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DIGESTO
2ª edição, revista e ampliada
Livro I e Livro L
Lei das XII Tábuas
Texto bilíngue
latim e português
Tribunal Regional Federal da 1ª Região
digesto
CORPUS IURIS CIVILIS
Livros I e L
acrescidos da
Lei das XII Tábuas
2017
Brasília/DF
COMPOSIÇÃO DO TRF 1ª REGIÃO
Desembargadores federais
Diretor-geral
Carlos Frederico Maia Bezerra
digesto
CORPUS IURIS CIVILIS
Equipe técnica
Professor Edilson Alkmim Cunha (coordenação técnica e tradução)
Desembargador federal Catão Alves
Desembargador federal Daniel Paes Ribeiro
Desembargador federal Leomar Barros Amorim de Souza (in memoriam)
Carmen Lucia Prata da Costa
Gustavus Adrianus de Faria von Söhsten
© 2017. Tribunal Regional Federal da 1ª Região
SAU/SUL, quadra 2, bloco A – Praça dos Tribunais Superiores – 70070-900 – Brasília/DF
Pabx: (61) 3314-5225
Coordenação geral
Desembargador federal Hilton Queiroz – presidente do TRF 1ª Região
Organização
Escola de Magistratura Federal da 1ª Região
Coordenação técnica
Edilson Alkmim Cunha
Tradução
Edilson Alkmim Cunha
Equipe técnica
Desembargador federal Catão Alves
Desembargador federal Daniel Paes Ribeiro
Desembargador federal Leomar Barros Amorim de Souza (in memoriam)
Carmen Lucia Prata da Costa
Gustavus Adrianus de Faria von Söhsten
Digitação dos originais
Margarido Corrêa da Silva
Produção editorial
Secretaria de Gestão Estratégica e Inovação
Wânia Marítiça Araújo Vieira – diretora
Divisão de Modernização Administrativa e Produção Editorial
Samuel Nunes dos Santos – diretor
Revisão
Edelweiss de Morais Mafra
Magda Giovana Alves
Apoio
Guarandy Figueiredo Nóbrega
Mara Lúcia de Araújo
Márcia Murça Barroso
Projeto gráfico, capa e editoração eletrônica
Renata Guimarães Leitão
341.416
Brasil. Tribunal Regional Federal (Região, 1.) (TRF)
477 p.
APRESENTAÇÃO À 2ª EDIÇÃO, 7
PREFÁCIO À 2ª EDIÇÃO, 9
APRESENTAÇÃO À 1ª EDIÇÃO, 11
PREFÁCIO À 1ª EDIÇÃO, 13
NOTAS EXPLICATIVAS À 1ª EDIÇÃO, 15
LEI DAS XII TÁBUAS, 19
DIGESTO, 49
CONSTITUIÇÃO DEO AUCTORE, 51
LIVRO I, 59
Título I — Da Justiça e do Direito, 61
Título II — Da Origem do Direito e de Todas as Magistraturas e da Su-
cessão de Jurisconsultos, 66
Título III — Das Leis, dos Senátus-Consultos e Costumes Imemoriais, 89
Título IV — Das Constituições do Príncipe, 97
Título V — Da Condição da Pessoa, 99
Título VI — Daqueles que São de Direito Próprio ou Alheio, 106
Título VII — Da Adoção, Emancipação e Outras Maneiras de Cessação
do Poder, 111
Título VIII — Da Divisão e da Qualidade das Coisas, 124
Título IX — Dos Senadores, 130
Título X — Da Função de Cônsul, 134
Título XI — Da Função de Prefeito de Pretório, 135
Título XII — Da Função de Prefeito de Roma, 137
Título XIII — Da Função de Questor, 141
Título XIV — Da Função de Pretor, 142
Título XV — Da Função de Prefeito da Guarda Noturna, 143
Título XVI — Da Função de Procônsul e de Legado, 146
Título XVII — Da Função de Prefeito do Egito, 155
Título XVIII — Da Função de Governador, 155
Título XIX — Da Função de Procurador ou Contador de César, 164
Título XX — Da Função de Juiz, 166
Título XXI — Da Função de Quem a Jurisdição é Delegada, 166
Título XXII — Da Função de Assessor, 169
LIVRO L, 171
Título I — Da Municipalidade e dos Habitantes, 173
Título II — Dos Decuriões e seus Filhos, 194
Título III — Da Inscrição no Registro, 203
Título IV — Das Funções e Cargos, 204
Título V — Da Isenção e Dispensa de Funções, 225
Título VI — Do Direito de Imunidade, 234
Título VII — Das Legações, 241
Título VIII — Da Administração do Patrimônio Municipal, 248
Título IX — Dos Decretos a das Competências dos Decuriões, 255
Título X — Das Obras Públicas, 257
Título XI — Das Feiras, 261
Título XII — Dos Compromissos, 262
Título XIII — Dos Juízes Extraordinários e da Parcialidade, 270
Título XIV — Da Corretagem, 276
Título XV — Dos Censos, 278
Título XVI — Da Significação das Palavras, 287
Título XVII — De Diversas Normas do Direito Antigo, 360
BREVES DADOS BIOGRÁFICOS DE JURISCONSULTOS ROMANOS CITA-
DOS PELO DIGESTO, 399
GLOSSÁRIO, 403
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA, 455
ÍNDICE REMISSIVO, 457
APRESENTAÇÃO À 2ª EDIÇÃO
Como parte das comemorações do seu 28º aniversário, o TRF 1ª Região, sob
os auspícios da Presidência, traz a lume a edição revista, em texto bilíngue (latim
e português), do Livro I do Digesto de Justiniano, acrescida do Livro L e da Lei das
XII Tábuas, por igual, em texto bilíngue.
Já na apresentação do Livro I do Digesto ficara registrado:
Assim, no trabalho de que ora se cuida, o Tribunal tem a certeza de estar con-
tribuindo para o aprimoramento da cultura jurídica dos seus magistrados, que só
têm a ganhar com o estudo de uma obra fundamental para o desenvolvimento da
ciência do direito, que, na atividade dos juristas romanos, aguçada pela análise da
Lei das XII Tábuas, encontrou vigoroso princípio-motor.
À vista disso, a presente edição, pelo valor histórico de seu conteúdo, incor-
porar-se-á, deveras, ao acervo jurídico pátrio como indispensável elemento de re-
ferência e pesquisa para os estudiosos do direito, em geral, sobretudo porque en-
riquecida com o conhecimento do que sobrou da Lei das XII Tábuas, documento
fundamental na elaboração do Direito pelos romanos.
Evidente, pois, o interesse público no empreendimento cuja concretização,
neste ensejo, seria impossível sem a coordenação e tradução do exímio latinista
que é o Professor Edilson Alckmim Cunha, com o apoio da equipe que o assistiu,
estando os nomes de todos eles inscritos neste trabalho.
Subsiste como desafio às futuras administrações do Tribunal mandar editar,
em texto bilíngue (latim e português), os demais 48 livros intercalares restantes do
Digesto, perfazendo a obra que, há cerca de 1.500 anos, Justiniano ordenou fosse
feita e que constitui seu imorredouro legado ao arcabouço jurídico das modernas
relações sociais.
Tenha, portanto, a palavra final o Imperador Justiniano, na Constituição Deo
Auctore, que, sobre a concepção do Digesto, registrou:
7
Apresentação à 2a edição Digesto
8
PREFÁCIO À 2ª EDIÇÃO
9
APRESENTAÇÃO À 1ª EDIÇÃO
O Corpus Iuris Civilis, no seu conjunto Institutas, Digesto ou Pandectas, Có-
digo e Novelas, é o legado maior que o imperador JUSTINIANO deixou à posteri-
dade, do qual sobressai o Digesto, em que se compilou e sistematizou a produção
de eminentes juristas romanos, durante mais de mil anos de elaboração do Direito,
a contar da fundação de Roma. O Digesto representa, ainda em nossos dias, um
triunfo da civilização ocidental, que, sem a força das armas, mas com o poder da
razão, ganhou o mundo, como fonte perene de inspiração para a disciplina das rela-
ções jurídicas entre os homens. O Digesto é expressão refinada de sabedoria, como
o próprio JUSTINIANO exortara, na Constituição Deo Auctore com que ordenou
sua elaboração:
Haec igitur omnia Deo placido facere tua prudentia una cum aliis
facundissimis viris studeat, et tam subtili quam celerrimo fini tradere, ut
codex consummatus et in quinquaginta libros digestus nobis offeratur in
maximam et aeternam rei memoriam, Deique omnipotentis prudentiae
argumentum, nostrique imperii vestrique ministerii gloriam.
Cuide tua sabedoria, com o beneplácito de Deus, de fazer tudo isso, jun-
tamente com os demais eminentes juristas e levá-lo a cabo com precisão
e rapidez, de modo que este código, concluído e compreendido em 50
livros, seja por nós oferecido às futuras gerações como testemunho da
sabedoria de Deus onipotente, glória de nossa soberania e glória de to-
dos vós.
11
Apresentação à 1a edição Digesto
Traduzo:
12
PREFÁCIO À 1ª EDIÇÃO
1
LINEE di Storia Giuridica Romana, tradução de Tullio e Bianca Spagnuolo Vigorita, p. 151, Edizioni
Scientifiche ltaliane, Napoli, 1973.
13
Prefácio à 1a edição Digesto
prefacia a segunda que se faz em pouco mais de dez anos da primeira de autoria do
professor HÉLCIO MACIEL FRANÇA MADEIRA.
Embora o empreendimento seja dificultoso e vasto, não é demais esperar-se
que iniciativas dessa natureza, como a que ora se faz sob o patrocínio da Escola de
Magistratura em apreço, não se detenham nesse começo, mas prossigam paulatina-
mente para que se venha a preencher uma sensível lacuna na bibliografia jurídica
em idioma português.
14
NOTAS EXPLICATIVAS À 1ª EDIÇÃO
15
Notas explicativas à 1a edição Digesto
mitam situá-los em seu contexto histórico. Por isso, oferecemos, a seguir, um resu-
mo da evolução histórica do direito romano distribuída, segundo P. van WETTER,
em Pandectes, op. cit., pp. 7-9, em quatro períodos nos quais figuram os principais
jurisconsultos citados pelo Digesto:
Período de formação, de 753 a 106 a.C.: Papirius, Appius Claudius, Flavius,
Coruncanius, Catus, Cato, Mucius Scaevola, Manilius.
Período de desenvolvimento, de 106 a.C. até Augusto (14 d.C.): Quintus Mu-
cius, Flaccus, Alfenus Varus, Aelius Tubero, Ateius Capito, Sabinus, Neratius, Labeo
Nerva, Julianus, Pomponius, Gaius.
Período áureo, sob o imperador Adriano (117 a 138): Julianus, Pomponius,
Gaius, Papinianus, Ulpianus, Paulus, Modestinus.
Período de declínio, a partir de Adriano: Hermogenianus, Aurelius Arcadius,
Moisacarum et Romanarum legum collatio (Comparação das Leis Romanas e Mo-
saicas).
***
Traduzir não é fácil, porque não é apenas transpor termos de uma língua para
outra. No caso do Digesto, além da preocupação com a precisa correspondência de
termos, para facilitar a compreensão do leitor, impõe-se também a leitura inter-
pretativa do pensamento original em seu contexto ideológico, histórico e jurídico.
Para isso, não bastam bom conhecimento e domínio da língua latina, mesmo
em se tratando de latim do século VI d.C., despojado de seus adornos clássicos. No
caso do Digesto, sua tradução, para ser leal, confiável e compreensível, exige con-
jugadas contribuições multidisciplinares, em outras palavras, não é tarefa singular,
mas de equipe.
A tradução que ora se oferece é resultado de quase dois anos de leitura do
Digesto, acompanhada de análise comparativa de traduções vernaculares, de pes-
quisas históricas e linguísticas com vista à contextualização, em termos de espaço e
tempo, do sentido e espírito jurídico dessa peça clássica do Direito Romano.
Optou-se para esta tradução pelo texto crítico dos irmãos KRIEGEL, HER-
MANN e OSENBRÜGGEN, traduzido por ILDEFONSO L. GARCÍA DEL COR-
RAL, editado por Jaime Molinas em 1889, em Barcelona, Espanha.
Como ocorre em trabalhos científicos dessa natureza, o texto dos citados ir-
mãos registra, naturalmente, variantes de outras edições que só acidentalmente po-
dem interferir na compreensão do texto original.
16
Digesto Notas explicativas à 1a edição
17
Lei das XII Tábuas
Fórum Romano
Legis Duodecim Tabularum
Reliquiae
Lipsiae
MDCCCLXVI
20
Lei das XII Tábuas
Fragmentos Referenciais
Leipzig, Alemanha
1866
21
LEI DAS XII TÁBUAS
Introdução
A presente tradução adotou a recensão de Rudolphus Schoell, doravante Ro-
dolfo Schoell, como texto básico, por lhe ter parecido, entre outras, a mais completa
organização de artigos coligidos diretamente de fragmentos supérstites e de citações
em obras de diversos autores latinos, o que testemunha não só sua historicidade
como sua vigência e utilização na jurisprudência e operação do direito romano.
Após enumerar as XII Tábuas com seus respectivos artigos, Rodolfo Schoell in-
tercala, entre artigos recuperados, citações ou comentários de diversos e conceitua-
dos escritores latinos referentes à Lei das XII Tábuas, preenchendo lacunas deixadas
pelo desaparecimento de textos originais. No final de sua compilação, alinha outra
série de citações, também de conhecidos autores, ressaltando, porém, pelo título —
Fragmentos de origem incerta —, que as encabeça, sua duvidosa autenticidade.
Histórico
A comissão nomeada pelo imperador Constantino, no primeiro quarto do sé-
culo VI d.C., ao proceder à compilação de princípios, sentenças, pareceres e con-
ceitos que, desde a fundação de Roma (753 a.C.) até aquela data, embasaram o que
se convencionou chamar direito civil — que resultou nos 50 livros que compõem o
Digesto — no início do Livro I1, faz sucinto relato da história da Lei das XII Tábuas
em sucessivos artigos, sob o Título II.
Começa pela informação de que a civitas2 romana era governada pelo arbítrio
dos reis cujas leis e decisões teriam sido, já no fim da monarquia, compendiadas por
certo Papírio, de cuja obra resultou o então chamado “direito civil papiriano”.
À monarquia, que teria durado cerca de 240 anos ab Urbe condita, sucedeu a
República em 509 a.C. Com a supressão universal das leis monárquicas, a civitas
teria passado a se reger, por cerca de 20 anos, por direito incerto e pelo costume.
Para sanar essa instabilidade, foram escolhidos dez cidadãos, por isso chama-
dos decênviros, para a missão de colher subsídios na Grécia, com base nos quais foi
elaborado um compêndio de leis e normas, organizado em doze tábuas mais tarde
1
Digesto I, Título II, 1-2, §§ 1-8.
2
Glossário, Civitas.
22
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
afixadas nas tribunas do forum romano para conhecimento dos cidadãos. Esse con-
junto de leis tornou-se, desde então, conhecido como a Lei das XII Tábuas.
A tabula latina resultou em “tábua”, predominantemente entendida em portu-
guês como peça de madeira. Em latim pode equivaler, no sentido figurado, a pla-
ca, chapa. O Digesto (loc. cit.) fala de placas de marfim (tabulae eboreae), não de
madeira. São também citadas por autores como “placas de bronze”, inclusive pelo
próprio Schoell. Se gravadas em marfim, tê-lo-ão sido alguns séculos depois de sua
promulgação, por se tratar de matéria-prima nobre só acessível aos romanos depois
de terem dominado o comércio importador do mar Mediterrâneo.
O fato é que, de madeira, de bronze ou marfim, as primeiras tábuas teriam de-
saparecido cerca de 60 anos depois, consumidas pelo fogo dos incêndios provocados
pelos invasores gauleses ou levadas por eles como presas de guerra.
Não se descarta a hipótese de realmente terem sido regravadas, mesmo por-
que há quem crê que teriam sido inicialmente escritas pelos decênviros em algumas
tábuas que foram sendo completadas ao longo dos primeiros séculos da República.
Há, inclusive, quem defende que sua gravação só teria ocorrido, pela primeira vez,
séculos depois dos decênviros e que sua conservação ter-se-ia operado pelo antigo
sistema de aprendizagem por decoração. O próprio Cícero, no século I a.C., lamenta
as escolas não estarem mais utilizando esse sistema de ensino e cita precisamente as
XII Tábuas, cuja decoração era obrigatória nas escolas de seu tempo.
Qualquer que seja a época de sua gravação, o estado fragmentário de suas ver-
sões, propiciando divergências na reconstituição de sua redação original e diversi-
dades de interpretações entre comentadores, cria graves obstáculos no que tange à
fidelidade e à integralidade de seu sentido. Alguns artigos devem ter simplesmente
desaparecido, levando seus recenseadores a preenchê-los com citações de autores na
tentativa de reconstituir o texto original.
Metodologia
A metodologia seguida por esta tradução começa pela adoção da recensão de
Rodolfo Schoell, por lhe parecer mais completa no preenchimento textual das lacu-
nas do original e na ordenação dos artigos em suas respectivas tábuas.
Tendo em vista a precariedade dos textos, o estilo compacto e abreviado de
sua redação num latim arcaico e primitivo, sua tradução literal, mesmo num latim
moderno e gramaticalmente correto, deixaria muito a desejar. Por isso, optou-se por
uma tradução literária mas rigorosamente fiel ao texto original, dispensando-se evi-
dentemente comentários e observações. Só em alguns casos, de artigos que envol-
vem questões filológicas ou pelo inusitado sentido de seus termos, que levantam dú-
vidas e indagações pertinentes, é que se recorre a notas de rodapé, para elucidação
de conceitos que facilite o leitor a formar seu próprio juízo sobre a matéria tratada.
23
LEI DAS XII TÁBUAS Digesto
***
Apesar de todo esforço e desejo de oferecer um trabalho completo e satisfa-
tório, a equipe responsável, ciente de suas limitações e da complexidade deste em-
preendimento, espera não só contar com a compreensão do leitor e estudioso, mas
também com suas críticas e sugestões que, com certeza, haverão de contribuir para
o aprimoramento desta obra numa possível e futura reedição.
24
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
TABULA I TÁBUA I
4. Assiduo vindex assiduus esto. Prole- 4. Fiador de proprietário deve ser pro-
tario iam civi1 quis volet vindex esto. prietário, mas de proletário seja quem
quiser.
1
O civis ainda não tem o carisma do que mais
tarde se denominaria civis romanus. Na época
da promulgação das XII Tábuas, era simples
denominativo que distinguia membro da civi- 1
Esse tipo de transporte especial, arcera, era
tas do então chamado “proletário”, cuja única uma carroça com um toldo de proteção contra
função na civitas era gerar a prole para compor o sol ou a chuva, o que lhe conferia a forma de
o segmento social de soldados e mão de obra uma arca. Era usada para transporte de passa-
não qualificada. (ver Glossário, civitas). geiro urbano.
25
LEI DAS XII TÁBUAS Digesto
10. ... cum proletarii et adsidui et sa- 10. Quando as figuras de proletário,
nates et VADES et SUBVADES et XXV proprietário, sanates2, fiador e subfia-
asses et taliones ... evanuerint, omnis- dor, assim como causas de 25 moedas
que illa XII tabularum antiquitas ... de bronze, e de talião3 foram desapare-
lege Aebutia lata consopita ist ... (Gel- cendo com tudo o mais que era anti-
lius, Noctes Atticae 16, 10. 8). quado da Lei das XII Tábuas ... a pro-
mulgação da Lei Ebúcia tornou tudo
normas obsoletas.
TABULA II TÁBUA II
1a. De rebus M aeris plurisve D assi- 1a. Havia ações em torno de depósi-
bus, de minoris vero L assibus sacra- to de valores de mil ou de mais de 500
mento contendebatur; nam ita lege XII moedas de bronze, mas se questiona-
tabularum cautum erat. At si de liber- vam questões sobre depósito de menos
tate hominis controversia erat, etiamsi de 50 moedas de bronze, pois assim
pretiosissimus homo esset, tamen ut dispunha a Lei das XII Tábuas. Mas se
L assibus sacramento contenderetur,
eadem lege cautum est ... (Gaius, Com-
mentarii 4, 14).
2
Os sanates eram um povo das imediações de
Roma, inicialmente inimigo. Depois de se te-
rem tornado amigo, os romanos passaram a
chamá-los “sanates”, isto é, curados, de mente
sã, como hoje chamaríamos “esclarecidos”.
3
A Lei das XII Tábuas dispõe sobre a chama-
da lei de talião. Convém atentar para o senti-
do etimológico do termo “talião”, substantivo
derivado dos pronomes correlativos talis ...
talis (como em português, “tal pai, tal filho”),
correlação que não implica necessariamente
órgão por órgão no caso de dano físico, mas
também valores de ressarcimento tabelados
por lei, como demonstra o teor dos artigos 2-4
da Tábua VIII.
26
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
1b. Per iudicis postulationem ageba- 1b. Tratava-se, por exigência do juiz,
tur, si qua de re ut ita ageretur lex ius- de definir sobre que matéria girava a
sisset, sicuti lex XII tabularum de eo ação para ser processada conforme
quod ex stipulatione petitur. Eaque res determinasse a lei, como a Lei das XII
talis fere erat. Qui agebat, sic dicebat: Tábuas sobre o objeto da ação. As coi-
“EX SPONSIONE TE MIHI X MILIA sas se passavam mais ou menos assim:
SESTERTIORUM DARE OPORTERE o autor dizia: “Declaro que tu por jura-
AIO. ID POSTULO AIAS AN NEGES”. mento deves me dar dez mil sestércios.
Adversarius dicebat non oportere. Ac- Peço que digas sim ou não”. O adver-
tor dicebat: “QUANDO TU NEGAS, sário respondia negando a dívida. O
TE PRAETOR IUDICEM SIVE ARBI- autor dizia: “Já que negas, requeiro que
TRUM POSTULO UTI DES”. Itaque in o pretor designe juiz ou árbitro para te
eo genere actionis sine poena quisque obrigar a me dar o que me deves”. As-
negabat. Item de hereditate dividenda sim, nessa espécie de ação, pode-se ne-
inter coheredes eadem lex per iudi- gar sem risco de punição. Do mesmo
cis postulationem agi iussit ... (Gaius, modo, dispõe a lei sobre a partilha de
Commentarii 4, 17a). herança entre coerdeiros, estabelecen-
do que a ação se processe em termos
definidos pelo juiz.
2. ... moribus sonticus2 ... aut status dies 2. Doença grave ou dia marcado com
cum hoste3 ... quid horum fuit unum forasteiro: se algo desse gênero ocorrer
iudici arbitrove reove, eo dies diffissus ao juiz ou ao árbitro ou ao réu, seja a
esto. data adiada.
2
Morbus sonticus é uma doença que resulta em
algum impedimento, de andar, falar etc. O
tradutor optou pela forma morbus em vez de
moribus como consta no original, por falta de
compatibilidade de sentido.
3
Hostis, mesmo nas XII Tábuas, não significa-
va apenas “inimigo”, mas também “forasteiro”,
“pessoa estranha”, no mínimo de fora da co-
munidade.
27
LEI DAS XII TÁBUAS Digesto
1. Aeris confessi rebusque iure iudica- 1. Julgada a ação pela justiça, seja de 30
tis XXX dies iusti sunto. dias o prazo legal para o devedor quitar
a dívida reconhecida.
2. Post deinde manus iniectio esto. In 2. Depois disso, seja levado à força ao
ius ducito. tribunal.
4. Si volet suo vivito. Ni suo vivit, qui 4. Se ele quiser, viva às suas custas. Se
eum vinctum habebit, libras farris não, quem o mantiver preso lhe dará
endo dies dato. Si volet, plus dato. meio quilo de farinha por dia. Se qui-
ser, dê-lhe mais.
5. Erat autem ius interea paciscendi ac, si 5. Havia, porém, o direito de, nesse pe-
pacti forent, habebantur in vinculis dies ríodo, as partes chegarem a um acordo
sexaginta. Inter eos dies trinis nundinis e, caso positivo, a detenção teria a du-
continuis ad praetorem in comitium ração de 60 dias. Durante esse perío-
producebantur, quantaeque pecuniae do, as partes deveriam apresentar-se
iudicati essent, praedicabatur. Tertiis ao pretor por três feiras consecutivas e
autem nundinis capite poenas dabant, declarar na assembleia o valor da ques-
aut trans Tiberim peregre venum ibant. tão. Mas na terceira feira, se condenava
(Gellius, Noctes Atticae 20, 1, 46 f.) à morte ou o devedor era posto à ven-
da (no mercado de escravos) no outro
lado do Tibre.
28
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
4
Esse artigo, a menos que deslocado de outra
Tábua, parece conflitar com o anterior, no qual
já se estabelece a pena de morte por dívida e na
mesma oportunidade, isto é, na terceira feira.
De fato, dividir um corpo humano para pagar
uma dívida, além de inaudita crueldade, não
casa com o espírito pragmático e objetivo dos
romanos: que proveito financeiro teria um
credor a quem tocasse, por exemplo, um bra-
ço morto do devedor? A própria aplicação da
chamada lei de talião parece ter sido traduzi-
da mais razoavelmente pelos romanos que, à
maneira dos hebreus, criaram uma tabela de
valores a serem pagos à vítima de acordo com
a importância e funcionalidade do membro ou
do órgão prejudicado, mais ou menos como
hoje procedem as companhias seguradoras na
cobertura de danos totais ou parciais do órgão
prejudicado: a própria Tábua VIII, 3 e 4, es-
tabelece o pagamento de 300, 150 ou 25 asses
por dano físico sofrido.
O inusitado levou historiadores, intérpretes e
doutrinadores romanos a tentar explicações,
interpretações e atenuantes de tamanha cruel-
dade incompatível com o gênio romano.
Quintilianus (35-100 a.C.), por exemplo, in-
forma que essas disposições da lei, que ele cha-
ma de non laudibilia (não louváveis), levaram
à sua rejeição pelo costume público. Tertuliano
(séc. III d.C.) testemunha que, por consenso
público, essa crueldade fora suprimida e con-
vertida em pena capital com confisco de bens
(apud Schoell).
Provavelmente também levados pela obscuri-
dade da redação do artigo, pela sobriedade de
seus termos e tendo em vista tratar-se de um
latim primitivo e ainda não literário, principal-
mente quando se considera que, na opinião de
muitos experts, a Lei das XII Tábuas só teria
tido sua formulação escrita muitos anos de-
pois de viger só na forma oral, há autores que
29
LEI DAS XII TÁBUAS Digesto
TABULA IV TÁBUA IV
1. ... cito necatus tamquam ex XII ta- 1. ... foi morto imediatamente, como
bulis insignis ad deformitatem puer uma criança com deficiência física era
(Cícero, De legibus 3, 8, 19)
30
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
2. Si pater filium ter venum du(it), fi- 2. Se um pai puser um filho à venda
lius a patre liber esto. três vezes, o filho estará livre do poder
pátrio.
3. Illam suam suas res sibi habere ius- 3. Determinou, conforme dispõe a Lei
sit ex XII tabulis, claves ademit, exegit. das XII Tábuas, que ela levasse seus
(Cícero, Oratio Phillippica 2, 28, 69). pertences, lhe tirou as chaves e (a) re-
pudiou.
TABULA V TÁBUA V
6
Gaius explica a razão desse estranho dispositi-
vo: animi levitatem, isto é, a leviandade femi-
nina.
31
LEI DAS XII TÁBUAS Digesto
3. Uti legassit super pecunia tutelave 3. Da maneira como tenha legado seu
suae rei, ita ius esto. patrimônio ou disposto sobre a tutela
de sua propriedade, assim seja o direito.
5. Si adgnatus nec escit, gentiles fami- 5. Se não houver parente direto, her-
liam habento. dam os parentes por afinidade.
6. Quibus testamento ... tutor datus 6. Aqueles aos quais ... por testamento
non ist, iis ex lege XII (tabularum) ag- não tiver sido dado tutor, pela Lei das
nati sunt tutores (Gaius, Commentarii XII Tábuas terão por tutores parentes
1, 155). diretos.
7a. Si furioses4 ascot, adgnatum genti- 7a. Se alguém perder a razão, sua
liumque in eo pecuniaque eius potestas curatela e a de seus bens ficarão com
esto. um parente direto e um conselho de fa-
mília.
7b. ... Ast ei custos nec ascot ... 7b. Mas se lhe falta até um guardião ...
7c. Lege XII tabularum prodigo in- 7c. Pela Lei das XII Tábuas, o pródigo
terdicitur bonorum suorum adminis- é interdito de administrar seus bens; a
tratio (Digesta 27, 10, 1 pr = Ulpianus mesma lei ... determina que sua curate-
ad Sabinum); lex XII tabularum ... la fique a cargo de parentes diretos.
prodigum, cui bonis interdictum est,
in curatione iubet esse agnatorum (Ul-
pianus, frgm. 12, 2).
8. Civis Romani liberti hereditatem lex 8. A Lei das XII Tábuas confere a he-
XII tabularum patrono defert, si intes- rança de liberto de cidadão romano a
tato sine suo herede libertus decesserit seu patrono, se o liberto tiver morrido
(Ulpianus frgm. 29, 1). Cum de patro- intestado. Quando a Lei fala de patro-
no et liberto loquitur lex, ex ea familia, no e liberto, usa a expressão “de família
para família”.
4
A tradução optou pela forma furiosus, por ine-
xistir a palavra nessa forma do original.
32
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
9. Ea, quae in nominibus sunt, ... ipso 9. A Lei das XII Tábuas dispõe que,
iure in portiones hereditarias ex lege pelo próprio direito, bens em dinhei-
XII tabularum divisa sunt (Gordian, ro sejam divididos em porções here-
Constitutio 3, 36, 6). Ex lege XII tabu- ditárias. Pela mesma Lei, dinheiro de
larum aes alienum hereditarium pro herança tomado emprestado deve ser,
portionibus quaesitis singulis ipso iure pelo próprio direito, dividido entre os
divisum (Diocletian, Constitutiones 2, reclamantes.
3, 26).
10. Haec actio (familiae herciscun- 10. Essa ação (de requerer partilha de
dae) proficiscitur e lege XII tabularum herança) provém da Lei das XII Tá-
(Gaius, Digesta 10, 2, 1 pr.). buas.
TABULA VI TÁBUA VI
2. Cum ex XII tabulis satis esset ea 2. Como para a Lei das XII Tábuas
praestari, quae essent lingua nuncupa- bastava cumprir-se o que tivesse sido
ta, quae qui infitiatus esset, dupli poe- expresso e quem deixasse de cumprir
nam subiret, a iuris consultis etiam re- o acordado sofria pena em dobro, foi
ticentiae poena est constituta (Cicero, também instituída por jurisconsultos a
De officiis 3, 16, 65). pena do silêncio obstinado.
4. Lege XII tabularum cautum est, ut 4. Dispõe a Lei das XII Tábuas que, se,
si qua nollet eo modo (usu) in manum por acaso, uma mulher não quisesse
mariti convenire, ea quotannis tri- ser desse modo posse do marido, bas-
noctio abesset atque eo modo (usum) taria que anualmente se ausentasse por
cuiusque anni interrumperet (Gaius 1, três noites, interrompendo essa moda-
111). lidade de uso de cada ano.
33
LEI DAS XII TÁBUAS Digesto
5a. Si qui in iure manum conserunt ... 5a. Se alguém num tribunal disputa à
força com a parte ...
5b. et mancipationem et in iure ces- 5b. A Lei das XII Tábuas consolida
sionem lex XII tabularum confirmat não só a venda mas também a cessão
(Paulus, Vaticanum fragmentum 50). formal num tribunal.
8. Lex XII tabularum neque solvere 8. A Lei das XII Tábuas não permite
permittit tignum furtivum aedibus vel que se remova viga furtada integrada a
vineis iunctum neque vindicare, ... sed uma construção ou vinhas, tampouco
in eum, qui convictus est iunxisse, in seja reclamada na justiça, ... mas contra
duplum dat actionem (Ulpianus, Di- quem tiver sido responsabilizado pela
gesta XLVII 3, 1, pr.). anexação seja punido em dobro.
9. ... quandoque sarpta, donec dempta 9. ... se um dia forem podadas, en-
erunt ... quanto estiverem sendo cortadas...
34
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
2. Sciendum est in actione finium re- 2. Convém saber que, numa questão de
gundorum illud observandum esse, definição de limites, deve-se observar
quod (in XII tabulis) ad exemplum o que (nas XII Tábuas) foi escrito se-
quodammodo eius legis scriptum est, gundo mais ou menos os termos da lei
quam Athenis Solonem dicitur tulisse. que se atribui a Sólon, de Atenas, pois
Nam illic ita est: [Na recensão de Ro- ali se lê: “se alguém levanta uma parede
dolfo Schoell, segue um texto em inglês temporária junto a peça de outro imó-
que vai traduzido juntamente com o vel, essa parede não pode ultrapassar
teor do presente item]. a linha divisória da propriedade; se a
parede for baixa, deve estar recuada a
um pé; se de imóvel, dois pés; se abrir
uma vala ou buraco, observar-se-á um
espaço igual à profundidade; se um
poço, uma braça, isto é, seis pés ou dois
metros. Se plantar oliveiras e figueiras,
seja de nove pés a distância da proprie-
dade vizinha; todas as demais árvores,
cinco pés (Gaius, Digesta 10, 1, 13).7
3a. In XII tabulis ... nusquam nomi- 3a. Na Lei das XII Tábuas sempre que
natur villa, semper in significatione ea se fala de villa (casa de campo), villa
“hortus”, in horti vero “heredium” (Pli- tem sentido de horto, mas por horto
nius, Naturalis historia 19, 4, 50). entende-se heredium (herança de famí-
lia).
35
LEI DAS XII TÁBUAS Digesto
4. usus capionem XII tabulae intra V 4. A Lei das XII Tábuas não incluiu no
pedes esse noluerunt (Cicero, De legi- usucapião a posse de espaço de menos
bus I 21, 55). de cinco pés.
5b. controversia est nata de finibus, in 5b. Levantou-se uma controvérsia so-
qua ... e XII tres arbitri fines regemus bre limites, na qual seguimos a Lei das
(Cicero, De legibus I, 21, 55) XII Tábuas, que exige três árbitros.
6. Viae latitudo ex lege XII tabularum 6. Na Lei das XII Tábuas a largura de
in porrectum octo pedes habet, in an- uma via é de oito pés; nas curvas, isto
fractum, id est ubi flexum est, sedecim é, onde ocorre uma flexão, dezesseis.
(Gaius, Digesta 8, 3, 8).
8a. Si aqua pluvia nocet ... 8a. Se a água de chuva causa danos...
9a. Lex XII tabularum efficere voluit, ut 9a. A Lei das XII Tábuas dispunha
XV pedes altius rami arboris circumci- que fossem podados ramos de árvore
dantur (Ulpiano, Digesta 43, 27, 1. 8). de mais de 15 pés de altura.
9b. Si arbor ex vicini fundo vento in- 9b. Se uma árvore de propriedade do
clinata in tuum fundum ist, ex lege XII vizinho inclinar-se por força do vento
tabularum de adimenda ea recte agere sobre a tua, podes, pela Lei das XII Tá-
potes (Pomponius, Digesta XLIII 27, 2). buas, mover ação legal para ser corta-
da.
36
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
10. Cautum est ... lege XII tabularum, 10. Dispõe ... a Lei das XII Tábuas
ut glandem in alienun fundum proci- que é lícito colher fruto caído de árvo-
dentem liceret colligere (Plinius, Natu- re cujos ramos invadem propriedade
ralis historia 16, 5, 15). alheia.
11. Venditae ... et traditae (res) non 11. Coisa vendida ... e entregue não se
aliter emptori adquiruntur, quam si adquire de outro modo pelo compra-
is venditori pretium solverit vel alio dor que não seja pagando o preço ao
modo satisfecerit, veluti expromissore vendedor ou quitando de outro modo
aut pignore dato; quod cavetur ... lege como por fiança ou penhor ... assim
XII tabularum (Iustiniani Institutiones dispõe a Lei das XII Tábuas.
2, 1, 41).
12. Sub hac condicione liber esse ius- 12. Nessa condição, declara-se livre
sus “si decem milia heredi dederit”, etsi quem tiver dado dez mil (sestércios) ao
ab herede abalienatus ist, emptori dan- herdeiro, ainda que por este tenha sido
do pecuniam ad libertatem perveniet: alienado, estará livre pagando o valor
idque lex XII tabularum iubet (Ulpia- ao comprador: é como dispõe a Lei das
nus frmg. 2, 4). XII Tábuas.
1a. Qui malum carmen incantassit ... 1a. Quem tiver feito encantamentos...
1b. XII tabulae cum perpaucas res ca- 1b. Embora as XII Tábuas punissem
pite sanxissent, in his hanc quoque com pena de morte muito poucos ca-
sanciendam putaverunt: si quis occen- sos, neste caso acharam por bem apli-
tavisset sive carmen condidisset, quod cá-la: cantar ou compor versos que di-
infamiam faceret flagitiumve alteri famem e desonrem alguém. 8
(Cicero, De re publica 4, 10, 12).
8
Cícero (De republica IV, 12), depois de louvar a
sobriedade da Lei das XII Tábuas com relação
à pena de morte, justifica sua aplicação no caso
previsto nesse artigo, dizendo que devemos es-
tar sujeitos a iudiciis enim magistratuum, dis-
ceptationibus legitimis propositam vitam, non
poetarum ingeniis (a juízos e decisões legítimas
de magistrados e não a talentosos poetas).
37
LEI DAS XII TÁBUAS Digesto
3. Manu fustive si os fregit libero CCC, 3. Se com a mão ou pau quebrar o osso
si servo, CL poenam subito. de homem livre, seja a pena de 300 as-
ses, se de um servo, 150.
7. Si glans ex arbore tua in meum fun- 7. Se uma fruta de tua árvore cai em
dum cadat eamque ego immisso peco- minha propriedade e eu, não os ani-
re depascam, .... neque ex lege XII ta- mais, a como, nem a Lei das XII Tábuas
bularum de pastu pecoris, quia non in em matéria de pasto, por alimentar-se
tuo pascitur, neque de pauperie ... agi em pasto alheio, nem por dano causa-
posse (Ulpianus, Digesta 19 5, 14, 3). do pode haver ação.
8a. Qui fruges excantassit ... 8a. Quem por encantamento a colhei-
ta ...
8b. ... neve alienam segetem pellexeris 8b. ... ou que não tenhas atraído co-
... lheita alheia ...
9. Frugem ... aratro quaesitam noctu 9. A Lei das XII Tábuas punia com pena
pavisse ac secuisse puberi XII tabulis capital jovem adulto que, à noite, tivesse
capital erat, suspensumque Cereri ne- aterrado com arado plantação de cereais
cari iubebant, ... inpubem praetoris ar- reclamada na justiça, ordenando que
bitratu verberari noxiamve duplionem-
ve decerni (Plinius, Naturalis historia
XVIII 3,12).
9
Ver nota 3.
38
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
11. cautum... est XII tabulis, ut qui 11. Segundo a Lei das XII Tábuas,
iniuria cecidisset alienas (arbores) lue- quem, por afronta, derrubasse (árvo-
ret in singulas aeris XXV (Plinius, Na- res) alheias seria condenado a pagar
turalis historia XVII 1, 7). vinte e cinco moedas por árvore.
12. Si nox furtum faxsit, si im occisit, 12. Não comete crime quem mata um
iure caesus esto. ladrão que rouba à noite.
13. Luci ... si se telo defendit, ... endo- 13. Se durante o dia ... se se defende
que plorato. com arma, ... chame por socorro.
10
A rocha aqui referida é a célebre rocha Tar-
peia, situada nas proximidades do Capitólio.
Seu nome “Tarpeia” resultaria, conforme as
lendas, de homenagem à deusa Tarpeia ou a
uma das vestais escolhidas por Numa, rei de
39
LEI DAS XII TÁBUAS Digesto
15b. Lance et licio ... 15b. Com balança e corda de medir ...
16. Si adorat furto, quod nec manifes- 16. Se alguém se queixa de furto não
tum erit ... (duplione damnum decidi- cometido em flagrante, arbitre-se o
to). prejuízo em dobro.
17. Furtivam (rem) lex XII tabularum 17. A Lei das XII Tábuas proíbe o usu-
usucapi prohibet ... (Gaius, Commenta- capião de coisa furtada ...
rii 2, 45).
18a. XII tabulis sanctum, ne quis un- 18a. Por sanção da Lei das XII Tábuas,
ciario fenore amplius exerceret ... (Ta- ninguém podia cobrar juros de mais de
citus, Annales 6, 16). um por cento...
18b. Maiores ... in legibus posiverunt 18b. Os antigos estabeleceram por lei
furem dupli condemnari, feneratorem (XII Tábuas) que o ladrão fosse conde-
quadrupli (Cato, De agri cultura praef.). nado ao dobro; o agiota, ao quádruplo.
