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AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM DOS HEPTAPODS NO FILME “A CHEGADA”

Discente: José Jackson da Silva Freire


Docente: Tiago Martins da Cunha
Disciplina: Teorias de Aquisição de Língua Estrangeira

Ao ver o filme “A Chegada”, nota-se que o mesmo se desenrola com


predominância na aquisição da língua dos heptapods, como são nomeados os aliens que
chegam na Terra. Durante a aquisição da língua deles por meio das técnicas que a
tradutora e professora utiliza, percebemos a enorme dificuldade de se estabelecer uma
comunicação entre os heptapods e humanos.

Costumamos dar ao nosso conceito de alienígena semelhanças com os humanos,


imaginando que eles tenham características humanoides, culturas semelhantes,
desenvolvimento civilizatório semelhantes, e até mesmo a semelhança com relação a
estrutura da língua. Mas quem garante?

Tal dificuldade de aquisição da língua entre os humanos e heptapods no filme se


deve por não só a língua em si trazer essa distância de comunicação, mas também
devido a cultura, morfologia e o desenvolvimento civilizatório totalmente diferentes,
uma vez que os humanos nunca tiveram nenhum contato com aliens ou vice-versa.
Entretanto, isso nos faz pensar que a aquisição de uma língua estrangeira se faz muito
dificultosa devido a aspectos que não são apenas herdados aos alienígenas do filme, mas
também a realidade entre humanos de lugares, cultura e civilizações diferentes com
outras línguas, principalmente quando estas línguas não partem de uma evolução de
uma mesma língua anterior à estas, tal como o espanhol, o italiano, o francês e o
português, que surgiram da língua Latim.

Os métodos para atingir comunicação entre humanos e heptapods que a


protagonista utilizou foram, apesar de parecer estranho no início, essenciais para que a
comunicação fosse um sucesso. A mesma utilizou de palavras mais comuns no início,
partindo primeiramente do nome de sua espécie. Acredito que esta poderia ter sido a
mais complicada das palavras que a protagonista utilizou com os ETs, uma vez que o
significante de uma palavra é inerente a um significado, e este significado só é
produzido a partir de um outro significante cujo significado se caracterize pelo que ele
não é com relação ao outro significante. Em outras palavras, se nós humanos já não
tivéssemos trabalhado com a hipótese da existência de um outro ser que existe além da
terra, o que seria um humano? Apenas um ser que se distingue de um gato, um
cachorro, uma zebra, um leão, um elefante, etc. É um não-gato, não-cachorro, não-
zebra, um não-leão, um não-elefante. Entretanto, o que seria um alienígena? Um não-
humano, certo? Mas como nomear uma coisa que até então não se sabia, muito menos
se pensava, da existência? Agora, um humano também é um não-alienígena. Assim, um
extraterrestre é um não terrestre. Mas será que eles se nomeiam alienígenas,
extraterrestes ou até mesmo heptapods? Logicamente que não. E nós, humanos, como
podemos levar a um alienígena um significado que nos represente como espécie? Isso é
um tipo de problema que se deu, por exemplo, no primeiro contato entre a Europa e os
índios da América, em seu descobrimento.

Dando continuidade à aquisição da língua dos heptapods no filme, a autora,


portanto, utiliza de palavras-chave para conceituar as principais coisas que poderiam
facilitar a comunicação entre as duas espécies, enquanto os heptapods traziam o
significado de cada conceito na sua cultura. Assim, com o passar do filme, foi-se
notando que, mesmo com uma estrutura não-linear, o que é totalmente diferente de
todas as nossas línguas terrestres, a comunicação começou a surgir, gradativamente,
mesmo enfrentando dificuldades do distanciamento abissal de culturas entre as espécies.

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