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Propriedade Térmica refere-se à resposta de um material à aplicação de calor.

O que acontece quando fornecemos energia na forma de calor a um corpo?


A sua temperatura aumenta;
O volume (ou seja, altura, largura e profundidade) se altera;
O material emite radiação (térmica);
Transformações de fases podem ocorrer.
Calor pode ser transmitido;
Dois principais mecanismos de condutividade térmica em um sólido:
Energia Térmica Vibracional:
Para a maioria dos sólidos, a principal maneira de assimilação de energia é pelo aumento da energia vibracional dos
seus átomos;
Os átomos nos sólidos, estão sempre vibrando com frequências muito altas e com pequenas amplitudes;
Os átomos não vibram independentemente uns dos outros, pois eles estão conectados aos seus vizinhos pelas ligações
atômicas.
Estas vibrações estão coordenadas de tal modo que são produzidas ondas que se propagam pela rede.
Estas ondas podem ser consideradas como ondas elásticas ou ondas sonoras, que se propagam no cristal
com altas frequências (comprimentos de onda curtos) e com a velocidade do som.
A energia térmica vibracional consiste num conjunto destas ondas elásticas, as quais possuem uma
variedade de distribuições e de frequências.
A energia é quantizada, pois apenas alguns certos valores de energias são permitidos. E um único
quantum de energia vibracional é chamado de fônon.
O conceito de fônon é análogo ao conceito de fóton (quantum de radiação eletromagnética (𝐸 = ℎ ∙
𝜈)),
Representação esquemática da geração de ondas na rede cristalina em um cristal por meio de vibrações
atômicas.
Dois principais mecanismos de condutividade térmica
em um sólido: 2- Energia CinéticaContribuição eletrônica
Onde os elétrons absorvem energia através do aumento da sua energia cinética
Isso só é possível com os elétrons livres.
É significativo em materiais com elétrons livres.
Na maioria dos casos essa contribuição é menor comparada a magnitude da contribuição
vibracional.
Nos materiais isolantes e semicondutores, a contribuição eletrônica para a condutividade térmica é
ainda menor que no caso dos condutores, pois os isolantes praticamente não dispõe de elétrons livres.
Capacidade Calorífica ou Térmica (C)
É uma propriedade que serve como um indicativo da habilidade de um material em absorver calor da sua
vizinhança externa.
Representa a quantidade de energia necessária para aumentar a temperatura de um corpo em uma
unidade.
A capacidade térmica é uma propriedade extensiva, ou seja, proporcional à quantidade de material
presente no corpo. Com isso, dois corpos compostos pela mesma substância porém com massas diferentes
possuem diferentes capacidades caloríficas.
𝑪 = 𝒅𝑸
𝒅𝑻
(J/K)
dQ = energia necessária para produzir uma variação de dT de temperatura.
C = Normalmente a capacidade térmica é especificada por mol (J/mol.K, cal/mol.K).

Calor Específico (c)


Capacidade térmica por unidade de massa (J/kg.K, cal/g.K).Propriedade intensiva!
𝒄 =𝒒
𝒎∆𝑻
Pode ser determinado mantendo-se a volume do material constante (cv), ou mantendo-se a pressão
constante (cp)
As definições termodinâmicas de cv e cp são as seguintes:
Onde:
𝑐𝑣 = 𝑐𝑝 =𝑉 𝑃 𝑑𝑈 𝑑𝐻
U é a energia interna
H é a entalpia. 𝑑𝑇 𝑑𝑇
A energia interna e a entalpia estão relacionadas da
seguinte maneira: cp > cv
𝐻 = 𝑈 + 𝑃𝑉
Para os sólidos cp ≈ cv em temperaturas iguais
ou abaixo da temperatura ambiente.
Capacidade Calorífica vs Temperatura
Perfil da variação da capacidade calorífica a volume
constante em função da temperatura para vários sólidos
cristalinos.
A 0 K o valor de cv é igual
a zero, no entanto,
aumenta rapidamente em
resposta a um aumento na
temperatura.