19. Ex causa depositi lege XII tabu- 19. Em questão de depósito, segundo
larum in duplum actio datur (Paulus, a Lei das XII Tábuas, cabe ação de in-
Collectio 10, 7, 11). denização em dobro.
40
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
20a. Sciendum est suspecti crimen e 20a. Convém saber que indícios de cri-
lege XII tabularum descendere (Ulpia- me têm origem na Lei das XII Tábuas.
nus, Digesta 26, 10, 1, 2).
20b. Si ... tutores rem pupilli furati sunt, 20b. Se... tutores se apossarem de bem
videamus an ea actione, quae proponi- do tutelado, vejamos se, pela ação em
tur ex lege XII tabularum adversus tu- dobro que é disposta pela Lei das XII
torem in duplum, singuli in solidum Tábuas contra um tutor, é alcançado
teneantur (Tryphonius, Digesta 26, 7, cada um dos tutores no total do bem
55, 1). em questão.
21. Patronus si clienti fraudem fecerit, 21. Seja declarado infame11 o advoga-
sacer esto. do que fraudar seu cliente.
22. Qui se sierit testarier libripensve 22. Tabelião ou testemunha que não
fuerit, ni testimonium fatiatur, inpro- confirma sua fé de ofício ou seu teste-
bus intestabilisque esto. munho seja declarado vil e indigno (da
função).
23. Ex XII tabulis ... si nunc quoque 23. Pela Lei das XII Tábuas, condena-
... qui falsum testimonium dixisse con- do por ter dado falso testemunho devia
victus esset saxo Tarpeio deiceretur ... ser precipitado da rocha Tarpeia.12
(Gellius, Noctes Atticae 20, 1, 53).
24a. Si telum manu fugit magis quam 24a. Se o arco, em vez de lançar (o dar-
iecit, aries subicitur. do), foge do controle da mão, sacrifi-
que-se um carneiro.
24b. Frugem ... furtim ... pavisse ... XII 24b. A Lei das XII Tábuas punia com
tabulis capital erat ... gravius quam in pena capital quem tivesse alimentado
homicidio (Plinius, Naturalis historia ... às escondidas ..., o que era conside-
18, 3, 12). rado mais grave que homicídio.
25. Qui venenum dicit, adicere debet, 25. Quem fala de veneno deve acres-
utrum malum an bonum; nam et me- centar se mau ou bom, pois os medica-
dicamenta venena sunt (Gaius, 1. 4 ad mentos também são veneno.
XII tab. = Digesta 50, 16, 236 pr.).
11
Glossário, infamia.
12
Ver nota 9.
41
LEI DAS XII TÁBUAS Digesto
26. XII tabulis cautum esse cognosci- 26. Sabemos pela Lei das XII Tábuas
mus, ne quid in Urbe coetus nocturnos que era proibido promover aglomera-
agitaret (Latro, Decl. in Cat. 19). ções noturnas na Urbe.
27. His (sodalibus) potestatem facit 27. A Lei das XII Tábuas confere a es-
lex (XII tabularum), pactionem quam ses membros poder de fazer acordos
velint sibi ferre, dum ne quid ex publica que quiserem, desde que nada violem
lege corrumpant; sed haec lex videtur da lei pública; parece, porém, que essa
ex lege Solonis translata esse (Gaius, 1. lei teria sido transcrita da lei de Sólon.
4 ad XII tab. = Digesta 67, 22, 4).
TABULA IX TÁBUA IX
3. Duram esse legem putas, quae iu- 3. Achas dura a lei que pune com pena
dicem arbitrumve iure datum, qui ob de morte juiz ou árbitro, designado
rem (iu)dic(a)ndam pecuniam acce- pela justiça, por ter recebido propina
pisse convictus est, capite poenitur? por sentença?
(Gellius 20, 1, 7).
5. Lex XII tabularum iubet eum, qui 5. A Lei das XII Tábuas dispõe que deve
hostem concitaverit quive civem hosti ser punido com pena capital quem ti-
42
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
6. Interfici ... indemnatum quemcun- 6. A Lei das XII Tábuas proibia tam-
que hominem etiam XII tabularum de- bém que se executasse qualquer pessoa
creta vetuerunt (Salvianus, De Guber- sem julgamento.
natione Dei 8, 5, 24).
TABULA X TÁBUA X
2. ... Hoc plus ne facito: rogum ascea 2. Isto não se faça mais: montar pira
ne polito. funerária com madeira trabalhada.
5a. Homine mortuo ne ossa legito, 5a. Não se recolham restos mortais de
quo post funus faciat. alguém para depois se fazer o funeral.
6a. Haec praeterea sunt in legibus 6a. Além dessas disposições, estão
...: “servilis unctura tollitur omnisque também nas leis que “a unção não se
circumpotatio” ... “Ne sumptuosa res- faça por mãos de escravo e nada de be-
persio, ne longae coronae, ne acerrae” bedeiras” ... “Nada de aspersões caras,
(Cicero, De legibus 2, 24, 60). coroas exageradas e incensações exces-
sivas”.
6b. Murrata potione usos antiquos in- 6b. Há indícios de antigo uso de uma
dicio est, quod ... XII tabulis cavetur, ne poção de mirra que ... a Lei das XII Tá-
43
LEI DAS XII TÁBUAS Digesto
8. ... neve aurum addito. At cui auro 8. ... nem lhe acrescente ouro. Mas, se
dentes iuncti escunt. Ast im cum illo alguém tem dentes juntos com ouro, as-
sepeliet uretve, se fraude esto. sim o sepultará ou cremará sem fraude.
9. rogum bustumve novum vetat pro- 9. nenhuma nova pira ou sepultura es-
pius LX pedes adigi aedes alienas invito teja a menos de 60 pés de imóvel alheio
domino (Cicero, De legibus 2, 24, 61). sem a permissão do dono.
10. forum ... bustumve usucapi vetat 10. proíbe o usucapião de área de
(Cicero, De legibus 2, 24, 61). acesso a pira ou sepulcro.
TABULA XI TÁBUA XI
2. Tuditanus refert, ... Xviros, qui de- 2. Tuditano informa ... que os decênvi-
cem tabulis duas addiderunt, de in- ros que acrescentaram duas às dez tá-
tercalando populum rogasse. Cassius buas teriam consultado o povo sobre o
eosdem scribit auctores (Macrobius, aditamento. Cássio registra os mesmos
Saturnalia 1, 13, 21). autores.
44
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
ergo profecit, quod protulit fastos? Oc- filho de Anno. Acontece, porém, que
cultatam putant quodam tempore is- ele não viveu antes dos decênviros ...
tam tabulam, ut dies agendi peterentur Que adiantou revelar fatos promisso-
a paucis (Cicero, Ad Atticum 6, 1, 8). res? Acham alguns que essa tábua teria
sido escondida por algum tempo até
ser reclamada no momento oportuno
por alguns.
2b. Ex malificiis filiorum familias ser- 2b. Com relação a delitos de filhos e
vorumque ... noxales actiones proditae de escravos, as ações delituosas de-
sunt, uti liceret patri dominove aut litis vem ser denunciadas para que o pai ou
aestimationem sufferre aut noxae de- o senhor do escravo cubra o valor da
dere ... Constitutae sunt ... aut legibus questão ou ressarça o dano feito ... Fo-
aut edicto praetoris: legibus velut furti ram dispostas ... por leis ou por edito
lege XII tabularum ... (Gaius 4, 75, 76). do pretor: por leis ou pela lei do furto
contida nas XII Tábuas ...
4. Rem, de qua controversia est, prohi- 4. Somos proibidos (pela Lei das XII
bemur (lege XII tabularum) in sacrum Tábuas) de oferecer ao culto objeto em
45
LEI DAS XII TÁBUAS Digesto
dedicare: alioquin dupli poenam pati- torno do qual haja contestação, pelo
mur, ... sed duplum utrum fisco an ad- que estamos sujeitos a pena em dobro,
versario praestandum ist, nihil expri- ... mas nada se diz se pagamos o dobro
mitur (Gaius, Leges 6 ad XII ( = Digesta ao fisco ou ao adversário.
LXIV 6, 3).
5. in XII tabulis legem esse, ut quodcum- 5. Há uma lei nas XII Tábuas segundo
que postremum populus iussisset, id a qual o que quer que o povo ordene
ius ratumque esset (Livius VII 17, 12). por último, esse é o direito e o certo.
1. Nancitor in XII nactus erit, pren- 1. Na Lei das XII Tábuas quem achar
derit (Festus, De verborum significatu tem o direito de apanhar.
166).
2. Quando ... in XII ... cum “c” littera 2. Quando ... na Lei das XII Tábuas se
ultima scribitur (Festus, De verborum escreve com “c” a última letra ...
significatu 258).
3. “Sub vos placo” in precibus fere cum 3. Quando se diz nas preces “entrego
dicitur, significat id quod “supplicio”, em tua mão”, significa mais ou menos
ut in legibus “transque dato”, “endoque o que se entende por “oferendas”, como
plorato” (Festus, De verborum significa- na linguagem do direito significa “pas-
tu 258). sar à mão”, “implorar”.
4. “dolo malo” ... quod ... addit, “malo” 4. Ao acrescentar “mau” a “dolo” co-
... archaismos est, quia sic in XII tabulis metemos um arcaísmo, pois assim está
a veteribus scriptum est (Donatus, Ad escrito pelos antigos na Lei das XII Tá-
Terentium Eun. 515). buas.
46
Digesto LEI DAS XII TÁBUAS
9. Duobus negativis verbis quasi per- 9. Com dois verbos na forma negativa,
mittit lex (XII tabularum) magis quam a Lei (das XII Tábuas), em vez de proi-
prohibuit: idque etiam Servius (Sulpi- bir, permite: Sérvio (Sulpício) chama
cius) animadvertit (Gaius, leges 5 ad também a atenção para isso.
XII = Digesta 50, 16, 237).
10. “Detestatum” est testatione de- 10. Detestatum refere-se a alguém que
nuntiatum (Gaius, leges 6 ad XII = Di- foi denunciado com prova testemu-
gesta 50, 16, 238, 1). nhal.
11. Per ipsum fere tempus, ut decem- 11. Mais ou menos pela mesma época,
viraliter loquar, lex de praescriptione como diziam os decênviros, foi procla-
tricennii fuerat “proquiritata” (Sido- mada a lei da prescrição tricenal.
nius Apollinaris, Epistula 8, 6, 7).
47
Digesto
Imperator Caesar Flavius Iustinianus, pius, O imperador César Flávio Justiniano, pio,
felix, inclytus, victor ac triumphator, semper feliz, ínclito, vitorioso e triunfante, sempre
Augustus, Triboniano quaestori suo salutem Augusto, a seu questor Triboniano, saúde.
Deo auctore nostrum gubernantes im- Sob a proteção de Deus, nosso Cria-
perium, quod nobis a coelesti maiesta- dor, no governo do império que nos foi
te traditum est, et bella feliciter pera- confiado pela autoridade celestial, não
gimus, et pacem decoramus, et statum só, com sucesso, pusemos fim às guer-
reipublicae sustentamus, et ita nostros ras e promovemos a paz como também
animos ad Dei omnipotentis erigimus asseguramos a estabilidade da Repú-
adiutorium, ut neque armis confida- blica e, com tanto ardor, invocamos o
mus, neque nostris militibus, neque auxílio de Deus onipotente, que já não
bellorum ducibus, vel nostro ingenio, confiamos nem nas armas, nem na for-
sed omnem spem ad solam referamus ça militar, nem em generais, nem em
summae providentiam Trinitatis, unde nosso próprio engenho, mas deposita-
et mundi totius elementa processerunt, mos toda a esperança na providência
et eorum dispositio in orbem terrarum da Santíssima Trindade, da qual pro-
producta est. vêm os elementos de todo o universo
e a ordem das coisas em todo o orbe
terrestre.
51
Constituição deo auctore Digesto
52
Digesto Constituição deo auctore
53
Constituição deo auctore Digesto
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Digesto Constituição deo auctore
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Constituição deo auctore Digesto
§ 10. — Sed et si quae leges in veteri- § 10. De modo algum admitimos que
bus libris positae iam in desuetudinem incluais leis contidas em livros antigos,
abierunt, nullo modo vobis easdem já obsoletas, mas tão somente aquelas
ponere permittimus, quum haec tan- que se mantiveram em vigor pelo cos-
tummodo obtinere volumus, quae vel tume imemorial desta venerável Capi-
iudiciorum frequentissimus ordo exer- tal, porque, conforme escreveu Sálvio
cuit, vel longa consuetudo huius almae Juliano, todas as demais cidades devem
urbis comprobavit, secundum Salvii seguir o costume de Roma, como a
Iuliani scripturam, quae indicat, debe- principal de todas as cidades. Entenda-
re omnes civitates consuetudinem Ro- -se, porém, por Roma não só a antiga
mae sequi, quae caput est orbis terra- mas também nossa régia Capital, que,
rum, non ipsam alias civitates. Romam sob a proteção de Deus, foi fundada
autem intelligendum est non solum ve- sob os melhores auspícios.
terem, sed etiam regiam nostram, quae
Deo propitio cum melioribus condita
est auguriis.
§ 11. — Ideo iubemus, duobus istis § 11. Mandamos, portanto, que tudo
codicibus omnia gubernari, uno cons- se reja por estes dois códigos, um das
titutionum, altero iuris enucleati et constituições, outro do direito retoca-
in futurum codicem compositi, vel si do e organizado no futuro código, ou
quid aliud a nobis fuerit promulgatum por algo mais por nós promulgado que
institutionum vicem obtinens, ut rudis tenha força de lei, para que o estudan-
animus studiosi, simplicibus enutritus, te iniciado nos rudimentos do direito,
56
Digesto Constituição deo auctore
§ 12. — Nostram autem consumma- § 12. Mandamos que esta nossa obra,
tionem, quae a vobis Deo annuente que, com a vontade de Deus, será re-
componetur, Digestorum vel Pandec- alizada por vós, receba o nome de Di-
tarum nomen habere sancimus, nullis gesto ou Pandectas. Determinamos,
iuris peritis in posterum audentibus ainda, que nenhum jurisconsulto ouse,
commentarios illi applicare, et verbo- no futuro, lhe fazer comentários ou in-
sitate sua supradicti codicis compen- troduzir confusão com vãs divagações,
dium confundere, quemadmodum in como outrora acontecia, quando pelas
antiquioribus temporibus factum est, opiniões dos intérpretes se subvertia
quum per contrarias interpretantium todo o direito. Basta apenas fazer algu-
sententias totum ius paene conturba- ma correção por notas ou uso de títu-
tum est; sed sufficiat, per indices tan- los (que em grego se diz parátitla, isto
tummodo et titulorum subtilitatem, é, esclarecimentos) de tal modo que de
quae para,titla nuncupantur, quae- sua interpretação não resulte nenhum
dam admonitoria eius facere, nullo ex vício.
interpretatione eorum vitio oriundo.
§ 13. — Ne autem per scripturam ali- § 13. Para evitar que a redação deste
qua fiat in posterum dubitatio, iube- código venha, no futuro, a gerar ambi-
mus, non per siglorum captiones et guidades, recomendamos que se evite
compendiosa aenigmata, quae multas o uso de linguagem simbólica ou enig-
per se et per suum vitium antinomias mática que ensejem antinomias, mes-
induxerunt, eiusdem codicis textum mo que se trate de numeração de livros
conscribi, etiamsi numerus librorum ou algo semelhante; tampouco permi-
significetur, aut aliud quidquam; nec timos que se escrevam números por
etenim haec per specialia sigla nume- meio de abreviaturas especiais, mas
rorum manifestari, sed per literarum devem ser grafados por extenso.
consequentiam explanari concedimus.
§ 14. — Haec igitur omnia Deo placido § 14. Cuide tua sabedoria, com o be-
facere tua prudentia una cum aliis fa- neplácito de Deus, de fazer tudo isso,
cundissimis viris studeat, et tam subtili juntamente com os demais eminentes
quam celerrimo fini tradere, ut codex juristas e levá-lo a cabo com precisão
consummatus et in quinquaginta libros e rapidez, de modo que este código,
digestus nobis offeratur in maximam et concluído e compreendido em 50 li-
aeternam rei memoriam, Deique om- vros, seja por nós oferecido às futuras
57
Constituição deo auctore Digesto
58
Livro I
Digesto Livro I – Título I
TITULUS I TÍTULO I
DE IUSTITIA ET IURE DA JUSTIÇA E DO DIREITO
§ 1. — Cuius merito quis nos sacerdo- § 1. Por essa razão, há quem nos cha-
tes appellet; iustitiam namque colimus, me sacerdotes, pois cultuamos a jus-
et boni et aequi notitiam profitemur, tiça, professamos o conhecimento do
aequum ab iniquo separantes, licitum bom e do justo, discernimos o lícito do
ab illicito discernentes, bonos non so- ilícito, para levar os homens a serem
lum metu poenarum, verum etiam bons não só por medo do castigo mas
praemiorum quoque exhortatione effi- também pela motivação dos prêmios e
cere cupientes, veram, nisi fallor, philo- a se empenharem na busca, se não me
sophiam, non simulatam affectantes engano, da verdadeira e não da falsa fi-
losofia.
1
Ocorre, com certa frequência, introdução de
textos em grego na versão latina. Por se tratar
de mera citação, esses textos são mantidos por
fidelidade ao original. A tradução é feita exclu-
sivamente com base no texto latino do original
adotado.
61
Livro I – Título I Digesto
§ 2. — Huius studii duae sunt positio- § 2. Dois são os aspectos deste estudo:
nes, publicum et privatum. Publicum o direito público e o direito privado.
ius est, quod ad statum rei Romanae Por direito público entende-se tudo o
spectat, privatum, quod ad singulorum que diz respeito à coisa pública roma-
utilitatem; sunt enim quaedam publice na; privado, o que atende ao interesse
utilia, quaedam privatim. Publicum ius de indivíduos; de fato, algumas coisas
in sacris, in sacerdotibus, in magistrati- são de utilidade pública, outras, de
bus consistit. Privatum ius tripertitum utilidade privada. O direito público
est; collectum etenim est ex naturalibus refere-se a coisas sagradas4, a sacerdo-
praeceptis, aut gentium, aut civilibus. tes e magistrados. O direito privado
compõe-se de três partes, conforme é
deduzido de preceitos naturais, de pre-
ceitos das gentes ou de preceitos civis.
§ 3. — Ius naturale est, quod natura § 3. Direito natural é o direito que a na-
omnia animalia docuit; nam ius istud tureza ensinou a todos os animais; pois
non humani generis proprium, sed esse direito não é exclusivo do gênero
omnium animalium, quae in terra, humano, mas comum a todos os ani-
quae in mari nascuntur, avium quoque mais, sejam eles terrestres, marinhos
commune est. Hinc descendit maris ou aves. Daí a conjunção do macho e
atque feminae coniunctio, quam nos da fêmea, que chamamos matrimônio;
matrimonium appellamus, hinc libe- daí a procriação de filhos; daí a cria-
rorum procreatio, hinc educatio; vide- ção: com efeito, é manifesto que todos
mus etenim cetera quoque animalia, os animais, até os selvagens, guiam-se
feras etiam, istius iuris peritia censeri. pelo instinto desse direito.
§ 4. — Ius gentium est, quo gentes hu- § 4. O direito das gentes é o direito
manae utuntur; quod a naturali rece- usado pelos seres humanos, cuja dis-
dere facile intelligere licet, quia illud tinção do natural é de fácil compreen-
omnibus animalibus, hoc solis homini- são, pois o natural é comum a todos os
bus inter se commune sit; animais, enquanto o direito das gentes
é exclusivo dos homens entre si.
4
Glossário, sanctum, sacrum, religiosum.
62
Digesto Livro I – Título I
63
Livro I – Título I Digesto
§ 1. — Hoc igitur ius nostrum constat § 1. Esse nosso direito se expressa tan-
aut ex scripto, aut sine scripto, ut apud to escrito como não escrito, do mesmo
Graecos tw/n no,mwn oi me.n e;ggrafoi modo que, entre os gregos, há leis que
oi` de. a;grafoi [legum aliae scriptae, são escritas, outras, não.
aliae non scriptae].
7
Glossário, leges e jurisconsulto.
64
Digesto Livro I – Título I
65
Livro I – Títulos I e II Digesto
ut est ius civile; nec minus ius recte pressa de vários modos. Um, quando
appellatur in civitate nostra ius hono- se diz direito o que é sempre justo e
rarium. Praetor quoque ius reddere di- bom como é o direito natural; outro,
citur, etiam quum inique decernit, re- o que, em cada cidade, é útil a todos
latione scilicet facta non ad id, quod ita ou à maioria, como é o direito civil, e
Praetor fecit, sed ad illud, quod Prae- não é menos direito o que, entre nós,
torem facere convenit. Alia significa- é chamado direito honorário. Diz-se
tione ius dicitur locus, in quo ius reddi- também que o pretor “administra” o
tur, appellatione collata ab eo, quod fit, direito mesmo quando julga injusta-
in eo, ubi fit; quem locum determinare mente, com relação, é claro, não ao
hoc modo possumus: ubicunque Prae- que fez, mas ao que deveria ter feito.
tor salva maiestate imperii sui salvoque Em outra acepção, chama-se direito o
more maiorum ius dicere constituit, is lugar em que se presta o direito, apli-
locus recte ius appellatur. cando-se o nome do que se faz ao lugar
onde é feito. Esse lugar pode ser assim
definido: onde quer que o pretor, res-
salvada a dignidade de sua autoridade
e observado o costume dos antepassa-
dos, decidir prestar o direito, esse lugar
é corretamente chamado direito.
TITULUS II TÍTULO II
DE ORIGINE IURIS ET DA ORIGEM DO DIREITO E DE
OMNIUM MAGISTRATUUM, ET TODAS AS MAGISTRATURAS
SUCCESSIONE PRUDENTUM E DA SUCESSÃO DE
JURISCONSULTOS11
1. GAIUS libro I. ad Legem XII Tabu- 1. GAIO, Comentários à Lei das XII
larum. — Facturus legum vetustarum Tábuas, Livro I. — Uma vez que terei
interpretationem, necessario prius ab de interpretar leis muito antigas, achei
Urbis initiis repetendum existimavi,
non quia velim verbosos commenta-
rios facere, sed quod in omnibus rebus
animadverto id perfectum esse, quod
10
Glossário, agnatio.
11
Glossário, jurisconsulto.
66
Digesto Livro I – Título II
ex omnibus suis partibus constaret. Et por bem começar remontando aos pri-
certe cuiusque rei potissima pars prin- mórdios de Roma, não porque preten-
cipium est. Deinde, si in foro causas da fazer longos comentários, mas por-
dicentibus nefas, ut ita dixerim, videtur que em todas as coisas observo que a
esse, nulla praefatione facta iudici rem perfeição está em todas as suas partes
exponere, quanto magis interpretatio- e, com certeza, a parte mais importante
nem promittentibus inconveniens erit, de tudo é seu princípio. Além disso, se
omissis initiis atque origine non repe- parece inconveniente, como diria, que,
tita atque illotis, ut ita dixerim, mani- no foro, defensores exponham suas
bus protinus materiam interpretatio- causas ao juiz sem nenhuma introdu-
nis tractare? Namque nisi fallor, istae ção, tanto mais inconveniente seria a
praefationes et libentius nos ad lectio- quem se propõe interpretar ir direto ao
nem propositae materiae producunt, et assunto, negligenciando, por assim di-
quum ibi venerimus, evidentiorem prae- zer, seus princípios e suas origens. Pois,
stant intellectum. salvo engano, essas introduções não só
nos predispõem para a leitura da maté-
ria proposta como também, ao fazê-la,
favorecem sua compreensão.
67
Livro I – Título II Digesto
§ 3. — Exactis deinde Regibus lege Tri- § 3. Depois disso, com a expulsão dos
bunicia omnes leges hae exoleverunt, reis por lei tribunícia, todas essas leis
iterumque coepit populus Romanus caíram em desuso, e, mais uma vez, o
incerto magis iure et consuetudine ali, povo romano passou a se reger mais
quam per latam legem; idque prope vi- por direito incerto e pelo costume do
ginti annis passus est. que por lei promulgada. Essa situação
perdurou por cerca de vinte anos.
§ 4. — Postea ne diutius hoc fieret, pla- § 4. Em seguida, para que essa situa-
cuit publica auctoritate decem cons- ção não se prolongasse, achou-se por
titui viros, per quos peterentur leges bem designar dez varões14, para buscar
a Graecis civitatibus, et civitas funda- subsídios nas leis adotadas por cidades
retur legibus; quas in tabulas eboreas gregas, e Roma se consolidasse sob leis.
perscriptas pro rostris composuerunt, Essas leis foram gravadas em placas
ut possint leges apertius percipi. Da- de marfim15 e postas nas tribunas do
tumque est iis ius eo anno in civitate foro para conhecimento de todos. Na-
summum, uti leges et corrigerent, si quele ano foi conferido aos decênviros
opus esset, et interpretarentur, neque o poder supremo na cidade para que,
provocatio ab iis, sicut a reliquis ma- se necessário, não só corrigissem as
gistratibus fieret. Qui ipsi animadver- leis como também as interpretassem,
terunt aliquid deesse istis primis legi- estabelecido que, à diferença do que
bus; ideoque sequenti anno alias duas acontecia com relação aos demais ma-
ad easdem tabulas adiecerunt; et ita ex
accidentia appellatae sunt leges duode-
cim tabularum, quarum ferendarum
auctorem fuisse decemviris Hermodo-
13
Glossário, sistema eleitoral.
14
Glossário, decênviros.
15
Glossário, Lei das XII Tábuas.
68
Digesto Livro I – Título II
rum quendam Ephesium, exsulantem gistrados, contra suas decisões não ha-
in Italia, quidam retulerunt. veria recurso. Tendo eles próprios ob-
servado falhas nessas primeiras leis, no
ano seguinte acrescentaram mais duas
placas às já existentes. Por esse motivo
ficaram conhecidas como leis das doze
tábuas. Segundo alguns, o autor da
promulgação dessas leis teria sido um
dos decênviros, certo Hermodoro de
Éfeso, desterrado na Itália.
§ 5. — His legibus latis coepit, ut natu- § 5. Promulgadas essas leis, sua inter-
raliter evenire solet, ut interpretatio de- pretação exigia fossem discutidas no
sideraret prudentum auctoritate neces- foro por jurisconsultos competentes.
sariam esse disputationem fori. Haec Essa discussão e o próprio direito de-
disputatio et hoc ius, quod sine scrip- finido pelos jurisconsultos, por terem
to venit compositum a prudentibus, sido conduzidos oralmente, não têm
propria parte aliqua non appellatur, um nome específico, como as demais
ut ceterae partes iuris suis nominibus partes do direito se designam por seus
designantur, datis propriis nominibus próprios nomes, mas é chamado pelo
ceteris partibus; sed communi nomine nome comum de direito civil.
appellatur ius civile.
69
Livro I – Título II Digesto
16
Glossário, Colégio dos Pontífices.
17
Glossário, tribuno; edil.
18
Glossário, patricii, populus, plebs, leges.
70
Digesto Livro I – Título II
19
Glossário, leges.
20
Glossário, edito.
71
Livro I – Título II Digesto
§ 12. — Ita in civitate nostra aut iure, § 12. Dessa forma, em nossa cidade
id est lege, constituitur, aut est pro- (Estado), decide-se, pelo direito21, isto
prium ius civile, quod sine scripto é, pela lei, direito civil próprio, que, por
in sola prudentium interpretatione não ser escrito, consiste exclusivamen-
consistit; aut sunt legis actiones, quae te na interpretação de jurisconsultos;
formam agendi continent; aut plebis- ou são as ações da lei, que contêm a
citum, quod sine auctoritate Patrum forma de autuar, ou o decreto da plebe
est constitutum; aut est magistratuum que é constituído sem a autoridade do
edictum, unde ius honorarium nasci- Senado; ou há o edito dos magistrados,
tur; aut senatusconsultum, quod solum do qual dimana o direito honorário; ou
Senatu constituente inducitur sine lege; o senátus-consulto, que, sem lei, é in-
aut est principalis Constitutio, id est, ut troduzido unicamente pela autoridade
quod ipse Princeps constituit, pro lege do Senado; ou a decisão do príncipe,
servetur. isto é, aquilo que o príncipe decidir
deve ser observado como lei.
21
Glossário, Direito Romano, sobre a aparen-
te equivalência de lei e direito.
22
Glossário, civitas.
23
Glossário, jurisconsulto.
72
Digesto Livro I – Título II
§ 16. — Exactis deinde Regibus, Con- § 16. Abolida a monarquia, foram ins-
sules constituti sunt duo, penes quos tituídos dois cônsules26, aos quais, por
summum ius uti esset, lege rogatum lei, foi conferido o exercício do supre-
est. Dicti sunt ab eo, quod plurimum mo poder. Foram assim chamados por-
reipublicae consulerent. Qui tamem ne que deveriam se consultar (consulere)
per omnia regiam potestatem sibi vin- na administração da República. Mas,
dicarent, lege lata factum est, ut ab iis para que não reivindicassem, em tudo,
provocatio esset, neve possent in caput o poder dos reis, foi estabelecido por
civis Romani animadvertere iniussu lei o direito de apelação contra suas
populi; solum relictum est illis, ut coer- decisões, como também lhes era nega-
cere possent et in vincula publica duci do o direito de condenar à morte um
iuberent. cidadão romano sem o consentimento
do povo. Só lhes era permitido punir e
decretar prisões em cárceres públicos.
§ 17. — Post deinde, quum census iam § 17. Mais tarde, como há muito tempo
maiori tempore agendus esset, et Con- urgia a necessidade de se fazer um re-
sules non sufficerent huic quoque offi- censeamento e os cônsules não fossem
cio, Censores constituti sunt. suficientes para essa tarefa, foram cria-
dos os censores27.
73
Livro I – Título II Digesto
§ 21. — Itemque ut essent, qui aedibus § 21. E, do mesmo modo, para a admi-
praeessent, in quibus omnia scita sua nistração da sede em que a plebe toma-
plebs deferebat, duos ex plebe cons- va suas decisões, foram constituídos
tituerunt, qui etiam Aediles appellati também, dentre a plebe, dois responsá-
sunt. veis que se chamavam edis32.
28
Glossário, ditador.
29
Glossário, tribuno.
30
Glossário, prefeitos.
31
Glossário, tribuno.
32
Glossário, edil.
74
Digesto Livro I – Título II
§ 22. — Deinde quum aerarium populi § 22. Depois disso, como o erário do
auctius esse coepisset, ut essent, qui illi povo começasse a se avolumar, para
praeessent, constituti sunt Quaestores, sua administração foram designados
qui pecuniae praeessent; dicti ab eo, questores33, assim chamados porque
(quod) inquirendae et conservandae criados para o fim de arrecadar e gerir
pecuniae causa creati erant. os recursos públicos.
§ 24. — Et quum placuisset leges quo- § 24. Tendo em vista também a con-
que ferri, latum est ad populum, uti veniência de se promulgarem leis, foi
omnes magistratu se abdicarent. Quo proposto ao povo35 que todos os magis-
Decemviri constituti anno uno, quum trados abdicassem de sua magistratu-
magistratum prorogarent sibi, et quum ra. Os decênviros36, porém, nomeados
iniuriose tractarent, neque vellent só por um ano, além de prorrogarem
deinceps sufficere magistratibus, ut seu mandato, para que eles e sua fac-
ipsi et factio sua perpetuo rempubli- ção continuassem indefinidamente no
cam occupatam retineret, nimia atque poder, administravam mal, negavam-
aspera dominatione eo rem perduxe- -se a dar seu lugar a novos magistrados
rant, ut exercitus a republica secede- e se comportavam com tamanha pre-
ret. Initium fuisse secessionis dicitur potência e dureza que o exército se re-
Virginius quidam, qui quum animad- belou contra a República. Dizem que a
vertisset Appium Claudium contra sedição começou com um soldado, de
ius, quod ipse ex vetere iure in duo- nome Virgínio, ressentido contra Ápio
decim tabulas transtulerat, vindicias Cláudio, um dos decênviros, cujo pro-
filiae suae a se abdixisse, et secundum
eum, qui in servitutem ab eo supposi-
tus petierat, dixisse, captumque amore 33
Glossário, questor.
virginis omne fas ac nefas miscuisse; 34
Entre os romanos, por parricídio entendia-se
indignatus, quod vetustissima iuris atentado contra o Estado, assassinato de prín-
observantia in persona filiae suae defe- cipe e, segundo a Lei das XII Tábuas, assassi-
cisset, — utpote quum Brutus, qui pri- nato de concidadão.
mus Romae Consul fuit, vindicias se-
35
Glossário, patricii, populus, plebs.
36
Glossário, decênviros.
75
Livro I – Título II Digesto
37
Glossário, Lei das XII Tábuas.
76
Digesto Livro I – Título II
§ 25. — Deinde quum post aliquot an- § 25. Depois disso, passados alguns
nos, (quam) duodecim tabulae latae anos, desde a promulgação da Lei das
sunt, et plebs contenderet cum patri- XII Tábuas, e a plebe contendesse com
bus, et vellet ex suo quoque corpore os patrícios e quisesse criar também
Consules creare, et patres recusarent, cônsules próprios e os patrícios se opu-
factum est, ut Tribuni militum crearen- sessem, foram criados tribunos milita-
tur partim ex plebe, partim ex patribus, res, parte tirados da plebe, parte do Se-
consulari potestate. Hique constitu- nado, com poder consular. O número
ti sunt vario numero; interdum enim desses tribunos variava, ora vinte, ora
viginti fuerunt, interdum plures, non- mais de vinte, às vezes, menos.
nunquam pauciores.
38
Glossário, edil.
39
Glossário, pretor.
77
Livro I – Título II Digesto
§ 29. — Deinde quum esset necessa- § 29. Depois disso, em face da neces-
rius magistratus, qui hastae praeesset, sidade de magistrado para presidir às
Decemviri in litibus iudicandis sunt hastas públicas, foram nomeados de-
constituti. cênviros40 encarregados de julgar ques-
tões litigiosas.
§ 31. — Et quia magistratibus vesper- § 31. E como não conviesse aos magis-
tinis temporibus in publicum esse in- trados dar expediente à noite, foram
conveniens erat, Quinqueviri constitu- instituídos quinquóviros para exerce-
ti sunt cis Tiberim et ultis Tiberim, qui rem a função no lugar deles em ambos
possint pro magistratibus fungi. os lados do rio Tibre, isto é, cis e trans-
-Tibre.
78
Digesto Livro I – Título II
Augustus sedecim Praetores constituit. criou dois pretores e dois edis para cui-
Post deinde Divus Claudius duos Prae- darem do abastecimento de trigo, que,
tores adiecit, qui de fideicommisso ius por causa do nome de Ceres (deusa
dicerent; ex quibus unum Divus Titus da agricultura), eram chamados pre-
detraxit, et adiecit Divus Nerva, qui tores dos cereais. E assim foram cria-
inter fiscum et privatos ius diceret. Ita dos doze pretores e seis edis. Depois, o
decem et octo Praetores in civitate ius divo41 Augusto instituiu dezesseis pre-
dicunt. tores. Posteriormente, mais dois foram
acrescentados pelo imperador Cláudio,
para sentenciar sobre questões testa-
mentárias. O divo Tito suprimiu um
deles, e Nerva acrescentou outro para
julgar questões tributárias entre o fisco
e particulares. E, assim, dezoito preto-
res administravam a justiça em Roma.
§ 33. — Et haec omnia, quoties in re- § 33. Tudo isso é observado sempre que
publica sunt magistratus, observantur, haja magistrados na república: quando
quoties autem proficiscuntur, unus viajam, fica um, chamado prefeito da
relinquitur, qui ius dicat; is vocatur cidade42, para ministrar a justiça. An-
Praefectus urbi. Qui Praefectus olim tigamente esse prefeito era constituído
constituebatur, postea fere Latinarum vez por vez. Depois, por causa das festas
feriarum causa introductus est, et quo- latinas43, era nomeado anualmente. O
tannis observatur; nam Praefectus an- prefeito do abastecimento e da guarda
nonae et vigilum non sunt magistratus,
sed extra ordinem utilitatis causa cons-
tituti sunt; et tamen hi, quos Cistiberes
diximus, postea Aediles senatusconsul- 41
O qualitativo divus (divino) aplicava-se a im-
to creabantur. perador já falecido.
42
Glossário, prefeitos.
43
Feriae Latinae, festas latinas, instituídas pelo
último rei de Roma, Tarquínio, o Soberbo,
eram um importante evento que reunia, no
Monte Albano, todas as cidades do Lácio, que,
desde a monarquia, constituíam a chamada
Confederação Latina, instituição política de
boa vizinhança que subsistiu até o século III
da nossa era. O ponto alto do evento eram as
celebrações em honra de Júpiter, que dura-
vam uma semana, às quais deviam compare-
cer todos os magistrados romanos. Era nessa
oportunidade que os prefeitos de Roma exer-
ciam suas funções de magistrado.
79
Livro I – Título II Digesto
§ 35. — Iuris civilis scientiam plurimi § 35. Muitas e ilustres figuras dedica-
et maximi viri professi sunt; sed qui eo- ram-se à ciência do direito civil; mas
rum maximae dignationis apud popu- devem ser aqui mencionados aque-
lum Romanum fuerunt, eorum in prae- les que gozaram de maior estima do
sentia mentio habenda est, ut appareat, povo romano, para assim se conhecer
a quibus et qualibus haec iura orta et de quem e de quais méritos veio e foi
tradita sunt. Et quidem ex omnibus, transmitido o saber jurídico. Na verda-
qui scientiam nacti sunt, ante Tiberium de, de todos aqueles que se distingui-
Coruncanium publice professum ne- ram nessa ciência, dizem, nenhum a
minem traditur; ceteri autem ad hunc ensinou publicamente antes de Tibério
vel in latenti ius civile retinere cogita- Coruncânio; os demais procuravam
bant, solumque consultatoribus vacare manter em segredo o direito civil e se
potius, quam discere volentibus se prae- limitavam mais a dar pareceres do que
stabant. a ensiná-lo a quem o desejasse.
§ 36. — Fuit autem in primis peritus § 36. Públio Papírio foi o primeiro pe-
Publius Papirius, qui leges regias in rito a compilar leis régias num só livro.
unum contulit. Ab hoc Appius Clau- Depois dele, Ápio Cláudio, um dos
dius, unus ex Decemviris, cuius ma- decênviros, teve o grande mérito de
ximum consilium in duodecim tabu- redigir as leis em doze tábuas. Depois,
lis scribendis fuit. Post hunc Appius outro Ápio Cláudio, chamado Cente-
Claudius eiusdem generis maximam mano46, da mesma família, era dotado
scientiam habuit; hic Centemmanus de muito saber. Construiu a via Ápia e
appellatus est. Appiam viam stravit, et
aquam Claudiam induxit, et de Pyrrho
in urbe non recipiendo sententiam tu-
lit; hunc etiam actiones scripsisse tra- 44
Glossário, prefeitos.
ditum est, primum de usurpationibus, 45
Glossário, edil.
qui liber non extat. Idem Appius Clau- 46
Homem de cem mãos, isto é, homem realiza-
dor, de muitas habilidades.
80
Digesto Livro I – Título II
dius, qui videtur ab hoc processisse, R o aqueduto, que traz o seu nome, para
literam invenit; ut pro Valesii Valerii abastecimento de água e votou contra o
essent, et pro Fusiis Furiis. recebimento de Pirro em Roma; dizem
também que teria redigido ações de lei,
primeiramente sobre as usurpações,
cujo livro já não subsiste. Outro Ápio
Cláudio47, que parece descender dele,
inventou a letra R, de modo que, em
lugar de Valesii, se escrevesse Valerii, e
de Fusiis, Furiis.
§ 37. — Fuit post eos maximae scien- § 37. Depois desses, veio Semprônio,
tiae Sempronius, quem populus Ro- homem de notório saber, que os roma-
manus sofo,n [sapientem] appellavit; nos chamaram de sábio; ninguém, nem
nec quisquam ante hunc, aut post hunc antes nem depois dele, recebeu esse tí-
hoc nomine cognominatus est. Caius tulo. Caio Cipião Násica, chamado de
Scipio Nasica, qui Optimus a senatu “o melhor” pelo Senado, ganhou tam-
appellatus est; cui etiam publice domus bém uma casa na Via Sacra48, por doa-
in sacra via data est, quo facilius con- ção pública, para que pudesse ser mais
suli posset. Deinde Quintus Mucius,
qui ad Carthaginienses missus legatus,
quum essent duae tesserae positae, una 47
No texto latino lê-se idem Appius Claudius.
pacis, altera belli, arbitrio sibi dato, Nesse caso, a tradução óbvia seria o mesmo
utram vellet, referret Romam, utram- Ápio Cláudio, como de fato ocorre em algu-
que sustulit et ait, Carthaginienses pe- mas traduções. Acontece, todavia, que segun-
do o mesmo texto, esse Ápio Cláudio “descen-
tere debere, utram mallent accipere.
deria dele”, isto é, do Ápio Cláudio anterior
(“qui videtur ab hoc processisse”). Tratar-se-ia
de outro Ápio Cláudio e não do mesmo até
então citado. Charles Henry Monro traduz
por “o mesmo”, mas omite o texto “qui vide-
tur ab hoc processisse”, enquanto a tradução
espanhola do texto crítico de Kriegel, Her-
mann y Osenbrüggen, op. cit., traz “idem”
por “também”. Nesse caso, teria ocorrido erro
gráfico de copista, que troca “item”, também,
por “idem”, mesmo, embora Kriegel et alii não
registrem essa hipótese no texto crítico por
eles editado, mas cita apenas uma variante
de “ab hoc” por “ad hoc”, o que tornaria mais
problemática a tradução. Por isso, para man-
ter o “qui videtur ab hoc processisse”, esse Ápio
Cláudio seria um terceiro, logo “outro”.
