lhe deu um
sorriso frio.

– Diga que é um a im becil de coração m ole e defensora dos


direitos dos anim ais. Diga bem assim .

Ela trem ia de terror. Abriu a boca, m as nada saiu. Puxava os


pulsos com força, freneticam ente, m as as bandanas a seguravam .
Tentou andar para trás, m as a árvore não deixava.

– Diga “sou um a vadia adoradora de anim ais e um coração m ole


im becil” –

ordenou ele baixinho. – Agora m esm o.

– Sou um a vadia adoradora de anim ais e um coração m ole im


becil – Trisha sussurrou.

Um sorriso rachou os lábios dele.


– Que boa m enina. – Ele se aproxim ou um passo e agarrou a faca
de caça.

Esticou os braços, pegou na cintura da calça dela e levantou a


cabeça.

– Tire os sapatos.

– Preciso usar as m ãos para tirá-los – m entiu ela. Sua voz trem ia.

– Tire agora ou… – Ele elevou a lâm ina até que a ponta tocou no
peito dela, e levou-a até a área abaixo do m am ilo – Acho que dá
para enfiar isso uns sete centím etros antes de bater no osso.

– Ai, m eu Deus – Trisha arfou, e o pânico tom ava conta dela. –


Tudo bem . –

Ela usou um dos pés para encaixar na parte de trás do outro sapato
e em purrou-o para baixo. O sapato saiu. Ela trocou os pés e,
usando os dedos do outro, tirou o segundo sapato.

– Deus não está aqui, garotinha.

Bill se m oveu de repente, tirando a faca do peito de Trisha e


colocando-a na frente do rosto dela. Ela viu a lâm ina em sua
direção e um grito rasgou sua garganta. Ela j ogou a cabeça para o
lado. Esperava que a lâm ina atingisse seu rosto, m as não. A dor
esperada nunca veio. Ela o ouviu rir. Virou a cabeça e viu a faca
enfiada ao lado de seu rosto, no tronco da árvore. Sua orelha roçava
no m etal gelado.

As m ãos dele eram brutais ao se enfiarem no elástico das calças


dela. Ele a abriu e em purrou-a para baixo. Enganchou os dedões
na calcinha dela e desceu-a pelas pernas. Ao chegar aos
tornozelos, puxou com força para tirá-la. As pernas de Trisha foram
puxadas j unto e ela gritou m ais um a vez. A dor rasgava seus om
bros e pulsos, pendurados com o peso dela.
Ele se levantou e olhou para Trisha, enquanto ela lutava para se
colocar em pé de novo, para aliviar um pouco a dor nos braços. Ela
estava nua da cintura para baixo e sabia que ele planej ava estuprá-
la. Virou a cabeça e rezou, e um a m ão agarrou seu cabelo.

– Olhe para m im , vadia am ante de anim ais – m andou ele.

Trisha chorava da dor que ele infligia nela. Ele virou a cabeça dela
puxando-a pelo cabelo, até que ela não teve outra escolha a não ser
olhar para ele. Ele sorriu o sorriso m ais frio que ela j á tinha visto.

– Quando os m eninos voltarem , isso não aconteceu. Eu m esm o


vou te m atar se você contar a eles, e não vai ser indolor. Está m e
entendendo? Não vou correr o risco de aqueles im becis bocudos
ficarem bêbados e contarem tudo para m inha esposa. Só vou dizer
a eles que você tentou fugir se você não fizer o que eu m andar e do
j eito que eu m andar. Vou te cortar em pedaços enquanto você
ainda respira. Está m e ouvindo, m ocinha? Faça o que eu digo ou
não vai sobreviver até am anhã. Se disser a qualquer um dos caras
o que estam os prestes a fazer, você vai im plorar para que eu m
orra antes de chegar até você. – Ele piscou para ela. –

Caram ba, se você contar, é capaz de os outros quererem fazer o m


esm o. – Ele soltou o cabelo dela, rindo. – Pensando bem , eles tam
bém não podem contar nada se fizerem . Podem os fazer nossa
própria festinha com a vadia am ante de anim ais.

– Não, por favor. Eu tenho dinheiro, posso te pagar o quanto quiser.


Apenas por favor…

Ele deu um tapa forte nela. A dor percorreu Trisha, explodindo na


bochecha e indo até a m andíbula. Ela gem eu. A agonia passou por
seus om bros quando seus j oelhos am oleceram . Ela lutou para
não apagar e conseguiu. Mas tudo girava, e o

gosto ferroso do sangue enchia sua boca. Ela colocou o peso de


volta nos pés.
Havia m ãos em seu peito. O cretino levantou sua blusa acim a da
cabeça. Ele a colocou atrás do pescoço dela para não cair no peito.
Ele não poderia tirá-la sem cortá-la ou desam arrar Trisha. As m ãos
dela estavam am arradas com m uita força para que ela se soltasse,
m esm o quando tentava freneticam ente fazer isso.

A blusa se m exeu enquanto ela lutava e um pouco do tecido


escorregou para a frente, passando pela parte de trás da cabeça
dela, quando ela abaixou o queixo.

Bill xingou e agarrou a blusa novam ente, para enrolá-la atrás do


pescoço e m anter a cam isa levantada. Mãos agarraram a frente de
seu sutiã e ele o puxou com força, rasgando o tecido. Ele colocou os
boj os de lado.

– Você é m elhor do que m inha esposa era antes de aquela vaca


ter seis filhos.

– Ele agarrou os pulsos dela dolorosam ente. – Aposto que você é


apertada pra caram ba tam bém . Você não tem estrias. Não teve
filhos, posso ver pelos seus peitos.

A tontura retrocedeu. Trisha lentam ente se recuperou do tapa.


Cuspiu sangue nele. Ele j á a estupraria de qualquer m aneira.

– Vai se foder, filho da puta.

Ele a agarrou pela garganta. Trisha só podia fitá-lo com pavor


enquanto a m ão dele a apertava dolorosam ente. Ele parecia
absolutam ente furioso ao se aproxim ar dela, até seu nariz quase
tocar o dela.

– Se acha boa dem ais pra m im , garotinha? Acha que pode ficar m
e xingando?

Aposto que agora está desej ando ter segurado a língua. – Ele
respirava fundo. –
Quer ar? É bom . Você está ficando roxa, sua vagabunda. – Ele
soltou as m ãos.

Trisha pegou ar e engasgou. Ela o fitava enquanto ele colocava as


m ãos para baixo e desabotoava a calça lentam ente. Ele balançou
a cabeça para ela e deixou as calças caírem , revelando um a cueca
branca, que ele abaixou até o tornozelo.

Agarrou o pau e com eçou a se m asturbar lentam ente. Um a onda


de noj o passou por Trisha.

– Está vendo o que vai ganhar, garotinha? Vou conhecer cada


buraco seu. Cada um . Acha que pode m e xingar com essa boca?
Tente m e cham ar de algum a coisa quando eu estiver enfiado na
sua garganta, vagabunda.

– Prefiro m orrer. Me m ate! – Ela gritou. – Você é um perdedor de m


erda. Não é nada além de um m erda e um estuprador filho da puta.
– Ela esperava que ele a atacasse e a m atasse. Preferia m orrer do
que sobreviver aos toques dele. – E

isso daí é patético, aliás. Sou m édica, j á vi m uitos – ela provocou.


– Patético! –

Ela gritou.

A cara dele ficou verm elha e ele rugiu de raiva ao investir na


direção dela.

Trisha ficou tensa, e só o que podia fazer era j ogar as costas contra
a árvore enquanto tentava chutá-lo com os dois pés. Seus om bros
e pulsos doíam absurdam ente, m as seus pés o acertaram . A dor
atingiu suas duas pernas ao fazerem contato com o corpo dele. Ela
m irara na virilha dele, m as acertou a parte de cim a das coxas.

O hom em , cheio de raiva, não caiu. Cam baleou m ais ou m enos


um m etro para trás, quase tropeçou por causa das calças no
tornozelo, m as continuou em pé.
– Sua vadia desgraçada! – Ele gritou. – Quer ser durona? Acha que
pode tentar

chutar m inhas bolas e não pagar por isso? Vou te m achucar tanto
que você vai im plorar pra eu te m atar, e então é o que vou fazer.

Ele foi na direção dela outra vez. Ela o viu levantar um punho e
soube que não tinha com o evitar. Seu últim o pensam ento foi que
ele podia bater nela tão forte que ela estaria apagada quando ele a
estuprasse. Se eu sobreviver. Ela duvidava de que iria. Apenas não
queria estar consciente quando ele a m achucasse e a m atasse.

CAPÍTULO OITO

O tapa nunca veio. Trisha viu a alguns centím etros dela algo
grande e rápido ir de encontro ao hom em que vinha em sua
direção. Ela virou a cabeça e olhou abism ada para Slade, que
estava em cim a do hom em sem inu. Os dois rolaram e pularam um
para cada lado.

– Slade – soluçou Trisha.

– Estou m eio ocupado, doutora. – Ele não olhou para ela. – Está
bem ? Ele te estuprou? – Ele rosnava as palavras, obviam ente
enraivecido.

– Estava quase. – Lágrim as caíram livrem ente pelo rosto de Trisha,


e um soluço surgiu em sua garganta. Slade viera atrás dela.

– Anim al de m erda – cuspiu Bill. Puxou a cueca e as calças para


cim a, que estavam em boladas em seus tornozelos.

– Está m e cham ando de anim al? – Slade rosnou. – Isso é um a


coisa e tanto, vindo de um estuprador e agressor de m ulher. Quer
m e cham ar tam bém de idiota e filho da puta produzido em
laboratório, j á que parece que você gosta de m e xingar de coisas
que caem m elhor em você?
Bill puxou um a pequena faca da bota esquerda e balançou-a entre
seu corpo e o de Slade.

– Então você veio atrás da garotinha, é? Ela é sua m estra ou coisa


do tipo, Totó?

– Acho que você é um cretino doente se acha que ela é um a


garotinha.

– Vou cortar sua cabeça fora e pendurar sobre a m inha lareira – Bill
provocou.

– Vem , Totó. Prim eiro, vou só te destroçar um pouco, se você tiver


sorte, e fazer você m e ver fodendo ela pra te m ostrar com o os
hum anos fazem .

Slade riu.

– Com o se você soubesse com o é ser hum ano. E isso não é


transar, seu m erda.

Se cham a estupro. O único que precisa de um a lição é você. E,


sem querer m udar de assunto, a doutora está certa. A últim a vez
que vi um a coisa desse tam anho eu devia ter uns oito anos,
quando olhei pra baixo. Você é um patético de m erda. Não m e im
pressiona que você tenha que am arrar um a m ulher na árvore e
forçá-la. Um a m ulher que estivesse livre m orreria de rir quando
você colocasse essa coisinha pra fora. Parou de crescer quando
você tinha oito anos?

Eu com certeza não. Sou m aior que isso m esm o m ole e na água
gelada.

– Pelo m enos posso ter filhos – berrou Bill. – Você é zerado, seu
anim al. Rim os disso o tem po todo. Tudo o que tem os que fazer é
esperar até que todos vocês, anim ais de m erda, m orram e fiquem
extintos.
– Você acha? – Os olhos de Slade se estreitaram . – Podem os não
fazer filhos, m as sabem os com o tratar um a m ulher.

Ele lutava contra a raiva. O hum ano tocara em Trisha, a despira e a


deixara nua ao ar livre. O cheiro do sangue dela pairava no ar. Ele
se recusava a olhar para ela, sabendo que ficaria louco se visse
qualquer ferim ento feito a ela.

Precisava m anter a cabeça no lugar. Queria que o cretino sofresse,


e iria partir ele no m eio se não se acalm asse. Ele m orreria m uito
rápido.

Bill chacoalhou a faca novam ente.

– Esperam os que seu tem po de vida não sej a o m esm o de um


cão patético. É o que você é, não é, seu anim al? Você não tem os
olhos de gato que eu vi na TV, do bichinho que colocaram na frente
das câm eras do j ornal.

– É – rosnou Slade. – Sou canino – ele m ostrou seus dentes


afiados. – Vou sobreviver a você.

– Nenhum de vocês vai sobreviver por m uito tem po – Bill se


afastou um pouco, trocou a faca de m ão e fez com os dedos um m
ovim ento para que Slade fosse até ele. – Vam os caçar cada um de
vocês. Vam os fazer disso um esporte.

Se vocês pudessem procriar, tudo o que teríam os que fazer era j


ogar um a bom ba em vocês, anim ais de m erda, antes de terem
seus cãezinhos. – O olhar dele voou até Trisha por um instante, e
então ele deu um sorrisinho m aldoso. – Acha que ela te quer? Acha
que m ulheres hum anas iriam querer alguém atirando um a coisa
sem nada dentro delas?

– Pelo m enos eu tenho o equipam ento para satisfazer um a m


ulher – Slade rosnou para ele. – Você pode ter a capacidade de
procriar, m as tudo o que você transm itiria seria sua ignorância e
seu pau m inúsculo.
– Vou deixar você sangrando no chão pra m e ver com endo ela e te
m ostrar com o um a m ulher gosta de um hom em de verdade. Vou
ter um a coisa com a qual você só pode sonhar.

A raiva de Slade borbulhava, m as a ele a conteve. A vontade de


fazê-lo sofrer dim inuía rápido, favorecendo a de m atá-lo logo. Ele
m ostrou os dentes de novo, querendo que o hum ano fosse até ele.
Aquilo lhe daria a vantagem de que precisava.

– Ela j á é m inha. Ela sabe com o é ter um hom em de verdade


dentro dela, e ela quis que eu a com esse – Ele deu um sorriso frio.
– Não precisei am arrá-la e ela não m e cham ou de patético. Ela
pertence a m im .

Um berro cheio de raiva partiu de Bill, e ele avançou com a faca.


Slade se esquivou da investida da lâm ina afiada. Esticou os braços
e Bill gritou. Ouviu-se um barulho alto. A faca caiu e Bill gritou de
novo, pulando para longe.

Slade havia atingido o braço de Bill que carregava a faca com tanta
força que o quebrou. Slade sorriu, m ostrando dentes afiados, e
então dim inuiu a distância.

Agarrou a blusa de Bill, lançou o punho para trás e deu-lhe um soco


no nariz. O

hum ano gritava enquanto o sangue escorria pelo seu rosto e ele
olhava aterrorizado para Slade.

– Isso é por bater na m inha m ulher – grunhiu Slade. – Você vai


conhecer a dor e o sofrim ento antes de eu acabar com você. Você j
am ais devia ter tocado nela.

Você vai conhecer bem a dor por cada segundo que a infligiu nela –
rosnou ele. –

E depois você vai m orrer.


– Não – disse Bill ofegante, com o horror visível em seus olhos e em
sua face ensanguentada.

Trisha assistia a tudo chocada e horrorizada enquanto os dois se


engalfinhavam . Ela foi tom ada pelo m edo de Slade se ferir, m as
depois de alguns segundos ela percebeu que ele tinha velocidade e
força contra seu oponente. Ele

facilm ente dom inou a luta.

Slade segurou a blusa de Bill, levantou sua perna e chutou o j oelho


direito do filho da puta. O barulho que se fez foi alto e horrível
quando a perna estalou. A visão do osso atravessando a pele e do
sangue escorrendo era nauseante, e Slade j ogou Bill no chão
quando ele tom bou para um lado e suas pernas am oleceram .

Bill chorava. Trisha estava em choque. Slade se agachou, se


apoiando nos j oelhos enquanto encarava Bill. Sangue escorria do
nariz e da perna de Bill. A ponta do osso saía acim a do j oelho,
através da calça. Slade continuou a observá-lo por um longo m
inuto.

– A dor e o terror que você está sentindo agora são o que você fez
m inha m ulher sentir. Você ia m achucá-la e estuprá-la, e ia m atá-la
depois de usar o corpo dela. – Slade fez um a pausa. – Posso ser
um anim al, m as sou m ais piedoso que você. Eu poderia te deixar
aqui para m orrer lentam ente. – Ele se levantou, virando as costas
para o hom em . Andou até onde a faca estava caída, se abaixou e
pegou-a pelo cabo. Parecia estar testando o peso dela.

– Bill? Vá para o inferno – rosnou Slade. – Você nunca devia ter


tocado no que é m eu.

Slade se virou e, em um m ovim ento fluido, j ogou a faca. Ela


acertou Bill no peito. Choque e horror se fixaram nas feições
horríveis do hom em enquanto ele olhava para baixo e via sua
própria arm a enterrada profundam ente em seu corpo. Ele caiu para
trás e não se m exeu m ais.
Trisha olhou em basbacada para o hom em sem vida. Ela estava
certa de que estava m orto. Ele estava gem endo de dor dos ferim
entos que recebera até Slade enterrar a faca nele até o talo. Foi
preciso m uita força e habilidade para arrem essar a arm a tão forte
e acertá-la no alvo. Slade andou até Trisha. Ela tirou o olhar de cim
a do corpo m orto e encontrou os olhos azul-escuros de Slade. Eles
eram tudo o que ela pôde ver quando ele se aproxim ou m ais dela.

– Não olhe assim para m im – ordenou Slade delicadam ente.

Ele parou na frente dela, esticou a m ão até um de seus pulsos e


arrancou a bandana. Ela em itiu um som de dor quando abaixou o
braço, pois m achucava dem ais. Era com o se agulhas e alfinetes
penetrassem nela e em seu om bro.

Slade soltou o outro braço. Assim que a libertou, Slade a pegou nos
braços.

– Você está trem endo. Vam os, doutora. Você está a salvo. Estou
com você e está tudo bem agora.

Slade foi até o saco de dorm ir e se sentou com ela em seu colo.
Olhou para a boca dela e baixou o braço que segurava os j oelhos
dela.

Dedos gentis roçaram o lábio inferior dela. Ela se contraiu de dor.


Os olhos de Slade se estreitaram .

– Droga. Ele te bateu forte e cortou seu lábio. Abra a boca para m
im , doutora.

Vam os nos certificar de que ele não causou nenhum dano perm
anente.

Trisha abriu a boca e Slade tocou seus dentes. Seus olhos


pareceram escurecer quando ele tirou o dedo e roçou a ponta dele
sobre a parte ferida do rosto dela, onde havia sido golpeada.
– Está tudo aí e inteiro, m as você vai ficar com um belo hem atom
a. – O olhar dele estudou a bochecha e o m axilar dela. – Ainda bem
que ele não te acertou m ais em cim a, ou você ficaria com um olho
roxo.

O choque dela passou e ela voltou a pensar.

– Tem os que ir em bora daqui. Tem m ais hom ens com ele e eles
vão voltar.

Ele chacoalhou a cabeça.

– Não, não tem .

– Tem , sim . Um deles está ferido e dois deles foram procurar por
ele e por você. Se o que está desaparecido for encontrado, eles
podem aparecer a qualquer m om ento. Precisam os ir antes que
eles retornem . Eles têm arm as, Slade. Eles…

– Estão todos m ortos. – Slade segurou o rosto dela com as duas m


ãos. – Eu os m atei. Tinha três deles e não consegui chegar a você
antes. Ouvi eles afirm arem que iam te levar até o acam pam ento.
Você fez bem , doutora. Fez eles irem m ais devagar, m e dando
tem po para vir até aqui. Achei o prim eiro dentro da barraca.

Matei-o e levei o corpo para longe para im pedir que eles o


encontrassem .

– Mas…

Slade delicadam ente colocou o dedo sobre os lábios dela e ela


fechou a boca.

– Eu sabia que não te m achucariam enquanto achassem que o


cara estava ferido e precisassem da sua aj uda. Escondi o corpo,
esperando que im aginassem que ele tivesse se afastado para m ij
ar e se perdido. Segui o m ais novo e o elim inei. Dem orei um
pouco m ais para localizar o barulhento. Ele era m ais esperto e
difícil de desarm ar. Aí voltei aqui a tem po de ouvir você gritar.

– Eles estão m esm o m ortos? – O choque a percorreu ao ouvir que


Slade os m atara.

– Sim . Os hom ens que estão com eles m ataram Bart e iam te m
atar. Teriam feito o m esm o com igo. Acredite em m im . Tentaram
m e m atar quando os encontrei. Eu j am ais teria te deixado sozinha
se não achasse que você estaria a salvo. Sinto m uito, j uro que
nunca achei que fossem te m achucar. Quando fui em bora, ele
estava te dando de com er e beber.

Ela viu a sinceridade nos olhos dele.

– Tam bém não esperava que ele fosse m e atacar.

Slade colocou o rosto dela entre suas m ãos e a estudou.

– Sinto m uito m esm o, docinho. Você m e perdoa?

Ela fez que sim com a cabeça, ainda chocada por ele ter m atado
aqueles hom ens para salvá-la.

Ele pegou os pulsos dela e olhou para eles, franzindo a testa.

– Você vai ficar com várias contusões. Está doendo em m ais algum
lugar? –

Os olhos dele encontraram os dela. – Me diga. Aquele cretino te m


achucou m ais?

– Não.

– Trisha? Me conte. Ele fez algum a coisa com você além dos
pulsos e do rosto?

Ele abusou sexualm ente de você de qualquer m aneira antes de eu


chegar?
Cheguei a tem po ou ele te m olestou antes tam bém ?

Lágrim as a cegaram .

– Você chegou a tem po.

– Então por que as lágrim as? – Ele secou algum as delas com o
dedão, olhando para elas com o se fossem algo estranho.

Trisha riu, em parte por histeria, em parte pela expressão côm ica
dele.

– Você nunca chora, não é? – Ela fungou, a risada desapareceu. –


Eu estava

m orrendo de m edo. Estou chorando por causa do que ele planej


ava fazer com igo.

– Não, eu não choro.

Trisha não ficou surpresa quando ele adm itiu.

– Bem , eu sim . Merda. Estou pelada. Está vendo o estado em que


estou?

Esqueci que estava sem roupa. – Ela pegou a blusa de trás do


pescoço e puxou-a pelo corpo para cobrir o colo. Olhou em volta e
encontrou o resto de suas coisas antes de olhar novam ente para
Slade. – É m elhor eu m e vestir.

– Não se m exa, você ainda está trem endo. – Ele colocou os braços
em volta dela. – Apenas relaxe, doutora. Eles estão m ortos e você
está segura. Não tem m ais ninguém num raio de vários quilôm
etros, m e certifiquei disso.

Ela se virou e descansou em Slade, colocando os braços em volta


da cintura dele, e se prendeu nele. Lutou contra a vontade de chorar
quando ele passou os dois braços em volta dela. Era certo que ela
teria passado por coisas infernais se não fosse por Slade. Ele a fez
se sentir um pouco m elhor.

– A propósito, nunca m ais faça isso – suspirou Slade.

– O quê? – Trisha levantou a cabeça, olhando para a expressão


tensa dele.

– Provocar um hom em para ele te m achucar. – Slade chacoalhou


um pouco a cabeça para ela. – E se eu tivesse chegado m ais
tarde? Não teria chegado antes de ele te m atar. Eu teria vindo
recolher seu corpo dos dedos m oribundos e sangrentos dele,
doutora. Da próxim a vez, você vai fazer tudo o que puder para se m
anter viva. Pode sobreviver a qualquer coisa enquanto respirar.

– Ele ia fazer coisas horríveis com igo. Preferia m orrer a passar por
isso.

Slade rosnou para Trisha, m ostrando a ela sua raiva.

– Não. Você vai sobreviver. Custe o que custar, vai se agarrar à


vida. Teria sido infernal para você, e teria te m achucado m uito, m
as, enquanto você estiver respirando, tem um a vida pela qual lutar.

– Você não entende. Aquele filho da puta não te am arrou num a


árvore e disse que ia te estuprar de j eitos que te fariam gritar.

Slade respirava m ais forte agora, zangado, e olhou para Trisha.


Agarrou os braços dela, virando-a para encará-la.

– Eu sofri m uitas coisas horríveis, doutora. Você não tem ideia do


tipo de dor e agonia que aguentei na m inha vida. Eu vi m atarem m
eus am igos e eles eram tudo o que eu tinha. Sofri um a dor que
teria deixado m uitos hom ens loucos, m as aqui estou. Eu lutei.
Aguardei, com esperanças de que um dia eu pudesse ter um dia
com o este. Estou livre. Toda a dor e agonia, todo aquele inferno,
toda a indignidade e hum ilhação estão para trás. Estou aqui com
você no m eu colo e sou grato, doutora. Você m e entende?
Sobreviva de qualquer j eito que puder, m as não desista. Nunca m
ais provoque um hom em para que ele te m ate. – Ele deu um
suspiro entrecortado e suas lindas feições se suavizaram . – Por
favor. Não posso salvar um cadáver.

Trisha concordou com a cabeça, j á sem raiva. Ele havia sofrido e


ela não fazia ideia de quão profunda era aquela agonia. Ele passou
anos sendo um a cobaia de testes. Viu m uitas pessoas com quem
certam ente se im portava serem torturadas até a m orte. Um dia
realm ente infernal e horrível que ela teve não era nada com parado
à vida inteira de Slade.

– Eu prom eto.

A tensão no corpo dele se aliviou.

– Bom . Vam os com er a com ida dele, pegar os m antim entos e


sair daqui antes que alguém venha ver com o estão. Tenho certeza
que equipes do m eu povo j á chegaram na área e estão nos
procurando.

– Mas há tim es daqueles hom ens por aí te procurando, Slade.


Estavam falando sobre um a recom pensa de cinquenta m il dólares.

Slade falou um palavrão.

– Para m e capturar ou m e m atar?

– Não sei, m as tenho certeza que não im porta, contanto que te m


atem . Eles só disseram que eram cinquenta m il dólares.
Mencionaram um tal de Thom as, que não pagaria nada se algo
acontecesse ao filho dele, que era o cara que você m atou na
barraca. – Ela sorriu para ele. – Acho que Thom as não vai ficar m
uito feliz quando descobrir que seu filho está m orto.

– Foi m al. – Slade deu de om bros. – Ele definitivam ente está m


orto e espero que nenhum deles receba a porcaria do dinheiro.
Ouviu m ais algum a coisa?
– Bill, o cara m orto ali, usava um walkie-talkie para falar com um
acam pam ento base. Im agino que eles tenham vários arm ados por
aí. Há outros tim es te caçando, m as acho que estam os a alguns
quilôm etros deles. Bill deveria dar notícias a eles logo que am
anhecesse.

Ele sorriu.

– Ele não vai.

– Eles sabiam que eu era m édica quando m e encontraram .

– Suas coisas estavam onde o carro caiu. Deve ter sido fácil
entender quem você era, e eles podem se com unicar e trocar
inform ações. Tenho certeza de que estão nos procurando, Justice
teria publicado fotos nossas para aj udarem a nos encontrar.

– Ah, desculpe. Achei que isso pudesse ser im portante.

– Foi um detalhe bem observado – Slade piscou para ela. – Com


fom e? Eu estou.

Ela concordou com a cabeça.

– Mas antes preciso fazer xixi.

– Vá procurar um lugar com m ais privacidade e eu vou arranj ar um


as roupas lim pas para você. Tem água, estou vendo as garrafas
daqui. Leve um a e se lave, doutora. Vou cuidar do corpo ali e com
eçar a escolher uns m antim entos.

– Obrigada. – Trisha de repente pegou o rosto dele nas m ãos e se


aproxim ou m ais. – Você salvou m inha vida, Slade. Apenas…
obrigada.

Um sorriso curvou os lábios dele.

– Já que salvei sua vida, é garantido que vou ter sorte esta noite?
Trisha riu. Não pôde evitar. Era a expressão divertida no rosto dele.

– Não acredito que disse isso.

Os om bros robustos se balançaram .

– Sem pre quero você, doutora.

Ela desceu do colo dele e se levantou. Slade se pôs em pé tam bém


. O corpo dela trem ia do estresse e dos m úsculos cansados, m as
ela ignorou tudo isso.

Estava m ais preocupada com o fato de estar nua da cintura para


baixo. Sabia que

Slade não tinha com o deixar de vê-la enquanto se afastava dele.


Ela foi pegar um a garrafa de água.

– Provocação – rosnou Slade quando ela se curvou e pegou um a


garrafa de água para um banho com esponj a.

Ela se endireitou e lançou a ele um olhar por cim a do om bro.

– Você não devia estar procurando um as roupas lim pas para m im


em vez de ficar olhando eu m e curvar?

– Estou fazendo as duas coisas. – Ele foi até a barraca. – Quer se


abaixar para pegar m ais algum a coisa antes de eu entrar? Posso j
ogar coisas no seu cam inho para você ter que se m exer.

Ela riu, andando até os arbustos, onde teria privacidade.

– Não, obrigada, estou bem .

Ela rapidam ente fez suas necessidades e depois tirou a blusa e o


sutiã. Estava ali em pé, nua, quando tudo a atingiu de um a vez.
Trisha lutou contra as lágrim as ao exam inar os pulsos feridos. Sua
boca estava m achucada e sua bochecha latej ava ardentem ente e
doía no local do golpe. Tam bém se sentia m uito, m uito suj a. Bill
havia tocado nela e só a ideia do que ele queria fazer com seu
corpo a fazia querer vom itar.

Ela se agachou, tentando abrir a água. Não tinha força o bastante


para girar a tam pa e o fato de estar trem endo não aj udava. Ela fez
um barulho baixinho, contendo a vontade de chorar, e abraçou o
corpo ao fitar a garrafa.

– Doutora? – A voz de Slade veio de trás dela.

Ela não se m oveu. Ela se aninhou, nua, e se m anteve de costas


para ele. Tinha vergonha de desm oronar daquele j eito e se lem
brou de que ele não gostava de lágrim as. Sabia que, se o olhasse,
ele veria com o estava quase se deixando levar.

– Encontrei roupas para você – disse ele, sua voz ficando m ais
delicada conform e ele se aproxim ava.

Ela abraçou o peito com m ais força. A vontade de soluçar de choro


ficou m ais forte. Os eventos das últim as vinte e quatro horas
tinham sido dem ais, ela não estava acostum ada a ter pessoas
tentando m atá-la ou hom ens a atacando.

– Trisha? – Slade se agachou atrás dela e passou os braços em


volta dela. –

Está tudo bem , docinho, estou aqui. Você está trem endo.

Lágrim as quentes correram pelo rosto dela. Ela ouviu Slade xingar
baixinho e então ele se sentou, puxando-a para seus braços. Ela
não olhou para ele. Em vez disso, passou os braços em volta do
pescoço dele, se segurou firm e e enterrou o rosto em seu peito.

Slade a abraçou m ais forte e seus dedos m ergulharam no cabelo


dela. Ele a levou para m ais perto de seu peito e apoiou o queixo na
cabeça dela.
– Você tem sido m uito coraj osa – disse ele suavem ente. – Tenho
tentado deixar você falante e com bativa, m as tem sido dem ais,
não?

Ela fez que sim com a cabeça.

– Você odeia lágrim as. Desculpe.

A m ão dele parou de esfregar a cabeça dela e ele suspirou.

– Não odeio suas lágrim as. Não se desculpe, você m erece chorar.
Foram dois dias ruins. Desculpe ter te deixado aqui, eu teria m
atado ele prim eiro se soubesse que ele iria te m achucar, m as
errei. Eu estava certo que ele te trataria bem até

eu voltar, e achei que era m elhor deixar você aqui com ele caso m
ais hom ens viessem . Para m im , eles j á tinham você, m as não
iam te m achucar porque precisavam que você cuidasse de um dos
m em bros da equipe.

– Não é sua culpa. – Trisha usou o braço para enxugar as lágrim as.
– Você m e salvou. Obrigada, Slade. Eu sei que você não precisava
e se arriscou lutando contra aquele hom em por isso. Você o m atou
por m im . Matou todos eles para m e salvar.

Os dedos dele esfregaram o cabelo dela novam ente.

– Você é m inha, doutora. Eu lutaria com qualquer um para ter você


de volta, e m ataria qualquer hom em que encostasse em você.

O que ele disse entrou em sua m ente. Trisha levantou a cabeça,


fitou Slade. Os olhos azuis dele encontraram os dela, chocados.

– Sou sua? O que isso quer dizer?

Ele hesitou.

– Agora não é o m om ento, ok? Vam os ter essa discussão m ais


tarde, quando estiverm os em casa. Me deixe te aj udar a se lavar.
Vam os com er, pegar m antim entos e sair daqui. Espero que
cheguem os em Hom eland am anhã.

Trisha o estudou.

– Está bem . – Ela queria fazer centenas de perguntas a ele, m as


deixou para lá.

Por enquanto. Dele? Seu coração acelerou um pouco. Ela não se im


portaria de pertencer a Slade. Nem um pouco.

Ele tirou a m ão do cabelo dela.

– Levante-se, vou te aj udar a se lavar. Depois, vam os nos m exer.


Não quero ficar dem orando aqui. Os hom ens deles conhecem o
acam pam ento e, além disso, odeio o cheiro deles. O acam pam
ento está carregado desse fedor.

Slade aj udou Trisha a se levantar, pois ela não estava firm e. Ele m
olhou a blusa dela e com eçou pelas costas, esfregando a pele.
Trisha segurou o cabelo.

As m ãos de Slade eram delicadas e ele a lavou até em baixo,


depois ordenou que se virasse de frente para ele.

Trisha encontrou o olhar firm e dele. Estava nua à sua frente e


observou o olhar dele descer lentam ente pelo corpo dela. Ele
pressionou a boca, form ando um a linha firm e e soturna. Parecia
furioso. Mais lágrim as am eaçaram cair e ela precisou piscar para
contê-las.

– Por que está bravo?

O olhar dele encontrou o dela.

– Ninguém deveria te tocar do j eito que ele te tocou. Você está com
hem atom as. Estou furioso. Qualquer um que m arca sua beleza m
e deixa puto.
Não estou aborrecido com você, só estou bravo por não ter te
protegido m elhor.

Ela entendeu. Slade lavou seus braços e om bros, m as as m ãos


dele hesitaram em seus seios. E então ele os esfregou de form a
rápida e eficiente. Seu corpo respondia à água e ao ar e seus m am
ilos endureceram . Slade rosnou e se aj oelhou na frente dela.

– Não olhe assim para m im – suspirou ele, alto. – Por favor.

– Assim com o?

Os olhos dele se estreitaram e ele olhou para cim a, para ela.

– Você não tem ideia do quanto te quero, doutora. Você está ferida e
quase foi

abusada sexualm ente. Tentei te distrair antes, perguntando se eu


teria algum a sorte m ais tarde. Você tem um rosto expressivo. Fico
feliz por saber a m aior parte do tem po o que você pensa, m as no
m om ento estou tentando não pensar no que você é. Não olhe para
m im enquanto toco em você. Me sinto honrado por você confiar em
m im e deixar tocar no seu corpo depois do ataque. Significa m uito
que você encare o m edo por m im . – Ele respirou fundo. –
Precisam os que você se vista para irm os em bora daqui. Tam bém
te quero, m as agora não é o m om ento.

Trisha corou por saber com o seus pensam entos eram


transparentes para ele.

Ela o queria m esm o. O toque dele a faria esquecer o que quase


fora feito a ela.

Ela desej ava se enrolar nele e ficar o m ais perto possível.


Slade respirou fundo, cham ando a atenção dela. Lavou a parte da
frente dela, as coxas e os pés, depois se levantou. Os olhos dele
encontraram os dela e ela soube, naquele m om ento, que precisava
se sentir viva – j á que estivera tão perto da m orte – e não iria
aceitar que negassem a ela o hom em que a faria se sentir assim .

Slade tentou esfriar o corpo quente. Tocar em Trisha sem pre o


deixava quente, doendo para possuí-la, m as agora não era hora.
Ela o fitou e de repente levantou as próprias m ãos, colocando-as no
peito dele. O ar nos pulm ões dele congelou.

– Me faça esquecer. Por favor? Eu quero você.

Ele precisou se forçar para respirar. Seu m em bro respondeu


instantaneam ente, indo de m eio m ole a duro com o pedra em
questão de segundos. A sensação dos dedos dela correndo em
direção à sua cintura o fez conter um gem ido. Ele cerrou os punhos
ao lado do corpo para se im pedir de avançar nela, apertá-la contra
seu corpo e obter o que ela oferecia.

Ela está traumatizada, nunca vai me perdoar se eu tirar vantagem


agora. Ele tentava ser racional. Ela havia acabado de sobreviver a
um a experiência penosa, quase foi estuprada, e por m ais que ele
pudesse entender a necessidade dela de se distrair, as
repercussões daquilo poderiam arruinar qualquer futuro que
pudesse ter com ela caso ela se arrependesse depois.

– Por favor, Slade? – A voz dela chegou a um tom rouco. – Sei o


que quero, e é você.

Ele abriu as m ãos, pegou delicadam ente na cintura dela e adorou


a sensação da pele nua dela. Em vez de olhar para aquele corpo
tentador, ele m anteve os olhos fixos nos dela.

– Eu te quero sem pre, m as não sei se agora é a coisa m ais


inteligente que poderíam os fazer. Você deve se acalm ar prim eiro.
Um sorriso que curvava os lábios dela desviou a atenção dele para
sua boca.

Ele queria tanto beij á-la que chegou a abaixar o rosto, m as parou a
centím etros da boca dela. Ele engoliu em seco e levou os olhos de
volta aos dela.

– Sou um a m édica que trabalhou por anos em salas de em


ergência. Sei tudo sobre adrenalina e m inha vida j á esteve em
risco antes. Já encarei m em bros de gangues, m alucos com arm
as e um a velhinha com um canivete que não queria levar pontos de
j eito nenhum . Nesse m om ento eu quero viver e quero transar com
você. Sobrevivi e agora quero celebrar isso. Não consigo pensar em
nada m elhor do que tirar essas suas calças.

Bom o bastante pra mim, ele pensou, sabendo que deveria


questionar m ais aquilo tudo, m as Trisha estava nua na frente dele
e oferecendo algo que ele queria desesperadam ente. Sua boca se
escancarou e se apossou da dela. Ela se abriu para ele, com seus
lábios m acios, e ele rosnou quando suas línguas se encontraram .
Ela era extrem am ente viciante.

A sensação dela pegando em sua cam isa, puxando-a de dentro das


calças, e colocando as m ãos em seu zíper dissipou qualquer
hesitação que ele tinha. Ela precisava dele e ele lhe daria qualquer
coisa que ela quisesse. Enxugaria as lágrim as dela, a abraçaria ou
usaria o corpo para confortá-la. Não havia nada que pudesse dar
errado entre eles.

Suas m ãos deslizaram até os quadris dela, um a delas se enfiando


entre as coxas à procura do clitóris para m assageá-lo. De form a
desvairada, Trisha abriu as calças dele, libertou seu pau e colocou
as m ãos em volta dele. Ele precisou firm ar os j oelhos para
continuar em pé. Queria cair de j oelhos quando ela com eçou a
acariciá-lo com sua m ão m acia e tenra. As dele não foram tão
delicadas ao localizar furiosam ente o ponto quente que ele sabia
que a faria queim ar por ele.
Trisha agora gem ia contra a língua dele, apertando o seu pau na m
ão. Ele agarrou a bunda dela e notou com o suas m ãos ficaram m
olhadas pelo desej o dela, da form a com o ele m anipulava aquele
m onte de nervos. Ele inspirou o perfum e da excitação crescente
dela, outro rosnado surgiu no fundo de sua garganta, e ele a
arrastou para m ais perto de seu corpo.

Ele queria levantá-la, fazê-la passar as pernas em volta dele e


cravar nela seu m em bro. A im agem daquilo o deixou ainda m ais
louco. Ele não ia aguentar m uito, estava excitado dem ais, e sabia
que devia levá-la ao clím ax antes. Aj ustou os dedos e dois deles
brincaram com a fenda na entrada da boceta dela. Ela oscilou,
agitou o corpo e a m ão que estava no peito dele subiu e agarrou o
om bro.

Trisha tirou a boca para longe dele, j ogou o rosto no peito dele e
gem eu.

Ele enfiou dois dedos na boceta quente dela. A sensação incrivelm


ente m acia e sedosa do canal dela abraçando bem apertado seus
dedos quase desm anchou seu controle. Ele queria fodê-la rápido,
forte e profundam ente, e gozar tanto que ele sabia que seria de tirar
o fôlego. Aquela m édica sexy conseguiria fazer isso com ele.

Ela m exia os quadris, aj udando-o a escavar m ais em sua boceta


confortável, e ele ficou com invej a dos próprios dedos. Ele alisou o
interior dela, pressionava o dedão contra o clitóris e com eçou a
esfregá-lo com m ovim entos curtos e certeiros. Trisha gem endo
seu nom e o estim ulava. A respiração ofegante dela ao dizê-lo foi a
gota d’água. Ele tirou a m ão, se aj oelhou na frente dela e prendeu
a boca no m am ilo dela.

Esse m ovim ento fez com que ela tirasse a m ão do pau dele, que
latej ava

dolorosam ente, m as ele estava excitado dem ais. Não queria gozar
na m ão dela.
Queria estar dentro dela, bem fundo, quando chegasse ao paraíso.
Trisha colocou as m ãos no cabelo dele, enfiando as unhas em sua
cabeça ao pressioná-lo m ais contra seu peito. As m ãos dele
agarraram sua bunda e a apertaram contra o corpo dele, pedindo
para ela sentar no colo dele. Ela aceitou facilm ente, descendo até
que ele aj eitasse as pernas abertas dela nas dele. A cabeça do pau
roçou em sua boceta, agora encharcada de vontade, tão quente e
pronta. Ele a puxou m ais para baixo, fazendo-a recebê-lo conform e
a guiava para em bainhá-lo dentro dela.

Ele j ogou a cabeça para trás e teve que soltar o peito dela para não
m order o m am ilo, e rosnava conform e os m úsculos vaginais dela
se apertavam forte em volta de seu pênis. Merda, vou gozar.
Segure. Ela é boa demais. Os sons que ela fazia enquanto ele a
preenchia, dando a ela todo seu pau, estavam perto dem ais de
fazê-lo perder o controle.

A bunda dele ficou tensa, ele tom ou fôlego e com eçou a se m exer,
m ovendo o quadril. Um braço passou em volta das costas dela para
m antê-la pressionada contra seu peito enquanto ele colocava a m
ão entre eles, localizava o clitóris inchado dela e o dedilhava
furiosam ente. Os m úsculos dela os apertaram e então ela gritou
bem alto. Ele pôde senti-la atingir o clím ax; um j orro quente
banhando seu pau e palpitações contra a ponta dele. Ele enterrou o
rosto no pescoço dela enquanto um êxtase absoluto fazia seu corpo
estrem ecer. Suas bolas estavam duras e a prim eira explosão de
seu sêm en dentro dela quase o fez rugir. Ele a segurou firm e,
abraçando-a, e aproveitou o prazer esm agador que tom ou conta
dele.

Ela é tudo para mim. Ele foi soltando-a delicadam ente quando seu
corpo com eçou a relaxar, o resultado de um sexo tão intenso foi
desaparecendo e ele a abraçou ternam ente. Beij ou a pele dela,
acariciou o rosto dela com o nariz e sorriu. Havia segurado o
suficiente para se certificar de que ela gozasse antes.

– Uau – ofegou ela.


Ele rosnou baixinho.

– Se sentindo viva, docinho?

– Muito.

Faria qualquer coisa para protegê-la, para ter outro m om ento com
o aquele; com ela em seu colo, seus corpos ligados e os braços
dele em volta dela. Ela brincou com o cabelo dele, correndo os
dedos por ele, e ele desej ou poder levá-la até um a cam a. Ele
poderia passar horas explorando o corpo dela e fazendo-a gozar e
gozar. Seu m em bro com eçou a endurecer, a necessidade de
possuí-la foi voltando, m as ele a conteve.

Ela estava em perigo. Ele precisava tirá-la do acam pam ento,


colocá-la em algum lugar seguro. Vou protegê-la e matar qualquer
idiota que tente tirá-la de mim. Ele segurou o rosto dela, notou que
havia um pouco de sangue onde ele a m ordiscara durante o sexo e
usou o dedo para lim pá-lo. O ferim ento era bem pequeno. A visão
do sangue dela em seu dedo o fez querer sentir o gosto, m as ele
resistiu.

Ele não queria quebrar aquela conexão, odiava ter que levá-la de
volta para aquela situação som bria, m as o inim igo poderia
encontrá-los naquela situação

vulnerável. Ele levantou a cabeça e seus olhares se encontraram .

– Precisam os ir, doutora.

O sorriso doce no rosto dela sum iu e ele odiou ser a causa disso.

– Certo.

Ele se recusava a soltá-la, m antendo-a no lugar.

– Vam os fazer isso depois, por m ais tem po, e vou te beij ar em
todos os lugares que sofreu ferim entos. Assim que voltarm os a
Hom eland, vou com pensar isso.
– Não há nada para com pensar. Obrigada.

Ele rosnou, a raiva o afetou um pouco com a distância que ele viu
naqueles lindos olhos, com o se ela quisesse colocar um a barreira
em ocional entre eles.

– Vam os conversar sobre isso depois. Agora precisam os que você


se vista e vam os em bora.

– Ok.

Trisha deixou seus corpos se separarem , triste por aquele m om


ento acabar. Ele a aj udou a ficar em pé, arrum ou as calças e olhou
em volta. O cabelo dele estava bagunçado dos dedos dela e ela
escondeu um sorriso, achando graça da aparência dele. Slade
esteve em um a luta e ainda continuava quase perfeito, m as sexo
quente no colo dele o deixara parecendo selvagem e desgrenhado.

– Fique aqui.

Slade encontrou um j eans e usou um a faca para cortar um pouco


as pernas para ficar m elhor em Trisha, m as a cintura ficou um
pouco larga. Ele usou cadarços de um par de sapatos dos hom ens
com o cinto para m antê-la nos quadris. Tam bém achou um a cam
iseta preta duas vezes m aior, m as ela estava feliz por ser larga, j á
que seu sutiã fora destruído.

Slade m exeu nos m antim entos dos hom ens e guardou tudo o que
pegou na m ochila de um deles. Pegou um saco de dorm ir, com ida
e ficou com as arm as.

Tam bém pegaram água e refrigerantes. Rapidam ente, Slade


estava pronto.

Trisha o estudou.

– Não vou m ais ficar brincando com eles. – Slade tinha um a


expressão determ inada no rosto. – Você foi ferida. Não vou m ais
ser a caça, doutora. Vou encontrar um lugar seguro para você se
esconder, depois vou atrás do resto desses cretinos.

Trisha apenas estudava-o. Sabia que ele podia ser perigoso e tinha
a capacidade de m atar. Pôde ver isso de cam arote quando ele a
salvou de ser estuprada. Ela concordou com a cabeça.

– Tudo bem .

CAPÍTULO NOVE

O sol estava baixo no céu quando Slade olhou para Trisha. Ele
havia encontrado um a abertura na terra, sem elhante a um a
cabana, dentro do m orro.

Houvera um grande pedregulho ali antes, m as o tem po e a


gravidade fizeram com que ele rolasse m orro abaixo e caísse em
um barranco. Fora m uito difícil chegar até aquela área. Era tão
íngrem e que Trisha quase caíra três vezes, o que só não aconteceu
por causa de Slade. Ele subia atrás, com um a m ão nela, e a
segurava cada vez que ela oscilava.

– Você está segura aqui. – Slade se agachou na frente dela e


acariciou a parte do rosto que não estava m achucada. – Você vai
ouvir qualquer um que venha lá de baixo, e lá em cim a é instável
dem ais para tentarem descer até aqui com cordas.

– Ok.

– Quero que você espere aqui, onde m eu povo te encontrará se eu


não voltar.

Pode dem orar alguns dias, m as alguns dos hom ens que eles vão
m andar treinaram com igo antes de serm os libertados. Eles sabem
com o eu penso e vão entender que tipo de esconderij o eu arranj
aria para você. Não atire quando eles chegarem , doutora. – Ele deu
um sorriso para ela. – É falta de educação ferir ou m atar alguém
que tenta te resgatar.
Trisha não sorriu de volta, sabendo que ele tentava usar hum or
para aliviar o estresse, m as ela estava preocupada dem ais com
ele.

– Volte para m im .

O sorriso dele desapareceu.

– Não posso garantir isso, doutora. Não vou fazer prom essas que
não talvez não possa cum prir.

– Então fique a salvo com igo aqui. Por favor? Podem os esperar j
untos aqui.

Slade hesitou.

– Eu não im aginei que haveria tantos deles nos caçando, doutora.


Aqueles hom ens que m atei não são os m esm os que foram atrás
de nós quando caím os da estrada. Obviam ente eles têm equipes
diferentes por aí nos procurando. Você m esm a ouviu eles falando
isso. Isso te deixa em um perigo extrem o, e só há um j eito de lidar
com essa situação. Preciso encontrar os caçadores e virar o j ogo. –

Ele pausou novam ente, fitando-a atentam ente.

– Mas…

– Eles não esperam isso de m im e precisam ficar em desvantagem


. Pode levar algum tem po até m eu povo nos alcançar e preciso nos
aj udar a sobreviver.

Aqueles filhos da puta vão ficar confusos quando virem que estão
sob ataque.

Alguns vão fugir quando os outros com eçarem a m orrer. Dessa


form a, vam os separar os m edrosos dos verdadeiram ente letais,
que são os que precisam m orrer. É o único j eito de te proteger,
doutora.
– Mas aqui é um esconderij o m uito bom . Espere com igo aqui,
Slade, por favor! Vou im plorar, se precisar. Morro de m edo que te
m achuquem ou façam coisa pior. Você é só um hom em contra
vários deles, você m esm o disse.

Slade inclinou um pouco a cabeça e apertou a boca form ando um a


linha m acabra.

– Não sou só um hom em , doutora. Sou algo bem pior, quer eles
saibam ou não

– hesitou ele. – Isso é o que sou. Sou um a Nova Espécie e tenho


algo im portante para proteger, m as isso não é apenas sobre você e
não quero que se sinta culpada se algum a coisa acontecer com igo.
Meu povo vai chegar e não quero que caiam em nenhum a arm
adilha, o que é um a possibilidade. Preciso elim inar o m áxim o de
im becis que for possível. Por trás de m inha hum anidade, sou um
predador.

Posso tentar esconder isso, m as ainda está aqui. Tam bém sou um
sobrevivente que j á precisou m atar para continuar respirando. A
Mercile m e treinou para lutar com a intenção de exibir suas drogas
e, no m om ento, sou grato por essa lição.

– Você não precisa com batê-los. Não está m ais trancado em um a


cela e podem os nos esconder. Até onde sei, nunca tiveram a
intenção de te colocar em um a zona de batalha real, o que faz esse
treino não valer nada. Eles só te ensinaram para m ostrar do que
você é capaz, m as isso é real, Slade. Não quero que você m orra.

Ele respirou fundo.

– Sem pre foi real. Nem todos do m eu povo sobreviveram àqueles


testes cruéis ou aos shows de que nos forçavam a participar para
dem onstrar os resultados das drogas. Sou perigoso, apesar de
nunca ter desej ado m e tornar. Quer você aceite ou não, é a
verdade. Eles nos treinaram m uito bem e nos fizeram m enos do
que com pletam ente hum anos. Não tinham a intenção de nos ver
livres, m as estam os.