Está relacionado à maior habilidade das ondas


reticulares em aumentar a energia média com a
elevação da temperatura.
Dependência da capacidade calorífica a volume O calor específico aumenta
constante em relação à temperatura;
até uma certa temperatura
Para muitos (temperatura de Debye =
materiais 𝜽𝑫)e após torna-se ≈
sólidos, o valor
de 𝜽𝑫 é inferior constante.
a temperatura
ambiente.
cv = 3R, onde R é a constante dos gases.
R = 1,987 cal/mol.K ≈ cv = 6 cal/mol.K ou 25
Variação da capacidade térmica com a temperatura.
Embora a energia total do material
esteja aumentando com a temperatura,
a quantidade de energia exigida para produzir
uma variação de um grau na temperatura é constante.
Capacidade térmica depende muito pouco da estrutura e da microestrutura do material.
Por outro lado, a porosidade tem grande influência prática na capacidade térmica.
Por exemplo, uma cerâmica porosa
exige uma quantidade menor de calor J/mol
para atingir uma determinada temperatura,
.Kdo que uma cerâmica isenta
de poros.Não existe uma correlação
clara entre 𝜽𝑫 e o ponto de fusão dos
materiais.
Fonte: Materiais De Engenharia Microestrutura e propriedades.
Autor: Angelo Fernando Padilha

Na ausência de transformações de fase, a


maioria dos sólidos aumenta suas
dimensões durante o aquecimento e
contrai durante o resfriamento.
A variação no comprimento em
função da temperatura para um
sólido:
− 𝒍𝒊= 𝑎𝒍𝒇
Dilatação ou Expansão
li é o comprimento inicial;
𝑻 −𝑻
Térmica
lf é o comprimento final;𝒍𝒊 𝒇 𝒊
𝑳 é a temperatura inicial; T
Tf é a temperatura final;
αL = Coeficiente linear de expansão térmica [(ºC)-1]
É uma propriedade material que indica o grau com
que um material se expande quando é aquecido.
Alterações nas dimensões resulta em alterações no seu volume.
𝑽𝒇− 𝑽𝒊 = 𝑎𝑽
𝑽𝒊
MATERIAIS
Vi é o volume inicial;
ISOTRÓPICOS:
Vf é o volume final; 𝑻𝒇 − 𝑻𝒊
Ti é a temperatura inicial;
Tf é a temperatura final; 𝛼𝑉 ≈ 3𝛼𝐿
αV = Coeficiente volumétrico de expansão térmica [(ºC)-1]

Fatores que influenciam a


dilatação térmica
Existe uma boa correlação entre o coeficiente de dilatação e a energia de ligação.
Materiais que apresentam ligações químicas fortes apresentam coeficiente de
dilatação térmica baixo.
Materiais cerâmicos;
Metais com alto ponto de fusão;
Os materiais poliméricos, os quais apresentam fracas ligações intercadeias, exibem
grandes coeficientes de dilatação térmica.
De uma maneira geral, os polímeros termorrígidos expandem- se menos que os
termoplásticos.
Variação da expansão térmica com o aumento da temperatura de alguns materiais.
Pode ocorrer descontinuidades nos coeficientes de expansão quando há variação
dos arranjos atômicos no interior do material.

Ponto de fusão
Os metais de baixo ponto de fusão exibem coeficientes de
dilatação térmica altos.Correlação entre 𝑎𝑳 e o Ponto de
fusão de alguns materiais.
Coeficiente de Expansão térmica vs
De uma perspectiva atômica, a expansão térmica é refletida por um aumento na distância
média entre os átomos. energia de ligação
Para cada classe de materiais, quanto maior for a energia de ligação atômica, menor será o
aumento na separação interatômica em função de uma dada elevação de temperatura, produzindo
também um menor valor de l.
Correlação entre 𝑎𝑳 e a energia de ligação (EL)
T5>T4>T3>T2>T1

E5>E4>E3>E2>E1
Repulsão Atração

r5>r4>r3>r2>r1
Energia líquida
Espaçamento em condições de equilíbrio em uma
temperatura de 0 K (r0)
A amplitude vibracional média de um átomo corresponde à largura do poço de energia potencial em
cada temperatura.
Distância interatômica média é representada pela posição
intermediária.
(b) Para uma curva hipotética
de EL v:
simetria.
A expansão térmica é na realidade, devida à
curvatura assimétrica desse poço de energia
potencial, e não devida as maiores amplitudes
vibracionais dos átomos.
Se a curva de energia potencial fosse simétrica
não existiria variação na separação interatômica não haveria expansão térmica.
Sólido com fraca EL
Sólido com forte EL
Para cada classe de materiais, quanto mais forte as ligações,
mais profundo e mais estreito será o poço de energia potencial