48
Glossário, sanctum, sacrum, religiosum.
81
Livro I – Título II Digesto
§ 38. — Post hos fuit Tiberius Corun- § 38. Depois desses, vem Tibério
canius, ut dixi, qui primus profiteri Coruncânio que, como já disse, foi o
coepit; cuius tamen scriptum nullum primeiro a exercer a profissão. Dele,
extat, sed responsa complura et me- porém, não restou nenhum escrito,
morabilia eius fuerunt. Deinde Sextus mas muitos de seus memoráveis pare-
Aelius et frater eius, Publius Aelius, et ceres. Depois dele, Sexto Hélio e seu ir-
Publius Atilius maximam scientiam mão, Públio Hélio e Públio Atílio con-
in profitendo habuerunt, ut duo Aelii quistaram muito saber no exercício da
etiam Consules fuerint. Atilius autem profissão, de modo que os dois Hélios
primus a populo sapiens appellatus est. viriam a ser cônsules. Atílio, porém, foi
Sextum Aelium etiam Ennius laudavit, o primeiro a ser chamado sábio pelo
et extat illius liber, qui inscribitur Tri- povo50. Énio51 também louvou Sexto
pertita; qui liber veluti cunabula iuris Hélio, de quem resta um livro intitula-
continet. Tripertita autem dicitur, quo- do Tripertita, que dá os primeiros rudi-
niam lege duodecim tabularum prae- mentos do direito. Chama-se Tripertita
posita iungitur interpretatio, dein sub- porque à Lei das XII Tábuas acrescen-
texitur legis actio. Eiusdem esse tres alii ta-se sua interpretação e, em seguida,
libri referuntur, quos tamen quidam
negant eiusdem esse. Hos sectatus ad
aliquid est Cato. Deinde Marcus Cato, 49
Glossário, legatus.
princeps Porciae familiae, cuius et libri 50
Há uma aparente contradição com o § 37,
extant; sed plurimi filii eius, ex quibus onde foi dito que Semprônio foi chamado de
ceteri oriuntur. “sábio” pelo povo romano. Ora, se Semprônio
é anterior a Atílio, Atílio não pode ter sido o
primeiro a ser chamado de sábio pelo povo ro-
mano. A menos que tenha ocorrido a omissão
do artigo “o” grego antes do adjetivo “sofós”, “o
sábio” e não simplesmente “sofós”, sábio.
51
Ennius Quintus, um dos mais antigos poetas
romanos (239 a.C.), grego de nascimento, que
compôs a epopeia Os Anais, que contava a
história de Roma.
82
Digesto Livro I – Título II
§ 39. — Post hos fuerunt Publius Mu- § 39. A esses seguiram Públio Múcio,
cius, et Brutus, et Manilius, qui funda- como também Bruto e Manílio, que
verunt ius civile. Ex his Publius Mucius estruturaram52 o direito civil. Desses,
etiam decem libellos reliquit, Brutus Públio Múcio deixou também dez pe-
septem, Manilius tres; et extant volu- quenos tratados, Bruto, sete, e Manílio,
mina scripta, Manilii monumenta. Illi três; conservam-se ainda alguns perga-
duo consulares fuerunt, Brutus praeto- minhos de Manílio. Os dois primeiros
rius, Publius autem Mucius etiam Pon- eram da classe consular, Bruto foi pre-
tifex maximus. tor e Públio Múcio, pontífice máximo.
§ 40. — Ab his profecti sunt Publius § 40. Nessa mesma linha seguiram-se
Rutilius Rufus, qui Romae Consul et Públio Rutílio Rufo, que foi cônsul em
Asiae Proconsul fuit, Paulus Virginius, Roma e procônsul na Ásia; Paulo Vir-
et Quintus Tubero, ille Stoicus, Pansae gínio e Quinto Tuberão, estoico, discí-
auditor, qui et ipse Consul. Etiam Sex- pulo de Pansa, que também foi cônsul.
tus Pompeius, Cneii Pompeii patruus, Da mesma época são também Sexto
fuit eodem tempore, et Coelius Anti- Pompeu, tio de Cneu Pompeu, e Célio
pater, qui historias conscripsit, sed plus Antípater, autor de livros históricos,
eloquentiae, quam scientiae iuris ope- mas se dedicou mais à eloquência do
ram dedit; etiam Lucius Crassus, frater que ao saber jurídico; também Lúcio
Publii Mucii, qui Mucianus dictus est; Crasso, irmão de Públio Múcio, que foi
hunc Cicero ait iurisconsultorum di- chamado Muciano, que, na opinião de
sertissimum.
52
É comum a tradução de “fundaverunt” por
“fundaram”. Todavia, parece estranho que,
após a citação de tantos expoentes no campo
do direito, o direito civil venha a ser “funda-
do” por Públio Múcio, Bruto e Manílio. Con-
vém considerar que o verbo “fundo”, além de
“fundar”, significa “consolidar”, “sistematizar”
etc., o que permite a tradução mais congruen-
te com o contexto, isto é, “estruturaram”.
83
Livro I – Título II Digesto
§ 41. — Post hos Quintus Mucius, Pu- § 41. Em seguida, vem Quinto Múcio,
blii filius, Pontifex maximus, ius civile filho de Públio, pontífice máximo, o
primus constituit, generatim in libros primeiro a sistematizar todo o direito
decem et octo redigendo. civil por categoria, organizando-o em
dezoito livros.
§ 42. — Mucii auditores fuerunt com- § 42. Múcio teve muitos discípulos,
plures, sed praecipuae auctoritatis dentre os quais se distinguiram Aquílio
Aquilius Gallus, Balbus Lucilius, Sex- Galo, Balbo Lucílio, Sexto Papírio,
tus Papirius, Caius Iuventius; ex qui- Caio Juvêncio. Segundo Sérvio, desses
bus Gallum maximae auctoritatis apud foi Galo que gozou de maior prestígio
populum fuisse Servius dicit. Omnes entre o povo. Todos são citados por
tamen hi a Servio Sulpicio nominan- Sérvio Sulpício, embora deles não sub-
tur, alioquin per se eorum scripta non sista nenhuma obra como seria de de-
talia extant, ut ea ad omnes appetant; sejar. Mas Sérvio, ao citá-los nos livros
denique nec versantur omnino scripta que escreveu, preservou a memória de-
eorum inter manus hominum, sed Ser- les.
vius libros suos complevit; pro cuius
scriptura ipsorum quoque memoria
habetur.
84
Digesto Livro I – Título II
cilio, instructus autem maxime a Gallo sor de causas, ignorar o direito de que
Aquilio, qui fuit Cercinae. Itaque libri tratasse. Afrontado por essa reprimen-
complures eius extant Cercinae con- da, empenhou-se no estudo do direito
fecti. Hic quum in legatione periisset, civil e se tornou aluno da maioria dos
statuam ei populus Romanus pro ros- já citados jurisconsultos. Iniciou seus
tris posuit, et hodieque extat pro ros- estudos com Balbo Lucílio e se aper-
tris Augusti. Huius volumina complura feiçoou, sobretudo, com Galo Aquílio
extant; reliquit autem prope centum et que, então, residia em Cercina. Por isso
octoginta libros. é que muitos de seus livros foram escri-
tos em Cercina. Tendo perecido numa
missão de legado, o povo romano lhe
erigiu uma estátua no foro, que ainda
hoje se vê nos rostros54 de Augusto.
Dele se conservam muitos volumes que
chegam a cerca de cento e oitenta livros.
85
Livro I – Título II Digesto
§ 46. — Post hos quoque Tubero fuit, § 46. Depois deles, houve também um
qui Ofilio operam dedit; fuit autem Tuberão, patrício, discípulo de Ofílio.
patricius, et transiit a causis agendis ad De defensor de causas passou para o
ius civile, maxime postquam Quintum direito civil, principalmente depois de
Ligarium accusavit, nec obtinuit apud não ter tido sucesso na acusação de
Caium Caesarem. Is est Quintus Liga- Quinto Ligário diante de Caio César.
rius, qui quum Africae oram teneret,
infirmum Tuberonem applicare non
permisit, nec aquam haurire; quo no-
mine eum accusavit, et Cicero defen-
dit; extat eius oratio satis pulcherrima,
56
Glossário, vicesima.
86
Digesto Livro I – Título II
quae inscribitur pro Quinto Ligario. Esse Quinto Ligário57, quando gover-
Tubero doctissimus quidem habitus nador da costa da África, não permi-
est iuris publici et privati, et complu- tira que Tuberão, então doente, de-
res utriusque operis libros reliquit; sembarcasse e se abastecesse de água.
sermone etiam antiquo usus affectavit Por esse motivo, Tuberão o acusou e
scribere, et ideo parum libri eius grati Cícero o defendeu, com a bela peça
habentur. oratória intitulada Pro Quinto Ligario.
Tuberão, tido como doutíssimo em di-
reito público e privado, deixou muitas
obras em ambas as disciplinas. Todavia
seu estilo antiquado prejudica, de certa
forma, a leitura de seus livros.
§ 47. — Post hunc maximae auctorita- § 47. Depois dele, gozaram de muita
tis fuerunt Ateius Capito, qui Ofilium autoridade Ateu Capitão, da escola de
secutus est, et Antistius Labeo, qui om- Ofílio, e Antístio Labeão que aprendeu
nes hos audivit; institutus est autem a com todos esses, embora tivesse sido
Trebatio. Ex his Ateius Consul fuit; La- iniciado por Trebácio. Deles, Ateu foi
beo noluit, quum offerretur ei ab Au- cônsul, mas Labeão declinou da digni-
gusto consulatus, quo suffectus fieret, dade do consulado que lhe fora ofere-
et honorem suscipere; sed plurimum cido por Augusto em substituição de
studiis operam dedit, et totum annum outro cônsul; dedicou-se, porém, mais
ita diviserat, ut Romae sex mensibus ainda aos estudos, e dividiu o ano de
cum studiosis esset, sex mensibus se- tal modo que, durante seis meses, per-
cederet, et conscribendis libris operam manecia em Roma com seus discípulos
daret. Itaque reliquit quadringenta vo- e, nos outros seis meses, retirava-se e se
lumina, ex quibus plurima inter manus dedicava a escrever livros. Assim dei-
versantur. Hi duo primum veluti diver- xou quatrocentos volumes, dos quais
sas sectas fecerunt; nam Ateius Capito muitos ainda têm boa circulação. Es-
in his, quae ei tradita fuerant, perseve- ses dois jurisconsultos (Ateu Capitão e
rabat; Labeo ingenii qualitate et fiducia Antístio Labeão) foram os primeiros a
doctrinae, qui et ceteris operis sapien- formar escolas, pois Ateu Capitão, con-
tiae operam dederat, plurima innovare servador, manteve-se fiel ao que lhe ti-
instituit. Et ita Ateio Capitoni Massu- nha sido ensinado, enquanto Labeão,
rius Sabinus successit, Labeoni Nerva; pela excelência de seu talento e solidez
adhuc eas dissensiones auxerunt. Hic de sua doutrina, próprio de quem havia
etiam Nerva Caesari familiarissimus
fuit. Massurius Sabinus in equestri or-
dine fuit, et publice primus respondit, 57
Pereceria mais tarde, no segundo triunvirato,
posteaque hoc coepit beneficium dari como cúmplice do assassinato de César que o
absolvera.
87
Livro I – Título II Digesto
a Tiberio Caesare; hoc tamen illi con- estudado os demais ramos do saber, co-
cessum erat. Et ut obiter sciamus, ante meçou a introduzir inovações. E, assim,
tempora Augusti publice respondendi Massúrio Sabino sucedeu a Ateu Capi-
ius non a Principibus dabatur, sed qui tão, e Nerva a Labeão. E aumentaram
fiduciam studiorum suorum habebant, ainda mais as controvérsias. Nerva era
consulentibus respondebant. Neque também muito íntimo de César. Mas-
responsa utique signata dabant, sed súrio Sabino pertencia à ordem eques-
plerumque iudicibus ipsi scribebant, tre e foi o primeiro a emitir pareceres
aut testabantur, qui illos consulebant. oficiais. Depois essa função começou a
Primus Divus Augustus, ut maior iuris ser concedida por Tibério César. Mas
auctoritas haberetur, constituit, ut ex esse benefício já lhe tinha sido dado. E,
auctoritate eius responderent. Et ex illo a propósito, é bom saber que, antes da
tempore peti hoc pro beneficio coepit; época de Augusto, não era concedido
et ideo optimus Princeps Hadrianus, pelos príncipes o direito de emitir pa-
quum ab eo viri praetorii peterent, ut receres oficiais, mas aqueles que tinham
sibi liceret respondere, rescripsit iis: hoc confiança em seu saber atendiam a
non peti, sed praestari solere; et ideo, si quem os consultasse. Também não emi-
quis fiduciam sui haberet, delectari, si tiam pareceres assinados, mas em geral
populo respondendum se praepararet. eles próprios escreviam aos juízes ou
Ergo Sabino concessum est a Tiberio instruíam aqueles que os consultavam.
Caesare, ut populo responderet; qui O divino Augusto foi o primeiro que,
in equestri ordine iam grandis natu et para ressaltar a importância do direito,
fere annorum quinquaginta receptus determinou que esses pareceres fossem
est; huic nec amplae facultates fuerunt, emitidos com sua chancela. E, desde
sed plurimum a suis auditoribus sus- então, essa autorização passou a ser re-
tentatus est. Huic successit Caius Cas- querida como um benefício. E, por isso,
sius Longinus, natus ex filia Tuberonis, quando ex-pretores pediram que lhes
quae fuit neptis Servii Sulpicii; et ideo fosse permitido dar consultas, o emi-
proavum suum Servium Sulpicium nente príncipe Adriano lhes respondeu,
appellat. Hic Consul fuit cum Quarti- por rescrito, que isso não costuma ser
no temporibus Tiberii, sed plurimum requerido, mas concedido. Por conse-
in civitate auctoritatis habuit eousque, guinte, ficaria muito feliz se aqueles que
donec eum Caesar civitate pelleret; ex- têm consciência de sua competência se
pulsus ab eo in Sardiniam, revocatus a preparassem para atender ao povo. Foi
Vespasiano diem suum obiit. Nervae assim que Tibério César concedeu a
successit Proculus. Fuit eodem tempo- Sabino atender ao povo. E já avançado
re et Nerva filius. Fuit et alius Longinus em idade, com quase cinquenta anos,
ex equestri quidem ordine, qui postea Sabino foi recebido entre os equestres.
ad Praeturam usque pervenit. Sed Pro- Não abastado, era em grande parte
culi auctoritas maior fuit, nam etiam mantido por seus discípulos. Foi suce-
88
Digesto Livro I – Títulos II e III
plurimum potuit, appellatique sunt dido por Caio Cássio Longino, nascido
partim Cassiani, partim Proculiani; de uma filha de Tuberão que era neta
quae origo a Capitone et Labeone coe- de Sérvio Sulpício, a quem Caio Cássio
perat. Cassio Caelius Sabinus successit, chama, por isso, de bisavô. Foi cônsul
qui plurimum temporibus Vespasiani com Quartino no tempo de Tibério, mas
potuit; Proculo Pegasus, qui tempo- teve muita autoridade na cidade até ser
ribus Vespasiani Praefectus Urbi fuit; expulso pelo príncipe; desterrado para a
Caelio Sabino Priscus Iavolenus; Pe- Sardenha, morreu após a revogação do
gaso Celsus; patri Celso Celsus filius et desterro por Vespasiano. Próculo suce-
Priscus Neratius, qui utrique Consules deu a Nerva. Houve, na mesma época,
fuerunt, Celsus quidem et iterum; Ia- também um Nerva Filho, como tam-
voleno Prisco Aburnus Valens et Tus- bém outro Longino, da ordem equestre,
cianus, item Salvius Iulianus. que depois chegou a pretor. Mas a au-
toridade de Próculo foi maior, pois teve
muito mais poder. Chamavam-se cas-
sianos os seguidores de Cássio; e os de
Prócula, proculianos. Essas escolas vêm
desde Capitão e Labeão. Célio Sabino
sucedeu a Cássio, que foi eminente au-
toridade no tempo de Vespasiano; a
Próculo sucedeu Pégaso que, na época
de Vespasiano, foi prefeito da cidade. A
Célio Sabino sucedeu Prisco Javoleno; a
Pégaso, Celso; a Celso pai, Celso filho e
Prisco Nerácio, ambos cônsules, Celso,
inclusive, duas vezes; a Prisco Javoleno
sucederam Aburno Valente, Tuciano e
Sálvio Juliano.
89
Livro I – Título III Digesto
90
Digesto Livro I – Título III
91
Livro I – Título III Digesto
10. IULIANUS libro LIX. Digesto- 10. JULIANO, Digesto, Livro LIX. —
rum. — Neque leges, neque senatus- Não há leis ou senátus-consultos que
consulta ita scribi possunt, ut omnes contemplem todos os casos que ocor-
casus, qui quandoque inciderint, com- rem eventualmente. Basta, porém, que
prehendantur, sed sufficit et ea, quae abranjam os casos que acontecem com
plerumque accidunt, contineri. frequência.
11. IDEM libro XC. Digestorum. — 11. IDEM, Digesto, Livro XC. — Con-
Et ideo de his, quae primo constituun- vém, por conseguinte, identificar com
tur, aut interpretatione, aut constitutio- maior precisão, quer por interpretação,
ne optimi Principis certius statuendum quer pela autoridade do príncipe, as
est. leis que foram promulgadas primeiro.
12. IDEM libro XV. Digestorum. — 12. IDEM, Digesto, Livro XV. —
Non possunt omnes articuli singulatim Leis e decretos do Senado não podem
aut legibus, aut senatusconsultis com- abranger todos os casos um a um; mas,
prehendi; sed quum in aliqua causa quando, em alguma causa, seu sentido
sententia eorum manifesta est, is, qui for manifesto, aquele que exerce a ju-
iurisdictioni praeest, ad similia proce- risdição deve proceder por analogia e
dere atque ita ius dicere debet. declarar o direito.
15. IULIANUS libro XXVII. Digesto- 15. JULIANO, Digesto, Livro XX-
rum. — In his, quae contra rationem VII. — Nas coisas instituídas contra
iuris constituta sunt, non possumus se- os princípios do direito não podemos
qui regulam iuris. seguir a norma do direito.
92
Digesto Livro I – Título III
16. PAULUS libro singulari de iure 16. PAULO, Direitos Especiais, Livro
singulari. — Ius singulare est, quod Único. — Diz-se direito especial lei
contra tenorem rationis propter ali- que, por alguma utilidade, é introduzi-
quam utilitatem auctoritate consti- da pela autoridade de quem a introduz,
tuentium introductum est. embora, por seus termos, contrarie o
curso normal do princípio do direito.
17. CELSUS libro XXVI. Digesto- 17. CELSO, Digesto, Livro XXVI. —
rum. — Scire leges non hoc est, verba Conhecer a lei não é apenas conhecer
earum tenere, sed vim ac potestatem. seus termos, mas seu sentido e aplica-
ção.
18. IDEM libro XXIX. Digestorum. 18. IDEM, Digesto, Livro XXIX. —
— Benignius leges interpretandae sunt, As leis devem ser interpretadas no sen-
quo voluntas earum conservetur. tido mais benigno, para que delas se
preserve o espírito.
19. IDEM libro XXXIII. Digestorum. 19. IDEM, Digesto, Livro XXXIII.
— In ambigua voce legis ea potius acci- — Quando a lei padece de obscurida-
pienda est significatio, quae vitio caret, de, convém adotar o sentido que não
praesertim quum etiam voluntas legis implique algum absurdo, sobretudo
ex hoc colligi possit. quando esse sentido permite captar
melhor o espírito da lei.
20. IULIANUS libro LV. Digestorum. 20. JULIANO, Digesto, Livro LV. — É
— Non omnium, quae a maioribus impossível saber a razão de tudo o que
constituta sunt, ratio reddi potest. foi estabelecido por nossos antepassa-
dos.
21. NERATIUS libro VI. Membrana- 21. NERÁCIO, Anotações, Livro VI.
rum. — Et ideo rationes eorum, quae — E, por isso, não convém buscar as
constituuntur, inquiri non oportet; razões do que foi estabelecido, pois,
alioquin multa ex his, quae certa sunt, caso contrário, se subverteriam muitas
subvertuntur. coisas que estão certas.
93
Livro I – Título III Digesto
24. CELSUS libro IX. Digestorum. 24. CELSO, Digesto, Livro IX. — Não
— Incivile est, nisi tota lege perspecta, é correto julgar ou interpretar uma pe-
una aliqua particula eius proposita iu- quena parte da lei antes de se inteirar
dicare, vel respondere. do teor da lei.
26. PAULUS libro IV. Quaestionum. 26. PAULO, Questões, Livro IV. —
— Non est novum, ut priores leges ad Não é novidade leis anteriores serem
posteriores trahantur. aplicadas na interpretação de leis poste-
riores.
28. PAULUS libro V. ad Legem Iu- 28. PAULO, Comentários à Lei Jú-
liam et Papiam. — Sed et posteriores lia e Pápia, Livro V. — Por outro lado,
leges ad priores pertinent, nisi contra- leis mais recentes, desde que não sejam
riae sint; idque multis argumentis pro- contrárias, se prestam para a interpre-
batur. tação de leis anteriores. Isso pode ser
demonstrado com muitos exemplos.
29. IDEM libro singulari ad Legem 29. IDEM, Comentários sobre a Lei
Cinciam. — Contra legem facit, qui Cíncia, Livro Único. — Transgride a lei
id facit, quod lex prohibet; in fraudem quem faz o que a lei proíbe, e frauda a
94
Digesto Livro I – Título III
vero, qui salvis verbis legis sententiam lei quem mantém os termos da lei, mas
eius circumvenit. distorce seu sentido.
31. IDEM libro XIII. ad Legem Iu- 31. IDEM, Comentários à Lei Júlia
liam et Papiam. — Princeps legibus e Pápia, Livro XIII. — O príncipe não
solutus est; Augusta autem licet legibus está sujeito às leis; à esposa, embora su-
soluta non est, Principes tamen eadem jeita às leis, os príncipes concedem os
illi privilegia tribuunt, quae ipsi ha- mesmos privilégios que a eles são con-
bent. feridos.
32. IULIANUS libro XCIV. Digesto- 32. JULIANO, Digesto, Livro XCIV.
rum. — De quibus causis scriptis legi- — Nos casos em que não se faz uso da
bus non utimur, id custodiri oportet, lei escrita, convém observar o que tem
quod moribus et consuetudine induc- sido adotado pelo uso e pelo costume;
tum est; et si qua in re hoc deficeret, mas, se, em algum caso, isso não for su-
tunc quod proximum et consequens ei ficiente, recorra-se ao que for análogo
est; si nec id quidem appareat, tunc ius, e consequente, e se ainda assim não sa-
quo urbs Roma utitur, servari oportet. tisfizer, observe-se o direito usado em
Roma.
95
Livro I – Título III Digesto
sed etiam tacito consensu omnium per mas também pelo tácito consenso do
desuetudinem abrogentur. povo.
34. IDEM libro IV. de officio Procon- 34. IDEM, Da função de Procônsul59,
sulis. — Quum de consuetudine civita- Livro IV. — Quando se toma por fun-
tis vel provinciae confidere quis videtur, damento o costume de uma cidade ou
primum quidem illud explorandum ar- província, convém, a meu ver, se inves-
bitror, an etiam contradicto aliquando tigar se alguma vez esse costume foi
iudicio consuetudo firmata sit. confirmado em juízo contraditório.
59
Glossário, cônsul.
96
Digesto Livro I – Títulos III e IV
39. CELSUS libro XXIII. Digestorum. 39. CELSO, Digesto, Livro XXIII.
— Quod non ratione introductum, sed — O que foi estabelecido contra prin-
errore primum, deinde consuetudine cípios do direito, primeiro, por erro,
obtentum est, in aliis similibus non ob- depois pelo costume, não deve ser apli-
tinet. cado a casos semelhantes.
TITULUS IV TÍTULO IV
DE CONSTITUTIONIBUS DAS CONSTITUIÇÕES DO
PRINCIPUM PRÍNCIPE
97
Livro I – Título IV Digesto
60
Glossário, imperium e potestas.
61
Glossário, leges.
98
Digesto Livro I – Título V
TITULUS V TÍTULO V
DE STATU HOMINUM DA CONDIÇÃO DA PESSOA62
62
Glossário, pessoa.
63
Glossário, edito.
64
Glossário, escravidão.
99
Livro I – Título V Digesto
§ 2. — Ingenui sunt, qui ex matre li- § 2. São livres os que nascem de mãe li-
bera nati sunt; sufficit enim liberam vre; basta que ela seja livre no momen-
fuisse eo tempore, quo nascitur, licet to do parto, mesmo que tenha concebi-
ancilla concepit; et e contrario si libera do escrava. Mas, pelo contrário, se livre
conceperit, deinde ancilla pariat, pla- concebeu e, depois, escrava, dá à luz,
cuit eum, qui nascitur, liberum nasci. o filho nasce livre. Não importa que o
Nec interest, iustis nuptiis concepit, an tenha concebido legítima ou ilegitima-
vulgo, quia non debet calamitas matris mente, pois a desventura da mãe não
nocere ei, qui in ventre est. deve prejudicar o filho ainda no ventre.
100
Digesto Livro I – Título V
11. PAULUS libro XVIII. Responso- 11. PAULO, Respostas, Livro XVIII.
rum. — Paulus respondit, eum, qui — Paulo respondeu que aquele que
vivente patre et ignorante de coniun- foi concebido por uma jovem cujo pai,
ctione filiae conceptus est, licet post ainda vivo, ignorara sua gravidez, mes-
mortem avi natus sit, iustum filium ei, mo tendo nascido depois da morte do
ex quo conceptus est, esse non videri. avô, não parece ser filho legítimo da-
quele de quem foi concebido.
12. IDEM libro XIX. Responsorum. 12. IDEM, Respostas, Livro XIX. —
— Septimo mense nasci perfectum Tendo em vista ser aceito, com base na
101
Livro I – Título V Digesto
14. PAULUS libro IV. Sententiarum. 14. PAULO, Sentenças, Livro IV. —
— Non sunt liberi, qui contra formam Os gerados sem a habitual forma hu-
humani generis converso more pro- mana não são tidos como filhos como
creantur, veluti si mulier monstrosum é o caso de monstrengo ou de algo
aliquid, aut prodigiosum enixa sit. prodigioso65 que uma mulher dá à
Partus autem, qui membrorum huma- luz. O parto, porém, de quem possui
norum officia ampliavit, aliquatenus membros humanos apenas disformes
videtur effectus; et ideo inter liberos parece, até certo ponto, perfeito e, por
connumerabitur. conseguinte, quem dele nasce é conta-
do entre os filhos.
102
Digesto Livro I – Título V
16. ULPIANUS libro VI. Disputatio- 16. ULPIANO, Disputas, Livro VI.
num. — Idem erit, si eadem Arescusa — O mesmo aconteceria se Arescu-
primo duo pepererat, postea geminos sa primeiro desse à luz dois filhos e,
ediderat; dicendum est enim, non pos- posteriormente, outros dois em parto
se dici utrumque ingenuum nasci, sed duplo. Nesse caso, não se poderia dizer
eum, qui posterior nascitur. Quaestio que os dois últimos nasceram livres,
ergo facti potius est, non iuris. mas aquele que nasceu por último. A
questão, portanto, é mais de fato que de
direito.
17. IDEM libro XXII. ad Edictum. 17. IDEM, Comentários ao Edito, Li-
— In orbe Romano qui sunt, ex Cons- vro XXII. — Os habitantes do mundo
titutione Imperatoris Antonini cives romano tornaram-se cidadãos roma-
Romani effecti sunt. nos por decisão do imperador Antoni-
no.
18. IDEM libro XXVII. ad Sabi- 18. IDEM, Comentários sobre Sabino,
num. — Imperator Hadrianus Publi- Livro XXVII. — O imperador Adriano,
cio Marcello rescripsit, liberam, quae em rescrito a Publício Marcelo, respon-
praegnans ultimo supplicio damnata deu que o filho de uma mulher livre e
est, liberum parere; et solitum esse ser- grávida condenada à morte nasce livre,
103
Livro I – Título V Digesto
vari eam, dum partum ederet. Sed si ei, e é costume preservá-la até que dê à
quae ex iustis nuptiis concepit, aqua et luz. Mas se for condenada ao desterro66
igni interdictum est, civem Romanum e tiver concebido de matrimônio legíti-
parit, et in potestate patris. mo, o filho nasce cidadão romano, mas
sob a guarda do pai.
19. CELSUS libro XXIX. Digestorum. 19. CELSO, Digesto, Livro XXIX. —
— Quum legitimae nuptiae factae sint, Os filhos nascidos de núpcias legítimas
patrem liberi sequuntur; vulgo quaesi- seguem o pai; os concebidos ilegitima-
tus matrem sequitur. mente seguem a mãe.
21. MODESTINUS libro VII. Regu- 21. MODESTINO, Regras, Livro VII.
larum. — Homo liber, qui se vendidit, — Um homem livre que se vendeu,
manumissus non ad suum statum re- uma vez alforriado, não volta à con-
vertitur, quo se abdicavit, sed efficitur dição da qual abdicou, mas assume a
libertinae conditionis. condição de liberto.
22. IDEM libro XII. . — Herenius Mo- 22. IDEM, Respostas, Livro XII. —
destinus respondit: si eo tempore enixa Herênio Modestino respondeu: “Nasce
est ancilla, quo secundum legem dona- livre filho de escrava que o deu à luz no
tionis manumissa esse debuit, quum ex momento em que, segundo cláusula da
Constitutione libera fuerit, ingenuum doação, devia estar alforriada, uma vez
ex ea natum. que, por decisão imperial, teria ficado
livre.”
66
Em realidade, o desterro era a consequência
da pena de privação da água e do fogo (aqua
et igni interdictio). A pessoa a quem se proibia
fazer uso desses dois elementos essenciais à
vida, para sobreviver, tinha de ser desterrada
ou desterrar-se.
104
Digesto Livro I – Título V
25. IDEM libro I. ad Legem Iuliam et 25. IDEM, Comentários à Lei Júlia
Papiam. — Ingenuum accipere debe- e Pápia, Livro I. — Devemos ter tam-
mus etiam eum, de quo sententia lata bém como nascido livre quem como tal
est, quamvis fuerit libertinus; quia res for declarado por sentença, embora, na
iudicata pro veritate accipitur. realidade, tenha sido liberto, pois a coi-
sa julgada é tida como verdade.
26. IULIANUS libro LXIX. Diges- 26. JULIANO, Digesto, Livro LXIX.
torum. — Qui in utero sunt, in toto — Aqueles que estão no útero são
paene iure civili intelliguntur in rerum considerados, em quase todo o direito
natura esse. Nam et legitimae heredi- civil, como já nascidos, pois heranças
tates his restituuntur, et si praegnans legítimas já lhes são devidas, e se uma
mulier ab hostibus capta sit, id quod mulher grávida é feita prisioneira por
natum erit, postliminium habet, item inimigos, o filho que dela nascer tem
patris vel matris conditionem sequitur. direito ao poslimínio67, seguindo sua
Praeterea si ancilla praegnans surrepta condição a do pai ou da mãe. E, se
fuerit, quamvis apud bonae fidei em- uma escrava grávida é capturada, mes-
torem pepererit, id quod natum erit, mo que venha a dar à luz na posse de
tamquam furtivum usu non capitur. um comprador de boa-fé, o filho dela
His consequens est, ut libertus quoque, nascido será considerado como coisa
quamdiu patroni filius nasci possit, eo roubada e, por conseguinte, sua posse
iure sit, quo sunt, qui patronos habent. não pode ser obtida por usucapião. Se-
gue daí que também o liberto, mesmo
67
Glossário, poslimínio.
105
Livro I – Títulos V e VI Digesto
TITULUS VI TÍTULO VI
DE HIS, QUI SUI VEL ALIENI DAQUELES QUE SÃO DE DIREITO
IURIS SUNT PRÓPRIO OU ALHEIO
§ 1. — Igitur in potestate sunt servi do- § 1. Ora, o escravo está sob o poder
minorum. Quae quidem potestas iuris do senhor. Na verdade, esse poder é do
gentium est; nam apud omnes perae- direito das gentes, pois em todos os po-
que gentes animadvertere possumus, vos podemos observar que os senhores
domini in servos vitae necisque potes- tinham poder de vida e de morte sobre
tatem fuisse; et quodcunque per ser- seus escravos, e tudo o que se adquire
vum acquiritur, id domino acquiritur. por meio do escravo é propriedade do
senhor.
§ 2. — Sed hoc tempore nullis homini- § 2. Hoje, porém, não é dado a quem
bus, qui sub imperio Romano sunt, li- vive no Império Romano o direito de
cet supra modum et sine causa legibus tratar cruelmente seus escravos além
cognita in servos suos saevire. Nam ex da medida e dos motivos admitidos
Constitutione Divi Antonini qui sine pela lei. De fato, por decisão do emi-
causa servum suum occiderit, non mi- nente imperador Antonino, quem ma-
106
Digesto Livro I – Título VI
nus puniri iubetur, quam qui alienum tar seu escravo sem justa causa será pu-
servum occiderit. Sed et maior aspe- nido com pena não inferior à de quem
ritas dominorum eiusdem Principis mata um escravo alheio. Além disso,
Constitutione coercetur. por decisão do mesmo príncipe, é tam-
bém punida a excessiva severidade dos
senhores.
107
Livro I – Título VI Digesto
68
Glossário, paterfamilias.
108
Digesto Livro I – Título VI
109
Livro I – Título VI Digesto
furorem concepti in furore editi sunt; der. Pelo que, não só terá sob seu poder
sed et si in furore agente eo uxor con- os filhos que gerou antes da loucura mas
cipiat, videndum, an in potestate eius também aqueles que, concebidos antes
nascatur filius; nam furiosus licet uxo- da loucura, foram dados à luz quando já
rem ducere non possit, retinere tamen estava louco. Mas, se a esposa concebe
matrimonium potest. Quod quum ita de marido louco, é justo perguntar-se
se habeat, in potestate filium habebit. se o filho nasce sob o poder dele. Pois,
Proinde et si furiosa sit uxor, ex ea ante embora um louco não possa casar-se,
conceptus in potestate nascetur; sed et pode, porém, manter o matrimônio. E,
in furore eius conceptus ab eo, qui non assim sendo, terá o filho sob o seu po-
furebat, sine dubio in potestate nasce- der. Por conseguinte, do mesmo modo,
tur, quia retinetur matrimonium. Sed se a louca for a esposa, o concebido por
et si ambo in furore agant, et uxor et ela antes da loucura nascerá sob o pá-
maritus, et tunc concipiat, partus in trio poder; mas, se, louca, concebeu do
potestate patris nascetur, quasi volun- marido que não estava louco, o filho,
tatis reliquiis in furiosis manentibus; sem dúvida, nascerá sob o pátrio poder,
nam quum consistat matrimonium al- porque mantido o matrimônio. Mas, se
tero furente, consistet et utroque. ambos, marido e esposa, agem no es-
tado de loucura, e ela concebe, o filho
nascerá sob o poder do pai, como se nos
loucos remanescessem resquícios de
vontade, pois se o matrimônio se man-
tém com a loucura de um, manter-se-á
também com a loucura dos dois.
§ 1. — Adeo autem retinet ius potes- § 1. De tal modo o pai louco mantém
tatis pater furiosus, ut et acquiratur illi o direito do pátrio poder que será seu o
commodum eius, quod filius acquisivit. que o filho tiver adquirido.
110
Digesto Livro I – Títulos VI e VII
111
Livro I – Título VII Digesto
primum gradum liberorum obtineant, lho legítimo e ao que vai ser adotado
qualis est filius, filia, sive inferiorem, se consente que isso se faça. Pelo poder
qualis est nepos, neptis, pronepos, pro- do magistrado, adotamos aqueles que
neptis. estão sob o pátrio poder de pais, sejam
eles de primeiro grau, isto é, filhos e fi-
lhas, sejam de grau inferior, como ne-
tos, netas, bisnetos e bisnetas.
§ 2. — Hoc vero proprium est eius § 2. Mas é próprio da adoção que se faz
adoptionis, quae per Principem fit, pela autoridade do príncipe que aque-
quod is, qui liberos in potestate habet, le que tem filhos sob seu pátrio poder
si se arrogandum dederit, non solum caso se dê em arrogação, não só ele se
ipse potestati arrogatoris subiicitur, sed submete ao poder de quem o arroga
et liberi eius in eiusdem fiunt potestate mas também seus filhos, agora na con-
tanquam nepotes. dição de netos do arrogador.
112
Digesto Livro I – Título VII
11. IDEM libro IV. ad Sabinum. — Si 11. IDEM, Comentários a Sabino, Li-
is, qui filium haberet, in nepotis locum vro IV. — Quem, tendo um filho, ado-
adoptasset, perinde atque si ex eo filio tar alguém como neto, como se nascido
natus esset, et is filius auctor factus non do filho, e esse filho não o aceitar como
esset, mortuo avo non esse nepotem in
potestate filii.
70
Glossário, agnação.
113
Livro I – Título VII Digesto
114
Digesto Livro I – Título VII
natum; facit enim hoc quasi quilibet, neto como se nascido do outro, pode-
non quasi avus, et qua ratione quasi ex rá fazê-lo, emancipando-o primeiro e
quolibet natum potest adoptare, ita po- depois o adotando como se nascido do
test et quasi ex altero filio. outro; assim procede como qualquer
um e não como avô, e pela mesma ra-
zão por que pode adotar alguém nasci-
do de qualquer um, assim pode adotá-
-lo como nascido do outro filho.
§ 3. — Item non debet quis plures ar- § 3. Do mesmo modo, ninguém deve
rogare, nisi ex iusta causa; sed nec li- fazer muitas arrogações, a não ser por
bertum alienum, nec maiorem minor. justa causa; tampouco arrogar liberto
alheio, nem uma pessoa mais jovem
arrogar uma mais velha.
115
Livro I – Título VII Digesto
116
Digesto Livro I – Título VII
18. MARCELLUS libro XXVI. Diges- 18. MARCELO, Digesto, Livro XXVI.
torum. — Non aliter enim voluntati — Não se deve atender à vontade de
eius, qui arrogare pupillum volet, si quem quer arrogar um tutelado, mes-
causam eius ob alia probabit, subscri- mo que prove sua intenção por moti-
bendum erit, quam si caverit servo pu- vos justos, se não assumir o compro-
blico, se restituturum ea, quae ex bonis misso, diante de autoridade pública, de
eius consecutus fuerit, illis, ad quos res repassar qualquer bem de seu tutelado
perventura esset, si arrogatus perman- que cair sob seu poder para pessoas
sisset in suo statu. que a ele teriam direito caso o tutelado
tivesse permanecido nessa condição.
20. MARCELLUS libro XXVI. Di- 20. MARCELO, Digesto, livro XXVI.
gestorum. — Haec autem satisdatio — Essa caução é executada se o adota-
locum habet, si impubes decessit; sed do morre impúbere. Embora se fale de
etsi de pupillo loquitur, tamen hoc et in tutelado, vale o mesmo quando se trata
pupilla observandum est. de tutelada.
21. GAIUS libro singulari Regula- 21. GAIO, Regras, Livro Único. —
rum. — Nam et feminae ex rescripto Pois mulheres também, por rescrito do
Principis arrogari possunt. príncipe, podem ser adotadas.
117
Livro I – Título VII Digesto
72
Glossário, agnação.
118
Digesto Livro I – Título VII
§ 1. — Neque adoptare, neque arroga- § 1. Quem está ausente não pode nem
re quis absens, nec per alium eiusmodi adotar nem arrogar nem se fazer re-
solennitatem peragere potest. presentar por outrem em formalidade
dessa natureza.
26. IULIANUS libro LXX. Digesto- 26. JULIANO, Digesto, Livro LXX.
rum. — Quem filius meus emancipatus — Quem meu filho emancipado tiver
adoptaverit, is nepos meus non erit. adotado não será meu neto.
27. IDEM libro LXXXV. Digestorum. 27. IDEM, Digesto, Livro LXXXV. —
— Ex adoptivo natus adoptivi locum Pelo direito civil, o filho de adotado se-
obtinet in iure civili. gue a mesma condição do pai.