Sou um a Nova Espécie. Você é m édica, m as só porque não está


em um hospital não quer dizer que deixa de ser o que é. Você aj
udaria qualquer pessoa ferida se pudesse, independentem ente de
estar em seu turno ou não, certo?

Trisha detestou a lógica dele.

– Sim , m as não quero que você vá. Fique com igo. Há a chance de
o seu povo espantar aqueles idiotas quando chegar. Tenho certeza
de que nunca planej aram ter que procurar por nós.

– Não tente m e convencer, doutora. Me esconder com você nesse


lugarzinho pequeno por um dia ou m ais… – ele piscou. – Eu
adoraria ter que nos entreter.

– Fique com igo. – A esperança se elevava em Trisha. Ela só queria


que ele ficasse a salvo, com ela.

– Seria um risco grande dem ais ficar com você e não fazer nada.
Há m uitos deles e podem se dividir para procurar em vários
lugares. Se nos encontrarem , podem nos encurralar. – Ele olhou
em volta da caverna e de novo para ela. –

Você poderia ser atingida por um a bala se houvesse um tiroteio,


não vou deixar isso acontecer. Tam bém não tem os balas o
suficiente para resistirm os. Eles tam bém podem fazer um a queim
ada para dificultar nossa visão com a fum aça.

É m elhor eu ir atrás deles do que correr o risco de ficarm os presos


aqui. Vou garantir que qualquer um que se aproxim ar de você não
respire m ais.

Ela m ordeu o lábio, esquecendo-se do ferim ento, e se encolheu


com a dor instantânea. Slade passou o dedo por sua boca, fitando-
a.
– Você vai ter que ficar abaixada, sem levantar ou se andar m uito
por aí. Esse seu cabelo loiro pode cham ar atenção e não se cam
ufla m uito bem neste m orro.

Lem bre-se de ficar fora de vista. Vou deixar com você todas as arm
as do acam pam ento para caso eu não os pegue ou eles m e elim
inem . Este revólver é tudo do que preciso. Só atire se eles
estiverem perto o bastante para você não errar e se você não tiver
outra escolha. O barulho irá ecoar longe se você atirar e vai trazer m
ais deles para cá, isso seria ruim .

Trisha olhou nos olhos dele. Ela fez o que m ais queria fazer. Se
inclinou para a frente, pegou o rosto de Slade e viu a surpresa
passar pelas feições dele segundos antes de sua boca roçar na
dele. Ela experim entou a textura m acia dos lábios dele, ouviu o
som que ele em itiu do fundo da garganta. Em seguida, ele tom ou o
controle do beij o.

Ele aprofundou-o, fazendo sua língua encontrar a dela. Ela ignorava


a dor do corte no lábio e até m esm o o gosto do sangue se m
isturando ao gosto de Slade, apenas desej ando, necessitando se
perder naquele beij o. Seus braços se enrolaram em volta do
pescoço dele e ele a levantou quando passou os braços em volta de
sua cintura, agarrando os quadris para deixá-los j untos aos seus,
pressionando o peito contra o dela. De repente, Slade rosnou e tirou
a boca da dela, respirando m ais forte.

– Trisha – gem eu ele –, você está dificultando tudo para m im e, se


sentasse no m eu colo, saberia com o as coisas estão m esm o
ficando duras. Preciso ir agora.

Por favor, não piore tudo. Isso precisa ser feito e tenho que ir
enquanto há luz para m e m over m ais rápido. Minha visão noturna
não é tão boa quanto a que tenho durante o dia.

Ela entendeu que havia perdido a discussão e que ele estava


decidido a caçar aqueles hom ens. Ele planej ava sair e arriscar a
vida para tentar salvar a dela.
Lágrim as quentes am eaçavam encher seus olhos, m as ela piscou
rapidam ente para segurá-las.

– Ok. Apenas volte para m im , Slade.

Um sorriso contorceu os lábios dele de repente.

– O que vai m e dar quando eu voltar, doutora?

– O que você quiser.

Ele arqueou a sobrancelha e seu sorriso aum entou.

– Qualquer coisa?

– Qualquer coisa – repetiu ela, de m odo firm e. – Apenas não m


orra.

Slade assentiu.

– Fique abaixada, fique em silêncio e com as arm as preparadas. Só


use-as se for necessário e segure-os o m áxim o possível. Vou ouvir
se você tiver que atirar em alguém e voltarei. Nada de provocar
idiotas para te m atarem . Apenas lem bre-se de sobreviver, para
que eu tenha algo para salvar. Você m e prom eteu isso, docinho,
vou cobrar.

– Vou m e lem brar, e prom eto. Jure para m im que não vai se
arriscar m uito.

Sobreviva, Slade.

Slade fez que sim com a cabeça novam ente, estudou-a com
atenção, com o se estivesse tentando m em orizar o rosto dela, e
então se afastou, soltando-a totalm ente. Se forçou a tirar os olhos
dela, rapidam ente pegou alguns itens e

enfiou-os no bolso. Deu a ela um a rápida olhada e então com eçou


a descer do esconderij o. Ele sum iu em segundos. Trisha teve que
segurar a vontade de im plorar para que ele ficasse, certa de que
ele não m udaria de ideia, não im portava o que dissesse.

Ela desenrolou o saco de dorm ir na terra dura e im piedosa para se


m anter ocupada. O chão estava repleto de pedrinhas e m ontes
duros de terra. Mesm o com o saco de dorm ir, ela sentiu o solo
desconfortável abaixo do m aterial grosso quando se sentou para
pegar os itens que tinha.

Slade havia arranj ado dois binóculos e deixado um na m ochila. Ela


o achou e o pegou. Com ele, não dem orou para localizar Slade. Ele
se m ovia incrivelm ente rápido sem ela.

Ela virou o binóculo, vasculhando a área, m as não viu m ais


ninguém . Podia enxergar a longas distâncias com a aj uda
daquelas lentes poderosas. Tornou a olhar novam ente para Slade e
viu quando ele chegou ao fundo do barranco à esquerda. Ele se
virou, exam inou a área onde ela se escondia e então com eçou a
correr. Trisha m anteve o foco nele.

A escuridão caía rápido dem ais para o gosto de Trisha. Ela perdeu
Slade de vista por entre as árvores, m as às vezes o via entre a
densa folhagem . Ele se m ovia rápido, não dava sinais de que dim
inuía a velocidade e parecia estar indo em um a direção única. Ela
se perguntou se ele teria sentido o cheiro de alguém com seu nariz
incrível.

Ela se apressou de volta para o buraco escuro e precisou tatear o


lugar para achar a m ochila e abri-la. Ela tinha visto Slade levar toda
a carne seca, m as deixar para ela as barras de cereais que haviam
encontrado. Ela com eu duas e tom ou um refrigerante antes de
engatinhar novam ente até a abertura. Olhou para a escuridão
abaixo dela e segurou o fôlego. Lá longe ela viu um a m inúscula
cham a que vinha da m esm a direção à qual Slade se dirigia.

Trisha viu o que devia ser um acam pam ento. Cham as apareciam
entre árvores grossas e, m esm o com o binóculo, eram distantes.
Tinha a crescente sensação de que era para lá que Slade ia.
Trisha se sentou e arrastou o saco de dorm ir para a beirada, onde
se sentiu confortável, grata por pelo m enos ter um lugar para tentar
ter um a visão de Slade. Ele estava lá fora e ela estava preocupada.

Se Slade tivesse sentido o cheiro da fum aça e planej asse atacar,


seria ali que isso aconteceria. Aquilo tudo parecia durar um a
eternidade, m as nenhum som de luta ao longe chegou aos ouvidos
dela. Procurou ficar m ais confortável deitada de barriga para baixo
e apoiou os cotovelos no saco de dorm ir, enquanto continuava de
olho nas cham as.

Mais tem po se passou e ela se esticou m ais no chão. Um bocej o


passou por seus lábios, lem brando-a de sua exaustão. Ela foi
levada pelo sono, até que o barulho de um único tiro a despertou
rapidam ente.

Trisha se enroscou no saco de dorm ir quando levantou, enquanto


apontava o binóculo freneticam ente na direção da fogueira do acam
pam ento. Passou alguns segundos procurando-a pela escuridão,
até que avistou a luz bruxuleante.

Sua atenção se m anteve fixa nela, até que se apagou,


desaparecendo na escuridão. Não houve m ais nenhum barulho de
tiro. Aquilo lhe deu esperanças de

que ele havia sobrevivido se tivesse atacado o acam pam ento.

Ela lutou contra a vontade de chorar ao pensar em Slade sozinho.


Ele podia estar m orto se algum deles tivesse conseguido acertar-
lhe um tiro por sorte. Ela arrastou o saco de dorm ir para longe da
beirada e se encolheu em cim a dele.

Precisava dorm ir e não tinha chances de avistar Slade até que o sol
nascesse.
Slade se m antinha abaixado, observando com ódio os quatro hom
ens no acam pam ento. Ele podia ouvir o que diziam , o que fez seu
sangue ferver. O

cheiro do veado que haviam caçado e assado desaparecia com as


cham as da fogueira que eles deixavam apagar lentam ente.

– Acha que o anim al vai im plorar pela vida dele quando o


encontrarm os? –

Perguntou o de j aqueta j eans ao de cam isa preta.

– Espero que sim – riu ele. – Trouxe m inha câm era para film ar
tudo.

Precisam os m ostrar a todos os cam aradas decentes que eles não


são hom ens.

O de j aqueta j eans bufou.

– Anim ais bípedes de m erda. Tem os não só que proteger nosso


país deles m as nossas m ulheres tam bém . Prim eiro eles vão
querer votar, depois vão querer se casar. Se as m ulheres deles
forem parecidas com os m achos, eles vão atrás de nossas irm ãs e
filhas. É doentio. Acho que há um m otivo para eles esconderem
com o as m ulheres deles são. Provavelm ente, as m isturaram com
m ulas e elas têm cara de burro.

Um dos hom ens riu.

– Feias com o um a bunda. Esqueça os coiotes.

– Eles nunca deveriam ter sido libertados. A gente não sai por aí
libertando m acacos em que testam m aquiagem . De j eito nenhum
. – O hom em de cam iseta preta se encostou no tronco, colocando
as botas m ais perto do fogo. – Eles são perigosos e provavelm ente
m ais desm iolados que pão de quem faz dieta.

O hom em loiro que até então estava em silêncio franziu a testa.


– Quem faz dieta realm ente com e pão sem m iolo? Não faria isso,
deve ser ruim – pausou ele. – Usam m esm o m acaquinhos
bonitinhos para testar aquelas m erdas que as m ulheres passam na
cara? Macacos são legais, queria ter um de estim ação quando era
pequeno.

– Sei lá. – O cara de cam isa preta deu de om bros. – É o que dizem
por aí. O

que quero dizer é que eles devem ser m uito pirados. Não se soltam
anim ais enj aulados para ficarem correndo por aí. É perigoso e é
por isso que precisam ser elim inados. Com certeza não são
fofinhos e eu não gostaria de ter um de estim ação. Ele provavelm
ente tentaria trepar com a m inha m ulher.

O loiro riu.

– Já vi sua m ulher, duvido que fariam isso.

O cara de cam isa preta j ogou a latinha que segurava no am igo,


acertando-o no braço.

– Vai se foder, Mark.

– Parem com isso. – O cara que estava sentado m ais longe da


fogueira suspirou. – Ainda não encontram os nosso alvo e cada hora
que passa significa que ele pode estar vazando da área. As
estradas estão cercadas pelas nossas equipes. Eles estão presos
na área, m as a m ulher que está com ele é algum tipo de m édica.
Isso significa que ela é esperta e deve estar pensando por ele.
Devem ter achado um buraco para se esconderem , é o que eu
faria. Precisam os vasculhar bastante am anhã assim que am
anhecer, encontrá-los e m atá-los. Não vim até aqui para ficarm os
nos zoando e ofendendo. Quero a recom pensa.

– Não vou pendurar aquela cabeça na m inha parede. – O loiro


estrem eceu. –
Eles são bizarros e m uito feios. Claro que seria legal para poder
contar aos outros.

Eu poderia até cobrar ingressos para exibi-la.

Slade tinha ouvido o bastante. Não ia deixar aqueles hom ens


saírem do acam pam ento. Estavam m uito perto de Trisha e
procuravam lugares que servissem de abrigo. Moveu-se silenciosam
ente ao redor do acam pam ento e esperou os hom ens se
prepararem para dorm ir. O loiro se levantou, se espreguiçou e foi
até um lugar m ais escuro para urinar.

O hom em não ouviu Slade se aproxim ar por trás até que ele
colocasse as m ãos nele. O hom em , m enor que ele, apenas arfou
quando um a palm a passou por cim a de sua boca, ele caiu no
chão e a faca que levava presa à coxa foi puxada e pressionada
contra seu pescoço.

– Quieto – ordenou Slade.

O loiro ofegava, m as não tentou gritar.

– Há m ais de vocês por perto?

O cara hesitou antes de assentir lentam ente com a cabeça.

– Mais que os outros três no seu acam pam ento?

O loiro concordou com a cabeça de novo. A notícia enraiveceu


Slade. Ele precisava encontrar os outros acam pam entos, tirar as
am eaças de perto de Trisha e pegar os celulares deles. Algum
devia funcionar. Ele poderia ligar para Hom eland para aj udá-los a
localizar Trisha m ais rápido. Ela precisava ser levada rapidam ente
para longe daquela bagunça.

– Vou te am arrar e ir atrás dos seus am igos. Se você não lutar, não
vou te m atar. Vou te deixar seguro até m eu povo chegar. Está m e
entendendo?
O loiro fez que sim com a cabeça. Slade queria aqueles hum anos
m ortos, m as não estava em Hom eland. Não sabia até onde estava
infringindo a lei.

Autodefesa era um a coisa, m as o hom em que ele pegara não


apresentava am eaças no m om ento. Ele os odiava, m as não era
um assassino de sangue frio, apesar das péssim as opiniões que
eles tinham sobre as Novas Espécies.

Ele afrouxou a m ão e o loiro de repente se agitou. O cara tentou se


contorcer para se livrar de Slade e virou a cabeça. Tom ou ar para
alertar os outros, m as Slade foi m ais rápido. Estalou o pescoço do
hom em . O som do osso quebrando o encheu de agonia enquanto
ele deixava o corpo desm oronar no chão. Ele se virou para o acam
pam ento, m as de repente percebeu um m ovim ento. Outro hum
ano foi até ele. O cara parecia não enxergá-lo na escuridão até o
últim o segundo.

O choque do hum ano era aparente ao pegar agitadam ente a arm a


presa em seu peito por um coldre. Slade sacou a lâm ina e avançou
para acertar o braço e a

garganta do hom em . O hum ano caiu sem lutar m uito. Ele colocou
o corpo no chão, fitando os olhos do inim igo.

– Vam os m atar você e aquela vadia que é sua dona. – O hom em


sussurrou antes de m orrer.

Slade soltou-o, com sua raiva aum entando com o odor do sangue e
da m orte.

Seus instintos o atacaram com força. Proteja Trisha. Aqueles hom


ens não tinham com paixão, não m ereciam ter o que não possuíam
. Estavam caçando um a m ulher indefesa e um hom em Nova
Espécie num a com petição esportiva m ortal por dinheiro. Ele
rosnou baixinho, liberando seu lado hum ano e abraçando os
instintos de predador que eram parte dele e que surgiram tão
naturalm ente.

Mate-os, certifique-se de que não representam uma ameaça para


minha mulher e não mostre piedade. Lem branças dos anos que
passara trancado correram por sua m ente. Esses hom ens eram
tão m aus quando os que m antinham as Novas Espécies com o
prisioneiros. Viam seu povo com o m eros anim ais raivosos. Um
rosnado suave saiu de sua garganta quando ele arrancou a faca do
corpo m orto e se levantou. A única form a de im pedir que
chegassem à doutora era m atando cada um deles. Ele podia fazer
isso. Faria qualquer coisa por Trisha.

Seu olhar pairava pelo acam pam ento enquanto ele avançava
furtivam ente em direção a ele. Os hum anos m orreriam , m as
Trisha, não. Ele se certificaria disso, não im portava quantos tivesse
que m atar.

Havia luz no lado de fora quando Trisha acordou. Ela se aproxim ou


um pouco da entrada, de bruços, pegando o binóculo para vasculhar
a área. Teve o cuidado de se m exer lentam ente e tentou usar um
padrão de linhas para não pular nenhum a área. Não viu nada, nem
ninguém . Depois de um a hora, finalm ente desistiu e tentou
descansar m ais um pouco no saco de dorm ir. Tom ou m etade de
um refrigerante, guardou o resto e com eu m ais um a barra de
cereais.

Tinha m edo de que Slade não voltasse para ela, sabendo que ele
podia ter sido m orto. Ela se deitou e fechou os olhos, com as im
agens dele perseguindo seus pensam entos. Não tinha certeza de
que tipo de relacionam ento teriam se sobrevivessem . Será que
sequer tinham um ? Ele a cham ara de sua. Isso tem que significar
alguma coisa, ela decidiu. Aquilo lhe dava esperanças de que um
futuro os aguardava se conseguissem evitar a m orte.

Um som a acordou de seu sono leve um pouco depois. Trisha ficou


prestando atenção, até que ouviu o barulho outra vez. Ela se
sentou, seu coração batendo forte, percebendo que o som era sim
ilar a… Ela não tinha certeza, m as era fam iliar por algum m otivo.
O barulho se fez ouvir de novo. Merda. Pareciam pedras ou algo de
peso sim ilar caindo. Ela se m exeu e agarrou o revólver, j á que era
a m enor arm a ali, m ais fácil de segurar que os dois rifles que
Slade deixara com ela.

Ela se arrastou até a entrada para espiar para baixo e pulou para
trás ao ver

alguém se m exendo abaixo dela. Ela se afastou, ainda de barriga


no chão, e pegou tam bém um dos rifles. Lutou contra o m edo e se
aproxim ou um pouco da entrada.

Ela continuava de barriga para baixo ao se aproxim ar da beirada,


colocando o rifle ao seu lado para alcançá-lo facilm ente. Manteve-
se o m ais abaixada possível para espiar pela beirada de novo, até
que os viu. Dois hom ens estavam a uns sete m etros abaixo dela,
escalando o m orro onde ela se escondia. Ela se abaixou m ais.

Os dois usavam roupas de cam uflagem e iam diretam ente ao


esconderij o dela. Ela esperava que eles não a tivessem visto, m as
achou que não, j á que não falaram nada. Eles chegariam logo à
entrada se ela não fizesse algum a coisa.

Tentou im aginar com o a encontraram e se eram Novas Espécies.


Norm alm ente, eles usavam uniform es pretos, m as será que os
usavam fora de Hom eland tam bém ? Ela não sabia.

Ela podia ficar sentada ali esperando que eles a descobrissem ou m


antê-los abaixo dela. Ela não sabia o que fazer. Desej ava
desesperadam ente que Slade não a tivesse deixado sozinha,
porque ele saberia o que fazer naquela situação.

Pelo m enos ele sentiria o cheiro deles para saber se eram do seu
povo ou inim igos.
A indecisão a afligia. Ela proferiu um palavrão em voz baixa e então
decidiu que tinha de m antê-los distantes. Se chegassem à entrada,
não tinha certeza se conseguiria atirar neles antes que atirassem
nela, j á que estavam em m aior núm ero. Slade dissera a ela para
m antê-los longe com a arm a, e ele escutaria.

Ela se perguntou com o aqueles hom ens teriam conseguido passar


por ele, m as não im portava, j á que haviam conseguido. Ela se m
oveu de novo rapidam ente e pegou a últim a arm a. Queria todas as
três à disposição.

Ela se arrastou e espiou pela beirada de novo, m as não conseguiu


ver a cara deles. Agarrou o revólver e esperou, até que um deles
olhou para cim a. Ele parecia ter vinte e poucos anos. Trisha se
inclinou m ais para m irar direito nele.

Surpreso, ele arregalou os olhos ao avistá-la.

– Parem aí m esm o – gritou ela. – Não se m exam ou eu atiro.


Quem são vocês?

O hom em ao lado dele levantou o queixo até que ela viu o rosto
dele tam bém .

Ele era um pouco m ais velho que o com panheiro, uns trinta e
poucos, com barba e um olhar frio. Trisha olhava um e outro. Eles
subiram em um a área íngrem e abaixo dela, ela se lem brou vivam
ente de com o havia sido difícil, e os dois tiveram que se segurar
firm e para não cair. Seria um a queda dolorosa se eles caíssem ,
senão m ortal. Eles subiram uns bons quinze ou vinte m etros da
inclinação.

– Som os Novas Espécies – declarou o m ais novo, de form a


equilibrada. –

Viem os te resgatar, doutora Norbit.


Ela m ordeu o lábio, estudando as feições deles. Ele parecia cem
por cento hum ano, e o outro hom em , tam bém . A m aioria das
Novas Espécies tinha anom alias faciais que as distinguiam , com o
Slade, com seu nariz largo e m açãs do rosto salientes. Justice
North tinha essas anom alias, além de olhos de gato.

Todo hom em Nova Espécie que ela j á vira tinha cabelo com prido
até pelo m enos

o om bro, m as esses hom ens tinham cortes curtos.

– Não acredito em você. – O m edo a tom ou, sabendo que eles


tentavam enganá-la.

– É verdade. Justice North nos m andou aqui – sorriu ele, m as


parecia falso.

Merda. Com o ela ia ter certeza? Odiaria atirar nos hom ens
errados, m as de repente ela teve um a ideia.

– Está sentindo cheiro de quê?

Ele piscou.

– Você está num lugar alto dem ais para fazerm os isso – respondeu
ele depois de alguns segundos. – Som os espécies prim atas.

Esses eram raros, ela só conhecera um , m as ela sabia o que ele


era porque ele tinha anom alias faciais consistentes com as de um
m acaco; nariz achatado e órbitas redondas. Ela desconfiava cada
vez m ais de que m entiam para ela. Mas será que ela iria m esm o
atirar nele, cem por cento certa de que m entiam ? Ainda não. Ela
odiaria estar errada, j á que só havia visto apenas um a espécie
prim ata.

Eu tenho um diploma de médica, ela se lem brou. Devo ser


inteligente. Ela pensou por um segundo e então sorriu.
– Qual é a senha de hoj e? As Novas Espécies sabem sobre o
sistem a de senhas e quero que vocês m e digam qual é – inventou
ela.

Ele em palideceu um pouco.

– É “laço”.

Ele é bom. Ela tinha que adm itir. Ele não perdia um segundo para
encontrar respostas para ela. Ela sorriu.

– Resposta errada.

– Foi m odificado depois que vocês saíram da estrada – o outro


declarou rapidam ente. – O de hoj e é “laço”. Justice m udou a
senha porque estava com m edo de que pudesse ser com prom
etido caso seu hom em fosse forçado a falar.

Talvez eles realmente usem senhas. Esse pensam ento a fez


hesitar. Ela inventara aquilo, m as fazia sentido ele terem senhas ou
códigos. Estavam aprendendo com os hum anos desde que foram
libertados. Ela decidiu que não era um a prova suficiente, j á que era
um a possibilidade. Ela precisava antes ter m ais certeza de que
estavam falando m erda ou a verdade. Seria horrível se atirasse em
um hom em Nova Espécie de verdade. Podia ser que Slade nunca a
perdoasse e ela j am ais se recuperaria da culpa. Ela havia j urado
salvar a vida deles, não tirá-la, quando aceitou o em prego em Hom
eland.

– Se vocês são quem dizem ser, então sabem o nom e do hom em


que Justice m andou para m e escoltar aonde ele queria que eu
fosse. Me diga o nom e do Nova Espécie, não do hum ano.

O segundo hom em falou.

– O nom e dele é Slade.


Ela vacilou por um m om ento, m as então se lem brou de que Slade
disse que Justice provavelm ente publicaria os nom es deles para
deixar todos sabendo que estavam desaparecidos, num a tentativa
de que m ais pessoas aj udassem a localizá-los. O nom e de Slade
devia estar em toda a im prensa, j unto com o dela.

Ela desistiu daquele tipo de pergunta.

O dedo de Trisha se firm ou no gatilho.

– Então qual era a senha de ontem ? – Ela queria saber até onde
eles iriam .

Os hom ens se olharam , nervosos. O m ais novo olhou para cim a.

– Ontem era m eu dia de folga. Não sei, m as o de hoj e é “laço”.


Estam os subindo para te pegar, doutora Norbit. Há um a equipe a
um quilôm etro daqui, vam os te levar de volta para Hom eland.
Você foi resgatada.

Se houvesse um sistem a de códigos, o cara saberia, j á que ele


supostam ente era um m em bro do tim e de resgate que estava
procurando um Nova Espécie que estava sem fazer contato com
seu povo. Já que ele não sabia, ela entendeu que seu blefe tinha
funcionado.

– Não há senha, seu cretino.

Ela viu os dois se olharem novam ente, claram ente alarm ados. Um
deles m exeu a m ãos e pegou algum a coisa na cintura.

– Estou pegando m inha identidade – avisou ele em voz alta. –


Usam os, sim , senhas em Hom eland, todos os seguranças usam .

– Então vocês são seguranças das Novas Espécies? E são Novas


Espécies?

Guarda de segurança é seu cargo, então?


Os dois concordaram com a cabeça. Ela não acreditava na
facilidade com que aqueles hom ens m entiam . Paul lhe contara
que as Novas Espécies nunca se cham avam de guardas de
segurança, preferiam o título de oficiais. Odiavam o outro term o. Ela
o observava enquanto ele rem ovia algo de trás dele. Ela se
perguntou se ele sacaria a carteira e tentaria enganá-la m ostrando
um a carteira de m otorista. Em vez disso, ele sacou um a arm a.

Trisha entrou em pânico ao vê-la, apontou a arm a na direção dele e


atirou.

Duas balas ensurdeceram seus ouvidos desprotegidos antes de ele


atirar de volta.

A bala dele voou para cim a e acertou a terra acim a dela, fazendo-a
cair em suas costas. A terceira bala que ela atirou o acertou.

Ele gritou ao perder o equilíbrio, caiu de costas e rolou m orro


abaixo. Ela virou a arm a para o segundo hom em , que lutava para
puxar algo do cós da calça, com um a m ão só, ao m esm o tem po
que tentava não se soltar da pedra em que se segurava. Ela viu um
m etal preto quando avistou a m ão dele. Arma!

Trisha atirou nele e acertou-o com apenas um a bala, m elhorando a


m ira. Viu um a parte do rosto dele, que ficava verm elho de sangue,
e ele gritou. Soltou de onde se segurava e caiu com tudo. Ouviu um
som horrível de algo se quebrando quando ele bateu lá no fundo.

Trisha se aproxim ou um pouco da beirada para olhar para baixo,


para os hom ens que se encontravam no fundo. Um deles caiu de
lado e estava im óvel, com um líquido verm elho-claro se
espalhando no chão perto dele. O outro, o prim eiro a cair, estava de
costas no chão. Ele m exeu um braço e ela o ouviu gem er m esm o
estando lá em cim a. Sangue cobria o rosto dele e o om bro.

Ela o observava deitado ali, m exendo a perna, e então ele pegou


algo no bolso.
Quando ele puxou um walkie-talkie, ela percebeu que ele daria a
localização dela a alguém . Mais daqueles filhos da puta iriam até lá,
isso se j á não tinham ouvido os tiros. Ela precisava im pedi-lo,
sabendo que não poderia segurar m ais deles se fossem até lá.

Ela se arrastou m ais, até que seu corpo ficou parcialm ente
pendurado na beirada. O m edo de ver com o o chão parecia longe
a pegou. Ela poderia

despencar para a m orte se escorregasse de seu poleiro frouxo e


não teria com o parar a queda. Ela m irou e puxou o gatilho, vendo-o
se contorcer quando a bala o atingiu no peito. O rádio na m ão dele
caiu no chão. Ele a fitava com os olhos arregalados, m as ela soube
que estava m orto quando viu que não piscava e não se m exia
depois de vários m inutos.

Trisha lutou contra a vontade de vom itar ao analisar os dois hom


ens e determ inar que eles certam ente estavam m ortos e que ela
os m atara. Ela em purrou a parte superior do corpo de volta para a
pequena caverna, ainda segurando a arm a dolorosam ente na m
ão. Ela a fitou e j ogou-a no chão, e suas lágrim as a cegaram . A
noção do que ela acabara de fazer a atingiu forte.

O choque que ela experim entou a deixou se sentindo extrem am


ente fria por dentro. Quando se tornara m édica, j urara salvar vidas,
m as tinha acabado de tirar duas. Foi autodefesa! Sua m ente
gritava. Autodefesa. Eu não tive escolha.

Nenhuma.

Ela se forçou a respirar pela boca, de form a que a acalm asse, e se


lem brou de Bill. O que ele am eaçou fazer com ela e com o bateu
forte nela não eram coisas que ela esqueceria algum dia. Aqueles
hom ens eram do grupo de Bill e teriam feito coisas ruins a ela tam
bém .

Ela se lem brou de com o aqueles hom ens a m antiveram viva


apenas para que ela cuidasse do am igo m achucado dele. Não
tinha dúvidas de que a teriam m atado da m esm a form a que
haviam m atado Bart. Ela se forçou a respirar profundam ente, com
calm a, e finalm ente retom ou o controle de suas em oções trêm
ulas. Queria chorar, m as se lem brou das palavras que Slade disse
a ela quando ouviram os tiros depois de deixarem Bart no local do
acidente.

– Prim eiro sobreviva, depois lam ente – sussurrou ela.

Trisha queria tanto que Slade estivesse com ela que com eçou a
sentir um a dor que, infelizm ente, não iria passar. Ela estaria segura
com ele. Ela sabia que ele a abraçaria e diria algo para ela se sentir
m elhor, distraí-la da agonia que sofria.

Esperava que ele estivesse a cam inho dela, e não m ais daqueles
hom ens.

Ela olhou para o revólver que derrubara no chão e controlou as em


oções.

Slade m andaria que ela sobrevivesse e ela havia prom etido que
faria qualquer coisa, sofreria qualquer coisa para ficar viva até que
ele fosse resgatá-la. Ele não gostaria que ela ficasse com pena de si
m esm a. Ele esperaria que ela usasse a cabeça.

CAPÍTULO DEZ

– Acalm e-se e pense – m urm urou Trisha. – Ótim o. Vou ser um a


daquelas pessoas que ficam falando sozinhas o tem po todo quando
isso acabar.

Ela se arrastou até a m ochila para recarregar a arm a. Havia um a


caixa cheia de balas que Slade recolhera do acam pam ento.
Arrastou-se novam ente até a entrada e pegou o binóculo para
estudar a área em padrão de linhas, à procura de algum m ovim
ento. Ela se m antinha abaixada. Os dos rifles estavam ao seu lado
e o revólver estava a centím etros de sua m ão, com a caixa de
balas, se precisasse delas.
Um m ovim ento cham ou sua atenção à direita. Ela não sabia a
distância, m as não era m uito longe. Avistou três hom ens e depois
um quarto, enquanto m archavam entre as árvores grossas. Vestiam
roupas de cam uflagem , sim ilares àquelas dos hom ens que tinha
m atado e, para piorar, iam na direção dela.

Três deles tinham arm as grandes nas m ãos ou repousadas no om


bro. Um deles tinha coldres na cintura e no peito para guardar
revólveres. Merda. Estavam fortem ente arm ados. Aquilo assustou
m uito Trisha. Eles não ficariam felizes quando encontrassem seus
am igos m ortos.

Ela vasculhou a área, procurando Slade, m as não o avistou. Dez m


inutos depois, viu m ais m ovim ento. Ela fitou duas figuras que
avançavam e sua esperança se elevou. Porém , nenhum deles era
Slade. Um dos hom ens tinha cabelo averm elhado, enquanto o do
outro era preto retinto, estavam de roupas pretas e se m oviam
rapidam ente.

Slade disse a ela que seu povo viria e ela rezou para que fossem
Novas Espécies. Tinham que ser os hom ens de Slade, ou então ela
estaria na m erda, e estava ciente disso. Trisha virou o binóculo de
volta para onde os quatro hom ens estavam .

Eles haviam feito um bom progresso, j á pareciam bem m ais perto


que antes.

Ela apontou o binóculo de volta para os dois hom ens que se m


oviam rapidam ente com seus aparatos pretos. Parecia que eles
estavam indo em direção aos quatro caçadores. Ela m ordeu o lábio
ao tentar estim ar se os dois possíveis Novas Espécies os
alcançariam antes que os hom ens chegassem aonde ela se
escondia.

As chances eram boas.

Os quatro que iam a sua direção definitivam ente conseguiriam


encontrá-la. Os dois corpos estatelados no chão abaixo eram um a
boa indicação de onde ela estava se escondendo. Ela xingou
baixinho e rezou para que os Novas Espécies os alcançassem
antes.

Trisha se abaixou m ais, pressionando-se ainda m ais contra o solo,


e ficou m ovendo o binóculo para observar o progresso dos grupos
que se aproxim avam .

Ela rezava para que os Novas Espécies (se é que eram Novas
Espécies) estivessem cientes do tim e dos quatro caçadores e para
que sentissem o cheiro

daqueles hom ens, o que aconteceria a não ser que estivessem a


favor do vento.

Ela desej ou m uito não ter pensado nisso. Se aqueles dois hom ens
eram Novas Espécies tentando salvar ela e Slade, a últim a coisa
que queria era vê-los serem surpreendidos pelo tim e de caçadores.
Eles não pareciam tão bem arm ados quanto os oponentes.

A tensão dentro de Trisha aum entava tanto que suas m ãos com
eçaram a doer de apertar o binóculo enquanto ela os via se aproxim
arem . A velocidade deles não chegava nem perto da velocidade
dos dois que ela gradualm ente se certificava de que eram Novas
Espécies. Agora podia ver seus cabelos, que iam até os om bros, e
parecia certo que usavam uniform es, apesar de ainda estarem m
uito longe para enxergar a m arca da ONE se ela estivesse bordada
no peito deles.

Os quatro caçadores estavam quase chegando aos hom ens m


ortos abaixo de Trisha e ela sabia que os perderia de vista logo. Não
queria se aproxim ar m ais e olhar para baixo. Eles poderiam olhar
para cim a e avistá-la facilm ente. Tam bém não queria dar a eles
um alvo para atirarem , nem entregar sua localização exata.

Os dois Novas Espécies dim inuíram o ritm o, não corriam m ais.


Eles perseguiam lentam ente os caçadores, obviam ente cientes de
sua presença pela m aneira cautelosa com o se com portavam . Um
a onda de alívio tom ou Trisha conform e ela observava a dupla
fazer sinais com as m ãos antes de se separarem .

Um deles foi de fininho atrás dos caçadores, enquanto o outro se m


oveu para atacá-los pela lateral.

Vozes com eçaram a chegar até Trisha, até que ela soube que eles
estavam assustadoram ente perto. Continuou a usar o binóculo,
esperando que estivesse abaixada o bastante no chão da caverna
para que fosse um alvo m enor e m ais difícil de enxergar, com o
queixo no saco de dorm ir. Os quatro caçadores estavam quase fora
do cam po de suas lentes.

– Sei que aqueles tiros vieram dessa direção – afirm ou um hom em


com sotaque.

– Buck e Joe Billy disseram que iam subir para um ponto m ais alto
para dar um a olhada. – A voz m ais grave tinha o m esm o sotaque
sulista. – Acha que m ataram aquele anim al de duas pernas?

– Não sei – respondeu um a outra voz sem sotaque. – Mas eles não
estavam atendendo o rádio. Olhem com atenção, gente. Aqueles
anim ais têm m entes com o as nossas e com certeza não é fácil
atirar neles do j eito que é num alce.

Anim ais selvagens não respondem , nem carregam arm as com o


nós.

– Porra, Jam es – gargalhou outro hom em sem sotaque. – Alce?


Por favor.

Vam os com pará-los a algo ao m enos sim ilar. Talvez eles sej am
m ais parecidos com m acacos. Eles pensam e andam em duas
patas, não é? Até onde sabem os, Joe Billy e Buck estão zoando
com a gente. Lem bra do ano passado, quando eles nos em
boscaram só para zoar e ver qual de nós iria m ij ar nas calças?
Aposto vinte contos que eles vão pular em nós a qualquer m om
ento.
– Pode crer – um hom em sem sotaque disse e gargalhou.

Trisha m oveu o binóculo para onde avistara os dois Novas


Espécies pela últim a vez, m as não achou nenhum dos dois.
Continuou a procurá-los, até que finalm ente viu um , m as ficou
chocada ao ver onde ele estava.

Ele saltou de um galho bem no alto de um a árvore para outro num


a que estava ao lado. O Nova Espécie de cabelos pretos im
pressionou-a com seu senso de equilíbrio e graça. Ele parou
praticam ente em cim a dos quatro caçadores, que nem perceberam
que ele os observava lá do alto.

O coração de Trisha acelerava enquanto m antinha o binóculo


grudado no Nova Espécie de cabelos negros enquanto ele pulava
de novo para pousar nos galhos de cim a de um a árvore bem à
frente dos caçadores. Ele agarrou o tronco e pareceu estudar os
hom ens abaixo dele. Sacou um revólver do coldre preso ao peito.
Cada fibra do corpo dela lhe dizia que ele iria atacar.

O suj eito de cabelos pretos de repente caiu para um galho m ais


baixo. Foi a coisa m ais graciosa que Trisha j á havia visto. Ele
obviam ente fez aquilo de form a m uito silenciosa, porque os hom
ens abaixo dele nem olharam para cim a.

Ele desceu para outro galho m ais baixo, andando nele com o se
fosse um a corda de equilíbrio, e se m ovia com os hom ens. De
repente, ele saltou da árvore e pousou com força em dois dos
caçadores abaixo dele.

Trisha prendeu o fôlego, m as m anteve o binóculo apontado para


os três hom ens caídos. Viu um m ovim ento quando os outros dois
caçadores se viraram para ver o que havia acontecido atrás deles.
Viu um vulto preto e o Nova Espécie ruivo parecia ter saído do nada
enquanto se apressava por trás em direção aos dois hom ens.

Ele saltou, dando um a investida com o se fosse um j ogador de


futebol am ericano. Ela quase ouvia com clareza os grunhidos de
dor. Em questão de segundos, os quatro caçadores estavam no
chão, im óveis, e os dois Novas Espécies se encontravam em pé ao
lado deles em silêncio.

Trisha conseguiu um a visão m uito boa dos dois e se certificou de


que definitivam ente eram os hom ens de Slade. Eles tinham as
anom alias faciais que a m aioria das Novas Espécies tinha. O de
cabelo preto tinha um nariz m enor que a m aioria e suas feições o
denunciavam . De repente, ela teve a im pressão de que ele era
parte prim ata. O ruivo tinha olhos de gato sim ilares aos de Justice
North, indicando que devia ser felino.

Os dois tiraram algo dos bolsos inferiores das calças, algo que se
parecia com cordões de plástico, e am arraram as m ãos dos hom
ens derrotados atrás das costas deles. Quando term inaram de
algem ar todos os quatro prisioneiros, puxaram os tornozelos deles
e os am arraram com m ais cordões para que ficassem com pletam
ente sem m ovim entos. A espécie de cabelos negros fez um sinal
de positivo para o com panheiro ruivo.

Um deles riu e Trisha se m oveu. Seu corpo estava m eio m olenga


por estar na m esm a posição há m uito tem po, m as conseguiu se
levantar cuidadosam ente.

Inclinou-se um pouco para fora, fitando os dois hom ens que


estavam a uns quinze m etros da área de onde os dois m ortos se
encontravam .

– Olá – cham ou ela.

Eles não pularam , nem pareceram surpresos quando viraram a


cabeça para olhar para ela. A ficha dela com eçou a cair. Eles já
sabiam onde eu estava?

Decidiu que provavelm ente sim . Um deles, o ruivo, acenou com a


cabeça para ela.
– Vam os até aí assim que nos livrarm os dos corpos. Você que os
m atou? – Ele

apontou a cabeça na direção dos dois hom ens que estavam bem
abaixo dela. –

Dois, certo? Sinto dois cheiros diferentes.

Chocada, Trisha apenas olhava estarrecida para ele. Não havia com
o eles terem visto os dois corpos de onde estavam . Teriam que ter
passado por m ais algum as árvores e por um a enorm e pedra. Ela
finalm ente fez que sim com a cabeça.

O outro tirou os cabelos pretos da cara e olhou para Trisha.

– Onde está Slade? Sentim os o cheiro dele, m as está se


dissipando, com o se ele tivesse saído daqui há horas. Por que ele
te deixou, doutora Norbit?

– Ele disse que tinha m uitos deles – pausou ela. – Ele queria dim
inuí-los em núm ero. Parecia estar certo de que, se com eçasse a
caçá-los, alguns ficariam com m edo e iriam em bora, m as ele j á
devia ter voltado. Disse que, se eu atirasse, ele ouviria e voltaria
correndo.

O ruivo balançou a cabeça.

– É um bom plano. Isso explica por que encontram os dois acam


pam entos vazios. Com cheiro de sangue, m as sem hom ens.

Dois acampamentos? Ela se perguntou se eles haviam achado o em


que ela estivera ou o que Slade atacara na noite anterior. Na
verdade, não queria m uito saber. Só estava preocupada com Slade.
Ele prom etera vir se ela precisasse de aj uda e ele tinha que ter
ouvido aqueles tiros, m as ainda não tinha chegado. Em vez disso,
dois de seus hom ens tiveram que ir resgatá-la. Ele está ferido?
Morto?
Talvez ainda esteja a caminho.

– Há algum j eito de vocês saberem se Slade está por perto? –


Trisha silenciosam ente esperava que houvesse.

O ruivo levantou a cabeça e farej ou. Ele chacoalhou a cabeça.

– Não sinto o cheiro dele e, se ele vier, vai ser de longe. Vam os te
tirar daí quando term inarm os aqui. Sente-se e fique parada. Você
está segura agora, doutora Norbit. Nosso povo vai enviar um
helicóptero aqui para te levar a algum lugar seguro e vam os
encontrar Slade se ele não voltar após um certo tem po. Eu sairia
para farej á-lo, m as prefiro esperar até você estar segura no
helicóptero.

Você era nossa m aior preocupação. Slade pode se cuidar sozinho.

Trisha ficou sem palavras ao ouvir que era a m aior preocupação


das Novas Espécies. Ela trabalhava para eles, claro, m as Slade era
um deles. Ficava feliz, porém , em saber que os hom ens lá em
baixo tinham tanta confiança na capacidade de Slade de se cuidar
sozinho. Ele devia ser m uito bom em sobreviver. Slade contou a ela
que havia treinado com a m aioria daqueles hom ens, e eles deviam
conhecê-lo m uito bem .

O Nova Espécie de cabelos pretos se curvou e pegou algo do bolso


inferior. As calças deles pareciam ter vários daqueles. Trisha se
agachou, m as ficou observando o que ele estava fazendo. Parecia
que ele falava em um a espécie de celular do tipo “tij olão”. Ela via
os lábios dele se m exerem , m as não ouvia as palavras. Rapidam
ente entendeu que ele falava em um telefone via satélite. Já tinha
visto alguns desses um a vez ou outra. Ele desligou e colocou o
telefone de volta no bolso.

Trisha se afastou da beirada, sem querer vê-los rem overem os


corpos lá em baixo. Ficou im aginando o que fariam com eles, m as
não perguntou. Sentou-
se no saco de dorm ir e passou os braços em volta da cintura.

– Onde você está, Slade?

O silêncio apertava seu coração por não saber se ele estava bem ou
se nunca voltaria para ela. Eles tinham que discutir algum as coisas
se os dois saíssem vivos dessa. O que aconteceu entre eles
significava algum a coisa ou foram apenas m om entos causados
pelo traum a? Ela proferiu um palavrão. E se ele só tivesse dorm ido
com ela e a tratado daquele j eito por causa da situação em que se
encontravam ? Ela em purrou esses pensam entos para longe.
Eram dolorosos dem ais.

Slade farej ou o ar, sentiu o cheiro de sua espécie e foi tom ado por
um a raiva absoluta. Eles o im pediriam de m atar todos os hum
anos que quisessem fazer o m al. Os sons distantes de tiros haviam
vindo da direção de Trisha. Seu coração disparava quando ele pulou
sobre um a tora caída, usou-a para pegar im pulso e saltou em um
pequeno barranco. Ele pousou com força, se agachou e então se
levantou.

– Calm a – um hom em cham ou. – Pare de correr.

Slade rosnou, olhou para cim a e avistou um rosto fam iliar em um


poleiro em um galho a uns seis m etros do chão.

– Ela está em perigo.

– Não, não está. Sm iley e Flam e estão com ela. Eles avistaram o
local dela e estão interceptando os hom ens que estão por perto. Ela
está sendo bem cuidada. –

O cara pulou, aterrissou em um a pilha de folhas m ortas e se


endireitou. – Nesse m om ento nenhum hum ano pode te ver.

– Preciso ir até ela, Ascension.


– Ela está segura. Estam os com ela, m eu am igo. – O olhar do
outro hom em passeou pelo corpo de Slade antes de encontrar os
olhos dele. – Você está encharcado de sangue, vai horrorizá-la se
ela te vir assim . É um a visão bem horrível até para m im . Quantos
você m atou?

– Muitos. – O corpo de Slade com eçou a relaxar. Trisha estaria


segura se Flam e e Sm iley estavam por perto, os dois eram m uito
bons. – Ela está a salvo?

Tem certeza?

– Você encontrou um local seguro para ela. Nenhum hum ano vai
chegar até ela antes dos nossos hom ens. Ela está a salvo. Calm a.
Posso m e aproxim ar? Você está ferido e feroz nesse m om ento.
Está com aquela expressão de enj aulado que conhecem os bem .

Slade se agachou, respirou forte e tentou tom ar fôlego.

– Não vou atacar.

– Fico feliz em ouvir isso. Não tinha certeza de até onde você tinha
ido ou se tinha perdido com pletam ente a cabeça. – Ascension se
aproxim ou m ais, lentam ente, e se agachou a poucos centím etros
na frente dele.

– Estou bem . – Slade fitou dentro dos olhos do outro hom em .

– Ótim o. Sabíam os que você sobreviveria, m as não tínham os


certeza sobre seu estado m ental se você tivesse que m atar.
Acham os algum as das áreas de m orte.

Por que sim plesm ente não ficou com a m édica?

– Eles estavam nos cercando, havia m uitos deles, e um grupo a


encontrou na prim eira vez em que a deixei sozinha. Ela não tem
habilidades de sobrevivência e deixou que se aproxim assem dela.
Tive que m udar o j ogo para garantir que ninguém m ais fizesse m
al a ela.

Ascension o observava silenciosam ente, franzindo a testa.

– Sinto o cheiro dela em você. É difícil distingui-lo no m eio do odor


de sangue e m orte, m as está aí.

Um rosnado suave saiu na garganta de Slade.

– E daí?

Ascension esticou os braços e agarrou os om bros dele.

– Ela é hum ana, delicada, e é um a m édica. Eles fazem j uram


entos para salvar vidas. Não quero ver você m achucado.

– Preciso ir até ela. – Slade tentou se endireitar, m as a pegada firm


e do outro hom em nele só se apertou m ais.

– Me ouça.

– O quê?

– Você está feroz agora. Sua m ente está m ais calm a do que tem
íam os, m as você é a m orte encarnada neste m om ento. Você não
tem um espelho, não pode ver com o suas feições e seus olhos
estão com aquela aparência selvagem que costum am os ter
quando isso acontece. Ela não pode te ver assim , você só a
deixaria aterrorizada. Recebi ordens de te achar e te levar de volta
para Hom eland. Deixe-m e te levar até lá.

Slade rosnou.

– Não. Ainda não term inei, há m ais deles.

– As ordens são para que…


– Eles a atacaram , um deles bateu nela e tentou estuprá-la. Ela
podia ter m orrido quando eles em purraram a SUV para fora da
estrada. Declararam guerra a nós e quero term iná-la. Qualquer um
que escape pode atacar de novo daqui a um tem po.

A m ão relaxou e o soltou.

– Não posso te levar se não te encontrei. Entendo, m as você deve


ficar longe dela até retom ar a capacidade de reprim ir a raiva. Pelo
m enos se lave antes de se j untar novam ente a nós. Há um riacho
a oeste. Sinto o cheiro dela em você e eles tam bém vão sentir.
Podem tem er que você a forçou a se subm eter sexualm ente, na
sua condição atual. Eu não acredito nisso, te conheço bem dem ais
e j á te vi observando-a enquanto trabalham os. Você deve ter
esfregado o cheiro dela propositadam ente em você para m antê-lo.

Slade se lem brou de ter m ordido Trisha e passado o sangue dela


atrás de seu pescoço. Não era sua intenção ter feito isso, m as ele
sabia que não tinha evitado, tam bém . Ter o perfum e dela o m
antinha são quando ele m atava para protegê-la.

– Term ine o que com eçou se acredita que vão continuar sendo um
a am eaça para sua m ulher. Nunca te vi e essa conversa nunca
aconteceu. Apenas j ure que

vai esperar vinte e quatro horas antes de chegar perto dela depois
que estiver pronto para ser encontrado. Há três dúzias de nós pelo
bosque. Estam os fazendo um a busca pelos hum anos. Trouxem os
cinco prim atas, então observe as árvores.

Sabia que você não esperaria isso e esperei lá do alto para te


encontrar.

– Inteligente.

Ascension deu um sorrisinho.


– Eu te conheço, m eu am igo. Estam os j untos há m uito tem po
desde que fom os libertados. – Toda a em oção sum iu de suas
feições. – E não se esqueça de encontrar aquele riacho. Eu faria
isso agora e depois continuaria a caçada.

Apenas lave-se depois de encontrá-los, para que não estej a


coberto de sangue quando vier.

– Não vou m e esquecer. Jura que ela está segura?

– Tem m inha palavra.

Aquilo era bom o bastante para Slade.

– Quero m atar todos por colocarem a vida dela em risco.

– Isso m e deixa com m edo. Encontre a hum anidade que há dentro


de você.

Vou dizer que procurei nesta área, sem resultados. – Ele se


levantou. – Vá e, de agora em diante, observe as árvores. Não sou
o único a ter a ideia de m e esconder lá em cim a para te procurar.

Slade se levantou e saiu pelo denso bosque, m antendo a atenção


nos ares e nos arredores. Os prim atas ficavam no alto das árvores
quando era possível, seus cheiros eram m ais difíceis de sentir, e
ele não queria ser encontrado até dim inuir o núm ero de hum anos
que haviam tentando fazer m al à sua Trisha.

Ele foi tom ado pelo arrependim ento ao repassar as palavras de


Ascension na cabeça. Trisha era hum ana, em ocionalm ente
delicada, e, com o m édica, poderia odiá-lo por todas as vidas que
ele tirara. Depois ele pensaria nisso; no m om ento, tinha que cuidar
de am eaças.

CAPÍTULO ONZE

– Estou subindo, doutora Norbit – gritou um dos hom ens cerca de


um a hora depois.
Trisha se levantou e foi até a beirada. A prim eira coisa que notou foi
que os dois corpos não estavam m ais lá e ela não via nem m esm o
sangue no chão.

Parecia que alguém tinha j ogado areia sobre as áreas m anchadas


para ocultar com pletam ente as m ortes.