Dilatação ou
Expansão
Térmica
Para as cerâmicas não
cristalinas e também para
aquelas com estrutura
cristalinas cúbicas, 𝛼𝑙, é
isotrópico, para os demais
casos, ele é anisotrópico.
Muitos materiais cristalinos apresentam
anisotropia quanto a dilatação térmica.
Ex.: Alumina, titânia, quartzo.
Condutividade Térmica
A condução térmica é o fenômeno pelo
qual calor é transportado das regiões
de alta temperatura para as regiões de
baixa temperatura de um material.
A propriedade que caracteriza a habilidade de um material para transferir calor é a condutividade
térmica (k).
Para um fluxo estacionário de calor pode-se escrever:
Onde:
𝒒 = −𝒌
𝒅𝑻
𝒅𝒙
𝒒 = fluxo de calor, por unidade de tempo por unidade de área (perpendicular a direção do fluxo) (J/m2.s ou
W/m2);
𝒌 = condutividade térmica (W/m.K);
𝒅𝑻Τ𝒅𝒙 = é o gradiente de temperatura através do meio de condução.
Válido para situações em que o fluxo de calor não se altera ao longo do tempo.
Sinal negativo indica que o escoamento do calor é na direção da região mais quente
parta a região mais fria.
O calor é transportado nos sólidos de duas maneiras:
Pelas vibrações quantizadas da rede cristalina (fônons) (𝒌𝒓);
Pela movimentação de elétrons livres (𝒌𝒆);
A condutividade térmica total (k) é a soma das duas contribuições:
𝒌 = 𝒌𝒓 + 𝒌𝒆
A condutividade térmica é diretamente proporcional a:
Densidade de elétrons livres ou de fônons;
Velocidade média das partículas;
Calor específico;
Distância média entre colisões;
Uma ou outra forma pode ser a predominante
Nos metais de alta pureza, a condução de calor por elétrons livres é mais eficiente que a condução de calor
por fônons (ke >> kr), pois os elétrons não são tão facilmente dispersos como são os fônons, além de
possuírem maiores velocidades.
Valores típicos de k= 20-400 W/m.K
Os fônons são os principais responsáveis pela condução de calor nos materiais cerâmicos (kr >> ke). Os
fônons não são tão eficientes no transporte de calor como os elétrons livres, pois os fônons são mais
facilmente espalhados pelos defeitos cristalinos. Os materiais cerâmicos são geralmente piores condutores
de calor que os metais.
Valores típicos de k= 2-50W/m.K
Os fônons também são os principais responsáveis pela condução de calor nos polímeros. Como os polímeros
são parcialmente ou totalmente amorfos e não dispõe de elétrons livres, eles são ainda piores condutores de
calor que os materiais cerâmicos. A presença de poros nas espumas poliméricas diminui ainda mais a
condutividade térmica dos polímeros.
Valor típico de k ≌ 0,3 W/m.K
A presença de poros diminui consideravelmente a
condutividade térmica dos materiais cerâmicos:
𝟏−𝒑
𝒌𝒑 = 𝒌 𝟏 − 𝟎, 𝟓𝒑 ≈ 𝒌(𝟏 − 𝒑)
onde
kp = é a condutividade térmica do material contendo poros e
p = é a fração volumétrica de poros.
Muitos materiais cerâmicos usados como isolamento térmico são porosos.
Nos poros com ar com condutividade térmica de 0,02 W/m.K
Condutividade térmica é tão pequena que a
condução de calor do seu interior (1250°C)
para a superfície é extremamente pequena.
Isolamento de superfície reutilizável para altas temperaturas (HRSI)
Material Isolante à base de fibra de sílica (93
%v de espaços vazios) – Utilizando nos ônibus
espaciais.
Metal 27ºC 100ºC 527ºC 1000ºC
Mater
Alumínio 237 220 ial
Cobre 398 371
Ouro 315 292
Ferro 80 43
Níquel 91 67
Prata 427 389
Titânio 22 20
Tungstênio 178 128
Cerâmicas
Mulita (3Al2O3.2SiO2) 5,9 3,8
ZrO2(estabilizada) 2,0 2,3
TiC 25,0 5,9
Alumina (Al2O3) 30 6,3
Espinélio (MgAl2O4) 15,0 5,9
Magnésia (MgO) 38,0 7,1
Vidro de cal de soda 1,7 -
Polímeros
Náilon 6,6 2,9
Fenólico 0,17
Polietileno (alta densidade) 0,33
Polipropileno 2,1
Politetrafluoroetileno (Teflon) 0,24

Para materiais cerâmicos e poliméricos a principal fonte


condutividade térmica envolve vibrações atômicas

T=desordem na rede cristalina.