119
Livro I – Título VII Digesto
34. PAULUS libro XI. Quaestio- 34. PAULO, Questões, Livro XI. —
num. — Quaesitum est, si tibi filius in Levantou-se a seguinte questão: seria
adoptionem hac lege sit datus, ut post legítimo um filho te ser dado em ado-
triennium puta eundem mihi in adop- ção à condição de, por exemplo, após
120
Digesto Livro I – Título VII
tionem des, an actio ulla sit? Et Labeo três anos, transferi-lo, em adoção, para
putat nullam esse actionem; nec enim mim? Segundo Labeão, isso é ilegíti-
moribus nostris convenit filium tem- mo, nem convém a nossos costumes a
poralem habere. figura de filho temporário.
36. IDEM libro XVIII. Responsorum. 36. IDEM, Respostas, Livro XVIII. —
— Emancipari filium a patre quocun- É legítimo um pai poder emancipar um
que loco posse constat, ut exeat de pa- filho em qualquer lugar, para liberá-lo
tria potestate. do pátrio poder.
37. IDEM, libro II. Sententiarum. 37. IDEM, Sentenças, Livro II. — É
— Adoptare quis nepotis loco potest, possível adotar alguém como neto,
etiamsi filium non habet. mesmo que não tenha filho.
38. MARCELLUS libro XXVI. Di- 38. MARCELO, Digesto, Livro XXVI.
gestorum. — Adoptio non iure facta a — Uma adoção feita sem as devidas
Principe confirmari potest; formalidades legais pode ser confirma-
da pelo príncipe;
121
Livro I – Título VII Digesto
iudices adhibitis etiam his, qui contra- o que desejas, avaliarão os juízes, após
dicent, id est, qui laederentur confir- ouvir a parte contrária, isto é, aqueles
matione adoptionis”. que serão prejudicados pela confirma-
ção da adoção”.
41. IDEM libro II. Regularum. — Si 41. IDEM, Regras, Livro II. — Se um
pater filium, ex quo nepos illi est in po- pai tiver emancipado um filho e man-
testate, emancipaverit, et postea eum tido sob seu pátrio poder neto tido des-
adoptaverit, mortuo eo nepos in pa- se filho, que depois adotou, esse neto,
tris non revertitur potestatem. Nec is após a morte do avô, não voltará ao po-
nepos in patris revertitur potestatem, der do pai. Tampouco o neto que o avô
quem avus retinuerit filio dato in adop- manteve sob seu poder ao dar seu filho
tionem, quem denuo redadoptavit. em adoção e a quem de novo adotou.
122
Digesto Livro I – Título VII
44. PROCULUS libro VIII. Epistola- 44. PRÓCULO, Epístolas, Livro VIII.
rum. — Si is, qui nepotem ex filio ha- — Se uma pessoa tem neto de um filho
bet, in nepotis loco aliquem adoptavit, e adota alguém na qualidade de neto,
non puto, mortuo avo iura consangui- não me parece que, morto o avô, ha-
nitatis inter nepotes futura esse; sed si verá direitos de consanguinidade entre
sic adoptavit, ut etiam iure legis nepos netos. Mas, se o adotou de modo que
suus esset, quasi ex Lucio puta filio suo, também fosse seu neto nos termos da
et ex matrefamilias eius natus esset, lei, digamos, como se nascido de Lúcio,
contra puto. seu filho, e da esposa dele, então penso
o contrário.
45. PAULUS libro III. ad Legem Iu- 45. PAULO, Comentários à Lei Júlia
liam et Papiam. — Onera eius, qui in e Pápia, Livro III. — Os encargos da-
adoptionem datus est, ad patrem adop- quele que foi dado em adoção se trans-
tivum transferuntur. ferem para o pai adotivo.
73
Glossário, liberto.
123
Livro I – Título VIII Digesto
124
Digesto Livro I – Título VIII
corporale est, veluti fundus, homo, uma propriedade são físicos e aquilo
pecunia; nam ipsum ius successionis, que nos é devido por alguma obriga-
et ipsum ius utendi fruendi, et ipsum ção em geral é material, como terra, es-
ius obligationis incorporale est. Eodem cravo, dinheiro. Além disso, o próprio
numero sunt et iura praediorum urba- direito de sucessão, o próprio direito de
norum et rusticorum, quae etiam ser- usar, de fruir e o direito de obrigações é
vitutes vocantur. imaterial. Na mesma classe estão os di-
reitos de propriedade urbana e de pro-
priedade rural, que também se chamam
servidões.
125
Livro I – Título VIII Digesto
5. GAIUS libro II. Rerum quotidio- 5. GAIO, Diário, Livro II. — O uso das
narum sive aureorum. — Riparum margens é público conforme o direito
usus publicus est iure gentium, sicut das gentes, como o uso do próprio rio.
ipsius fluminis. Itaque navem ad eas Assim, é dado a qualquer um conduzir
appellere, funes ex arboribus ibi natis sua embarcação para a margem, atar
religare, retia siccare et ex mari redu- cordas em árvores ali nascidas, pôr re-
cere, onus aliquid in his reponere cui- des para secar e trazê-las do mar e nas
libet liberum est, sicuti per ipsum flu- margens depositar alguma carga, como
men navigare. Sed proprietas illorum também é livre a navegação pelo mes-
est, quorum praediis haerent; qua de mo rio. Mas a propriedade dessas mar-
causa arbores quoque in his natae eo- gens é daqueles cujas construções estão
rundem sunt. contíguas, razão pela qual são também
deles as árvores ali nascidas.
126
Digesto Livro I – Título VIII
§ 3. — Sacrae autem res sunt hae, quae § 3. Coisas sagradas são coisas públi-
publice consecratae sunt, non private; cas e não particularmente dedicadas;
si quis ergo privatim sibi sacrum cons- se alguém, portanto, constituir algo sa-
tituerit, sacrum non est, sed profanum. grado para si próprio, isso não é sagra-
Semel autem aede sacra facta, etiam di- do, mas profano. Mas, uma vez sagrado
ruto aedificio locus sacer manet. um edifício, mesmo se demolido, o lo-
cal permanece sagrado.
76
Glossário, Dois Irmãos.
77
Glossário, sanctum, sacrum, religiosum.
127
Livro I – Título VIII Digesto
§ 2. — Illud notandum est, aliud esse § 2. É bom saber que local sagrado e
sacrum locum, aliud sacrarium; sacer sacrário são coisas distintas. Local sa-
locus est locus consecratus; sacrarium grado é um local consagrado; sacrário
est locus, in quo sacra reponuntur, é o local onde se guardam coisas sagra-
quod etiam in aedificio privato esse das, que pode, inclusive, estar em edi-
potest; et solent, qui liberare eum lo- fício particular, e quem quer destituir
cum religione volunt, sacra inde evo-
care.
78
Glossário, Dois Irmãos.
128
Digesto Livro I – Título VIII
§ 5. — Res sacra non recipit aestima- § 5. Coisa sagrada não tem preço.
tionem.
129
Livro I – Título IX Digesto
TITULUS IX TÍTULO IX
DE SENATORIBUS DOS SENADORES
79
Os romanos tinham em muito apreço a ascen-
dência das pessoas cujos títulos geravam o que
se poderia chamar de hierarquia social cons-
tituída por classes. Havia assim as classes se-
natórias, consulares, pretórias constituídas de
descendentes de detentores dessas dignidades.
130
Digesto Livro I – Título IX
80
Não há contradição com o item 6 supra. Ali se
trata de filho adotivo e nesse item 7 não se fala
de adoção, daí se pressupor tratar-se de filho
natural.
131
Livro I – Título IX Digesto
132
Digesto Livro I – Título IX
fuerint copulatae. Tamdiu igitur cla- com plebeu81. Assim, a mulher será,
rissima femina erit, quamdiu Senatori portanto, honorável enquanto estiver
nupta est, vel clarissimo, aut separata casada com senador ou com varão ilus-
ab eo alii inferioris dignitatis non nup- tre ou, se dele separada, não se casar
sit. com alguém de dignidade inferior.
133
Livro I – Títulos IX e X Digesto
12. ULPIANUS libro II. de Censibus. 12. ULPIANO, Dos censos, Livro II.
— Nuptae prius Consulari viro impe- — Mulheres antes casadas com cida-
trare solent a Principe, quamvis perra- dão de dignidade consular costumam,
ro, ut nuptae iterum minoris dignitatis embora raramente, pedir ao príncipe,
viro nihilominus in Consulari maneant depois de contraírem novas núpcias
dignitate; ut scio Antoninum Augus- com cidadão de dignidade inferior, a
tum Iuliae Mamaeae consobrinae suae manutenção de sua dignidade anterior.
indulsisse. Conforme é de meu conhecimento,
Antonino Augusto teria atendido à sua
prima Júlia Mamea.
TITULUS X TÍTULO X
DE OFFICIO CONSULIS DA FUNÇÃO DE CÔNSUL82
134
Digesto Livro I – Títulos X e XI
ditus, collegam posse manumissionem ta. Mas, se, por algum motivo, um não
expedire, Senatus censuit. puder alforriar, impedido por doença
ou outro motivo justo, seu colega, por
decisão do Senado, pode proceder à al-
forria.
TITULUS XI TÍTULO XI
DE OFFICIO PRAEFECTI DA FUNÇÃO DE PREFEITO DE
PRAETORIO PRETÓRIO84
135
Livro I – Título XI Digesto
136
Digesto Livro I – Título XII
137
Livro I – Título XII Digesto
§ 8. — Quod autem dictum est, ut ser- § 8. O acima dito, isto é, que compete
vos de dominis querentes Praefectus ao prefeito ouvir escravos queixosos de
audiat, sic accipiemus: non accusantes seus senhores, assim entendemos: que
dominos, hoc enim nequaquam servo não processem criminalmente seus
permittendum est, nisi ex causis re- donos; isso jamais pode ser permitido,
ceptis, sed si verecunde expostulent si a não ser em casos excepcionais, mas
saevitiam, si duritiam, si famem, qua
eos premant, si obscoenitatem, in qua
eos compulerint vel compellant, apud
87
Glossário, interdito.
138
Digesto Livro I – Título XII
§ 11. — Cura carnis omnis, ut iusto § 11. Compete à Prefeitura cuidar que
pretio praebeatur, ad curam Praefectu- a carne seja oferecida por preço justo.
rae pertinet; et ideo et forum suarium Está também a seu encargo cuidar do
sub ipsius cura est; sed et ceteorum mercado de suínos. Cumpre-lhe, po-
pecorum sive armentorum, quae ad rém, supervisionar do mesmo modo
huiusmodi praebitionem spectant, ad o comércio de carne dos demais reba-
ipsius curam pertinent. nhos.
139
Livro I – Título XII Digesto
§ 14. — Divus Severus rescripsit, eos § 14. Por rescrito do imperador Severo
etiam, qui illicitum collegium coisse devem ser levados ao prefeito de Roma
dicuntur, apud Praefectum Urbi accu- acusados de se terem reunido em asso-
sandos. ciação ilícita.
140
Digesto Livro I – Título XIII
88
Glossário, questor.
141
Livro I – Títulos XIII e XIV Digesto
142
Digesto Livro I – Títulos XIV e XV
TITULUS XV TÍTULO XV
DE OFFICIO PRAEFECTI VIGILUM DA FUNÇÃO DE PREFEITO DA
GUARDA NOTURNA90
90
Glossário, prefeitos.
143
Livro I – Título XV Digesto
144
Digesto Livro I – Título XV
145
Livro I – Título XVI Digesto
92
Glossário, cônsul.
93
Glossário, legatus.
94
Referência ao imperador Caracala que parti-
lhou o governo de seu pai, Septímio Severo,
de 197 a 211. O jurista Papiniano estava entre
os milhares de partidários de Geta assassina-
dos por ordem de Caracala.
146
Digesto Livro I – Título XVI
§ 4. — Recte autem et ordine faciet, si § 4. Mas fará bem e com acerto se en-
Edictum decesssori suo miserit, signi- viar mensagem a seu antecessor, mar-
ficetque, qua die fines sit ingressurus; cando a data de sua entrada no território
plerumque enim incerta haec et inopi- da província; muitas vezes, a incerteza e
nata turbant provinciales et actus im- imprevistos perturbam os provincianos
pediunt. e impedem suas manifestações.
147
Livro I – Título XVI Digesto
148
Digesto Livro I – Título XVI
149
Livro I – Título XVI Digesto
pa,ntote, ou;te para. pa,ntwn [neque diz um velho provérbio: nem tudo, nem
omnia, neque quovis tempore, neque sempre, nem de todos, pois é descortês
ab omnibus]; nam valde inhumanum não receber de ninguém, muito vulgar
est a nemine accipere, sed passim vilis- receber de qualquer um, muita cobiça
simum est, et omnia avarissimum”. Et receber tudo”. O que é dito nos manda-
quod mandatis continetur, ne donum tos, que o procônsul ou qualquer outro
vel munus ipse Proconsul, vel qui in dignitário não aceite presente ou bene-
alio officio erit, accipiat ematve quid, fício e não compre nada a não ser para
nisi victus quotidiani causa, ad xeniola seu sustento diário, não se refere a pe-
non pertinet, sed ad ea, quae edulium quenos presentes, mas a presentes que
excedant usum. Sed nec xenia produ- vão além dessa utilidade. Além disso,
cenda sunt ad munerum qualitatem. presentes dessa natureza (xenia) não se
incluem na categoria de dádivas valio-
sas97.
150
Digesto Livro I – Título XVI
§ 1. — Ubi decretum necessarium est, § 1. O que deve ser feito por decreto,
per libellum id expedire Proconsul não poderá o procônsul fazê-lo por
151
Livro I – Título XVI Digesto
non poterit; omnia enim, quaecumque edital98, pois tudo o que requer conhe-
causae cognitionem desiderant, per li- cimento de causa não pode ser resolvi-
bellum non possunt expediri. do por edital.
152
Digesto Livro I – Título XVI
153
Livro I – Título XVI Digesto
15. LICINIUS RUFINUS libro III. Re- 15. LICÍNIO RUFINO, Regras, Livro
gularum. — Et Legati Proconsulum III. — Os legados dos procônsules po-
tutores dare possunt. dem também designar tutores.
100
Glossário, fasces.
101
Como toda cidade na antiguidade, Roma era
circundada por extensas e sólidas muralhas
que iam recuando à medida que a cidade
crescia. As expressões intra muros (dentro da
cidade) e extra muros (além das muralhas) ti-
nham as muralhas como ponto de referência.
O acesso a Roma ou a saída de Roma se fa-
ziam pelas chamadas portas que, em geral, se
abriam para estradas para diferentes regiões.
Era por essas portas que se processava rigo-
rosamente a entrada a Roma e a saída.
154
Digesto Livro I – Títulos XVII e XVIII
102
No latim esse título era mais pomposo —
praefectus augustalis — por se tratar de cargo
criado pelo imperador Augusto que nutria
especial simpatia pelo Egito, não só por se
tratar de país com longa história imperial
como por ser o celeiro do Império Romano.
155
Livro I – Título XVIII Digesto
156
Digesto Livro I – Título XVIII
157
Livro I – Título XVIII Digesto
103
Os cobradores de impostos e tributos eram
remunerados por determinado percentual
sobre o valor do débito fiscal, o que propi-
ciava a ganância de alguns que se beneficia-
vam com a ilícita elevação tanto do principal
como de multas.
158
Digesto Livro I – Título XVIII
104
O termo “corrector”, que no latim clássico
significa “aquele que corrige”, “reformador”,
“censor”, é adotado no Digesto como sinô-
mino de praeses, governador, intendente,
administrador. Para “poder” (imperium), ver
Glossário, imperium e potesta.
159
Livro I – Título XVIII Digesto
12. PROCULUS libro IV. Epistola- 12. PRÓCULO, Epístolas, Livro IV. —
rum. — Sed licet is, qui provinciae Embora seja da competência de quem
praeest, omnium Romae magistra- governa uma província fazer as vezes
tuum vice et officio fungi debeat, non e exercer a função de todos os magis-
tamen spectandum est, quid Romae trados de Roma, não deve limitar-se ao
factum est, quam quid fieri debeat. que se faz em Roma, mas ater-se ao que
deve ser feito.
§ 1. — Furiosis, si non possint per ne- § 1. Com referência aos loucos que
cessarios contineri, eo remedio per não podem ser contidos por seus fami-
Praesidem obviam eundum est, scilicet liares, a solução a ser dada pelo gover-
ut carcere contineantur; et ita Divus nador é mantê-los isolados, pois assim
Pius rescripsit. Sane excutiendum Divi recomenda, por rescrito, o imperador
Fratres putaverunt in persona eius, qui Pio. Com sabedoria, os imperadores ir-
parricidium admiserat, utrum simu- mãos105 mandaram que se investigasse
lato furore facinus admisisset, an vero se a pessoa que cometeu crime de mor-
re vera compos mentis non esset, ut, te o teria cometido com simulação de
si simulasset, plecteretur, si fureret, in loucura ou se de fato estaria fora de si,
carcere contineretur. de modo que, se simulou, seja punido;
se agiu por loucura, seja recluso.
105
Glossário, Dois Irmãos.
160
Digesto Livro I – Título XVIII
14. MACER libro II. de Iudiciis Pu- 14. MACER, Dos Julgamentos Pú-
blicis. — Divus Marcus et Commodus blicos, Livro II. — O imperador Marco
Scapulae Tertyllo rescripserunt in haec e Cômodo assim determinaram, por
verba: “Si tibi liquido compertum est, rescrito, a Escápula Tertilo: “Se para
Aelium Priscum in eo furore esse, ut ti ficou evidente que Élio Prisco de tal
continua mentis alienatione omni in- modo enlouqueceu que, por sua con-
tellectu careat, nec subest ulla suspicio, tinuada alienação mental, carece de
matrem ab eo simulatione dementiae todo entendimento, nem resta dúvida
occisam, potes de modo poenae eius de que sua mãe foi morta por ele num
dissimulare, quum satis furore ipso acesso de loucura, podes moderar os
puniatur; et tamen diligentius cus- termos de punição, pois já está punido
todiendus erit ac, si putabis, etiam por sua própria loucura. Mas deverá
vinculo coercendus, quoniam tam ad ser mais rigorosamente custodiado e,
poenam, quam ad tutelam eius et se- se for o caso, ser mesmo acorrentado,
curitatem proximorum pertinebit. Si tanto para sua segurança como para a
vero, ut plerumque assolet, intervallis segurança de seus familiares. Mas, se,
quibusdam sensu saniore, non forte eo como muitas vezes costuma acontecer,
momento scelus admiserit — nec mor- tiver cometido o crime em algum inter-
bo eius danda est venia — diligenter valo de lucidez e não naquela situação,
explorabis; et si quid tale compereris, não se há de escusá-lo por sua doença e
consules nos, ut aestimemus an per investigarás diligentemente. Se tiveres
immanitatem facinoris, si quum pos- constatado algo dessa espécie, nos con-
set videri sentiri, commiserit, supplicio sultarás para que avaliemos se deve ser
afficiendus sit. Quum autem ex litte- condenado ao suplício pela crueldade
ris tuis cognoverimus, tali eum loco do crime, se então cometido em apa-
atque ordine esse, ut a suis vel etiam rente estado de lucidez. Mas como fi-
in propria villa custodiatur, recte fac- camos sabendo por tua carta que o cri-
turus nobis videris, si eos, a quibus illo minoso estava em determinado lugar
tempore observatus esset, vocaveris, et e situação em que era custodiado por
causam tantae negligentiae excusseris, seus familiares e em sua própria granja,
et in unumquemque eorum, prout tibi a nosso ver, farias bem se convocasses
levari vel onerari culpa eius videbitur, aquelas pessoas que, na ocasião, eram
constitueris. Nam custodes furiosis responsáveis por sua custódia e averi-
non ad hoc solum adhibentur, ne quid guasses a razão de tamanha negligência
perniciosius ipsi in se moliantur, sed ne e procederás contra cada uma delas, na
aliis quoque exitio sint; quod si com- medida de tua avaliação da gravidade
mittatur, non immerito culpae eorum ou atenuação de suas culpas. Pois não
adscribendum est, qui negligentiores se há de custodiar os loucos só para
in officio suo fuerint”. que não façam mal a si próprios mas
também para que não sejam causa de
161
Livro I – Título XVIII Digesto
16. MACER libro II. de officio Prae- 16. MACER, Da Função de Gover-
sidis. — Senatusconsulto cavetur, ut de nador, Livro I. — Decreto do Senado
his, quae provincias regentes, comites estabelece, a respeito de obrigações
aut libertini eorum, antequam in pro- contraídas por governantes de uma
vinciam venerint, contraxerunt, par- província, por seus acompanhantes e
cissime ius dicatur, ita ut actiones, quae libertos antes de partirem para a pro-
ob eam causam institutae non essent, víncia, que se faça uso parcimonioso
posteaquam quis eorum ea provincia de processos judiciais, por isso as ações
excesserit, restituantur. Si quid tamen que não puderem ter andamento te-
invito accidit, veluti si iniuriam aut fur- nham prosseguimento à medida que
tum passus est, hactenus ei ius dicen- retornem da província. Mas, se algo
dum est, ut litem contestetur, resque acontecer a algum deles, independen-
ablata exhibeatur et deponatur, aut sisti temente de sua vontade, como ser ví-
exhiberive satisdato promittatur. tima de injúria ou de furto, a questão
deve ter prosseguimento até a litiscon-
testação e a coisa furtada ser apresenta-
da e depositada ou a parte se compro-
meta, mediante caução, a comparecer
em juízo ou apresentar a coisa furtada.
17. CELSUS libro III. Digestorum. 17. CELSO, Digesto, Livro III. — Se-
— Si forte Praeses provinciae manumi- rão ratificadas ações de alforria ou de
serit, vel tutorem dederit, priusquam designação de tutor por acaso pratica-
cognoverit successorem advenisse, das por governador de província antes
erunt haec rata. de ter conhecimento da chegada de seu
sucessor.
162
Digesto Livro I – Título XVIII
163
Livro I – Títulos XVIII e XIX Digesto
totius domus eversionem pertineat, se- o escravo corrompido é dito ser admi-
verissime debet animadvertere. nistrador, ou coisa que valha, de bens
do demandante, de modo que, além de
causar o prejuízo, é responsável pela
ruína de todo o patrimônio, o governa-
dor deve puni-lo com máximo rigor.
107
Procurator, quer pelo contexto dos itens sub-
sequentes, quer por sua composição etimo-
lógica, tem mais conotação de administrador
do que de procurador na acepção moderna.
Com efeito, pro indica “no lugar de”. De fato,
o administrador age no lugar de César, mas
suas decisões devem ser precedidas da auto-
rização do imperador.
164
Digesto Livro I – Títulos XIX
165
Livro I – Títulos XX e XXI Digesto
TITULUS XX TÍTULO XX
DE OFFICIO IURIDICI DA FUNÇÃO DE JUIZ
166
Digesto Livro I – Título XXI
167
Livro I – Título XXI Digesto
168
Digesto Livro I – Título XXII
109
Glossário, assessor.
169
Livro I – Título XXII Digesto
170
Livro L
Digesto Livro L – Título I
TITULUS I TÍTULO I
AD MUNICIPALEM ET DE DA MUNICIPALIDADE E DOS
INCOLIS HABITANTES
173
Livro L – Título I Digesto
5
Delfos, habitantes da cidade de Delfos, hoje
Castri, no monte Parnaso, na Grécia, conheci-
da como a cidade dos oráculos de Apolo.
6
Pônticos, habitantes do Ponto, antigo reino nas
margens do Ponto Euxino, isto é, do mar Eu-
xino (latim, pontus, i, oceano), hoje mar Negro
(Turquia).
7
Glossário, filiação.
8
Glossário, decurião.
174
Digesto Livro L – Título I
§ 6. — Is, qui ultra commeatum abest, § 6. Quem se ausenta por mais tempo
vel ultra formam commeatui datam, ad do que o concedido por uma licença
munera vocari potest. ou se afasta dos termos em que foi con-
9
Glossário, política administrativa romana.
10
Glossário, impostos.
175
Livro L – Título I Digesto
11
Glossário, cargos e funções.
12
Filho de família — filiusfamiliae — é o filho,
de qualquer idade, que permanece sob o pá-
trio poder. Glossário, paterfamilias.
13
Glossário, domicílio.
176
Digesto Livro L – Título I
14
Chama-se “patrono” o ex-senhor do escravo
por ele alforriado. Liberto é o escravo alfor-
riado.
15
Glossário, Dois irmãos.
16
Glossário, annona.
177
Livro L – Título I Digesto
§ 1. — Quodsi forte is, qui periculo § 1. Mas se, por acaso, é solvente aque-
suo nominavit magistratum, solvendo le que, por sua conta e risco, nomeou
sit, utrum in eum prius actio reddi, um magistrado, deve a ação ser movi-
quasi fideiussorem debeat, an vero da primeiro contra ele, como se fiador
non alias, quam si res a collega servari fosse, ou contra o colega que não pôde
non potuerit? Sed placuit fideiussoris preservar o bem? Achou-se por bem
exemplo priorem conveniendum, qui que, a exemplo do fiador, seja citado
nominavit, quoniam collega quidem primeiro aquele que nomeou, em razão
negligentiae ac poenae causa, qui vero da fiança, enquanto o nomeado o será
nominavit, fidei ratione convenitur; por sua negligência, com vista à puni-
ção;
178
Digesto Livro L – Título I
13. IDEM libro II. Quaestionum. — 13. IDEM, Questões, Livro II. — Que
Quid ergo, si alter ex magistratibus acontece se um dos magistrados se au-
toto anno abfuerit, aut forte praesens sentar por todo o ano ou, se presente,
per contumaciam, sive ignaviam, vel por desídia, por indolência ou por mo-
aegram valetudinem reipublicae nego- tivo de saúde, não administrar os ne-
tia non gesserit, et omnia collega solus gócios públicos, e o colega tiver gerido
administraverit, nec tamen tota res ab tudo, e não se puder exigir dele tudo
eo servari possit? Talis ordo dabitur, ut quanto deve? Será observada a seguinte
imprimis, qui reipublicae negotia ges- ordem: primeiramente, sejam citados
sit, et qui pro eo caverunt, in solidum solidariamente aqueles que geriram os
conveniantur, mox peractis omnibus negócios públicos e os que ofereceram
periculum agnoscat, qui non idoneum caução; depois de todos citados judi-
nominavit, postremo alter ex magistra- cialmente, reconheça sua responsabili-
tibus, qui reipublicae negotiis se non dade aquele que nomeou pessoa inidô-
immiscuit. Nec iuste, qui nominavit, nea e, por último, o outro magistrado
universi periculum recusavit, quum que deixou de administrar os negócios
scire deberet, eum, qui nominaretur, públicos. Quem fez a nomeação não
individuum officium et commune pe- tem razão de se recusar a reconhecer
riculum suscepturum; nam et quum sua responsabilidade por tudo, pois de-
duo gesserunt, et ab altero servari, verá saber que aquele que é nomeado
quod debetur, non potest, qui collegam assume função indivisível e responsa-
nominavit, in universo convenitur. bilidade comum; é o caso também de
17
“Actio utilis: que é sempre pretoriana, nada
mais é do que uma actio directa (seja in ius,
seja in factum) que o magistrado, por exten-
são (utilitatis causa), aplica a hipóteses que
não são protegidas, sem essa extensão, pela
actio directa. Assim, as ações fictícias ou as
com transposição de sujeito são actiones uti-
les” (MOREIRA ALVES, José Carlos, Direito
Romano, Rio de Janeiro, 2007, Editora Foren-
se, 14. ed., revista, corrigida e aumentada, p.
243). Esta tradução optou pela variante cons-
tante da nota 5 de pé de página do texto ori-
ginal adotado, na qual nominati é substituído
por qui nominavit.
179
Livro L – Título I Digesto
14. IDEM libro XV. Quaestionum. 14. IDEM, Questões, Livro XV. — Su-
— Municipes intelliguntur scire, quod põe-se que os munícipes saibam tan-
sciant hi, quibus summa reipublicae to o que é do interesse público como
commissa est. aqueles a quem foi confiado o zelo da
coisa pública.
§ 1. — In eum, qui sucessorem suo pe- § 1. Não convém processar quem, sob
riculo nominavit, si finito magistratu sua responsabilidade, nomeou um su-
successor idoneus fuit, actionem dari cessor, se, encerrada a magistratura,
non oportet. esse sucessor era idôneo.
180
Digesto Livro L – Título I
interdictae rei minister de suis bonis é obrigado a pagar em dobro com seus
cogitur solvere. próprios bens.
§ 2. — Filium pater decurionem esse § 2. Um pai quis que seu filho fosse de-
voluit; ante filium ex persona sua res- curião, mas o poder público deve acio-
publica debet convenire, quam patrem nar primeiro a pessoa do filho, e não
ex persona filii; nec ad rem pertinebit, o pai em razão do filho; e pouco im-
an filius castrense peculium tantum porta se o filho possui apenas pecúlio
possideat, quum ante militasset, vel castrense, por ter sido militar antes ou
postea. depois.
18
Glossário, adoção e abrogação.
19
Glossário, cargos e funções.
181
Livro L – Título I Digesto
§ 4. — Sed eodem tempore non sunt § 4. Mas uma só pessoa não pode exer-
honores in duabus civitatibus ab eo- cer cargos, ao mesmo tempo, em duas
dem gerendi; quum simul igitur utru- cidades. Quando esses cargos são con-
bique deferuntur, potior est originis feridos simultaneamente, adote-se de
causa. preferência o critério de origem.
20
Glossário, alforria ou manumissão.
182
Digesto Livro L – Título I
§ 10. — Error eius, qui, se municipem § 10. Quem, por engano, julgando-se
aut colonum existimans, munera civi- munícipe ou colono, assume o compro-
lia suscepturum promisit, defensionem misso de exercer funções públicas não
iuris non excludit. fica privado do direito de se defender.
§ 11. — Patris domicilium filium alio- § 11. O domicílio do pai não obriga o
rum incolam civilibus muneribus alie- filho alhures domiciliado a funções
nae civitatis non adstringit, quum in públicas de cidade que lhe é estranha,
patris quoque persona domicilii ratio uma vez que o motivo de domicílio
temporaria sit. pela pessoa do pai é apenas temporá-
rio.
§ 13. — Sola domus possessio, quae in § 13. A simples posse de uma casa
aliena civitate comparatur, domicilium comprada em outra cidade não faz do-
non facit. micílio.
§ 15. — Fideiussores, qui salvam rem- § 15. Fiadores que assumiram o com-
publicam fore responderunt, et qui promisso de salvaguardar o patrimô-
magistratus suo periculo nominant, nio público e quem nomeia magistra-
poenalibus actionibus non adstringun- dos sob sua própria responsabilidade
tur, in quas inciderunt hi, pro quibus não estão sujeitos a ações penais em
intervenerunt; eos enim damnum rei- que incidiram aqueles de que se fize-
publicae praestare satis est, quod pro- ram fiadores, bastando-lhes ressarcir
mitti videtur. ao erário o dano sofrido, o que parece
terem prometido.
183
Livro L – Título I Digesto
invitis, non etiam volentibus concessa, a quem não os quer, tampouco a quem
dum ne quis continuet honorem. quer, para não se alongarem no cargo.
20. PAULUS libro XXIV. Quaestio- 20. PAULO, Questões, Livro XXIV.
num. — Domicilium re et facto trans- — O domicílio transfere-se efetiva e
fertur, non nuda contestatione; sicut concretamente, e não por simples de-
in his exigitur, qui negant se posse ad claração, como se exige daqueles que se
munera, ut incolas, vocari. declaram impedidos de serem convo-
cados para funções públicas em razão
de sua condição de habitante21.
21
O incola (habitante) não é necessariamente
munícipe, cuja definição está no § 2º do art.
1 deste Título (Glossário, política adminis-
trativa romana).
22
Glossário, annona.
184
Digesto Livro L – Título I
§ 1. — Paulus respondit, eos, qui pro § 1. Paulo respondeu que quem é de-
aliis non ex contractu, sed ex officio, nunciado em lugar de outros, não por
quod administraverint, conveniuntur, força de contrato, mas em virtude de
in damnum sortis substitui solere, non função exercida, costuma ser respon-
etiam in usuras. sabilizado pela perda do capital, e não
pelos juros.
185
Livro L – Título I Digesto
ea, quae mandari possunt, voluntatem mas pareces ter anuído com relação a
dedisse videaris”. coisas que podem ser delegadas’.”
23
Para Ulpiano, citando Marcelo, o desterrado
pode ter domicílio no lugar de onde foi des-
terrado (Tit. I, 27, § 3).
186
Digesto Livro L – Título I
24. SCAEVOLA libro II. Digestorum. 24. CÉVOLA, Digesto, Livro II. —
— Constitutionibus Principum conti- Está dito em constituições imperiais
netur, ut pecuniae, quae ex detrimento que não se cobrem juros de valor pago
solvitur, usurae non praestentur; et ita por prejuízo. Assim se expressaram em
Imperatores Antoninus et Verus Au- rescrito os augustos imperadores An-
187
Livro L – Título I Digesto
gusti rescripserunt his verbis: “Huma- tonino e Vero: “É humano não se co-
num est, reliquorum usuras neque ab brarem juros sobre dívida atrasada por
ipso, qui ex administratione honoris prejuízo, nem do administrador públi-
reliquatus est, neque a fideiussore eius, co insolvente, nem de seu fiador e mui-
et multo minus a magistratibus, qui to menos dos magistrados que tiverem
cautionem acceperint, exigi; cui con- recebido a caução; por conseguinte, é
sequens est, ut ne in futurum a forma recomendável que ninguém se afaste,
observata discedatur”. no futuro, da forma observada”.
24
Glossário, alforriado e manumissão.
188
Digesto Livro L – Título I
§ 1. — Si quis negotia sua non in co- § 1. Se alguém tem seus negócios não
lonia, sed in municipio semper agit, in numa colônia, mas sempre atua num
illo vendit, emit, contrahit, eo in foro, município, nele vendendo, compran-
balneo, spectaculis utitur, ibi festos dies do, fazendo contratos, e utiliza-se de
celebrat, omnibus denique municipii seu foro, de seus banhos e assiste a seus
commodis, nullis coloniarum, fruitur, espetáculos, celebra os dias festivos,
ibi magis habere domicilium, quam ubi enfim, frui de todos os seus benefícios
colendi causa deversatur. e de nenhum da colônia, ali tem mais
domicílio do que onde mora como
proprietário rural.
25
O § 3 do art. 22 deste Título admite o contrá-
rio.
189
Livro L – Título I Digesto
33. IDEM libro singulari de Manu- 33. IDEM, Livro Único sobre Alfor-
missionibus. — Roma communis nos- rias. — Roma é a nossa pátria comum.
tra patria est.
34. IDEM libro III. Regularum. — 34. IDEM, Regras, Livro III. — Habi-
Incola iam muneribus publicis desti- tante já designado para funções públi-
natus, nisi perfecto munere, incolatui cas não pode renunciar à condição de
renuntiare non potest. habitante antes de encerrado o exercí-
cio da função.
190
Digesto Livro L – Título I
191
Livro L – Título I Digesto
debito, sine ulla repromissione dis- que, se a dívida não fosse quitada, o pe-
trahatur pignus; succedentes gradu in nhor seria vendido sem nenhuma re-
locum Titii nomen et pignus probave- negociação. Os sucessores na função de
runt usque ad Maevium; ex venditio- Tício, até Mévio, aprovaram o crédito e
ne pignoris propter repromissionem o penhor. Da venda do penhor, tendo
a magistratu vendentibus factam, de em vista acordo feito pelo juiz com os
modo fundi demonstrato, satis debito vendedores, constatada a dimensão da
factum non est; quaerebatur, quis rei- propriedade, o apurado não dava para
publicae tenetur? Herennius Modes- cobrir o débito. Indagou-se quem era
tinus: Titium, quum successores eius o responsável pelo prejuízo do erário.
periculum nominis agnoverint, eo no- Resposta de Herênio Modestino: Tí-
mine obstrictum non esse respondi; cio não o era, porque seus sucessores
sed nec post magistratus, qui vendidis- haviam aprovado o risco do crédito;
se proponuntur, quum videlicet pluris tampouco os magistrados seguintes,
vendiderunt propter mensurae agri que dizem ter determinado a venda do
demonstrationem, et hoc, qua pluris penhor, pois, na verdade, venderam
vendiderunt, restituere minore modo por preço superior tendo em vista a de-
deprehenso iussi sunt; eum igitur, qui clarada dimensão do campo e, porque
novissimus nomen probavit, indem- venderam por mais, foram ordenados a
nitati reipublicae satisfacere debere, devolver o que foi cobrado a mais, após
si nomen ad successorem idoneum a medição a menos constatada. Assim,
transmisisse non doceatur. portanto, quem aprovou por último o
crédito está obrigado a ressarcir o erá-
rio, caso não se prove ter transferido o
crédito a sucessor idôneo.
192
Digesto Livro L – Título I
38. PAPIRIUS IUSTUS libro II. de 38. PAPÍRIO JUSTO, Das Consti-
Constitutionibus. — Imperatores An- tuições, Livro II. — Os imperadores
toninus et Verus rescripserunt, gratiam Antonino e Vero determinaram, por
se facere iurisiurandi ei, qui iuraverat, rescrito, que se há de dispensar do ju-
se ordini non interfaturum, et postea ramento quem jurou nunca haver de
duumvir creatus esset. integrar uma classe e depois é nomea-
do duúnviro27.
26
Glossário, Dois irmãos.
27
Glossário, decênviros.
193
Livro L — Títulos I e II Digesto
TITULUS II TÍTULO II
DE DECURIONIBUS ET FILIIS DOS DECURIÕES E SEUS FILHOS29
EORUM
194
Digesto Livro L — Título II
195
Livro L – Título II Digesto
idem respondit, ne patris nota filius tange a castigos com açoites e a não ser
macularetur. condenado às minas, não o prejudica ter
nascido de pai plebeu se depois o pai ti-
ver tido acesso à honra do decurionato.
Papiniano era do mesmo parecer com
relação a avô, de que o filho não deve
ser estigmatizado pelo opróbrio do pai.
196
Digesto Livro L – Título II
197
Livro L – Título II Digesto
31
Glossário, Dois irmãos.
198
Digesto Livro L – Título II
§ 4. — Pater, qui filio decurione creato § 4. O pai que apelou contra a eleição
provocavit, etsi praescriptione tempo- do filho para o decurionato, por não
ris exclusus fuerit, si quod gestum est, haver aprovado a nomeação mesmo
non habuit ratum, muneribus civilibus que prejudicado pela prescrição do
pro filio non tenebitur. prazo, não será responsabilizado pelas
funções civis exercidas pelo filho.
199
Livro L – Título II Digesto
§ 2. — Is, qui non sit decurio, duumvi- § 2. Quem não é decurião não pode
ratu, vel aliis honoribus fungi non po- exercer o duunvirato nem outros car-
test, quia decurionum honoribus ple- gos, pois é vedado a plebeus o exercício
beii fungi prohibentur. de cargos próprios de decurião.
32
Glossário, cargos e funções.
200
Digesto Livro L – Título II
201
Livro L – Título II Digesto
arcentur honoribus, qui ab aedilibus menos ainda, não devem ser privados
flagellis caesi sunt, quamquam iure suo de cargos; aqueles que tiverem sido
ita aediles officio isto fungantur; inho- punidos com açoites por edis, embo-
nestum tamen puto esse, huiusmodi ra os edis o tenham feito no legítimo
personas flagellorum ictibus subiectas exercício de suas funções. Considero,
in ordinem recipi, et maxime in iis ci- porém, inconveniente que pessoas des-
vitatibus, quae copiam virorum hones- sa natureza, submetidas a castigos de
torum habeant; nam paucitas eorum, flagelação, sejam recebidas em algum
qui muneribus publicis fungi debeant, cargo, principalmente nas cidades que
necessario etiam hos ad dignitatem contam, entre seus habitantes, muitos
municipalem, si facultates habeant, in- cidadãos honestos. Ora, a escassez des-
vitet. sa categoria de pessoas para o exercício
de funções públicas impõe a convoca-
ção para cargos municipais desses ci-
dadãos menos qualificados, desde que
possuam bens.
13. PAPIRIUS IUSTUS libro II. De 13. PAPÍRIO JUSTO, Das Consti-
Constitutionibus. — Imperatores An- tuições, Livro II. — Os imperadores
toninus et Verus Augusti rescripserunt, Antonino e Vero determinaram, em
in tempus relegatos et reversos in ordi- rescrito, que desterrados temporaria-
nem allegi sine permissu Principis non mente não podem, ao regressar, serem
posse. eleitos para o decurionato sem a per-
missão do príncipe.