Trisha observou o Nova Espécie de cabelos pretos escalar com


facilidade até ela, sem problem a nenhum para cam inhar pelo
terreno íngrem e. Ela quase sentiu invej a de sua agilidade e
velocidade quando se aproxim ou dela. Slade tivera de im pulsioná-
la e em purrá-la para colocá-la no topo. Ele subiu tão facilm ente
que parecia estar passeando em um a superfície plana.

Ele devia ter m ais de um m etro e oitenta de altura e seus om bros


eram largos.

De perto, Trisha teve certeza de que o hom em era parte prim ata.
Era m uito bonitinho, com feições m ais delicadas que as de um hum
ano. Os Novas Espécies costum avam ser lindos, m as com um j
eito de cara valentão, de um a form a atraente. Mas, quando ele
estava de pé na frente dela, ela viu que ele tinha a estrutura m
usculosa e grande dos Novas Espécies. Suas feições tinham algo
de adorável, com lindos olhos redondos e cor de am êndoa e traços
anim ados; fofo com o um prim ata.

– Sou o Sm iley. Olá, doutora Norbit. – Ele cantarolou baixinho ao se


agachar na entrada, se balançando na planta dos pés. Era m uito
alto para ficar dentro do buraco. Ele sorriu para ela. – O helicóptero
deve chegar aqui logo. Estiveram bem ocupados hoj e,
transportando todos os hum anos que pegam os. Tentam os não m
atar nenhum deles, m as… – Ele deu de om bros. – Alguns eram
sim plesm ente idiotas dem ais para viverem . Com o você está?

– Estou bem . Algum a notícia do Slade?

Ele chacoalhou a cabeça.


– Sinto m uito, m as não. Ele é um dos nossos m elhores, não
precisa se preocupar. Ele sabe cuidar de si m esm o em qualquer
situação extrem a. – Ele olhava Trisha de cim a a baixo, m as não
havia nada de sexual na form a com o ele a estudava extensivam
ente.

– Quem bateu em você?

– Fui capturada ontem de m anhã, m as Slade m e resgatou.


Infelizm ente, antes de ele chegar, isso m e aconteceu. – Ela
apontou para sua bochecha que ainda latej ava e seu lábio inchado
e com um corte. A im agem de Slade beij ando-a correu por sua m
ente, m as ela colocou aquela lem brança de lado. – Estou bem .

Além do que você vê em m eu rosto, o pior são alguns cortes, hem


atom as e m úsculos distendidos.

– Slade deixou você ser pega? – Ele parecia achar m uita graça
quando riu. –

Estou chocado.

– Ele não deixou. Se separou de m im para achar um lugar para m e


m anter, com o este buraco em que estou. – Trisha franziu a testa. –
Slade salvou m inha pele dos m aiores j eitos que você pode im
aginar. Por favor, não ria disso, ele m atou gente para m e salvar.

O sorriso dele sum iu instantaneam ente.

– Peço desculpas, não há nada de engraçado nisso. Deixe-m e te aj


udar a descer e vam os esperar pelo helicóptero. Você vai voar até
um hospital para ser exam inada e depois vai ser levada de volta
para casa. Justice estava bastante determ inado a te proteger e
arranj ar tratam ento m édico antes de retornarm os a Hom eland.
Ele está te esperando lá para conversar.

Trisha olhou em volta da pequena área, m as não viu nada que


deveria levar com ela. Sua atenção se pôs sobre as arm as.
– Não deveríam os levar isso? Seria péssim o se crianças subissem
aqui um dia e as encontrassem . Estão todas carregadas.

– Vam os cuidar disso. – Ele se virou, quase roçando a cabeça na


suj eira do teto. – Vou te aj udar a descer. Precisa que eu te
carregue nas costas? Sou um ótim o escalador e prom eto que não
vou te deixar cair.

– Acho que consigo ir sozinha se você apenas m e aj udar a descer.


Slade precisou m e segurar algum as vezes. Acho que não sou tão
coordenada quanto vocês.

Ele fez que sim com a cabeça, sorrindo. Trisha podia im aginar por
que ele se cham ava Sm iley. Parecia sorrir facilm ente e com
frequência.

– É um dom que tem os.

Trisha andou lentam ente até ele e estudou o chão abaixo ao chegar
à beirada.

Não era m uito fã de altura e, se caísse, a queda seria longa. Sm


iley se m oveu, saiu do buraco prim eiro e olhou para ela.

– Apenas vire-se e com ece a descer. Estarei bem aqui, abaixo de


você. Vou te segurar se cair. – Ele piscou. – Sou forte, prom eto que
não vou te derrubar.

Ela estava com m edo, m as se virou e tentou não olhar para baixo.
Descer era pior do que subir. Ela escorregou duas vezes, m as as m
ãos de Sm iley sem pre a seguravam e m antinham -na no lugar, até
que eles finalm ente chegaram ao fundo. Trisha sentiu um a im ensa
vontade de beij ar o solo, m as resistiu para que seus salvadores
não achassem que havia enlouquecido.

O ruivo olhou para Trisha e balançou a cabeça. Ela viu que suas
narinas se alargavam e se afinavam . Ele chegou m ais perto dela,
farej ou de novo e parecia ter um a expressão som bria no rosto.
– Sou o Flam e. O que houve com você?

Trisha olhou de volta para ele, sem ter certeza do que ele queria
dizer exatam ente. Ele tinha m ais de um m etro e noventa de altura,
uns trinta centím etros m ais que ela, e obviam ente era um Nova
Espécie, com om bros largos e corpo m usculoso. Parecia poder
quebrar a cara de alguém facilm ente.

Dava m ais m edo de olhar para ele, com aquelas m açãs do rosto
salientes e dentes afiados que seus lábios m al escondiam .

– Fui capturada e apanhei. Tam bém estava na SUV que rolou pela
lateral da m ontanha, e batem os em algum as árvores pelo cam
inho. Foram dias turbulentos

para m eu corpo.

Flam e farej ou outra vez.

– Há cheiro do Slade em você, m as tam bém sinto o de dois hom


ens hum anos.

Você está cheirando a sangue, m edo e sexo. – Ele pareceu ainda


m ais perigoso. –

Foi estuprada pelos hum anos?

A boca dela se abriu, m as então Trisha fechou-a.

– Slade m e salvou.

Ela estava um pouco apavorada. Sabia que o olfato deles era


incrível, m as era com pletam ente horripilante que conseguissem
perceber tanta coisa apenas farej ando-a. Saber que eles tinham
sentidos elevados daquela m aneira deixou-a m uito desconfortável.

– Vou atrás dos dois hum anos e m atá-los. – Flam e piscou. – Prom
eto isso para você. Vão m orrer pelo que fizeram .
O coração de Trisha bateu forte.

– Eles estão m ortos. Slade cuidou disso.

Flam e agitou a cabeça rapidam ente e se virou.

– Que bom . Vou ficar de babá dos quatro patetas que capturam os,
Sm iley. Não deixe que ela saia da sua vista.

– Não deixarei. – Sm iley se virou para Trisha e exam inou o rosto


dela. – Por que não se senta? O helicóptero vai chegar logo.

Ela se sentou. Já estava coberta em um a cam ada de terra e não


ligava se ficasse ainda m ais suj a.

– Onde ele vai pousar?

Ele hesitou.

– Não vai pousar, vai apenas pairar. Vam os te colocar num gancho
e vão te puxar. As árvores nessa área são densas dem ais para
pousar e não querem os correr riscos com você. Já sofreu traum as
dem ais para isso. Vai ser m oleza.

– Ótim o. – O terror tom ou conta de Trisha. – Mencionei que tenho


m edo de altura?

Sm iley deu um sorrisinho.

– É um bom j eito de encarar seu m edo.

Que maravilha. Não m uito depois, ela ouviu um helicóptero ao


longe, cuj o som foi aum entando conform e se aproxim ava. Sm iley
estava em silêncio ao vigiá-la, algo que fez durante todo o tem po
em que ela esteve sentada ali. Finalm ente, ele virou a cabeça e
olhou para o céu.

– Eles chegaram . Vai fazer um barulhão. Vão j ogar um arreio e vou


te enganchar nele. Você vai subir e alguém lá dentro vai te puxar e
prender um cinto de segurança em você. Vão te levar até o hospital
e dois dos nossos hom ens estarão com você até que chegue em
casa. Agora j á sabe o que esperar.

– Obrigada por tudo. Pode, por favor, dizer ao Flam e que agradeço
a ele tam bém ?

Ele assentiu com a cabeça.

– De nada, de nós dois. Estam os felizes por você estar viva.

– Pode dizer a Slade para entrar em contato com igo assim que for
encontrado?

Estou preocupada com ele e não vou relaxar até saber que ele está
a salvo.

– Farei isso. – O olhar de Sm iley retornou ao céu quando ele se


virou de costas

para Trisha. – Lá vam os nós. Tape seus ouvidos, essas coisas


fazem m uito barulho. Me dão dor de cabeça, m as não dá para
evitar certas coisas.

Trisha se levantou quando o helicóptero pairou sobre o topo das


árvores a certa distância para não bater em nada. O vento levantava
destroços no solo, fazendo-os girar em volta dela, forçando-a a
cobrir os olhos. Ela com preendeu totalm ente quando Sm iley disse
um palavrão bem suj o e em voz bem alta. Ela não estava nem um
pouco ansiosa pelos próxim os m inutos.

Alguém tocou em seu braço. Sm iley agarrou-a e levou-a até um


arreio pendurado ali perto. Ele gentilm ente em purrou-a naquela
direção e indicou para que ela pusesse os pés na abertura do obj
eto. Ele puxou as pernas dela e dois cintos foram colocados por cim
a dos om bros, e outro foi passado em volta da cintura. Sm iley
piscou antes de dar um passo para trás. Trisha agarrou o arreio com
um a pegada quase m ortal quando Sm iley fez um gesto com a m
ão para o helicóptero. O arreio se apertava enquanto tirava os pés
de Trisha do chão.

Ela fechou os olhos com força e tentou não entrar em pânico


quando o vento a balançou no ar. Não os abriu m ais até que
alguém pegou-a pela cintura. Ela olhou para baixo e viu que Sm iley
cobria o rosto com o próprio braço, sem olhar para cim a. Terra e
poeira giravam furiosam ente perto do chão por causa das enorm es
hélices do helicóptero. A pessoa que segurava sua cintura arrastou-
a para dentro, até que ela não pôde ver m ais nada lá em baixo.

Os dois hom ens na parte traseira do helicóptero eram Novas


Espécies. Eram caninos e ela j á tinha visto os dois em Hom eland.
Brass tinha um a cara em burrada, e ela não conseguia se lem brar
do nom e do outro. Eles lutaram para tirá-la do arreio, bateram a
porta do helicóptero ao fechá-la e afivelaram Trisha em um dos
assentos do banco. Brass estendeu a ela um par de protetores de
ouvido por causa do barulho e apontou para o que estava usando
para m ostrar a ela com o colocá-lo.

O som alto do helicóptero sum iu. Ela balançou a cabeça para Brass
com gratidão, pensando que aquele nom e não com binava com ele.
Ele tinha cabelos castanhos, om bros largos que o deixavam enorm
e, cerca de um m etro e noventa de altura e olhos bem escuros. O
outro hom em era um m oreno de olhos escuros.

Com parando seu corpo ao de Brass, era quase um gêm eo dele.


Brass se sentou ao lado dela e o outro hom em se sentou à frente
deles.

Não dem orou m uito até o helicóptero aterrissar no heliponto de um


hospital.

Um a equipe m édica correu até ele com um a m aca e no m esm o


instante ela teve um flashback da noite em que Slade havia sido
transportado para sua vida. No entanto, o estado dela agora era m
uito m elhor que o dele naquela noite.
Ela deixou os m édicos prenderem -na à m aca sem discutir, pois
estava m ais do que fam iliarizada com as norm as dos hospitais.
Sabia que os piores pacientes eram os m édicos, pois j á havia
tratado alguns, e tentou se esquecer de que tam bém era um a,
quando a equipe entrou correndo com ela em um a sala de exam
es. Brass e o outro hom em os seguiram , m antendo-se bem próxim
os.

O m édico responsável tinha uns trinta e tantos anos, era atraente e


parecia passar m uito tem po em cam pos de golfe, devido ao seu
bronzeado. Ele sorriu para Trisha.

– Sou o doutor Evan Tauras. Qual é o seu nom e?

– Sou a doutora Trisha Norbit. – Ela viu que ele se encolheu e deu
um sorrisinho. – Juro que vou ser legal. Estive num acidente num a
SUV há alguns dias, sem cinto. É um a longa história. Sei que
deveria estar usando e eu ia fazer isso no últim o m inuto antes do
acidente. Rolei por dentro do carro, m as não fui j ogada para fora.
Ontem fui fisicam ente atacada por um im becil que bateu na m inha
cara algum as vezes. Não estou com dor nas costas, nem no
pescoço. Não tenho sinais de ferim entos internos – ela fez um a
pausa. – Não tenho nenhum a alergia m édica nem nenhum
histórico m édico excepcional, a não ser pelo fato de ter tirado as am
ígdalas quando eu tinha dez anos. Não estou tom ando nenhum rem
édio, não fum o, não bebo nem uso drogas. Agora vou calar a boca
e deixar você fazer o seu trabalho.

O m édico balançou a cabeça.

– Obrigado. Na verdade você está facilitando as coisas. Exibiu


algum sintom a de concussão?

– Um pouco. Se tenho algum a, é leve. Fiquei tonta depois do


acidente e tam bém depois, quando m e acertaram duas vezes na
cara. Mas m inha vista não está em baçada, nem sinto náuseas.
– Pegaram o cara que fez isso no seu rosto? – O m édico exam
inava a cabeça de Trisha.

– Pode-se dizer que sim . Ele está m orto.

O m édico estudou-a por um segundo, e então balançou a cabeça.

– Você é a m ulher que está nos j ornais. Fico feliz que tenha sido
encontrada.

Ele se m exeu e abriu a boca para Trisha. Ela abriu a dela, im


itando-o, sabendo o que ele queria que ela fizesse. Ele exam inou a
boca dela para ver se havia ferim entos, depois o rosto, passando a
m ão na parte m achucada. Trisha se encolheu, m as se m anteve
firm e. O m édico se m oveu m ais para baixo ao exam inar Trisha
visualm ente com um a enferm eira. Ela ficou grata por não terem
tirado sua roupa, pois Brass e o outro hom em do lado de dentro da
sala observavam cada m ovim ento, porque estavam lá com o
guardas dela.

O m édico olhou em basbacado para os dois algum as vezes,


parecendo levem ente incom odado e alarm ado. Trisha entendia os
m otivos e quis assegurá-lo de que as coisas estavam em ordem .

– Minha vida foi colocada em risco e eles precisam estar aqui.


Desculpe se o fato de ter um a plateia aqui te incom oda.

O doutor Evan Tauras balançou a cabeça.

– Sem problem as. É que eles são m uito grandes – ele baixou o
tom de voz, sussurrando – Nunca os vi pessoalm ente, m as nos j
ornais eles parecem m enores.

São bem fortões.

Trisha sussurrou de volta.

– É, eu sei. Eles tam bém têm um a audição excepcional. Sussurre


um “oi” para eles.
O m édico virou a cabeça para olhar para os dois hom ens. Brass
piscou para ele e flexionou os m úsculos. O outro Nova Espécie
parecia em burrado, m as acenou. Trisha teve que conter um a
gargalhada ao ver o rosto do m édico corando levem ente antes de
voltar a atenção para a enferm eira e recitar às pressas um a lista de
exam es a serem feitos. Ele queria raios-x. Ela não achava

que eram necessários, m as não protestou. Era a sala de exam es


dele, era paciente dele e não queria encher o saco.

Duas horas depois ela foi liberada, com um anti-inflam atório para o j
oelho, alguns analgésicos para o rosto e alguns antibióticos por
causa das feridas abertas.

Pensou em pedir um a pílula do dia seguinte, m as não se


preocupou com o que ocorrera entre ela e Slade. Tinha certeza de
que não podia engravidar sem aj uda m édica, apesar de eles não
terem usado proteção. Afinal, no m om ento, não havia nenhum a loj
a de conveniência por perto para com prarem cam isinhas, e j á que
Trisha não era sexualm ente ativa, não estava tom ando nada.

Brass e Harley – era esse o nom e do outro oficial da ONE –


escoltaram -na até a farm ácia para buscar os rem édios prescritos.
O helicóptero os pegou cinco m inutos depois.

Ninguém havia ouvido nada sobre Slade, nem o encontrado. Trisha


apagou quando o analgésico a dom inou. Um a hora depois, eles
pousaram em Hom eland e, quando Brass a pegou nos braços para
carregá-la para fora do helicóptero, ela acordou.

– Você está a salvo. Apenas relaxe.

Ela não pediu para ser colocada no chão. Ele parecia não fazer
esforços para carregá-la, assim com o Slade. Eles eram m uito
fortes.
– Obrigada.

Justice North esperava em um j ipe ali perto. Lançou um olhar para


Trisha e se encolheu. Brass se recusou a soltá-la até que ela
estivesse no banco de passageiro do j ipe de Justice, que estava
aberto. Ele e Harley entraram atrás e Justice levou-a para casa.

– Nem sei com o com eçar a m e desculpar por tudo o que se


sucedeu, Trisha.

Foi nada m ais que um ataque contra Novas Espécies e você foi
envolvida por associação.

– Não é culpa sua. Vocês não são os idiotas que nos j ogaram para
fora da estrada ou que decidiram que seria legal tentar nos caçar
com o se fôssem os cervos. Obrigada pelo helicóptero e por Brass e
Harley terem tom ado conta de m im tão bem . Já sabem algum a
coisa sobre o Slade?

Justice negou com a cabeça.

– Nossas equipes ainda estão lá e pegaram m ais oito daqueles


filhos da…

daqueles hom ens que estavam lá atrás de vocês. Vam os entregá-


los às autoridades assim que os encontrarm os. Ficam os entusiasm
ados por conseguirm os um a autorização para m andar nossas
próprias equipes até lá.

Brass bufou.

– Ficaram felizes em perm itir que fôssem os até lá no lugar deles.

Justice concordou.

– É verdade. Estávam os m ais equipados para a busca em um a


grande área de

bosque do que eles, e com um a força efetiva bem m enor.


– Eles não queriam aqueles m alucos fanáticos m andando bala na
bunda deles

– Harley interveio. – Nos deram j urisdição para ir lá arrum ar a


bagunça. Não vam os levar nenhum crédito por isso, ao contrário
deles, m as a força policial local não ficou em perigo.

Justice olhou para Trisha e franziu profundam ente a testa ao farej


ar. Não disse nenhum a palavra, m as Trisha notou quando ele fez
de novo. De repente, ele pareceu m uito zangado, ao m esm o tem
po que estacionava o j ipe na entrada da casa dela. Ela viu um
guarda de segurança de Hom eland em pé na varanda dela, m as
não era um Nova Espécie.

– Sente-se bem ali – ordenou Justice a ela. – Eu o m andei para cá


antes de nós porque sabia que suas chaves teriam se perdido
depois do acidente. Recuperam os sua bolsa e as chaves. Trouxem
os de volta o que deu para ser salvo. Suas roupas que não estavam
rasgadas ou danificadas de outra form a foram lavadas. O que não
deu para salvar vai ser reposto com nosso dinheiro. – Justice deu a
volta no j ipe e levantou Trisha, que ficou surpresa, e levou-a até a
porta de entrada. – Me deram detalhes sobre seus ferim entos. O m
édico disse para você ficar em repouso por pelo m enos dois dias.

O guarda de segurança balançou a cabeça para Trisha enquanto


abria a porta de entrada. Justice entrou na casa e gentilm ente
colocou Trisha no sofá. Ele hesitou e se virou para estudar Brass e
Harley. O guarda de segurança tam bém havia entrado na casa.

– Por favor, podem nos dar alguns m inutos? Gostaria de falar a sós
com Trisha. Ela j á passou por m uita coisa e não precisa ter o traum
a de m e contar o que houve com um a plateia de hom ens ouvindo.

Os três hom ens saíram silenciosam ente e a porta se fechou firm


em ente atrás deles. Justice foi até o sofá de dois lugares e se
sentou. Ele parecia tenso. Seus olhos felinos encontraram os de
Trisha.
– Sinto cheiro de m edo, sangue e sexo em você. No relatório que o
m édico m e passou, não havia m enção sobre você ter sido
sexualm ente atacada. Algum daqueles fanáticos abusou de você?
Soube que os ferim entos no seu rosto são resultado do que fizeram
aqueles filhos da… – ele pigarreou. – Fanáticos.

– Pode cham á-los de filhos da puta. Eu cham o. – Ela olhou nos


olhos de Justice, sem desviar. – Não fui estuprada, m as quase. Não
quero dar detalhes m ais específicos, m as Slade chegou lá a tem
po. Ele parou o cara antes que ele pudesse realm ente m e m
achucar – ela fez um a pausa. – Ele precisou m atá-lo.

– Fez sexo com alguém antes de sair daqui? Não estava ciente de
que você estava saindo com alguém .

Trisha franziu a testa.

– Minha vida sexual não é da sua conta, senhor North.

– Não quis ofender, abordei isso do j eito errado. Desculpe não falar
de um j eito m elhor, m as estou tentando entender se você está m
entindo sobre o estupro.

Você trabalha e não sai de Hom eland. Sei de tudo o que rola dentro
desses m uros.

Você transou com alguém , porque estou sentindo cheiros vindo de


você. Claro, sinto o cheiro de Slade e de dois hom ens hum anos.
Agora você tam bém está com o de Brass e o m eu, m as são leves,
porque nós dois te carregam os. Sei que

Sm iley tocou em você para aj udá-la a descer o m orro.

– Com o vocês conseguem distinguir tão bem entre hum anos e


Novas Espécies?

Ele observou-a com atenção.


– Os Novas Espécies… É difícil explicar. Sim plesm ente sabem os
a diferença.

O cheiro de um m acho é fam iliar. Só quero saber a verdade, se


você sofreu abuso sexual ou não.

– Não sofri. O cheiro fam iliar que você deve estar sentindo é
provavelm ente o do m otorista da SUV, Bart. Não sei seu sobrenom
e. Ele se feriu no capotam ento e eu o toquei bastante para ver se
havia ferim entos. Ele está m orto, não está? Slade e eu ouvim os
três tiros depois que Bart se recusou a sair de onde caím os. Achou
que aqueles hom ens não o m achucariam porque ele era hum ano.
Tentam os dizer que eles o m atariam , m as ele se recusou a nos
dar ouvidos. Não tivem os escolha, tivem os que deixá-lo para trás.

– Ele está m orto. – Justice concordou com a cabeça. – Levou um


tiro na virilha, na barriga e na cabeça, depois de ter sido am arrado
e torturado.

Acham os que tentaram tirar inform ações dele sobre seu paradeiro
e o de Slade.

O corpo dele foi localizado perto da SUV destruída. O m édico-


legista declarou que ele foi m orto pouco depois do acidente.

CAPÍTULO DOZE

Trisha suspeitava que Bart m orreria, teve certeza disso quando


ouviram os tiros, m as ouvir as palavras que descreviam o que fora
feito a ele destruíram -na por dentro. O rosto dele passou rápido
pela m em ória dela, lem brando-a de com o ele tivera m edo e de
com o era apenas um garoto, cuj a m ãe se preocupava a ponto de
querer que ele fosse a um veterinário para tom ar vacinas contra
doenças anim ais.

– Jesus – Trisha suspirou. – A virilha?

Justice hesitou.
– O que eles fizeram foi selvagem e cruel. Um a coisa é m atar um
hom em a sangue frio, m as outra é castrá-lo antes da m orte.

O estôm ago dela se revirou um pouco.

– Castrar?

– Eles usaram um a escopeta calibre 12 à queim a-roupa. O m


édico-legista nos disse que eles devem tê-la colocado na virilha
antes de puxarem o gatilho.

Aqueles cretinos que são os anim ais, m as o problem a é conosco.


Nunca seríam os desum anos daquele j eito.

Trisha se levantou, com as pernas oscilando.

– Preciso de um banho. Sei que você tem perguntas, m as estou


cansada, com fom e e suj a. – Ela m ordeu o lábio e se encolheu,
esquecendo de com o ele estava dolorido. Ela encontrou o olhar de
Justice quando ele se levantou. –

Provavelm ente vou chorar m uito tam bém . Não fui estuprada, eu j
uro. Slade im pediu o cara que ia m e atacar a tem po. Sou grata por
você se im portar com m eu bem -estar, m as m inha vida sexual é
pessoal. Tenho um favor para pedir, porém .

– O que quiser.

– Quando souber de algo sobre Slade, diga para alguém m e ligar,


por favor.

Não im porta o horário. Ele salvou m inha vida várias vezes lá. Acho
que não vou descansar direito até saber o que houve com ele.

– Vou m andar Brass ficar aqui. Vou ordenar que tragam com ida
para você, estará te esperando quando sair do banho. Prom eto
que, assim que souber de algo, ligo para Brass e digo para ele te
passar a inform ação. Am anhã, conversam os sobre o que
aconteceu.
– Brass vai ficar aqui?

Justice fez que sim com a cabeça.

– Sim . É apenas um a precaução. Parece que houve algum as m


ortes entre aqueles filhos da puta, alguns associados deles estão
bem putos por eles terem m orrido em vez de m atado. Você terá
proteção dia e noite até sentirm os que não há m ais am eaças.
Você está fam iliarizada com Brass e tudo foi bem traum ático para
você. Ele fará o prim eiro turno. Quero ele dentro da sua casa. Ele
pode

ficar sentado no sofá, se for aceitável. Estará aqui para receber as


entregas de com ida e te passar qualquer inform ação que eu
receber.

– Mas estam os em Hom eland e aqui é seguro. Aqueles im becis


não podem passar pelos portões para chegarem até m inha casa.
Tenho certeza de que…

– Alguém falou para eles sobre sua m ovim entação. – Justice


interrom peu-a. –

Sabiam da rota que havíam os planej ado para o seu carro, o que
nos diz que receberam inform ações daqui de dentro. Apenas as
nossas equipes de seguranças hum anos sabiam aonde estávam os
indo, a que horas e com o chegaríam os lá. Haverá oficiais da ONE
com você dia e noite para te proteger até que eu tenha garantia da
sua segurança, o que não acontecerá até que o responsável por
tudo isso sej a encontrado. – Ele respirou fundo. – Preciso ir, m as
sua com ida chegará logo. Com a e descanse.

Ela ficou chocada com o fato de haver alguém em Hom eland que
havia traído as Novas Espécies, m as acreditou em Justice e na
expressão som bria dele.

– Não precisa m e m andar com ida. Posso preparar um sanduíche.


– Não. Você precisa de um a boa refeição quente e caseira. Vou
pedir agora m esm o que m andem alguns pratos para você. Te vej o
de m anhã. Me ligue quando estiver de pé.

– Obrigada. Por favor, não se esqueça de m e contatar sobre Slade.

– Prom eto que não vou esquecer. Assim que eu souber, avisarei. –
Ele deixou a porta de entrada escancarada e Trisha ouviu-o falar
baixinho com os hom ens lá fora.

Trisha entrou lentam ente em seu quarto e pegou m oletons grandes


e confortáveis e um a cam iseta larga. Entrou no banheiro. Olhou-se
no espelho e teve vontade de explodir em lágrim as. Estava
parecendo com algo que um gato ficou arrastando por aí até j ogar
fora e ir achar outra coisa para destruir.

Havia hem atom as da orelha até a parte inferior do m axilar, se


estendendo por vários centím etros em seu rosto. Seu lábio inferior
estava bastante inchado de um lado, onde a pele fora aberta.
Estava verm elho e saliente. Seu cabelo estava em aranhado e não
havia esperanças de desfazer os nós. Além de tudo isso, um a fina
cam ada de terra a cobria.

As roupas que usava estavam igualm ente ruins. Ela se despiu e se


encolheu m ais devido aos dolorosos hem atom as nos pulsos, nos
pontos que haviam sido am arrados à árvore. Havia m ais hem atom
as nas costas, no quadril e no om bro por causa do capotam ento da
SUV. Em seguida, viu m ais um hem atom a grande na coxa,
causado pelo acidente. Ela sabia que sua aparência estava terrível.

Trisha foi para baixo da ducha e apenas ficou lá em pé por um bom


tem po, depois lavou a pele m achucada com m uito cuidado. Doía,
apesar dos analgésicos. As lágrim as com eçaram a rolar intensam
ente, até que ela se sentou no chão do chuveiro e cobriu o rosto
com as m ãos. Sabia que sua vida havia m udado para sem pre.
Dois hom ens estavam m ortos e fora ela que tirara a vida deles.
Com o ela poderia voltar a ser a pessoa que fora um dia? Não via
com o era possível.
Um a batidinha leve na porta finalm ente fez Trisha parar de chorar.

– Vou sair em um m inuto.

– Precisa de aj uda? – Ela reconheceu a voz de Brass. – Sou


confiável, doutora

Norbit. – Ele fez um a pausa. – Estou entrando.

Merda. Ela tentou se levantar, m as seu corpo se recusava a


responder. Havia as portas do chuveiro para escondê-la, m as eram
de vidro fosco. Ela pôde ver a figura de Brass dentro do banheiro
quando ele se m oveu em direção à ela.

– Doutora Norbit?

– Eu m e sentei e agora estou m eio presa – ela adm itiu. Odiava


estar fraca daquele j eito e com tanta dor. – Eventualm ente, vou m
e levantar, quando estiver m e sentindo m elhor. Pode só m e j ogar
um a toalha? – Ela fechou as torneiras perto dela para encerrar o
banho. – Por favor?

Um a grande toalha de banho caiu sobre as portas do chuveiro.


Trisha pegou-a e usou-a para cobrir-se o m áxim o que conseguia.
Dois segundos depois, Brass a surpreendeu quando abriu a porta
do chuveiro.

– Não vou te olhar com o se fosse um a m ulher. Deixe-m e te aj


udar, doutora Norbit. Eu nunca te m achucaria de form a algum a. –
Ele se curvou, esticando os braços para ela. Suas m ãos agarraram
as costelas dela com cuidado e colocaram -na em pé gentilm ente. –
Vam os te colocar na cam a. A com ida chegou e tam bém vou
trazer m ais analgésicos para você.

Ela se sentia levem ente hum ilhada por saber que precisava
daquela aj uda.
Não lutou enquanto aquele hom em grande a guiava para sair do
chuveiro. O

braço dele a m antinha em pé, e ela precisava disso. Segurou a


toalha na frente do corpo, m as não havia com o cobrir sua parte de
trás, totalm ente nua. Trisha sabia que seu rosto devia estar verm
elho com o cham as. Brass de repente pegou a toalha e puxou-a.

Trisha ficou boquiaberta. Seu foco flutuou até o hom em que


segurava sua toalha. Ele m antinha os olhos fixos nos dela. Ele
soltou o braço dela e então abriu a toalha para enrolá-la de form a
segura em volta do corpo dela antes de esticar os braços a ela de
novo. Ele a pegou no colo, segurou-a com o se fosse um a concha e
delicadam ente colocou-a no balcão. Brass se virou, pegou outra
toalha e, sem dizer um a palavra, foi se ocupar com os cabelos dela,
que pingavam .

– Obrigada.

Brass balançou a cabeça.

– Você foi m uito forte. Para alguém tão pequena, você tem todo o m
eu respeito, doutora Norbit. Foi bem valente, m as agora é hora de
deixar que alguém cuide de você.

– Por favor, m e cham e de Trisha.

Ele sorriu rapidam ente.

– Vou te pegar de novo, agora que seu cabelo não vai encharcar a
cam a, e te colocar lá. Vej o que tem pij am as, m as sofri o bastante
com ferim entos em experiências passadas e posso te avisar que é
m elhor não vestir nada enquanto se recupera. Vam os lá.

Ele j ogou a toalha do cabelo dela dentro da pia, levantou-a e


colocou-a nos braços. Brass gentilm ente carregou-a para fora do
banheiro e para a cam a, cuj as cobertas alguém j á havia tirado.
Brass colocou-a no colchão e tirou os braços dela. Ele esticou a m
ão e fechou os olhos.

– Vou levar a toalha m olhada para pendurá-la no banheiro


enquanto você se cobre.

Trisha entregou a toalha e puxou as cobertas até o peito. Ela viu


Brass retornar ao banheiro, onde ficou por alguns m inutos, lim
pando o côm odo. Depois, ele saiu, apagou a luz atrás dele e
acenou com a cabeça para ela antes de desaparecer do quarto. Ele
voltou im ediatam ente, em purrando um carrinho de com ida de três
andares com vários pratos cobertos. Trisha ficou em basbacada ao
ver aquilo.

– Não pode ser tudo para m im .

Ele deu de om bros.

– Justice não sabia o que você queria com er, então m andou
prepararem seis pratos. O Conselho tem seu próprio chef. Justice
fez um a ligação pedindo para a com ida ser preparada quando
soube que você estaria para chegar. Há sobrem esas tam bém . De
novo, Justice não sabia o que você com eria, então pediu para m
andarem um pouco de tudo.

Brass rem oveu um a grande bandej a. Colocou-a no colo de Trisha


e sorriu.

– Vou abrir os pratos para te m ostrar o que você tem que escolher.

– Vai m e aj udar a com er tudo isso, certo?

Brass deu um a risadinha.

– Estava m esm o com esperanças de que você perguntasse isso.


Estou fam into.

O estôm ago de Trisha roncou alto. Seu rosto corou e ficou quente
quando Brass riu de novo. Ele obviam ente ouviu aquilo. Ele com
eçou a rem over as tam pas enquanto listava as com idas que
haviam sido preparadas. Não tocou nas sobrem esas.

– Vou querer o filé e a alcatra. Tudo bem ?

Ele sorriu.

– Tudo bem . Fico feliz por você não querer as costelas, fiquei com
água na boca só de vê-las. Está com fom e, né?

– Morrendo de fom e.

Brass arrum ou os dois pratos na bandej a. Saiu do quarto e voltou


uns m inutos depois com alguns refrigerantes. Trisha pegou o de
sabor de cerej a. Ela m antinha três tipos na geladeira. Brass
hesitou.

– Vou com er na sala. Me cham e se precisar de algo. – Ele levantou


o prato com a costela de porco.

– Pode sentar ali. – Ela apontou para a cadeira próxim a à cam a. A


cabeceira estava vazia daquele lado para que ele pudesse usá-la de
m esa para com er. – Eu ia ligar a TV. Sinto m uito por não ter um a
na sala. Planej ei com prar algum as coisas para a casa, m as ainda
não consegui fazer isso. Você poderia ficar aqui para ver TV e até te
dou o controle rem oto se você prom eter que não vai colocar em
nada sobre História ou esportes.

Ele riu.

– Você escolhe o canal. – Brass se sentou e colocou o prato na m


esa. Abriu um dos refrigerantes. – Obrigado. O que planej a m udar?
É um a bela casa.

– Detesto esta cam a e quero transform ar o quarto extra em um


escritório. –

Ela fez um gesto na direção do canto em que havia um a


escrivaninha. – Não quero m eu escritório no m eu quarto. Preciso
relaxar aqui e, toda vez que olho para ela, só consigo pensar em
trabalho.

Brass direcionou o olhar a ela.

– O que há de errado com a cam a? Gosto de cam as de quatro


postes, e essa

parece sólida.

– É grande dem ais. Me sinto com o se tivesse cinco anos de idade


toda vez que subo nela, e sim , preciso subir. – Ela olhou para o
chão. – Está vendo esse banquinho? – Ela deu de om bros.

Brass lançou um olhar para baixo e com eçou a dar risadinhas.


Tentou parar, m as parecia achar graça dem ais para esconder.

– Em defesa à cam a, você é pequena. É alguns centím etros m ais


baixa que a m édia para um a m ulher.

– É, eu sei. – Ela cortou o filé e deu um a m ordida. Ela suspirou. –


Tão bom .

Brass se engasgou com o refrigerante. Trisha virou a cabeça e


encontrou-o olhando para ela. Ele deu um soco no próprio peito.

– Está tudo bem ?

– Tudo – ele assentiu com a cabeça. – Devo entender pelo barulho


que você fez que você está gostando e que o chef do Conselho vale
o dinheiro que pagam a ele?

– Ele vale cada centavo. – Ela cortou a alcatra e deu um a m ordida.


Suspirou de novo enquanto sorria. – Perfeita. Deliciosa. Quase
derrete na m inha boca.
Brass olhou para ela.

– Quer experim entar? Me trouxeram porções grandes.

– Não, obrigado. É toda sua. Adoro costelas. Mas talvez eu trace


aquele prato de rosbife depois de com er isso, se você não quiser.
Tem os a tendência de com er m uito.

– Fique à vontade. Nunca vou conseguir com er tudo isso.

Eles com eram . Trisha encontrou um film e de ação que os dois


concordaram em assistir. Brass conseguiu com er três pratos e
ainda teve espaço para a sobrem esa. Ele deu dois analgésicos a
ela. Em algum m om ento durante o film e, ela m ergulhou no sono.

– Trisha?

Ela acordou se sentindo confusa. Olhou para cim a e viu o rosto de


Brass pairando a uns trinta centím etros sobre o dela, no quarto com
a luz baixa, m as não com pletam ente escuro. Ela piscou na direção
dele, deixando que a m em ória retornasse. Ele estava dentro da
casa dela para vigiá-la. Ele sorriu para ela.

– Aqueles rem édios agiram forte em você. Estou tentando te


acordar há alguns m inutos. Acabei de ter notícias de Slade.

Aquelas palavras em purraram para longe todo aquele sono


arrastado e ela tentou se sentar. Brass de repente em purrou-a para
baixo. As m ãos dele pegaram em seus om bros delicadam ente e
ele deu um sorrisinho.

– Cuidado com as cobertas, Trisha. Quase ficou com os seios de


fora. – As m ãos dele a soltaram .

Merda. Ela havia se esquecido de que não estava usando roupas.


Pegou as
cobertas para deixá-las no lugar.

– Desculpe. Está tudo bem com ele?

– Ele está bem . Estão trazendo-o agora m esm o para Hom eland.
Ele encontrou um a de nossas equipes há uns vinte m inutos. Levou
um tiro, m as é apenas um ferim ento superficial. Estão levando-o a
um hospital para ser exam inado, m as ele deve voltar para Hom
eland em algum as horas.

Lágrim as encheram seus olhos, m as ela piscou para contê-las ao


ouvir a notícia de que Slade estava a salvo e vivo, com apenas um
ferim ento superficial.

Ele havia levado um tiro. Tudo isso foi registrado. Ela viu em prim
eira m ão com o os Novas Espécies podiam ser fortes e com o se
curavam rápido. Não estava m uito preocupada sobre o ferim ento
ser um risco à vida dele, j á que esperavam que ele estivesse em
Hom eland em breve.

– Obrigada.

– Volte a dorm ir. Detestei ter que te acordar, m as Justice disse que
você queria saber assim que ele soubesse. Tenho certeza que
Slade virá aqui assim que voltar para dar um a olhada em você
pessoalm ente. Apenas descanse. Você precisa disso.

– Obrigada – ela sorriu para ele. – Pode dizer ao Justice que


agradeço por tudo?

– Claro – Brass se afastou para retornar à sala.

Trisha estudou o quarto. Brass havia fechado as cortinas da cam a,


m as um a luz fraca aparecia entre elas. Ela olhou para o relógio,
surpresa ao ver que eram cinco para as seis da m anhã. Rolou para
o lado e as drogas a atraíram de volta para o sono.

Slade está a salvo.


Slade não queria se sentar na cadeira, não queria nem m esm o
estar na reunião. Precisava ir até Trisha. Não iria se sentir realm
ente calm o até que pudesse olhar nos olhos dela, inalar seu perfum
e e segurá-la nos braços. Ele planej ava fazer m uito m ais que isso
assim que a tocasse, m as se recusava a deixar que aqueles
pensam entos fluíssem , j á que cada um daqueles m achos
agrupados no escritório de Justice sentiria o cheiro de sua
excitação.

– Estou m uito grato por você estar a salvo. – Justice estava


sentado no canto de sua m esa, com os olhos passeando pelos
quinze oficiais confinados na sala, sentados ou em pé, e deu um
suspiro alto. – Tem os respostas. Os filhos da puta responsáveis por
esse ataque que foram presos falaram com a polícia. Acabei de
term inar um a conferência por telefone com o detetive responsável
pelo caso.

– Eles nos odeiam – afirm ou Tiger. – É por isso que fizeram isso. É
por isso que fom os atacados no passado, e pelo m esm o m otivo
farão de novo.

Fury rosnou de onde estava, próxim o à porta fechada, encostado


na parede.

– Toda vez que acham os que a am eaça dim inui, algo acontece.

– Acalm em -se – exigiu Justice, olhando nos olhos de cada um por


vez. – É

porque contratam os a m édica e a inform ação vazou.

A espinha de Slade gelou com o choque.

– Por que se im portariam especificam ente com ela?

– Ela fez um a residência de dois anos em ginecologia. – Justice


correu os dedos pelos cabelos soltos. – Alguém publicou o currículo
dela nos j ornais.
Aqueles cretinos colocaram na cabeça que é o m otivo por term os a
contratado. –

Ele focou em Fury. – Acreditam que ela está aqui para aj udar a
entender por que não podem os ter filhos. Em iti um a declaração,
dizendo que o fator decisivo para a escolha dela em vez dos outros
candidatos foram seus anos trabalhando com o m édica de em
ergência. Acho que eles não acreditam que essa sej a a verdade.

Estão certos de que estam os tentando encontrar um j eito para


você engravidar sua com panheira, Fury.

Ele deu um rosnado.

– Ellie e eu não som os cobaias de testes. Não tom am os m edidas


nenhum as para isso. Querem os um bebê, m as nós dois
concordam os que não vale a pena a dolorosa agonia de perm itir
que m édicos destruam nossas vidas com suas coletas de sangue e
agulhas e sondas.

– Sei disso. – Justice se m exeu na m esa. – Se a Mercile não


conseguiu descobrir o que havia de errado, tenho certeza de que
não há com o corrigir o problem a. Havia especialistas em
fertilização quase torturando nossas fêm eas até a m orte. Apenas
tem os esse defeito. Não teria contratado a doutora Norbit para esse
propósito m esm o que houvesse alguém disposto a servir de
voluntário para passar por esses exam es. Teria contratado alguém
que lidaria unicam ente com esse ram o da m edicina.

– Ofereceram um prêm io pela m inha cabeça – falou Slade.

– Foi assim que conseguiram que a m aioria daqueles filhos da puta


concordasse em ir atrás dela. – O olhar de Justice encontrou o de
Slade. – Você foi o incentivo para m atá-la e eles ofereceram
dinheiro tam bém para quem levasse seu corpo ao hom em que os
lidera. Eles sabem que é só um a questão de tem po até m orrerm
os de velhice e, enquanto form os estéreis, estão confortáveis com a
ideia de que não irem os durar. – A raiva aprofundou sua voz. – A
noção de estarm os com m ulheres hum anas os deixa realm ente
putos tam bém .

– Odeio hum anos – Flam e resm ungou as palavras. – Hom ens. –


Ele lançou um olhar de desculpas na direção de Fury. – As m
ulheres são doces. Sua Ellie é um a hum ana m aravilhosa. Não
quero m al nenhum para ela, m as aqueles m achos m e deixam
com raiva.

– Não são todos eles – corrigiu Fury. – Só os que nos odeiam .

– A questão é que – continuou Justice –, a ideia de que tem os outra


m ulher hum ana em Hom eland, um a m édica, incitou a raiva deles.
Considerei contratar alguém para ficar no lugar da doutora Norbit, m
as acredito que ela agrega valor a nós. É um a boa m édica, que
pode lidar com tudo, com o vim os. – Ele encontrou o olhar de Fury.
– Ela salvou sua vida. Não tem m alícia algum a em relação a nós.
Confio nela e vale o incôm odo a m ais de serm os um alvo m aior
por causa de sua experiência. – Ele se levantou da m esa. – Ainda
bem que ela nunca ficou com um de nossos hom ens. Isso realm
ente seria o fim da picada para aqueles

lunáticos.

Slade ficou tenso e sua boca se abriu. Antes que pudesse falar,
Brass se adiantou.

– Pode ser que ela fique com um de nós. É um a m ulher m uito


atraente.

– Qualquer hom em que se im portasse com ela evitaria isso –


avisou Flam e.

– É bem verdade – concordou Justice.

Flam e falou de novo.


– Estam os tentando abrir outra casa para nosso povo. Vam os
precisar que ela viaj e com frequência para nos aj udar a m ontar o
centro m édico lá e, toda vez que ela sair dos portões, terá um alvo
nas costas. Caram ba, não podem os nem m esm o confiar nos hum
anos que trabalham aqui em Hom eland. Alguém entregou o
esquem a de viagem dela e a rota precisa. Brass e Wager estão
vigiando ela dia e noite. Não tem com o os grupos de ódio não
fazerem dela um alvo prim ordial. Ela correria tanto risco quanto
Justice se estivesse com um de nossos hom ens. Isso só os faria
quererem atacá-la ainda m ais do que j á querem .

Ela nos m antém vivos quando precisam os de um m édico, e ainda


por cim a ela estaria dorm indo com um de nós. Im aginariam que a
cura de nossos problem as de fertilidade se tornaria prioridade dela,
j á que presum em que a m aioria das m ulheres quer ter filhos.

Um m edo frio com o gelo tom ou o coração de Slade. Justice


recebia am eaças de m orte diariam ente. Ele precisava que um
esquem a inteiro de segurança o acom panhasse a todos os
lugares. Ser o líder de seu povo o colocava em um a posição m
ortal. Ele podia se m isturar livrem ente a alguns poucos hum anos
confiáveis, e m esm o assim era arriscado.

Trisha era a m édica de Hom eland que cuidava de qualquer hum


ano que precisasse de sua aj uda. O traidor podia apenas cortar a
própria m ão e ir direto a ela. Morreria antes que qualquer um
pudesse chegar até ela, m esm o com guardas. Os hom ens que
faziam parte daqueles grupos de ódio eram insanos. Ele não tinha
dúvidas de que um deles faria um a m issão suicida para elim inar o
inim igo, que seria a sua Trisha. E eles m orreriam se tocassem
nela.

– Verdade. – Justice balançou a cabeça. – É bom que nenhum de


nossos hom ens estej a interessado nela. Eu teria que dem iti-la e
contratar outro m édico.

Ela precisaria de guardas com o Ellie precisa. Ellie só tem perm


issão para trabalhar com nossas m ulheres, j á que não representam
nenhum a am eaça para ela.

Os olhos de Slade se fecharam e a dor em seu peito se tornou m ais


aguda, um a agonia parecida com a de um a punhalada. Trisha
adorava o em prego dela, ser m édica é o que ela era, assim com o
ele era um Nova Espécie. Aquilo não podia m udar e tentar fazer
isso seria burrice.

Ela o odiaria se ele a fizesse escolhê-lo no lugar da vida que ela


levava. Com o tem po, ficaria ressentida. Ele não tinha nem certeza
se ela se im portava com ele o suficiente para se sentir tentada a
ficar com ele se ele oferecesse um a escolha.

– Terem os que apertar a segurança. A doutora Norbit terá proteção


vinte e quatro horas por dia até que a am eaça dim inua. Precisam
os encontrar quem nos traiu. Com o tem po, aqueles filhos da puta
vão entender que nada nos aj udará a ter filhos, vão parar de ficar
com m edo de que a gente se reproduza e arruíne os

sonhos que eles têm de nos ver eventualm ente extintos.

Justice continuou falando, m as Slade parou de ouvir. Estar com


Trisha podia fazer com que ela fosse m orta. Aquilo a colocaria num
perigo m uito grande. Ele colocou as em oções em rédeas curtas,
com m edo de que alguém sentisse o cheiro de sua forte dor, e
sabia que lam entaria m ais tarde, em particular. Ele não podia
colocá-la em tanto perigo, nem arruinar sua vida. Ela significava
dem ais para ele.

CAPÍTULO TREZE

O suor borbulhava na testa de Trisha e ela se perguntou se estaria


enj oada.

Nervosa, ela estava sentada na área de recepção do escritório de


Justice North e lutava contra a enorm e vontade de vom itar. Olhou
para o relógio. Chegara um pouco cedo e foi inform ada de que ele
estava ao telefone.
Ela que convocara a reunião, m as não tivera outra escolha,
sabendo que devia ser a responsável pela situação terrível. Não era
só com as próprias questões que tinha de lidar. Seria um problem a
e tanto e ela precisava fazer a coisa certa. Isso significava debatê-lo
com Justice. Isso envolvia as Novas Espécies e ele tinha o direito de
saber. Ela só não esperava que fosse ficar m al do estôm ago por
isso.

A m ulher alta atrás da m esa da secretaria observava Trisha


atentam ente, parecendo levem ente preocupada.

– Quer um café ou um a água, doutora Norbit? Você está bem


pálida.

– Estou bem . – Trisha forçou um sorriso. – São os nervos.

A m ulher assentiu e virou-se para a tela do com putador.

– Deve dem orar só m ais alguns m inutos. Justice está em um a


ligação de longa distância com a recém -adquirida Reserva de
Novas Espécies. Vão abri-la em breve e as coisas andam bem
agitadas por aqui. Não era para lá que você estava indo quando seu
veículo foi atacado? Já estão todos bem agora?

– Estou totalm ente recuperada, obrigada por perguntar. E, sim ,


estávam os indo para lá quando fom os atacados.

Trisha nunca chegou a ver o lugar. Só sabia o que havia ouvido nos
noticiários.

Brass contara a ela um pouco sobre o proj eto. A seiscentos e


quarenta quilôm etros ao norte, na área florestal do norte da
Califórnia, Justice com prou centenas de acres de terra; um velho
resort que fora fechado anos antes e estava abandonado. O dono o
vendera a um preço barato para evitar ter que pagar im postos
sobre a propriedade. Justice planej ava transform á-lo em um lar
para algum as Novas Espécies que não queriam “conviver com
outros”.
Um sorriso curvou seus lábios ao se lem brar de Brass dizendo
exatam ente aquelas palavras a ela. Ele explicara que algum as
Novas Espécies se pareciam m enos hum anas que outras que ela
havia visto em Hom eland. Não queriam se integrar aos hum anos,
só queriam viver em paz em um lugar seguro. No m om ento,
residiam em um local não especificado, longe do contato com hum
anos, m as, com os grupos de ódio, todos tem iam pela segurança
deles, caso um dia alguém descobrisse onde haviam sido colocados
pelo governo.

Justice com prou o velho resort para aproxim á-los de seu povo e
para ser capaz de protegê-los m elhor. Haviam decidido renom ear o
lugar para Reserva das Novas Espécies. Ela tinha certeza de que
era um título apropriado, j á que aquilo era qualquer coisa m enos
um local de férias. Seria gerenciada da m esm a form a que Hom
eland, totalm ente sob controle e leis de Novas Espécies. Tam bém

haveria segurança de alto nível para proteger Novas Espécies que


escolhessem viver lá.