Aumento de k em alguns materiais
cerâmi cos a altas T
transferência de calor por
radiação (infravermelho).
Condutividade Térmica (k) vs Composição da Liga
Desordem causada por impurezas
na rede cristalina interferem
negativamente a condutividade
térmica, pois atuam como centro
de espalhamento (prejudicam as
vibrações atômicas da rede
cristalina e também condução por
elétrons livres).
Condutividade térmica em função da composição para ligas
cobre-zinco.
As tensões térmicas são tensões induzidas em um corpo como resultado de
Condutividade Térmica (k) vs Temperatura
variações de temperatura.
Essas tensões podem levar à deformação plástica e/ou fratura do material.
Tensões Resultantes da Restrição de Expansão
ou Contrações Térmicas
Corpo sólido aquecido ou resfriado de maneira uniforme: expansão ou contração
livres Isento de Tenções.
Se o movimento axial é restringido por meio de suportes rígidos nas extremidades
Tensões Térmicas.

𝐸 = módulo de elasticidade (Pa)


𝛼𝑙 = coeficiente linear de expansão térmica ((°C)-1)
𝑻𝒇 > 𝑻𝟎 𝝈<0
Tensão de compressão
𝑻𝒇 < 𝑻𝟎 𝝈>0
Tensão de tração
Tensões Resultantes de Gradientes de Temperatura
Quando o corpo sólido é aquecido ou resfriado a distribuição interna de temperatura depende de
tamanho, forma, condutividade térmica do material e taxa de variação da temperatura.
Tensões podem ser geradas pelo rápido aquecimento ou resfriamento do material:
Mudança de temperatura da parte exterior é mais rápida do que no interior do
material.
Variações nas dimensões de elementos de volume adjacentes no interior da peça, sofrem restrições
tanto na expansão quanto na contração.
Processo de aquecimento Parte exterior
tende a se expandir em maior grau que a parte
interior Tensões superficiais de compressão e
estas são contrabalançadas por tensões
internas de tração;
Processo de resfriamento Parte exterior tende se
contrair em maior grau que a parte interior
Tensões exteriores de tração e estas são
contrabalançadas por tensões internas de
compressão;
Choque Térmico de Materiais Frágeis
A não-ductilidade exibida pela maioria dos materiais cerâmicos aumenta a possibilidade de uma fratura
frágil a partir dessas tensões.
Principalmente no resfriamento rápido, devido ao fato das tensões introduzidas na superfície serem de
tração. A formação e a propagação de trincas a partir de defeitos na superfície do corpo são mais
prováveis quando é imposta uma tensão de tração.
Resistência ao Choque Térmico
A capacidade de uma material resistir a esse tipo de falha.
Depende de: magnitude da variação de temperatura, e das propriedades
mecânicas e térmicas do material.
Resistência ao Choque Térmico
É maior, no caso de materiais cerâmicos com:
Elevada resistência à fratura (𝜎𝑓);
Elevada condutividade térmica (k)
Baixo módulo de elasticidade (E);
Baixo coeficiente de expansão térmica (𝛼𝑙)
Resistência a esse tipo de falha pode ser aproximada através de um parâmetro
de resistência ao choque térmico, RCT:
𝑹𝑪𝑻 ≅𝝈𝒇𝒌
𝑬𝑎𝒍
Prevenção contra choque térmico:
Alteração das condições externas (minimização do gradiente de temperatura);
Modificações das características térmicas e/ou mecânicas.
Ex.: modificação e controle do coeficiente de expansão térmica. Ex.: Vidros de cal de soda comuns (𝑎𝒍 = 𝟗 ×
𝟏𝟎−𝟔(°𝑪)−𝟏) suscetíveis a choque térmico.
Redução dos teores de CaO e Na2O e adicionar B2O3 (suficiente para formar o vidro borossilicato (Pyrex))
Redução para 𝛼𝑙 = 3 × 10−6(°𝐶)−1
Material apto a ser submetido a ciclos de resfriamento e aquecimento.
Outra opção: Introdução de poros grandes ou a introdução de segunda fase dúctil (impedem a propagação de trincas
termicamente induzidas).

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