202
Digesto Livro L – Títulos II e III
203
Livro L – Títulos III e IV Digesto
TITULUS IV TÍTULO IV
DE MUNERIBUS ET HONORIBUS DAS FUNÇÕES E CARGOS33
204
Digesto Livro L – Título IV
205
Livro L – Título IV Digesto
§ 1. — His, qui castris operam per mi- § 1. A militares que servem em acam-
litiam dant, nullum municipale munus pamentos não deve ser imposta ne-
iniungi potest; ceteri autem privati, nhuma função municipal. As demais
quamvis militum cognati sunt, legibus pessoas privadas, porém, mesmo que
patriae suae et provinciae obedire de- sejam parentes de militares, devem
bent. obedecer às leis de sua terra e de sua
província.
206
Digesto Livro L – Título IV
§ 10. — Decaprotos etiam minores an- § 10. Desde há muito tempo, menores
nis viginti quinque fieri, non militantes de vinte e cinco anos podem integrar o
tamen, pridem placuit, quia patrimonii decemprimato34, desde que não sejam
magis onus videtur esse. militares, tendo em vista o cargo pare-
cer ter mais afinidade com patrimônio.
34
Glossário, cargos e funções.
35
Glossário, annona.
207
Livro L – Título IV Digesto
§ 13. — Eos milites, quibus superve- § 13. Convém que toque a todos, mas
nientibus hospitia praeberi in civitate a cada qual por sua vez, o ônus de hos-
oportet, per vices ab omnibus, quos id pedar militares que chegam à cidade e
munus contingit, suscipi oportet. por ela devem ser hospedados.
§ 16. — Si duo filii in patris potestate § 16. Um pai não pode ser obrigado a
sint, eodem tempore munera eorum se responsabilizar pelas funções exerci-
pater sustinere non compellitur. das, ao mesmo tempo, por dois filhos
que estão sob o seu pátrio poder.
§ 17. — Si is, qui duos filios relinque- § 17. Se alguém, ao morrer, deixa dois
bat, nihil de expediendis muneribus al- filhos, nada tendo disposto do patrimô-
terius filii ex communi patrimonio su- nio comum para garantir o exercício de
premis suis cavit, propriis sumtibus is função de um deles, esse a quem se im-
et munera, et honores, qui ei iniungen- puserem cargos e funções deve recebê-
tur, suscipere debet, quamvis pro altero -los por sua própria conta, embora o
vivus pater eiusmodi onera expedierit.
36
Pais de cinco filhos adultos são dispensados
do exercício de funções civis precisamente
por se fazerem substituir pelos filhos, confor-
me o § 6 deste artigo.
208
Digesto Livro L – Título IV
37
Ver § 6 do artigo 3 deste Título.
209
Livro L – Título IV Digesto
210
Digesto Livro L – Título IV
§ 2. — Si quis accusatorem non habe- § 2. Quem não tem acusador não pode
at, non debeat honoribus prohiberi, ser impedido de ter acesso a cargo ho-
quemadmodum non debet is, cuius norífico; do mesmo modo, não pode
accusator destiterit; ita enim Imperator ser impedido se o acusador desiste da
noster cum Divo Patre suo rescripsit. acusação. Assim decidiu, por rescrito,
nosso imperador com seu pai.
§ 5. — Sed enim haec munera, quae § 5. Mas os cargos que envolvem pa-
patrimoniis indicuntur, duplicia sunt; trimônio são de duas naturezas: uns
nam quaedam possessoribus iniun- são impostos a proprietários, sejam ou
guntur, sive municipes sunt, sive non não munícipes; outros são impostos só
sunt, quaedam non nisi municipibus a munícipes ou a habitantes41. Tributos
vel incolis. Intributiones, quae agris referentes à zona rural ou à zona urba-
fiunt vel aedificiis, possessoribus in-
dicuntur; munera vero, quae patrimo-
niorum habentur, non aliis, quam mu- 39
Glossário, Dois irmãos.
nicipibus vel incolis. 40
A lei romana era particularmente rigorosa
com a vida pregressa de candidatos a cargos
públicos, algo equivalente ao que hoje se cha-
maria de “ficha limpa”.
41
Glossário, política administrativa romana.
211
Livro L – Título IV Digesto
212
Digesto Livro L – Título IV
11. IDEM libro XI. Pandectarum. — 11. IDEM, Pandectas, Livro XI. —
Ut gradatim honores deferantur, Edic- Num edito se estabelece que os cargos
to, et ut a minoribus ad maiores per- sejam conferidos gradualmente e, em
veniatur, Epistola Divi Pii ad Titianum carta a Ticiano, o imperador Pio de-
exprimitur. termina que dos cargos inferiores se
ascenda aos superiores.
42
Glossário, política administrativa romana.
43
Glossário, Dois irmãos.
213
Livro L – Título IV Digesto
§ 4. — Eos, qui primis literis pueros in- § 4. O imperador Antonino Magno de-
duunt, non habere vacationem, Divus cidiu também, por rescrito, que profes-
Magnus Antoninus rescripsit. sores primários não gozam de isenção.
13. IDEM libro XV. Ex Cassio. — Va- 13. IDEM, Comentários a Cássio,
catio, itemque immunitas, quae liberis Livro XV. — A isenção, como também
et posteris alicuius data est, ad eos dun- a imunidade, que tiver sido concedida
taxat pertinet, qui eius familiae sunt. a filhos e descendentes de alguém res-
tringe-se exclusivamente a membros
dessa família.
§ 1. — Munus aut publicum, aut priva- § 1. A função pode ser pública ou pri-
tum est; publicum munus dicitur, quod vada: diz-se pública a função que assu-
in administranda republica cum sumtu mimos na administração pública com
sine titulo dignitatis subimus. gastos, mas sem título de dignidade.
214
Digesto Livro L – Título IV
44
Glossário, patricii, populus, plebs.
215
Livro L – Título IV Digesto
§ 6. — Si alii non sint, qui honores ge- § 6. Dispõem muitos decretos im-
rant, eosdem compellendos, qui ges- periais que, se não há quem assuma
serint, complurimis Constitutionibus cargos, sejam convocados aqueles que
cavetur. Divus etiam Hadrianus de já os tiverem exercido. O imperador
iterandis muneribus rescripsit in haec Adriano, referindo-se à recondução a
verba: “Illud consentio, ut, si alii non funções, decidiu assim num rescrito:
erunt idonei, qui hoc munere fungan- “Consinto que, não havendo quem seja
tur, ex his, qui iam functi sunt, creen- idôneo para o desempenho de uma
tur”. função, se reconduzam aqueles que já
a exerceram”.
216
Digesto Livro L – Título IV
217
Livro L – Título IV Digesto
45
Glossário, annona.
46
A presença do helenismo na nomenclatura
hierárquica e profissional no Império é ates-
tada por termos como irenarcha, de eirene,
paz e arqué, autoridade, magistrado cuja fun-
ção correspondia ao de oficial ou juiz de paz.
(Glossário, cargos e funções).
47
Glossário, annona.
218
Digesto Livro L – Título IV
§ 10. — Hi quoque, qui custodes ae- § 10. Aqueles também que são desig-
dium, vel archeotae, vel logographi, vel nados, em algumas cidades, para ad-
tabularii, vel xenoparochi, ut in qui- ministradores de edifícios, arquivista49,
busdam civitatibus, vel limenarchae, amanuense, notário, inspetor de porto,
vel curatores ad extruenda vel reficien- supervisor de construção e restauração
da aedificia publica, sive palatia, sive de vias, de palácios, de obras navais,
navalia, vel mansiones destinantur, si albergues, desde que empreguem re-
tamen pecuniam publicam in operis curso público nessas obras, bem como
fabricam erogent, et qui faciendis vel aqueles que, segundo o costume, são
reficiendis navibus, ubi usus exigit, prepostos à construção ou recuperação
praeponuntur, muneribus personali- de naves desempenham também fun-
bus adstringuntur. ções pessoais.
219
Livro L – Título IV Digesto
§ 13. — Defensores quoque, quos Gra- § 13. Defensores públicos, que os gre-
eci syndicos appellant, et qui ad certam gos chamam síndicos, e quem é esco-
causam agendam vel defendendam lhido para mover ou defender deter-
eliguntur, laborem personalis muneris minada causa exercem também função
aggrediuntur. pessoal.
§ 15. — Si aliquis fuerit electus, ut § 15. Quem é eleito para obrigar pro-
compellat eos, qui prope viam publi- prietários a calçar a rua na qual resi-
cam possident, sternere viam, perso- dem exerce função pessoal.
nale munus est.
220
Digesto Livro L – Título IV
§ 22. — Huiusmodi igitur obsequia et § 22. Aqueles que não são munícipes
hi, qui neque municipes, neque incolae nem habitantes de um município são
sunt, agnoscere coguntur.
221
Livro L – Título IV Digesto
§ 23. — Sed et eos, qui foenus exercent, § 23. Foi também decidido, por rescri-
etsi veterani sint, tributiones eiusmodi to, que aqueles que emprestam a juros,
agnoscere debere, rescriptum est. mesmo se veteranos, devem aceitar es-
sas funções.
§ 25. — Praeterea habent quaedam ci- § 25. Além disso, algumas cidades têm
vitates praerogativam, ut hi, qui in ter- a prerrogativa de impor a proprietário
ritorio earum possident, certum quid rural, em seu território, o fornecimento
frumenti pro mensura agri per singu- anual de certa quantidade de trigo pro-
los annos praebeant; quod genus colla- porcional à dimensão da propriedade.
tionis munus possessionis est. Essa espécie de contribuição chama-se
taxa de propriedade.
§ 26. — Mixta munera decaprotiae et § 26. São mistas as funções dos dez
icosaprotiae, ut Herennius Modestinus e dos vinte primeiros decuriões de
et notando, et disputando bene et opti- uma cidade, como bem argumentou e
ma ratione decrevit; nam decaproti et doutrinou com fundamento Herênio
icosaproti tributa exigentes et corpora- Modestino, pois tanto os decaprotos
le ministerium gerunt, et pro omnibus como os icosaprotos56, ao cobrar tri-
defunctorum fiscalia detrimenta resar-
ciunt, ut merito inter mixta hoc munus
numerari debeat. 55
O primipilus ou primipilaris era o primeiro
centurião de cada coorte, que, por sua vez,
dividia-se em seis centúrias sob o comando
de um centurião.
56
Havia, no Senado romano, a tradição de se
nomear, entre os senadores, os chamados
decemprimi, isto é, os dez primeiros, em ge-
ral, assim designados por idade, antiguidade
no cargo, fama, família etc. Esses senadores
tinham precedência sobre os demais e atri-
buições peculiares. Nas províncias, principal-
mente nas de cultura grega, o modelo romano
foi adotado com a designação dos decaproti
222
Digesto Livro L – Título IV
§ 27. — Sed ea, quae supra personalia § 27. Mas aqueles que exercem fun-
esse diximus, si hi, qui funguntur, ex ções, que acima classificamos como
lege civitatis suae, vel more etiam de pessoais, fazem, por força da lei ou do
propriis facultatibus impensas faciant, costume de sua cidade, despesas de seu
vel annonam exigentes desertorum próprio bolso ou, cobradores de víve-
praediorum damna sustineant, mixto- res, que respondem pela falta de pro-
rum definitione continebuntur. dução de propriedades rurais abando-
nadas compreendem-se na definição
de casos mistos.
§ 28. — Haec omnia munera, quae tri- § 28. Todas essas funções, que classifi-
fariam divisimus, una significatione camos como três, resumem-se em uma
comprehenduntur; nam personalia, et só, pois tanto as funções pessoais como
patrimoniorum, et mixta munera civi- patrimoniais e as mistas são chamadas
lia seu publica appellantur. funções civis ou públicas.
§ 29. — Sive autem personalium dun- § 29. Quem obteve isenção só de exer-
taxat, sive etiam civilium munerum cício de funções pessoais ou tam-
immunitas alicui concedatur, neque bém civis não se isenta, a menos que
ab annona, neque ab angariis, neque seja soldado ou veterano, nem da
a veredo, neque ab hospite recipiendo, “annona”57, nem de serviços de trans-
neque a nave, neque capitatione, ex- porte público58, nem do fornecimento
ceptis militibus et veteranis, excusari
possunt.
ou icosoproti, isto é, os dez ou vinte primeiros
decuriões. Ora, o fato da cobrança de tributos
ser função pessoal e a senatoria e o decurio-
nato serem cargos honoríficos criava uma si-
tuação mista.
57
Glossário, annona.
58
Os serviços de transporte público abrangiam
o cursus publicus, serviço de transporte de
passageiros oficiais, e a carruca dormitoria,
inclusive com cobertura, para viagens mais
longas. A angaria constituía uma das obriga-
ções dos cives de propiciar meios de transpor-
223
Livro L – Títulos IV e V Digesto
TITULUS V TÍTULO V
DE VACATIONE ET DA ISENÇÃO E DISPENSA DE
EXCUSATIONE MUNERUM FUNÇÕES
224
Digesto Livro L – Título V
59
Entre as possíveis isenções da obrigação de
prestar serviço público estava o fato de al-
guém ter cinco filhos adultos. Não se tratava
de promoção da natalidade, mas de medida
compensatória, isto é, a comunidade abria
mão do serviço de um para dispor de cinco.
225
Livro L – Título V Digesto
2. IDEM libro III. Opinionum. — Sex- 2. IDEM, Opiniões, Livro III. — Não
tum decimum aetatis annum agentem convém nomear jovem de dezesseis
ad munus sitoniae vocari non opor- anos para a função de intendente de
tet; sed si nihil proprie in patria ser- abastecimento de grãos61; mas, se não
vatur, de minoribus quoque annis vi- há legislação sobre função de menores,
gintiquinque ad munera sive honores observe-se a idade legal sobre a nome-
creandis iusta aetas servanda est. ação de menores de vinte e cinco anos
para funções e cargos.
60
Ver nota anterior.
61
No Tit. IV, 18, § 5, faz-se uso explícito do
termo grego sitonas, seguido da tradução fru-
mentarius. Aqui o termo, agora substantivo,
já está latinizado.
62
Glossário, adoção e abrogação.
226
Digesto Livro L – Título V
§ 8. — Qui pueros primas literas do- § 8. Mestres das primeiras letras não
cent, immunitatem a civilibus mune- têm isenção de funções civis, mas fica
ribus non habent; sed ne cui eorum a critério do governador que não lhes
id, quod supra vires sit, indicatur, ad seja imposto algo acima de suas forças,
Praesidis religionem pertinet, sive in quer sejam mestres primários em cida-
civitatibus, sive in vicis primas literas des quer em aldeias.
magistri doceant.
227
Livro L – Título V Digesto
possunt, quod nec habere illis navem pacidade não seja, cada uma, inferior
ex lege Iulia repetundarum licet. a 87 toneladas65, sejam dispensados do
exercício de função pública enquanto
essas naves, ou outras no lugar delas,
estiverem navegando. Os senadores,
porém, não podem gozar dessa isen-
ção, uma vez que pela lei Júlia de pecu-
lato, lhes é vedado a posse de navios66.
65
Um módio, medida de capacidade, represen-
tava 8,64 litros. Sua conversão em toneladas
facilita imaginar a dimensão das naves.
66
Nas palavras de renomado historiador, num
mar livre de piratas, graças à ação de navios
de guerra romanos, “o Mediterrâneo é tão
sulcado por navios como no nosso tempo.
Há barcos de carga, pesados e lentos, e na-
vios mais rápidos, alguns dos quais podem
transportar até seiscentos passageiros. As
corporações de armadores contam centenas
de membros. As companhias de navegação
têm seus escritórios não somente nos portos
(em Óstia havia vinte e cinco!), mas também
em Roma e em todas as grandes cidades. Há
mesmo agências de turismo que convidam os
ociosos a irem aquecer-se, durante o inverno,
ao sol cálido do Egito” (ROPS, Daniel, 1988,
p. 117).
228
Digesto Livro L – Título V
§ 1. — Non alios fisci vectigalium re- § 1. Foi estabelecido também que, com
demtores a muneribus civilibus ac tu- relação a arrendatários de impostos,
telis excusari placuit, quam eos, qui só estão isentos de funções civis e de
praesentes negotium exercerent.
67
Glossário, cargos e funções; decurião.
229
Livro L – Título V Digesto
230
Digesto Livro L – Título V
68
Mais uma vez, esta tradução recorre à varian-
te de texto original, no caso, à nota 1, para
adotar o termo mensor, mensoris, para justi-
ficar a versão de “medidores”. No Título VI, 6,
mensor figura na sua correta acepção.
69
Os romanos entendiam por artes liberais
atividades de natureza intelectual que com-
preendiam principalmente o estudo de disci-
plinas como gramática, retórica, lógica, ariti-
mética, geometria, astronomia, arquitetura e
música. Chamavam-se “liberais” por serem,
em geral, cultivadas por homens livres (no
mínimo, por libertos), ao contrário das artes
marciais, exercidas por escravos ou pessoas
de classe inferior. Mais tarde se criou a ex-
pressão “belas artes” para classificar ativida-
des culturais mais voltadas para o belo.
231
Livro L – Título V Digesto
232
Digesto Livro L – Títulos V e VI
TITULUS VI TÍTULO VI
DE IURE IMMUNITATIS DO DIREITO DE IMUNIDADE
233
Livro L – Título VI Digesto
234
Digesto Livro L – Título VI
235
Livro L – Título VI Digesto
scola,xein th/| pairotdofi,a|, kai. avne_ educação de teus filhos e, por isso, te
sqai, se tw/n leitourgi%wn [Etsi non ab dispensamos de funções públicas”.
omnibus muneribus dimittit patrem
natorum numerus, tamen quia sede-
cim pueros habere per libellum noti-
ficasti, non est irrationabile, ut conce-
damus vacare liberorum educationi, et
remitti tibi munera].
70
Glossário, annona.
236
Digesto Livro L – Título VI
71
Glossário, annona.
72
Glossário, Dois Irmãos.
237
Livro L – Título VI Digesto
73
Glossário, Dois Irmãos.
238
Digesto Livro L – Título VI
74
Glossário, administração pública romana,
item III.
239
Livro L – Títulos VI e VII Digesto
240
Digesto Livro L – Título VII
§ 3. — His, qui non gratuitam legatio- § 3. A quem aceitou a legação não gra-
nem susceperunt, legativum ex forma tuitamente deve ser paga a costumeira
restituatur. ajuda de custo.
241
Livro L – Título VII Digesto
76
Glossário, Dois Irmãos.
77
Habitantes de Clazomenas, antiga cidade da
Iônia, membro da Dodecápole ioniana, perto
de Esmirna. A cidade gozava de isenção de
tributos concedida pelos romanos. Tornou-se
célebre por ter sido a pátria do filósofo Ana-
xágoras e por seus sarcófagos de terracota.
242
Digesto Livro L – Título VII
243
Livro L – Título VII Digesto
functus est, intra tempora vacationis do não se deve exigir que, no período
praefinita non oportere compelli rur- estabelecido de isenção, seja de novo
sum ad defendendum publicum nego- obrigado a defender o interesse públi-
tium, etiamsi de eadem causa litigetur. co, embora se tratando de uma mesma
questão.
244
Digesto Livro L – Título VII
11. IDEM libro Singulari de iure li- 11. IDEM, Do Direito de Reclamar,
bellorum. — Si absenti iniuncta est Livro Único. — Quem, ausente, rece-
legatio, eamque gratuitam suscepit, beu a missão de legado e a aceitou sem
potest quis et per alium legationem nenhum custo pode fazer-se represen-
mittere. tar por outro.
245
Livro L – Título VII Digesto
15. MODESTINUS libro VII. Regu- 15. MODESTINO, Regras, Livro VII.
larum. — Is, qui legatione fungitur, li- — Quem exerce a função de legado
bellum sine permissu Principis de aliis não pode, sem a permissão do impe-
suis negotiis dare non potest. rador, cuidar judicialmente de outros
negócios seus.
16. IDEM libro VIII. Regularum. — 16. IDEM, Regras, Livro VIII. —
Eundem plures legationes suscipere Uma mesma pessoa não está impedida
prohibitum non est, praeterea si et su- de exercer várias legações, principal-
mtus, et itineris compendium suadeat. mente em razão de poupança de gastos
e tempo de viagem.
246
Digesto Livro L – Títulos VII e VIII
2. IDEM libro III. Opinionum. — Non 2. IDEM, Opiniões, Livro III. — Não
utique de exemplo posterioris locatio- convém, de modo algum, tomar como
nis praeteritarum conductionum, quae paradigma, em arrendamentos poste-
suam legem habuerunt, rationem iniri riores, normas que regeram arrenda-
oportet. mentos passados.
247
Livro L – Título VIII Digesto
248
Digesto Livro L – Título VIII
§ 8. — Ius reipublicae pacto muta- § 8. O direito público não pode ser al-
ri non potest, quominus magistratus terado por algum pacto, de modo que
collegae quoque nomine conveniantur magistrados são também processados
in his speciebus, in quibus id fieri iure no lugar do colega, nos casos em que o
permissum est. direito o permite.
§ 11. — Idem ex eodem libro: con- § 11. O mesmo no mesmo livro: puni-
ductore perficiendi operis punito fi- do o empreiteiro de uma obra, o fia-
deiussor, qui pro eo intervenerat, idem dor que respondia por ele entregará a
249
Livro L – Título VIII Digesto
opus exstruendum alii locaverat; nec outrem a mesma obra a ser feita. Não
a secundo redemtore opere perfec- concluída a obra pelo segundo emprei-
to usurarum praestationem heres fi- teiro, o herdeiro do fiador não deve
deiussoris recusare non debet, quum et negar-se a pagar os juros, uma vez que
prior causa in bonae fidei contractu in os termos do contrato anterior teriam
universum fideiussorem obligaverit, et obrigado, em boa-fé, o fiador à totali-
posterior locatio, quia suum periculum dade da obra, e a segunda contratação,
agnovit, solidae praestationi reipubli- porque realizada a risco do fiador, o
cae eum substituerit. responsabilizou pelo ressarcimento do
prejuízo total à municipalidade.
§ 12. — Qui fideiusserint pro conduc- § 12. Quem se fez fiador universal de
tore vectigalis in universam conductio- um arrecadador de impostos obriga-se
nem, in usuras quoque in iure conve- também, de direito, aos juros, a menos
niuntur, nisi proprie quid in persona que no contrato estejam expressas suas
eorum verbis obligationis expressum obrigações pessoais.
est.
250
Digesto Livro L – Título VIII
locavit; ceteris annis colonus si reliqua um período de cinco anos; nos anos
traxerit, et de fructibus praedii merce- seguintes, se o colono ficasse inadim-
des quae servari non potuerint, suc- plente e se a produção do imóvel fosse
cessor, qui locavit, tenebitur. Idem in insuficiente para cobrir o débito, o su-
vectigalibus non ita pridem constitu- cessor do curador que a arrendou esta-
tum est, scilicet ut sui temporis singuli ria obrigado a quitar o saldo devedor.
periculum praestarent. Essa norma não existia antigamente
com relação a tributos, quando cada
qual respondia pelo período de sua
gestão.
251
Livro L – Título VIII Digesto
fieri non potest, permittitur summam, determinada obra. Ou, se tiver deter-
quae eo nomine debetur, in id, quod minado que seja investido numa só
maxime necessarium reipublicae vide- obra, o que, pela Lei Falcídia, não pode
atur, convertere; sive plures summae in ser feito, permite-se, por essa razão,
plura opera legantur, et legis Falcidiae que a soma seja aplicada em algo que
interventu id, quod relinquitur, om- pareça mais necessário à cidade. Ou, se
nium operum exstructioni non sufficit, há muitos legados para muitas obras e,
permittitur, in unum opus, quod civi- por força da Lei Falcídia, não são sufi-
tas velit, erogari. Sed municipio pecu- cientes para a realização de todas essas
niam legatam, ut ex reditu eius venatio, obras, permite-se sejam empregados
aut spectacula edantur, Senatus in eas numa só obra reclamada pela cidade.
causas erogari vetuit, et pecuniam eo O Senado, porém, proibiu a um muni-
legatam in id, quod maxime necessa- cípio gastar o dinheiro legado em pro-
rium municipibus videatur, conferre moções, bem como seus rendimentos
permittitur, ut in eo munificentia eius, em diversões ou espetáculos circenses,
qui legavit, inscriptione notetur. mas permite que o dinheiro legado seja
empregado no que parece prioritaria-
mente necessário aos munícipes, e que
se registre na obra a magnanimidade
de quem deixou o legado.
252
Digesto Livro L – Título VIII
253
Livro L – Título VIII Digesto
§ 10. — Idem libro eodem: Imperato- § 10. Ainda no mesmo livro: os impe-
res Antoninus et Verus rescripserunt, radores Antonino e Vero determina-
eum, qui pecuniam publicam, magis- ram, em rescrito, que aquele que, no
tratus sui tempore, et post non pauco período de sua magistratura e não por
254
Digesto Livro L – Títulos VIII e IX
tempore detinuerat, usuras etiam pra- pouco tempo depois, reteve em seu po-
estare debere, nisi si quid allegare pos- der dinheiro público é obrigado a pa-
sit, qua ex causa tardius intulisset. gar juros, a menos que possa justificar
o motivo da devolução tardia.
TITULUS IX TÍTULO IX
DE DECRETIS AB ORDINE DOS DECRETOS E DA
FACIENDIS COMPETÊNCIA DOS DECURIÕES
255
Livro L – Título IX Digesto
vel aedes, vel certam quantitatem pra- acontecer, doe a alguém do patrimônio
estari, nihil valebit huiusmodi decre- público imóvel rural, edifício urbano
tum. ou alguma quantia.
80
Habitantes de Nicomédia, na Bitínia, hoje ter-
ritório da Turquia, na margem do mar Negro.
256
Digesto Livro L – Título X
TITULUS X TÍTULO X
DE OPERIBUS PUBLICIS DAS OBRAS PÚBLICAS
2. IDEM libro III. Opinionum. — Qui 2. IDEM, Opiniões, Livro III. — Quem,
liberalitate, non necessitate debiti re- por liberalidade, e não por necessidade
ditus suos interim ad opera finienda de cobertura de débito, investiu sua ren-
concessit, munificentiae suae fructum da na finalização de uma obra não está
de inscriptione nominis sui operibus, impedido, por inveja, de colher o fruto
si qua fecerit, capere per invidiam non de sua munificência com a inscrição de
prohibetur. seu nome no que tiver feito.
257
Livro L – Título X Digesto
258
Digesto Livro L – Título X
vinciae tempus statuendum est; et nisi não tiver sido definida pelo testador,
posuerint heredes, usuras leviores intra competirá ao governador da província
sex menses, si minus, semisses usuras marcá-la. Se os herdeiros não a cum-
reipublicae pendant. Si vero dies datus prirem, pagarão à municipalidade ju-
est, pecuniam deponant intra diem: si ros mais leves nos seis meses seguintes;
aut non invenire se statuas dixerint, aut se ainda não o fizerem, juros de seis
loco controversiam fecerint, semisses por cento. Mas se a data foi marcada,
protinus pendant”. o dinheiro deve ser depositado naque-
le mesmo dia; ou, se disserem que não
encontraram estátuas ou criarem con-
trovérsia sobre o lugar em que devem
ser erigidas, então pagarão continua-
mente juros de seis por cento.
259
Livro L – Títulos X e XI Digesto
§ 1. — Si quis opus ab alio factum ador- § 1. O Senado não impede que alguém
nare marmoribus, vel alio modo ex vo- prometa revestir de mármore ou de ou-
luntate populi facturum se pollicitus tro material, a gosto do povo, obra feita
sit, nominis proprii titulo scribendo, por outro, nela inscrevendo seu nome,
manentibus priorum titulis, qui ea mantendo, todavia, as inscrições ante-
opera fecissent, id fieri debere senatus riores de quem a fez. Admite também
censuit; quodsi privati in opera, quae que, se um particular investir em obra
publica pecunia fiant, aliquam de suo que se constrói com recurso público,
adiecerint summam, ita titulo inscrip- pode fazer uso do direito de gravar
tionis uti eos debere, iisdem mandatis nela seu nome, desde que registre tam-
cavetur, ut, quantam summam contu- bém o valor de sua contribuição.
lerint in id opus, scribant.
TITULUS XI TÍTULO XI
DE NUNDINIS DAS FEIRAS81
260
Digesto Livro L – Títulos XI e XII
tiae et auctoritatis apud Graecos Pla- seu trabalho, os quais, tão logo levem
to, quum institueret, quemadmodum e entreguem sua mercadoria, devem
civitas bene et beate habitari possit, voltar ao trabalho. Platão, homem de
in primis istos negotiatores neces- grande sabedoria e autoridade entre
sarios duxit; sic enim libro secundo os gregos, ao ensinar como uma cida-
Politei,aj [Civilis conversationis] ait: de pode ser bem e convenientemente
Dei/ ga.r pleio,nwn a;ra gewrgw/n te habitada, referiu-se primeiramente aos
kai. tw/n a;llwn dhmiourgw/n kai. tw/n negociantes que considera necessários.
a;llwn diako,nwn, tw/nge eivsaxo,ntwn Assim se expressa no segundo livro de
kai. evxaxo,ntwn e[kasta ou[toi de. eivsi.n República: “Uma cidade precisa, certa-
e;mporoi. Komi,saj de. o` gewrgo.j eivj mente, de muitos lavradores e de ou-
th.n avgora,n ti w=n poiei/ h[ tij a;lloj tros trabalhadores, como também de
tw/n dhmiourgw/n mh. eivj to.n auvto.n fornecedores de produtos importados
cro,non h[kh toi/j deome,noij ta. par v au- e exportados. Esses são os chamados
vtou/ avntalla,xajqai, avrgh,sei th/j auvtou/ negociantes. O agricultor ou outro tra-
dhmiourgi,aj kaqh,menoj evn a`gora/| balhador que traz seu produto para o
ou`damw/j h- d vo[j, avll v eivsi.n oi` tou/ mercado, não encontrando de imedia-
to ovrw/ntej evautou.j evpi th.n diakoni,an to quem precisa de seu produto ou com
ta,ttousi tau,thn. [Indiget enim civitas quem permutá-lo, acaba ficando ocio-
pluribus utique rusticis, et aliis opifi- so na praça. Que isso, de modo algum,
cibus, et aliis ministrantibus invehen- aconteça, mas há quem, a exemplo do
tibus et evehentibus singula; hi autem que vê, faça disso uma profissão”.
sunt negotiatores. Afferens autem
agricola ad forum aliquid eorum, quae
facit, vel aliquis alius opificum, non in
idem tempus veniet cum indigentibus,
sua permutare, vacabit suo opificio se-
dens in foro; nequaquam, sed sunt, qui
hoc videntes se ipsos in hoc statuant
ministerium.]
261
Livro L – Títulos XI e XII Digesto
§ 1. — Non semper autem obligari § 1. Mas é bom saber que nem sempre
eum, qui pollicitus est, sciendum est; se obriga o promitente. Na verdade, se
si quidem ob honorem promiserit tiver prometido por causa da honra
decretum sibi, vel decernendum, vel que lhe foi ou que lhe deve ser conferi-
ob aliam iustam causam, tenebitur ex da, ou por outra causa justa, está preso
pollicitatione; sin vero sine causa pro- ao compromisso; mas, se tiver prome-
miserit, non erit obligatus; et ita multis tido sem motivo, não estará obrigado.
Constitutionibus et veteribus, et novis Assim rezam muitas antigas e recentes
continetur. decisões imperiais.
§ 2. — Item si sine causa promiserit, § 2. Mesmo se, sem motivo, tiver pro-
coeperit tamen facere, obligatus est, metido fazer a obra, e a iniciou, estará
qui coepit. obrigado a terminá-la.
262
Digesto Livro L – Título XII
§ 6. — Si quis opus, quod perfecit, as- § 6. Se uma pessoa entrega uma obra
signavit, deinde id fortuito casu aliquid por ela realizada, e essa obra, por mo-
passum sit, periculum ad eum, qui fe- tivo de caso fortuito, sofre algum dano,
cit, non pertinere Imperator rescripsit. esse dano não será da responsabilidade
dessa pessoa, decidiu o imperador em
rescrito.
82
Habitantes de Cício, na ilha de Chipre.
263
Livro L – Título XII Digesto
264
Digesto Livro L – Título XII
265
Livro L – Título XII Digesto
266
Digesto Livro L – Título XII
267
Livro L – Título XII Digesto
11. IDEM libro IX. Pandectarum. — 11. IDEM, Pandectas, Livro IX. — Se,
Si quis ob honorem vel sacerdotium em razão de cargo ou de sacerdócio,
pecuniam promiserit, et antequam ho- alguém tiver prometido dar dinheiro
norem vel magistratum ineat, decedet, e morre antes de assumir o cargo ou a
non oportere heredes eius conveniri magistratura, a seus herdeiros não deve
in pecuniam, quam is ob honorem vel ser cobrada a importância que havia
magistratum promiserat, principalibus prometido em razão do cargo ou da
Constitutionibus cavetur, nisi forte ab magistratura, a menos que a obra tenha
eo, vel ab ipsa republica eo vivo opus sido por ele iniciada ou pela municipa-
fuerit inchoatum. lidade enquanto ele ainda vivia. Assim
rezam constituições imperiais.
12. IDEM libro XI. Pandectarum. 12. IDEM, Pandectas, Livro XI. —
— In privatis operibus invitis his, qui Conforme rescrito do imperador Seve-
fecerunt, statuas aliis ponere non pos- ro, em se tratando de obras particula-
sumus, ut Rescripto Divi Severi conti- res, não podemos ali erigir estátuas a
netur. outros contra a vontade de quem as fez.
13. PAPIRIUS IUSTUS libro II. de 13. PAPÍRIO JUSTO, Das Constitui-
Constitutionibus. — Imperatores An- ções, Livro II. — Os augustos impera-
toninus et Verus Augusti rescripserunt, dores Antonino e Vero recomendaram,
opera exstruere debere eos, qui pro ho- em rescrito, que quem tiver prometido
nore polliciti sunt, non pecunias pro construir obra em razão de cargo deve
his inferre cogi. ser obrigado a fazê-la, e não a dar di-
nheiro no lugar dela.
268
Digesto Livro L – Título XII
87
Herdeiro estranho (heres extraneus) é o her-
deiro “a quem é deferida a herança, ou por
testamento, ou pela lei”. (MOREIRA ALVES,
p. 768).
269
Livro L – Título XIII Digesto
270
Digesto Livro L – Título XIII
271
Livro L – Título XIII Digesto
§ 12. — Si cautum est honorarium, vel § 12. Vejamos se, caucionados os hono-
si quis de lite pactus est, videamus, an rários ou se feito acordo sobre o litígio,
petere possit. Et quidem de pactis ita alguém pode reclamar. Sobre pactos
est rescriptum ab Imperatore nostro, et assim se pronunciaram, em rescrito,
Divo patre eius: “Litis causa malo more
pecuniam tibi promissam ipse quoque
profiteris, sed hoc ita ius est, si suspen-
89
Glossário, Dois Irmãos.
272
Digesto Livro L – Título XIII
sa lite societatem futuri emolumenti nosso imperador e seu pai: “Tu mesmo
cautio pollicetur; si vero post causam confessas que, por um mau costume,
actam cauta est honoraria summa, peti foi-te prometido certa quantia pela de-
poterit usque ad probabilem quanti- fesa de uma causa; suspenso o litígio,
tatem, etsi nomine palmarii cautum este é o direito: uma caução assegura
sit, sic tamen, ut computetur id, quod participação no resultado futuro, mas
datum est, cum eo, quod debetur, neu- se, concluída a causa, foi caucionado
trumque compositum licitam quanti- o valor dos honorários, poderiam ser
tatem excedat. Licita autem quantitas reclamados até uma soma razoável,
intelligitur pro singulis causis usque ad mesmo se a caução foi feita para o caso
centum aureos”. de vitória, contanto que, nos cálculos,
computado o que tiver sido dado com
o que é devido, nem um nem outro ex-
ceda o valor lícito. Como valor lícito
se entende até cem áureos para cada
questão”.
273
Livro L – Título XIII Digesto
274
Digesto Livro L – Título XIII
275
Livro L – Título XIII e XIV Digesto
276
Digesto Livro L – Título XIV
TITULUS XV
DE CENSIBUS TÍTULO XV
DOS CENSOS
1. ULPIANUS libro I. de Censibus. —
Sciendum est, esse quasdam colonias 1. ULPIANO, Dos Censos, Livro I. —
iuris Italici, ut est in Syria Phoenice Convém saber que há algumas colô-
splendidissima Tyriorum colonia, unde nias de direito itálico93, como é o caso
mihi origo est, nobilis regionibus, serie da esplendorosa colônia dos tírios94, na
saeculorum antiquissima, armipotens,
foederis, quod cum Romanis percussit,
tenacissima; huic enim Divus Severus 92
A tradução apóia-se na variante est da nota 1,
et Imperator noster, ob egregiam in em vez de no texto original onde se lê “tuod et
rempublicam imperiumque Romanum Sordidon”.
insignem fidem, ius Italicum dedit.
93
Chama-se direito itálico princípios e normas
políticas e administrativas por que se regiam,
inicialmente, municípios e cidades na penín-
sula itálica que iam sendo anexados ao poder
§ 1. — Sed et Berytensis colonia in ea- romano. Ver Glossário, Política Administrati-
dem provincia Augusti beneficiis gra- va Romana.
tiosa et, ut Divus Hadrianus in quadam 94
Habitantes da cidade de Tiro, na Fenícia, hoje
chamada Sur, no Líbano.
277
Livro L – Título XV Digesto
Oratione ait Augustana colonia, quae Síria Fenícia, da qual sou originário,
ius Italicum habet. nobre por suas regiões, antiquíssima
pelo número de séculos, poderosa pe-
§ 2. — Est et Heliopolitana, quae a las armas, fidelíssima à aliança que fez
Divo Severo per belli civilis occasio- com os romanos. Nosso imperador Se-
nem Italicae coloniae rempublicam ac- vero lhe concedeu o direito itálico por
cepit. sua egrégia fidelidade ao povo e ao Im-
pério romanos.
278
Digesto Livro L – Título XV
279
Livro L – Título XV Digesto
280
Digesto Livro L – Título XV
281
Livro L – Título XV Digesto
vel vites, nihilominus eum numerum tros públicos. Por essa razão, se parte
profiteri iubetur, qui fuit census tem- do campo tiver sido danificada por tre-
pore, nisi causam excidendi censitori mor de terra, isso deve ser considerado
probabit. pelo recenseador. Se há videiras mortas
ou árvores secas, seria injusto incluí-las
no censo. Mas se tiver cortado árvores
ou videiras, será obrigado a declarar
§ 2. — Is vero, qui agrum in alia civita- o número delas na ocasião do censo,
te habet, in ea civitate profiteri debet, a menos que prove ao recenseador o
in qua ager est; agri enim tributum in motivo da derrubada.
eam civitatem debet levare, in cuius
territorio possidetur. § 2. Quem possui propriedade rural
em outro município, deve fazer sua de-
claração no município em que se situa
§ 3. — Quamquam in quibusdam be- a propriedade, pois o tributo rural deve
neficia personis data immunitatis cum ser levantado no município em cujo
persona extinguantur, tamen quum território a terra é possuída.
generaliter locis, aut quum civitatibus,
immunitas sic data videtur, ut ad pos- § 3. Embora benefícios de isenção con-
teros transmittatur. cedidos a algumas pessoas se extingam
com a pessoa, quando concedidos em
§ 4. — Si, quum ego fundum posside- geral a alguns lugares ou municípios, a
rem, professus sim, petitor autem eius isenção parece ser concedida de modo
non fuerit professus, actionem illi ma- que seja repassada aos pósteros.
nere placet.
§ 4. Se sou dono de um imóvel e o
declarei, quem o reclamar como seu e
§ 5. — In servis deferendis observan- não tiver feito a declaração, pode estar
dum est, ut et nationes eorum, et ae- sujeito a processo (ou pode ser proces-
tates, et officia, et artificia specialiter sado).
deferantur.
§ 5. Com relação a escravos, a decla-
§ 6. — Lacus quoque piscatorios et ração deve mencionar sua etnia, idade,
portus in censum dominus debet de- ofício e, especialmente, aptidões.
ferre.
282
Digesto Livro L – Título XV
283
Livro L – Título XV Digesto
284
Digesto Livro L – Título XV
285
Livro L – Título XV Digesto
§ 8. Na província da Macedônia133, os
habitantes de Dirráquio134, de Cassen-
dreia135, de Filipos136, de Dio, de Sto-
bos137, gozam do direito itálico.
TITULUS XVI
DE VERBORUM SIGNIFICATIONE
132
Cidade dos hérnicos, povos habitantes do
1. ULPIANUS libro I. ad Edictum. — Lácio, Itália.
Verbum hoc “si quis”, tam masculos, 133
Território situado no norte da Grécia, redu-
zido a província romana em 146 a.C. Berço
quam feminas complectitur.
de Alexandre Magno.
134
Ver nota 108.
135
Cidade da Macedônia.
2. PAULUS libro I. ad Edictum. — 136
Ver nota 116.
“Urbis” appellatio muris, “Romae” 137
Cidade da Macedônia.
autem continentibus aedificiis finitur, 138
Havia na antiguidade três cidades com o
quod latius patet. nome de Antioquia: uma na Síria (nota 108),
outra no Egito e, essa, capital da Pisídia, tam-
bém na Ásia Menor, hoje território turco.