Brass se tornou um bom am igo de Trisha enquanto ficava na casa


dela pelas duas prim eiras sem anas após aquela experiência
penosa. Ele a fez rir m uito e se tornou im portante para ela. Ela se
preocupava um pouco sobre ele poder se sentir atraído por ela, m
as ele j am ais havia feito algo além do lim ite. Quando os alertas de
am eaça a ela dim inuíram , ela até passou a sentir falta das com
panhias constantes que a vigiavam .

Brass ainda ia ver com o ela estava e costum ava chegar à casa
com alguns film es de ação e ela preparava a pipoca. Às vezes, ele
levava alguns am igos j untos. Trisha conheceu alguns Novas
Espécies assim . Eles a tratavam com o se ela fosse um a irm
ãzinha, um a deles, e ficava agradecida por isso. Evitava que ela
sentisse pena de si m esm a.

Slade j am ais ligou ou foi vê-la. Na verdade, ele havia sum ido do m
apa, até onde Trisha sabia. Algum as sem anas antes, um dos hom
ens m encionara que Tiger e Slade estavam trabalhando na
Reserva. Ele nem m esm o m orava m ais em Hom eland.

A m ensagem silenciosa de ações falando m ais alto que palavras


havia sido clara para Trisha. O sexo entre eles não foi nada m ais
que transas casuais para Slade. A realidade a m achucava
profundam ente, m as ela estava se recuperando e determ inada e
fingir que nunca havia acontecido. Isso até aquela m anhã. Ela ficou
com m edo de sentir enj oo novam ente.

– Doutora Norbit? – Trisha levantou a cabeça e olhou para a


secretária. – Pode entrar agora.

– Obrigada.

Trisha se pôs de pé, apesar de seus j oelhos ficarem fracos. Ela


sentia urgência em fugir. Poderia ir em bora, se dem itir e m udar
para outro estado apenas para evitar a bagunça toda. Sentiu-se
tentada a ouvir aquela voz apavorada em sua cabeça. Até m esm o
hesitou quando seu olhar cintilou em direção à porta que levava
para fora da área de recepção. Em vez disso, porém , ela engoliu
em seco e forçou as pernas a andarem em direção ao escritório de
Justice. Sou uma médica e sei o que precisa ser feito,
independentemente das consequências pessoais que vou encarar.

Justice vestia os j eans de sem pre, um a regata esportiva e estava


descalço. Ela sem pre achava divertido ver que o líder de um a raça
inteira podia ser tão casual, a não ser que ele fosse ficar em frente
às câm eras da m ídia. Aí ele usava ternos pretos, am arrava o
cabelo para trás e até calçava sapatos.

Ao entrar no escritório, ele foi até ela com passos largos e um


sorriso curvando seus lábios generosos. Ela sem pre notava com o
ele era bonito com aquele corpo em form a, suas lindas feições e
aqueles olhos sensuais de gato. O fato de ele ser m uito gentil tam
bém acrescentava um encanto. Ela forçou um sorriso.

– Bem -vinda, Trisha. Está quente hoj e, não?


Ela concordou com a cabeça. Estava vestida form alm ente, com um
a saia longa azul-m arinho e um a cam isa de botões social, com a
intenção de passar um a im agem profissional para ver se acalm ava
os nervos. Ela até m esm o tom ara tem po para fazer um belo
coque no cabelo. Aquilo a distraíra da reunião

que estava por vir, que ela havia pedido a Justice assim que ele
tivesse tem po de vê-la. Ela especificara a urgência de falar com ele.
Ele reservara um tem po para ela.

– Então, o que é tão im portante? Debra, m inha secretária, m e


inform ou que você precisava falar com igo im ediatam ente. É
algum outro pedido por m ais enferm eiros? Os dois adicionais que
contratam os não são suficientes? Quer pedir m ais equipam ento m
édico? – Ele acenou para ela se sentar em um a cadeira enquanto
andava em volta da m esa. – Sente-se.

Trisha se j ogou em um a poltrona. Justice m antinha o sorriso no


lugar ao se sentar. Ele se inclinou para a frente para apoiar os
cotovelos na m esa, com o queixo nas m ãos. Ele parecia estar
achando graça.

– Você parece séria. Não fique. Já te disse antes que estou m uito
disposto a te arranj ar qualquer coisa de que precise para o centro
m édico.

– Não é sobre isso. – Ela precisou acalm ar o coração que batia


acelerado. – É

sobre um assunto pessoal.

O sorriso se esvaeceu lentam ente enquanto o olhar dele se


estreitava.

– Por favor, não m e diga que está se dem itindo. Precisam os de


você. – Ele levantou a cabeça, rem oveu os cotovelos da m esa
para se apoiar no encosto da cadeira e de repente pareceu tenso. –
Eu ficaria m ais do que feliz em discutir sobre dinheiro com você, se
é um a questão de salário. Querem os m uito que você continue
trabalhando conosco, você é um a excelente m édica e m eu povo
passou a confiar em você. Você não tem ideia de com o valorizam
os isso e você.

Ela fez que não com a cabeça.

– Não é sobre dinheiro e não quero ser dem itida ou m e dem itir,
apesar de que talvez você não queira que eu trabalhe para vocês
depois desta reunião. – Ela respirou fundo, estudando Justice. – Me
desculpe. No m om ento, estou m orrendo de m edo.

– De m im ? – Ele pareceu surpreso.

– Da situação. Nem sei por onde com eçar. Algo aconteceu, e é bem
sério. Se alguém entende com o isso é grave, esse alguém sou eu.

– Tudo bem . – Justice respirou fundo. – Me diga o que há de


errado.

– Tive acesso a um m onte de arquivos m édicos que contêm alguns


dos dados recuperados de pesquisas das Indústrias Mercile. Eles
tentaram que hom ens e m ulheres Novas Espécies procriassem .
Sei que você está bem ciente disso.

O rosto dele endureceu.

– Sim . Eu servi pessoalm ente a m uitos dos estudos de procriação


deles. – A voz dele descera a um tom de rosnado.

– Do que li nos arquivos que recebi, todos os testes que fizeram


foram entre duas Novas Espécies e sem pre falharam . Nunca
tentaram fazer com que um Nova Espécie procriasse com hum anos
puros.

– Não. Éram os considerados m uito perigosos e eles tinham m edo


de que m atássem os qualquer um da equipe que tentasse nos
seduzir para fazer sexo com eles. Você não pode nos culpar.
– Não culpo – hesitou ela.

– Eles abusaram gravem ente de nós.

– Eu sei disso. Eu… aconteceu – ela afirm ou, de form a m uito


delicada.

– Não entendo. Achou um arquivo que diz que fizeram esses


estudos com alguns do m eu povo? Alguns deles concordaram em
fazer sexo com hum anos enquanto éram os prisioneiros?

Ela lutava contra a vontade de rom per em lágrim as.

– Não. Me desculpe. Não estou sendo m uito clara. Um a hum ana


com pleta concebeu um bebê com um Nova Espécie.

Pronto. Eu disse. Ela observou o choque transform ar o rosto de


Justice. A boca dele se abriu, depois se fechou. Ele finalm ente
encontrou a voz.

– Isso… – Ele parecia atordoado. – Tem certeza?

– Tenho. Eu m esm a fiz os testes hoj e de m anhã e realizei um


ultrassom . O feto tem um batim ento cardíaco forte e bem
desenvolvido, e parece perfeito. Não vou m entir. Essa gravidez não
é norm al. Os batim entos cardíacos são com o os de um feto m uito
m ais avançado e as m edidas são fora do com um . Parece que a
taxa de crescim ento e o desenvolvim ento fetal são m uito m aiores
que os de um a gravidez típica. É alarm ante, Justice. O bebê está
crescendo m ais rápido do que deveria e os sintom as de gravidez
são prem aturos para o período da gestação. –

Seus dedos se enterravam na poltrona em que ela estava sentada.


– Pela prim eira vez, de acordo com o que sei, um Nova Espécie foi
capaz de conceber um bebê.

Sei que você acreditava que todos os seus hom ens fossem
estéreis, m as pelo m enos um deles não é.
Justice se levantou de repente. Se virou para a j anela e ficou de
costas para Trisha. Perm anecia em silêncio. Trisha o observava
com m edo, não tinha ideia de com o ele reagiria. Ela tinha um a TV,
assistia a entrevistas com grupos de ódio e sabia que viriam
problem as enorm es para Novas Espécies quando se espalhasse a
inform ação de que não só eles podiam ter filhos (pelo m enos um
deles não era estéril) com o a m ãe não era um a Nova Espécie.

Um m onte de idiotas acreditava que um cruzam ento daquele tipo


seria um a grave ofensa. Eles o com parariam a um cruzam ento
entre um anim al e um hum ano. Seus preconceitos enoj avam
Trisha, m as ela não tinha com o m udar as cabeças pequenas
deles. Justice finalm ente se virou, com um sorriso enorm e.

– Isso é m aravilhoso! – Ele se j ogou na cadeira. – E é certeza de


que definitivam ente foi um cruzam ento entre um hum ano e um
Nova Espécie?

– Cem por cento de certeza.

Ele gargalhou.

– Nunca achei que eu fosse capaz de ter filhos. Nenhum de nós


achava. – Ele se levantou novam ente e quase saltou por cim a da
m esa para abraçar Trisha, que ofegava. Ele a arrancou da cadeira,
pegou-a nos braços e abraçou-a. – Essa é a m elhor notícia que j á
tivem os, Trisha. Você é um a gênia! Você conseguiu!

Trisha gentilm ente em purrou Justice, até que ele a soltou. Ela
olhou para o rosto sorridente dele, com um a sensação horrível. Ele
obviam ente pensava que ela, enquanto m édica, fizera algo que
resultara num a gravidez. Ela sabia que precisava esclarecer as
coisas im ediatam ente.

– Não foi algo que fiz de propósito. Não houve intervenção m édica.
Apenas aconteceu. É um a gravidez com pletam ente não planej
ada e natural.
– Melhor ainda! Ganhei m eu dia. Caram ba, ganhei o ano. – Depois
o sorriso dele se esvaeceu conform e ele foi ficando tenso. –
Precisam os m anter isso sob

os panos. Terem os que proteger o casal. Pode haver um a tem


pestade de am eaças a nós se a im prensa descobrir e noticiar.
Quem sabe?

– Por enquanto só você e eu.

– O casal não sabe?

Ela percebeu que ele não estava entendendo o que ela tentava
contar. Ela abriu a boca. Justice recuou.

– Sobre isso…

Justice interrom peu-a.

– A im prensa não vai falar de outra coisa se descobrir. Precisam os


m anter isso em sigilo. Você terá que cuidar da m ulher grávida.
Ninguém , ninguém m esm o, pode ficar sabendo disso até que o
bebê nasça. Vam os m anter o par isolado para protegê-lo e
qualquer anotação que você tenha feito disso tem de ser destruída.

Consegue im aginar o que aqueles grupos terroristas vão fazer e


com o será perigoso quando souberem que podem os procriar com
hum anos? É um a das coisas que usaram contra nós para arrastar
m ais idiotas para lutarem pela causa deles. Acham que é algo
repugnante que um de nós toque em alguém totalm ente hum ano, e
isso vai deixar putos o que anseiam pelo nosso fim e para que
nossa geração sej a extinta.

– Justice…

– Eu e você vam os trabalhar para protegê-los a qualquer custo,


Trisha.
Precisam os m anter isso em segredo absoluto. Vou cham ar um
helicóptero para que os levem para fora daqui a um a hora. A
Reserva ainda não está operando totalm ente, m as é m uito
protegida e é o lugar m ais seguro para escondê-los.

Você terá que ir para lá tam bém . – Ele olhou fixam ente para ela. –
Sei que sua vida é aqui, m as você tem que ser protegida. – Ele
sorriu. – Isso é m ais im portante. Eu…

– Cale a boca! – Trisha berrou finalm ente.

Justice franziu a testa para ela.

– O quê…

– Quieto – m andou ela, abaixando a voz. – Estou tentando te contar


um a coisa e você fica interrom pendo.

Ele balançou a cabeça.

– Vá em frente. Estou ouvindo.

Ela hesitou, olhando fixam ente para aqueles olhos lindos e


exóticos.

– Eu sou a m ãe. Sou eu, Justice. Sou a m ulher que está


carregando um Nova Espécie bebê. Não há anotações, j á que eu
fiz todos os testes enquanto estava sozinha na clínica. Percebi que
m inha m enstruação não veio, m as coloquei a culpa no estresse
quando vi que estava atrasada. Depois, com ecei a sentir enj oos m
atinais e fiz um teste quando saí da cam a hoj e de m anhã. Deu
positivo. Logo depois disso, fui ao centro m édico e fiz um ultrassom
em m im m esm a. – Ela piscou para conter as lágrim as. –
Definitivam ente há um bebê crescendo dentro de m im , e em um a
velocidade acelerada. Talvez a única explicação para essa anorm
alidade sej a porque o bebê é m etade Nova Espécie e a gravidez
será m ais curta, devido ao DNA alterado do pai. – Suas m ãos se
apoiaram na barriga. – Eu sou a m ãe. – Ela repetiu.
Justice olhou estarrecido para ela, com pletam ente chocado. Ela
caiu de volta

na poltrona enquanto lutava contra m ais lágrim as. Foi difícil, m as


ela conseguiu não rom per em soluços. Levantou os olhos e
percebeu que Justice olhava m udo e em basbacado para ela. Os
segundos pareciam durar um a eternidade antes de ele encontrar a
voz.

– Tem certeza de que o pai é um Nova espécie? Sei que você


estava saindo com alguém e eu achava que era um hum ano.

– A últim a vez que fiz sexo foi há uns dois anos. Fiz sexo um a vez
desde então e foi com um de seus hom ens. Não há dúvida algum a
de que ele é o pai.

Justice se sentou na beirada da m esa.

– Tudo bem . São boas notícias, Trisha. Você parece tão triste, m as
não fique.

Não tem ideia do que isso significa para o m eu povo. – Ele deu a
ela um sorriso triste. – Afinal de contas, podem os ter filhos. Se um
de nós é capaz, talvez os outros tam bém possam . Sei que você
provavelm ente está assustada, m as vai dar certo de algum j eito.
Vam os conseguir. Você pode cuidar dos seus próprios tratam entos
m édicos até que possam os encontrar alguém de confiança para
assum i-los? Você obviam ente não pode fazer o parto do seu
próprio filho.

Ela piscou para segurar m ais lágrim as.

– Ainda estou em choque, m as quero o bebê. Estou m ais é


assustada. Nunca achei que fosse ser m ãe, e sei que m eu bebê
está em perigo por causa do que isso significa. Será o prim eiro
bebê conhecido por ser de espécies cruzadas entre nossas raças.
Tenho m edo de que tipo de vida ele ou ela irá encarar. Fiz o
ultrassom e tudo parece em ordem , m as é m uito difícil afirm ar
isso nessa fase.

Estou preocupada com o tam anho do bebê, porque é m uito m aior


do que deveria ser. Preciso fazer um a tonelada de exam es. Pode
haver algo de errado com a gravidez. Sim plesm ente não sabem os
o que esperar, pois isso nunca aconteceu antes. Estou apavorada.

– Vam os passar por tudo j untos, sej a lá o que for. Você nunca vai
estar sozinha, Trisha. Já te considerávam os um a de nós antes, m
as agora você é realm ente um a Nova Espécie. Sua criança é um a
de nós e, com o m ãe dela, você é oficialm ente parte da ONE.
Sendo assim , concedo a você todos os direitos. Você terá nosso
apoio total, cuidarem os m uito bem de você e estará protegida o
tem po todo. – Ele se pôs em pé e contornou a m esa, pegando o
telefone. – Encontre Brass agora m esm o e m ande-o ao m eu
escritório.

Trisha relaxou. Isso poderia ter saído m uito m al. Ela esperara o
pior, que ele pudesse se aborrecer com a notícia. O bebê colocava o
povo dele em risco.

Justice ficando anim ado e feliz com o bebê dela era m uito m elhor
do que qualquer coisa que ela im aginara.

– Vam os m andar você com Brass até a Reserva. Ele te protegerá


com a própria vida e terá m uita aj uda, Trisha. Sei o quanto você
confia nele para m antê-la segura. Vou dizer a todos que quero um
m édico lá e que você se voluntariou para ir. Ninguém vai suspeitar.
Foi o que planej ei fazer antes do seu ataque. Queria que você
estivesse a postos quando o centro m édico fosse construído. Vou
pedir para alguns de m eus hom ens fazer suas m alas com todas
as suas coisas e levá-las. Não quero que levante um dedo sequer. –
Ele deu um a risadinha. – Você será m uito m im ada, então se
acostum e.

Justice se afundou de volta no assento enquanto Trisha o observava


fazer um a
discagem rápida. Disse às pessoas ter decidido que precisavam de
um m édico na Reserva e que Trisha fora gentil o bastante ao
concordar em ir. Ele arranj ou um voo para ela em m enos de um a
hora e depois ligou para dizer a ele que um a equipe estava a cam
inho. Alguém finalm ente bateu na porta e Justice desligou.

– Entre – cham ou ele.

Brass entrou no escritório e fechou a porta atrás dele. Ele obviam


ente estava em serviço, pois usava o uniform e. Ele sorriu ao ver
Trisha e piscou antes de prender a atenção em Justice.

– Me disseram que você precisava de m im .

Justice deu um sorrisinho.

– Vou te m andar com Trisha até a Reserva. Estarão esperando por


vocês. Vou deixar que escolha seus dois am igos m ais próxim os
para irem j unto para te aj udarem a protegê-la. – Justice se
levantou e riu. – Não é um a ótim a notícia?

Parabéns, Brass! – Justice de repente deu passos largos à frente e


abraçou o hom em surpreso – Você vai ser pai!

Trisha se sentiu um a idiota, m as não era nada com parado à


expressão no rosto de Brass. Os olhos dele se arregalaram e seu
queixo caiu.

– Ahn, Justice?

Justice soltou Brass e olhou sorrindo para Trisha.

– Sim ?

Ela chacoalhou a cabeça.

– Não é ele.

– O que está havendo? – As feições de Brass pareciam confusas.


Justice ignorou-o e continuou olhando para Trisha enquanto seu
sorriso desaparecia.

– Mas ele fica na sua casa à noite. Eu te disse que sei da m ovim
entação de todo m undo em Hom eland. Vocês estão nam orando.

– Som os apenas am igos que assistem a film es j untos. Ele não é


o pai do m eu bebê. Nunca dorm i com Brass.

– Bebê? – Brass tom ou fôlego. Sua atenção voou para Trisha. –


Você está grávida?

Ela concordou com a cabeça.

– Sinto m uito por isso. Achei que Justice tivesse te cham ado para
ser m eu guarda-costas, porque ele sabe que ficam os am igos.
Nunca im aginei que ele pudesse achar que você é o pai do m eu
bebê.

– Você está grávida? – Brass rosnou de form a selvagem de


repente. Ele recuou e cruzou os braços sobre o peito, enquanto seu
foco se prendia no chão.

Trisha notou a reação som bria dele, o que a deixou sem palavras.

– Isso é perigoso para ela e todos nós – Justice advertiu delicadam


ente. – Você é o guarda-costas pessoal dela. Ninguém vai saber
sobre essa gravidez. Está claro, Brass? Isso será um problem a
para você?

Brass encontrou o olhar de Justice.

– Eu a protegeria com a m inha vida. Ninguém vai saber disso por m


im . Quais são m inhas ordens?

– Um helicóptero sairá com ela daqui a um a hora. Escolha dois


hom ens a quem você confiaria a vida dela e diga a eles que são
parte da equipe. Será um a
m issão longa. Não faça um a m ala pequena. Vou usar a desculpa
de que estou dando a ela a tarefa de cuidar do centro m édico na
Reserva por ora.

– Entendido. – Brass não olhou nem de relance para Trisha ao sair


do escritório. A porta se fechou suavem ente atrás dele.

Confusa, Trisha franziu a testa.

Justice estudou-a.

– Não sabia que ele gostava de você? Você pode ter achado que
ele era seu am igo, m as acho que ele estava te cortej ando lentam
ente.

– Eu não sabia. – Aquilo chocou-a. – Achei que ele pudesse gostar


de m im , m as ele nunca m e cham ou para sair, então deixei essa
ideia de lado.

– Às vezes, é difícil nos entender. Notei em nossa espécie que ou


eles vão direto ao que querem , com a agressividade de um pit bull,
ou tentam facilitar as coisas para algo que queiram , até que
possam dar o bote quando m enos se esperaria. – Justice suspirou.
– Então quem é o pai?

Trisha levantou o queixo, desafiando-o.

– Não vou falar.

As pálpebras de Justice se apertaram .

– O quê?

– Foi apenas sexo. Não significou nada. Este é o m eu bebê.

Justice parecia levem ente zangado ao cruzar os braços sobre o


peitoral largo.
– Quem é o pai do bebê, Trisha? Você tem que confiar em m im .
Sendo sexo casual ou não, um Nova Espécie gostaria de saber se
estivesse prestes a se tornar pai.

Ela m ordeu o lábio.

– Acho que não.

Os braços dele se apertaram contra o peito.

– Você adm itiu que transou um a vez em dois anos. Senti cheiro de
sexo em você um a vez. – Ele estudava o rosto dela com atenção. –
Havia m eu cheiro em você, e sei que não sou o pai. Havia o cheiro
do Brass em você, m as obviam ente vocês não fizeram sexo. – Ele
tom ou fôlego. – Tam bém havia o cheiro do Slade em você. Era o m
ais forte, m as achei que fosse porque vocês ficaram sozinhos por
dias e… É claro. Slade é o pai.

Ela deixou a cabeça cair.

– Por favor, não conte a ele.

– Desculpe, Trisha, m as preciso. Ele gostaria de saber. Tem o


direito de proteger e cuidar de você, j á que você está carregando o
filho dele.

Ela perm itiu que as lágrim as caíssem quando olhou para cim a.

– Ele nunca m e contatou, nunca m e ligou, não tentou m e ver


nenhum a vez nas sem anas em que ficou aqui depois de retornar.
Por favor, não conte a ele. Não posso vê-lo.

Justice xingou baixinho.

– Você achou que fosse m ais que sexo casual e as ações dele te m
achucaram .

Por que mentir? Ela concordou com a cabeça.


– Sim . Por favor, Justice. Não posso te im pedir se você está
decidido a contar para ele, m as m antenha-o longe de m im se
contar. Por favor?

– Não entendo.

– Ele não quis m ais ficar com igo depois que fom os resgatados, e
eu certam ente não quero que ele tente ficar com igo agora por
causa dessa gravidez.

Ele fez a escolha dele.

Ele estudou-a por um bom tem po.

– Entendo, m as tenho que contar a ele, Trisha. Vou falar a ele


sobre seus sentim entos e dizer que ele estragou tudo.

Ela enxugou as lágrim as.

– É, é um a boa form a de dizer isso. – Ela se levantou. – Obrigada


por aceitar isso tão bem .

– Obrigado a você por… – Justice se m oveu e abraçou um a Trisha


surpreendida. – Por estar grávida e nos dar esperanças de term os
filhos. Tenho certeza de que tudo vai dar certo e que esse bebê vai
nascer saudável. Som os um a turm a anim ada e dura de m atar.
Esse bebê será m etade Nova Espécie.

Ela chorou quando Justice a abraçou. Ela o abraçou de volta, adm


itindo que precisara de alguém o dia todo para confortá-la, desde
que havia entendido que estava grávida. O choque foi grande m
esm o. Justice acariciou suas costas e apertou-a m ais nos braços,
consolando-a.

– Sinto m uito pela dor que está sentindo. Slade devia saber com o
você é especial e nunca devia ter deixado você ir em bora, Trisha.
Eu não deixaria se você fosse m inha. Essa deveria ser um a
ocasião feliz, m as ele te m achucou.
Ela fungou e se afastou de Justice. Ele a soltou enquanto ela
enxugava as lágrim as novam ente.

– Obrigada. Foi a coisa m ais legal que você podia ter m e dito. –
Ela olhou para ele. – Há m ais um a coisa que quero pedir a você.

– Qualquer coisa.

– Peço que conte a Ellie e ao Fury que estou grávida. Eles ainda
não conceberam , m as provavelm ente conseguiriam . Sei que
querem um bebê. Pode ser apenas um problem a sim ples de baixa
contagem de esperm a, ou talvez Ellie só precise de um a aj udinha
para produzir óvulos. Alguns rem édios para fertilidade podem aj
udá-la a engravidar. Posso encom endar testes que tenho certeza
que eles concordariam em fazer assim que souberem . Eles saberão
que têm esperanças de conceber. São o outro casal de hum ano e
Nova Espécie, e são os dois únicos que precisam dessa inform
ação. Os dois são confiáveis.

Justice assentiu com a cabeça.

– Está bem , farei isso. Não se preocupe. Vou tom ar conta disso e
pedir que o doutor Ted Treadm ont faça os exam es. Sei que não é a
área dele, m as ele é capaz de fazer uns exam es sim ples, certo?

– Ele é confiável. Sim , Ted pode cuidar disso.

– Ótim o. – Justice entregou a Trisha alguns lenços que tirou da


gaveta. – Aqui.

Assoe o nariz. Pode usar m eu banheiro para se lavar. Não querem


os que ninguém desconfie e, com você chorando, daríam os pistas
de que há algo errado.

– Desculpe.

– Você está em otiva. Ouvi dizer que é norm al na gravidez.


– Sim , é. Meu Deus, odeio im aginar a neurótica que vou estar em
cinco ou seis m eses. – Ela chacoalhou a cabeça. – Já m e sinto m
al pelo m eu esquem a de segurança. – Andou até a porta do
banheiro e então parou, se virando. – Me sinto

tão m al por Brass. Acha que continuará sendo m eu am igo?

– Ele vai. Ficou desapontado, m as não vi m uito aborrecim ento em


seus olhos.

Ele vai superar.

Ela esperava que sim . Entrou no banheiro e fechou a porta.

Justice ouviu a água correndo. Hum anos com pletos não tinham
sentidos aguçados. Ele sem pre precisava se lem brar desse fato,
achando que a audição deles era com o a sua. Ele se sentou à m
esa. Experim entava alegria e tristeza com o fato de que podiam
procriar. Ele queria ter um filho um dia, m as o m edo de com o os
hum anos reagiriam se descobrissem dava um nó em seu estôm
ago.

Ele discou para a sede na Reserva e pediu para falar com Slade.

– Oi, Justice. Conseguiu m e pegar no escritório. Acabei de fazer um


a reunião com um dos construtores. A cerca de segurança está
pronta. Estará funcionando totalm ente no m ês que vem , com os
sensores de m ovim ento e a vigilância eletrônica. Eles ficaram
chiando e resm ungando sobre as datas finais do clube, m as está
tudo no prazo. Em dois m eses, eles devem term iná-lo. Não há m
ais nada para reportar.

– Tenho um a novidade para você, na verdade.

– Tudo bem .
– Estou enviando a doutora Trisha Norbit para a Reserva.

Silêncio.

Justice m ostrou os dentes, exibindo sua raiva. Obviam ente Slade


não estava anim ado com a notícia. O som que ouviu a seguir
confirm ou suas suspeitas.

Finalm ente ele ouviu um suspiro.

– Tudo bem . Ela vai ficar aqui por algum m otivo? – Slade não
parecia feliz.

– Sim . A linha está segura?

– Claro. Há algum m otivo para precisar estar? Aconteceu algum a


coisa? Ela virou um alvo de novo? Achei que tudo tivesse se acalm
ado por ora. Me sinto na obrigação de te dizer que acho que ela
estaria m uito m ais segura aí, se você a está m andando para cá
por causa de m ais am eaças. Há espaço aberto pra caram ba para
alguém violar a Reserva, m ais do que em Hom eland.

– Aqui há gente dem ais que vai vê-la. Acho que é m elhor se ela for
enviada para aí. É rem oto e m ais fácil de proteger do público. Ela
está a cam inho, então arrum e tudo. Quero que ela sej a colocada
em um local rem oto, porém confortável, e que sej a im ensam ente
seguro. Estou m andando três oficiais pessoais com ela para
protegerem -na o tem po todo.

– O perigo é tão grande assim ? – A voz de Slade ficou tensa e seu


tom se transform ou num rosnado. – Ela está bem ? Alguém atentou
contra a vida dela?

Justice de repente sorriu com o fato de que Slade obviam ente se im


portava.

Ele m ordeu o lábio.


– Ela está em um perigo extrem o. – Ele conseguiu m anter o tom de
voz calm o.

– Ela está bem , m as passando um pouco m al. Estou m andando-a


para aí para a proteção dela, e para que ela tenha um descanso
bem m erecido.

– Vou cuidar disso. Ninguém vai fazer m al a ela aqui – Slade


rosnou as palavras.

– Tenho certeza de que ela vai ficar bem . Preciso ir. Vou pedir ao
piloto que m e com unique por rádio o horário exato do pouso.

– Cuidarem os disso.

A raiva j orrava ardentem ente dentro de Slade, até que o suor com
eçou a escorrer por sua pele. O escritório onde se encontrava tinha
ar-condicionado, m as não era capaz de im pedir a reação à sua
raiva. Ele fizera o ato honroso de deixar Hom eland para evitar a
tentação de ir atrás de Trisha. Por várias vezes sacrificou a própria
sanidade para garantir que ela não ficasse em perigo.

Ela tinha de ser enviada à Reserva devido a um a am eaça. O fato


de Justice ter sido tão vago sobre o que m otivara a m udança realm
ente o deixou de m au hum or. Será que alguém teria m esm o
tentado fazer m al a ela? Será que haviam sido am eaças por
telefone? Talvez um a violação em Hom eland? O hum ano que o
traíra não foi pego. Teria ele ou ela ido atrás de Trisha?

Ele rosnou e cham ou a atenção de algum as pessoas dentro do


escritório. Na curiosidade, Tiger levantou um a sobrancelha.

– O que houve? O pessoal no hotel quebrou outra tubulação de


água?
– Não. – Ele olhou de relance para um hum ano que trabalhava com
um as plantas de construção e fez ao am igo um sinal com a m ão
ao se levantar. –

Tem os que ver com o estão indo.

Tiger se levantou.

– Vou com você.

Eles andaram por uns vinte m etros ao saírem do escritório tem


porário, até que Tiger parou, olhando fixam ente para o am igo.

– O que há de errado?

– Era Justice. Ele está m andando a doutora Norbit até aqui. Ela
está em perigo, e ele quer que ela fique escondida.

– Merda. Será que ele não vê com o isso vai ser duro?

– Ele não parecia se im portar. Não pude discutir com ele, sabendo
que tudo o que eu dissesse poderia ser ouvido pelos outros.

– Verdade.

– Vou vê-la de novo.

Os olhos de gato de Tiger se arregalaram .

– Você ainda não a esqueceu?

– Não. Penso nela o tem po todo.

– Você precisa se m anter firm e. Já conversam os sobre isso.

– Ela está correndo perigo e j á m e afastei dela. Obviam ente isso


não
funcionou.

– Ela vai estar em perigo m esm o assim . Ela trabalha para nós, e
alguns vão odiá-la só por essa ofensa. Se ela estiver com um de
nós, com você, e se isso vazar, qualquer nível de am eaça contra
ela vai piorar. Você fez a coisa certa.

– Fiz m esm o? – O corpo de Slade ficou tenso. – Por que a coisa


certa parece tão errada?

– Já sofrem os o bastante. É m elhor não tê-la do que arriscar que


ela m orra por ser sua m ulher.

Um a dor cortante passou por seu peito.

– Eu m orreria por dentro se isso acontecesse. Não poderia viver


com isso.

– E é por isso que você fez a escolha certa. – Tiger m udou a


postura. – O

trabalho é a cura. E tem os o bastante disso aqui.

– Certo. Trabalho.

– Eu cuido dela. Não precisa falar com ela quando ela chegar.

– Não. – Ele sabia que seria idiota de sua parte, m as precisava vê-
la. – Justice não deu detalhes sobre o porquê de ela estar em
perigo, m as disse que ela estava m eio m al. Vou dorm ir m elhor à
noite se eu m esm o puder vê-la. Não vou descansar até ter certeza
de que ela está bem fisicam ente.

– Masoquista.

– Cale a boca.

– Só estou dizendo que será doloroso vê-la e não poder tocá-la.


Você vai querer.
– Sou forte, posso lidar com isso – Tiger lançou a ele um olhar
desacreditado. –

Às vezes m e pergunto por que som os am igos.

– Já te falei. Você é um m asoquista – gargalhou Tiger.

Trisha saiu do banheiro de Justice. Retocara a m aquiagem e sabia


que poderia fingir que estava tudo bem . Ela fez um a pausa ao ver
a expressão pensativa no rosto de Justice enquanto ele olhava para
ela.

– Decidi não contar ao Slade sobre o bebê. É você quem deve com
partilhar a notícia com ele. Vou te dar algum tem po.

O alívio correu por dentro de Trisha.

– Obrigada.

– Não m e agradeça ainda. Se você não contar a ele nos próxim


os… – ele deu de om bros. – Eu terei que contar. Ele está no com
ando da Reserva e precisa saber com o é im portante te proteger.
Para isso, ele precisa estar ciente dos perigos. Pela form a com o
ele reagiu ao achar que você está correndo riscos, acho que ele
deve se im portar com você m ais do que im agina. Isso que m e fez
querer ver se vocês dois podem dar conta disso sozinhos antes de
eu intervir.

Ela olhou para Justice de form a som bria.

– Se ele ligasse, com o você diz, teria vindo m e ver. Teria pelo m
enos ligado

para se certificar de que estava bem em ocionalm ente depois do


que aconteceu conosco. Pelo que ouvi, ele quase im plorou pelo em
prego na Reserva para ficar longe de Hom eland, o que provavelm
ente pode ser traduzido para “ficar longe m im ”.
– Ele não im plorou pelo trabalho. Eu queria que Fury fosse, m as
Ellie não podia deixar nossas m ulheres. Ela leva o trabalho no aloj
am ento fem inino m uito a sério e, sendo a com panheira de Fury,
está sob am eaça constante. O segundo hom em no com ando é
Slade. Pedi e ele aceitou. Eu precisava de alguém de confiança
para cuidar de tudo. Tenho coisa dem ais por aqui para ficar indo
para lá e para cá. Estava ficando com enj oo dos dois ou três voos
de helicóptero que tinha de fazer diariam ente.

– Entendo.

– Espero que sim . Agora, Brass deve chegar aqui a qualquer m om


ento para te pegar. Tenho um a reunião na sala de conferências com
o Conselho em alguns m inutos. – Ele se levantou e suspirou. – Às
vezes eles m e deixam m aluco.

– Boa sorte com isso. Vou esperar por ele no saguão.

– Fique aqui e relaxe. A poltrona é confortável.

– Obrigada.

Ele deu um sorrisinho ao olhar para a barriga dela.

– Estou m uito anim ado com isso.

– Eu tam bém , quando não estou m orrendo de m edo.

Justice apertou o braço dela, reconfortando-a, e saiu do escritório.


Ele fechou a porta firm em ente atrás dele.

Quinze m inutos depois, Brass entrou. Trisha se levantou e estudou-


o. Ele parecia calm o agora, recom posto e num a boa.

– Sinto m uito por Justice ter entendido errado e achado que você
era o pai do m eu bebê.

Ele a estudou antes de m over sua atenção até a barriga dela.


– Está m esm o carregando um bebê Nova Espécie?

– Sim .

– Que boa notícia.

Trisha notou que ele não parecia feliz.

– Tudo bem com a nossa am izade, Brass?

– Sim . Eu… estou pensando que queria ter te conhecido antes de


você se envolver com outro hom em . Espero que isso não te
ofenda. É só que eu estava m ais a fim de você do que devia. Agora
você pertence a outro, m as vou m e adaptar. Estam os bem ,
Trisha.

– Não pertenço a ninguém , Brass. O pai e eu não estam os j untos.


– Ela em endou antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, sem
querer encoraj á-lo, m as precisando deixar claro que ela tam bém
não estava aberta às j ogadas dele.

– Tenho sentim entos por ele, m as ele m ostra obviam ente que não
é recíproco.

Vai levar um tem po, m as tenho certeza de que vou superar.

Ele piscou.

– Você pertence a alguém . Não contou a ele sobre o bebê?

– Não. Justice m e deu um tem po para contatá-lo e dar a notícia.

Ele balançou a cabeça.

– Entendi. Senão o hom em estaria com você. Você pertence sim a


alguém e ele vai te fazer saber disso assim que descobrir que você
carrega o filho dele.
Vam os, o helicóptero está pronto. Escolhi Harley e Moon para virem
j unto.

O estôm ago de Trisha se em brulhou de terror. Ela realm ente não


queria que Slade descobrisse. Não era dessa form a que ela o
queria de volta em sua vida.

Preferia nunca vê-lo de novo a tê-lo em seu encalço apenas porque


haviam criado um a vida j untos. Ela m erecia um cara que se im
portasse com ela, não um que quisesse ficar com ela por causa de
um senso de honra ou dever qualquer.

Novas Espécies pareciam ter m uito dessa característica. Ela


decidiu não m encionar isso para Brass, tem ia que pudessem
discutir.

Trisha conhecia Moon. Ele era um dos hom ens que apareciam com
Harley e Brass em sua casa para assistir a film es. O hom em alto
não falava m uito m as, quando decidia quebrar o silêncio, tinha um
senso de hum or perverso do qual ela gostava.

– Obrigada.

Brass estendeu o braço e Trisha passou os dedos em volta de seu


antebraço.

Ele deu um sorriso genuíno para ela e acom panhou-a para fora do
escritório.

CAPÍTULO Q UATORZE

Trisha sabia que não conseguiria chegar à Reserva sem se sentir


profundam ente envergonhada. Brass m assageava suas costas
gentilm ente enquanto ela estava sentada em seu colo. Lutou contra
a enorm e vontade de vom itar no chão inteiro. Ela olhou de form a
triste para Moon e Harley.
Os dois deram a ela um olhar de com paixão, sabiam de sua
gravidez e j uraram guardar segredo. Eles iriam protegê-la, viver
com ela e tinham que saber a verdade. Ela olhou para o chão e
usou a m ão para fazer um gesto para eles. Os dois hom ens
rapidam ente levantaram os pés. Moon deu um sorrisinho.

– Enj oos não são engraçados! – Ela gritou. Não tinha certeza de
que ele a tinha ouvido com o barulho alto do helicóptero e com os
fones que ele usava para se m anter em contato com os pilotos, m
as Moon piscou em resposta, fazendo-a acreditar que sim , ele a
ouvira.

– Estam os quase lá – Brass disse ao ouvido dela. – Aguente,


Trisha.

Com um a cara triste, ela fez que sim com a cabeça. Seu estôm ago
se revirava um pouco, m as ela não queria vom itar. Sentiria-se hum
ilhada se os três hom ens a vissem colocando o café da m anhã
para fora, sem contar que os pilotos teriam que lim par tudo depois
que pousassem . Ela fechou os olhos, m as isso fez a sensação de
náusea piorar. Sentiu que o helicóptero descia. Graças a Deus. Está
quase acabando. O helicóptero pousou e o piloto com eçou a
desligar os m otores.

Moon se m exeu prim eiro ao abrir a porta e pular para fora. Harley
saiu em seguida. Eles se separaram e cada um ficou de um lado da
porta. Trisha tentou se levantar sozinha, m as seus j oelhos trem iam
tanto que ela perdeu o equilíbrio no instante em que apoiou o peso
neles.

Brass pegou-a nos braços e segurou-a com o se ninasse um bebê,


apertando-a contra o peito, ao carregá-la para fora do helicóptero.
Harley e Moon seguraram Brass, que tinha Trisha nos braços, e os
colocaram no chão. Aquilo im pediria que Brass a em purrasse se
tivesse que pular.

Trisha descansou a cabeça na curva do largo om bro de Brass. Ela


abraçava-o pelo pescoço enquanto o m undo girava um pouco.
Odiava enj oos. Brass aj eitou Trisha nos braços, apertando-a m ais
contra o peito, para deixá-la m ais confortável.

– Segure em m im – sussurrou ele. – Vam os te arrum ar e vou


colocar um pano frio na sua testa. Vai se sentir m uito m elhor.

– Obrigada – m urm urou ela para Brass. – Você é o m elhor.

Ele riu.

– Eu sei. É um fardo difícil de carregar, m as estou disposto a isso.

Ela sorriu, m uito grata por tê-lo com o am igo. Ele sem pre sabia
com o fazê-la rir. Ela ouviu Harley falando, m as não ousou levantar
a cabeça do om bro de Brass para ver com quem ele conversava,
ainda lutando contra a enorm e

vontade de vom itar.

– Ela está com náuseas. Vai ficar bem assim que a colocarm os em
um a cam a e darm os um tem po para se recuperar.

– É isso m esm o? – A voz m asculina parecia furiosa e era aquela


que Trisha conhecia bem dem ais. Ela ficou tensa e levantou a
cabeça, sem ligar para as consequências.

Slade se encontrava a um m etro e m eio dela. Ele tinha os olhos


atentos no rosto dela, depois os levou até Brass, e então de volta
para ela. Trisha sabia que aqueles segundos seriam os últim os da
vida dela se olhares m atassem , e a reação dele a deixou confusa.

Por que ele está tão bravo? Será que me odeia? Ele obviam ente
tinha um problem a por ela estar perto dele. Seus olhares se
encontraram e se fixaram .

Trisha notou que o cabelo de Slade crescera um pouco desde a


últim a vez que haviam se visto. Ele usava o uniform e preto de sem
pre da ONE, m as sem o colete. Em vez da sigla ONE estam pada
no peito, seu nom e havia sido im presso naquele espaço. Ele
estava em form a e m uito bonito. Trisha teria pensado até que ele
estava sexy, se não fosse pela raiva assassina que viu em sua
expressão.

Seu coração deu um nó por estar tão perto dele novam ente.

– Trisha? – Brass cochichou no ouvido dela – É ele, não é?

Ela virou a cabeça e encontrou os olhos dele. Brass fitou-a por um


segundo e ficou tenso.

– Merda. – Ele balançou a cabeça. – Vam os te instalar em algum


lugar.

Brass se virou com Trisha e cam inhou em direção a um j ipe. Slade


entrou no cam inho deles, ainda com os olhos cravados em Trisha.

– Bom te ver, doutora.

– Olá – ela soltou.

Ele tirou o foco de cim a dela por alguns segundos e sua atenção se
m oveu de Brass para Harley, depois para Moon, e então novam
ente para ela. Ele finalm ente olhou para Brass, fixando os olhos nos
dele.

– Em que nível de am eaça ela está? Justice não foi claro e precisei
tom ar cuidado com o que dizia porque havia um hum ano perto de
m im durante a conversa. Desde então, ele está em reuniões, sem
poder atender às m inhas ligações.

– Quatro. – Brass franziu o cenho para Slade. – Ela é nossa


prioridade m áxim a, e sua tam bém . Ninguém que não sej a Nova
Espécie pode ter acesso a ela.

Absolutam ente nenhum hum ano.

A inform ação fez Slade em palidecer um pouco.


– Nenhum hum ano? Estam os no m eio de trabalhos enorm es de
construção e há hum anos se arrastando pela Reserva. Há centenas
deles aqui vinte e quatro horas por dia para term inar todos os proj
etos o m ais rápido possível. Estam os fazendo em m eses o que
deveria levar um ano para ficar pronto. Foram precisos quase
quatrocentos hum anos por três sem anas inteiras só para construir
os m uros de segurança em volta da propriedade. Há dois turnos
trabalhando dia e noite, sete dias por sem ana. Ainda estam os
instalando a fiação elétrica por m otivos de segurança e há um hotel
sendo reform ado num a velocidade absurda. Precisam os que as
casas fiquem prontas para que as pessoas não fiquem em barracas,
e um

clube ainda está sendo construído. Tem os outro proj eto em andam
ento para os escritórios, para que não fiquem os perm anentem ente
presos a um trailer. Em qualquer segundo, em qualquer dia, há bem
m ais que quatrocentos hum anos aqui. Por acaso Justice quer que
eu feche tudo, para que voltem os ao trabalho quando a am eaça
acabar? Ele tem feito m uita pressão em m im para term inar tudo.

– Não – afirm ou Harley. – Ele só quer colocá-la em algum lugar


seguro, onde hum anos não têm perm issão para ir. Moon e eu
estivem os repassando a estrutura do lugar e acham os que devem
os escondê-la dentro do centro da Zona Selvagem . Hum ano
nenhum ousaria ir até lá e são proibidos naquela área. Sei que
alguns do nosso povo j á foram relocados e isso é até m elhor, pois
nenhum hum ano total passaria por eles.

– Não seria seguro para ela. Ela é totalm ente hum ana. – A raiva de
Slade parecia se intensificar. – Claro, nenhum hum ano seria idiota o
bastante para se aventurar lá e sobreviver, m as seria com o dar um
a isca aos habitantes da Zona.

Acho que eles atacariam se você a levasse para o território deles.


São m uito instáveis. Assim que os relocam os, com eçaram a m
arcar território e estão bem vigilantes para garantir que hum ano
nenhum viole a área.
– Vam os protegê-la – prom eteu Brass com a voz firm e. – Eles não
vão atacá-la.

– Eles são loucos – rosnou Slade. – Alguns deles nunca vão se


acalm ar, e odeiam hum anos a um ponto além do que você pode im
aginar. Eles ficam com raiva só de sentir o cheiro de um . – Ele
apontou para Trisha. – Ela nos viu, m as não nossas falhas. Não
acham que eles a assustariam pra caram ba?

– Que falhas? – Trisha olhou de relance para os hom ens.

Slade cravou os olhos nela.

– Nós nos parecem os m ais hum anos, m as nem todos do nosso


povo tiveram essa sorte. Alguns parecem m ais anim ais que hum
anos. Há algum as dúzias que sobreviveram . Alguns do nosso povo
foram torturados até ficarem loucos ou guardaram um ódio dos hum
anos a ponto de quererem m atar um só de vê-lo.

Esses são os que realocam os para lá. Você não estaria segura na
Zona Selvagem .

É onde colocam os os m ais antissociais.

Brass se curvou e colocou Trisha em pé quando ela indicou que


queria descer.

Ele a segurou pela cintura até que ela firm asse as pernas trêm ulas.
Ele se afastou quando teve certeza de que ela não cairia. Ela olhou
para Brass.

– O que você acha?

– Acho que a Zona Selvagem é m elhor. Eles não vão te m achucar.


Depois que fom os libertados, usaram m ulheres para aj udar a
cuidar de todas as Novas Espécies, desde que não as atacássem
os. Tenho certeza que isso tam bém vale para os selvagens.
Estarem os com você e eles devem ficar distantes. Não podem os ir
m ais longe que isso, Trisha. Seria inteligente te colocar no centro
do território, j á que eles o reivindicaram . São protetores ferozes de
seus dom ínios.

Aj udariam a m anter todo m undo longe.

– Droga – rosnou Slade. – Eu gerencio esse lugar, não você. Não


vou deixar que ela vá até lá, pois eu sei do que estou falando e você
não. Sou eu quem passa tem po com eles. Sei que ela não estaria
segura. Vam os colocá-la no hotel, o

últim o andar está pronto. Vam os fechar todos os acessos e m antê-


la lá.

– Não. – Brass cruzou os braços no peito. – Justice m e encarregou


da segurança dela. Posso e estou passando por cim a de você. Sem
ofensas, m as quero que ela fique onde nenhum hum ano pode
chegar, Slade. E se um daqueles terroristas filhos da puta decidir se
passar por um pedreiro e pôr fogo no hotel?

Nada pode acontecer a ela. A Zona Selvagem é a resposta. Há


algum a casa lá?

Sei que tam bém há alguns trailers por aqui e podem os pegar um .
Seria um a m oradia apertada, m as funcionaria. Tem os que deixá-
la longe de todos que não sej am Novas Espécies.

Slade estava furioso. Seus lábios se abriram e seus dentes afiados


se exibiram quando um rosnado profundo rum orou de dentro dele.

– Está bem . Pode ficar com a m inha casa. Só tem três quartos, m
as tenho certeza que podem se virar. Fica longe de todos os outros
prédios.

– Vam os levá-la para a Zona Selvagem . A decisão foi tom ada. –


Brass cravou o olhar em Slade.
Slade xingou e rosnou novam ente. Seus olhos se fixaram nos de
Trisha.

– Diga a ele que não. Me ouça. Aqueles hom ens lá não são
estáveis e você é um a m ulher com pletam ente hum ana. Além
disso, você é m édica. Só de te verem vão querer te m atar por
esses dois m otivos. Você vai m orrer se concordar que eles te
levem até lá. Os selvagens foram cuidados por m ulheres ao serem
libertados, m as depois foram levados a lugares rem otos, sem elas.
Passaram m eses sozinhos e não sei se resistiriam a atacar um a m
ulher. Tam bém não estou disposto a arriscar.

O m edo subiu pela espinha de Trisha enquanto ela olhava para


Slade.

– Confie em m im , Trisha. Eu nunca te desapontaria – Brass j urou


baixinho. –

Sei o que estou fazendo. A Zona Selvagem é o lugar m ais seguro


para você ficar.

Eles não vão te m achucar e eu nunca deixaria nada te fazer m al.

– Trisha? – Slade chacoalhou a cabeça para ela, observando-a


atentam ente. –

Confie em m im . Diga a eles para te colocarem na m inha casa, e


eu vou m udar para o hotel.

Ela conseguiu não se encolher. Poderia ficar na casa dele, m as ele


iria para outro lugar.

– Brass? – Ela virou a cabeça e tirou os olhos de cim a de Slade. –


Sei que você vai m e proteger. O que você achar m elhor está bem
para m im . Você m anda.

Brass sorriu.

– Vam os para a Zona Selvagem .


Slade rosnou de form a selvagem e xingou.

– Trisha? Venha aqui agora. Vam os ter um a conversa a sós.

Ela ficou tensa ao encará-lo lentam ente.

– Com o? Você soube por várias sem anas com o entrar em contato
com igo, se quisesse conversar. Devia ter tentado m e falar antes se
tinha qualquer coisa que eu precisasse ouvir. – Ela com eçou a cam
inhar em direção ao j ipe.

Ouviu alguém rosnar e se virou a tem po de ver Brass se m over


rapidam ente enquanto Slade tentava correr até ela. Brass se
colocou entre eles e rosnou de volta para Slade, que parou. Os dois
hom ens estavam tensos ao olharem um para o outro. Parecia que
iam brigar.

– Brass? Não estou m e sentindo nada bem – Trisha avisou rapidam


ente, não querendo vê-los com eçarem um a briga. – Podem os ir?
Obrigada pela preocupação, senhor Slade, m as confio totalm ente
em Brass, Moon e Harley para m e protegerem .

– Então é assim – rosnou Slade. – Tudo bem . Tem um a cabana


vazia naquela direção. Podem ficar com ela. Vou m andar alguém
com m antim entos im ediatam ente. Só tem um quarto, m as parece
que vocês quatro não vão se im portar em dividir a cam a. – Ele
girou nos calcanhares e saiu apressadam ente em direção a um dos
prédios.

Trisha observou-o ir em bora e lutou contra as lágrim as.

– Por acaso ele acabou de fazer um a insinuação para m e cham ar


de vadia?