286
Digesto Livro L – Título XV e XVI
TÍTULO XVI
DA SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
287
Livro L – Título XVI Digesto
quae etiam ea, quae extra computatio- exemplo, se fizer vinte e um mil pas-
nem patrimonii nostri sunt, continet, sos, serão computados dois dias. Essa é
quum pecuniae significatio ad ea refe- a maneira usual de se proceder, se não
ratur, quae in patrimonio sunt. for acertado de outro modo.
288
Digesto Livro L – Título XVI
289
Livro L – Título XVI Digesto
290
Digesto Livro L – Título XVI
ta sunt, sola enim ea publica sunt, quae não está na sua materialidade mas no
populi Romani sunt. que há de arte nelas. O mesmo aconte-
ceria se o dono de um objeto compra-
-o, ignorando que lhe fora roubado:
16. GAIUS libro III. ad Edictum com razão se dirá que a coisa não exis-
provinciale. — Eum, qui vectigal po- te, mesmo se mais tarde venha a sabê-
puli Romani conductum habet, “pu- -lo, pois se considera que falta a coisa a
blicanum” appellamus; nam publica que falta o preço.
appellatio in compluribus causis ad
populum Romanum respicit; civitates § 1. Parece ter perdido a coisa quem
enim privatorum loco habentur. não move ação contra alguém para
readquiri-la.
17. ULPIANUS libro X. ad Edictum.
— Inter “publica” habemus non sacra, 15. ULPIANO, Comentários ao Edi-
nec religiosa, nec quae publicis usibus to, Livro X. — Bens de uma cidade são
destinata sunt, sed si qua sunt civita- impropriamente chamados públicos,
tum velut bona; sed peculia servorum pois só é público o que pertence ao
civitatum procul dubio publica haben- povo romano.
tur.
16. GAIO, Comentários ao Edito
Provincial, Livro III. — Chamamos de
§ 1. — “Publica vectigalia” intellige- publicanus (publicano) quem arrenda
re debemus, ex quibus vectigal fiscus tributos do povo romano, pois a deno-
capit, quale est vectigal portus, vel ve- minação pública refere-se, por muitas
nalium rerum, item salinarum, et me- razões, ao povo romano; as cidades são
tallorum, et piscariarum. tidas como pessoas particulares.
291
Livro L – Título XVI Digesto
292
Digesto Livro L – Título XVI
293
Livro L – Título XVI Digesto
27. IDEM libro XVII. ad Edictum. — nhuma parte pode ser dita de outrem.
“Ager” est locus, qui sine villa est. Esse é também o parecer de Juliano, e é
o mais correto.
294
Digesto Livro L – Título XVI
caederetur. Servius eam esse, quae suc- lhe é dada dentro de determinado pra-
cisa rursus ex stirpibus aut radicibus zo.
renascitur.
§ 1. Uma oração que não tem conjun-
§ 1. — “Stipula illecta” est, spicae in ção conjuntiva nem disjuntiva é enten-
messe deiectae, necdum lectae, quas dida como conjuntiva ou disjuntiva
rustici, quum vacaverint, colligunt. conforme a mente de quem a profere.
§ 5. — “Pascua silva” est, quae pastui § 1. Stipula illecta (espiga não colhida)
pecudum destinata est. são espigas caídas durante a messe e
ainda não recolhidas, que os campesi-
nos apanham quando estão desocupa-
31. ULPIANUS libro XVIII. ad Edic- dos.
tum. — “Pratum” est, in quo ad fruc-
tum percipiendum falce duntaxat opus § 2. Novalis (pousio) é o estado da ter-
est, ex eo dictum, quod paratum sit ad ra lavrada e não cultivada num ano,
fructum capiendum. que os gregos chamam de néasin.
295
Livro L – Título XVI Digesto
38. ULPIANUS libro XXV. ad Edic- 35. IDEM, Ibidem, Livro XVII. —
tum. — “Ostentum” Labeo definit: Entende-se, porém, por restituere (res-
omne contra naturam cuiusque rei ge- tituir) quem devolve, ao mesmo tem-
nitum factumque. Duo genera autem po, devolve ao reclamante o direito e os
sunt ostentorum: unum, quoties quid frutos que teria tido se a coisa lhe tives-
contra naturam nascitur, tribus mani- se sido devolvida na ocasião do ajuiza-
bus forte aut pedibus, aut qua alia parte mento da questão, isto é, o direito do
corporis, quae naturae contraria est; usucapião e seus frutos.
alterum, quum quid prodigiosum vi- 36. ULPIANO, Comentários ao Edi-
detur, quae Graeci fanta,smata vocant. to, Livro XXIII. — O termo lis (litígio)
abrange toda ação quer quanto a coisas
quer quanto a pessoas.
296
Digesto Livro L – Título XVI
39. PAULUS libro LIII. ad Edictum. (convir) não diz respeito à faculdade
— “Subsignatum” dicitur, quod ab ali- do juiz, que pode condenar a mais ou
quo subscriptum est; nam veteres sub- a menos, mas à verdade.
signationis verbo pro adscriptione uti
solebant. 38. ULPIANO, Comentários ao Edi-
to, Livro XXV. — Labeão assim define
§ 1. — “Bona” intelliguntur cuiusque, ostentum (anomalia): tudo o que é ge-
quae deducto aere alieno supersunt. rado e produzido contra a natureza de
alguma coisa. Há duas espécies de ano-
malia: a primeira, toda vez que nasce
§ 2. — “Detestari” est, absenti denun- algum ser contra a natureza, por exem-
tiare. plo, com três mãos ou três pés ou qual-
quer outra parte do corpo, que é con-
§ 3. — “Incertus” possessor est, quem trário ao normal; outra, quando algo
ignoramus. parece prodigioso, fora do normal, o
40. ULPIANUS libro LVI.– “Detesta- que os gregos chamam de “fantasmas”
tio” est, denuntiatio facta cum testatione. (imagens sem consistência).
297
Livro L – Título XVI Digesto
298
Digesto Livro L – Título XVI
299
Livro L – Título XVI Digesto
50. IDEM libro LXI. ad Edictum. — em lugar público é custodiado sem fer-
“Nurus” appellatio etiam ad pronurum ros.
et ultra porrigenda est.
49. ULPIANO, Comentários ao Edi-
51. GAIUS libro XXIII. ad Edictum to, Livro XIX. — O termo bona (bens)
provinciale. — Appellatione “paren- tem duas acepções: bens naturais e
tis” non tantum pater, sed etiam avus, bens civis. Bens naturais são os bens
et proavus, et deinceps omnes superio- da natureza que fazem as pessoas feli-
res continentur; sed et mater, et avia, et zes. Ser feliz é servir-se das coisas. Em
proavia. nossos bens, entretanto, convém saber
distinguir não só os que estão sob o
52. ULPIANUS libro LXI. ad Edic- nosso domínio, mas também os que,
tum. — “Patroni” appellatione et pa- de boa-fé, são possuídos por nós, ou
trona continetur. são de usufruto, inclusive nossos bens
envolvidos em ações, demandas e pro-
cessos, pois tudo isso parece fazer parte
53. PAULUS libro LIX. ad Edictum dos bens.
provinciale. — Saepe ita comparatum
est, ut coniuncta pro disiunctis acci- 50. IDEM, Ibidem, Livro LXI. — Por
piantur, et disiuncta pro coniunctis, nurus (nora) se há de entender tam-
interdum soluta pro separatis; nam bém a mulher do neto e mesmo além.
quum dicitur apud veteres: “agnato-
rum gentiliumque”, pro separatione 51. GAIO, Comentários ao Edito
accipitur. At quum dicitur: “super pe- Provincial, Livro XXIII. — Pelo nome
cuniae tutelaeve suae”, tutor separatim de parens (ascendente) se incluem não
sine pecunia dari non potest. Et quum só o pai, mas também o avô e o bisavô,
dicimus: “quod dedi, aut donavi”, utra- e assim em diante. Como também, a
que continemus. Quum vero dicimus: mãe, a avó e a bisavó.
“quod eum dare facere oportet”, quod-
vis eorum sufficit probare. Quum vero 52. ULPIANO, Comentários ao Edi-
dicit Praetor: “si donum, munus, ope- to, Livro LXI. — O termo patronus
ras redemerit”, si omnia imposita sunt, (senhor de liberto) abrange também o
certum est, omnia redimenda esse. feminino patrona (senhora de liberto).
300
Digesto Livro L – Título XVI
301
Livro L – Título XVI Digesto
302
Digesto Livro L – Título XVI
statio est conclusa, atque munita, inde 58. GAIO, Comentários ao Edito
angiportum dictum est. Provincial, Livro XXIV. — Embora
pareça haver diferença sutil entre ges-
ta (o que é realizado) e facta (o que é
60. IDEM libro LXIX. ad Edictum. feito), não há nenhuma distinção entre
— “Locus” est non fundus, sed portio realizar e fazer.
aliqua fundi, “fundus” autem integrum
aliquid est; et plerumque sine villa lo- § 1. Acertadamente chamamos “nos-
cum accipimus. Ceterum adeo opinio sos” os libertos de nossos pais, mas
nostra et constitutio locum a fundo não chamamos corretamente “nossos”
separat, ut et modicus locus possit fun- libertos de nossos filhos.
dus dici, si fundi animo eum habuimus.
Non etiam magnitudo locum a fundo 59. ULPIANO, Comentários ao Edi-
separat, sed nostra affectio; et quaelibet to, Livro LXVIII. — Portus (porto) é
portio fundi poterit fundus dici, si iam um lugar fechado por onde chegam e
hoc constituerimus. Nec non et fundus de onde se exportam mercadorias. Por
locus constitui potest; nam si eum alii se tratar de local fechado e fortificado é
adiunxerimus fundo, locus fundi effi- chamado de angiportus (beco sem saí-
cietur. da)
303
Livro L – Título XVI Digesto
304
Digesto Livro L – Título XVI
eri”, ius significant, et in servum non 66. IDEM, Ibidem, Livro LXXIV. —
cadunt. O termo merces (mercadoria) aplica-se
exclusivamente a bens móveis.
69. IDEM libro LXXVIII. ad Edic-
tum. — Haec verba: “cui rei dolus ma- 67. IDEM, Ibidem, Livro LXXVI. —
lus aberit, abfuerit”, generaliter com- Alienatum (alienado) não significa o
prehendunt omnem dolum, quicunque que ainda permanece em poder do
in hanc rem admissus est, de qua stipu- vendedor; dir-se-á com mais proprie-
latio est interposita. dade vendido.
305
Livro L – Título XVI Digesto
venisse” proprie illud dicitur, quod est que sobreviver a esse herdeiro. O mes-
remansurum. mo acontece na cobrança de dias de
trabalho, que um filho herdeiro pode
exigir do liberto, mas não por causa da
§ 1. — Haec verba: “his rebus recte sucessão.
praestari”, hoc significant, ne quid pe-
riculum, vel damnum ex ea re stipula- § 1. A frase “aquele a quem pertence o
tor sentiret. bem” refere-se a herdeiro que sucedeu
no domínio universal ou pelo direito
72. PAULUS libro LXXVI. ad Edic- civil ou pelo direito pretoriano.
tum. — Appellatione “rei” pars etiam
continetur. 71. ULPIANO, Comentários ao Edi-
to, Livro LXXIX. — Uma coisa é capere
73. ULPIANUS libro LXXX. ad Edic- (adquirir), outra é accipere (receber).
tum. — Haec verba in stipulatione po- Adquirir é receber efetivamente; rece-
sita: “eam rem recte restitui”, fructus ber, mesmo que não receba, é para ter.
continent; “recte” enim verbum pro Por isso, não parece alguém adquirir o
viri boni arbitrio est. que haverá de restituir, como algo que
“tivesse chegado” às suas mãos para fi-
car.
74. PAULUS libro II. ad Edictum § 1. Estes termos “por essas coisas se
Aedilium currulium. — Signatorius prestará a devida conta” significam que
annulus “ornamenti” appellatione non o estipulante não sofrerá nenhum risco
continetur. nem dano.
306
Digesto Livro L – Título XVI
307
Livro L – Título XVI Digesto
308
Digesto Livro L – Título XVI
existimat collegium; et hoc magis se- pois no termo “restituição” está incluí-
quendum est. do tudo o que é do interesse do autor.
309
Livro L – Título XVI Digesto
310
Digesto Livro L – Título XVI
97. IDEM libro XXXII. Digestorum. 94. IDEM, Ibidem, Livro XX. — O
— Quum stipulamur: “quanta pecunia termo reddere (devolver), embora te-
ex hereditate Titii ad te pervenerit”, res nha o sentido de “dar de volta”, pode,
ipsas quae pervenerunt, non pretia ea- em si mesmo, encerrar o sentido de
rum spectare videmur. dar.
98. IDEM libro XXXIX. Digestorum. 95. MARCELO, Digesto, Livro XIV.
— Quum “bisextum” kalendis est, nihil — Reliqua (o restante) pode significar
refert, utrum priore, an posteriore die também “todos”.
quis natus sit, et deinceps sextum ka-
lendas eius natalis dies est; nam id bi- 96. CELSO, Digesto, Livro XXV. —
duum pro uno die habetur; sed poste- Litus (litoral) é o ponto até onde chega
rior dies intercalatur, non prior. Ideo a onda maior do mar. Essa definição
quo anno intercalatum non est, sexto dizem que é de Marco Túlio, quando,
calendas natus, quum bisextum kalen- na condição de árbitro, tratou do as-
dis est, priorem diem natalem habet. sunto pela primeira vez.
311
Livro L – Título XVI Digesto
§ 2. — “Instrumentorum” appellatio-
145
Para a compreensão desse artigo é preciso
conhecer o calendário romano: nos anos bis-
ne quae comprehendantur, perquam
sextos, o dia a mais era intercalado na sexta
difficile erit separare; quae enim pro- calenda, e não após o último dia de fevereiro,
prie sint instrumenta, propter quae di- isto é, seis dias para as calendas, o primeiro
latio danda sit, inde dinoscemus, si in dia do mês. Por ser uma duplicação da sexta
praesentiam personae, quae instruere calenda, era chamado dies bissextus, isto é,
duas vezes sexto.
possit, dilatio petatur; puta actum ges- 146
O calendário romano começava, desde Rô-
sit, licet in servitute, vel qui actor fuit mulo, em março. Numa Pompílio, sucessor
constitutus, putem videri instrumento- de Rômulo, acrescentou os meses de janeiro
rum causa peti dilationem. e fevereiro como meses finais. Eram chama-
dos intercalares. Pelo calendário juliano, pas-
saram a ser os primeiros do ano.
312
Digesto Livro L – Título XVI
313
Livro L – Título XVI Digesto
314
Digesto Livro L – Título XVI
105. IDEM libro XI. Responsorum. ter o pé cortado; ser vesgo é também
— Modestinus respondit, his verbis: defeito físico.
“libertis libertabusque meis”, libertum
libertae testatoris non contineri. § 3. Para alguns, quando se fala de
servis (escravos) legados entendem-se
106. IDEM libro singulari de Praes- também ancillas (escravas), como se o
criptionibus. — “Dimissoriae” literae nome fosse comum a ambos os sexos.
dicuntur, quae vulgo apostoli dicuntur;
dimissoriae autem dictae, quod causa 102. IDEM, Regras, Livro VII. — Der-
ad eum, qui appellatus est, dimittitur. roga-se ou abroga-se uma lei: derroga-
-se a lei quando se suprime parte dela;
abroga-se quando é abolida.
315
Livro L – Título XVI Digesto
renti aut quasi sequenti eos, qui con- superior). Chamam-se dimissoriae
tendunt, committitur. porque por elas se remete (dimittitur)
a causa ao juízo para o qual se apelou.
316
Digesto Livro L – Título XVI
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Livro L – Título XVI Digesto
121. IDEM libro VI. ad Quintum Mu- 119. IDEM, Ibidem, Livro III. — Por
cium. — “Usura” pecuniae, quam per- “herança” compreende-se também
cipimus, in fructu non est, quia non ex “herança onerosa”, pois o termo é jurí-
ipso corpore, sed ex alia causa est, id dico, como posse de bens.
est nova obligatione.
318
Digesto Livro L – Título XVI
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Livro L – Título XVI Digesto
Alterius generis est, quum ex proposi- rindo não a um fato presente, mas pas-
tis finibus ita non potest neuter esse, ut sado, isto é, “Troia foi tomada”.
possit utrumque esse, veluti quum di-
cimus: “omne animal aut facit, aut pati- 124. PRÓCULO, Epístolas, Livro II.
tur”; nullum est enim, quod nec faciat, — A expressão “ou isso ou aquilo” é
nec patiatur; at potest simul et facere, não só disjuntiva como também sub-
et pati. disjuntiva. É disjuntiva, por exemplo,
quando dizemos “ou é dia, ou é noite”,
125. IDEM libro V. Epistolarum. — isto é, posto um termo, o outro ne-
Nepos Proculo suo salutem. Ab eo, qui cessariamente não subsiste. O termo,
ita dotem promisit: “quum commodum porém, por analogia, pode ser também
erit, dotis filiae meae tibi erunt aurei subdisjuntivo de duas maneiras: uma,
centum”, putasne, protinus nuptiis fac- quando postos os fins, os dois termos
tis dotem peti posse? Quid, si ita pro- podem não subsistir e dar lugar a um
misisset: “quum potuero, doti erunt? terceiro, por exemplo, quando dizemos
Quod si aliquam vim habeat posterior “ou senta ou levanta”, alguém não pode
obligatio, ‘possit’ verbum quomodo fazer simultaneamente as duas coisas,
interpretaris, utrum aere alieno de- mas pode fazer uma terceira, “deitar-
ducto, an extante? Proculus: quum do- -se”. A outra maneira de ser subdisjun-
tem quis ita promisit: quum potuero, tiva é quando, postos os dois termos,
doti tibi erunt centum”, existimo, ad só um necessariamente subsiste, por
id, quod actum est, interpretationem exemplo, quando dizemos “todo ani-
redigendam esse; nam qui ambigue mal ou faz ou sofre uma ação”, ou am-
loquitur, id loquitur, quod ex his, quae bos subsistem, pois há casos em que
significantur, sensit; propius est tamen, um animal pode fazer e sofrer simulta-
ut hoc eum sensisse existimem: deduc- neamente uma ação.
to aere alieno potero. Potest etiam illa
accipi significatio: quum salva digni- 125. IDEM, Ibidem, Livro V. — Nepos
tate mea potero; quae interpretatio ea consulta seu amigo Próculo: “A seu ver,
magis accipienda est, si ita promissum poder-se-ia cobrar o dote, imediata-
est: “quum commodum erit”, hoc est, mente após celebrado o casamento, de
quum sine incommodo meo potero. quem o prometera nos seguintes ter-
mos: ‘Te darei um dote de cem áureos
por minha filha, quando me for pos-
sível’ Ou se dissesse: ‘Quando puder,
darei o dote’? Se a obrigação posterior
tiver alguma validade, como interpre-
tarias o termo ‘puder’?, incluídas ou
excluídas possíveis dívidas?’. Respon-
deu Próculo: “Quando alguém prome-
320
Digesto Livro L – Título XVI
126. IDEM libro VI. Epistolarum. — teu, nestes termos, dar o dote: ‘quando
Si, quum fundum tibi darem, legem puder te darei um dote de cem moedas
ita dixi: “uti optimus maximusque es- de ouro’, ao meu ver, o entendimento
set”, et adieci, ius fundi deterius factum deve ser limitado ao que foi dito, pois
non esse per dominum, praestabitur; quem fala de maneira ambígua fala o
amplius eo praestabitur nihil, etiam si que diz o que pensa as palavras. A meu
prior pars, qua scriptum est: “uti opti- ver é mais provável que tenha queri-
mus maximusque sit”, liberum esse sig- do dizer: ‘quando puder, deduzidas as
nificat; eoque, si posterior pars adiecta dívidas’. Pode também assumir outro
non esset, liberum praestare deberem; sentido: ‘quando puder, ressalvada mi-
tamen inferiore parte satis me libera- nha dignidade’. Pode-se admitir tam-
tum puto, quod ad iura attinet, ne quid bém esta significação: ‘poderei, depois
aliud praestare debeam, quam ius fun- de salva minha dignidade’; a interpre-
di per dominum deterius factum non tação, porém, mais razoável seria assim
esse. prometer: ‘quando me for convenien-
te”, isto é, ‘poderei quando não me for
inconveniente’ ”.
321
Livro L – Título XVI Digesto
130. ULPIANUS libro II. ad legem Iu- como “veste cênica” tanto é utilizada
liam et Papiam. — “Lege” obvenire he- nas peças trágicas como em represen-
reditatem non improprie quis dixerit et tações líricas.
eam, quae ex testamento defertur, quia
lege duodecim Tabularum testamenta- 128. ULPIANO, Comentários à Lei
riae hereditates confirmantur. Júlia e Pápia, Livro I. — O termo “eu-
nuco” tem sentido geral, pois se refere
131. IDEM libro III. ad legem Iuliam aos que o são por natureza como tam-
et Papiam. — Aliud “fraus” est, aliud bém aos castrados e a qualquer outra
“poena”; fraus enim sine poena esse maneira de sê-lo.152
potest, poena sine fraude esse non po-
test. Poena est noxae vindicta, fraus et 129. PAULO, Comentários à Lei Júlia
ipsa noxa dicitur, et quasi poenae qua- e Pápia, Livro I. — Os natimortos não
edam praeparatio. se consideram nem nascidos nem pro-
criados, pois nunca puderam ser cha-
mados filhos.
322
Digesto Livro L – Título XVI
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Livro L – Título XVI Digesto
135. ULPIANUS libro IV. ad legem Iu- § 1. É impróprio dizer ter dado à luz
liam et Papiam. — Quaeret aliquis, si mulher cujo filho lhe foi extraído de-
portentosum, vel monstrosum, vel de- pois de morta.
bilem mulier ediderit, vel qualem visu,
vel vagitu novum, non humanae figu- 133. ULPIANIO, Comentários à Lei
rae, sed alterius magis animalis, quam Júlia e Pápia, Livro IV. — Se alguém
hominis partum, an, quia enixa est, disser que algo se faça dentro de um
prodesse ei debeat; et magis est, ut haec dia, a contar de sua morte, o dia no
quoque parentibus prosint; nec enim qual morreu é também computado.
est, quod iis imputetur, quae, qualiter
potuerunt, statutis obtemperaverunt; 134. PAULO, Comentários à Lei Júlia
neque id, quod fataliter accessit, matri e Pápia, Livro II. — O primeiro ano de
damnum iniungere debet. idade não começa a ser contado ime-
diatamente a partir do nascimento,
mas no trecentésimo sexagésimo quin-
to dia, certamente não após o dia trans-
corrido, porque o ano civil se conta por
dias, e não por horas.
138. IDEM libro IV. ad legem Iuliam 136. IDEM, Ibidem, Livro V. — É evi-
et Papiam. — “Hereditatis” appellati- dente que por “genro” se entende mari-
one bonorum quoque possessio conti- dos de netas e bisnetas, tanto de filhas
netur. de filho como de filha, e os maridos
dos demais descendentes.
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Digesto Livro L – Título XVI
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Livro L – Título XVI Digesto
blius Maevius, Lucius Titius heredes 142. PAULO, Comentários à Lei Jú-
sunto; Sempronius ex parte dimidia lia e Pápia, Livro VI. — “Conjunção”
heres esto”, ut Titius et Maevius veniant pode ser entendida de três modos: ou
in partem dimidiam, et re et verbis a conjunção ocorre per se, “de fato”,
coniuncti videantur, “Lucius Titius ex ou “de fato e verbalmente”, ou só “ver-
parte dimidia heres esto; Seius ex par- balmente”. Não há dúvida de que se
te, qua Lucium Titium heredem ins- juntam pelo laço dos nomes e da coi-
titui, heres esto; Sempronius ex parte sa, por exemplo, “Tício e Mévio sejam
dimidia heres esto”; Iulianus, dubitari herdeiros pela metade” ou “Tício e
posse, tres semisses facti sint, an Titius Mévio sejam herdeiros” ou “Tício com
in eundem semissem cum Caio Seio Mévio sejam herdeiros pela metade”.
institutus sit; sed eo quod Sempronius Vejamos, porém, se, com a omissão de
quoque ex parte dimidia scriptus est, “e, com”, podemos entendê-los como
verisimilius esse, in eundem semissem sujeitos associados, como “Lúcio Tí-
duos coactos, et coniunctim heredes cio, Públio Mévio sejam herdeiros pela
scriptos esse. metade” ou “Públio Mévio, Lúcio Tício
sejam herdeiros; Semprônio seja her-
deiro pela metade”, de modo que Tício
e Mévio sejam herdeiros pela metade
e pareçam de fato e verbalmente asso-
ciados. “Lúcio Tício seja herdeiro pela
metade: Seio seja herdeiro de parte de
que Lúcio Tício foi instituído herdeiro;
Semprônio seja herdeiro pela meta-
143. ULPIANUS libro IX. ad legem de”; Juliano duvida que se possa falar
Iuliam et Papiam. — Id apud se quis de três metades, se Tício foi instituído
habere videtur, de quo habet actionem; herdeiro com Caio Seio numa mesma
habetur enim, quod peti potest. metade. Mas, tendo sido Semprônio
instituído herdeiro pela metade, é mais
provável que Tício e Caio tenham sido
associados numa mesma metade e ins-
144. PAULUS libro X. ad legem Iu- tituídos herdeiros conjuntamente.
liam et Papiam. — Libro Memoria-
lium Massurius scribit, “pellicem” 143. ULPIANO, Comentários à Lei
apud antiquos eam habitam, quae, Júlia e Pápia, Livro IX. — Considera-
quum uxor non esset, cum aliquo ta- -se como parte dos bens aquilo por
men vivebat, quam nunc vero nomine
amicam, paulo honestiore concubinam
appellari. Granius Flaccus in libro de
iure Papiriano scribit, pellicem nunc seus direitos, inclusive de filiação. É o cha-
mado poslimínio.
326
Digesto Livro L – Título XVI
vulgo vocari, quae cum eo, cui uxor sit, cuja posse alguém reivindica judicial-
corpus misceat; quosdam eam, quae mente, pois só se pode reclamar o que
uxoris loco sine nuptiis in domo sit, é de sua propriedade.
quam pallakh.n Graeci vocant.
144. PAULO, Comentários à Lei Júlia
e Pápia, Livro X. — Escreve Massúrio,
145. ULPIANUS libro X. ad legem Iu- no Livro de Crônicas, que os antigos
liam et Papiam. — “Virilis”1 appella- chamavam “amásia” a mulher que, sem
tione interdum etiam totam heredi- ser esposa, vivia com alguém. Hoje é
tatem contineri, dicendum est. chamada de amiga e, mais corretamen-
te, concubina. Grânio Flaco, em livro
146. TERENTIUS CLEMENS libro II. que escreveu sobre o direito papiriano,
ad legem Iuliam et Papiam. — “Soce- diz que hoje o povo chama de amásia a
ri, socrus” appellatione avum quoque mulher que junta seu corpo com o de
et aviam uxoris vel mariti contineri, quem tem esposa; outros assim cha-
respondetur. mam a mulher que alguém tem em sua
casa sem ser casado com ela, que os
147. IDEM libro III. ad legem Iuliam gregos chamam palakén.
et Papiam. — Qui in continentibus ur-
bis nati sunt, Romae nati intelligantur. 145. ULPIANO, Comentários à Lei
Júlia e Pápia, Livro X. — O termo viril
148. GAIUS libro VIII. ad legem Iu- significa às vezes a totalidade de uma
liam et Papiam. — Non est sine libe- herança.
ris, cui vel unus filius, unave filia est;
haec enim enuntiatio: “habet liberos, 146. TERÊNCIO CLEMENTE, Co-
non habet liberos”, semper plurativo mentários à Lei Júlia e Pápia, Livro
numero profertur, sicut et pugillares, et III. — Os termos “sogro, sogra” alcan-
codicilli; çam tanto o avô como a avó da esposa
ou do marido.
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Livro L – Título XVI Digesto
ro: “quanto minus a Titio consecutus que não tem filhos quem tem um úni-
fuero, tantum dare spondes?” non so- co filho ou uma única filha, pois dizer
let dubitari, quin, si nihil a Titio fuero “ter filhos”, “não ter filhos” tem sempre
consecutus, totum debeas, quod Titius sentido plural, do mesmo modo que
debuerit. pugillares (taboinhas enceradas de es-
crever) e codicilos.
151. TERENTIUS CLEMENS libro V.
ad legem Iuliam et Papiam. — “De- 149. IDEM, Ibidem, Livro X. — pois,
lata” hereditas intelligitur, quam quis se não podemos dizer que a pessoa não
possit adeundo consequi. tem filho, logo temos de dizer que ela
tem filhos.
152. GAIUS libro X. ad legem Iuliam
et Papiam. — “Hominis” appellatione 150. IDEM, Ibidem, Livro IX. — Se eu
tam feminam, quam masculum conti- te puser esta condição: “Prometes dar-
neri, non dubitatur. -me tanto quanto de menos eu conse-
guir de Tício?”, não há por que duvidar
153. TERENTIUS CLEMENS libro XI. de que, se eu nada vier a receber de Tí-
ad legem Iuliam et Papiam. — Intelli- cio, tu me devas o total do que Tício me
gendus est mortis tempore fuisse, qui deve”.
in utero relictus est.
151. TERÊNCIO CLEMENTE, Co-
mentários à Lei Júlia e Pápia, Livro
154. MACER libro I. ad legem vicen- V. — Entende-se por herança deferida
simam. — “Mille passus” non a millia- a que pode ser recebida.
rio urbis, sed a continentibus aedificiis
numerandi sunt. 152. GAIO, Comentários à Lei Júlia e
Pápia, Livro X. — Não se discute que
155. LICINNIUS RUFINUS libro VII. o termo “homem” inclui tanto o gênero
Regularum. — “Proximi” appellatione masculino como o feminino.
etiam ille continetur, qui solus est.
153. TERÊNCIO CLEMENTE, Co-
156. IDEM libro X. Regularum. — mentários à Lei Júlia e Pápia, Livro
Maiore parte anni possedisse quis in- XI. — Entende-se como tendo existido
telligitur, etiamsi duobus mensibus quem, no momento da morte, foi dei-
possederit, si modo adversarius eius xado no ventre materno.
aut paucioribus diebus, aut nullis pos-
sederit. 154. MACER, Comentários à lei vin-
tena, Livro I. — “Mil passos” devem
157. AELIUS GALLUS libro I. de ver- ser contados não do miliário de Roma,
borum, quae ad ius pertinent, Signi- mas a partir de suas cercanias.
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Digesto Livro L – Título XVI
329
Livro L – Título XVI Digesto
156
Aureus é o nome específico de uma moeda
164. ULPIANUS libro XV. ad Sabi- romana, como “real”, “cruzeiro” etc. O bronze
num. — Nomen “filiarum” et in pos- (aer) era o metal utilizado para moedas fra-
tumam cadere quaestionis non est, cionárias, por isso mais populares. Daí sua
quamvis postumae non cadere in eam, universalização como sinômino de dinheiro.
Por exemplo: merere aera, ganhar dinheiro.
330
Digesto Livro L – Título XVI
quae iam in rebus humanis sit, certum 163. PAULO, Comentários a Sabino,
sit. Livro II. — Estas palavras optimus ma-
ximusque (o melhor e o maior) podem
§ 1. — “Partitionis” nomen non sem- referir-se a quem é único; assim tam-
per dimidium significat, sed prout est bém o Edito do Pretor considera como
adiectum; potest enim iuberi aliquis, et único um último testamento.
maximam partiri, posse et vicesimam,
et tertiam, et prout libuerit; sed si non § 1. O termo puer (menino) significa
fuerit portio adiecta, dimidia pars de- também puella (menina), pois também
betur. se chamam de “puérperas” (de puer,
menino) mulheres que acabam de dar
à luz. Os gregos têm um termo comum
paidíon (criança) para se referir aos
dois gêneros.
331
Livro L – Título XVI Digesto
167. ULPIANUS libro XXV. ad Sa- 166. IDEM, Ibidem, Livro VI. — Não
binum. — “Carbonum” appellatione é o local, mas a espécie de trabalho que
materiam non contineri, sed an ligno- distingue o escravo urbano do escravo
rum? Et fortassis quis dicet, nec ligno- rural. De fato, pode acontecer um ad-
rum; non enim lignorum gratia habuit. ministrador doméstico não estar in-
Sed et titiones, et alia ligna cocta, ne cluído entre escravos urbanos, como
fumum faciant, utrum ligno, an carbo- é o caso de quem faz a contabilidade
ni, an suo generi adnumerabimus? Et de bens rurais e vive no campo. Sua
magis est, ut proprium genus habeatur. situação não é muito diferente da de
“Sulphurata” quoque de ligno aeque um caseiro, mas quem cuida de casas
eandem habebunt definitionem. Ad fa- é contado entre os escravos urbanos.
ces quoque parata non erunt lignorum Deve-se, todavia, considerar quem o
appellatione comprehensa, nisi haec próprio senhor terá posto num lugar,
fuit voluntas. Idem et de nucleis oliva- o que transparecerá da função dos es-
rum, sed et de balanis est, vel si qui alii cravos e de seus imediatos. “Pernoitar”
nuclei. De pinu autem integri strobyli, fora da cidade significa não estar na ci-
ligni appellatione continebuntur. dade em nenhuma parte da noite, pois
o prefixo “per” significa toda a noite.
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Digesto Livro L – Título XVI
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Livro L – Título XVI Digesto
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Digesto Livro L – Título XVI
181. IDEM libro XXXV. ad Sabinum. 179. IDEM, Ibidem, Livro LI. — Não
— Verbum illud: “pertinere”, latissime há diferença alguma entre as expres-
patet; nam et iis rebus petendis aptum sões “quanto valerá isso” ou “quanto
est, quae dominii nostri sint, et iis, quas parece valer isso”, pois em ambas se faz
iure aliquo possideamus, quamvis non apenas real avaliação da coisa.
sint nostri dominii; pertinere ad nos
etiam ea dicimus, quae in nulla eorum 180. POMPÔNIO, Comentários a
causa sint, sed esse possint. Sabino, Livro XXX. — Tugurium (ca-
sebre) é um termo que expressa cons-
trução que se presta mais a depósito de
coisas rústicas do que edifício urbano.
182. ULPIANUS libro XXVII. ad
Edictum. — Paterfamilias liber pecu- § 1. Diz Ofílio que tugurium (casebre)
lium non potest habere, quemadmo- vem do radical de tectum (coberto), do
dum nec servus bona. verbo tego (cobrir), como se diz tegula-
rius (telhador), toga (veste) com a qual
nos cobrimos.
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Livro L – Título XVI Digesto
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Digesto Livro L – Título XVI
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Livro L – Título XVI Digesto
nando dictum, munus speciem; nam tende que os que se divorciam ficam
munus esse donum cum causa, utputa livres para seguir destinos diversos.
natalicium, nuptalicium.
192. ULPIANO, Comentários ao Edi-
to, Livro XXXVII. — Este aditivo “ou
195. IDEM libro XLVI. ad Edictum. mais” não implica valor infinito, mas
— Pronuntiatio sermonis in sexu mas- módico, como esta avaliação: “dez ou
culino ad utrumque sexum plerumque mais moedas de ouro”, referindo-se a
porrigitur. uma pequena soma.
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Digesto Livro L – Título XVI
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Livro L – Título XVI Digesto
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Digesto Livro L – Título XVI
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Livro L – Título XVI Digesto
203. IDEM libro VII. Digestorum. — pa” supõe não se tratar de culpa que
In lege censoria portus Siciliae ita scrip- implique ação pública ou pena capital.
tum erat: “Servos, quos domum quis
ducet suo usu, pro his portorium ne
dato”; quaerebatur, si quis a Sicilia ser- 201. IDEM, Ibidem, Livro LXXXI. —
vos Romam mitteret fundi instruendi Já respondemos várias vezes que, num
causa, utrum pro his hominibus por- entendimento corrreto, na denomi-
torium dare deberet, necne. Respondit, nação de “filho” está contido também
duas esse in hac scriptura quaestiones: o conceito de “filha de família”, como
primam, quid esset: “domum ducere”, também o de neto; e por “pai” se enten-
alteram, quid esset: “suo usu ducere”. da também o avô.
Igitur quaeri solere, utrum ubi quisque
habitaret, sive in provincia, sive in Ita- 202. ALFENO VARO, Digesto, Livro
lia, an duntaxat in sua cuiusque patria II. — Se está escrito num testamento
domus esse recte diceretur. Sed de ea que o herdeiro gaste pelo menos cem
re constitutum esse, eam domum uni- áureos no funeral ou no mausoléu, não
cuique nostrum debere existimari, ubi é lícito gastar menos; se, todavia, gastar
quisque sedes et tabulas haberet, sua- mais, é lícito, e não se considera estar
rumque rerum constitutionem fecisset. fazendo algo contra o testamento.
Quid autem esset: “usu suo”, magnam
habuisse dubitationem; et magis pla-
cet, quod victus sui causa paratum est, 203. IDEM, Ibidem, Livro VII. — Na
tantum contineri. Itemque de servis ea- lei alfandegária do porto da Sicília es-
dem ratione quaeri, qui eorum usus sui tava escrito: “Quem leva para casa es-
causa parati essent, utrum dispensato- cravos para uso próprio está isento de
res, insularii, villici, atrienses, testores, pagar taxa por eles”. Consultado sobre
operarii quoque rustici, qui agrorum se devia ou não pagar a taxa quem
colendorum causa haberentur, ex qui- despachasse escravos da Sicília para
bus agris paterfamilias fructus caperet, Roma, para cultivo de uma proprie-
quibus se toleraret, omnes denique dade, respondeu que, naquela norma-
servos, quos quisque emisset, ut ipse tiva, punham-se duas questões: o que
haberet, atque iis ad aliquam rem ute- significa “levar para casa” e, outra, o
retur, neque ideo emisset, ut venderet. que significa “para uso próprio”. O que
Et sibi videri, eos demum usus sui cau- constitui, porém, casa de alguém é ou-
sa patremfamilias habere, qui ad eius tra questão: o lugar onde mora, numa
corpus tuendum, atque ipsius cultum província, na Itália ou só em sua pátria.
praepositi destinatique essent; quo in É pacífico entender-se como casa o lu-
genere iunctores, cubicularii, coqui, gar onde se mora habitualmente, onde
ministratores, atque alii, qui ad eius- se tem o registro de seus bens e se de-
senvolvem suas atividades. Mas quanto
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Digesto Livro L – Título XVI
modi usum parati essent, numeraren- ao que significaria “para uso próprio”,
tur. houve muita discussão; prevaleceu,
porém, o entendimento de que signifi-
cava apenas o que fosse adquirido com
vista ao próprio sustento. Também se
perguntava, com relação aos escravos,
204. PAULUS libro II. Epitomarum quais deles teriam sido comprados
Alfeni. — “Pueri” appellatio tres sig- para esse fim, isto é, para administra-
nificationes habet: unam, quum om- dores, cobradores, caseiros, porteiros,
nes servos pueros appellaremus, alte- tecelões, trabalhadores rurais necessá-
ram, quum puerum contrario nomine rios para o cultivo de áreas das quais o
puellae diceremus, tertiam, quum aeta- pai de família tira seu sustento e todos
tem puerilem demonstraremus. os demais que alguém comprasse para
tê-los a seu serviço ou para usá-los em
alguma obra, e não para vender. Na sua
opinião, tratar-se-ia exclusivamente de
escravos adquiridos por um pai de fa-
205. IDEM libro IV. Epitomarum Al- mília para sua guarda e serviços pesso-
feni. — Qui fundum vendidit, pomum, ais, como massagistas, camareiros, co-
recepit; nuces et ficus, et uvas duntaxat zinheiros, serventes e outros serviços
duracinas, et purpureas, et quae eius dessa natureza.
generis essent, quas non vini causa ha-
beremus, quas Graeci trwxi,mouj [co- 204. PAULO, Epítome de Alfeno,
mestibiles] appellarent, recepta videri. Livro II. — O termo puer (menino)
tem três acepções: primeiro, quando
206. IULIANUS libro VI. ex Minicio. chamamos todos os escravos de “me-
— “Vinaria” vasa proprie vasa torcula- ninos”; segundo, quando chamamos
ria esse placet; dolia autem et serias ta- alguém de “menino” em contraposição
mdiu in ea causa esse, quamdiu vinum a “puella” (menina) e, terceiro, quando
haberent; quum sine vino esse desine- designamos alguém por sua idade pue-
rent, in eo numero non esse, quoniam ril.
ad alium usum transferri possent, velu-
ti si frumentum in his abdatur; eandem 205. IDEM, Ibidem, Livro IV. —
causam amphorarum esse, ut, quum Quem vendeu um terreno com reserva
vinum habeant, tum in vasis vinariis, das frutas por essas frutas só se enten-
quum inanes sint, tum extra numerum dem nozes e figos, uvas de pele dura e
vinariorum sint, quia aliud in his abdi as vermelhas, e uvas que não se pres-
possit. tam para vinho, que os gregos chamam
de troxímos (comestíveis).
343
Livro L – Título XVI Digesto
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Digesto Livro L – Título XVI
vero sine aedificio in urbe, “area”, rure querê-lo, pois o que foi ordenado pode
autem “ager” appellatur. Idemque ager ser feito devidamente contra a vontade
cum aedificio “fundus” dicitur. dele.
§ 2. — “Lata culpa” est nimia negligen- 213. IDEM, Regras, Livro I. — Cedere
tia, id est, non intelligere, quod omnes diem é o dia em que se começa a de-
intelligunt. ver, e venire diem, o dia em que a dívi-
da pode ser cobrada. Quando alguém
214. MARCIANUS libro I. publico- simplesmente tiver negociado, há o
rum Iudiciorum. — “Munus” proprie dia em que o valor é exigível e deve ser
est, quod necessarie obimus, lege, more pago; quando o negócio não tem prazo,
imperiove eius, qui iubendi habet po- corre a dívida, mas não há dia de ven-
testatem. “Dona” autem proprie sunt, cimento e, quando sob condição, não
quae nulla necessitate iuris, officii, há dia de vencimento enquanto não se
sed sponte praestantur; quae si non der a condição.
345
Livro L – Título XVI Digesto
215. PAULUS libro singulari ad le- 214. MARCIANO, Dos Juízos Públi-
gem Fusiam Caniniam. — “Potestatis” cos, Livro I. — Por munus (obrigação)
verbo plura significantur: in persona entende-se o que necessariamente fa-
magistratuum imperium, in persona zemos por força da lei, do costume ou
liberorum patria potestas, in persona do poder de quem pode mandar. Mas
servi dominium. At quum agimus de dona (presentes) significa propriamen-
noxae deditione cum eo, qui servum te o que, sem nenhuma obrigatorieda-
non defendit, praesentis corporis co- de de direito, de ofício, é dado espon-
piam facultatemque significamus. In taneamente, de modo que não dar não
lege Atinia in potestatem domini rem implica censura, mas, se dado, é motivo
furtivam venisse videri, et si eius vindi- de louvor. Em suma, porém, chegou-se
candae potestatem habuerit, Sabinus et à conclusão de que nem todo munus é
Cassius aiunt. entendido como presente, mas o que
for donum (presente) pode ser correta-
mente entendido como munus.
216. ULPIANUS libro I. ad legem Ae-
liam Sentiam. — Verum est, eum, qui 215. PAULO, Comentários à Lei Fú-
in carcere clusus est, non videri neque sia Canínia, Livro Único. — O termo
vinctum, neque in vinculis esse, nisi potestas (poder) tem muitas acepções:
corpori eius vincula sint adhibita. tratando-se de magistrados, significa
imperium (soberania); de filhos, pátrio
poder; e de escravos, domínio. Quan-
217. IAVOLENUS libro I. ex Posterio- do, porém, tratamos de reparação de
ribus Labeonis. — Inter illam condi- dano com senhor que não disciplina
tionem: “quum fari potuerit”, et “pos- seu escravo, entendemos isso como fa-
tquam fari potuerit”, multum interest; culdade de entregá-lo. Dizem Sabino e
nam posteriorem scripturam uberio- Cássio que, pela Lei Atínia, considera-
rem esse constat, at “quum fari potue- -se como tendo voltado ao poder do
rit”, artiorem, et id tantummodo tem- dono a coisa cuja posse tinha o poder
pus significari, quo primum fari possit. de reivindicar.
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Digesto Livro L – Título XVI
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Livro L – Título XVI Digesto
228. IDEM libro singulari de Cogni- 226. PAULO, Manual, Livro I. — Mag-
tionibus. — “Municipes” intelligendi na negligentia (grande negligência) é
sunt, et qui in eodem municipio nati culpa; magna culpa (grave falta) é dolo.
sunt.
227. IDEM, Ibidem, Livro II. — A
229. IDEM libro singulari de tacitis posse de bens do herdeiro necessário
fideicommissis. — “Transacta fini- não será transferida a seus herdeiros,
tave” intelligere debemus non solum, não será deferida a posse de bens a her-
quibus controversia fuit, sed etiam, deiros do herdeiro.
quae sine controversia sint possessa;
§ 1. Do mesmo modo, na substituição,
com estas palavras: “quem quer que
venha a ser meu herdeiro”, entende-se
230. IDEM libro singulari ad Sena- somente o herdeiro necessário, e não
tusconsultum Orphitianum. — ut apenas esse, mas também o que tiver
sunt iudicio terminata, transactione sido instituído.
composita, longioris temporis silentio
finita. 228. IDEM, Das Jurisdições, Livro
Único. — Por “munícipes” entendem-
231. IDEM libro singulari ad Sena- -se todos os nascidos num mesmo mu-
tusconsultum Tertullianum. — Quod nicípio.
dicimus, eum, qui nasci speratur, pro
superstite esse, tunc verum est, quum
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Digesto Livro L – Título XVI
de ipsius iure quaeritur; aliis autem 229. IDEM, Dos Fideicomissos Táci-
non prodest, nisi natus. tos, Livro Único. — Devemos entender
por transacta finitave (concluídas e en-
cerradas) não só questões em torno das
232. GAIUS libro I. de verborum quais houve controvérsia de posse, mas
Obligationibus. — Haec enuntiatio: também aquelas sobre as quais não
“quae sunt pluris aureorum triginta”, haja controvérsia;
simul et quantitatis et aestimationis
significativa est. 230. IDEM, Comentário ao Senatus-
-consulto orficiano, Livro Único. —
233. IDEM libro I. ad legem duode- como são as transitadas em juízo, as
cim Tabularum. — SI CALVITUR ET resolvidas por negociação e as extintas
MORETUR, ET FRUSTRETUR; inde por prescrição.
et calumniatores appellati sunt, quia
per fraudem et frustrationem alios ve- 231. IDEM, Comentário ao Senátus-
xarent litibus; inde et cavillatio dicta -consulto tertuliano, Livro Único.
est. — O fato de se considerar o nascituro
como já nascido, quando se trata de di-
§ 1. — Post kalendas Ianuarias die ter- reito próprio, não se aplica quando se
tio pro salute Principis vota suscipiun- trata do direito de outros. Nesse caso,
tur. só depois de nascido.
351
Livro L – Título XVI Digesto
plei/stoi de. kai. li,qoi. [Et tela simul fe- § 2. Conhece-se geralmente como te-
rebantur: hastae, sagittae, fundae, plu- lum (dardo) o que é atirado por arco.
rimi etiam lapides]. Et id, quod ab arcu Hoje, porém, significa tudo o que é ati-
mittitur, apud Graecos quidem proprio rado pela mão. Daí também pedra, pau
nomine to,xeuma [sagitta] vocatur, apud e ferro estarem contidos nesse termo.
nos autem communi nomine telum Esse termo telum vem da expressão
appellatur. grega — apó tu telu, de longe. E pode-
mos também encontrar essa significa-
234. IDEM libro II. ad legem duode- ção no termo grego, pois o que nós cha-
cim Tabularum. — Quos nos “hostes” mamos telum eles chamam bélos, que,
appellamus, eos veteres “perduelles” na linguagem comum, tem o mesmo
appellabant, per eam adiectionem in- sentido, isto é, o que é atirado de arco;
dicantes, cum quibus bellum esset. mas não significa menos o que é atira-
do pela mão: apó tu bálestai (atirar com
a mão). Xenofonte assim nos informa:
§ 1. — “Locuples” est, qui satis idonee “Além de dardos, traziam também lan-
habet pro magnitudine rei, quam actor ças, setas, fundas e muitas pedras”. E o
restituendam esse petit. que é atirado de arco os gregos chama-
vam por seu próprio nome tóxeuma
(seta). Nós o chamamos pelo nome co-
§ 2. — Verbum “vivere” quidam putant mum de telum, dardo.
ad cibum pertinere; sed Ofilius ad At-
ticum ait, his verbis et vestimenta, et
stramenta contineri; sine his enim vi-
vere neminem posse.
235. IDEM libro III. ad legem duo- 234. IDEM, Comentários à Lei das
decim Tabularum. — “Ferri” proprie XII Tábuas, Livro II. — O que nós
dicimus, quae quis suo corpore baiulat, chamamos hostes (hostes) os antigos
“portari” ea, quae quis iumento secum chamavam perduelles (inimigos figa-
ducit, “agi” ea, quae animalia sunt. dais), indicando com isso a espécie de
inimigos contra quem guerreavam.
236. IDEM libro IV. ad legem duode- § 2. Para alguns, o termo “viver” diz
cim Tabularum. — Qui “venenum” respeito a alimento, mas Ofílio diz a
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Digesto Livro L – Título XVI
dicit, adiicere debet, utrum malum, Ático que essa palavra implica também
an bonum; nam et medicamenta vene- vestuário e agasalho, sem o que nin-
na sunt, quia eo nomine omne conti- guém pode viver.
netur, quod adhibitum naturam eius,
cui adhibitum esset, mutat. Quum id, 235. IDEM, Ibidem, Livro II. — En-
quod nos venenum appellamus, Grae- tendemos por ferri (ser levado) aquilo
ci fa,rmakon dicunt, apud illos quoque que se traz sobre o corpo, e por portari
tam medicamenta, quam quae nocent, (ser transportado) o que é levado con-
hoc nomine continentur; unde adiec- sigo, mas sobre um jumento, e por agi
tione alterius, nomine distinctio fit. (ser conduzido) quando se trata de ani-
Admonet nos summus apud eos poe- mais.
tarum Homerus; nam sic ait: fa,rmaka
polla. me.n evsqla. memigme,na polla. de. § 1. Chamamos de faber tignarius (car-
lugra,. [Venena multa quidem bona pinteiro) não só quem lavra madeira,
mixta, multa autem mala.] mas todo trabalhador de construção.
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Livro L – Título XVI Digesto
verum esse, quidam putant, pignus 237. IDEM, Ibidem, Livro V. — Uma
proprie rei mobilis constitui. lei com dois termos negativos parece
mais permitir do que proibir, adverte
Sérvio.
§ 3. — “Noxae” appellatione omne de-
lictum continetur.
238. IDEM, Ibidem, Livro VI. — “Ple-
239. POMPONIUS libro singulari En- be” são os demais cidadãos, fora os se-
chiridii. — “Pupillus” est, qui, quum nadores.
impubes est, desiit in patris potestate
esse aut morte, aut emancipatione. § 1. Detestatum (notificação com tes-
§ 1. — “Servorum” appellatio ex eo flu- temunhas) equivale a denúncia com
xit, quod Imperatores nostri captivos prova.
vendere, ac per hoc servare, nec occi-
dere solent. § 2. Pignus (penhor) vem de pugnus
(punho), porque o que é dado como
penhor é entregue com a mão. Daí po-
§ 2. — “Incola” est, qui aliqua regione der ser também verdadeira a opinião
domicilium suum contulit, quem Gra- de alguns para os quais penhor consti-
eci pa,roikon [accolam] appellant. Nec tui-se propriamente coisa móvel.
tantum hi, qui in oppido morantur, in-
colae sunt, sed etiam qui alicuius oppi- § 3. Por noxa (dano, agravo) compre-
di finibus ita agrum habent, ut in eum ende-se todo delito.
se, quasi in aliquam sedem, recipiant.
239. POMPÔNIO, Manual, Livro
Único. — Pupillus (órfão, pupilo) é o
impúbere que deixou de estar sob o pá-
§ 3. — “Munus publicum” est, officium trio poder por morte ou emancipação.
privati hominis, ex quo commodum ad § 1. O nome servus (escravo) vem do
singulos universosque cives, remque fato de nossos generais venderem pri-
eorum imperio magistratus extraordi- sioneiros de guerra e, por isso, costu-
nario pervenit. mavam conservá-los (servare), e não os
matar.
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Digesto Livro L – Título XVI
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Digesto Livro L – Título XVI
eo genere praesens satis apte appellari ria, ou placas presas por correntes ou
potest. embutidas em paredes, ou se há can-
delabros pendurados, nada disso faz
§ 1. — “Restitui” non tantum, qui so- parte da construção, pois ali são postos
lum corpus, sed etiam qui omnem rem com o objetivo de ornar, e não como
conditionemque reddita causa praes- acabamento.
tet; et tota restitutio iuris est interpre-
tatio. § 1. Diz o mesmo Labeão que o vestí-
bulo, que às vezes se acrescenta às ca-
sas, faz parte da casa.
359
Digesto Livro L – Título XVI e XVII
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Digesto Livro L – Título XVII
cuiusque rei eum sequi, quem sequen- quem quis transferir a herança para
tur incommoda. outro.
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Livro L – Título XVII Digesto
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Digesto Livro L – Título XVII
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Livro L – Título XVII Digesto
25. POMPONIUS libro XI. ad Sabi- mais ou para menos em cada contrato,
num. — Plus cautionis in re est, quam pois se observará o que se estabeleceu
in persona. no início, pois o contrato cria uma lei,
a menos que, segundo Celso, o contra-
26. ULPIANUS libro XXX. ad Sabi- to não seja válido, se ficou estabelecido
num. — Qui potest invitis alienare, que nenhuma fraude será cometida,
multo magis et ignorantibus, et absent- pois isso é contrário à boa-fé que faz
ibus potest. parte de todo contrato. E assim obser-
vamos. Mas acidentes com animais, e
27. POMPONIUS libro XVI. ad Sa- mortes, que acontecem sem culpa, fuga
binum. — Nec ex praetorio, nec ex de escravos que não costumam ser cus-
solenni iure privatorum conventione todiados, pilhagem, motins, incêndios,
quicquam immutandum est, quamvis enchentes, ataques de bandidos não
obligationum causae pactione pos- são da responsabilidade de nenhuma
sint immutari et ipso iure, et per pacti das partes.
conventi exceptionem, quia actionum
modus vel lege, vel per Praetorem in- 24. PAULO, Comentários a Sabino,
troductus privatorum pactionibus non Livro V. — Até que ponto algo é do
infirmatur, nisi tunc, quum inchoatur interesse de alguém é questão de fato,
actio, inter eos convenit. não de direito.
364
Digesto Livro L – Título XVII
31. IDEM libro XLII. ad Sabinum. particulares, a não ser quando acorda-
— Verum est, neque pacta, neque sti- do entre as partes no início da ação.
pulationes factum posse tollere; quod
enim impossibile est, neque pacto, ne- 28. ULPIANO, Comentários a Sabi-
que stipulatione potest comprehendi, no, Livro XXXVI. — O imperador Pio
ut utilem actionem aut factum efficere determinou, por rescrito, que aqueles
possit. que, ao firmar acordos, são processa-
dos por liberalidade, só devem ser con-
32. IDEM libro XLIII. ad Sabinum. denados a fazer o que podem.
— Quod attinet ad ius civile, servi pro
nullis habentur; non tamen et iure na- 29. PAULO, Comentários a Sabino,
turali, quia, quod ad ius naturale atti- Livro VII. — O que é irregular desde
net, omnes homines aequales sunt. o início não se convalida com o passar
do tempo.
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Digesto Livro L – Título XVII
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Livro L – Título XVII Digesto
obligatio est; ceterum si dolus et calli- 44. IDEM, Ibidem, Livro XXIX. —
ditas intercessit, de dolo actio compe- Sempre que movemos ação contra um
tit. herdeiro pelo que lhe tocou em heran-
ça, a ação visa o que é reclamado por
§ 1. — Socii mei socius, meus socius dolo do falecido e não o que é propria-
non est. mente do herdeiro.
48. PAULUS libro XXXV. ad Edic- 45. IDEM, Ibidem, Livro XXX. —
tum. — Quid quid in calore iracundiae Não há penhor, nem depósito, nem
vel fit, vel dicitur, non prius ratum est, empréstimo, nem compra, nem loca-
quam si perseverantia apparuit, iudi- ção quando se trata de bem próprio.
cium animi fuisse; ideoque brevi rever-
sa uxor nec divortisse videtur. § 1. Acordo entre particulares não der-
roga o direito público.
368
Digesto Livro L – Título XVII
55. GAIUS libro II. de testamentis ad 51. GAIO, Comentários ao Edito, Li-
Edictum urbicum. — Nullus videtur vro XV. — Não se considera adquirido
dolo facere, qui suo iure utitur. o que necessariamente deve ser restitu-
ído a outrem.
369
Livro L – Título XVII Digesto
164
O artigo parece referir-se a ação de delito de
filho em matéria de pecúlio. Ver Glossário,
pecúlio.
370
Digesto Livro L – Título XVII
68. PAULUS libro singulari de dotis 65. IDEM, Ibidem, Livro LIV. — O
repetitione. — In omnibus causis id perigo do sofisma, que os gregos cha-
observatur, ut, ubi personae conditio mam soríten (silogismo desordenado)
locum facit beneficio, ibi deficiente ea é que de proposições evidentemente
beneficium quoque deficiat, ubi vero verdadeiras se chega, com pequenas al-
genus actionis id desiderat, ibi ad que- terações, a proposições evidentemente
mvis persecutio eius devenerit, non de- falsas.
ficiat ratio auxilii.
66. IDEM, Digesto, Livro LX. — Se-
69. IDEM libro singulari de assig- gundo Marcelo, deixa de ser devedor
natione libertorum. — Invito benefi- quem consegue justa exceção que não
cium non datur. se afasta da equidade natural.
371
Livro L – Título XVII Digesto
§ 2. — “Vi” factum id videtur esse, não pode ser resolvido por simples re-
qua de re quis, quum prohibetur, fecit; querimento.
“clam”, quod quisque, quum controver-
siam haberet, habiturumve se putaret, 72. JAVOLENO, Obras Póstumas de
fecit. Labeão, Livro III. — É renda de uma
coisa o que pode ser dado em penhor.
§ 3. — Quae in testamento ita sunt
scripta, ut intelligi non possint, perinde 73. QUINTO MÚCIO CÉVOLA, Das
sunt, ac si scripta non essent. Normas, Livro Único. — A quem se dá
tutela a esse pertence a herança, a me-
§ 4. — Nec paciscendo, nec legem di- nos que entre os herdeiros haja mulhe-
cendo, nec stipulando quisquam alteri res.
cavere potest.
§ 1. Ninguém pode dar tutor a alguém
a não ser que, ao morrer, o tenha entre
74. PAPINIANUS libro I. Quaestio- seus próprios herdeiros ou haveria de
num. — Non debet alteri per alterum ter se ainda vivesse.
iniqua conditio inferri.
§ 2. Considera-se feito a força o que al-
guém faz apesar de proibido; “às escon-
75. IDEM libro III. Quaestionum. — didas,” o que alguém faz sabendo que é
Nemo potest mutare consilium suum discutível ou que haverá de sê-lo.
in alterius iniuriam.
76. IDEM libro XXIV. Quaestionum. § 3. O que está escrito num testamento
— In totum omnia, quae animi desti- de maneira ininteligível é como se não
natione agenda sunt, non nisi vera et tivesse sido escrito.
certa scientia perfici possunt.
§ 4. Ninguém pode onerar uma pessoa
com relação a outra nem por pacto,
77. IDEM libro XXVIII. Quaestio- nem por contrato nem estabelecendo
num. — Actus legitimi, qui non reci- condições.
piunt diem, vel conditionem, veluti
emancipatio, acceptilatio, hereditatis 74. PAPINIANO, Questões, Livro I.
aditio, servi optio, datio tutoris, in to- — Não se deve impor condição desfa-
tum vitiantur per temporis vel condi- vorável a uma terceira pessoa por meio
tionis adiectionem. Nonnunquam ta- de outra.
men actus suprascripti tacite recipiunt,
quae aperte comprehensa vitium affe-
runt; nam si acceptum feratur ei, qui
372
Digesto Livro L – Título XVII
sub conditione promisit, ita demum 75. IDEM, Ibidem, Livro III. — Não
egisse aliquid acceptilatio intelligitur, se pode mudar de parecer para preju-
si obligationis conditio extiterit; quae si dicar alguém.
verbis nominatim acceptilationis com-
prehendatur, nullius momenti faciet 76. IDEM, Ibidem, Livro XXIV. —
actum. Tudo o que, em geral, deve ser feito
com firme determinação não o pode
ser se não com pleno e perfeito conhe-
cimento de causa.
78. IDEM libro XXXI. Quaestionum.
— Generaliter, quum de fraude dispu- 77. IDEM, Ibidem, Livro XXVIII.
tatur, non quid habeat actor, sed quid — Atos legais que não dependem de
per adversarium habere non potuerit, tempo nem de condição, como eman-
considerandum est. cipação, aceptilação, nomeação de
herdeiro, escolha de escravo, dação de
79. IDEM libro XXXII. Quaestio- tutor, são em geral prejudicadas por
num. — Fraudis interpretatio semper aditamento de tempo ou condição. Às
in iure civili non ex eventu duntaxat, vezes, porém, se admitem tacitamente
sed ex consilio quoque desideratur. ações como as supracitadas, embora,
se publicamente expressas, produzam
80. IDEM libro XXXIII. Quaestio- algum vício. Pois se se declara como
num. — In toto iure generi per spe- recebido o que foi prometido sob con-
ciem derogatur, et illud potissimum dição, entende-se que a aceptilação só
habetur, quod ad speciem directum est. produziu seu efeito após atendida a
condição estabelecida; o que, se enten-
81. IDEM libro III. Responsorum. dido verbalmente no sentido de acepti-
— Quae dubitationis tollendae causa lação, tornará a ação totalmente inváli-
contractibus inseruntur, ius cummune da.
non laedunt.
78. IDEM, Ibidem, Livro XXXI. —
82. IDEM libro IX. Responsorum. — Em geral, quando se trata de fraude,
Donari videtur, quod nullo iure cogen- deve-se considerar não o que tem o
te conceditur. autor, mas o que poderia ter tido não
fosse o adversário.
83. IDEM libro II. Definitionum. —
Non videntur rem amittere, quibus 79. IDEM, Ibidem, Livro XXXII. —
propria non fuit. No direito civil sempre se busca a in-
terpretação da fraude não apenas no
84. PAULUS libro III. Quaestionum. que é feito, mas também na intenção.
— Quum amplius solutum est, quam
373
Livro L – Título XVII Digesto
debebatur, cuius pars non invenitur, 80. IDEM, Ibidem, Livro XXXIII. —
quae repeti possit, totum esse indebi- Em todo o direito, a espécie precede o
tum intelligitur, manente pristina obli- gênero, sobretudo no que se refere di-
gatione. retamente a espécie.
§ 1. — Is natura debet, quem iure gen- 81. IDEM, Respostas, Livro III. — O
tium dare oportet, cuius fidem secuti que se insere nos contratos para elimi-
sumus. nar dúvidas não prejudica o direito co-
mum.
85. IDEM libro VI. Quaestionum. —
In ambiguis pro dotibus respondere 82. IDEM, Ibidem, Livro IX. — En-
melius est. tende-se por doação o que é dado sem
nenhuma obrigação legal.
§ 1. — Non est novum, ut, quae semel
utiliter constituta sunt, durent, licet ille 83. IDEM, Definições, Livro II. —
casus exstiterit, a quo initium capere Não se considera perdido o que não era
non potuerunt. possuído como coisa própria.
374
Digesto Livro L – Título XVII
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Livro L – Título XVII Digesto
96. MAECIANUS libro XII. Fidei- desde que não obrigue tanto o devedor
commissorum. — In ambiguis oratio- como o fiador.
nibus maxime sententia spectanda est
eius, qui eas protulisset. 93. MECIANO, Fideicomissos, Livro
I. — Não se considera admissível que
97. HERMOGENIANUS libro III. Iu- um filho de família mantenha, recupe-
ris Epitomarum. — Ea sola deporta- re ou consiga a posse de algo adquirido
tionis sententia aufert, quae ad fiscum com um pecúlio165.
perveniunt.
94. ULPIANO, Fideicomissos, Livro
II. — O que excede não costuma viciar
um documento.
376
Digesto Livro L – Título XVII
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Livro L – Título XVII Digesto
110. IDEM libro VI. ad Edictum. — In 106. IDEM, Ibidem, Livro II. — A li-
eo, quod plus sit, semper inest et minus. berdade é coisa inestimável.
111. GAIUS libro II. ad Edictum pro- § 1. Quem é responsável por coisa
vinciale. — Pupillum, qui proximus alheia, não é considerado idôneo se
pubertati sit, capacem esse et furandi, não der caução.
et iniuriae faciendae.
§ 2. Não se entende que um tutelado
§ 1. — In heredem non solent actiones possa consentir.
transire, quae poenales sunt ex malefi- § 3. Quando os termos não são con-
cio, veluti furti, damni iniuriae, vi bo- juntivos, basta fazer uma coisa ou a ou-
norum raptorum, iniuriarum. tra.
166
O escravo não tem direitos civis.
378
Digesto Livro L – Título XVII
117. PAULUS libro XI. ad Edictum. — § 1. Não pode ser considerado como
Praetor bonorum possessorem heredis adquirente quem por exceção pode ser
loco in omni causa habet. afastado da negociação.
116. ULPIANO, Comentários ao Edi-
to, Livro XI. — Nada é tão contrário
118. ULPIANUS libro XII. ad Edic- ao consentimento, que se sustenta em
tum. — Qui in servitute est, usucapere ações de boa-fé, quanto a violência e o
non potest; nam quum possideatur, medo; aprová-lo é contra os bons cos-
possidere non videtur. tumes.
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Livro L – Título XVII Digesto
167
Repetição do artigo 106 deste Título.
380
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Livro L – Título XVII Digesto
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Digesto Livro L – Título XVII
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Livro L – Título XVII Digesto
148. PAULUS libro XVI. Brevis Edic- 145. IDEM, Ibidem, Livro LXVI. —
ti. — Cuius effectus omnibus prodest, Ninguém parece fraudar a quem sabe
eius et partes ad omnes pertinent. e consente.
384
Digesto Livro L – Título XVII
385
Livro L – Título XVII Digesto
“aut si rei quoque in ea re dolo actum de um modo adquirimos por atos con-
sit”. Illi debet permitti poenam petere, trários perdemos. Portanto, do mesmo
qui in ipsam non incidit. modo que nada pode ser adquirido
sem intenção e posse, do mesmo modo
nada se perde a não ser por atos em
sentido contrário.
155. PAULLUS libro LXV. ad Edic-
tum. — Factum cuique suum, non ad- 154. ULPIANO, Comentários ao Edi-
versario nocere debet. to, Livro LXX. — Quando o crime de
dois é igual, o demandante é sempre
§ 1. — Non videtur vim facere, qui iure onerado e se considera melhor a causa
suo utitur, et ordinaria actione experi- do possuidor, como acontece quando
tur. se opõe a exceção de dolo do deman-
dante, pois não lhe é dada esta réplica:
§ 2. — In poenalibus causis benignius “ou se também nessa questão o réu te-
interpretandum est. nha agido com dolo”. Ao demandado é
dado pedir a punição na qual ele pró-
156. ULPIANUS libro LXX. ad Edic- prio não incorreu.
tum. — Invitus nemo rem cogitur de-
fendere. 155. PAULO, Comentários ao Edito,
Livro LXV. — O feito deve prejudicar a
quem o fez e não ao adversário.
§ 1. — Cui damus actiones, eidem et
exceptionem competere multo magis § 1. Não se considera que faça uso da
quis dixerit. força quem faz uso de seu direito e re-
corre a uma ação ordinária.
§ 2. — Quum quis in alterius locum
successerit, non est aequum, ei nocere § 2. Nas questões penais a interpreta-
hoc, quod adversus eum non nocuit, in ção deve ser mais benigna.
cuius locum successit.
156. ULPIANO, Comentários ao Edi-
§ 3. — Plerumque emtoris eadem cau- to, Livro LXX. — Ninguém é obriga-
sa esse debet circa petendum ac defen- do a defender uma questão contra sua
dendum, quae fuit auctoris. vontade.
386
Digesto Livro L – Título XVII
facinoris vel sceleris, ignoscitur servis, § 2. Quando uma pessoa sucede a ou-
si vel dominis, vel his, qui vice domi- tra não é justo que a prejudique o que
norum sunt, veluti tutoribus et curato- não prejudicou a pessoa a quem suce-
ribus, obtemperaverint. deu.
387
Livro L – Título XVII Digesto
388
Digesto Livro L – Título XVII
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Livro L – Título XVII Digesto
§ 3. — Dolo facit, qui petit, quod re- 173. IDEM, Ibidem, Livro VI. — Na
dditurus est. punição de pessoas condenadas a pa-
gar o que podem, não devem ser priva-
174. IDEM libro VIII. ad Plautium. — das de todos os seus bens, mas se levem
Qui potest facere, ut possit conditioni em conta suas necessidades, para não
parere, iam posse videtur. se tornarem indigentes.
§ 1. Quando na lei se fala “restituas”,
ainda que não se refira especialmente
§ 1. — Quod quis, si velit, habere non a renda, mesmo assim as rendas devem
potest, id repudiare non potest. ser também restituídas.
175. IDEM libro XI. ad Plautium. — § 2. Cada qual responda por sua pró-
In his, quae officium per liberas fieri pria mora, o que é também observado
personas leges desiderant, servus in- quando são dois os réus devedores.
tervenire non potest.
§ 3. Age dolosamente quem reivindica
§ 1. — Non debeo melioris conditionis o que haverá de devolver.
esse, quam auctor meus, a quo ius in
me transit. 174. IDEM, Ibidem, Livro VII. —
Aquele que pode fazer que se cumpra
390
Digesto Livro L – Título XVII
178. IDEM libro XV. ad Plautium. 176. IDEM, Ibidem, Livro XII. — Não
— Quum principalis causa non con- deve ser concedido a indivíduos o que
sistat, plerumque ne ea quidem, quae é da atribuição pública dos magistra-
sequuntur, locum habent. dos, para evitar desordens.
391
Livro L – Título XVII Digesto
183. MARCELUS libro III. Digesto- 179. IDEM, Ibidem, Livro XVI. —
rum. — Et si nihil facile mutandum est Em caso de obscuridade com relação
ex solennibus, tamen, ubi aequitas evi- à vontade do alforriador, favoreça-se a
dens poscit, subveniendum est. liberdade.
185. IDEM libro VIII. Digestorum. — 182. IDEM, Ibidem, Livro I. — O que
Impossibilium nulla obligatio est. não pode ser de ninguém, por nenhu-
ma obrigação pode tornar-se de al-
guém.
186. IDEM libro XII. Digestorum. —
Nihil peti potest ante id tempus, quo 183. MARCELO, Digesto, Livro III. —
per rerum naturam persolvi possit. Embora nada se mude facilmente no
Et quum solvendi tempus obligationi rito processual, convém atentar para os
additur, nisi eo praeterito, peti non po- casos em que a manifesta equidade o
test. exige.
184. CELSO, Digesto, Livro VII. —
187. IDEM libro XVI. Digestorum. — Não há desculpa que justifique o vão
Si quis praegnantem uxorem reliquit, temor.
non videtur sine liberis decessisse.
185. IDEM, Ibidem, Livro VIII. —
Não há obrigação com relação a coisas
188. IDEM libro XVII. Digestorum. impossíveis.
— Ubi pugnantia inter se in testamento
iuberentur, neutrum ratum est. 186. IDEM, Ibidem, Livro XII. —
Nada se pode demandar antes do tem-
po em que, pela natureza das coisas,
§ 1. — Quae rerum natura prohiben- pode ser pago. E quando se acrescenta
tur, nulla lege confirmata sunt. prazo, não se pode reclamar antes de
decorrido.
392
Digesto Livro L – Título XVII
189. IDEM libro XIII. Digestorum. 187. IDEM, Ibidem, Livro XVI. —
— Pupillus nec velle, nec nolle in ea Quem deixa uma esposa grávida não
aetate, nisi apposita tutoris auctoritate, se considera como tendo morrido sem
creditur; nam quod animi iudicio fit, in filhos.
eo tutoris auctoritas necessaria est.
188. IDEM, Ibidem, Livro XVII. —
Quando num testamento figuram duas
disposições que se contradizem ne-
190. IDEM libro XXIV. Digestorum. nhuma delas é válida.
— Quod evincitur, in bonis non est.
§ 1. O que é proibido pela natureza das
191. IDEM libro XXXIII. Digesto- coisas não é retificado por nenhuma
rum. — Neratius consultus, an, quod lei.
beneficium dare se, quasi viventi, Ca-
esar rescripserat, iam defuncto dedis- 189. IDEM, Ibidem, Livro XIII. — É
se existimaretur, respondit, non videri comumente aceito que um tutelado,
sibi, Principem, quod ei, quem vivere pela idade, não tem a faculdade de que-
existimabat, concessisset, defuncto rer nem de não querer, a não ser com a
concessisse; quem tamen modum esse autorização do tutor, pois naquilo que
beneficii sui vellet, ipsius aestimatio- implica capacidade de tomar decisão,
nem esse. faz-se necessária a autoridade do tutor.
192. MARCELLUS libro XXIX. Diges- 190. IDEM, Ibidem, Livro XXIV. — O
torum. — Ea, quae in partes dividi non que é desapropriado pela justiça não
possunt, solida a singulis heredibus de- faz parte dos bens.
bentur. 191. IDEM, Ibidem, Livro XXXIII. —
Consultado sobre se teria efeito bene-
§ 1. — In re dubia benigniorem inter- fício concedido por César, em rescrito,
pretationem sequi, non minus iustius a pessoa já morta, mas que supunha
est, quam tutius. viva, respondeu Nerásio que o que
César tivesse concedido a um morto,
193. CELSUS libro XXXVIII. Diges- acreditando-o vivo, tinha plena vali-
torum. — Omnia fere iura heredum dade, mas seria de sua alvitre definir a
perinde habentur, ac si continuo sub extensão do benefício concedido.
tempus mortis heredes extitissent.
393
Livro L – Título XVII Digesto
394
Digesto Livro L – Título XVII
205. IDEM libro XXXIX. ad Quintum 202. IDEM, Ibidem, Livro XI. — Toda
Mucium. — Plerumque fit, ut etiam definição em direito civil é perigosa,
ea, quae nobis abire possint, proinde in pois é pouco provável que não possa
eo statu sint, atque si non essent eius ser contestada.
conditionis, ut abire possent; et ideo,
quod fisco obligamus, et vindicare in- 203. POMPÔNIO, Comentários a
terdum, et alienare, et servitutem in Quinto Múcio, Livro VIII. — É inad-
praedio imponere possumus. missível que alguém se queixe do dano
que sofre por sua própria culpa.
206. IDEM libro IX. ex variis Lec- 204. IDEM, Ibidem, Livro XXVIII. —
tionibus. — Iure naturae aequum est, É melhor possuir a coisa do que recla-
neminem cum alterius detrimento et má-la.
iniuria fieri locupletiorem.
205. IDEM, Ibidem, Livro XXXIX.
207. ULPIANUS libro I. ad legem — É comum também que coisas que
Iuliam et Papiam. — Res iudicata pro nos podem ser tiradas se encontrem,
veritate accipitur. depois, em condição de não poder nos
faltar; portanto o que empenhamos ao
208. PAULUS libro III. ad legem fisco podemos, nesse ínterim, reivindi-
Iuliam et Papiam. — Non potest videri car, alienar e destinar a servidão quan-
desiisse habere, qui nunquam habuit. do se trata de bem imóvel.
395
Livro L – Título XVII Digesto
209. ULPIANUS libro IV. ad legem guém se torne mais rico em detrimento
Iuliam et Papiam. — Servitutem mor- e prejuízo de outrem.
talitati fere comparamus.
207. ULPIANO, Comentários à Lei
210. LICINIUS RUFINUS libro II. Re- Júlia e Pápia, Livro XVII. — A coisa
gularum. — Quae ab initio inutilis fuit julgada seja aceita como a verdade.
institutio, ex postfacto convalescere
non potest. 208. PAULO, Comentários à Lei Jú-
lia e Pápia, Livro III. — Não pode ser
211. PAULUS libro LXIX. ad Edi ctum. considerado como tendo deixado de
— Servus reipublicae causa abesse non ter quem nunca teve.
potest.
209. ULPIANO, Comentários à Lei
Júlia e Pápia, Livro IV. — A escravidão
é uma espécie de morte.
396
Digesto Livro L – Título XVII
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BREVES DADOS BIOGRÁFICOS DE ALGUNS
JURISCONSULTOS ROMANOS CITADOS PELO DIGESTO
AFRICANUS (Sextus Cecilius Africanus)
Jurisconsulto romano do sec. II.
CÁSSIO (Gaius Casius Longius)
Jurisconsulto do séc. I, foi cônsul no ano 30, procônsul na Ásia e governador
da Síria entre 40-41. Banido por Nero para a ilha de Sardenha e absolvido por Ves-
pasiano, morreu em idade avançada. Foi discípulo de Massúrio Sabino, com quem
fundou uma escola de direito, cujos seguidores chamavam-se cassianos. Sua obra
principal, Libri Iuris Civilis, em dez volumes, é frequentemente citada no Digesto.
CALÍSTRATO
Jurisconsulto sob o reinado dos imperadores Septímio Severo e Caracala (197-
214).
CELSO (Celsus P. Juventius)
Nascido em 67, morreu em 130. Suas obras só sobrevivem em citações de ou-
tros autores. Gozou de favores dos imperadores Nerva e Trajano (96-117).
CÉVOLA (Quintus Mucius Scaevola)
Jurisconsulto que tem fragmentos de suas obras citados pelo Digesto. Cícero o
louva por sua eloquência e saber jurídico. Quintas Mucius Scaevola nasceu no sec.
II a.C, filho de Publius Mucius Scaevola, que, como cônsul em 132 a.C, opôs-se
decididamente à carnificina que os patrícios intentavam contra os Gracos.
GAIO (Gaius)
Foi contemporâneo dos imperadores Antonino Pio e Marco Aurélio (117-168).
Parece ter residido fora de Roma. É autor de várias obras, das quais não restam se-
não fragmentos citados pelo Digesto. Todavia, suas Institutiones, compostas em 161
e que serviriam de base para as Instituta de Justiniano, no século VI, encontram-se
preservadas em sua quase totalidade. O texto original das Institutiones, até então só
conhecidas em breves resumos no Breviarium Alarici, foi descoberto em Verona,
em 1816, num pergaminho que tinha sido raspado para receber cartas de São Jerô-
nimo. Foi também descoberta em Autum, França, em 1898, uma Epitome de Gaio.
HERMOGENIANO
Provável redator do chamado Código Hermogeniano, de 314-324. Esse código
compendiava todas as constituições imperiais desde 294, data em que se encerrava
o Código Gregoriano. Seu texto figura numa obra de Haenel intitulada Codices
Theodosianus, Gregorianus, Hermogenianus, de 1842.
399
Jurisconsultos Romanos Digesto
400
Digesto Jurisconsultos Romanos
401
Glossário
Glossário Abrogare
405
Administração Pública Romana Glossário
406
Glossário Administração Pública Romana
407
Adoção e arrogação Glossário
Quando o adotando era menor de idade, as leis concernentes eram mais rigo-
rosas; quando envolvia dois adultos, a legislação exigia a manifestação da vontade
do adotante e o consentimento do adotado. A adoção que envolvia adultos era cha-
mada de “arrogação”.
Ambas as modalidades — de adoção e de arrogação — só se realizavam diante
de autoridades competentes designadas por lei. Tanto a adoção como a arrogação
só podiam ser feitas por homens, embora o adotado pudesse ser também do sexo
feminino.
408
Glossário Alforria ou manumissão
409
Annona Glossário
no Império, a annona era uma política de estado que compreendia compra, arma-
zenamento, venda e distribuição de víveres para o abastecimento. Funcionava tanto
como política de regulação do mercado de alimentos em situações normais como
serviço social nas épocas de crise e escassez.
Mesmo nos períodos de normalidade econômica e social, o estado romano
adotava algo semelhante a bolsa-alimentação para milhares de famílias carentes
de meios de sobrevivência e, regulando o mercado, conseguia moderar o preço
dos alimentos. Na era dos Gracos (sec. II a.C.), o preço dos alimentos era irrisório
para as classes pobres e, no tempo de Clódio (séc. I a.C.), gratuito. César, populis-
ta, aumentou para 320 mil o número de bolsas-alimentação. Augusto reduziu esse
número à metade, organizou o serviço, criando uma estrutura administrativa, e
nomeou supervisores (praefectus) e auxiliares em Roma e províncias.
Os mercados abastecedores de Roma eram, na Itália, a Úmbria, a Etrúria e a
Sicília, e no exterior, o Egito e as colônias mediterrâneas. Numerosa frota mercante
se ocupava do transporte de víveres para Roma e as províncias.
Entre as funções públicas a que todo cidadão era obrigado a exercer, estava a de
comprar víveres por ocasião da colheita: indivíduos ou grupos recebiam dinheiro
do Estado para a compra de víveres, que eram depositados em armazéns públicos.
Apud (Livro L, T. XVI, 634)
Junto a ti, em tua casa. Não implica posse.