Moon riu e m exeu as sobrancelhas.

– Eu queria que você fosse um a m esm o. Estaria disposto até a


dividir com eles se isso significasse ter você pelada num a cam a
com igo.

Ela riu, sabendo que era um a piada. Moon sem pre conseguia fazê-
la se sentir m elhor.

– Vai ficar querendo. Vocês ficam no chão se só tiver um a cam a.

Brass relaxou e sorriu para Trisha.

– Sem problem as. Você definitivam ente fica com a cam a. Vocês,
hum anos fracotes, j am ais sobreviveriam a dorm ir no chão duro.
Nós não nos im portam os em dorm ir em superfícies duras.

Harley deu um a risadinha.

– Fale por você. Eu adoro cam as, então acho que vou ficar com o
turno da noite e dorm ir nela quando Trisha não estiver nela.

– Sou bom de aconchego. – Moon m exeu as sobrancelhas para


Trisha novam ente, fazendo-a rir. – Se ficar com frio, m e avise e vou
te esquentar. Vou até m e com portar se você não m e fizer dorm ir
no chão.

– Vou pedir para trazerem colchões – Brass gem eu de brincadeira.


– Quando foi que vocês ficaram tão m oles?

– Quando nos deram escolhas. – Harley atirou de volta. – Vam os


sair daqui antes que Slade volte e rosne para você de novo. Lidar
com esses hum anos realm ente encurtou seu pavio. Não sei o que
enfiaram na bunda dele, m as espero que saia logo.

– A gravidade com certeza seria um a am iga para Slade – Moon riu


baixinho.

Trisha riu. Ela adorava aqueles caras. Tinha m uita certeza de que
estaria chorando depois de seu confronto com Slade se não fosse
por eles. Brass aj udou-a a subir no j ipe, enquanto Moon e Harley
subiam atrás. Brass sentou no banco do m otorista. Ele olhou para o
outro j ipe, onde havia um hom em Nova Espécie esperando com as
m alas deles.

– Sabe de qual cabana Slade falou?

Ele concordou com a cabeça.

– Mostre o cam inho – ordenou Brass. – Vam os te seguir.

Harley esticou a Trisha o cinto de segurança. Ela o colocou em


silêncio e lançou um sorriso para ele. Ele fez que sim com a cabeça
para ela.

– Sem pre afivele.

– Sim , senhor.

Trisha fitava a linda paisagem pela qual passavam : gram a


exuberante, lindas árvores e m orros altos. Avistou um veado acim a
de algum as árvores. Era um lugar tão lindo que ela conseguiu
afastar os pensam entos sobre Slade da m ente.

Era difícil, m as não queria rom per em lágrim as.

Slade andava a passos largos na floresta, no outro lado dos prédios,


se escondendo de todos, e sabia que não havia lidado bem com o
fato de ter visto Trisha. A visão dela nos braços de outro hom em
quase o deixara com um a fúria cium enta.

Brass a carregava nos braços, falava com o se tivesse o direito de


falar com ela, e ela perm itia isso. Um rosnado rasgou seus lábios.
Ele sacrificara sua sanidade para se m anter longe dela, contra seus
instintos de m anter-se por perto, e ela o desafiou quando tudo o
que ele queria era protegê-la.
Ele se endireitou, fechou os punhos e parou com os passos largos.
O

pensam ento de ela não o querer m ais fez um a dor atravessar seu
peito. Ele devia ter dito a ela por que a evitara, m as acreditava que
ela o convenceria a ignorar a segurança dela se sentisse por ele um
décim o do que ele sentia por ela. Aquilo teria enfraquecido sua
determ inação, fitando os olhos dela, e se ela o tocasse, ele perderia
aquela batalha.

Um barulho leve cham ou sua atenção e ele virou a cabeça para


olhar para o Nova Espécie que o procurava.

– O que foi?

– O arquiteto quer dar um a palavra com você. Há algo errado com


as plantas para um a das m odificações que você pediu no hotel.

A raiva queim ou dentro dele. O trabalho tom ava todas as suas


horas. Ele m al dorm ia, m as aquilo m antinha Trisha fora de seus
pensam entos durante a m aior parte do tem po. Ele precisava se m
anter ocupado m ais do que nunca agora.

Senão, pularia em um j ipe, dirigiria até a cabana e… arrancaria as


roupas dela e a foderia até ela saber que ainda é minha.

Ele em purrou os pensam entos para longe, sabia que não podia
perm itir que seus desej os m andassem em suas ações. Ela estava
pálida e m al. Ele se preocupava com isso. Ela precisava descansar,
claro, m as depois… droga! Pare de pensar em despi-la e fazê-la
ver que sou o homem certo para ela. Agora não é o momento.

– Slade? Está tudo bem ? – O suj eito inclinou a cabeça, olhando


para ele com preocupação.

– Estou bem – m entiu ele. – Vam os. Quanto m ais rápido lidarm os
com esses problem as, m ais rápido term inarem os todo o trabalho.
Ele lidaria com a doutora m ais tarde, depois de tirar um tem po para
pensar e avaliar a situação. O fato de ela estar na Reserva m udava
as coisas totalm ente.

Ela estava em perigo m esm o assim , estivesse ele com ela ou não.
Precisava se

acalm ar antes de decidir o que fazer. Não seria inteligente falar com
ela até colocar a coleira no ciúm e.

A cabana com telhado inclinado provavelm ente fora construída em


algum m om ento nos anos 1970, se Trisha tivesse que adivinhar,
com base no interior.

Ela fez um a careta ao ver o papel de parede na pequena cozinha e


o velho carpete felpudo no chão da sala.

– Só falta o globo de discoteca.

– Não entendi – Harley olhou para ela.

– Bem -vindos aos anos 1970, cavalheiros. Estão vendo os


aparelhos verde-abacate e o papel de parede laranj a? Outra pista é
o painel de m adeira e o carpete felpudo que saiu de m oda no final
dos anos 1970. Mas parece ser solidam ente construída e adorei
aquela lareira.

– Não tem um quarto. Tem aquilo. – Brass apontou para a


escadaria.

– É um quarto no sótão. – Trisha subiu a escada e viu que o côm


odo era na verdade bem grande. – Tem bastante espaço e, uau, tem
um toalete aqui. É um a boa surpresa.

– A cam a é pequena dem ais para nós quatro, a não ser que façam
os um m ontinho – afirm ou Moon, repentinam ente.
Trisha com eçou a rir. Ela se virou e sorriu para ele, vendo que todos
os três hom ens a haviam seguido escada acim a.

– Fico por cim a se fizerem isso. Não vou ficar esm agada.

– Podíam os dorm ir com o se fôssem os sardinha em lata – sugeriu


Harley. –

Quando um de nós quiser se virar, podem os gritar “rolem ” e serm


os iguais àqueles atletas de nado sincronizado que se m exem ao m
esm o tem po.

– Não daria certo – riu Moon. – A pessoa que estivesse na ponta do


lado para o qual iríam os virar acabaria caindo no chão.

– Mais espaço para os três que sobrarem . – Brass piscou para


Trisha. – Acho que devíam os colocar Moon e Harley nas pontas, só
para ficarm os seguros.

O sorriso de Moon se esvaeceu e ele levantou a cabeça. Se virou,


farej ou e quase saltou pela escada.

– Há alguém por perto – advertiu ele com um rosnado.

Brass agarrou Trisha e enfiou-a na cam a.

– Sente-se. – Ele correu até a j anela.

Harley desceu a escada correndo atrás de Moon. Trisha ouviu a


porta da frente se abrir. Virou-se para Brass, tentando conter seu
alarm e. Ele soltara a arm a que m antinha presa à coxa. Abriu a
cortina e ela o ouviu falar baixinho um palavrão.

– O que é? – sussurrou Trisha.

– Um dos residentes locais está lá fora. Merda. O que ele está


fazendo aqui?
Alguém devia ter m e avisado que o transferiram para cá. Ele deve
ter sentido

seu cheiro e veio investigar. Moon está falando com ele e Harley
está m antendo o andar de baixo seguro.

Curiosa, Trisha desceu da cam a e foi para trás de Brass. Ela sabia
que ele estava ciente de sua presença ali. Ele esticou os braços
para trás e colocou a m ão no quadril dela para m antê-la atrás dele.
Ela hesitou e espiou em volta. Ainda era dia e era fácil avistar o hom
em do lado de fora (ao m enos ele era m ais hum ano que anim al).
A visão do cabelo e das feições dele a chocou profundam ente.

– Ele…

– Shhh – ordenou Brass baixinho. – Ele provavelm ente vai te ouvir.


Eles têm um a audição m elhor que a m aioria de nós.

O grande m acho havia sido obviam ente alterado com genes felinos
e tinha um a j uba de um loiro averm elhado. Seus olhos eram com
o os de um gato, visíveis m esm o de longe. Tinha um corpo enorm
e e m usculoso. Mal usava roupas, apenas j eans curtos e m ais
nada.

Seus braços e seu peito eram m assivos, com o se ele tivesse


passado a vida inteira m alhando. Suas feições eram m ais anim ais
que hum anas, com um nariz estranho e m açãs do rosto grandes.

Moon parou a quase cinco m etros do hom em , que perm anecia


quase im óvel na beirada da m adeira. De repente, ele levantou a
cabeça e seu estranho olhar pareceu localizar Trisha im ediatam
ente. Parecia que ele a tinha sentido de algum a form a.

Um rugido irrom peu da boca do hom em assustador quando ele a


abriu. Era um barulho alto e chocante para Trisha, cem por cento
não hum ano. O corpo inteiro dele ficou tenso e ele se apressou à
casa. Moon pulou em seu cam inho e abriu os braços para im pedir
que o hom em passasse. Moon falou rapidam ente com o cara; ela
ouvia a voz dele, m as não conseguia entender o que dizia. As
ações de Moon não desaceleraram em nada o hom em .

Ela observava com horror quando o cara enorm e atacou Moon,


apenas esticando a m ão, pegando-o pelo pescoço e j ogando-o
para o lado com m uita facilidade, com o se ele fosse um a boneca
de pano. O filho da puta se m ovia m ais rápido, direto para a casa,
e rapidam ente para fora de sua vista.

Um rosnado selvagem veio de baixo e outro rugido irrom peu.


Ouviu-se um estalo alto, com o se um a m adeira tivesse sido
partida ao m eio, seguido de um estam pido de um a colisão. Brass
girou, segurou Trisha pela cintura e colocou-a depressa no canto.
Ele colocou o corpo na frente do dela, prendendo-a atrás dele, e
encarou a escada enquanto seu braço se levantava para apontar a
arm a. Trisha foi tom ada pelo terror ao ouvir o cara subindo a
escada com passos que se pareciam com m arteladas.

– Pare, Valiant – advertiu Brass em voz bem alta. – Moon, Harley,


fiquem aí em baixo. Eu o conheço.

– Você trouxe um a hum ana para cá? – grunhiu o cara assustador –


Um a hum ana? Justice nos prom eteu que nenhum deles viria para
cá, nunca. Ela está no m eu território. No m eu. Só porque é você,
vou te dar um m inuto para tirá-la daqui antes que eu a m ate, Brass.

– Acalm e-se – Brass falava m ais baixo agora, talvez tentando am


aciar o m acho fora de controle. – Ela está grávida de um de nós. É
um a de nós agora.

– Está m entindo. Não podem os procriar.

Trisha chegou um pouco à esquerda para espiar o hom em


apavorante que estava no topo da escada. Ele devia ter dois m etros
de altura e seus cabelos eram de um a cor incrível, um verm elho
claro com raios loiros que corriam por ele.
Iam até abaixo de seus om bros largos. Ela não pôde deixar de
notar com o eles eram bonitos e exóticos.

Um a pele bronzeada e m úsculos grossos cobriam seu corpo quase


nu. Ele devia ser o m aior Nova Espécie que ela j á vira. Seus
dentes afiados apareceram quando ele curvou os lábios para trás e
rosnou para ela. Seus olhos dourados de gato se estreitaram e ele
rosnou m ais profundam ente. Trisha teria ido ao chão se fosse do
tipo que desm aiasse, gelando com aquelas ações e aparência
ferozes.

Notou que os dedos dele estavam tensos, com o se fossem garras,


e suas unhas eram afiadas com o as dos anim ais.

– Ela está carregando um bebê Nova Espécie. – a voz de Brass tom


ou um tom m ais firm e. – Isso a faz um a de nós. Justice a m andou
para cá porque ela não está m ais segura perto dos hum anos.
Ninguém sabe sobre a gravidez dela. Vai nos causar m uito problem
a se o m undo descobrir, porque eles tem em que procriem os com
eles. Ela foi trazida para cá para ser protegida por nós.

– Mentira – rosnou ele.

– É verdade – Brass rosnou de volta. – Não m e cham e de m


entiroso.

Valiant rosnou do fundo do peito.

– Saia. Vou farej á-la.

Brass não se m exeu.

– Pode cheirá-la se j urar para m im que não vai m achucá-la. Ela


está carregando um bebê Nova Espécie. Só está grávida há um m
ês.

Valiant rosnou novam ente.


– Está bem , não vou fazer m al à m ulher. Saia para eu poder
cheirá-la.

Brass virou a cabeça. Trisha olhou para suas feições intensas. Não
queria que Brass se m exesse e com certeza não queria Valiant
perto dela. Ele a deixava apavorada. O olhar de Brass se suavizou.

– Ele só quer te cheirar. Eu o conheço. Fom os criados no m esm o


centro de testes e passam os um tem po j untos assim que fom os
libertados, antes de m andarem ele e os outros com o ele para longe
de todos os hum anos. Ele m e deu a palavra dele e vai m antê-la.

Trisha teve que conter o pânico. Confiava em Brass e ele não


deixaria que ninguém a m achucasse.

– Tudo bem .

Brass se afastou alguns m etros de Trisha, deixando aberto o cam


inho até ela.

Ela se encostou na parede, fitando o hom em assustadoram ente


grande que a fitava de volta. Seus dentes, que pareciam perigosam
ente afiados, se exibiram e ele ainda parecia enraivecido. O coração
de Trisha m artelava enquanto ele se aproxim ava m ais, do j eito
que um predador faria. Ele era um .

– Não a assuste, Valiant – disse Brass rispidam ente. – Está tudo


bem , Trisha.

Ela concordou com a cabeça, m as não tirou o foco do m acho que


avançava lentam ente em direção a ela. Conform e ele se aproxim
ava, ela via com o seus olhos eram bonitos, m as definitivam ente
não pareciam hum anos de j eito algum .

Eram olhos de gato, com paráveis talvez aos de um leão, porque ele
certam ente não se parecia com nenhum gato dom éstico que ela j á
vira, isso era certo. Seus cílios eram de um a cor averm elhada que
com binava com o cabelo, anorm alm ente longos e exuberantes.
Ele se aproxim ou m ais um passo. Ela se enrij eceu, m as levantou
o queixo. Estava certa de que Brass lutaria para protegê-la se ele
achasse que Valiant representasse um a am eaça a ela.

De repente, Valiant se agachou e se apoiou nas m ãos e nos pés.


Era estranho o m odo com o ia para a frente, com seu olhar intenso
cravado nela. Ele se aproxim ou tanto que ela pôde sentir seu hálito
quente por cim a da blusa, na barriga. Trisha levantou as m ãos m
uito lentam ente e colocou-as na parede, perto da cabeça, para
evitar tocá-lo por acidente. Tinha m edo de que isso pudesse tirá-lo
ainda m ais do sério. Ele inalou quando se aproxim ou m ais e
passou o nariz na barriga dela, abrindo cam inho entre a ponta da
cam isa e a calça dela para chegar até a pele. Ela fez um barulho
baixinho de quem ofegava, pois não esperava que ele fizesse
aquilo.

– Calm a – m urm urou Brass. – Você está assustando ela. Não


ouse colocar o nariz m ais para baixo.

O olhar chocado de Trisha voou até Brass. Ele balançou os om bros.

– Alguns de nós… Bem , não im porta. Você j á esteve perto de


anim ais o bastante para saber que algum as raças enfiam o nariz
na área da virilha para se fam iliarizar com pessoas.

Valiant recuou de repente e se pôs em pé. Mantinha o foco na


barriga dela ao franzir a testa. Ele não parecia nada feliz.

– Ela tem um cheiro diferente.

– Com o? – Brass parecia m uito calm o.

– Não totalm ente hum ana, m as não totalm ente com o nós. Só dá
para notar se encostar na pele dela.

Brass hesitou antes de olhar para Trisha.

– Se im porta se eu…?
Trisha deu de om bros.

– Contanto que você não cheire m ais abaixo.

Ele deu um sorrisinho.

– Você não sabe brincar, Trisha.

Seu sorriso sum iu quando ele parou na frente de Trisha e se curvou


até pressionar o rosto no pescoço dela. Seu nariz tocava a pele dela
e ele inalou lentam ente, depois o fez de novo. Levantou a cabeça,
franziu o cenho e se aj oelhou. Pegou na cam isa dela e levantou-a,
deixando à m ostra alguns centím etros da barriga dela. Colocou o
nariz nela e inalou três vezes, até que afastou e levantou. Ele
encarou Valiant.

– Você está certo. Não dá para notar, a não ser que estej a perto da
pele na parte inferior da barriga dela. É fraco m esm o.

– Ela está m esm o carregando um bebê de um de nós? – Valiant


parecia calm o agora. Sua voz era profunda, m eio rouca, com o se
tivesse passado cem anos fum ando ou estragando a garganta de
algum outro j eito, m as não estava m ais rosnando.

– Está.

Valiant concordou com a cabeça.

– Não acredito que cruzaria com um a hum ana. O que estava


pensando? São tão frágeis que estou surpreso por ela não ter se
quebrado. Você podia pelo m enos ter encontrado um a de tam anho
norm al e m ais robusta. Você deve se lim itar m uito. Qual é a graça
de cruzar se tem que tom ar cuidado para não fazer m al a ela?

Brass corou um pouco.

– O bebê não é m eu. Nunca cruzei com ela. Sou am igo dela e sou
um dos três hom ens que Justice pediu para a protegerem .
Valiant virou a cabeça na direção de Trisha e rosnou.

– Existe algum centro de experim entos de procriação? Ela se


voluntariou para algum m édico colocar nosso esperm a dentro
dela?

– Não. – Brass se m oveu, se colocando novam ente entre Trisha e


Valiant. –

Eles cruzaram naturalm ente, por vontade própria. Foi um a


surpresa para todos nós ela ter engravidado. Não acham os que
fosse possível.

Valiant suspirou.

– Pode sair. Não vou m achucá-la.

Brass se afastou de Trisha, que encontrou o olhar de Valiant. Ele a


fitava, m as não parecia m ais bravo. Parecia levem ente confuso.
Ele suspirou de novo.

– Pode ficar, hum ana. Só você. Não traga nenhum de seus am igos
ou fam iliares hum anos. Eu os com eria no j antar. – Seu olhar
retornou a Brass. – Vou espalhar isso pela Zona, para garantir que
ninguém m ais venha incom odá-la.

– Poderia nos aj udar a protegê-la? Por favor, fique de olho em


qualquer hum ano de tocaia por aí e certifique-se de que não
cheguem perto dela.

Valiant sorriu, m ostrando os dentes afiados outra vez.

– Seria um erro fatal da parte deles se fossem estúpidos a ponto de


virem nessa direção.

Brass relaxou visivelm ente depois que Valiant desceu a escada. Ele
sorriu para Trisha, m as parecia um pouco forçado. Moon e Harley
correram para cim a segundos depois. Harley estava sangrando e
segurava um trapo úm ido na testa.
As roupas de Moon estavam rasgadas.

– Ninguém m e avisou que Valiant estava aqui. Ele é o m ais im


placável e m ortal de nossa espécie. Eu teria ido vê-lo antes de te
trazer aqui se soubesse.

Poderíam os dar conta de qualquer um , m as ele… – Brass deu de


om bros. – Um filho da puta perigoso.

Trisha se m exeu, agora que o terror tinha passado. Andou até


Harley.

– Abaixe-se e deixe-m e dar um a olhada nisso. – Ela olhou para


Moon. – Você está ferido?

– Vou sobreviver. Agora, porém , sei com o um a bola de futebol am


ericano se sente quando é j ogada, e isso acaba com o esporte para
m im . – Ele se virou e desceu a escada.

Harley se inclinou um pouco e rem oveu o pano úm ido. Trisha exam


inou o ferim ento e disse um palavrão baixinho.

– Você não vai precisar de pontos, m as preciso lim par e enfaixar


isso.

– Porra. – Ele corou. – Quer dizer, droga.

Trisha riu.

– Pode xingar. Eu teria dito coisa pior se alguém tivesse feito isso
com igo. Com o que ele te bateu?

– Com a porta. – O olhar de Harley se fixou em Brass. – Talvez você


queira fazer um a ligação e pedir um a nova agora. Valiant arrancou-
a da dobradiça e a j ogou em m im . Tentei m e esquivar, m as a
quina pegou na m inha testa. A m esinha de centro tam bém não
escapou. O lado bom é que não tem os m ais que cortar m adeira se
Trisha quiser acender a lareira hoj e à noite. Podem os apenas usar
os cinquenta pedaços de m esinha de centro que estão no chão.
Brass suspirou.

– Vou pedir tam bém um kit de prim eiros socorros para a Trisha
enfaixar seu dodói, Harley. Se im porta, Trisha? Ainda não tem os
um m édico na Reserva.

– Apenas m e arranj e o que preciso. Quer que eu te dê um a lista


de suprim entos?

– Não. – Brass não parecia feliz. – Tenho certeza de que o que tem
os nos nossos kits de prim eiros socorros é tudo do que você pode
precisar. Acho que vou descer para avaliar o estrago e, depois, vou
ligar para o escritório e inform ar do que precisam os.

– Obrigada – Trisha sorriu para Brass. – Por tudo.

– Ei – Harley gem eu. – Levei um a portada na cabeça. Cadê m eu


“obrigada”?

Trisha riu e esticou o braço para tocar no braço de Harley e apertou-


o de leve.

– Obrigada.

– Ela tocou em m im .

Harley m ostrou a língua para Brass, provocando-o, e fez Trisha rir.

– Você não tem nada para fazer? – Eles podiam ser m eio infantis,
m as ela gostava do fato de serem brincalhões.

– Já vou – Brass desceu a escada, m urm urando até o fim dela.

Trisha fez Harley se sentar na cam a.

– O que ele disse?

Harley sorriu.
– Algo sobre ter que dar o braço a torcer quando ligar e Slade
descobrir que j á houve um problem a aqui, sendo que acabam os
de chegar.

Trisha entrou no toalete e pegou um a toalha de rosto. Voltou ao


quarto para aplicar um a nova com pressa de água fria na testa
sangrando de Harley, segurando-a ali. Brass não era o único que
estava m orrendo de m edo de com o Slade reagiria ao descobrir
que j á havia ocorrido um incidente na cabana.

CAPÍTULO Q UINZE

– Valiant?

Slade estava tão bravo que via tudo em verm elho. Estava em pé
em frente ao portão da casa que haviam dado a Valiant. Slade ouviu
um a porta batendo e segundos depois Valiant, que estava quase
totalm ente nu, cam inhou casualm ente até os degraus da sacada
para se aproxim ar do portão.

– Slade. Por que está aí fora? Podia ter ligado se precisava de


algum a coisa.

– O que você estava fazendo? – Slade abriu o portão e entrou.


Estava pronto para um a briga, caso Valiant ficasse puto por Slade
entrar em seu j ardim sem perm issão. – Me disseram que você não
m achucou a m ulher, m as j uro por Deus que, se você tivesse feito
isso, eu te m ataria. Você passou dos lim ites indo atrás dela –
rosnou ele.

Valiant cruzou os braços no peito.

– Senti o cheiro de um hum ano. A cabana não era m uito longe e


eu estava puto. Justice disse que nenhum hum ano poderia vir aqui.

– Bem , você passou por dois de nosso povo para chegar até ela,
então sabia m uito bem que ela deveria estar aqui. A cabana não
está em seu território pessoal. Você não tinha autoridade para
atacar nosso próprio povo.

Valiant deu de om bros, sem dizer nada.

– Vou te m atar se chegar perto dela de novo – am eaçou Slade com


um rosnado. – Estam os entendidos? Sei que você é am igo do
Tiger m as, caram ba, não vou perm itir que m achuque aquela m
ulher. Fique longe dela e não se aproxim e nunca m ais. Está m e
entendendo? Não vai tocar em um fio de cabelo dela.

– Não vou chegar perto dela, j á discuti isso com Brass. Ela é um a
de nós, até onde sei.

Slade olhou para Valiant, levem ente confuso com a observação


dele.

– Ela não é um a de nós, m as é um a boa am iga das Novas


Espécies. Ela trabalha para nós, Justice e eu confiam os nela.

– Ela é um a de nós agora, não é? Eu m esm o a farej ei. Ela foi m


uito coraj osa e nem gritou quando cheirei sua barriga.

– Você o quê? – explodiu Slade. – Se aproxim ou tanto assim dela?


Você a tocou? – Ele avançou.

Valiant rosnou e se agachou.

– Pare ou vam os brigar.

Slade deteve a raiva que se aproxim ava, m as quase trem ia de


fúria.

– Você tocou nela?

– Mantive m inha palavra a Brass e não a m achuquei. Quis cheirá-


la quando ele m e deu a notícia, porque não acreditei nele. Os dois
concordaram em deixar que eu chegasse perto dela. Não foi um
ataque.
– Ele deixou você tocar nela?

Slade arrebentaria Brass em sua próxim a parada, que seria a


cabana. Valiant era instável e qualquer um com cérebro não deveria
deixá-lo chegar nem perto de Trisha. Se ele estivesse lá, teria m
atado o grande Nova Espécie só por ele ter tentado.

– Não acreditei que ela estivesse grávida. Agora sei que está.

O choque percorreu Slade.

– O quê?

Valiant foi se levantando lentam ente.

– Grávida. Não te contaram ? A m ulher está carregando um a


criança. É por isso que Brass a trouxe aqui, para ela ficar a salvo
dos hum anos.

A fúria de Slade foi filtrada pela dor que cortou seu peito. Trisha está
grávida?

Parecia que seus j oelhos iam desm oronar. Seu coração acelerou e
a raiva com eçou a voltar. Ela está grávida! Ele foi tom ado por um
nevoeiro de em oções, a m aioria delas assassinas, ao pensar que
algum cara tocara no que era dele. A ideia de qualquer um fazendo
isso quase o levou ao lim ite da insanidade.

– Justice ordenou que ela fosse trazida para cá para protegê-la do


povo dela.

Justice acha que, se os hum anos descobrirem que ela carrega um


a raça m ista, podem tentar fazer m al a ela. Tenho que concordar
com ele. Hum anos ficam instáveis e hostis por m otivos idiotas. Há
algo no cheiro da pele dela que a torna diferente. Deve ser o bebê
dentro dela, m udando sua quím ica.
– O pai é um Nova Espécie? Tem certeza? – Slade m etralhou as
palavras, com sua am argura e fúria crescendo a um a velocidade
assustadora.

– Sinta você m esm o o cheiro dela. É diferente. Cheira a hum ano e


a um de nós m uito levem ente, m as o bastante para eu ter certeza.
Já farej ei m ulheres grávidas, quando os m ilitares m andavam
várias delas nos levarem com ida e suprim entos aonde nos m
antinham . Sabiam que não faríam os m al a elas se entrassem no
território que nos deram . Nada é m ais indefeso que um a fêm ea
grávida. Conheço bem o cheiro de um a, m as aquela cheira
diferente. Não consegui detectar a diferença até pressionar o nariz
contra a pele dela. Deve ser porque ela está bem no com eço da
gravidez. Quando os m eses se passarem , provavelm ente vai ficar
m ais fácil notá-lo de longe.

Slade foi a passos duros até o j ipe. Sua fúria não tinha lim ites.
Alguém devia ter lhe contado que Trisha havia sido enviada à
Reserva porque carregava um bebê Nova Espécie. O m otor do j ipe
rugiu ao ser ligado e Slade pisou no acelerador. Os pneus cantaram
em protesto, m as ele não ligou para o barulho.

Agora as coisas faziam m uito m ais sentido. Ele estava louco de


raiva.

– Alguém vem vindo rápido – berrou Moon, avisando. – É um dos


nossos j ipes.

Brass j ogou as cartas na m esa e deu um sorrisinho para Trisha.

– Já era hora de m andarem aqueles suprim entos. – Ele olhou para


o relógio. –

Na verdade, chegaram m eia hora antes do que estim aram pelo


telefone.

– Estou m orrendo de fom e. Espero que tenham trazido com ida


boa.
– Tenho certeza que sim . – Harley piscou para ela. – Um a m am ãe
grávida deve com er um m onte de porcaria. Se trouxeram doces, eu
vi prim eiro! Adoro aquelas coisas.

– Eu que estou grávida – gargalhou Trisha. – Isso significa que eu vi


tudo prim eiro.

– Malvada. – Harley m ostrou a língua, j ogou as cartas e se


levantou. – É

m elhor eu aj udar a trazer as coisas para dentro. O quanto antes


fizerm os isso, m ais rápido poderem os com er as delícias que m
andaram .

– É Slade – Moon gritou segundos depois. – Ele está vindo bem


rápido.

– Merda – Brass suspirou do corredor. – Ele está m uito bravo.


Posso ver seus dentes daqui.

– Por quê? – A confusão tom ou Trisha. – Não é nossa culpa que


Valiant atacou.

À porta, Brass se virou.

– É m elhor você subir, Trisha. Acho que as coisas podem ficar


feias.

Trisha franziu a testa e levantou do sofá, fazendo o contrário e indo


até a porta.

Tirou Brass do cam inho e saiu na varanda para observar o j ipe que
Slade quase derrapara perto da cabana. Ele deixou m arcas de
pneu ao puxar o freio de m ão do veículo para pará-lo. Trisha não
precisava de sentidos aguçados para sentir o cheiro de borracha
queim ada enquanto Slade desligava o m otor do j ipe e saltava do
banco do m otorista. Ele foi prim eiro até Moon e rosnou para ele.

– Saia.
Moon não se m exeu.

– Algum problem a?

Slade investiu. Pegou Moon pelo colete e em purrou-o com força


para longe e avançou. O m edo cresceu instantaneam ente em
Trisha depois de perceber que Slade parecia m ais do que puto. Ela
até m esm o recuara e batera na parede da cabana próxim a da
porta. Brass de repente se apressou, descendo os degraus da
varanda, e ficou cara a cara com Slade.

– Deixou Valiant tocar nela? – berrou Slade. – Ele é instável e


poderia tê-la m atado. – Slade golpeou o rosto de Brass com o
punho.

Brass caiu de bunda. Rosnou e tentou se levantar, m as Slade se


virou, chutando o peito de Brass, que caiu de costas na gram a.
Slade rosnava, m ostrando os dentes, quando Harley se aproxim ou
dele.

– Fique fora disso a não ser que queira que eu te quebre tam bém .
Isso é entre nós.

Harley, parou, levantou as m ãos e recuou.

– Ok.

– Pare – exigiu Trisha. Tentou descer a escada para chegar até


Brass, preocupada por ele ter se m achucado gravem ente, m as
Harley pegou o braço dela para im pedi-la de sair da varanda.

– Fique fora disso. – Harley ordenou delicadam ente. Seus braços


se prenderam gentilm ente na cintura de Trisha. – Você pode se
ferir. Às vezes nossos hom ens lutam para desabafar. Isso é sobre
dom inância e não podem os interferir.

Trisha estava chocada. Aquilo não era razoável e com certeza não
era algo ao qual ela queria assistir. Eles precisavam parar. Alguém
podia se m achucar.

Porém , Harley se recusava a soltá-la enquanto ela lutava.

Brass se levantou. Rosnou e lançou o corpo em Slade. Apavorada,


Trisha observava os hom ens se atacarem . Nunca tinha visto dois
Novas Espécies lutando. Parecia ser um a com binação de um a
briga de cachorro e um a partida de vale-tudo. Em m inutos, ficou
claro que Slade era o m elhor lutador. Ele socou Brass no rosto e
deu um chute que o deixou esparram ado de barriga no chão.

Brass gem eu, m as não se levantou. Slade ofegava, obviam ente


ainda enfurecido.

– Achou que pudesse protegê-la? – rosnou Slade. – Não consegue


nem se proteger de m im .

Brass levantou a cabeça, parecendo m eio atordoado, e sangue


escorria de sua boca. Virou para olhar para Slade.

– Alguém tinha que tentar protegê-la.

– Bem , você não consegue. – Slade m archou em direção à


cabana.

Moon estava em volta dos hom ens que brigavam , até que se
colocou no prim eiro degrau da varanda, bloqueando o cam inho de
Slade até Trisha. Harley soltou Trisha de repente e pulou os degraus
para se colocar ao lado de Moon. Os dois hom ens pareciam tensos.

– Saiam – rosnou Slade, parando a alguns m etros dos hom ens.

– Por quê? Está tão aborrecido que não está sendo razoável –
Harley m anteve um tom de voz calm o. – Você m achucou Brass
por estar zangado com Valiant.

Não sabíam os que ele estava aqui, ou Brass teria ido falar com ele
antes de ele sentir o cheiro de um a hum ana. Você é um dos
nossos m elhores lutadores e sabia que podia dar conta de Brass
sozinho. Poderia nos encarar um por um tam bém .

Sabem os disso. Mas terá que passar por nós dois ao m esm o tem
po se quer aborrecer Trisha. Sua briga não é com ela.

O olhar azul-escuro de Slade se fixou no de Trisha. Ele ofegava


forte e parecia tão enfurecido que a assustava. Ela nunca achou que
fosse ter m edo de Slade, especialm ente depois de terem ficado
sozinhos na floresta, m as estava errada.

Estava m orrendo de m edo dele.

– Sabia que você se sentia atraída por Justice m ais do que adm
itia. Eu não teria te evitado se soubesse que você estava tão a fim
de um Nova Espécie na sua cam a. Achei que estivesse te
protegendo – rosnou Slade. – Estar com um de nós te coloca em
perigo. Você passou por m uita coisa e eu não queria que você
ficasse com igo por gratidão por salvar sua vida. Sabia que só o tem
po nos daria um a chance. – Ele chacoalhou a cabeça. – Eu poderia
te m atar. Eu disse que você era m inha. Minha! – grunhiu ele. –
Pode ficar aqui e ter seu m erdinha, m as é m elhor que eu nunca m
ais te vej a. Não tem perm issão para sair da cabana enquanto
Justice esconde você e sua criança querida sob m eu nariz.

Slade girou e saiu a passos largos. Trisha firm ou os j oelhos para


não cair na varanda. Slade achava que ela estava grávida de
Justice? Sua boca se abriu.

– Slade?

Ele a ignorou com pletam ente, com o se ela não tivesse falado,
enquanto pulava dentro do j ipe.

– Slade? – sua voz aum entou.

Ele virou a cabeça e um a raiva absoluta se m ostrou em suas


feições.
– Você está m orta para m im , doutora. Nunca m ais diga m eu nom
e.

Me arrependo de j á ter falado com você e queria nunca ter te


tocado.

O j ipe rugiu ao ser ligado e ele engatou a ré.

– Slade? Você precisa m e ouvir – berrou Trisha. – O bebê não é de


Justice!

Ele pisou no freio e virou a cabeça de volta, curvando os lábios.

– Brass? Você devia ter escolhido alguém m ais forte, doutora. Ele
acabou de levar um cacete e nem suei para isso. Mas aposto que
ele diz seu nom e, não é?

Trisha conseguiu dar um passo e agarrar o corrim ão da varanda


para se m anter em pé. Agora ela estava brava.

– O bebê tam bém não é dele. É seu, seu filho da puta idiota! – Ela
berrou a inform ação para ele. – Você pode ter sido capaz de bater
no Brass, m as pelo m enos ele está aqui para m im . Nunca m e
abandonou quando m ais precisei dele, e ele não m ente para m im
com prom essas de que vai voltar e em vez disso foge com o um
grande covarde, com o você fez. E o m erdinha a que você se refere
é um grande j eito de cham ar seu próprio bebê. Eu te odeio.

Ela viu a expressão dele m udar enquanto as em oções cruzavam o


rosto dele num a rápida velocidade. Raiva, choque, e, finalm ente,
ele em palideceu antes de sua expressão voltar à raiva. Desligou o j
ipe e desceu. Suas feições se tornaram ilegíveis quando ele foi a
passos largos a Trisha. Brass conseguiu se colocar em pé novam
ente e cam baleou até o cam inho de Slade.

– Não.

Slade rosnou para ele.


– Saia.

– Não faça isso – Brass pediu delicadam ente. – Quer chateá-la a


ponto de fazê-la perder o bebê? Ela j á passou por m uito.

O olhar de Slade foi até Trisha.

– O bebê é m esm o m eu?

Ela conteve as lágrim as.

– Você quer dizer “m erdinha”, não? Vá para o inferno, Slade. Sim ,


o bebê é seu no sentido biológico. De todas as outras form as é m
eu e só m eu. Mas não se preocupe. Nas últim as sem anas eu
aprendi direitinho o que esperar de você, então fique longe de m im
do j eito que tem estado. Esperei um a sem ana para você m e ligar
ou ir m e ver. Quando não foi, fiquei esperançosa por até m ais um a
sem ana. Depois, você aceitou esse trabalho e nem teve a decência
de m e dizer que estava indo. Você sim plesm ente foi em bora. Eu
te odeio por isso, odeio m esm o, e nunca vou te perdoar. Você m
entiu para m im e m e esqueceu. Bem , eu tam bém posso fazer
isso. Me deixe em paz e pare de bater nos m eus am igos, porque
eles realm ente se im portam com igo. – Ela tom ou um fôlego
entrecortado, lutando contra a enorm e vontade de chorar. – Eles
não m e fazem chorar. Não m e abandonam e não partem m eu
coração.

Ela se virou e fugiu para dentro da casa, correndo até a escada. Mal
chegou ao banheiro e vom itou. Quando acabou, lavou o rosto,
escovou os dentes e finalm ente se encoraj ou a abrir a porta. Tinha
m edo de que Slade a confrontasse de novo, m as era Moon que
estava sentado na beira da cam a.
Slade estava em pé no j ardim , em choque absoluto. Um bebê. Não
era possível. Não podiam engravidar m ulheres. Eles tinham certeza
disso. A Mercile tentara várias vezes. Teriam dado um j eito se fosse
possível. Mas Trisha não m entiria para ele. Ele sabia que não o
enganaria intencionalm ente sobre algo tão im portante.

– Está feliz agora? – Brass cuspiu a gram a que tinha entre os


dentes, lim pando a terra. – Você a m agoou.

Slade olhou para o outro hom em .

– Eu não sabia.

– Você não estava por perto para saber. Não esteve em lugar
nenhum desde a recuperação dela. Foi quando vocês cruzaram ,
não?

Trisha está carregando meu bebê. Ele tentou deixar a ficha cair em
seu cérebro ainda cheio de choque.

– Você a tinha e a deixou. Já ouvi sobre atitudes idiotas, m as essa


é um a das piores. Você pode ganhar de m im num a luta, m as
nunca venceria um a batalha de inteligência com igo. Eu acabaria
com você – Brass disse, antes de andar a passos duros até a lateral
da casa e a m angueira.

Slade ficou ali paralisado, olhando para a casa. Queria ir atrás dela,
queria conversar com ela, até im ploraria para que ela perdoasse
suas palavras duras, m as ele nem sabia por onde com eçar. Cham
ara o filho dele de m erdinha.

Por que sempre faço tanta merda com ela? Que droga! Seu queixo
caiu até o peito e ele foi tom ado pela dor. Ele era seu pior inim igo.
Toda vez que abria a boca, parecia em purrar para longe a m ulher
que am ava, dizendo algo que a chateava ou m achucava.

Ele se virou, cam baleando até o j ipe, sabendo que precisava se


acalm ar e pensar. Tinha que dar um j eito de consertar as coisas.
Pulou no assento do m otorista, m as suas m ãos hesitaram . Ele
não queria deixá-la. Não podia. Deixou as m ãos caírem , m as
então as esticou até a chave novam ente. Raiva e dor o tom avam .
Parecia que ele não conseguia fazer nada certo quando se tratava
de Trisha. Talvez ele não a m erecesse, m as a queria tanto que se
sentia am argurado com a ideia de perdê-la para sem pre.

Ele ligou o m otor e saiu lentam ente com o veículo, m as voltaria.


Tom aria um banho, trocaria de roupa e se acalm aria. Pensaria m
elhor e encontraria um j eito de arrum ar a bagunça que seu tem
peram ento e ciúm e haviam criado.

Um bebê. Trisha vai ter o meu bebê. Um a sensação quente se


espalhou pelo seu peito.

– Ele foi em bora. – Moon a estudava. – Você está bem ?

– Perdi totalm ente a cabeça.

Ele fez que sim com a cabeça.

– Eu vi e ouvi.

– Com o está Brass?

– Harley está lá fora, aj udando-o a se lavar com a m angueira, m as


ele vai ficar bem . O que m ais sofreu ao apanhar foi seu orgulho, m
as Slade é m esm o um de nossos m elhores lutadores. Eu disse a
Brass que não há por que se envergonhar de levar uns cascudos do
m elhor de todos. Só deve haver um a sensação de vergonha
quando você perde para alguém m ais fraco.

– Sinto m uito por isso ter acontecido. – Trisha enxugou as lágrim


as. Moon se levantou e se aproxim ou lentam ente de Trisha.

– Não é sua culpa. Slade m ereceu suas palavras duras. Ele transou
com você e depois desapareceu. É ele quem deve ter vergonha,
não você. Você é um a dádiva, Trisha. Qualquer hom em se sentiria
sortudo se você se im portasse com ele e o deixasse te tocar do j
eito que ele tocou, m as ele j ogou isso fora. Foi idiota ao fazer isso.
Deite e descanse. Os suprim entos chegaram há alguns m inutos e
em breve vam os trazer sua j anta. Pense em seu bebê e não se
preocupe com Slade ou qualquer outra coisa. Nós vam os cuidar de
você. Tenho certeza de que assim que Slade esfriar a cabeça vai
voltar para conversar com você com calm a. Ele não queria, m as
seu cérebro voltou a funcionar. Acho que ele foi babaca daquele j
eito porque estava com um ciúm e louco, achando que você tivesse
deixado outro te tocar. Ele não teria sido tão cretino se não se im
portasse com você, e ele deve se im portar m uito, j á que foi tão im
becil.

Trisha não protestou quando Moon a cobriu depois que ela se


deitou, e ele deu um beij o em sua testa. Trisha sorriu para ele.

– Obrigada. A propósito, estou im pressionada.

– Com o quê?

– Acho que nunca te vi falar tanto de um a vez só.

Moon sorriu antes de voltar para o andar de baixo. Trisha tentou


relaxar. Não era fácil. Ainda estava m agoada pelo que acontecera.

Bem, agora Slade sabe sobre nosso bebê. Ela cum priu o que
Justice pedira e foi um desastre. Conteve as lágrim as. Jam ais
sonhou que daria a notícia de um a paternidade berrando com um
hom em cuj o bebê ela carregava, e ainda por cim a xingando-o.
Mas que… merda!

Será que Moon estava certo? Slade havia sido um cretino extrem o.
Se ele não se im portasse, não teria reagido tão violentam ente à
notícia da gravidez dela.

Doeu m uito quando ele im aginou que ela dorm ira com Justice.
Talvez ele achasse que ela dorm isse com hom ens por aí
frequentem ente. Se esse era o caso, ele não a conhecia.
Aquela coisa toda de “m inha” perm anecia presa em sua cabeça.
Ele disse que ela era dele quando atacou Bill no acam pam ento em
que ela quase fora estuprada. Depois, quando estavam lá fora, ele
gritou com ela, dizendo que ela sabia que era dele; m as, se ele
achava isso, por que a abandonou? Ele disse algo sobre protegê-la,
e ela só ficava m ais confusa quando tentava encontrar sentido

nas palavras dele. Ele queria dar tem po a ela? Ele disse que só o
tem po poderia dar a eles um a chance, ou algo parecido. Tempo
para quê? Para eu me sentir usada e idiota por achar que algo
significativo aconteceu entre nós?

Ela ouviu a m adeira da escada estalar um pouco depois e enxugou


as lágrim as.

Harley entrou carregando um copo de leite e com ida. Um cabo de


colher saía da tigela.

– Trouxe leite para o bebê e sopa para seu estôm ago aborrecido.
Moon m e disse que você passou m al a ponto de pôr para fora a
últim a refeição. Vou te trazer biscoitos com gotas de chocolate se
você segurar tudo isso na barriga. Eles m andaram um saco enorm
e deles. Disse para os caras guardarem pelo m enos um para você.

Trisha sorriu ao se sentar.

– Só um ?

– Talvez dois. Você está com endo por dois agora – Harley sorriu
para ela. –

Cuidado com isso, está quente. Não quero que se queim e.

Trisha olhou para ele com gratidão.

– Obrigada por ser m eu am igo.

– Am igo? Achei que pudéssem os fugir para Las Vegas e nos


casarm os com alguém vestido de Elvis. – Seu olhar brilhava ao
provocá-la. – Já providenciei tudo. Poderíam os com prar um
cachorro, um trailer velho e achar um lixão para m orarm os perto.
Ouvi dizer que é um ótim o lugar para arranj ar m obília. – Ele
arregaçou as m angas dos braços e expôs seus bíceps grossos. –
Arrum ei um espaço aqui para tatuar seu nom e e achei que você
pudesse tatuar o m eu na sua bunda. Assim eu poderia m esm o
dizer que essa bunda é m inha.

Trisha gargalhou. Moon subiu e sentou-se à beira da cam a,


segurando um prato de torradas com m anteiga. Colocou-o na cam
a, ao lado de Trisha, para que ela pudesse alcançá-lo facilm ente.

– Não é na bunda dela que você vai colocar seu nom e, Harley.
Peça para ela tatuar no braço. Assim , quando ela esquecer, vai
estar bem ali. Todos sabem os com o você não é nada m em orável.
Ela teria que ser um a contorcionista para ver seu nom e na bunda
dela.

– Se ela é um a contorcionista – Brass gritou ao subir os degraus da


escada –, então teria que casar é com igo. E não se casa com um
Elvis. É m au agouro, pelo que sei. Todos sabem que um casam
ento que com eça com um cara m orto term ina m orro abaixo. E por
falar em m orro, ela tem classe, não se esqueça.

Não vai com prar um trailer enferruj ado. Com pre um trailer de cinco
rodas e viva nele. Assim você pode desengatá-lo e não precisa rem
over o pátio toda vez que precisar ir a algum lugar.

Trisha quase se encolheu ao ver o rosto de Brass. Suas m açãs do


rosto e seu m axilar estavam com hem atom as, havia cortes em
todos os lados e um inchaço perto do olho. Ele não desviou seu
olhar do olhar preocupado dela e piscou.

– Ainda estou incrivelm ente bonito.

Ela riu.

– Sim , está.
Moon farej ou algo de repente. Seu olhar se virou para Brass e
Harley. Eles tam bém farej aram . Três pares de olhos se viraram
para a j anela, até que

voltaram para onde estavam .

Trisha ficou tensa.

– Sentiram cheiro do quê?

– Nada com que se preocupar – m urm urou Moon. – Apenas um


sinal de tem pestade lá fora.

– Ah. Espero que não tenha goteira no teto. – Trisha olhou para cim
a, para as telhas inclinadas, e de volta para os hom ens. – Se bem
que a cabana parece bem sólida, m esm o que por dentro sej a
velha.

– Tenho certeza que não tem goteira, Trisha. – Brass fez um gesto
na direção da com ida dela. – Com a.

Trisha com ia enquanto os hom ens a provocavam . Ela ria, ouvindo-


os falar ainda m ais absurdos sobre cenas de casam entos. Ela os
viu olhar pela j anela algum as vezes. Escureceu lá fora. As j anelas
continuavam abertas, m as ela não via raios, nem ouvia a chuva.

Trisha term inou toda a sopa, com eu as duas torradas e tom ou o


leite. Moon pegou os pratos.

– Vou te trazer biscoitos e m ais um pouco de leite, m as antes vou


correr um pouco. Gosto de um a boa corrida à noite. Pode esperar
pelo lanchinho?

– Sim . Obrigada.

Ele sorriu para ela e desapareceu na escada.

– Já sei – Harley deu um a risadinha –, você poderia se casar com


igo e iríam os m orar com seus pais. Ouvi dizer que hum anos que
m oram com os sogros sem pre têm um casam ento bem -sucedido.

Brass deu um tapa na testa.

– Onde você ouve essas m erdas nada a ver? Esse é um j eito


certeiro de acabar com um casam ento.

Trisha riu.

– Você correria para as m ontanhas ou faria coisa pior se


conhecesse m eus pais, e provavelm ente com praria um a arm a
para atirar neles. Não quero m e casar com um cara que vai passar
a vida na prisão.

– É – Brass concordou com a cabeça, sério. – Aí ela teria que se


divorciar de você por traí-la dentro da penitenciária do estado.

– Traí-la? – Harley pareceu confuso por um segundo e fez um a


careta. – Isso está… errado! Gosto de m ulheres.

– Depende de quem você pergunta. Um a vez, ouvi que alguns hom


ens encontram o am or verdadeiro atrás das grades. – Brass deu
um a piscadinha para Harley. – Você tem um a bela bunda. Tenho
certeza de que não sou o único hom em que vai achar isso.

– Nunca m ais vou m e abaixar na sua frente. – Harley m ostrou o


dedo para Brass. – E isso não é um a oferta. Tenho padrões m uito
m ais elevados.

– Chega – Trisha gargalhava. – Estão fazendo m inha barriga doer.


Por que não dão um tem po para ela e pegam nosso j ogo de
cartas? Eu estava m andando ver.

– Estava nada. – Harley se levantou. – Vou pegar as cartas. – Ele


andou até a escada. – Estávam os deixando você ganhar.

– Ele é um m au perdedor – sussurrou Brass.

– Eu ouvi isso!
Í
CAPÍTULO DEZESSEIS

Slade se virou quando Moon aproxim ou-se furtivam ente dele. O


vento soprava forte. Slade enganchou os dedões dentro dos bolsos
do j eans. Antes de retornar, havia ido para casa e trocado de roupa.

Moon respirou fundo.

– Está gostando de ficar aqui fora, ouvindo a gente anim ar ela?

Slade não disse nada.

– Você realm ente a m agoou ao fazer acusações grosseiras. Ela


nos trata com o se fôssem os irm ãos, e posso j urar que não há
nada entre ela e Justice. Estou no esquem a de segurança dela há
sem anas e ela só fica com a gente quando não está trabalhando.
Sabia que ela estava triste, m as não sabia o m otivo até hoj e. –

Ele fez um a pausa. – Você não devia tê-la deixado assim . Por que
faria isso? Ela é incrível.

Minutos se passaram .

– Eu tinha m edo que ela corresse perigo estando com igo. Na


época, fez sentido, m as não serviu para nada. Tem i pela
segurança dela, acim a de m eu desej o de estar com ela. Coloquei-
a em m uito m ais perigo, agora que ela está carregando m eu filho.
Ela será um alvo dos grupos de ódio e eu, sem saber, deixei-a em m
ais perigo ainda não estando lá quando ela precisava de m im . – A
voz de Slade ficou m ais delicada. – Tam bém quis dar um tem po
para ela ter certeza do que sentia por m im , m as eu tam bém
precisava m uito disso. Ela sabe que estou aqui fora?

– Não. Dissem os a ela que sentim os o cheiro de um a tem pestade


chegando. É

difícil querer m uito algum a coisa quando aprendem os que


qualquer coisa que valorizam os é tom ada de nós.
Slade concordou silenciosam ente.

– Ela acha que você a usou para sexo e que não liga para ela. Ela
está carregando seu filho e está m agoada. Entende que ela é um m
ilagre?

Slade virou a cabeça para olhar para o outro hom em .

– Claro que sei, caram ba.

– Mas você a deixou sozinha. – Moon chacoalhou a cabeça, enoj


ado. – Eu não deixaria que nada ficasse no m eu cam inho para ficar
com ela, nem m esm o m eu próprio m edo, se eu tivesse a sorte de
encontrar um a m ulher sem elhante a ela, que se im portasse com
igo. Sei tudo sobre perda, com nosso passado em com um .

Sei com o é apavorante sentir qualquer coisa, porque abre a


possibilidade de sentir dor. – Ele tom ou fôlego. – Eu arriscaria
qualquer coisa por um a m ulher que eu am asse.

– Ela foi atacada por estar associada a nós. Acreditei que estar com
igo só aum entaria o perigo. Não era só m eu m edo de m e prender
dem ais a ela.

– Ela sabia dos riscos ao aceitar o em prego. Ela é esperta, Slade.


Hom eland foi

atacada antes de ela chegar, e pode acontecer de novo. Ela vê as


notícias, vê os m anifestantes destilando o ódio a nós para qualquer
um que os ouça quando fazem am eaças, e m esm o assim ela veio
até nós. Deixou você tocá-la m esm o sabendo o que Ellie e Fury
encararam e ainda encaram . Ela estava presente quando Fury
levou os tiros no lugar da com panheira. Você pode ter achado que
estava sendo honroso, m as estava errado. Ela j á está em perigo e
o grau não im porta. O que realm ente im porta é que ela tenha um
hom em forte ao seu lado para protegê-la se alguém tentar atacá-la.
Você falhou nisso.

A dor correu por Slade ao ouvir aquelas palavras realistas.

– Ela não vai m e perdoar.

Moon olhou para a casa.

– Você precisa fazê-la entender o quanto se im porta e que


entendeu o quanto ela é im portante para você.

Slade olhou de relance para a cabana.

– Algum a ideia de com o fazer isso?

– Na verdade, sim . Vou entrar e falar com os caras. Tenho certeza


que vão fazer o que eu disse. Eles se im portam com Trisha e
querem que ela fique feliz.

Acho que você pode fazê-la entender, se a am a o tanto que acho


que am a. Pode não pegar m uito bem com Brass, no entanto,
porque ele é m uito próxim o dela.

Pare de rosnar. Não há nada entre eles.

– O que você tem em m ente?

– Vou falar com eles e vam os acam par aqui fora hoj e à noite
depois que ela for dorm ir. Você vai entrar lá e conseguir sua m ulher
de volta quando ela estiver sozinha.

Trisha virou-se na cam a e encostou em um corpo m orno. Suas m


ãos tocaram um a pele quente e nua. Ela arfou ao abrir os olhos, m
as estava escuro dem ais para enxergar. Adorm ecera em algum m
om ento e os hom ens haviam descido.

Ela recuou rapidam ente.


– O chão estava duro dem ais para você? É m elhor que estej a
vestido da cintura para baixo – avisou ela ao suj eito em sua cam a.
Ela desej ou ter a visão e o olfato aguçados deles para determ inar
com qual dos três ela falava.

– Hm m m – a voz m urm urou baixinho. O corpo se m exeu para m


ais perto e um braço passou por cim a de sua cintura.

– Ei – protestou Trisha, em purrando-o pelo peito. – Role para o


outro lado. Não ligo de dividir a cam a, m as não sou um travesseiro
para você se enrolar.

Ele não abriu espaço entre eles.

– Estou tentando dorm ir um pouco, docinho. Vai ser im possível


com você m e em purrando.

Trisha se surpreendeu e tentou se sentar, se atrapalhando com a m


ão para acender o abaj ur na cabeceira. O braço saiu de cim a de
sua cintura e ela se

virou para longe. Seus dedos roçaram na base do abaj ur, que
quase caiu na pressa. Sem ver nada, ela procurou o interruptor e
apertou-o. A luz a cegou por alguns segundos.

Ela se virou e olhou estarrecida para Slade, que estava com o peito
nu. Um corpo bronzeado e m usculoso se exibia até a cintura, onde
o lençol se j untava e cobria o resto dele. Ela não tinha certeza se
ele estava vestindo calças e não quis saber. O fato de ele estar em
sua cam a deixou-a chocada.

– O que está fazendo? – Ela não podia acreditar que ele estava
esparram ado em sua cam a. – Com o chegou aqui?

– Passei pela porta de entrada, que aj udei a consertar depois que


você adorm eceu. – Slade estava deitado de lado. Apoiou a cabeça
na m ão de seu braço curvado e sorriu para ela. – Apague a luz.
Estam os no m eio da m adrugada e quero te abraçar.
Trisha olhava em basbacada para ele.

– Você m e deixa sozinha e desam parada e agora quer m e


abraçar? Ousa subir na m inha cam a? Você existe m esm o?

– Sim .

– Ficou louco? Eu não. Cai fora!

– Venha aqui, docinho.

Trisha tentou escalar para fora da cam a, m as Slade agarrou-a


delicadam ente, encostando as costas dela no colchão. Prendeu-a
sob seu corpo grande e quente, com cuidado para não m achucá-la.
Duas coisas ficaram instantaneam ente claras para Trisha: a prim
eira, que Slade estava totalm ente nu; a segunda, que ele estava
excitado, pois ela sentia o volum e grosso e quente da ereção dele
na parte de dentro de sua coxa. Onde sua cam isola subira, os
corpos deles se tocavam . Ela tom ou fôlego, m ais do que surpresa
por ele ousar aquela artim anha.

– Senti saudades. – O lindo olhar dele estudou o dela e sua voz saiu
rouca.

Quero odiá-lo por falar com essa voz tão sexy e estar tão atraente.
Lembre-se: ele me abandonou. Isso não foi nada excitante ou sexy.
Foi frio e maldoso.

– Você sabia onde m e encontrar. – Trisha abriu as m ãos no peito


dele, em purrando-o com toda sua força, m as ele nem se m exia
enquanto ela o olhava.

Ela cerrou os dentes. – Vou gritar por socorro se não sair de cim a
de m im .

– Espero que sua voz saia bem alto, porque eu os m andei para
longe. Queria que ficássem os sozinhos. Dessa vez, não quero ter
que cobrir sua boca com a m inha m ão.
A lem brança da vez que ele fizera isso para m antê-la em silêncio
enquanto a com ia foi im ediata. O corpo dela respondeu no m esm
o instante. Sentiu um puxão na barriga e ficou com ódio, querendo
odiá-lo. Ela olhou nos olhos dele.

– Você m e deixou e agora m e quer de volta? É o que está


dizendo? Por quanto tem po? Vou acordar de m anhã e então o
quê? Não vou te ver de novo por várias sem anas? Talvez m eses?
Não. Saia de cim a de m im , Slade.

Ele se m exeu para se certificar de que não esm agaria a barriga


dela e segurou seu rosto com as m ãos.

– Eu estava com m edo. Você m e assusta pra caram ba, essa é a


verdade.

– Com m edo? – Ela respirou fundo, tentando se acalm ar, e lutou


contra a enorm e vontade de socá-lo. Estava quase fazendo isso. –
Então estava com

m edo? De quê? É bem m ais alto e m ais pesado que eu. Foi ter m
edo do quê?

– Estar com igo te deixa num perigo m aior. Esse foi o principal m
otivo de eu ter ficado longe de você. Você quase m orreu na floresta,
podia ter m orrido quando a SUV capotou, e eu não queria ser a
causa de você ser um alvo para m ais filhos da puta.

Ela apenas olhava fixam ente para ele, tentando absorver as


palavras. Não im portava, no entanto, porque ele a havia m agoado.
Ela não deixaria que ele fizesse isso de novo.

– Foi m ais do que isso, no entanto. Tive m uito tem po para pensar.
Nunca ousei m e apegar a algo ou alguém . Vi m uitas m ortes e m
uita dor. Nunca possuí nada, nunca pude contar que haveria alguém
ali para m im nos m om entos ou dias seguintes. Se aqueles cretinos
que m e aprisionavam percebiam que eu m e im portava com outra
pessoa no centro de testes, usavam isso contra m im .
Caram ba, usaram isso contra todos nós para tentar nos controlar.
Sei que você não entende m uito bem o que um a vida inteira disso
faz com alguém , m as posso te dizer que m e estragou bastante.
Sou destram belhado. Estava com m edo do que eu queria de você
e de que talvez você não sentisse essas em oções tão fortes.

Quis te dar tem po, m as era eu quem precisava. Achei que, se m e


afastasse, pararia de pensar em você e que você estaria m ais
segura sem m im . Disse a m im m esm o que você estaria m elhor
se eu não fizesse parte da sua vida. Não foi o que aconteceu.

A honestidade dele a surpreendeu e um pouco da raiva dela


passou. Ela não sabia o que responder, m as seu coração derreteu
um pouco com o olhar sincero que ele lhe deu, com um a óbvia dor
se fazendo ouvir em sua voz, e ela tinha que adm itir que ele tinha
um passado bem conturbado. Ele adm itiu isso prontam ente, sabia
dos próprios defeitos, e isso am enizou a determ inação dela de se
m anter zangada.

– Você prom eteu que viria, m as não veio. Você m e m agoou,


Slade. Nem m esm o falou com igo. Com o espera que eu não fique
brava e chateada?

– Eu planej ei ir te ver assim que retornasse a Hom eland, m as


precisei ir a um a reunião prim eiro. Justice exigiu. Eu os ouvi
dizendo com o e por que você se tornara um alvo dos hum anos.
Com ecei a pensar em com o eu m e sentiria se você fosse m orta
por estarm os j untos. Perdi a cabeça, doutora.

– Pare de m e cham ar assim . Meu nom e é Trisha. Use-o.

Os dedos dele roçaram no rosto dela.

– E eu te disse que só te cham aria de Trisha quando estivesse


dentro de você. –

Ele abaixou o rosto. – E quero desesperadam ente estar dentro de


você. Sentir você e seu gosto. Tem tanta coisa que nunca tivem os a
oportunidade de fazer.

Quero que você diga m eu nom e gem endo e quero te ouvir gritar
de prazer.

Preciso te m ostrar o quanto você significa para m im e o quanto


senti sua falta.

Me deixe fazer isso, por favor.

– Por favor, Slade. – Ela fixou os olhos nos dele. – Não faça isso
com igo. Você m e m agoou quando prom eteu que voltaria, m as
não voltou. Tive que m atar dois hom ens e tive fé de que você viria
m e aj udar, m as você não fez isso. Dois outros hom ens tiveram
que m e salvar, e ainda assim tive esperanças de que você
apareceria. Eu precisava de você. Passei m al de preocupação até
m e contarem

que você tinha sido encontrado com vida. Esperei você vir até m im
quando m e disseram que estava de volta em Hom eland, m as você
m e esqueceu.

– Voltei sim quando você atirou naqueles filhos da puta. Ouvi os


tiros, m as percebi que Flam e e Sm iley tinham chegado até você
antes de m im . Eu queria te salvar, m as você não precisava de m
im . – Ele fez um a pausa. – Tam bém não queria que você m e
visse naquele estado. Eu tinha m atado vários hom ens. Estava com
m edo que m e visse com o sangue, que isso te fizesse repensar
sobre estar com alguém capaz de tanta violência e que não
acreditasse que eu j am ais faria algum a coisa para te causar dor.
Não sou totalm ente hum ano e… – Ele pausou, com um a
expressão dolorosa enrugando seu lindo rosto. – Foi m elhor você
não ter m e visto daquele j eito. Apenas acredite em m im . Quero
ser o hom em que você desej a, não o que tem e.

A determ inação dela se am enizou ainda m ais. Ele está inseguro


sobre o que é e como eu o vejo. Ele não é tão insensível, afinal de
contas. Ela respirou fundo.
– Slade, sei o que você é. Sei que não é totalm ente hum ano, m as
aceitei isso.

Me senti acabada por ter m atado aqueles hom ens e tudo o que eu
queria depois daquilo era você. Eu precisava de você. Você só se
afastou de m im com o se eu não fosse nada. Não sei com o pôde
fazer isso, se você se im porta com igo.

– Você estava a salvo. Isso era o que m ais im portava para m im .


Eu tinha certeza que a assustaria no estado em que eu estava
naquele m om ento, e decidi voltar para a floresta para achar o resto
dos cretinos e m e certificar que não seriam m ais um a am eaça
para você. Na hora, achei que fosse a escolha certa.

Com eti um erro.

– Você m e deu sua palavra e m entiu para m im .

– Eu sinto m uito. Parecia a decisão certa no m om ento. Além


disso, estava m uito fora de controle para esconder m eu sentim
ento de posse por você.

Qualquer um lá teria entendido que tínham os um a ligação.

– Então você não queria que ninguém soubesse o que aconteceu


entre a gente?

– Um choque de raiva e dor a percorreu. – Bem , adivinha? Agora


algum as pessoas sabem . Aposto que isso te deixa m uito hum
ilhado. Sei que um Nova Espécie dorm ir com um hum ano não é
algo “PC”, certo?

– O que é “PC”?

– Politicam ente correto. Alguns de vocês j uraram nunca tocar em


hum anos.

Isso… Ah, caram ba, sai de cim a de m im . Tam bém odeio te


contar isso, m as seus hom ens sentiram m eu cheiro e souberam
que eu tinha feito sexo. Prim eiro acharam que eu tinha sido
estuprada. Não contei nada a eles, apenas que não foi isso. Deixei
seu nom e de fora m esm o ao saber da gravidez, m as Justice se
lem brou do m eu cheiro naquela noite em que m e levaram de volta
a Hom eland.

Prim eiro, ele achou que Brass fosse o pai m as, quando eu disse
que ele nunca havia m e tocado de form a sexual, Justice soube que
era você. Seu cheiro era o único m ais forte em m im .

– Não diga palavras que eu nunca disse ou nem m esm o pensei.


Não tenho vergonha de você, doutora. Não ligo para o que é “PC”.
Eu estava tentando proteger sua natureza hum ana. Sei que m
ulheres hum anas são m uito discretas sobre sua vida sexual, e
estar com igo te coloca em grande perigo. Ellie e Fury são prova
disso. Eu tam bém estava tentando te proteger do que Ellie e Fury

passaram quando ficaram j untos. Todo m undo enchia eles por


causa da vida sexual e, caram ba, toda vez que Fury tocava nela
parecia que alguém o acusava de m achucá-la. Eu não queria que
aqueles hom ens achassem que era isso que tinha acontecido entre
nós, e eu não tinha certeza se havia hum anos envolvidos no nosso
resgate que poderiam nos ver j untos.

– Confiei em você um a vez e agora sei que não posso. Eu…

Slade levou sua boca até a dela e seus lábios roçaram uns nos
outros. Ele falou contra eles.

– Sou ruim com palavras, docinho, m as acredite nisso. – Ele então


forçou a boca dela a se abrir sob a dele.

Trisha tentou não sentir, m as era um beij o de Slade. Ela o queria e


o am ava apesar de toda a dor que ele lhe causara. Ela sem pre
soube que não seria fácil lidar com a atração que sentia por ele,
com ele sendo um Nova Espécie e ela, não. Eram de m undos
diferentes, m as quando ele a tocava, aquelas diferenças pareciam
derreter, até que só eles sobravam . As m ãos dela se esticaram no
peito dele, curtindo a sensação quente de sua pele enquanto ela
com eçava a beij á-lo de volta. Sua boca se abriu m ais, adm itindo
que o ím peto guloso dele a seduzisse.

Um gem ido escapou do fundo da garganta dela.

As m ãos de Slade a acariciaram e o corpo dele se virou, m ovendo


o dela j unto, até que, deitados de lado, ficaram de frente um para o
outro. Suas bocas não se abandonaram , e a língua dele seduzia
ainda m ais a paixão dela. As m ãos dele agarraram a cam isola e
rasgaram o tecido. Ele segurou os seios dela com as m ãos. Dedos
fortes am assavam a carne m acia dela.

Trisha interrom peu o beij o, ofegante.

– Slade?

– Não m e diga para parar, por favor. Preciso de você. Não faz ideia
do quanto te quero, Trisha. Senti tanto a sua falta que até doía.
Estou m orrendo de desej o por você.

Ele abaixou a cabeça, sua língua passou pelo seio dela e todos os
pensam entos deixaram a m ente de Trisha quando a boca dele se
fechou sobre o m am ilo. Ele sugava forte, fazendo a barriga dela se
apertar e queim ar ainda m ais de desej o, e depois a m ordiscava
de leve. O corpo inteiro dela respondia aos beliscões de prazer, que
corriam diretam ente ao cérebro. Ela gem eu m ais alto, passando
as m ãos pelo peito e pelos om bros dele, e enterrou as unhas na
pele. Sua m ente avisava para em purrá-lo para longe, m as em vez
disso ela o trazia para m ais perto.

Slade tirou a boca do seio dela. Trisha protestou choram ingando.


Seu corpo doía de tanto querê-lo. Seus olhos se abriram e
descobriram Slade observando seu rosto atentam ente. A paixão em
seu olhar quente a excitou ainda m ais. Ele parecia m eio selvagem ,
lindo de um j eito vigoroso, e as presas saindo de seus lábios
abertos faziam coisas m aravilhosas a ela.
– Você é tão linda. – Ele se aj oelhou na cam a, soltando-a, m as
agarrando-a de novo com o se não pudesse deixar de tocá-la. – Não
quero m achucar nosso bebê.

– Ele sorriu. – A propósito, estou feliz por term os criado um .

Trisha deixou que ele a colocasse de j oelhos. Slade virou o corpo


dela facilm ente nos braços, levantando-a até que ela ficasse de
costas para ele,

pressionada contra seu peito. Ele se livrou da cam isola destruída, j


ogando-a em um canto. Suas m ãos deslizaram até os seios e ele m
ordiscou-a no pescoço. Seus lábios, sua língua e seus dentes
seduziam e provocavam aquela pele sensível.

Trisha gem eu quando os dentes dele a m orderam . Ele não feria a


pele, nem a m achucava, m as o beliscão de sua m ordida dava um
a sensação incrivelm ente erótica. A língua dele pincelava a pele
presa entre os dentes, até que ele foi a diferentes pontos no
pescoço, provocando-a de leve com m ordiscadas delicadas.

As m ãos dele deslizaram m ais para baixo e pararam na curva do


quadril.

O tecido na pele dela foi puxado quando os dedos dele se


engancharam na lateral da calcinha. Slade rasgou-a e tirou-a do
corpo dela com facilidade, e j ogou-a para fora da cam a. Suas m
ãos viaj aram m ais para baixo e foram até o interior das coxas
delas, e ele as agarrou delicadam ente.

– Abra m ais para m im , docinho. Quero tocar sua boceta. Sinto o


cheiro do seu calor e quero senti-lo. A lem brança dele m e torturou
e m e m anteve acordado em todas as noites que não estive com
você. – Ele rosnava as palavras.

Ela afastou m ais os j oelhos. Tom ou fôlego e segurou a respiração


quando as m ãos de Slade deslizaram lentam ente m ais para cim a
de suas coxas, querendo que ele fosse direto para a parte boa.
Desej ou-o por m uito tem po para ele ficar enrolando. Queria que
ele a tocasse, precisava disso, doía de vontade que ele fizesse am
or com ela. Com eçou a respirar forte e se perguntou se m orreria se
ele não a tocasse logo. Os dedos dele encontraram seus lábios
vaginais. Eles estavam escorregadios de desej o, e ele os separou
com dois dedos, esfregou a abertura e dirigiu-se ao clitóris inchado.

Trisha gem eu alto e pressionou a cabeça contra o om bro dele.

– Isso.

– Sim – ele rosnou atrás dela, dando a garantia de que não


pretendia parar. –

Nunca m ais vou te deixar, Trisha. Nunca. Você é m inha.

Os dedos dele se abriram e pinçaram o ponto sensível, esfregando-


o e puxando-o delicadam ente. Trisha gem eu m ais alto, em purrou
a bunda contra as coxas dele e sentiu aquele pau pesado e duro
pressionado contra suas costas. Seus m am ilos endureceram tanto
que com eçaram a doer.

– Por favor? Preciso de você – sussurrou ela. – Continue com isso,


m as tam bém quero você dentro de m im .

– Pode deixar – rosnou ele, com a voz profunda e anim alesca.

A necessidade que se fez clara na voz dele apenas a fez querê-lo


ainda m ais.

Esse era o Slade que a excitava, o hom em que ela desej ava e de
quem sentiu falta. Ele se afastou um pouco, j untou os j oelhos entre
as pernas abertas dela e rosnou novam ente.

– Vou te foder, Trisha. Mas não quero te m achucar. Vou sentar e


quero que você m onte em m im para controlar o quão fundo entro
em você.
Slade lentam ente se abaixou, se sentou nos calcanhares e puxou-a
lentam ente até que ela se sentou de pernas abertas sobre ele,
encarando-o. Um a das m ãos guiava os quadris dela, enquanto a
outra continuava a alisar o clitóris, até que ele agarrou a base do
pau.

Trisha olhou para baixo e a visão dele pegando na base daquela


grossa ereção deixou-a m ais m olhada e com m ais vontade de tê-
lo enterrado em sua boceta.

Ela segurou na parte de cim a da coxa dele para m anter o


equilíbrio, inclinou o quadril e abaixou, enquanto ele direcionava a
cabeça do pau na entrada dela.

Trisha desceu no colo dele e Slade adentrou-a lentam ente.

Ela gritou de prazer quando ele penetrou sua boceta, com seus
corpos se aconchegando conform e ela descia m ais e com a leve
ardência de ser aberta por algo tão rígido. Trisha colocou o rosto no
pescoço de Slade e pressionou as costas contra o peito dele. Ela
gem ia, sentindo aquele pau grosso e duro deslizando m ais fundo
em sua boceta m olhada e receptiva, enquanto seu corpo sentava
totalm ente no colo dele até sua bunda repousar naquelas coxas.
Ela estrem ecia.

– Slade!

– Calm a, querida. Bem devagar, m esm o que m e m ate. – Ele


soltara o pau para que ela se sentasse totalm ente, e usou a m esm
a m ão para passar pela coxa dela, voltando a brincar com o clitóris.
Ela choram ingava, m orrendo de vontade de gozar.

– Tão quente, tão apertada – rosnou ele. – Tão m inha. – Seus


lábios roçavam no om bro de Trisha enquanto ele rosnava contra a
pele dela. Seus dedos continuavam a provocar o clitóris dela e ela
com eçou a balançar o quadril lentam ente para cim a.

– Slade – gem eu ela.


– Estou aqui Trisha – disse ele, com a voz estridente. Sua m ão livre
correu pela barriga dela e apalpou o seio para acariciar o m am ilo
sensível. – Rápido ou devagar? Me diga o que quer.

– Mais rápido – ela gem eu.

Slade penetrou em Trisha com m ais força, dedilhou m ais rápido o


m onte de nervos entre as coxas dela para m anter o ritm o com o
do quadril, que se m exia.

Trisha gem eu m ais alto. A sensação dele dentro dela enquanto ele
acariciava seu clitóris foi se tornando incrivelm ente intensa. Ela
agarrou as coxas dele para se segurar em algo enquanto ele
entrava e saía dela m ais rápido e m ais profundam ente.

Trisha quase gritou quando atingiu o clím ax e seus m úsculos


vaginais se apertaram com força em volta da espessura dura do
pau. Ondas de prazer a golpeavam conform e ele inchava dentro
dela. As m etidas dele dim inuíram para m ovim entos profundos e
violentos, e seu corpo inteiro ficou tenso. Sua m ão soltou o seio
dela, seu braço enganchou-a pela cintura para prendê-la contra o
colo e seu corpo deu espasm os violentos sob o dela ao gozar.

– Trisha – rosnou ele.

Eles se aquietaram , e foi quando Trisha notou a sensação quente


do sêm en dele se espalhando dentro dela enquanto ele continuava
gozando, enchendo-a com o líquido quente que liberava. Pareceu
durar um m inuto inteiro e eles continuavam grudados um ao outro.
O corpo dela trem eu quando Slade m oveu as m ãos por ele,
apertando-a na cintura, escorando-a m ais firm em ente em seu
colo. Ele deu um beij o no om bro dela. Os dois ofegavam .

– Senti sua falta. – Ele respirava contra a pele dela. – Nunca m ais
vou te deixar. Nunca m ais, Trisha. Prefiro m orrer a ficar longe de
você. Juro que vou te proteger com a m inha vida e não vou
estragar tudo de novo. Aprendi o quanto você significa para m im .
Ela soltou as coxas dele e segurou nos braços que estavam em sua
cintura.

Um a parte dela tinha m edo de acreditar nele, m as ela realm ente


queria. Ela o am ava. Às vezes é preciso arriscar. Você nunca vai
saber se não der pelo menos mais uma chance a ele. Ela m ordeu o
lábio antes de soltar um profundo suspiro.

– Essa é a últim a chance que te dou. Estou falando sério. Não vou
dar outra se m e m agoar de novo. Se der m ais um perdido, chega.
Vai ser o fim para m im .

Ele deu um a risadinha.

– Não vou fazer isso. Apenas vou ficar bem onde estou agora. Entre
o sexo e o inchaço depois dele, vou ficar grudado em você o tem po
todo. Eu poderia ficar abraçado assim em você para sem pre.

– Em algum m om ento vou ter que com er.

Ele riu.

– Não vou deixar você m orrer de fom e.

– Bom saber.

– Você vai precisar da sua força.

Slade ficou abraçado em Trisha até que o corpo dela com eçou a
envergar e ele percebeu que ela estava caindo no sono. O inchaço
na base do pênis havia desaparecido. Ele aj eitou as m ãos nela e
com cuidado a levantou do colo e colocou-a de lado. Os olhos azuis
dela encontraram os dele e ela sorriu delicadam ente.

Ele quase engasgou com as em oções, ficando im possibilitado de


falar. Ela era tão linda para ele, e tão frágil. Carregava seu filho no
útero. Esse fato ainda o deixava surpreso e com um sentim ento de
subm issão. Ela dera a ele o presente m áxim o. Dera a ele o corpo
e um futuro com ela. Seus lábios se curvaram em um sorriso e ele
pigarreou.

– Vou apagar a luz. Você precisa de bastante descanso, doutora.

– Trisha. – Ela fez um beiço de irritação.

– Desculpe, Trisha – sorriu ele. – É difícil deixar hábitos antigos e,


em m inha defesa, não estou m ais dentro de você.

– Vai usar m eu nom e enquanto estiver na m inha cam a, a não ser


que queira dorm ir no chão.

– É j usto. – Um sentim ento de diversão e de alegria se m isturava


dentro dele.

Ela o aceitara de volta, o perdoara, e ele não tinha certeza de que m


erecia. Ele tinha bagunçado tudo. Apesar das boas intenções, se
arrependia das escolhas que fizera. – Vou apagar a luz e vam os
dorm ir.

Ela iria dizer algo a ele m as, quando seus lábios se abriram , o que
saiu foi um bocej o. Ele desligou a luz e esticou os braços em
direção à sua m ulher. Puxou o corpo exuberante dela contra o seu,
passou os braços em volta da cintura dela e ficou de conchinha.
Não dava para chegar ainda m ais perto. Ele não queria nenhum
centím etro de espaço entre eles, e ela perm itiu que eles se

aconchegassem de lado.

– Senti m uita saudade – confessou ele, baixinho com a boca no om


bro dela, onde ele apoiava o queixo, inalando o perfum e dela. –
Pensei em você sem pre.

– Tam bém senti saudade e não conseguia te tirar da cabeça. Odiei


quando m e abandonou.
Ele se encolheu ao ouvir o tom de voz doloroso dela.

– Me desculpe, docinho. Não vai acontecer de novo. Juro pela m


inha vida. Fiz um a decisão estúpida, m as não vai acontecer outra
vez. Fiquei m ais esperto.

Ela ficou em silêncio nos braços dele por um longo m om ento.

– Você está bem sobre o bebê?

A incerteza na voz dela o atorm entou. Ele fizera isso a ela, a fizera
questionar o laço que tinham .

– Estou em ocionado.

– Eu tam bém , m as estou com m edo.

– Eu vou te proteger. – Um m om ento de raiva passou rapidam ente


por ele ao pensar nela em perigo. – Ninguém vai te m achucar. Vão
m orrer se tentarem .

A m ão pequena dela pegou no braço que a segurava pela cintura,


tracej ando a pele dele.

– Não é disso que tenho m edo. E se algo der errado com o bebê?
Sei que o quero desde que o vi pelo ultrassom , Slade. Há tanta
coisa que pode acontecer.

Sou m édica, sei que…

– Vai ficar tudo bem – ele a interrom peu. – É nosso bebê, um m


ilagre, e a vida j á foi bem cruel com igo. Me recuso a perder você
ou nosso filho. O destino nos deu um a trégua.

O silêncio dela o preocupou, m as então ela suspirou.

– Pensam entos felizes?

Ele acariciou o pescoço dela com o nariz.


– Sim , pensam entos felizes, Trisha. Estam os j untos e é isso que
im porta.

Ele percebeu quando ela adorm eceu. A respiração dela m udou e


os dedos se aquietaram . Ele puxou-a m ais para perto do corpo,
com cuidado para não esm agá-la, m as queria se enrolar nela ainda
m ais. A m ulher em seus braços era a sua vida… e m orte. Ele faria
qualquer coisa para estar com ela e m ataria qualquer um que
tentasse se colocar entre eles.

CAPÍTULO DEZESSETE

– Não – rosnou Slade. Seus olhos exibiam sua raiva. – Vou ficar e
protegê-la.

Você vai fazer m eu trabalho no canteiro de obras.

Brass rosnou de volta.

– Não vou lidar com todos aqueles hum anos.

Trisha chacoalhou a cabeça para os dois hom ens, que estavam a


ponto de brigar de novo. Ela suspirou.

– Meninos? Podem , por favor, não brigar na sala? Já perdem os um


a m esinha de centro e quero preservar o sofá porque ele é
confortável.

– Desista – riu Harley. – Eles vão brigar.

Moon tinha os braços cruzados sobre o peito, parecendo entediado.


Ele balançou a cabeça para Trisha.

– Quer pipoca? – Harley foi até a cozinha. – Adoro com er assistindo


a um a boa briga.

– Vou querer um pouco – grunhiu Moon.


– Parem – suspirou Trisha. – Não vai ter quebra-quebra nenhum
nesta sala.

Pelo m enos façam isso no j ardim , se estão tão determ inados a se


pegarem .

Slade? Está m e ouvindo? Brass? Vam os lá, gente. Sem brigar na


cabana.

O olhar de Slade se m oveu até Trisha.

– Não vou te deixar. Diga a ele para ir tom ar conta dos proj etos de
Justice. Ele consegue m andar um m onte de hum anos construírem
as coisas a tem po o tanto quanto eu. Eles respondem bem quando
rosnam os e m ostram os os dentes.

Motiva-os a trabalharem m ais rápido para saírem de perto da gente.

Brass xingou.

– Não faço ideia dos proj etos que precisam ser tocados. Tudo o
que eu disse foi que você pode sair para fazer seu trabalho de dia e
ficar com ela à noite.

– Ela é m inha – rosnou Slade. – Está m e dizendo quando posso


ficar com ela?

Nem tente. Você não palpita nada sobre a m inha m ulher.

– Estou dizendo que posso cuidar dela enquanto você está no


trabalho. Você tem um em prego, lem bra? Ela não precisa que nós
quatro fiquem os aqui a vigiando. Ela está segura na Zona
Selvagem , Valiant prom eteu que iria falar com os outros e que ela
seria protegida por todos eles. Me assegurou de que nenhum hum
ano se aproxim aria.

Slade não parecia convencido.


– Precisa que eu m ostre quem pode protegê-la m elhor? Quer que
eu te use para esfregar o chão de novo?

– Chega! – Trisha berrou, finalm ente perdendo a paciência. Sabia


que não eram exatam ente hom ens norm ais, m as sua natureza
dom inante com eçava a irritá-la. Ela olhou para Slade. – Você, pare
de bater no peito e de am eaçar m eus am igos. – Depois a atenção
dela se fixou em Brass. – E você, pare de atiçá-lo. –

Ela suspirou, abaixando a voz ao olhar com atenção para Slade. –


Você tem sim um em prego e estou bem aqui. Não vej o por que
você não pode ir trabalhar e vir ficar com igo no fim do dia.

– Está bem – rosnou Slade. – Fique com seu am igo no m eu lugar.


– Ele andou a passos duros até a porta.

– Slade? Pare de pensar assim – gem eu Trisha. – Não é isso. Por


favor, apenas…

Slade girou ao chegar à porta.

– Te vej o à noite.

Ele saiu e bateu a porta. Trisha foi até o sofá e se j ogou nele,
xingando baixinho. Ela sentia três pares de olhos em cim a dela e
olhou de volta para eles.

– Por que o que ele disse soou com o um a am eaça?

Moon deu um sorrisinho para Trisha.

– Porque foi.

– É – concordou Harley. – Você vai se ver com ele hoj e à noite. –


Ele tirou a pipoca do m icro-ondas. – Mas duvido que eles nos deixe
assistir ao que quer que sej a que ele está planej ando fazer com
você para ficarem quites. Mas gosto de ver pornografia. Aposto que
seria um belo show. Que pena.
– Pornografia? – Trisha cuspiu, lançando um olhar a Harley. – Não
tem graça.

– Ele não vai te m achucar, m as… – Moon piscou para ela. –


Aposto que ele vai pensar em algo bom para fazer com você. Vai
querer te convencer a escolhê-lo da próxim a vez, se a questão é a
sua escolha.

Ela franziu a testa.

– O que isso quer dizer?

Brass riu.

– Som os agressivos e com petitivos. É da nossa natureza. Ele


provavelm ente vai fazer algo que acalm e o orgulho dele.

– O orgulho dele? Eu não estava escolhendo você no lugar dele. O


que você acha que ele está planej ando? Vam os, gente. Pelo am or
de Deus, eu sou m édica.

Parem com essas charadas. O que acham que ele vai fazer com
igo?

– O que eu acho? – Moon sorriu. – Ele vai te excitar até que você im
plore para que te com a. Vai querer te m ostrar a quem seu corpo
pertence e por que ele é o seu m acho. E então vai consertar o
orgulho dele onde você danificou.

– Ele é um canino – riu Harley. – Sei o que eu faria com um a m


ulher se eu quisesse m ostrar a ela que estou no com ando. Eu m
ontaria nela e…

– Harley ! – Brass rosnou, dando um olhar am eaçador para ele. –


Cale a boca.

– O quê? Eu só ia dizer que iria m ontar nela até que ela não
conseguisse m ais nem andar. – Ele piscou para Trisha. – Nós,
cachorros, tem os m ais tesão que o diabo, e podem os ficar horas
nessa.

Brass rosnou e tinha um a expressão de noj o ao olhar para Trisha.

– Nunca pergunte a um cachorro sua opinião sobre sexo. Grande


erro.

Trisha riu.

– Estou com fom e. Mais alguém quer café da m anhã? – Ela


levantou um a sobrancelha para Harley e sua pipoca. – É noj ento
com er isso a essa hora da m anhã.

– Não é café da m anhã, pô. Eu estava no turno da noite, vou dorm


ir depois de

com er isso. Esse é m eu lanchinho da noite.

Slade olhava fixam ente para a m esa, certo de que Trisha só podia
estar tentando deixá-lo louco. Ele odiava ficar em lugares cercados
de m uros, e o escritório tem porário nada m ais era que um a
grande caixa retangular com rodas.

O lugar inteiro cheirava a hum anos e, por m ais que ele estivesse
se adaptando a isso, não queria ficar perto de nenhum , pois não
confiava neles totalm ente. Virou a cabeça para observar os quatro
que trabalhavam nas outras m esas. Dois estavam ao telefone, um
dava goles no café e o outro coçava a cabeça enquanto olhava para
as plantas abertas em sua frente.

– Algum problem a, Richard?

O hum ano tirou os dedos do cabelo.


– Não, só estou tentando pensar em com o vam os term inar o clube
a tem po. Já disse várias vezes ao senhor North que ninguém
consegue construir um a coisa desse tam anho em poucos m eses.
Tem os toda a estrutura pronta, m as ainda há m uito a fazer.

– Do que vam os precisar? – Slade suspirou. Ele j á sabia a


resposta: m ais dinheiro para contratar m ais gente para trabalhar
dia e noite.

– Acho que vam os conseguir, m as reze para que o tem po continue


bom . Um a tem pestade e estam os ferrados. Vai nos atrasar.

– Então qual é o problem a?

O hum ano hesitou.

– Estam os tendo alguns problem as de grande azar.

– Do tipo…? – Slade levantou um a sobrancelha.

Richard m ordeu o lábio.

– Alguém anda ferrando com o lugar.

Slade ficou tenso, alarm ado.

– Que tipo de problem a? O que está havendo? Por que só estou


ouvindo isso agora?

– No com eço, achei que o que estava dando errado era só


acidental. As equipes estão trabalhando sete dias por sem ana,
doze horas por dia. Achei que talvez um ou dois estivessem fazendo
coisas erradas por estarem cansados, m as continua acontecendo.
Estou com eçando a achar que não é tão inocente. Hoj e de m anhã,
um dos caras se m achucou porque um a das escadas estava com
problem a. Ele está bem , m as tivem os sorte de ela ter quebrado
assim que ele pôs o pé nela. Ele podia ter m orrido se tivesse subido
m ais ou se estivesse no terceiro andar. Inspecionei a escada e
concluí que alguém a danificou de propósito.
– Você devia ter m e inform ado antes. – Slade pegou o telefone. –
Vou m andar alguns oficiais lá para ficarem de olho. Isso deve
dissuadir a pessoa de fazer m ais estragos.

– Obrigado.

Slade assentiu com a cabeça. Tinha m edo de que algo ruim


acontecesse.

Havia grupos lá fora que sentiriam o m aior prazer em causar


problem as. Ter centenas de hum anos na Reserva era um a
oportunidade de alguns darem um j eito de se esgueirarem para
dentro da propriedade e causar danos.

– Vou pedir m ais segurança em todos os canteiros de obras. Não


quero que ninguém se m achuque ou m orra. – Seus dedos m al
tocaram os dígitos do telefone quando a porta foi escancarada.
Tiger entrou correndo.

– Slade? Tem os um problem a.

Slade estudou Tiger. Eles haviam se tornado bons am igos depois


de serem libertados do cativeiro. Viveram j untos e dividiram um
quarto com outros hom ens em um hotel rem oto nos m eses que se
passaram até Hom eland ser aberta.

– O que foi?

– Há hom ens hum anos faltando.

– Quantos? – Slade agarrou o rádio, soltou o telefone e se levantou


rapidam ente.

– Faltam exatam ente quatorze hom ens e tem dois cam inhões
desaparecidos.

Contam os de hora em hora, com o você havia m andado, e desde a


últim a vez esses desapareceram . Falei com o pessoal nos dois
portões e eles não saíram .
Ainda estão aqui, em algum lugar.

– Filho da puta – rosnou Slade. – Atenção – ele ordenou ao rádio,


correndo até a porta –, há quatorze hom ens hum anos faltando.
Encontre-os rapidam ente.

Slade se apressou até um dos j ipes, com Tiger atrás dele.

– Aonde acha que teriam ido?

– Não sei. – Tiger pulou o banco do passageiro. – Mas vam os


encontrá-los.

– Slade? – falou a voz no rádio.

– Ele está com igo. – Tiger usou o próprio rádio para responder. – O
que foi?

– Dois cam inhões passaram por um dos guardas há cerca de vinte


m inutos, em direção à Zona Selvagem . Ele não questionou, porque
havia um a equipe agendada para trabalhar no sistem a elétrico dos
m uros de segurança naquela direção. Checam os de novo e eles
ainda não foram enviados para lá. Sej a lá quem fosse avistado, não
deveria estar na área sem um a escolta dos nossos oficiais, m as os
guardas hum anos não sabiam .

– Merda – rosnou Slade. – Trisha está lá.

Tiger grunhiu.

– Por quê? Não é seguro lá. Você enlouqueceu? Achei que tivéssem
os decidido deixá-la no últim o andar do hotel e lim itar o acesso.

– Os planos m udaram .

– Tem algum m otivo para isso? Os hum anos não têm nada o que
fazer lá. Os m achos m arcaram o território e não a recepcionariam
bem , m esm o sendo m ulher.
Slade hesitou.

– Poderia se dizer isso.

– O que ela está fazendo lá? Hum ano nenhum tem perm issão para
ir até a Zona Selvagem . Com o você os convenceu a deixarem ela
lá? Eles passaram a defender m uito o território e teriam sentido o
cheiro dela m uito rápido.

– Trisha está carregando m eu filho. Está na cabana seis.

– Filho? – Tiger segurou o fôlego.

Slade fez que sim com a cabeça, pisou no acelerador e virou o


volante com força.

– Ela está grávida de m im . Justice a m andou para cá para deixá-la


longe dos hum anos durante a gravidez. Apenas poucos de nós
sabem da condição dela.

– Filho da puta. – Tiger parecia surpreso. – Então você vai ser


papai. Merda.

Você a engravidou. O que ela fez para isso acontecer?

– Foi natural.

– Merda – rosnou Tiger de novo. – Podem os engravidá-las?


Alguém deveria ter nos contado isso. Acho m elhor eu cancelar m
eu encontro com a m ulher da cidade que inspeciona a construção.
Tenho certeza de que não quero ser papai tam bém . Minha vida j á
é dura o bastante sozinho, im agine com um a com panheira e um
filho? – Ele chacoalhou a cabeça. – Não estou interessado.

Slade lançou um olhar surpreso para ele.


– Não sabia que você tinha atração por hum anas. Achei que você
as achasse m uito frágeis.

– É, bem acho algum as delas bem bonitas. – Ele deu de om bros. –


O que um cara com o eu faria? Achei que valesse a pena tentar.
Elas são m uito frágeis, m as deve ser legal deixar um a fazer do j
eito dela um a ou duas vezes com igo.

– É m elhor que os hum anos desaparecidos não estej am perto de


Trisha. Eu quero sim ela e o nosso filho. Onde estão aqueles
cretinos e o que estão fazendo?

– Não sei. – Tiger soltou a alça do coldre para pegar a arm a com m
ais facilidade. – Mas vam os encontrá-los. – Ele se levantou,
segurando na m oldura do para-brisa. – Você dirige e eu farej o.
Vam os achá-los m ais rápido j untos.

– Vou ver a Trisha antes. Há hom ens o suficiente procurando


aqueles im becis.

Só quero garantir que ela estej a segura.

– Totalm ente com preensível. Vou m anter m eu nariz a postos m


esm o assim .

Pelo m enos posso com unicar nossas equipes pelo rádio se sentir o
cheiro deles.

– Trisha! – gritou Brass.

Trisha pulou, quase escorregando no chão m olhado da banheira.


Agarrou nas torneiras e fechou-as. A porta do banheiro bateu com
força na parede quando alguém a escancarou. Trisha, surpresa e
nua, ficou sem fôlego quando Brass arrastou de repente a cortina do
chuveiro. Puxou-a de lá pelo braço.

– Tem vários hum anos vindo nessa direção. – Ele a soltou e enfiou
roupas no braço dela. – Vista-se agora. Sej a rápida.
Brass deixou-a de lado e subiu na borda da banheira para espiar
pela pequena j anela. Trisha tentou ignorar o fato de que estava
pingando e nua naquele pequeno côm odo com ele. Atrapalhou-se
para pegar a cam iseta e enfiou-a por cim a da cabeça. O tecido se
enroscou em sua pele encharcada. O m edo a

m otivou a não reclam ar sobre a invasão de privacidade. Ele nem


parecia notar que ela estava nua… A não ser pelo fato de m andá-la
se vestir.

– O que está acontecendo? – Ela puxou para cim a o short de


algodão. – Por que hum anos viriam para a Zona Selvagem ? Tem
certeza de que tem gente vindo? Eles não são proibidos disso?

– Vej o dois cam inhões vindo, com vários hum anos dentro. – Ele
pulou e agarrou o braço de Trisha.

Trisha puxou a cam iseta para baixo enquanto Brass a em purrava


até a sala.

Moon e Harley haviam com eçado a fazer barricadas na porta da


frente com o sofá e pareciam m uito zangados. Brass olhou em volta
e arrastou Trisha em direção à lareira. Ele se abaixou, agarrou a
grade de m etal que a cobria e tirou-a do cam inho.

– Entre aqui.

Ela olhou estarrecida para a lareira suj a.

– Por quê? Está m uito suj a.

– A lareira parece ser sólida, com pedras e argam assa. Enfia a


bunda aí agora.

As balas não devem atravessá-la e é o m elhor lugar que consigo im


aginar para te colocar. Fugiríam os com você, m as acho que é tarde
dem ais. Eles nos veriam e usariam os cam inhões para nos
perseguir. Proteger você e seu bebê é nossa prioridade. Entre aí
agora e se enrole.

Trisha fez um a careta, m as se apoiou nas m ãos e nos j oelhos.


Não era um lugar confortável, m as ela apoiou o traseiro nas cinzas,
com os j oelhos dobrados contra o peito. Descansou a testa nos j
oelhos e passou os braços em volta das pernas dobradas. Não
conseguia levantar a cabeça totalm ente sem batê-la na tubulação.
O interior da lareira não era alto o suficiente. Ela observava com m
edo crescente os rapazes se preparando para o pior.

A côm oda de cedro foi em purrada contra a porta, j unto com o


sofá. Para garantir, Moon em purrou um pesado criado-m udo contra
ela tam bém . Harley correu até a m esa da cozinha e virou-a de
cabeça para baixo no chão. As pernas saíram com um a pequena aj
uda de sua bota e suas m ãos fortes. Ele levantou a m adeira
pesada e espessa e correu até as j anelas perto da porta. Colocou-a
na frente do vidro de m odo que apenas pedacinhos de luz ficaram
aparecendo por cim a. Em purrou a poltrona na frente para deixá-la
no lugar.

Brass correu para a cozinha para arrancar a geladeira do buraco


onde ficava e em purrou contra a porta dos fundos, bloqueando
totalm ente a entrada. Em seguida, pegou o fogão.

– Tubulação de gás! – Trisha berrou.

Brass congelou e olhou para ela.

– Obrigado. Eu não teria m e lem brado. – Ele se curvou atrás do


grande utensílio por alguns m om entos para cuidar do potencial
problem a e então arrancou o fogão desligado da parede. Em
purrou-o contra a geladeira.

– O andar de cim a deve ser seguro – gritou Moon. – Não há nada


em volta que sej a alto o bastante para eles subirem , e não podem
saltar com o os felinos e prim atas.
– Estou sem sinal – Harley xingou ao pegar o celular.

– Parece que há algum as som bras de sinal pela cabana – inform


ou Brass. –

Tive que andar um pouco por ela para encontrar sinal. Tente a base
da escada, parece m ais forte ali. – Algo quebrou dentro da cozinha.

Trisha observava enquanto Brass quebrava o balcão no m eio,


usando sua enorm e força para arrancar um a parte dele, que ele
usou para bater contra a j anela da cozinha. Ele se virou, estudou a
cozinha por um m om ento e voltou correndo para a sala.

– Pegue sua m ala – Brass ordenou a Moon. – Use o andar de cim a


para elim inar m áxim o possível deles. Você tem autorização para
m atar. Estou no com ando e estou perm itindo.

Moon concordou com a cabeça soturnam ente e virou a cabeça para


olhar para Trisha.

– Levo ela para cim a com igo?

– Não. Ela está m ais segura ali, m ais protegida de balas perdidas.
Você vai atrair tiros quando abrir fogo contra os terroristas. – Brass
olhou para Trisha e não desviou o olhar do dela. – Não se m exa de
j eito nenhum , não im porta o que aconteça. Está m e entendendo?
Se um de nós for atingido, não se m exa um m ilím etro, sendo m
édica ou não. Pense no seu bebê.

Trisha foi tom ada pelo m edo quando os cam inhões se aproxim
aram o bastante para seus ouvidos captarem o som . Moon arrastou
um a m ala de um arm ário perto da porta de entrada e abriu-o. Não
havia colocado roupas naquela m ala grande e longa. Em vez disso,
tirou dela dois rifles e agarrou a alça da m ala, levando-a com ele
para o andar de cim a.

Harley foi até a m ala dele e Trisha o viu tirar de dentro dela arm as
e m unições. Ele olhou para Brass.
– Quer ficar na frente ou atrás?

– Vou ficar atrás. Os hum anos parecem achar sem pre que podem
nos assustar.

Acho que o ataque por trás vai ser m uito pior e sou bom atirador.

– Sei – bufou Harley. – Verem os. Aposto que consigo elim inar m
ais terroristas que você.

– Tenho certeza que eles estão apenas perdidos – falou Trisha,


esperando que fosse o caso. – Por favor, não atirem em ninguém a
não ser que realm ente precisem .

Brass encontrou o olhar dela.

– Tem dois cam inhões de hum anos ultrapassando a Zona


Selvagem , e Slade nunca teria enviado eles para cá com você aqui.
Eles teriam um a escolta de Novas Espécies e Slade teria nos
avisado para m anter você fora de vista se eles tivessem perm
issão. Eles estão aqui para fazer algum m al. Mantenha sua bunda
onde está. – Ele agarrou um criado-m udo e j ogou o abaj ur no
chão, onde o vidro se espatifou. Em purrou o m óvel para perto dela
para fechar o buraco e m antê-la presa ali.

– Se você sair daí, vou bater na sua bunda com um cinto de couro –
Brass rosnou para ela. – Está m e entendendo? Vai ficar sem
conseguir sentar por um a sem ana.

Chocada, Trisha o fitou. Brass de repente sorriu e piscou.

– Sei o bastante sobre crianças hum anas para saber que essa am
eaça é eficiente. – O sorriso dele se esvaeceu. – E estou falando
sério. – Ele girou e saiu

andando, indo até a j anela da parte de trás da cabana.


Trisha ouviu o barulho de freios e m otores desligando, sabendo
assim que os cam inhões haviam parado do lado de fora. Ela ouviu
vozes m asculinas. Tem que ser algum engano. Os caras estão só
perdendo a cabeça e exagerando. Têm que estar. Ninguém sabe
que estou na cabana e ninguém vem me ferir ou ferir meu bebê. É
tudo apenas um grande mal-entend…

– Algum anim al de m erda está aí dentro? – Um a voz m asculina


gritou do lado de fora. – Saia e vam os acabar com sua vida de m
erda.

Gargalhadas foram ouvidas e Trisha ficou tensa. Ok, não é um mal-


entendido.

Eles estão aqui para fazer mal. Os hom ens lá fora não estavam
procurando exatam ente por ela, m as estavam atrás de qualquer
Nova Espécie. Ela fixou o foco em Harley na j anela da frente e
sabia que ele podia vê-los m elhor. Ele parecia calm o para ela. Ela
se sentia qualquer coisa, m enos assim . Seu pavor aum entava
conform e os segundos passavam , rezando para que eles sim
plesm ente fossem em bora. Não queria que Brass ou os outros se
m achucassem para protegê-la.

– Vam os entrar e arranj ar um pouco de pele de anim al. – Outro im


becil riu.

– Vam os m atar vocês aí m esm o se chegarem m ais perto. Estam


os fortem ente arm ados – Harley avisou, alto o bastante para eles
ouvirem sua am eaça.

Vozes m asculinas riram do lado de fora.

– Ouviu isso? Um dos anim ais acha que vam os deixar um cachorro
ou um gato correr atrás de nós. Se espalhem e atirem no filho da
puta. Vam os m ostrar quem são os m estres.

Tiros irrom peram , um barulho alto e horrível. O olhar de Trisha


voou até o sótão quando percebeu que Moon abrira fogo. Trisha
observou com horror Harley levantar a arm a, apontá-la para a
abertura estreita na parte de cim a da j anela, que a m esa da
cozinha não cobrira, e atirar. Ela levantou as m ãos para tapar os
ouvidos. Ouviu m últiplos tiros e hom ens gritando do lado de fora,
apesar de tentar bloquear o som .

– Porra – rugiu Slade.

– Sabem os onde eles estão – Tiger cuspiu, pegando o rádio. –


Precisam os de aj uda na Zona Selvagem , na cabana seis. Há tiros
sendo disparados. Nosso povo está sob ataque.

Slade rosnou para Tiger.

– Sente-se. – Foi todo o aviso que ele deu antes de girar o volante
com força e tirar o j ipe da estrada. Ele precisou virar a direção
violentam ente de novo alguns segundos depois para evitar bater
em um a árvore.

Tiger xingou e segurou em qualquer coisa que podia. Slade saíra do


asfalto e dirigia a um a velocidade perigosa pela floresta. O j ipe
balançava forte e a direção se tornava quase m ortal, se esquivando
de obstáculos e quase batendo em

árvores. Tiger segurou a respiração algum as vezes, achando que o


j ipe não passaria entre os troncos grossos. Um dos retrovisores foi
perdido ao bater em um a árvore, explodindo com o im pacto, e
Tiger ouviu a tinta na porta ralando.

– Não chegue dirigindo com tudo quando chegarm os lá. Vam os


nos esgueirar por trás e elim iná-los. Não vão nos ouvir com todos
aqueles tiros.

– Foda-se, o que quero é tirá-los de perto dela. – Slade rosnava as


palavras, com raiva dem ais para se im portar com o que
aconteceria com eles, contanto que atirassem nele e não em Trisha.
– Quero que venham atrás de m im .

– Eles são hum anos – grunhiu Tiger. – Não lutam assim . Não vam
os tirá-los de lá, pelo m enos não todos. Me ouça. Sei que está com
raiva, m as faça o que digo.

Você não está sendo racional.

Slade concordou com a cabeça, sabia que o am igo dizia a verdade,


m as parecia não conseguir parar de pensar no m edo de que Trisha
fosse ferida ou m orta. Ele sabia ter deixado o racional de lado ao
ouvir o prim eiro tiro, quando saiu da estrada.

– Está bem .

Trisha viu Harley se encolher, se lançar para trás e agarrar o braço


ensanguentado quando um a bala o atingiu. No entanto, ele não
parou de atirar.

Apenas pôs a m ão no ferim ento por alguns segundos, até passar a


ignorá-lo.

Ela queria aj udá-lo, m as sabia que tentar alcançá-lo seria suicídio.


Balas atingiam a cabana repetidam ente e buracos se abriam pela
parede em volta da porta num a raj ada repentina, m as Harley se j
ogou no chão no últim o segundo.

Ele se arrastou, xingou e foi até outro local. Levantou-se e com eçou
a atirar de novo. Mais balas atravessaram as paredes quando os
hom ens lá foram reagiram .

Um quadro em oldurado na parede perto do sofá foi estilhaçado por


um a bala, fazendo chover vidro.

Trisha virou a cabeça para olhar para Brass, que estava encostado
em um a coluna grossa enquanto atirava. Ele obviam ente acertou
em cheio que alguns dos hom ens tentariam se esgueirar pela parte
de trás. Trisha ouviu um barulho e olhou fixam ente para a cozinha
enquanto o tam po do balcão que Brass usara para calçar a j anela
caiu e quebrou. Bateu na pia e deslizou até o chão. Trisha viu um m
ovim ento enquanto o longo cano de um a arm a entrava por onde
alguém obviam ente havia aberto a j anela.

– Janela da cozinha – berrou Trisha.

Brass m ergulhou no chão e deslizou por alguns m etros de barriga,


até que pôde ver a cozinha. Ele se virou de lado, com a arm a na m
ão e m irou. Atirou na cabeça do intruso quando esse, grudado no
cano de um a arm a, entrou pela j anela.

O corpo espasm ou antes de cair, com m etade dele sobre a pia.


Brass se virou e piscou para Trisha antes de j ogar fora um pente
vazio da arm a e enfiar um novo

nela. Se colocou em pé para chegar a seu posto novam ente.


Espiou pela j anela que vigiava.

– Me diga se vir m ais alguém , Trisha – ordenou Brass. – Não


desvie o olhar.

Você é nossos olhos.

Trisha concordou silenciosam ente com a cabeça, m as se lem brou


de que ele não estava olhando para ela.

– Estou olhando. – Sua voz saiu trêm ula, m as ela sabia que ele a
ouvira quando não repetiu a ordem .

Apavorada, ela fitou o corpo caído na j anela. Sangue corria por


baixo da pia, form ando um a poça no chão. Ela se forçou a desviar
o olhar daquele verm elho e da visão grotesca do que havia sobrado
da cabeça dele, com pedaços faltando.

Ela m oveu a atenção para a abertura da j anela. Se alguém a


usasse para entrar na cozinha, conseguiria atirar em Brass e Harley.
Eles tinham que m anter o foco exclusivam ente no lado de fora.

De repente os tiros cessaram e Trisha segurou a respiração. Estava


com m edo de tirar os olhos da j anela e não tirou. A vida dos hom
ens com quem ela se im portava dependia de que sua vista se m
antivesse firm e.

– Estão se reorganizando – rosnou Brass. – Com o está, Harley ?

– Dois tiros, m as só de raspão, no braço e na parte inferior da


perna. Consigo ficar em pé.

– Moon?

– Ainda aqui, e bem . Peguei seis e acertei m ais dois. Estão atrás
dos cam inhões ou se esgueirando pela floresta para dar um a
circulada. Agora estão em grupo, provavelm ente pensando num
plano para avançarem . Não vej o direito de trás, o telhado da
varanda bloqueia m inha vista.

Brass dim inuiu a voz para um sussurro.

– Munição?

– Estou bem . – Moon anunciou de cim a.

Harley hesitou.

– Tenho pouca.

– Moon? Cubra a parte da frente. – Brass m antinha a voz baixa


para não ser ouvido pelos hom ens do lado de fora.

– Pode deixar.

– Harley, troque de posição com igo depois de recarregar. Fique de


olho nos fundos enquanto conserto o problem a na cozinha.
Trisha viu Harley m ancar até as m alas no chão. Ele enfiou pentes
de bala nos bolsos da calça. Olhou com preocupação para o rastro
de sangue que ele deixava ao andar. Ela queria cuidar dele. Brass
estava hesitante na cozinha, passou os olhos em volta e se
agachou. Foi até o hom em m orto, pegou-o pela gola e arrastou-o
totalm ente para dentro da cabana. Até m esm o tom ou um m om
ento para checar o pulso dele. Em purrou o corpo no lugar do fogão
para deixá-lo fora do cam inho.

Ele se m anteve abaixado ao pegar o tam po quebrado do balcão,


usou-o com o escudo na frente do corpo quando se levantou e
bateu a peça pesada contra a j anela. Ele se virou, exam inando a
cozinha. Brass se m exeu, um barulho alto se ouviu, e ela o viu se
virar, segurar os arm ários de louça e arrancá-los da parede.

Havia três deles presos j untos, m as ele derrubou todos na pia com
o se não pesassem nada. Ele o estudou antes de girar e encontrar o
olhar dela.

– Com o está? – Brass foi até ela.

– Estou bem . Posso ver o Harley ? Ele está perdendo m uito


sangue.

– Fique aí. – Ele olhou para o chão m anchado de sangue, levantou


os olhos até onde Harley estava, encostado na j anela de trás, e
franziu a testa. – Harley ? Vá até Trisha. – O olhar de Brass retornou
a ela. – Pode cuidar dele se ficar com a bunda aí m esm o. Não saia
daí.

Brass foi em direção à j anela. Harley m ancou até Trisha. Ela em


purrou o criado-m udo de sua frente e focou na área que sangrava.
Ele foi atingido logo abaixo do j oelho, na parte da frente da perna.
Os dedos dela trem iam ao enganchá-los no tecido da calça, onde a
bala fizera um buraco, alargando-o para ver a pele ensanguentada.
A bala o pegara de raspão, m as era um corte profundo.
Harley tinha um a faca am arrada à coxa. Ela olhou para ela prim
eiro antes de encontrar o olhar dele. Ele a observava em silêncio.

– Me dê a faca, por favor.

Ele não hesitou em passá-la, entregando-a com o cabo virado para


ela. Trisha olhou para o próprio corpo, percebendo que não tinha m
uita roupa. Pegou a ponta da cam iseta e com eçou a cortá-la. Tirou
uns dez centím etros dela, fazendo um a longa tira, e devolveu a
faca a Harley, com o cabo virado para ele. Ele a pegou de volta no
m esm o instante.

– Eu teria atirado no Moon se soubesse que você cortaria sua


própria roupa caso um de nós levasse um tiro.

– Eu ouvi isso – disse Moon, lá de cim a.

Trisha ria ao passar a tira de tecido em volta da perna dele e am


arrá-la firm e.

– Isso deve segurar o sangram ento, m as vai precisar de pontos.

– Já está m elhor.

– Me deixe ver seu braço.

Harley se agachou e virou seu corpo grande para deixar o om bro


na direção dela. Ela rapidam ente rasgou o tecido fino da blusa dele
para exam inar o ferim ento. Estava cheio de sangue. Ela hesitou.

– Preciso colocar a m ão para ver a profundidade, e vai doer.

Ele concordou com a cabeça, sem olhar para ela.

– Tem os um a boa tolerância à dor. Vá em frente.

Por m ais que Trisha odiasse fazer aquilo, colocou o dedo no ferim
ento que sangrava bastante e no m esm o instante sentiu algo ali.
Merda.
– Estou sentindo um a bala. Achei que você tinha dito que foi de
raspão.

– Eu m into às vezes.

Trisha usou a ponta do dedo para arrancar a bala depois de


perceber que não tinha ido fundo, pensando que foi um a sorte o
proj étil ter atingido prim eiro a parede da cabana antes de acertar
Harley. Aquilo dim inuíra a velocidade da bala de m odo significativo
para im pedir que ela explodisse com pletam ente no corpo dele. Ela
tem ia que um a artéria grande tivesse sido atingida pela quantidade
de sangue que escorria pelo braço. Precisava estancar o sangram
ento e sabia que ele não deitaria para que ela fizesse pressão até
que algum a aj uda chegasse.

Poderia tentar cauterizá-lo, m as desconsiderou a ideia. Pediu a


faca dele de novo e cortou m ais um pedaço da blusa, até que
sobrou tecido apenas logo abaixo de seus seios. Ela cerrou os
dentes, odiando por ter que m achucá-lo.

– Vou tapar o ferim ento e depois vou tirar o tecido. A pressão vai
fazer o sangram ento parar ou dim inuir bastante a velocidade dele,
m as vai doer.

– Faça isso, m as depressa, Trisha. Preciso m e levantar. Vão abrir


fogo de novo a qualquer m om ento. Não vão sim plesm ente sair
andando, por m ais que a gente queira.

Trisha enrolou um pequeno pedaço da blusa e colocou-o no buraco.


Era um a m edida extrem a, m as não tinha outra escolha. Ela o
estudou, viu um a dim inuição no sangram ento e am arrou um a tira
firm em ente em volta do braço dele para segurá-lo, antes de desam
arrar. Longos segundos se passavam enquanto ela observava a
bandagem , m as o sangram ento pareceu ter cessado.

– Tente m anter esse braço o m ais im óvel possível. Não é exatam


ente um curativo, está m ais para um tam pão tem porário de em
ergência.
Ele balançou a cabeça, se levantou e em purrou o criado-m udo de
volta na frente dela para protegê-la de balas perdidas.

– Obrigado.

Harley retom ou a posição perto da porta da frente, enquanto Brass


se m antinha próxim o à parede de trás. De repente, Brass e Harley
riram .

– Qual é a graça? – Trisha olhou para eles, se perguntando se o


estresse da situação finalm ente baixara neles.

Brass parecia aliviado ao olhar para ela.

– Tem os com panhia. Os vizinhos estão a cam inho para


recepcionar nossos convidados. Estou sentindo o cheiro deles.

– Pelo m enos quatro – Harley inalou. – E Valiant é um deles.

– Pobres im becis – Moon se m eteu lá de cim a. – Isso vai ser


interessante.

Trisha só queria que aquilo tudo acabasse. Queria poder ver o que
acontecia lá fora, m as de repente balas atravessaram a cabana
novam ente.

– Ataque total pela frente – berrou Moon. – Estão indo até um dos
cam inhões.

– Trisha! – Harley berrou, correndo até ela. – Saia daí!

Trisha em purrou o m óvel e j ogou-o para o lado. Balas


atravessavam a parede perto de Brass enquanto ele xingava alto.
Harley pegou o braço de Trisha de repente enquanto ela lutava para
ficar em pé e j ogou-a em direção à escada. Ele m anteve o corpo
entre o dela e a frente da casa. Balas entravam na sala pela frente,
se enterrando em paredes, e m ais vidro se espatifou.

– Vá lá para cim a – rosnou Harley.


Ele soltou Trisha no pé da escada. Ela correu e chegou ao topo, até
que percebeu que Harley não a seguia. Ela se virou e o viu deitado
no chão, no com eço da escada. Brass correu até o hom em caído,
pegou-o com as duas m ãos, levantou-o e colocou-o no om bro para
subir correndo a escada.

– Trisha, suba na cam a – rosnou Brass para ela, j ogando a


estrutura frouxa de Harley no m óvel prim eiro. – Vá para trás dele e
fique abaixada.

Trisha ouviu o som distinto de um m otor segundos antes de um a


explosão de barulho estalar pela casa, tão alto que seus ouvidos
doeram . Ela se j ogou na cam a do lado de Harley. O local trem ia
com o se houvesse um terrem oto; um

solavanco forte. Ela gritou, apavorada, conform e a m adeira rangia


e estalava.

Mais vidro se espatifou e se esm agou em algum lugar abaixo deles,


no andar de baixo. O som do m otor era m uito alto, com o se
estivesse ao lado de Trisha.

– Quebraram a parede da frente – rugiu Moon.

– Quebraram o caram ba – Brass rosnou de volta. – Agora o cam


inhão está m etade estacionado na sala.

Trisha viu Brass tom ar posição no topo da escada, onde se j ogou


de barriga no chão. Com eçou a atirar em algo e os tiros eram tão
ensurdecedores que Trisha tapou os ouvidos. No entanto, não podia
desviar o olhar do am igo, preocupada com ele.

– Mantenha a cabeça abaixada, Trisha – Moon berrou para ela.

O m otor desligou e alguém gritou de baixo enquanto Brass


continuava atirando.
Ele j ogou um pente, colocou outro e continuou atirando depois de
um a pausa de apenas alguns segundos. Moon atirou com sua arm
a pela j anela.

O coração de Trisha batia forte. Aqueles hom ens haviam entrado


com um cam inhão pela frente da casa. Balas rasgavam o chão
perto da cam a, de onde Trisha via buracos aparecerem na m adeira
e em seguida no telhado. Destroços choviam neles. Trisha se virou
para Harley, que estava im óvel, e agarrou-o, se segurando nele, até
que percebeu que sua m ão sentiu algo quente e m olhado em
Harley.

Sangue. Ele está sangrando. Ela abriu os olhos e, num choque


terrível, fitou Harley esparram ado de costas. Ela levantou a m ão
que estava no peito, sobre a área do coração dele, e estava coberta
de sangue. Fez-se um inferno em volta dela enquanto aqueles hom
ens gritavam , arm as atiravam e a casa continuava sendo
destroçada por balas. Trisha odiava se sentir indefesa ao olhar para
o sangue em sua m ão, sabendo que não aj udaria em nada
sentando-se, pois as balas a atingiriam tam bém .

Um rugido alto se fez ouvir sobre os gritos, os tiros e o local sendo


arrebentada por balas. Trisha ouvira aquele rugido de estourar os
tím panos antes. Parecia que Valiant adentrara a cabana.

CAPÍTULO DEZOITO

Trisha sentiu lágrim as quentes rolarem por seu rosto quando os


tiros cessaram .

Ela ouviu outro rugido, seguido por algo sim ilar ao uivo de um lobo.
Ela levantou a cabeça e viu Brass se levantar do chão. Moon
pairava perto da j anela, sorrindo.

– Você devia ver isso. Há uns dez dos nossos lá fora e pegaram os
cretinos. Um filho da puta está tentando fugir do Valiant. Ops. Ele
achou que pudesse fugir do Valiant. Agora ele está voando com o…
ai. Estava im itando um pássaro, m as agora é parte de um a árvore.
Bem , era até o corpo cair no chão. Agora está m orto – Moon riu. –
Isso deve ter doído. Parece que a últim a coisa que passou pela
cabeça dele foi um latido.

Trisha lutou para se aj oelhar e olhar para Harley, percebendo que


ele não se m exia nem um pouco e, na m esm a hora, colocou a m
ão no pescoço dele. Um soluço rasgou sua garganta quando ela
não encontrou pulso. Ela agarrou a blusa dele freneticam ente para
abri-la e exam inar o buraco do lado esquerdo do peito.

– Ah não. – Brass perdeu o fôlego.

Trisha se m exeu. Era difícil fazer aquilo no colchão m acio, m as se


pôs ao lado de Harley e inclinou a cabeça dele para abrir as vias
aéreas. Trisha se colocou sobre ele, pegando o nariz com um a m
ão, segurou a cabeça e cobriu a boca dele para com eçar a fazer
respiração boca a boca. Ela soprou ar, m oveu os olhos para ver se
o peito dele subia e se sentou. Soltou-o e pressionou as m ãos j
untas no peito dele e acim a do ferim ento. Contava de cabeça ao
fazer com pressões.

– Trisha? – Era a voz de Slade e ele estava perto.

– Traga aj uda. – Ela tom ou ar e soprou na boca de Harley. Forçou


o ar nos pulm ões dele outra vez. Fez m ais com pressões. – Voo de
em ergência. Centro m édico m ais próxim o. Depressa.

– Trisha? – Slade estava m uito perto, quase atrás dela. – Ele se foi.

Trisha forçou m ais ar nos pulm ões de Harley.

– Não! – Ela se recusou a desistir. Ele usara o próprio corpo para


protegê-la até que ela chegasse à escada. Levara tiros protegendo-
a e o bebê. Ela não desistiria dele de j eito nenhum . Já salvara
pacientes com ferim entos piores.

Continuou, até que parou, verificou o pulso e quase desm aiou de


alívio.
– Senti um batim ento. – Ela fitou o rosto dele para se certificar de
que ele continuava respirando. O alívio correu por ela quando ele
respirou sozinho um a vez, depois outra. Seu pulso era fraco, m as
existia.

Trisha estudou o peito dele e descobriu que o ferim ento havia


danificado o pulm ão.

– Alguém m e arranj e algo de plástico, agora. Um a sacolinha,


qualquer coisa.

Depressa, o pulm ão dele vai parar.

Alguém entregou a ela um a sacola de lixo nova e dobrada, e ela


com eçou a trabalhar enquanto Harley respirava sozinho. Ela fez
pressão no ferim ento que

sangrava no peito dele. Só tinha que ter cuidado para não colocar m
uito peso, para não fazer o pulm ão parar. Um a eternidade pareceu
se passar enquanto Trisha se aj oelhava sobre ele, até que finalm
ente ouviu um helicóptero.

Braços passaram em volta da cintura de Trisha.

– A aj uda chegou. Eles não podem te ver, doutora. Ninguém pode.


Deixe-o ir.

Moon vai segurar isso para você. – Slade abraçou-a, falando


baixinho em seu ouvido. – Vam os, docinho. Você fez tudo o que
podia. Não é nosso povo que está no helicóptero, é o seu, e se ficar
aqui vão fazer m uitas perguntas.

– Tire ela pela j anela – Brass ordenou baixinho.

Trisha virou a cabeça e olhou para Slade.

– Sou a m édica das Novas Espécies e ele precisa de m im .

Slade abraçou-a m ais forte.


– Pense no bebê, Trisha. Eles podem fazer por ele o m esm o que
você. – Ele a levou para longe da cam a e se apressou até um a j
anela.

Brass chutou o que restava da j anela. Balas haviam quebrado a m


aior parte dela, m as haviam sobrado pedaços afiados. Brass saiu
pela j anela antes e subiu no telhado da varanda, desaparecendo na
beirada. Slade pegou Trisha, colocou-a nos braços e se curvou. Mal
passavam pela abertura, m as saíram no telhado.

Slade foi até a beirada e espiou lá em baixo.

– Harley precisa de m im . Me solte, Slade. – Ela se agitava,


tentando olhar para a cam a, e viu o am igo deitado e im óvel com
Moon sobre ele. – Por favor! Sou m édica!

Slade parecia ignorá-la ao falar com outra pessoa.

– Consegue pegá-la?

– Consigo – rosnou Valiant. – Pode j ogá-la.

Me jogar? Os olhos de Trisha se arregalaram ao fitar Slade, saindo


de sua necessidade frenética de m onitorar o estado de Harley. A
expressão som bria de Slade não a confortou.

– Fique do j eito que está, docinho. – Ele levantou-a, foi até a beira
do telhado e soltou-a.

Trisha sentiu a horrível sensação da queda e grunhiu quando dois


braços fortes a pegaram pelas costas e pelas j untas dos j oelhos.
Slade a j ogara de cerca de dois m etros de onde Valiant a esperava
com os braços esticados. Ela olhou em choque para o rosto do feroz
Nova Espécie. Ele girou e saiu com o um raio pela floresta com ela
grudada em seu enorm e peitoral. O pânico a atingiu fortem ente
quando ele saiu correndo com ela. Chegaram a um a parte m ais
densa da floresta, longe da cabana, m as ele continuou indo.
– Estam os bem longe – afirm ou Brass, correndo com eles.

– Me leve de volta – exigiu Trisha. – Preciso aj udar Harley. Posso


fazer coisas que um m édico não pode durante o voo. – Ela ainda
ouvia o barulho do helicóptero. Provavelm ente seria difícil
estabilizá-lo e ela não sabia ao certo onde o centro de em ergência
m ais próxim o ficava. – Preciso m onitorá-lo e…

– Cale a boca – rosnou Valiant.

O m edo de Trisha se sobrepôs ao ultraj e de ter sido afastada de


seu paciente.

Ela selou os lábios enquanto o suj eito continuava correndo com ela
em seus enorm es braços, levando-a para m ais longe da cabana.

Valiant finalm ente parou e olhou para Trisha, franzindo a testa.

– Você tem que com er. – Ele olhou para os lados, espiando a área.

Trisha se em ocionou ao ver Slade correndo pela floresta atrás


deles. Ele sorriu.

– Fuga lim pa. – Ele se aproxim ou de Valiant e abriu os braços. –


Eu fico com ela. Obrigado.

Trisha encontrou o olhar dele.

– Harley precisa…

– Os hum anos estão com ele e você não vai voltar. – O olhar
escuro de Slade se estreitou. – Pode brigar com igo, m as não vai m
udar nada. Você o salvou e agora está nas m ãos deles garantir que
ele sobreviva. Nossas prioridades são você e o bebê. Harley sabia
que seria perigoso quando concordou com o trabalho e aceitou os
riscos.

Lágrim as escorreram pelo rosto dela. Ela queria protestar m as, ao


ouvir o som do helicóptero sum indo, entendeu que eles j á haviam o
pegado e ido em bora com ele. Não podia fazer m ais nada por ele.
Só podia esperar que a equipe de voo fosse das m elhores e que o
pulm ão dele não parasse de funcionar. O coração dele podia parar
de novo. Centenas de outras coisas que poderiam dar errado com
eçaram a passar pela cabeça dela, até que ela as afastou. Não
podia fazer m ais nada, e ficar se preocupando com todos os “e
se…” não adiantaria nada.

Ela era um a profissional e sabia que tinha que deixar isso pra lá até
receber notícias do hospital.

Valiant transferiu-a aos braços de Slade.

– Aqueles hom ens destruíram o interior da m inha casa – Valiant


rugiu de raiva.

– Eu estava caçando e senti o cheiro dele. Quando cheguei à m


inha casa, j á tinham ido em bora, m as os segui.

– Sinto m uito. – Slade o observava. – Obrigado pela aj uda.

– Ela é um a de nós.

Slade fez que sim com a cabeça.

– Minha, m ais especificam ente.

Valiant arqueou um a sobrancelha.

– Agora faz sentido você ter am eaçado m e m atar por tocar nela.
Você devia alim entá-la m elhor. Ela é m uito m agrinha. Devia pelo
m enos cruzar com alguém m aior, se vai m ontar num a hum ana.
Consigo sentir todos os ossos dela.

– Não sou m agrinha – Trisha protestou baixinho, usando um a m ão


para enxugar as lágrim as. Ela fungou e sua raiva passou. Podia ter
sido o estresse e o traum a, m as ela se sentiu insultada. – Antes de
eu engravidar, tinha que perder uns quatro quilos. Eu com o
bastante. Você faz parecer que não m e cuido. Sou saudável a
ponto de ter sobrepeso para perder.

Slade pigarreou.

– Onde? Sou a favor dos seus seios e adoro sua bunda do j eitinho
que ela é.

– Sabe que vou ficar m uito, m uito m aior em alguns m eses, né?

Slade concordou com a cabeça.

– Mal posso esperar para te ver gorda.

– Não vou ficar gorda – ela cuspiu. – Grávida não é gorda.

– Para onde devem os levá-la? – Brass se aproxim ou.

– Pode levá-la à m inha casa – Valiant suspirou. – Só por um dia. –


Ele lançou

um olhar de advertência para Slade. – Só um .

– Obrigado. Sua casa é a m ais próxim a e preciso escondê-la até


que escureça.

Quero levá-la para m inha casa sem ninguém ver. Agora que isso
aconteceu, vai ser um a bagunça lá fora. Em algum as horas, as
coisas vão se acalm ar. – Slade aj eitou-a nos braços. – Quero
escondê-la rápido.

Valiant assentiu com a cabeça.

– Melhor ainda. Vam os.

– Pode m e descer – Trisha inform ou Slade.


Ele negou.

– Você está descalça. Apenas coloque os braços em volta do m eu


pescoço e relaxe. – Ele sorriu de repente. – A não ser que você
queira que eu te coloque nas costas de novo.

Ela abraçou o pescoço dele, se lem brando da época depois do


acidente da SUV e de com o os m úsculos de sua coxa doeram por
dias depois de se pendurar nele. Valiant m ostrava o cam inho, com
Slade e Brass indo atrás.

– Onde está Moon? – Trisha virou a cabeça, procurando-o, m as


não o viu. –

Ele está bem ? Não levou um tiro tam bém , né?

– Ele não está ferido. Ficou com Harley – Brass respondeu. – Vai
vigiá-lo enquanto ele estiver no hospital hum ano.

– Alguém vai nos inform ar sobre o estado de Harley ? – Trisha


olhou para Slade. – Por favor? Vou ficar preocupar até saber se ele
sobreviveu ou não.

Ele concordou.

– Vou garantir que você saiba assim que eu tiver notícias das
condições dele.

– Obrigada. – Ela sabia que ele m anteria a palavra.

Valiant vivia em um a casa grande de dois andares. Trisha fitou-a,


surpresa.

Tinha um estilo vitoriano, ainda em ótim o estado. Alguém reform


ara o lugar com capricho, a não ser que tivesse sido construída para
ser um a im itação de um a casa m ais velha. De qualquer j eito,
parecia autêntica e era im pressionante.
– Com pram os esse terreno j unto com o resort – explicou Slade. –
Um a velhinha vivia aqui, m as o filho dela havia m orrido. Estava
sozinha e não m uito bem . Agora está em um asilo, com um a
equipe inteira cuidando dela.

Conseguim os com prar várias propriedades na área em volta do


resort. Pagam os quase o dobro do valor do m ercado para deixá-los
felizes.

Valiant subiu os degraus altos da varanda. As portas duplas haviam


sido quebradas e Trisha se contraiu ao ver isso. Um a das portas de
vidro fora esm agada e ela sabia que seria im possível consertá-la.
Brass usou o pé para varrer os cacos para o lado enquanto Valiant
os conduzia para dentro da casa.

Trisha olhou para a bela estrutura de m adeira no corredor e para o


balaústre feito à m ão que levava ao segundo andar. As dúvidas que
ela tinha quanto à idade da casa desapareceram . A bela estrutura
de m adeira brilhava com am or e

orgulho, um a obra de artesanato que não existia m ais, a não ser


para os m uito ricos. Valiant os guiou até um a grande sala. Trisha
olhava apavorada.

– Destruíram a m aior parte da casa – rosnou Valiant. Foi até o sofá


virado e endireitou-o. – Coloque-a aí. Devem os deixá-la m ais
confortável.

– Eu sinto m uito – Slade disse a ele com sinceridade. – Vam os te


aj udar a substituir o que foi destruído. – Ele colocou Trisha
delicadam ente no sofá e se afastou.

Trisha observava silenciosam ente os hom ens aj eitarem a m obília.


Estava feliz por ninguém ter riscado a m obília antiga com um a
faca. Valiant trouxe um a vassoura e um a pá. Não dem orou para
que os dois lim passem tudo.

– Posso usar o telefone? – Slade olhou para Valiant.


– Eles não destruíram o da cozinha. Pode usá-lo.

Slade desapareceu. Brass levou o lixo para fora. Valiant estudava


Trisha som briam ente enquanto ela o observava de volta.

– Vi o que você fez pelo Harley. Ouvi dizer que é m édica.

Ela concordou com a cabeça.

– Trabalho em Hom eland.

– Já trabalhou para as Indústrias Mercile? – A raiva fez seus


exóticos olhos de gato parecem am edrontadores.

– Não. Nunca tinha visto um Nova Espécie até vocês serem


libertados. Slade foi levado até m inha sala de em ergência direto do
centro de testes.

Ele relaxou.

– Você parece j ovem dem ais para ser m édica.

– Com ecei a faculdade de Medicina com quatorze anos. Sem pre


fui espertinha.

– Trabalha m esm o em Hom eland?

– Sim .

Valiant sorriu, com todos os traços de raiva desaparecendo.

– Se sente m esm o atraída por Slade? Ele é m eio rude.

Ela sorriu.

– Ele tem os m om entos dele.

– Ouvi dizer que algum as de nossas m ulheres ficam em Hom


eland. Cuida delas tam bém ?
– Quando elas precisam de m im .

– Pode m e fazer um favor quando voltar para lá?

– Sim – ela concordou no ato. Ele aj udara a salvar a vida dela.

Os olhos dourados de gato dele se estreitaram .

– Não quer saber o que quero de você antes de responder?

– Você aj udou a salvar m inha vida e te devo um a. O que precisa


de m im ?

Ele hesitou.

– Quero um a com panheira. Você falaria com as m ulheres para ver


se há algum a interessada? Me sinto sozinho aqui. Quero um a m
ulher grande e robusta.

Prefiro as espécies felinas, m as, contanto que ela sej a durona, não
vou ser exigente. – Ele fez um a pausa. – Dou m edo para a m aioria
do m eu próprio tipo.

Nossas m ulheres não se assustam facilm ente, j á que foram


criadas em centros de testes. Cruzei com um a felina um a vez, no
cativeiro, e ela não gritou ao m e

ver nem im plorou aos hom ens que a levaram até m inha cela para
que a levassem em bora. Todas as outras m e recusavam . As prim
atas ficavam especialm ente apavoradas ao serem apresentadas a
m im .

Trisha teve de engolir em seco e se lem brou de ficar de boca


fechada. Ele queria que ela arranj asse um a nam orada para ele?
Ela engoliu de novo.

– Posso falar com elas. Tem um as trinta e seis m ulheres Novas


Espécies em Hom eland. Só não sei quantas são felinas, m as j á vi
algum as.
Ele concordou.

– Eu j á tinha ouvido isso. Converse com elas para m im e diga que


não sou tão assustador quanto pareço. – Ele se levantou de
repente. – Está com fom e?

– Um pouco.

– Vou te trazer um pouco de com ida. Grávidas devem com er com


frequência, e você precisa disso m ais que as outras. É m agricela
dem ais. – Ele saiu da sala.

Trisha abraçou a cintura e absorveu a conversa. Valiant era um hom


em grande. Se alguém a levasse em sua cela e pedisse que ela
transasse com ele, ela provavelm ente m orreria de m edo tam bém
.

Chacoalhou a cabeça, incrédula. Ele parecia legal quando se acalm


ava e não rosnava. Talvez um a das Novas Espécies se
interessasse por ele, m as ela não sentiria invej a dessa m ulher. Ele
era grande e feroz dem ais. Não achava que ele pudesse m achucar
alguém , m as só a visão dele bravo caso perdesse a paciência j á
era suficiente para deixar de cabelo em pé qualquer um a que o
nam orasse.

Slade voltou sozinho e se sentou no sofá a alguns centím etros dela.

– Falei com Moon. Harley está em cirurgia e está aguentando.


Todos os hom ens que atacaram vocês foram pegos, m as a m
aioria m orreu. Os três que sobreviveram estão sendo transferidos
para as autoridades hum anas e serão interrogados. – Ele a
estudou. – Com o você está, docinho? Desde que se envolveu com
m eu tipo, sua vida não tem sido m uito m onótona, né?

Ela hesitou.

– Eu não trabalhava para as Novas Espécies quando te vi pela prim


eira vez.
Você m e deixou curiosa o bastante para querer m andar m eu
currículo para Justice, então a culpa é sua.

Ele sorriu.

– Mesm o?

– Sim .

– É de se pensar que seria o oposto. Eu te agarrei quando acordei e


te puxei para a cam a. Te prendi em baixo de m im e disse o que iria
fazer com você.

Ela sentiu um calor nas bochechas.

– É, bem , talvez tenha sido isso que m e deixou interessada.

O sorriso de Slade se alargou quando ele esticou os braços para


ela. Sua m ão deslizou pela coxa dela e esfregou-a.

– Que parte te interessou? Eu tinha certeza de que queria você em


baixo de m im por dias.

– Essa parte m e m anteve acordada por noites, im aginando com o


teria sido se você tivesse feito tudo aquilo com igo.

Ele se aproxim ou.

– Ainda não tive a oportunidade de fazer isso, docinho. Quero


passar dias com

você em baixo de m im .

– Não vai prendê-la no m eu sofá – rosnou Valiant.

Slade deu um pulo para trás e tirou a m ão de Trisha. Ele sorriu para
Valiant.

– Me desculpe, não ouvi você entrar na sala.


– Estava concentrado dem ais na sua m ulher – Valiant entregou a
Trisha um refrigerante e um m uffin de banana. – Fico besta de ver
com o nossa espécie se am aciou desde que fom os libertados.
Antes, ninguém poderia te pegar desprevenido.

– Antes, quando ficávam os presos a paredes e dorm íam os em


colchonetes no chão. Antes, quando éram os prisioneiros. Esse
antes acabou.

Valiant concordou.

– Bem verdade.

– Preciso ir cuidar dos efeitos colaterais do que houve. – Slade deu


a Valiant um olhar intenso. – Posso deixar ela e Brass aqui com
você?

– Pode, m as lem bre-se de que você disse que iria tirá-la da m inha
casa hoj e à noite.

Slade levantou e olhou para Trisha.

– Você está segura aqui e volto em algum as horas, quando o sol se


pôr. Vou te levar para a m inha casa. Descanse um pouco.

– Ok. Volte logo.

Slade sorriu.

– Eu vou. Vou voltar para você logo.

Trisha se contraiu. Já o ouvira dizer aquilo antes, m as ele nunca


retornou. Em vez disso, evitara-a, aceitando o em prego na
Reserva. Ela o viu ir, entendendo que tinha que aprender a confiar
nele, ou então teria m edo toda vez que ele se afastasse dela. Não
queria viver assim .

– Não fique tão assustada. Está segura com igo aqui. É m agricela
dem ais para despertar algum interesse sexual em m im , Slade j á
te conquistou e estou bravo dem ais com o que fizeram com a m
inha casa para m e excitar com seu cheiro tentador. Ele vai voltar –
Valiant rosnou baixo. – Ele sabe que eu acabaria com ele se
deixasse um a hum ana com igo por m ais de um dia. Preciso fazer
um a faxina. Relaxe. Durm a. Apenas não saia. Tem um banheiro
perto da porta de entrada, caso precise. Os intrusos que violaram m
eu dom ínio o danificaram .

Brass vai m e aj udar a arrum ar tudo.

– Vou? – Brass estava na porta.

Valiant concordou.

– Sou m aior e estou dizendo que você vai m e aj udar.

– Tudo bem por m im . – Brass piscou para Trisha. – Vou aj udar o


grande felino a fazer faxina.

– Estarei descansando bem aqui e sem aj udar – Trisha provocou.

Brass deu um a risadinha antes de se virar e seguir Valiant para fora


da sala.

Trisha term inou o m uffin e deitou no sofá confortável, até que


percebeu que suas m ãos ainda estavam suj as com o sangue dos
ferim entos de Harley. Esteve tão distraída com tudo o que
acontecera que não notou antes.

Fitou o sangue seco e lutou para não ficar enj oada. Levantou-se e
saiu em busca do banheiro, sabendo que ia perder a batalha. Sentiu
ânsia e m al chegou a

tem po de colocar todo lanche para fora. Dez m inutos depois, se


esticou no sofá. A exaustão a aj udou a adorm ecer rapidam ente.
– Fico feliz em ouvir. – Slade desligou o telefone, encontrando os
olhos de Tiger, e deu um grande suspiro. – Harley sobreviveu à
cirurgia. Justice m andou um a equipe hum ana para aj udar Moon.
Mais hom ens nossos vão ficar de guarda.

Ele ficará bem .

– Tivem os notícias das autoridades. Queriam perm issão para ir até


a cena do crim e, m as Justice está tom ando conta disso com a aj
uda de Fury. Não podem os deixá-los irem até a Zona Selvagem e
m andei um de nossos hom ens ir buscar as coisas da m édica. Não
querem os rastro nenhum dela lá caso a polícia consiga convencer
Justice a perm itir que vej am onde o ataque ocorreu.

– Obrigado. – Slade encostou de volta na cadeira. Levantou um a m


ão e correu-a pelo cabelo. – Eu podia tê-la perdido. De novo.

– Mas não perdeu. É por isso que não te invej o por ter um a hum
ana.

– Um dia você pode conhecer um a à qual não vai resistir.

– Não faça am eaças. – Tiger olhou para ele.

Um sorriso curvou os lábios de Slade.

– Não é tão ruim .

– Você vai ser pai. Está sendo tendencioso. Sua m ulher te deu um
m ilagre.

A realidade fazia o coração de Slade acelerar.

– Sim , m as ela j á era a certa para m im antes m esm o de eu


saber sobre o bebê que cresce dentro dela. Estou feliz, m as
preocupado. Ela não é um a Nova Espécie. Hum anas não são
fortes com o nossas m ulheres. Fico pensando em todas as coisas
que podem dar errado.
– Pare. Ela é um a m ulher forte de cabeça, se não for de corpo.
Isso é o que im porta.

– Ela é bem valentona.

Tiger bufou.

– Você devia ver sua cara agora.

– O quê?

– Nada, só que é óbvio que você se im porta profundam ente com


ela. Você parece orgulhoso e feliz. – Tiger levantou e andou pelo
escritório. – Eles nunca vão nos deixar em paz e deixar que a gente
viva num a boa.

Slade sabia que Tiger se referia aos hum anos que os odiavam .

– Eu sei, m as podem os ter esperanças. Me disseram que as


pessoas têm m edo do que não entendem . Talvez com o tem po
elas aprendam m ais sobre nós e vej am que não som os inim igos.
Até nos separam os delas para lhes assegurar de que estão a salvo.
Muitas delas têm m edo de serm os instáveis ou de atacarm os sem
m otivo.

– Pode ser que esse sej a o problem a. Talvez o fato de term os


construído nossos

próprios am bientes não foi o m elhor j eito de eles nos aceitarem .

– Não sei, m as penso em todas as vidas que teriam sido perdidas


se eles pudessem atacar e nos elim inar um por um . Essa pode não
ser a m elhor form a para eles nos aceitarem , m as é a m elhor form
a de nós sobreviverm os. Só não parecem prontos ainda para serem
nossos vizinhos. Pelo m enos não todos eles.

Tem po é algo de que precisam os para aprenderm os a conviver.


Alguns dos nossos odeiam hum anos. Lem bre-se do m otivo de a
Reserva ser necessária – ele suspirou. – Fico feliz por não ter o
trabalho de Justice. O m eu é term inar a Reserva, fazer dela um
lugar seguro para nosso povo e proteger Trisha. Qualquer coisa
além disso é m ais do que quero pensar agora. Lidar com nosso
próprio povo j á é difícil o bastante para term os que lidar tam bém
com os hum anos.

– Vam os ter que apertar a segurança de novo. Não sei com o.


Nossos hom ens j á estão cansados e sobrecarregados. Estam os
cheios de hum anos que podem não estar aqui apenas pela
construção. Aqueles hom ens que atacaram a cabana aceitaram o
trabalho para terem um a oportunidade de m atar alguns de nós.

Justice vai trocar alguns de nossos hom ens para que eles
descansem um pouco.

Só de colocarm os tudo para funcionar aqui e poderm os fechar os


portões para os hum anos j á vou ficar feliz.

– Não vai dem orar m uito m ais.

– Eu sei. – Tiger se recostou na parede. – Fico grato por sua m


édica não ter sofrido nada e por ela ter conseguido salvar Harley.
Aquilo foi incrível. Você teria ficado devastado se a perdesse, e
todos nós ficaríam os m uito m al se o tivéssem os perdido. E a
questão de colocá-la em m ais perigo estando com ela?

Ainda acha que declarar que ela é sua vai arriscar m ais a vida
dela?

– Aprendi que ela corre perigo se eu for ou não parte de sua vida.
Ela escolheu trabalhar conosco. É dedicada. Só fico feliz por ela ter
m e dado um a segunda chance. Não vou desapontá-la de novo.

– Sei que não. – Um sorriso curvou as feições de Tiger. – Por acaso


achou algum a vez que toda a sua vida fosse girar em torno de um a
hum ana? Ou de um a m ulher qualquer?
– Não. – Slade sorriu de volta. – Mas dessa vez estou feliz por ter
estado errado.

Esse é o tipo bom de surpresa que a vida j ogou no m eu cam inho.

– Não largue o trabalho todo para m im – grunhiu Tiger. – Sei que


não vai querer sair de perto dela, m as Brass fez um bom trabalho
protegendo-a e eu não posso term inar a Reserva sem você. Som
os um tim e. Você pode proteger ela e nosso povo.

Slade concordou.

– Deixar a Reserva segura vai ser deixá-la segura tam bém . Agora
é a m esm a coisa.

CAPÍTULO DEZENOVE

– Doutora?

Trisha nem precisou olhar para saber que era Slade quem
acariciava seu braço. Ela abriu os olhos e ele sorriu.

– Oi. Tirou um a boa soneca?

Ela não pôde resistir e segurou o rosto dele nas m ãos. O cara a
aquecia em todos os sentidos só de olhar para ele e apreciar aquele
encanto puram ente m asculino. Ela sorriu de volta.

– Teria sido m elhor se você tivesse dorm ido com igo e se


estivéssem os pelados.

O sorriso de Slade ficou m ais sério.

– Eu não precisava ouvir isso – rosnou Valiant.

– Merda – suspirou Trisha. – Não estam os sozinhos, né?

– Não – afirm ou Brass.


Trisha tirou as m ãos do rosto de Slade.

– Vou sentar se você m e der um espaço.

Slade recuou um pouco, se endireitou e esticou a m ão para aj udá-


la.

– Agora está escuro lá fora.

Ela olhou em volta da sala, lem brando-se de que estava na sala de


Valiant. O

dono da casa estava num a cadeira perto dela e Brass estava


esticado em um a poltrona no canto, com as pernas abertas. Slade
levantou-a.

– Obrigada pela hospitalidade e por aj udar a m e salvar. – Ela se


dirigiu a Valiant.

– Eu diria “a seu dispor”, m as ainda tenho m uita faxina para fazer


antes de m inha casa voltar a ser habitável. – Ele sorriu para ela. –
Foi legal m atar hum anos.

Ela apenas piscou.

– Fico feliz? – O que respondo para isso? Ela não tinha certeza.
Esperava ter falado a coisa certa e soube que o fizera quando
Valiant pareceu achar graça. Ela virou a cabeça e olhou para Slade.
– Estou pronta para ir.

Ele insistiu em carregá-la, pois ela não tinha sapatos, e Brass os


seguiu até um a SUV estacionada do lado de fora. Ele abriu a porta
de trás para Slade colocar Trisha no banco. Os dois subiram na
frente.

– Você precisa abaixar quando passarm os perto das áreas


principais – Slade ordenou delicadam ente. – Vou estacionar na
garagem quando chegarm os na m inha casa. Não pode chegar
perto de nenhum a j anela nem sair quando chegarm os lá. Ninguém
pode te ver.

– Mas…

– Sem “m as” – rosnou Brass. – Você tem que ficar escondida.


Confia sua vida a nós e nós dois concordam os que isso é o m ais
seguro. Ninguém pode saber onde você está.

– Está bem . – Ela assentiu, abalada dem ais para discutir. – Algum
a notícia do Harley ?

– Está em estado crítico, m as é forte e sobreviveu à cirurgia –


Slade inform ou a ela baixinho. – Moon tem certeza de que ele vai
sair dessa. Você o salvou, doutora.

– Bom trabalho, Trisha. Eu tinha certeza de que ele tinha nos


deixado. – Brass deu a ela um olhar de gratidão. – Eu teria ficado
devastado se tivesse perdido m eu am igo. Ele é com o um irm ão
para m im .

Trisha encostou no banco e relaxou, em ocionada por saber que o


am igo sobreviveria.

– Ele é forte e todos sabem os com o vocês todos são fortes. – O


estôm ago dela escolheu aquele m om ento para roncar. Ela riu. –
Estou m orrendo de fom e.

– Vam os te dar com ida assim que chegarm os à casa do Slade. –


Brass se virou no assento para continuar observando-a. – Não vam
os conseguir roupas para você im ediatam ente. Houve perda total
da cabana e m e disseram que pegaram suas coisas, m as estão
danificadas ou suj as. Acho que você vai ter que usar as de Slade
até conseguirm os outras ou lavar as que está vestindo.

– A perda é certa – suspirou Slade. – Tiger m andou um cara para


tirar o cam inhão da sala e um a grande parte do sótão desm
oronou. A estrutura inteira está instável. Aqueles filhos da puta
enfiando um cam inhão inteiro de obra lá só m e deram m ais
pesadelos de trabalho. A casa vai ter que ser derrubada e outra terá
que ser construída.

– Vão m e esconder em outro lugar ou vou ficar um tem po na sua


casa, Slade?

– Trisha esperava que ele a m antivesse por perto.

– Você vai m orar com igo. A casa é bem longe da área do hotel e
dos novos prédios que estão sendo levantados, então não há m
otivo para ninguém ir lá. Só não querem os que você fique espiando
pelas j anelas ou saindo, caso alguém resolva xeretar. À noite,
podem os te levar para dar um as voltas para se soltar um pouco.
Sabem os com o é desej ar estar em um lugar aberto. Brass vai ficar
com você enquanto eu estiver no trabalho e Moon deve voltar nos
próxim os dias.

Justice vai m andar em breve alguém no lugar dele no hospital. Não


quisem os trazer um guarda novo para você, j á que quanto m enos
pessoas souberem da sua gravidez, m elhor.

– Mas todos os guardas serão Novas Espécies, certo? Então é


totalm ente seguro. Isso não vazaria nenhum a inform ação sobre o
bebê.

– Verdade – concordou Brass. – Mas Justice não quer arriscar. Você


é im portante para nós, Trisha. É nossa prim eira fêm ea a conceber.

Ela franziu a testa, sem gostar do term o.

– Você faz parecer que sou um a égua.

Brass se virou para a frente. Murm urou algo que fez Slade
gargalhar.

– O quê? Não é j usto, vocês sabem que não ouvi! Vam os, gente,
sej am legais com igo.
Slade pigarreou.

– Ele disse algo sobre não ter sido um a m á analogia, levando em


conta nosso pau.

Brass riu. Trisha olhou para cim a e chacoalhou a cabeça.

– Algum as pessoas são m uito cheias de si.

Slade olhou para ela e m ostrou os dentes ao sorrir.

– Quer se lem brar disso quando chegarm os em casa? Talvez você


estej a se esquecendo do m eu tam anho e precise de um a lem
brança visual.

– Já vi cavalos quando trabalhei num hospital veterinário. Você nem


chegaria perto de m im se se parecesse com um da cintura para
baixo. – Ela fez um a pausa. – Mas você é m aior do que qualquer
um com quem j á estive. Isso am eniza seu orgulho de m acho?

Slade rosnou, Brass riu. Trisha sorriu do banco de trás, até que eles
m andaram que ela se abaixasse. Estava escuro do lado de fora, ela
não via m otivo para se esconder, m as tam bém não queria que os
dois rosnassem , algo que as Novas Espécies pareciam adorar fazer
quando estavam irritados ou em otivos. Slade entrou na garagem e
ela ouviu o portão autom ático fechar. Ele abriu a porta para ela.

– Vai dorm ir aí ou vai entrar na casa?

Ela m ostrou o dedo para ele e sentou. Trisha olhou em volta da


garagem . Era dupla e um j ipe se encontrava ao lado da SUV. Ela
se apertou para sair do carro e fechar a porta e Slade a levou para
dentro da casa.

– Oh. Meu. Deus – Trisha suspirou.

Slade se virou para encará-la.

– O quê?
Ela olhou estarrecida para a cozinha.

– Você é um porcalhão!

Trisha curvou os lábios ao olhar para a pilha de pratos suj os na pia.


O fogão…

Ela se forçou a olhar para longe dele, im aginando que ele teria que
ser m uito bem lavado. O chão… Seus pés estavam descalços e ela
podia sentir a suj eira.

Seus olhos voaram até Slade, percebendo que ele apenas a


observava em silêncio, franzindo a testa.

– Você é um porcalhão – Brass gem eu baixinho. – Já ouviu falar de


água e sabão, cara?

– Tenho trabalhado dezesseis horas por dia e dorm ido seis nas três
sem anas que estou aqui. Me deem um tem po. – A irritação se m
ostrou em seu rosto. – Não há ninguém para contratar para lim par
m inha casa. Não tenho folga para eu m esm o lim par.

– Uau. Você fez tudo isso em só três sem anas? – Trisha


chacoalhou a cabeça. –

Mal posso esperar para ver o resto da casa. – Ela esperava que seu
sarcasm o não fosse m uito perceptível.

– Você pode dorm ir na floresta – provocou Slade. – Pelo m enos


não tem um cam inhão na m inha sala. Você durou na cabana por
quanto tem po? Vinte e quatro horas? Está tão ruim que tem de ser
dem olida. Pelo m enos a m inha só precisa de lim peza.

– Macacos m e m ordam – Trisha m ostrou a língua para ele.

Ele sorriu de repente e seu olhar passeou lentam ente pelo corpo
dela.
– Eu posso fazer isso, doutora. – Ele exibiu os dentes afiados para
ela.

Brass riu quando Trisha recuou.

– Deixe essas gracinhas longe do m eu traseiro. – Ela chacoalhou a


cabeça. –

Não foi um desej o de verdade.

– Não sei com o você consegue dorm ir com um a hum ana. – Brass
riu. –

Frágeis dem ais. Nossas m ulheres adorariam levar um a m ordida.

Slade fez que sim com a cabeça, m as m anteve o sorriso.

– Eu sei, m as ela é bonitinha. O que eu podia fazer? Ela m e queria


dem ais.

– Enfatizo a palavra “queria”. – Trisha lançou a ele um olhar safado


e foi até a sala de j antar.

– Ops – riu Brass. – Alguém vai dorm ir na casinha de cachorro.

– Eu não tenho um a – gargalhou Slade.

A sala de j antar obviam ente não era um côm odo usado por Slade,
pois ela estava lim pa, a não ser pelo pó. A sala de estar era outra
história. Devia haver um a m esinha de centro legal, se ela pudesse
vê-la sob os pratos suj os, latinhas vazias de cervej as e refrigerante
e um cinzeiro transbordando de cinzas. Ela franziu o cenho,
estudando Slade.

– Você fum a?

Ele deu de om bros.


– Às vezes, quando tom o um as cervej as. Estou tentando m e
acostum ar com o gosto horrível delas. Parece que para fazer am
izade com os hum anos tem os que tom ar algum as depois do
trabalho, e fum ar tam bém .

– Bem , por favor, não faça isso enquanto eu estiver aqui. O cheiro
dos cigarros vai m e fazer m al.

– Não vou fum ar dentro de casa.

– Bom m esm o. Isso faz m uito m al.

Ela olhou em volta da sala antes de continuar. A parte de baixo tinha


um banheiro, um a sala íntim a que não era usada e um escritório
que era. Ela abriu a boca, m as fechou-a ao notar que todas as
superfícies estavam cobertas de papel ou latinhas. Ela ficou im
pressionada por um hom em ter tantos pratos. Foi até a escada
quando o tour pelo andar principal chegou ao fim .

– Vam os olhar todos os côm odos? – Slade a seguia.

– Sim . Quero saber onde vou m orar e com o que estou lidando.
Estou com eçando a sentir falta dos anos 1970.

Brass riu.

– O que isso quer dizer? – Slade olhou para eles.

– Explico depois – bufou Brass.

Havia dois banheiros e três quartos no segundo andar. Um dos


banheiros tinha a porta no corredor. O segundo ficava dentro do
quarto m aior. Era um quarto grande, com um a cam a de casal. Ela
franziu a testa ao ver o pequeno colchão e se virou para olhar para
Slade, m as não disse nada. Em seguida, checou os dois outros
quartos. Um tinha nada m ais que um a cam a de casal e um arm
ário. Um conj unto de pesos e um a esteira dom inavam o últim o.
Ela fechou a porta e encontrou o olhar de Slade.
– Então, onde você vai dorm ir? Brass pode ficar no quarto extra e
você só tem um a cam a de casal pequena. Não vou dorm ir no
chão. Acho que você pode dorm ir no sofá ou no banco de levantar
peso. – Ela pôs as m ãos na cintura.

Slade piscou algum as vezes, com um a expressão confusa. Brass


riu e Slade lançou um olhar zangado a ele, antes de franzir a testa
para Trisha.

– Vou dorm ir no m eu quarto, na m inha cam a, e você vai dorm ir


na cam a com igo. Sei que é pequena, m as cabem os nela.
Acredite em m im .

O olhar dela passeou pelo corpo dele. Ela hesitou.

– Não vou dorm ir por baixo. O único j eito de nós dois ficarm os
naquela cam a é se um de nós dorm ir em cim a do outro. Você vai
m e esm agar.

Slade se m exeu de repente.

– Deixa eu te m ostrar com o vai funcionar. Boa noite, Brass. Fique à


vontade, há bastante com ida na geladeira.

– Ei – protestou Trisha, quando Slade a agarrou. Ele ignorou a obj


eção dela e pegou-a nos braços. – E a j anta? Estou com fom e.

Slade rosnou.

– Estou com fom e tam bém . – Ele foi até o quartro principal e
fechou a porta com um chute. Foi a passos largos até a cam a
estreita e gentilm ente colocou Trisha em cim a dela.

Trisha observava enquanto Slade se curvava, fitando-a. Ela adorava


a paixão que explodia nos olhos dele. Ele parecia m esm o estar
com fom e, m as não de com ida. Ele a queria. Ele arrancou os
sapatos e as m eias antes de tirar a blusa. O
olhar de Trisha absorveu lentam ente a visão dele, apreciando os
braços m usculosos e o peitoral largo.

Slade rosnou para ela de novo e pôs as m ãos na frente da calça


para abri-la.

– Você poderia se despir.

– É, m as eu perderia o show.

As m ãos dele pararam por um instante, m as então ele em purrou


as calças para baixo e chutou-as para longe. Ficou só com a cueca
preta, até que alcançou a últim a peça de roupa que tinha no corpo.
Trisha o observava em purrá-la para baixo e m ordeu o lábio. O pau
de Slade era grosso e o sangue o entupia até chegar a um tam anho
que a m aioria dos hom ens invej aria. O desej o dele por ela era
evidente.

Ele pôs as m ãos no short de Trisha. Ela ouviu o tecido se rasgar


com a pressa dele de puxá-lo pelos quadris e pelas pernas. Ele o j
ogou por cim a do om bro e rasgou a blusa dela. Já estava destruída
de quando ela cortara uns pedaços para fazer tiras para os ferim
entos de Harley. Não estava de sutiã, o que fez surgir um sorriso
nas feições de Slade.

– Sem lingerie, doutora? Estou chocado, m as m uito excitado.

– Eu estava tom ando banho quando aqueles hom ens chegaram .


Brass m e arrancou de lá e j ogou um as roupas para m im . Minha
calcinha e m eu sutiã não estavam na pilha que ele enfiou nos m
eus braços.

O sorriso de Slade desapareceu.

– Ele te viu pelada? – Ele rosnou e a raiva pareceu escurecer seus


olhos.
– Ele estava salvando m inha vida. Tenho certeza de que nem
notou.

– Acredite em m im quando digo que ele notou sim . – Slade agarrou


os tornozelos dela e puxou-a até a bunda dela parar na beirada da
cam a. – Qualquer um notaria qualquer m ilím etro exposto seu.

– Obrigada. – Ela sorriu e tentou se sentar, querendo beij á-lo.

Ele usou a m ão, que estava entre os seios dela, e colocou-a de


costas na cam a.

Sua m ão deslizou pela barriga dela, sobre o quadril e então as duas


agarraram as

coxas dela para subi-las. Ele as separou e olhou para a boceta dela.
Aj oelhou no fim da cam a para olhar m elhor, lam beu os lábios e
rosnou baixinho. Trisha olhou para baixo e viu o pau excitado de
Slade a centím etros da boceta dela.

– Não vai nem m e beij ar antes?

– Vou, docinho. Vou te beij ar antes de te foder. – Ela abriu m ais as


pernas dela e seu olhar quente estudou o corpo dela esticado diante
dele.

Trisha tentou não ficar envergonhada com o interesse intenso dele


em cada m ilím etro seu, especialm ente quando ele com eçou a
pairar sobre sua boceta exposta. Ele recuou um pouco, abaixou a
cabeça e segurou a parte de dentro das coxas dela para deixá-las
no lugar. Suas m ãos se aj eitaram de um j eito que fez Trisha
entender o que ele planej ava fazer. Ela sentiu a respiração quente
dele contra sua coxa logo antes de a língua dele provocar seu
clitóris com lam bidas fortes, e em seguida fechou a boca sobre o m
onte de nervos, chupando com sugadas fortes. Ela se derreteu.

– Ah, caram ba – ela gem eu.


A boca dele se afastou da carne sensível.

– Eu disse que ia te beij ar.

– Achei que fosse a m inha boca.

Ele inclinou a cabeça, olhando para ela.

– Quer que eu pare? Tenho que adm itir que não quero parar.
Estava m orrendo de vontade de sentir o gosto de cada m ilím etro
seu. Não m e negue isso, docinho.

– Quer m orrer? É o que vai acontecer se parar. Continue, por favor.

Ele riu antes de sua boca e sua língua retornarem . Trisha gem ia m
ais alto conform e seus dedos se enterravam no lençol, segurando
em algo enquanto arqueava as costas. Ela achou que pudesse dar
conta das sensações incrivelm ente boas que ele criava pelo corpo
dela com a boca. Isso foi até ele com eçar a lam ber o clitóris m ais
rápido e rosnar profundam ente, fazendo-o vibrar. Trisha ficou tensa,
sem nem m ais saber se estava respirando e gozou. Gritando.

Slade levantou a cabeça rapidam ente, agarrou o quadril dela e


puxou-a para ele. Seu pau grosso se pressionou contra a boceta
dela e ele adentrou-a lentam ente enquanto ela ainda titubeava do
clím ax ao qual ele a fizera chegar com a língua. Ela gem ia
enquanto ele em purrava o pênis grande m ais fundo, aproveitando
a sensação de ter o corpo dela se esticando de um j eito delicioso,
que a com pletava com o hom em que am ava. O pau grande dava
um a sensação incrível ao corpo dela, que ainda se agitava com o
clím ax.

Slade enfiava em Trisha rápido e fundo, enlouquecendo-a de prazer


outra vez m inutos depois e fazendo-a gritar seu nom e. Slade
rosnou profundam ente, m etendo nela m ais rápido, e j ogou a
cabeça para trás. Ela o viu exibir os dentes afiados quando ele com
eçou a gozar dentro dela, inchando até quase sentir dor, e ele gritou.
Seu corpo espasm ava contra o dela enquanto ele j orrava líquido
quente dentro de seu corpo.

Trisha sorriu quando abriu os braços para Slade e ele desm oronou
sobre o peito dela. Os dois ofegavam e Trisha passou as pernas em
volta dele e correu os dedos por aquele cabelo sedoso enquanto ele
descansava a cabeça entre os seios dela. A respiração pesada dele
fazia um pouco de cócegas em sua pele, m as ela o am ava dem ais
para reclam ar ou pedir para que ele virasse a cabeça para

parar.

– Eu disse que daria certo com essa cam a – riu ele.

– Com certeza funciona para m im nessa posição, m as não sei com


o você vai dorm ir assim .

Slade virou um pouco a cabeça e se m exeu. Passou a língua na


lateral do seio dela, fazendo Trisha estrem ecer. O seio dela
respondeu im ediatam ente, com a ponta endurecendo. Slade abriu
a boca, cobriu o m am ilo e deixou os dentes afiados arranharem -no
de leve. Trisha arqueou as costas. A sensação erótica deu a partida
em sua paixão outra vez. Ele soltou o m am ilo dela e levantou a
cabeça para sorrir para ela.

– Quer de novo, Trisha?

– Sim , m as preciso de com ida. Que tal com erm os e continuarm


os daqui?

Slade riu.

– Deixe eu preparar um banho para você. Se lave enquanto faço


algum a coisa para o j antar.

– Espere um m inuto. Eu vi a cozinha. Melhor pedirm os com ida.

Slade se endireitou. Contorceu os lábios e levantou a bunda de


Trisha da cam a.
Suas m ãos bateram forte na bunda dela, o bastante para fazê-la se
encolher, m as não foi doloroso.

– Não vou te envenenar e não tem nada perto da Reserva para


pedirm os.

Tam bém não podem os confiar neles para prepararem nossa com
ida, pois não sabem os se são am igáveis a nós. Meus planos
envolvem você bem viva e saudável. – Ele sorriu. – Acho que posso
sair sem te m achucar agora que o inchaço passou um pouco. Vam
os lá, doutora, banho e com ida, nessa ordem .

As pernas dela se prenderam em volta do quadril dele quando ele


tentou rem over o pau do corpo dela. Ela o olhou.

– Lem bra da regra? Você está dentro de m im , então m e cham ar


de doutora não é aceitável. Qual é m eu nom e, pirulito?

Ele chacoalhou a cabeça, m as sorriu de um j eito encabulado.

– Desculpe, Trisha.

– Pirulito? – Brass gritou do corredor. Eles ouviram um a


gargalhada.

O calor inundou o rosto de Trisha.

– Ele ouviu tudo o que dissem os e fizem os, né?

Slade deu de om bros.

– É nossa audição, Trisha – ele enfatizou o nom e dela. – Não é


bem culpa dele, apesar de que ele devia ter só rido, sem fazer com
entários.

– Desculpe – gritou Brass, do outro quarto –, Pirulito.

Slade rosnou ao tirar delicadam ente o pau de dentro de Trisha. Se


levantou e colocou-a em pé.
– Vou ter que m atá-lo se ele ficar m e cham ando assim .

CAPÍTULO VINTE

Trisha olhava em volta da cozinha enquanto Brass guardava o últim


o prato lim po. Ela suspirou, esfregando a lom bar dolorida com as
m ãos.

– Está tudo finalm ente lim po!

Brass franziu a testa.

– Eu te disse para deitar há duas horas. Está carregando um a


criança. Slade teria aj udado a lim par tudo quando chegasse em
casa se você tivesse esperado.

– Não estava aguentando – adm itiu Trisha, ao abrir a geladeira e


pegar um refrigerante e um chá gelado, entregando o prim eiro a
Brass. – Vej a pelo lado bom , ele vai ficar surpreso quando chegar.

– Ou m e dar um cacete por ter deixado você fazer tanta lim peza.
Tínham os que ter faxinado a casa toda em um dia? Você tem que
pegar leve. Slade vai m e culpar se algum a coisa acontecer com
você ou com essa criança.

– Bem , você não conseguiria dar conta de tudo m uito bem sozinho,
e fez todo o trabalho pesado. Foi você que esfregou tudo e levantou
peso.

– Você está com as m ãos nas costas. Está com dor?

– Um pouco. – Ela se virou e de repente saiu correndo.

Ela quase podia sentir Brass grudado em sua bunda quando desceu
a escada correndo para o banheiro. Bateu a porta, esperando que
não pegasse na cara dele. Mal se aj oelhou quando o alm oço saiu.

A porta se abriu atrás dela.


– Eu te avisei, m ulher. Agora você está passando m al.

Ela não conseguia falar enquanto tudo se rem exia e saía de dentro
dela. Brass gentilm ente segurou seu cabelo e, com a outra m ão,
acariciou suas costas. Ela finalm ente parou, quando não havia m
ais nada no estôm ago.

– Não entre quando eu estiver no banheiro – ela gem eu. – Isso é m


uito constrangedor.

– Você está grávida. Enj oo m atinal acontece.

– Não neste estágio.

– Talvez você estej a passando m al porque deu duro hoj e. Não


faça isso de novo, Trisha. Te proíbo de levantar um dedo sequer.
Que isso sirva de lição.

– Pode ser isso, ou então estou com enj oos m atinais precoces
porque nada sobre essa gravidez vai ser norm al. Eu queria que
algum a Nova Espécie tivesse dado à luz para que eu tivesse um a
ideia do que esperar. Talvez sej a norm al ter náuseas tão cedo
assim ao carregar um bebê Nova Espécie.

– Vou te aj udar a levantar. Term inou de vom itar?

Ela fez que sim com a cabeça.

– Preciso de um a escova e de um a pasta de dente.

Brass aj udou-a a se levantar, segurando o peso dela.

– Vou pegar as coisas que Slade trouxe para você hoj e de m anhã.
Vi tudo

dentro de um a das m alas. Você vai ficar bem enquanto vou buscá-
las?

– Estou bem . Obrigada.


Ela se virou e estudou o próprio reflexo no espelho depois que
Brass deixou-a sozinha. Estava pálida e tensa. Talvez eu tenha
mesmo exagerado hoje. Ela só queria lim par a casa. Parecia quase
que estava com um instinto incontrolável de aninhar, algo que com
um pelo qual m ulheres grávidas passavam . Ela tam bém tinha a
tendência a lim par as coisas quando estava nervosa ou
preocupada, e no m om ento tinha am bos os sentim entos.

Brass voltou e abriu um a nova escova de dente e um tubo de pasta


de dente.

Ele ficou ali, se recusando a ir em bora, enquanto Trisha escovava a


boca inteira.

Odiava vom itar. Quando teve certeza de que não estava com m au
hálito ou im pregnada de outro cheiro, lavou o rosto. Brass deu a ela
um a toalha, agindo com o se fosse um a serviçal. Ela deu um
sorrisinho ao pensar nisso, achando graça, secou o rosto e devolveu
a toalha a Brass.

– Obrigada.

Ele balançou a cabeça, m as de repente se curvou, pegou-a nos


braços e se endireitou para cam inhar com ela até a escada.

– Me ponha no chão, consigo andar.

– Você passou do lim ite e estou assum indo o com ando. Vai seguir
m inhas ordens.

– Não vou não. Vam os, Brass, eu estou bem .

– Cale a boca.

– Lam be a m inha bunda.

– Vou é bater nela.


– Jam ais encoste na bunda dela – rosnou Slade. – O que está
acontecendo aqui?

Por que está carregando ela?

Brass se virou com Trisha nos braços, fitando Slade, que o olhava.
Brass ficou tenso.

– Ela queria lim par a casa. Eu disse que faria isso sozinho, m as ela
não m e ouviu, achou que tinha que m e aj udar. Ela teve apenas um
enj oo e estou levando-a até seu quarto para que descanse.

A raiva de Slade sum iu e o olhar dele se suavizou ao encontrar o


de Trisha.

– Você está bem ?

– Estou. Pode dizer para ele m e pôr no chão? Ele não quer m e
ouvir. Acha que não posso andar ou coisa parecida.

Slade soltou a m aleta que carregava e chutou a porta da entrada


para fechá-la.

Se aproxim ou de Trisha e abriu os braços.

– Eu pego ela.

– Toda sua. – Brass entregou Trisha.

– Sou tão sortudo. – Slade riu.

Trisha colocou os braços em volta do pescoço de Slade.

– Não sou nenhum a coitada, você sabe. Posso andar e tudo m ais.

– Cale a boca.

– Lam be a m inha bunda.


– E foi aí que você entrou – Brass riu entre os dentes. – Entendeu
por que eu estava am eaçando bater nela?

– Sim – disse Slade, balançando a cabeça, ainda olhando para


Trisha. – Vou bater na sua bunda e depois lam bê-la.

Ela riu, sem esperar que ele fosse ser brincalhão. Estava feliz
porque ele não ficou bravo por ela ter lim pado a casa e provavelm
ente exagerado.

– Que pervertido.

Ele sorriu e subiu a escada.

– Brass, você faz o j antar, por favor?

– Claro.

– Vou ter que enfiá-la na banheira e tentar não afogá-la por ser tão
teim osa.

– Boa sorte – gargalhou Brass.

Trisha olhou para Slade.

– Não tem graça.

– Claro que tem . – Ele a carregou para dentro do quarto. Finalm


ente desceu-a, colocando-a no balcão do banheiro. – E da próxim a
vez que decidir lim par a casa grávida, talvez eu não brinque sobre
te enfiar debaixo da água.

Ela o observou abrir as torneiras, adorando a banheira de Slade.


Além dela, havia um chuveiro separado. Slade testou a água e se
virou para ela, enquanto a banheira enchia.

– Com o foi seu dia, querido? – Trisha piscou os cílios para ele.

Ele sorriu.
– Bem , docinho. Eu perguntaria com o foi o seu, m as j á sei. Se
sente m elhor agora que a casa está lim pa?

– Mil vezes, tirando a parte de colocar m inhas entranhas para fora.

Ele se encolheu.

– Não vou te beij ar.

– Eu escovei os dentes.

Ele fitou a boca dela.

– Deixe-m e reform ular isso. Não vou beij ar sua boca. Vam os tirar
esse m oletom de você, se quer um beij o. – Ele desceu os olhos. –
Esse fica bem grande em você. Você enrolou o cós?

– Você é m uito alto e não posso fazer nada se você tem pernas
bem longas. Eu usaria m eu short, m as alguém o rasgou ontem à
noite. – Ela levantou a blusa para m ostrar a ele o cós da calça que
ela precisara m anipular para se aj ustar m elhor ao corpo.

Ele deu um sorriso m alicioso.

– Você poderia sim plesm ente ficar sem roupa.

Ela deu um sorriso m alicioso tam bém .

– Lógico, eu poderia fazer isso. E, claro, tenho certeza de que Brass


iria ver um lado m eu totalm ente novo. Dois lados, na verdade.

Os olhos dele se estreitaram e sua boca retesou, não gostando


nada daquilo.

– Use qualquer roupa m inha que quiser.

– Achei que fosse dizer isso – sorriu ela.


– Calças de m oletom enroladas ficam bem sexy em você. Na
verdade, insisto para você usá-las sem pre que não estiver com igo
no quarto. Eu realm ente adoro quando você veste m inhas roupas.

Slade puxou-a do balcão, ela ficou em pé e ele levantou a larga cam


iseta que

ela usava. Suas m ãos roçaram nos seios dela, que responderam
instantaneam ente ao toque. Ele se aj oelhou na frente dela e
agarrou o cós da calça de m oletom .

– Esperei o dia todo para ver isso – ele puxou a calça para baixo.

Trisha explodiu em gargalhada com a expressão de choque que se


form ou no rosto de Slade segundos depois.

– Esperou o dia todo para m e ver de cueca?

Ele levantou as sobrancelhas.

– Está usando até isso? – Dois dedos dele se engancharam na


abertura e se m exeram contra a pele dela. – Acho que há um as
vantagens.

– Pare com isso. – Ela em purrou a m ão dele, tirando os dedos dali.


– Eu teria costurado isso se tivesse encontrado agulha e linha, m as
parece que você não tem isso tam bém .

Ele arregalou os olhos.

– Isso é m eu. Não m exa com as m inhas cuecas. O que eu faria se


fosse usá-la e você tivesse costurado todas?

– Você as tiraria.

Ele riu, chacoalhando a cabeça.

– Preciso te arranj ar um as roupas.


– E eu achei que você estivesse tentando m e deixar pelada.

Ele agarrou a cueca e deslizou-a pelas pernas dela.

– Obrigado por m e lem brar. Entre na banheira.

– Mas achei que você fosse m e tocar e m e beij ar e…

Ele se levantou e a pegou na ponta da própria blusa.

– Eu vou, m as dentro da banheira.

Ela olhou para a banheira e sorriu.

– Aaaah.

Slade riu quando Trisha entrou na água m orna que ainda enchia a
banheira.

Ela virou a cabeça e observou enquanto Slade com eçava a tirar as


roupas. Ela adorava vê-lo nu e gostava de vê-lo se despindo de tudo
com um grande sorriso naquele lindo rosto.

– Não quer desligar a torneira, doutora? Vai transbordar logo.

Ela girou as torneiras e precisou se m over para que Slade tivesse


espaço para entrar na banheira. Ficou apertado quando ele se
sentou atrás dela. Slade afastou os j oelhos e levantou Trisha para
que ela se sentasse confortavelm ente em suas coxas. Ela encostou
no peito dele.

– Isso é ótim o, m as ainda não vej o beij os e outras coisas.

– Desculpe, vou consertar isso.

Ela virou a cabeça e olhou para ele, que sorria de novo. Ele esticou
o braço e pegou um frasco de óleo de bebê de um nicho na parede.

– Óleo de bebê?
Ele riu.

– Costum o passar para am aciar a pele enquanto fico aqui dentro.


Fico com m uitos calos nas m ãos. – Ele m ostrou a ela as pontas
dos dedos. – Mas não é para isso que vou usá-lo agora.

Trisha observou-o colocar o óleo nos dedos, e então ele os afundou


na água.

Ela arfou quando eles deslizaram entre suas coxas e gem eu


quando a abriram ,

esfregando seu clitóris. Um gem ido m ais alto saiu dela quando ele
parou e entrou na boceta dela com um dos dedos.

– Slade.

– Doutora.

Ela deu um a cotovelada nele.

Slade deu um a risadinha, acariciou o corpo dela e segurou-a pelo


quadril.

Levantou-a e ela m ordeu o lábio quando ele a desceu em seu pau


duro, preenchendo a boceta dela. Ela afundava m ais conform e seu
corpo descia até o lim ite, até que sentou totalm ente no colo dele.

– Melhor, Trisha?

– Cuzão.

Ele deu um a pontada nela.

– Você é m édica. Reprovou em anatom ia? Não é onde você está


sentada.

– Vai se foder – ela gem eu.


– Não, Trisha. Isso é o que eu vou fazer com você.

Ele agarrou o quadril dela e penetrou com força e rápido. A água


caía pelas bordas da banheira, m as Trisha ignorava isso enquanto
gem ia. Slade pegou m ais em baixo do quadril dela, provando sua
força. Levantava-a para cim a e trazia-a para baixo, com suas m ãos
m anipulando o peso dela facilm ente, e estabeleceu um ritm o que
a deixou louca de êxtase.

O corpo inteiro de Slade se enrij eceu quando ele gozou e com eçou
a inchar dentro dela. Ela estava tão perto do clím ax, m as Slade
dim inuiu o ritm o enquanto rosnava de form a selvagem . Seu corpo
espasm ou e depois aquietou.

– Desculpa – rosnou ele.

Merda. Trisha balançou a cabeça, sexualm ente frustrada, e então


Slade m exeu as pernas de repente e forçou as pernas dela a se
abrirem . O corpo dela doía de tanta vontade de ter um orgasm o, m
as tentou ignorar isso, até que viu Slade pegar a loção novam ente.
Ele a colocou nos dedos de novo e afundou-os na água.

Trisha gem eu quando ele acariciou seu clitóris.

– Me avise se eu te m achucar – falou ele baixinho. – Ainda estou m


uito inchado.

Ela não ligava. O prazer se tornou forte dem ais com o que ele fazia
com os dedos, brincando com seu ponto inchado, fazendo círculos e
seduzindo-a para que gem esse m ais. Slade se m exeu dentro dela
delicadam ente, sem recuar m uito, e apenas fodeu-a profundam
ente. A pressão que ela sentia do inchaço e a sensação dos dedos
dele m anipulando seu sexo a fez gritar o nom e dele ao j ogar a
cabeça para trás, contra ele. Um a euforia absoluta percorreu o
corpo dela enquanto atingia o clím ax. Slade rosnou.

– Esqueça isso de eu m achucar você. – Ele agarrou os quadris


dela, segurando-a com m uita firm eza no lugar. – Você está m e m
atando, docinho.

Caram ba, você m e aperta tão forte que dói. Isso vai m e ensinar e
te deixar gozar prim eiro.

– Desculpa. – Mas ela não se im portava nem um pouco.

Ele riu.

– Assim é bom . – Os lábios dele roçaram no pescoço dela. –


Relaxe, doutora.

Ela deu um a cotovelada nele.

– Você está dentro. Qual é a regra?

– Ai. Desculpe, Trisha.

– Pare de m e cham ar de doutora.

– Mas é o que você é.

Trisha se virou o bastante para ver o rosto dele e apertou os m


úsculos. Slade se contraiu.

– Tá bom , vou parar de te cham ar de doutora. Você está m e esm


agando e vou m orrer de dor. Inchaço, lem bra?

Ela sorriu e relaxou nele.

– Agora você m e segura. Realm ente adoro essa coisa de inchaço.

– Tam bém estava adorando, até você m e esm agar.

Trisha sorriu e pegou um pano.

– Vou com pensar isso.


Trisha não conseguia desviar o olhar do sorriso de Slade, sorrindo
de volta para ele. Brass suspirou alto.

– É assim que vai ser até o bebê chegar? Vão m e fazer pôr pra fora
esse ótim o sanduíche de peru. Sei que você está acariciando a
coxa dela por baixo da m esa, Slade.

Trisha dirigiu o olhar para Brass.

– É um sanduíche delicioso. Obrigada por fazê-lo. Adorei o bacon


que você colocou.

– Sim – riu Slade. – Vam os transar m uito até o bebê chegar. Adoro
tocar nela e planej o fazer isso com frequência.

O telefone tocou. Slade piscou para Trisha e levantou para atendê-


lo. Virou as costas para a m esa, falando baixo.

– Está m elhor agora? Passou o enj oo? – Brass lançou a ela um


olhar preocupado.

– Estou bem . – Ela deu um a m ordida no sanduíche. – Sinto m ais


náuseas à tarde.

– Achei que fosse enj oo m atinal.

Ela balançou os om bros.

– Diga isso ao bebê.

Brass riu.

– Ele não vai ouvir.

– É exatam ente aonde quero chegar.

Slade desligou o telefone e suspirou ao retornar à m esa. O sorriso


de Trisha se esvaeceu ao ver a expressão irritada no rosto dele.
– O que foi?

Slade sentou.

– Há ainda m ais problem as para eu cuidar. Mal posso esperar até


poderm os

fechar a Reserva aos construtores e a deixarm os segura de


verdade.

– Mais problem as? – Brass parou de com er. – Mais algum a coisa
aconteceu?

– Pode-se dizer que sim . – Slade levantou de novo e foi até a


cozinha.

Mom entos depois, voltou com um refrigerante. Abriu a latinha e deu


um gole, retom ando o assento. – Três agressores que
sobreviveram ontem estão afirm ando serem parte de um novo ram
o de grupo de ódio que j urou nos fazer vender a terra e sair da
área. Estão alardeando que o dia de ontem m arcou o início dos
problem as que vam os enfrentar se ficarm os. Ainda há m uita
construção pela frente e precisam os que os pedreiros term inem .
Qualquer um deles pode ser m em bro desse novo grupo.

– A intenção deles ontem era m atar alguns de nós ou eles tinham


planos m aiores do que atacar a cabana? – Brass rosnou as
palavras.

– O obj etivo, segundo um deles, era destruir qualquer estrutura rem


ota e m atar qualquer um de nossa espécie que aparecesse. Eles
sabiam que seriam atacados se fizessem de alvo as estruturas m
aiores, com o o hotel, que j á tem toda a segurança instalada.
Sabem os que eles tiveram êxito com a cabana. Um dos hom ens
hum anos conhecia a idosa que m orava na casa de Valiant. Acho
que, com o Valiant nunca tirou de lá as coisas da m ulher, eles
chegaram ao segundo andar, acharam que a m ulher ainda m
orasse lá e foram em bora, senão iam tocar fogo na casa. Foram
detidos antes que achassem m ais casas para atacar.

– Aquela casa vitoriana é tão linda. – Trisha chacoalhou a cabeça. –


Que idiotas.

– Estou m ais puto por terem atacado você. – Slade parecia som
brio. – Podiam ter te m atado. Alguns de nossos hom ens checavam
os hum anos a cada hora, m as agora terá de ser de m eia em m eia
hora. Levaram uns vinte m inutos para causar problem as antes de
perceberm os que tinham sum ido. Além disso, vou colocar
rastreadores em todos os veículos que entrarem na Reserva e m
onitorá-los. Eles passaram arm as pela nossa segurança, o que tam
bém m e deixa alarm ado.

Vem os vários veículos entrarem com m ateriais de construção e


ferram entas.

Isso vai dim inuir o ritm o das coisas, pois terem os que checar cada
m ilím etro de tudo o que passar pelos portões agora. Nosso povo j
á está exausto.

– Diga a Justice que você precisa de m ais hom ens. – Parecia sim
ples para Trisha.

– Já estam os no lim ite. – Slade encostou de volta na cadeira. – Ele


colocou o m áxim o de hom ens que podia aqui sem enfraquecer a
defesa em Hom eland. Já estam os usando o dobro da força que
realm ente vam os precisar quando estiverm os na ativa, porque tem
os que m onitorar vários hum anos.

Trisha esticou a m ão e acenou para cham ar a atenção deles.

– Ahn, e as m ulheres?

– As m ulheres? – Slade olhou para ela, franzindo o cenho. – O que


tem elas?
– Sei de pelo m enos três dúzias de Novas Espécies fêm eas em
Hom eland. Por que não as trazem para cá?

Slade chacoalhou a cabeça.

– Precisam ser protegidas. Nossas m ulheres são poucas.

Ela franziu a testa.

– Alguém perguntou o que elas querem ? Já viu algum as delas?


Acho que são

m ais que capazes de contar alguns hum anos e fazer um pouco da


segurança. Vi câm eras, então im agino que há um a sala de m
onitoram ento, certo? Quantos hom ens têm de fazer isso? Coloque
as m ulheres lá se não quer que elas controlem os portões ou
tenham contato direto com os pedreiros.

– É um a boa ideia – afirm ou Brass.

Slade hesitou.

– É um a ótim a ideia. – Ele sorriu para ela. – Vou ver se Justice


concorda e se as m ulheres têm interesse em aj udar.

– Mas e as m oradias? – Brass fitou Slade. – Onde vam os colocá-


las?

– O últim o andar do hotel está pronto. Há dez apartam entos lá,


com dois quartos cada um , o que dá uns vinte quartos.

– Seria seguro? – Trisha se lem brou de que Brass não queria


colocá-la lá quando Slade sugeriu isso.

– Não vej o m otivo para não ser. Aqueles hom ens não atacaram
antes porque havia m uita gente presente e porque a segurança era
m uito forte em volta das estruturas m aiores que estavam em
construção. – Slade fez um a pausa. – Não há outra opção.
– Não sei. – Brass ficou em dúvida. – Pôr fogo no hotel seria um
bom j eito de nos causar encrencas se os hum anos assim
quisessem . É a m aior estrutura da Reserva. Ficaria preocupado de
nossas m ulheres ficarem presas lá durante um incêndio se
colocássem os todas no últim o andar.

– Tem razão – concordou Slade. – Era um a boa ideia, m as não


podem os aloj á-las, Trisha. Não podem os colocá-las em perigo,
nem que o risco sej a m ínim o.

Por m ais que eu precise de aj uda, não posso exatam ente pedir
que fiquem com os hom ens.

– Vocês podiam trazer alguns trailers – Trisha deu de om bros. –


Mulheres costum am não se im portar em dividir as coisas, e elas
trabalhariam em turnos, certo? Talvez dê para estacioná-los na Zona
Selvagem e pedir que Valiant e os outros fiquem de olho. Deixe para
lá a reconstrução da cabana, assim nenhum dos pedreiros vai ter m
otivo para ir até lá.

Slade sorriu para ela.

– Quer ficar com m eu em prego? Você parece ser m elhor que eu.
Eu nunca teria pensado em pedir aj uda às nossas m ulheres.

– Ela é m édica – riu Brass. – É m uito m ais esperta que a gente.

– Não sei – Slade sorriu para Brass. – Ela não notou a diferença
entre um cu e um …

– Cale a boca – gargalhou Trisha, interrom pendo-o e chutando-o


por baixo da m esa. – Sei qual é a diferença.

Os dois hom ens sorriram para Trisha enquanto ela chacoalhava a


cabeça para eles.

– Não tem uns telefonem as para fazer, Slade? É m elhor você falar
com o Justice antes de ele ir dorm ir e dar um tem po para que ele
fale com as m ulheres antes que elas se recolham tam bém .
Quanto m ais rápido a decisão for tom ada, m ais rápido terá aj uda
extra aqui. – Ela deu um sorrisinho para ele.

Trisha olhou para o outro hom em .

– Quanto a você, Brass, tem roupa para lavar. Disse que queria
fazer tudo para

que eu não precisasse. Ande! Elas não vão se lavar sozinhas.

– Eu disse que faria faxina. Nunca disse nada sobre lavar roupa. –
Brass levantou. – Odeio separar e dobrar roupas – grunhiu ele. –
Mas vou fazer para que você não precise.

– Vou deitar. Boa noite!

– Ela é tão m andona – riu Brass.

– Eu sei, m as tem um a bela bunda – Slade riu tam bém . – Quando


ela grita com igo e fica exigente, sem pre sai pisando duro. Eu fico
olhando para a bunda dela enquanto ela vai em bora e nem ligo m
ais por ela ter sido tirana.

Trisha parou na escada e riu. Chacoalhou a cabeça e se recolheu


ao quarto.

CAPÍTULO VINTE E UM

Trisha tentou esconder sua reação apavorada e surpresa. Manteve


um sorriso forçado firm e na boca, até que os m úsculos em seu
rosto com eçaram a doer. A expressão de enorm e diversão no rosto
de Brass era óbvia, m as ele não riu. Slade não m ostrou nenhum a
contenção ao se curvar, pôr as m ãos na barriga e gargalhar até
lágrim as rolarem pelos cantos dos olhos.

Valiant rosnou.

– Do que ele está achando tanta graça?


– Não faço ideia – m entiu Trisha. – Acho que às vezes ele é
socialm ente deficiente.

Slade parou de rir no m esm o instante, enquanto seu olhar voou até
ela e se apertou perigosam ente. Olhou para ela com o quem j urava
que iria se ver com ele depois. Trisha olhou para longe com um
sorrisinho, esperando que ele tivesse a intenção de lam bê-la até m
orrer, m as a graça acabou rapidam ente quando ela avistou a m
esa outra vez.

Tentou não olhar estarrecida para o enorm e pedaço de carne crua


em brulhado em um plástico que Valiant depositara na sala de j
antar. Ela não sabia bem o que era, m as era grande o bastante
para ser um corpo. Meu Deus, espero que seja um animal.

– Foi tão legal de sua parte nos trazer… tanta coisa. Vai durar um a
sem ana inteira. – Ou um mês, ela acrescentou silenciosam ente. Se
forçou a olhar para longe da carne em brulhada e deu um sorriso m
ais largo para Valiant. – Qual é a ocasião?

– Slade m e contou que foi você quem deu a ideia de pedir às


nossas m ulheres que viessem para cá. Vinte delas chegaram
ontem . Já vi algum as de longe e estou m uito satisfeito com a
seleção. Te pedi para encontrar um a fêm ea para m im , m as você
trouxe um m onte. Quis agradecer. Sabia que seria falta de
educação trazer a carcaça inteira, então tirei a pele e as tripas para
você. Tirei até as patas e a cabeça – ele apontou para a coisa
grande na m esa. – Em brulhei para não pingar sangue no carpete.

– Isso foi m esm o m uito gentil – Trisha soltou, se esforçando m uito


para ser educada, apesar do choque. Deu um passo na direção
dele, m as então parou. –

Posso te abraçar e dizer obrigada?

Ele franziu a testa.

– Por que quer m e abraçar? Acabou de agradecer.


– É um a coisa hum ana – sorriu Brass. – Parece que eles se
abraçam . Apenas aceite, Valiant. Ela fica m e enchendo se eu não
deixo ela fazer isso às vezes. É

legal.

Valiant deu um suspiro profundo.

– Acho que devo m e acostum ar com toques, j á que quero um a


com panheira.

– Ele abriu os braços. – Vá em frente. – Ele parecia com pletam


ente enoj ado.

Slade sofreu outro ataque de riso, m as Trisha o ignorou. Precisou


se colocar na ponta dos pés para passar os braços em volta do
enorm e hom em . Valiant ficou im óvel enquanto Trisha o apertava
rapidam ente em volta da cintura, antes de se afastar.

– Não foi tão ruim , foi?

– Não. Seu cheiro é bom . – Valiant deu de om bros. – Não foi ruim .

– Obrigada. – Ela olhou para o pedaço de carne em brulhada antes


de direcionar os olhos a Slade. – Por que não fazem os um
churrasco? Você e Brass podem fazer os cortes, congelar o que não
form os usar e fazer um pouco para o j antar.

Slade sorriu para o hom em grande, com j eito de leão.

– Ótim a ideia. Obrigado, Valiant. Quer ficar para o j antar?

Valiant fez que não.

– Tem os m ulheres para conhecer e um a com panheira para


encontrar. – Ele saiu da casa.

Trisha apontou para o plástico, que estava m anchado de sangue


por dentro, e sussurrou, caso Valiant ainda estivesse a um a
distância que pudesse ouvir.

– O que é isso?

– Sei lá. – Slade deu de om bros.

– Acho que é um veado – sussurrou Brass. – Há vários por aqui.


Carne de veado parece um a boa pedida m esm o. – Ele se aproxim
ou da m esa. – Vam os levar isso para a cozinha.

– Usem a varanda dos fundos, por favor. – Trisha o corrigiu im


ediatam ente. –

Assim vocês podem lim pá-la com a m angueira depois de cortar.

– É – sorriu Slade. – Assim você pode lavar a varanda quando term


inar, Brass.

– Você está pedindo – Brass rosnou para Slade. – Não sou


açougueiro.

– Nem eu.

– Bem , não olhem para m im . – Trisha franziu a testa quando os


dois hom ens se viraram para fitá-la.

– Você é m édica e deve ser boa em cortar coisas. – Slade deu um


sorrisinho esperançoso.

– De j eito nenhum . Sem chances. Eu ficaria enj oada. Eu que


estou grávida, lem bram ? Sinto enj oo só de pensar em fazer isso. –
Ela pôs as m ãos na barriga e piscou os cílios para Slade. – Você é
o grande predador, afinal de contas. Não é o que sem pre m e diz?
Então vá… arranj ar um a faca e pôr a m ão na m assa.

– Tão m andona – gem eu ele.

Trisha riu.
– Quer m e ver sair pisando duro?

Brass deu um a risadinha.

– Fique olhando para a bunda dela enquanto eu vou atrás de facas


afiadas e sacos para congelados.

Trisha virou, m ostrou as costas para Slade e sorriu para ele por cim
a do om bro.

– Me cham em quando acabarem . Vou ficar pelada e tom ar um


banho.

Obrigada!

– Está provocando.

Trisha cam inhou até a escada.

– Você entendeu direitinho. Me cham e quando o j antar estiver


pronto. Você é o m elhor.

– Continue andando – rosnou Slade. – Dá um a reboladinha,


docinho.

Trisha entrou no quarto, ainda rindo bastante. Algum as de suas


roupas haviam sido entregues naquela m anhã. Alguém as salvara
da cabana. Ela pegou um vestido de verão, roupas íntim as e entrou
no banheiro.

Ela estudou o corpo nu no espelho, vendo que j á com eçava a


exibir a gravidez, apesar de ainda estar no com eço. Aquilo a
preocupava um pouco, ninguém sabia m uito o que esperar e podia
ser perigoso. Ela j á tivera enj oos m atinais, o que m ostrara que a
gravidez seria estranha desde o com eço.

Slade havia entrado de fininho no novo centro m édico naquela m


anhã, antes do am anhecer, onde havia o ultrassom . O centro ainda
não estava funcionando, m as o equipam ento j á havia chegado. O
bebê era m aior que o norm al. Aquilo a fazia se perguntar o quão
grande um bebê Nova Espécie ficaria perto da época do parto. O
bebê parecia tam bém estar se desenvolvendo a um a velocidade
acelerada. O j eito com que Slade sorrira à visão do filho advertiu
seu coração.

Ela não teve dúvidas de que ele queria o bebê tanto quanto ela.

Slade era de um a m istura canina, e os ciclos de gravidez deles


eram bem m ais curtos que os de um hum ano. Ela se preocupava
que o bebê pudesse crescer e se desenvolver m ais rápido com o
DNA alterado de Slade. Teria que ficar de olho bem atento ao
desenvolvim ento do bebê para entendê-lo e tentar estim ar um a
data para o parto. Conversara com Justice ao telefone e pedira para
ele enviar m ais equipam entos m édicos para isso. Ele concordou
no ato em arranj ar qualquer coisa de que ela precisasse.

– Por que essa cara?

Slade entrou no banheiro e foi até ela. Suas m ãos deslizaram em


volta da cintura dela e apalparam delicadam ente a barriga, levem
ente redonda. Seus olhos se encontraram no espelho enquanto ele
acariciava a barriga dela. Ele beij ou sua cabeça.

– Que cara? – Ela se encostou nele.

– Você está preocupada.

Ela sorriu.

– Um pouco. Não quero que nada aconteça com nosso bebê, nem
que dê algo errado.

– Está alarm ada porque ele é m aior do que deveria ser e porque
seus estágios de gravidez estão avançando m ais rápido que o norm
al.
Ela concordou. Eles j á haviam tido essa conversa quando ela fizera
as observações sobre suas descobertas na clínica.

– Sim . Pare de cham á-lo de “ele”. E se for m enina? Vai deixá-la


com plexada.

Ainda não consegui ver direito o sexo.

Ele riu.

– Não vou deixar nosso bebê com plexado. Você fica irritada quando
digo que vam os ter um m enino. Que pena que as pernas estavam
para cim a e j untas e você não conseguiu ver o sexo.

– Devia ser cedo dem ais para saber, m as ele j á tem quase o tam
anho de um bebê de doze sem anas. Não ligo para o sexo, contanto
que nosso bebê sej a saudável.

– Nem eu. – Slade abraçou-a m ais forte. – Vai ficar tudo bem ,
docinho. Você é um a m édica incrível e Justice vai arranj ar
qualquer coisa que pedir. Ele está procurando por um m édico
confiável e excelente para cuidar de você, que sej a especialista em
gravidez de alto risco. Fique tranquila. Você m esm a disse que o
bebê parece perfeito e que tem batim entos cardíacos fortes, apesar
do tam anho anorm al.

– Eu sei. É só que fico preocupada.

– Eu sei – sorriu Slade. – Poderia passar a próxim a hora inteira


aqui te distraindo.

Ela gargalhou de repente.

– Não devia estar aj udando Brass a cortar aquela carne?

– Vim aqui trocar de roupa, m as não ouvi o barulho da água


correndo. Por favor, deixe eu te distrair. Aí posso dizer ao Brass que
você estava triste e precisava de m im . – Ele piscou. – Ele vai ficar
ocupado com o trabalho de açougueiro.
Trisha se agitou e pegou nos braços em volta de sua cintura.

– Ah, não. Ele vai rosnar com igo e queim ar m eu j antar. Me solte,
Slade, estou bem . Vou tom ar banho, vá trocar de roupa.

Ele virou-a nos braços e seu sorriso se esvaeceu.

– Está m esm o bem , Trisha? Quero que sem pre confie em m im .


Quero estar aqui para você.

– Estou bem . Vou continuar preocupada, m as tam bém vou ficar


atenta ao nosso bebê. É que às vezes fico inquieta dem ais.

– SLADE!

Trisha sorriu.

– Está sendo requisitado.

Ele gem eu.

– Por favor, deixa eu ficar.

Ela o em purrou.

– Vá aj udá-lo.

– Mas quero te beij ar inteira e te deixar em baixo de m im por dias.

– Está provocando.

– Não estarei m ais se eu fizer um a barricada na porta do quarto


para im pedir Brass de vir atrás de m im .

– Eu te am o, m as isso não vai te livrar de cortar toda aquela carne.


Estou com fom e e quero bife de veado.

O sorriso de Slade m orreu e seus lindos olhos se arregalaram .


– Você m e am a?

Ela o fitou.

– Você sabe que te am o.

– Você nunca m e disse isso antes.

– Nunca? Bem … – Ela ficou na ponta dos pés e passou os braços


em volta do pescoço dele. – Eu te am o, Slade. Te am o de todo m
eu coração.

Slade a levantou um pouco, até que seus rostos ficaram no m esm o


nível.

– Eu tam bém te am o, docinho. Você é tudo para m im . Agora tem


os que fazer am or. Sinto m uito pelo Brass.

– Eu ouvi isso – berrou Brass. – Faça am or com ela m ais tarde. Só


um idiota

não saberia que vocês dois estão loucam ente apaixonados, então
isso não deveria

ser um a surpresa. Traga essa bunda até aqui e m e aj ude com


esse veado.

Trisha deixou o rosto cair no peito dele e gem eu.

– Meu Deus, m al posso esperar para term os um a conversa sem


alguém nos

ouvir.

Slade riu.

– Vou fazer um a casinha de cachorro lá fora para ele dorm ir.

Ela deu um sorrisinho, levantando a cabeça.


– Prom ete?

– Não faça isso – gritou Brass. – Não vou dorm ir em casinha de


cachorro.

– É quase com o se j á tivéssem os um filho, não? – Slade gem eu


ao se afastar

um pouco dela. – Quase. Nos cham a em m aus m om entos e nos


im pede de fazer

am or porque quer atenção.

Ela riu.

– É, é quase com o se j á fôssem os pais.

– Tom e seu banho. Vou tom ar conta do veado e de Brass. Vam os


com er logo. –

O olhar dele passou por ela, deixando sua paixão se exibir. – Depois
vou deixá-lo

idiota de tão bêbado, até que ele desm aie e possam os garantir que
ele não vai nos

interrom per enquanto fazem os um m onte de sexo à noite.

A boca de Trisha se abriu para concordar.

– Me parece um bom plano – gritou Brass.

Trisha se afastou e j ogou um beij o para Slade. Virou as costas


para ele, se

curvou e ligou a água. Ouviu um rosnado sensual e virou a cabeça


para espiar
por cim a do om bro o hom em que am ava. Slade olhava fixam ente
para a bunda nua dela.

Trisha apontou para a porta.

– Fora. Vou m e curvar para você m ais tarde, prom eto.

– Mandona.

– Mas eu tenho um a bela bunda.

– Não. Você tem um a bunda incrível.

– Você tam bém .

– E eu tam bém – berrou Brass. – Agora, será que podem os cortar


esse veado?

Table of Contents

Página de Título

Direitos Autorais Página

PRÓLOGO

CAPÍTULO UM

UM ANO DEPOIS

CAPÍTULO DOIS

CAPÍTULO TRÊS

CAPÍTULO QUATRO

CAPÍTULO CINCO

CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE

CAPÍTULO OITO

CAPÍTULO NOVE

CAPÍTULO DEZ

CAPÍTULO ONZE

CAPÍTULO DOZE

CAPÍTULO TREZE

CAPÍTULO QUATORZE

CAPÍTULO QUINZE

CAPÍTULO DEZESSEIS

CAPÍTULO DEZESSETE

CAPÍTULO DEZOITO

CAPÍTULO DEZENOVE

CAPÍTULO VINTE

CAPÍTULO VINTE E UM
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Página de Título
Direitos Autorais Página
PRÓLOGO
CAPÍTULO UM
UM ANO DEPOIS
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPÍTULO DEZENOVE
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE E UM

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