Arbitratu fieri (Livro L, T. XVI, 68)
Fazer-se ao arbítrio de. Significa direito, excluindo, portanto, o escravo.
Area (Livro L, T. XVI, 211)
Campo. Terreno na zona urbana.
Arma — armas (Livro L, T. XVI, 41.1)
Significa não só escudos, espadas, elmos, mas também bordunas e pedras.
Assessor (Livro I, T. XXII)
Etimologicamente, o termo vem de assideo, sentar-se ao pé de, estar junto de,
estar à disposição, a serviço. Por exemplo, assidere aegro, assistir a um enfermo. No
Digesto, pela ordem da enumeração dos cargos públicos, a função de assessor não
parece situar-se na hierarquia superior. O termo “assistente”, por suas raízes etimo-
lógicas, enquadra-se melhor que “assessor” na natureza do cargo.
Arrecadação de impostos (Livro L)
Os romanos tinham um modo peculiar de arrecadar impostos. Tanto em Roma
como nas províncias, não havia algo que se pudesse chamar de estrutura de arre-
cadação fiscal.
410
Glossário Arrecadação de impostos
411
Capitalis Glossário
412
Glossário Cavillatio
413
Ceteri Glossário
414
Glossário Collega
415
Cônsul Glossário
O nome consul veio de consulo, deliberar, decidir. O prefixo con-, nos verbos
latinos, implica ação conjunta. Como eram eleitos sempre em dupla, consules im-
plicava a ideia de parceria.
Por se tratar de mandatos anuais, o preenchimento do cargo se fazia mediante
eleições, cujo processo sofreu, ao longo dos séculos, muitas variações. Fundamen-
talmente as eleições romanas, até o Império, se faziam por voto direto, aclamação
ou contagem dos votos por colégios eleitorais.
Até o século V a.C., o cônsul era eleito entre os patrícios. A partir do século
IV, com a ascensão social dos plebeus (Glossário, patricii, populus, plebs), dos dois
cônsules, um tinha de ser da plebe. No ano 172 a.C., tal era a força da plebe, que
foram eleitos dois plebeus para o consulado.
Havia, porém, algumas condições para se pretender o consulado. A primeira
era ter sido pretor por, no mínimo, dois anos. A reeleição só era admitida após dez
anos de intervalo entre dois mandatos.
No século I a.C., uma lei casuística, chamada Lex Pompeia de Iure Magistra-
tuum (Lei Pompeia sobre o Direito dos Magistrados), impedia a eleição de candida-
to ausente de Roma. O objetivo da lei era vetar a candidatura de Júlio César, então
na Gália. A medida deu origem à chamada guerra civil, que poria fim à democracia
romana com a inauguração do império por Augusto.
O período do mandato era rigorosamente respeitado. Se um dos cônsules mor-
ria, fazia-se nova eleição para substituir o falecido. Se morressem os dois, o Senado
nomearia um interrex para completar o mandato. Durante o Império, à morte de
um imperador, o cônsul (o segundo, porque o próprio imperador já era o primeiro
vitaliciamente) assumia plenos poderes até a posse do imperador seguinte.
No período republicano, o cônsul era o que se chamaria hoje, no regime par-
lamentar, o chefe do governo, ficando a função legislativa a cargo do Senado e dos
comitia ou conciones, inclusive a declaração de guerra.
Nas províncias ou territórios anexados ao Império, havia a figura dos procôn-
sules (que faziam as vezes de cônsul), nomeados antigamente pelo Senado e poste-
riormente pelos imperadores, para exercer as mesmas funções de cônsul de Roma
no território que lhes era atribuído.
Em 541 da era cristã, portanto cem anos após a queda do Império Romano
do Ocidente, foi eleito o último cônsul no Império, então bizantino. Nos tempos
modernos, o saudosismo europeu da estrutura hierárquica do Império Romano
ressuscitou a figura do cônsul na pessoa de Napoleão Bonaparte.
Contractus (Livro L, T. XVI, 219)
Contrato. Atente-se mais para a vontade dos contratantes do que para seus ter-
mos.
Contraxerumt, gesserunt (Livro L, T. XVI, 20)
Contraíram, fizeram. São termos que não constam do direito de testar.
416
Glossário Contubernalis
417
Decênviros Glossário
plebs), foi criada uma comissão constituída de dez varões (viri) da classe dos patrí-
cios, para redigir leis que regulamentassem os costumes da sociedade romana. Essa
comissão, por ser constituída de dez varões, foi chamada de decênviros. Eleita por
um ano, teve o mandato prorrogado por mais um, quando completou o que passou
a ser designado como Lei das XII Tábuas (Glossário, Lei das XII Tábuas).
Esse costume de designar comissões para tratar de assuntos específicos era
rotineiro na administração pública de Roma. Em geral, eram presididas por um
pretor e enunciadas pelo número de seus componentes seguido do objeto de sua
instituição. Por exemplo, decemviri litibus iudicandis, comissão de dez magistra-
dos responsáveis pelo julgamento de determinadas questões; decemviri agris dandis
adsignandis, comissão de dez varões responsáveis pela distribuição de terras doa-
das pelo Estado, em geral composta de cinco membros patrícios e cinco membros
plebeus. Houve comissões de diversas composições e número de membros, como
os duumviri, triumviri, quinquiviri, vigintiviri, isto é, comissões de dois, três, cinco,
vinte membros e até um colegiado de magistrados composto de vigintisexviri, vinte
e seis membros.
Decurião (Livro L, ...)
Os romanos adotavam, na governança política e administrativa dos territórios
conquistados, a mesma estrutura organizacional de Roma, mas preservando como
própria e exclusiva sua nomenclatura. Em se tratando de províncias, o máximo
que se permitia era o título de procônsul, que não era cônsul, mas estava no lugar
do cônsul, fazia as vezes de cônsul. Nesses casos, o titular era sempre um romano.
Com relação às cidades, conforme seu porte e/ou sua importância, as que não
gozavam de autonomia eram governadas diretamente por prepostos romanos, cha-
mados praefectus; as autônomas, pelos chamados duúmviros, que faziam as vezes
dos dois cônsules anualmente eleitos para o governo de Roma. No lugar do Senado,
instituíam-se os conselhos municipais, compostos por até 100 membros, cujos dez
primeiros eram chamados decemprimi, daí o decemprimato, cujo chefe ou líder era
o decurião, título que posteriormente estendeu-se a todos os membros do conselho.
Ter vinte e cinco anos completos, ser abastado, ter bom conceito público e des-
tacada situação social eram os principais requisitos para alguém pretender o decu-
rionato. O cargo incluía-se entre os honoríficos, isto é, não era remunerado, pelo
contrário, implicava obrigações e deveres onerosos do ponto de vista financeiro.
No baixo Império, tendo em vista as sucessivas crises econômicas, era cargo evi-
tado e, por isso, passou a ser imposto segundo determinada ordem de sucessão,
embora, em algumas partes do Império, o cargo tenha-se tornado hereditário.
O poder dos decuriões, em suas respectivas municipalidades, era tão amplo
como o dos senadores romanos em Roma. Decidiam sobre assuntos administra-
tivos, orçamentários, investigatórios etc. (Ver Glossário, Administração Pública
Romana).
418
Glossário Decurião
419
Direito Romano Glossário
comum a homens e animais, é o direito não escrito, que dispensa leis, porque já de-
tectável e evidente na observação do comportamento invariável da natureza. Assim,
a conjunção do macho e da fêmea, que entre os animais chama-se coito e entre os
homens matrimônio, é fundamentalmente o mesmo comportamento determinado
pela natureza.
O chamado ius gentium são normas comuns a todos os homens e por eles esta-
belecidas, que obrigam tanto romanos como não romanos. O próprio termo gens,
na acepção primitiva, significava “estrangeiro”, de outra raça ou nação não romana.
Até a Idade Média, servia para designar as nações que não eram nem judias nem
cristãs.
A criação do chamado direito civil tem como objetivo estabelecer certo equilí-
brio entre o direito natural e o direito das gentes. Chama-se civilis porque atinente
ao homem organizado em sociedade, isto é, em civitas. Pelo direito natural, todo
homem nasce livre (T. I, 4), mas o direito das gentes instituiu a servidão, a guerra,
os reinos etc. Como conciliar? Essa é a tarefa do direito civil, que regula e equilibra
os contrários, sendo “um direito que nem se afasta inteiramente do direito natural
nem do direito das gentes, mas também não se conforma em tudo com nenhum
deles” (T. I, 6). No artigo seguinte, são citados os instrumentos comuns dos quais
emana o direito civil: leis, plebiscitos, decretos do Senado, decisões do soberano e
da autoridade dos jurisconsultos.
É o direito civil que concilia a liberdade natural do homem com a servidão, es-
tabelecendo quando e como um homem pode perder ou reconquistar sua condição
primitiva de nascença (Glossário, leges).
Dispungere (Livro L, T. XVI, 56)
Contrapesar. Equilibrar os dados recebidos.
Ditador (Livro I, T. II, 2, § 18)
O título de dictator (ditador) só assume, entre os romanos, o conceito atual de
tomada arbitrária do poder soberano na chamada ditadura de Sila, iniciada no ano
82 a.C., e no segundo consulado de César. Até então, a figura do ditador era legí-
tima, por assim dizer, constitucional. O estado de ditadura corresponderia ao que
hoje chamamos de estado de sítio ou estado de emergência.
Esse estado ocorria nos casos de guerra com vizinhos, sedição, revolta popular,
insurgência. O ditador, em geral militar, depois de escolhido e nomeado pelo Sena-
do e pelo cônsul, que mantinham integralmente suas funções, tinha sua nomeação
homologada pelos comitia curiata (Glossário, sistema eleitoral). Ao ditador eram
concedidos poderes extraordinários para gerir e resolver situações especiais. Em
geral, contra suas decisões naquela área não havia provocatio, isto é, direito de ape-
lação. A duração de seu mandato era de seis meses.
Depois das guerras púnicas (de 264 a 146 a.C.), a figura do ditador teria se
tornado obsoleta. Só ressurgiu em Sila, no ano 82 a.C., e em César. Sila, aristocrata,
420
Glossário Ditador
421
Edil Glossário
422
Glossário Edito
inovação, pars nova, podia ser introduzida sem aprovação do príncipe ou do Se-
nado.
Esse sistema de promulgação de leis por iniciativa do governante, sob o título
de editos, estendeu-se pela Idade Média até os tempos modernos, dos quais ex-
pressivo exemplo é o célebre Edito de Nantes (1598), do imperador Henrique IV,
concedendo liberdade de culto aos protestantes.
Erit (Livro L, T. XVI, 123)
Será. Pode ter sentido de “presente”, por exemplo, quando se diz “o que (erit) es-
tiver escrito nos codicilos”. Da mesma forma est (é) pode ter sentido passado: “Lu-
cius Titius solutus est ab bligatione”: Lúcio Tício está (ou foi) liberado da obrigação.
Escravidão (Livro I, T. I, 4; V, 4, §§ 1-3)
O termo latino servus equivale precisamente a “escravo” na linguagem moder-
na. Segundo o Digesto, servus viria de servare (guardar, poupar, conservar), para
se referir a prisioneiros de guerra que, em princípio, deviam ser mortos, mas que
os generais romanos “poupavam” (servabant) para vendê-los. Há filólogos, porém,
para quem servus viria do verbo sero, latim, que significa atar, enlaçar, daí servus,
que é atado, enlaçado.
Segundo o direito romano, a escravidão é criação de leis humanas (ius gentium,
direito das gentes), pois, segundo o direito natural, todo homem nasce livre (T. I, 4).
Portanto, à modalidade de converter seres livres em escravos, por exemplo, como
punição do vencido pelo vencedor, outras modalidades foram-se somando na ci-
vilização dos romanos: a) servi poena, escravos por condenação a trabalho forçado
em obras públicas e principalmente em minas; b) patria potestas, isto é, o poder
absoluto do genitor sobre a prole: os pais podiam vender seus filhos como escravos;
c) pro debito, caso em que o credor tornava o devedor inadimplente seu escravo ou
o vendia como tal e d) o próprio cidadão livre se vendia como escravo ou admitia
fazer parte de uma transação comercial na condição de escravo.
Os escravos eram divididos em duas classes: familia rustica e familia urbana,
isto é, escravos rurais e escravos urbanos, com a consequente diferenciação de ser-
viços e condições de trabalho. Havia também os chamados servus publicus e servus
privatus, conforme fossem propriedade do Estado ou de particulares. O servus pu-
blicus era utilizado não só em obras públicas como também em serviços burocráti-
cos ou servis de órgãos do Estado, templos, logradouros públicos etc. A legislação
era a mesma para os servus publicus e para os servus privatus.
O estatuto da escravidão ainda vigia no tempo do imperador Justiniano, em-
bora menos generalizada e um pouco mais humana, graças a leis mitigadoras, que
se vinham sucedendo desde o século II d.C. À abolição da mutilação de meninos
e jovens, da separação de membros de uma família escrava nas transações comer-
ciais, da exposição de filhos à venda, das prisões subterrâneas (columbaria), da
destinação de escravos a lutadores contra feras Justiniano acrescentou o casamento
423
Escravidão Glossário
424
Glossário Exhibet
425
Fasces Glossário
426
Glossário Funus
427
Habere Glossário
428
Glossário Imperium e potestas
429
Infâmia Glossário
te reforma, infami portae non pateant dignitatum, “portas das dignidades não se
abram aos infames”.
430
Glossário Instrumenta
431
Leges Glossário
432
Glossário Leges
433
Libellus Glossário
434
Glossário Locus
435
Movens e mobile Glossário
436
Glossário Noxa
437
Ordem equestre Glossário
438
Glossário Paries
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Patricii, Populus, Plebs Glossário
A plebe (plebs) era uma classe intermediária, entre cidadão romano e prole.
Era constituída de oficiais inferiores e de soldados, de libertos, artesãos, professo-
res, artistas, pequenos agricultores etc. Nesse segmento, os militares gozavam de
melhores condições de arregimentação, que lhes permitiram, ao longo da história,
fazer valer suas reivindicações.
No século V a.C., a plebe conquista o direito de eleger seus próprios tribunos
com autoridade de rejeitar atos injustos de juízes e legisladores. No século seguinte,
os plebeus já elegiam entre eles um dos dois cônsules e já podiam exercer cargos
públicos, ser sacerdotes e se casar com quem quisessem, independentemente de
classe. E finalmente, no início do século III a.C., as decisões de seus comitia (assem-
bleias) tinham força de lei erga omnes (para todos), e não só para plebeus.
A ascensão social dos plebeus resultou numa sociedade romana igualitária,
com a ampliação do direito de cidadania e a formação de uma nova classe social
resultante da fusão da classe dos patrícios com plebeus ricos e influentes. Ainda na
República, a aquisição da cidadania romana já se fazia por compra ou por mérito,
podendo ser adquirida até por estrangeiros habitantes das províncias. O apóstolo
Paulo, judeu de Tarso, na Ásia Menor, vangloria-se de ter cidadania romana por
nascimento, enquanto o tribuno que ia condená-lo a açoites afirmava ter precisado
de vultoso capital para adquiri-la (Atos dos Apóstolos 22. 25-29).
Essa liberalidade legal e a transformação da sociedade romana numa civitas
mais cosmopolita e aberta dará ao ditador Júlio César a oportunidade de nomear
cidadãos romanos provincianos membros do Senado.
Essa evolução acabará, inclusive, beneficiando a chamada prole, que, na antiga
sociedade romana, não gozava de direitos definidos e tinha como característica a
função social de procriar, para proporcionar mão de obra barata e disponível para
os demais extratos sociais de Roma e soldados para o exército romano.
Patroni (Livro L, T. XVI, 52)
Patronos, senhores de escravo liberto. Incluem também patronas.
Pecúlio (Lei das XII Tábuas)
No direito romano, o termo peculium tinha o mesmo significado de poupança,
que se faz com vista a um objetivo futuro. Todavia, na prática e na sua origem eti-
mológica, restringia-se a poupança de escravo com vista à alforria e a de soldado
para quando fosse desmobilizado. Etimologicamente vem de pecus, pecoris (reba-
nho), na forma diminutiva. Embora o escravo não pudesse ter algo próprio, alguns
senhores premiavam alguns, entre eles os cuidadores de rebanhos, permitindo-lhes
ir, ao longo da vida, formando pequeno rebanho em rezes, que lhes eram dadas
de presente e por cujo valor lhes seria dado obter no futuro a alforria. Além desse
pecúlio de origem campestre, havia também o peculium castrense, que os soldados
faziam com parcelas de seus soldos.
440
Glossário Pecúlio
441
Pessoa Glossário
442
Glossário Praediorum iura
443
Prefeitos Glossário
luntários. O nome vigiles vem de vigilia, uma das quartas partes em que se dividia a
noite romana. O poder do prefeito da guarda noturna, inclusive penal, limitava-se
a ocorrências de incêndio e a crimes conexos.
Além desses três prefeitos romanos, houve também o chamado praefectus
augustalis, reservado ao representante do imperador no Egito, por isso também
chamado praefectus Aegypti, título excepcional, em vez de proconsul ou praeses,
para expressar o especial apreço de Roma pelo Egito, não só por sua história tam-
bém imperial como por, na época, constituir o celeiro do Império.
Pretium rei (Livro L, T. XVI, 14)
O valor da coisa. Não está só na substância dela, mas na arte que lhe é posta.
Pretor (Livro I, T. XIV)
Praetor (de prae). Antes, à frente, é aquele que vai à frente, o chefe, o líder. Ini-
cialmente o título era militar. No início da República, o cônsul era chamado tam-
bém pretor. Foi a Lei Licínia, de 367 a.C., que criou o cargo de pretor, cuja missão
era ajudar os cônsules principalmente em questões civis. O número de pretores
foi crescendo ao longo dos séculos, de acordo com as necessidades decorrentes
do aumento da população de Roma e do território itálico já totalmente ocupado
pelos romanos no século III a.C. Naquela época, já havia pretores na Sicília e na
Sardenha.
Em Roma, havia os chamados praetores urbani e praetores peregrini. O pretor
urbano era o braço direito dos cônsules nas questões civis entre cidadãos romanos,
enquanto o pretor peregrino ou pretor dos estrangeiros era responsável pelas ques-
tões entre cidadãos romanos e forasteiros, cujos direitos se limitavam à esfera do
ius gentium (direito das gentes).
Os pretores eram eleitos pelos comitia centuriata, como os cônsules, e sob as
mesmas regras. Tinham direito à toga praetexta, túnica branca com bordas de púr-
pura, à sella curulis, cadeira de marfim, e a seis litores.
Sua jurisdição compreendia questões de extorsão (quaestio repetundarum), isto
é, de multas repetidas, acima do normal; propina (ambitus), peculato (peculatum),
traição (maiestatis); assassinato (de sicariis et veneficis) e falsidade (falsi). No Impé-
rio, receberam outras funções, como praetor aerarius, tesoureiro; praetor tutelaris,
de questões de menores, e praetor de liberalibus causis, de questões relativas a al-
forria.
Seus mandatos tinham a mesma duração do mandato dos cônsules, mas po-
diam ser prorrogados por mais um ano, só que, nesse segundo ano, eram chamados
proconsul ou propraetor.
Ao assumir o cargo, emitiam uma espécie de declaração de intenções, na qual
estabeleciam as diretrizes de seu mandato. Era o chamado edictum (edito), que, por
se tratar de mera proclamação de princípios, costumava ser seguido por seus su-
cessores e, por isso, passava a ser designado edictum perpetuum (Glossário, edito).
444
Glossário Pretor
445
Quae sunt pluris aureorum triginta Glossário
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Glossário Quisque mihi alius filii filiusve heres sit
Quisque mihi alius filii filiusve heres sit (Livro L, T. XVI, 116)
Qualquer um de meus filhos ou filho de meu filho seja o herdeiro, ao contrário
do que pensa Labeão, estão incluídas as filhas.
Quisquis mihi heres erit (Livro L, T. XVI, 227, § 1)
Quem quer que virá a ser meu herdeiro. Significa apenas o herdeiro imediato.
Quum fari potuerit (Livro L, T. XVI, 217)
Quando puder falar. Não é o mesmo que postquam fari potuerit (depois de ter
podido falar). A primeira, mais restrita, significa apenas quando a pessoa puder
falar pela primeira vez.
Reddere (Livro L, T. XVI, 94)
Devolver. Pode significa apenas dar.
Reliqui (Livro L, T. XVI)
Os restantes. Representa “todos”, do mesmo modo que ceteri (160; 95).
Repudium (Livro L, T. XVI, 91)
Repúdio. Diferencia-se de divortium (divórcio), por se tratar de matrimônio
ainda não consumado.
Res (Livro L, T. XVI)
Bem, coisa. Tem sentido mais amplo que dinheiro (5); entende-se tanto causas
como direitos (23); por coisa se entende também parte dela (72).
Res publica (Livro L, T. XVI, 17)
Não é nem sacra nem religiosa.
Rescrito (Livro L,
Entre os muitos documentos com força de lei emanados do imperador (cons-
tituações, decretos etc.), destaca-se o rescrito. O rescrito em uma resposta, por es-
crito, de consulta formulada à corte imperial sobre a solução a ser dada a casos
jurídicos singulares ou de difícil solução.
Restituere (Livro L, T. XVI)
Restituir. É mais que exhibere (apresentar) (22); restitui quem devolve o bem
com seus direitos e frutos (35); devolver algo que o reclamante teria se não tivesse
havido contestação (75); implica indenização de dano (81).
Roma (Livro L, T. XVI)
São todos os edifícios da cidade, mesmo extramuros (2) (vide Urbs); é romano
quem nasce nas cercanias de Roma (147).
447
Rostros Glossário
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Glossário Sanctum, sacrum, religiosum
Religiosum se diz de algo proibido pela religião. Para qualificar pessoa religiosa,
o latim clássico preferia pius, iustus. A Vulgata de São Jerônimo usa frequentemen-
te iustus no sentido de varão santo, observante da lei mosaica.
449
Sistema eleitoral Glossário
450
Glossário Speciosa
451
Transacta finitave Glossário
452
Glossário Tugurium
453
Vicesima ou Vincesima Glossário
454
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WETTER, Polynice Alfred Henri Van. Pandectes. Paris: Générale du Droit et de
Jurisprudence, 1909.
455
ÍNDICE REMISSIVO
457
Alçada Índice Remissivo
458
458
Índice Remissivo Ausência
Ausência: a ausência por interesse público de quem deixa de comparecer não pode
ser prejudicial nem ao próprio nem a terceiro, Livro L, T. XVII, 140.
Bem: não há penhor, nem depósito, nem compra, nem empréstimo quando o bem
é próprio, Livro L, T. XVII, 45; não se considera perdido se não era possuído, Livro
L, T. XVII, 83; age dolosamente quem reivindica o que haverá de devolver, Livro L,
T. XVII, 173, § 3.
Benefício: só é dado a quem quer, Livro L, T. XVII, 69.
Boa-fé: favorece tanto o possuidor quanto a verdade, Livro L, T. XVII, 136; quem
adquire com autorização judicial é possuidor de boa-fé, Livro L, T. XVII, 137.
Cargos e funções: encargos do munícipe, Livro L, T. I, 1, § 1; intervalos entre man-
datos só são observados com relação ao mesmo cargo, Livro L, T. I, 17, § 3; cargos
não podem ser exercidos pela mesma pessoa em duas cidades, Livro L, T. I, 17, § 4;
simples fato de ser proprietário não basta para se imporem cargos ou funções, Li-
vro L, T. I, 17, § 5; beneficiados com o poslimínio estão sujeitos, mesmo se mora-
dores de outras cidades, Livro L, T. I. 17, § 6; cobrança de tributos não é função vil,
por isso pode ser exercida por decuriões, Livro L, T. I, 17, § 7; alforriado segue a
origem do alforriador, não de quem é legatário, Livro L, T. I. 17, § 8; o adotado se-
gue o avô natural, Livro L, T. I, 17, § 9; acusados de crimes graves não devem ser
admitidos em novos cargos, Livro L, T. I, 17, § 12; continuidade só é concedida a
quem não quer, Livro L, T. I, 17, § 18; libertos estão sujeitos a, no domicílio próprio
e no do patrono, Livro L, T. I, 22, § 2; não pode renunciar à condição de habitante
antes de encerrar exercício de, Livro L, T. I, 34; mulher casada ilegalmente obriga-
-se ao lugar de sua origem, não ao de seu marido, Livro L, T. I, 37, § 2; colonos de-
vem exercer municipais, Livro L, T. I, 38, § 1; mulher casada obriga-se à cidade do
marido e não à cidade de origem dela, Livro L, T. I, 38, § 3; surdos e mudos isen-
tam-se de cargos, não de funções, Livro L, T. II, 7, § 1; duunvirato é cargo privativo
de, Livro L, T. III, 7, § 2; funções civis são patrimoniais e pessoais, Livro L, T. IV, 1;
são patrimoniais, Livro L, T. IV, 1, § 1; são pessoais, Livro L, T. IV, 1, § 2; as funções
pessoais envolvem esforço físico e as patrimoniais, dispêndios, Livro L, T. IV, 1, § 3;
outras funções pessoais, Livro L, T. IV, 1 § 4; quem está sob o pátrio poder pode ter
filho sob seu pátrio poder, Livro L, T. IV, 2; natural de Roma que estabelece domi-
cílio em outro lugar obriga-se a cargos nesse lugar, Livro L, T. IV, 3; militares em
serviço não se obrigam a funções municipais, seus parentes, sim, Livro L, T. IV, 3, §
1; condenado às minas, uma vez reintegrado, está apto para o exercício de cargos
ou funções, Livro L, T. IV, 3, § 2; não se impõe à mulher função que implica esforço
físico, Livro L, T. IV, 3, § 3; pai não tem direito de interceder por filho que não tem
excusa, Livro L, T. IV, 3, § 4; pai preserva sua responsabilidade ao não consentir
com a nomeação de filho em defesa do patrimônio do próprio filho, Livro L, T. IV,
459
Cargos e funções Índice Remissivo
460
Índice Remissivo Cargos e funções
ção pública é a que é exercida na administração pública com gastos, mas sem título
de dignidade, Livro L, T. IV, 14, § 1; manutenção de estradas e contribuições fundi-
árias não são funções pessoais, mas locais, Livro L, T. IV, 14, § 2; no conferimento
de cargos ou funções, deve-se atentar para a pessoa, sua origem, posses e disposi-
ções legais, Livro L, T. IV, 14, § 3; filho de plebeu obriga-se sob a responsabilidade
de quem o nomeou, Livro L, T. IV, 14, § 4; na escolha de titulares de cargos ou
funções, observem-se as normas da escala ascendente, idade e transitoriedade, Li-
vro L, T. IV, 14, § 5; admite-se a recondução na falta de pessoas idôneas, Livro L, T.
IV, 14; § 6; filho coerdeiro não responde por irmão feito decurião pelo pai se outros
cargos lhe tiverem sido conferidos após a morte do pai, se esse lhe deixou bens su-
ficientes, Livro L, T. IV, 15; não se aceite dinheiro para valor estimativo do cargo ou
função, Livro L, T. IV, 16; quem prometeu dinheiro para não exercer cargo, se co-
meçou a pagá-lo, deverá pagá-lo integralmente, Livro L, T. IV, 16, § 1; filho não é
obrigado a caucionar bens públicos em favor do pai, Livro L, T. IV, 16. § 2; ninguém
é obrigado a assumir mais de uma vez a responsabilidade pela coisa pública, Livro
L, T. IV, 16, § 3; não é proibido alguém assumir voluntariamente o sacerdócio de
uma província, Livro L, T. IV, 17; isento de cargo e funções obriga-se a subministrar
despesas de filho sob seu pátrio poder em cargos ou funções que exerce com seu
consentimento, Livro L, T. IV, 17, § 1; as funções civis são pessoais, patrimoniais e
mistas, Livro L, T. IV, 18; são funções pessoais as exercidas com esforço e desgaste
físico, Livro L, T. IV, 18, § 1; função de contador e de questor é considerada pessoal
em algumas cidades, Livro L, T. IV, 18, § 2; são funções pessoais agenciamento de
recrutas e fornecimento de cavalos para transporte, Livro L, T. IV, 18, § 3; é função
pessoal cuidar de transporte da mala postal e do transporte oficial, Livro L, T. IV,
18, § 4; em algumas cidades são função pessoal aquisição de trigo, azeite e aqueci-
mento de banhos públicos, Livro L, T. IV, 18, § 5; supervisionar aquedutos é função
pessoal, Livro L, T. IV, 18, § 6; juiz de paz é função pessoal, assim como de superin-
tendente de construção de estrada, de venda de pão, Livro L, T. IV, 18, § 7; exercem
função pessoal quem cuida do abastecimento de víveres e coleta de impostos, Livro
L, T. IV, 18, § 8; curador da renda da cidade exerce função pessoal, Livro L, T. IV,
18, § 9; exercem função pessoal administradores de edifícios, arquivistas, ama-
nuenses, notário, inspetor de portos, supervisor de construção e restauração de
vias, palácios, obras navais, albergues e naves, Livro L, T. IV, 18, § 10; exercem fun-
ção pessoal legados enviados à corte imperial, como também comandantes de
guardas noturnas e supervisores de moleiros, Livro L, T. IV, 18, § 12; exercem fun-
ção pessoal os defensores públicos, Livro L, T. IV, 18, § 13; a obrigação de julgar
inclui-se entre as funções pessoais, Livro L, T. IV, 18, § 14; exerce função pessoal
quem é eleito para obrigar proprietários a calçar rua, Livro L, T. IV, 18, § 15; exerce
função pessoal recebedor de declarações censitárias, Livro L, T. IV, 18, § 16; masti-
gófaros (vide nota do texto) e escrivães de magistrados exercem função pessoal,
Livro L, T. IV, 18, § 17; funções patrimoniais exercem-se com gastos e riscos, Livro
461
Cargos e funções Índice Remissivo
462
Índice Remissivo Censo
463
Compromissos Índice Remissivo
464
Índice Remissivo Condição
Condição: quem pode fazer que se cumpra pode cumpri-la, Livro L, T. XVII, 174.
Confissão: quem se cala não confessa, mas é certo que não nega, Livro L, T. XVII,
142.
Conjunção: se os termos não são conjuntivos, basta fazer uma ou outra coisa, Livro
L, T. XVII, 110, § 3; na união conjugal, deve-se observar não só o que é lícito, mas
também o que é honesto, Livro L, T. XVII, 197.
Consentimento: nada é tão contrário quanto a violência e o medo, Livro L, T. XVII,
116; quem erra não parece consentir, Livro L, T. XVII, 116, § 2.
Consequências: é natural sofrer consequências negativas de algo vantajoso, Livro
L, T. XVII, 10.
Cônsul: Livro I, T. II, 2, § 16; cônsules plebeus, Livro I, T. II, 2, § 26; preside a eman-
cipações e adoções, Livro I, T. VII, 3; funções do, Livro I, T. X.
Contrato: uns contemplam o dolo; outros, a culpa, Livro L, T. XVII, 23; deve ser
cumprido, Livro L, T. XVII, 34; entre particulares não derroga direito público, Li-
vro L, T. XVII, 45, § 1; considera-se o tempo da celebração, Livro L, T. XVII, 144,
§ 1; obriga herdeiros, Livro L, T. XVII, 152, § 3; da maneira que obrigam liberam,
Livro L, T. XVII, 153.
Corretor: tem direito a remuneração, Livro L, T. XIV, 1; não pode ser responsabi-
lizado como ordenador, Livro L, T. XIV, 2.
Costumes: melhor intérprete da lei, Livro I, T. III, 37-39.
Credor: nenhum age dolosamente por receber o que é seu, Livro L, T. XVII, 129; só
é prejudicado quando o devedor tem seus bens diminuídos, Livro L, T. XVII, 134;
se permite a venda do bem, perde o penhor, Livro L, T. XVII, 158.
Crime: ninguém melhora sua condição pelo cometimento de, Livro L, T. XVII,
134, § 1; avaliação de crime passado não é agravada por fato posterior, Livro L, T.
XVII, 138, § 1.
Dação: não se considera dado o que recebido; não se torna propriedade de quem o
recebe, Livro L, T. XVII, 167.
Dano: ao fazer o que não tinha direito de fazer, Livro L, T. XVII, 151; só o que é
expresso prejudica, Livro L, T. XVII, 195; ninguém deve queixar-se de dano sofrido
por sua própria culpa, Livro L, T. XVII, 203.
Decênviros: Lei das XII Tábuas; Livro I, T. II, 2, §§ 4, 24, 29.
465
Decurião Índice Remissivo
Decurião: filho de família nomeado decurião com consentimento do pai tem o pai
como fiador nato, Livro L, T. I, 2, § 1-6; princípios a seguir na recondução, Livro L,
T. I, 15; quem adota assume os ônus, Livro L, T. I, 21, § 3; fiança por criança feita
decurião só obriga no futuro, Livro L, T. I, 21, § 6; quem volta de desterro nem
sempre é impedido de voltar ao cargo, Livro L, T. II, 2; de volta após afastamento,
mantém direitos e condições, Livro L, T. II, 2, § 1; quem é filho de e condições, Li-
vro L, T. II, 2, §§ 2-6; delito de pai não alcança filho decurião, Livro L, T. II, 2, § 7; é
vedado impor cargo a maiores de 55 anos, Livro L, T. II, 2, § 8; maiores de 55 anos
não se isentam de cargos, Livro L, T. II, 2, § 8; punido com desterro, em razão da
benignidade da sentença, deve abster-se da recondução, Livro L, T. II, 3; se apenas
afastado por motivo injusto, não perde direitos, Livro L, T, II, 3, § 1; filhos natu-
rais, na falta de legítimos, podem ser, Livro L, T. II, 3, § 2; judeus podem ser, mas
sem obrigações que constranjam seus princípios, Livro L, T. II, 3, § 3; pode manter
arrendamento se recebido por sucessão, Livro L, T. II, 4; punido por crime que im-
plica infâmia é definitivamente afastado, Livro L, T. II, 5; nascido de incesto pode
ser, Livro L, T. II, 6; não tem direito a voto menor de 25 anos, Livro L, T. II, 6, § 1;
não pode ser cobrador de impostos em sua cidade, Livro L, T. II, 6, § 2; não pode
ser quem comete crime de ignomínia de retirar ação antes da sentença, Livro L, T.
II, 6, § 3; pai que apela contra eleição de filho não será responsabilizado como seu
fiador, Livro L, T. II, 6, § 4; ordem de precedência na emissão de votos, Livro L, T.
II, 6, § 5; pai só pode contestar eleição de filho se diante de autoridade competente,
Livro L, T. II, 7, § 3; pode receber pensão por pobreza, Livro L, T. II, 8; filho de es-
cravo, mas de mãe livre pode ser, Livro L, T. II, 9; armadores não podem ser, Livro
L, T. II, 9, § 1; só é legítimo se nomeado conforme a lei, Livro L, T. II, 10; cargo é
vedado a crianças e idosos, Livro L, T. II, 11; negociantes e comerciantes varejistas
podem aspirar a, mesmo se punidos por edis, Livro L, T. II, 12; desterrados tempo-
rariamente não podem ser reconduzidos sem a permissão do imperador, Livro L, T.
II, 13; após cumprimento da pena, não podem ser eleitos se, antes do desterro, não
oferecessem as condições necessárias, Livro L, T. II, 13, § 1; não podem ser privados
de ser eleitos por terem nascido no desterro, Livro L, T. II, 13, § 2; contestar eleição
só no início do processo, Livro L, T. II, 13, § 3; não podem ser submetidos a tortura,
Livro L, T. II, 14; inscrição no registro deve ser feita segundo a lei e na ordem de
precedência, Livro L, T. III, 1; observância de normas na emissão de votos, Livro
L, T. III, 1, § 1; no registro municipal, siga-se a precedência de nomeação pelo im-
perador ao exercício de cargos municipais, Livro L, T. III, 2; não deve ser obrigado
a vender trigo por preço inferior ao de mercado, Livro L, T. VIII, 5; compete aos
decuriões a seleção de médicos, Livro L, T. IX, 1; decretos de decurião só têm vali-
dade se baixados com quórum legal, Livro L, T. IX, 2; colegiado não pode reunir-se
com menos de dois terços de seus membros, Livro L, T. IX, 3; decretos de decuriões
que pecam por liberalidade devem ser revogados, Livro L, T. IX, 4; decreto que vota
salário em benefício de alguém nem sempre é inválido, Livro L, T. IX, 4, § 2; não
466
Índice Remissivo Decurião
convém anular decreto de decurião se o motivo não for a utilidade pública, Livro
L, T. IX, 5; quem faz julgamento fora do conselho deve ser afastado e multado com
mil dracmas, Livro L, T. IX, 6.
Defesa: não o faz quem se ausenta ou, se presente, nega-se a se defender, Livro L,
T. XVII, 52; ninguém é obrigado a defender uma causa contra a sua vontade, Livro
L, T. XVII, 156.
Deficiência física e deformidade: diferenciação, Livro I, T. V, 14.
Definição: no direito civil, toda definição é perigosa, Livro L, T. XVII, 202.
Delegação: delega quem não impede que algo seja feito a seu favor, Livro L, T.
XVII, 60.
Desapropriação: o que é desapropriado pela justiça não faz parte dos bens, Livro
L, T. XVII, 190.
Desfazimento: as coisas se desfazem do mesmo modo como são feitas, Livro L, T.
XVII, 35.
Desonestidade: não pode ser acusado de desonestidade quem não sabe quanto
deve pagar, Livro L, T. XVII, 99.
Despojo: despoja quem manda despojar, Livro L, T. XVII, 152, § 1.
Desterrado: tem domicílio no lugar para onde foi desterrado, Livro L, T. I, 22, § 3;
tem bloqueados só os bens referentes ao fisco, Livro L, T. XVII, 97.
Devedor: não deve ser despojado de todos os seus bens para não se tornar indigen-
te, Livro L, T. XVII, 173.
Direito: definição de, Livro I, T. I, 1; preceitos, Livro I, T. I, 10, § 1; modos de ex-
pressão, Livro I, T. I, 11; de cognação e afinidade, Livro I, T. I, 12; das gentes, Livro I,
T. I, 1, § 4; público e privado, Livro I, T. I, 1, § 2; natural, Livro I, T. I, 1, §§ 3-4; civil,
Livro I, T. I, 6-9, 11; escrito e não escrito, Livro I, T. I, 6, § 1; pretoriano, Livro I, T.
I, 7, § 1, 11; Livro I, T. II, 2, §§ 10 e 12; flaviano, Livro I, T. II, 2, § 7; papiriano, Livro
I, T. II, 2, § 2; eliano, Livro I, T. II, 2, § 7; monárquico, Livro I, T. II, 2, § 11; origem e
evolução do, Livro I, T. II, 2, §§ 1-13; primeira organização por ramos, Livro I, T. II,
2, § 41; só se inova por utilidade pública, Livro I, T. IV, 2. Direito público não pode
ser alterado por pacto, Livro L, T. VIII, 2, § 8.
Direito de imunidade ou isenção: só o fato de estar embarcado não gera direi-
to a isenção, Livro L, T. VI, 1; isenções concedidas a pessoas não se transferem a
herdeiros, Livro L, T. VI, 1, § 1; as que se transferem a descendentes não alcançam
467
Direito de imunidade ou isenção Índice Remissivo
468
Índice Remissivo Direito itálico
469
Domicílio Índice Remissivo
de onde foi desterrado, Livro L, T. I, 27, § 3; é livre, desde que não interdito, Livro L,
T. I, 31; natural de Roma que estabelece domicílio em outro lugar obriga-se a cargo
nesse lugar, Livro L, T. IV, 3.
Dote: faz parte dos bens do marido enquanto dura o casamento, mas não pode ser
usado para exercício de cargos, Livro L, T. I, 21, § 4; em casos ambíguos, decide-se
em favor do, Livro L, T. XVII, 85.
Duunvirato: cargo privativo de decurião, Livro L, T. II, 7, § 2.
Dúvida: nas coisas obscuras, sigam-se as menos obscuras, Livro L, T. XVII, 9; na
dúvida, é mais justo e mais seguro seguir a interpretação mais benigna, Livro L, T.
XVII, 56; Livro L, T. XVII, 192, § 1.
Edil: Livro I, T. II, 2, § 21; edis curuis, Livro I, T. II, 2, §§ 26 e 32-34.
Edito: Livro I, T. II, 2, §§ 10, 12 e 44; perpétuo, Livro I, T. V, 2. Quem faz o proibido
por um pretor age contra seu edito, Livro L, T. XVII, 102.
Edital: não equivale a decreto, Livro I, T. XVI, 9, § 1.
Emancipação: não pode ser exigida nem forçada, Livro I, T. VII, 31-33.
Empréstimo: é pior a situação de quem pede, Livro L, T. XVII, 33.
Erário: restituição em dobro do valor de imóvel vendido fraudulentamente, Livro
L, T. I, 15, § 2; obriga-se a restituir quem tiver sido oficialmente designado, mesmo
se na época estivesse sob o poder de outrem, Livro L, T. I, 21; indicação de respon-
sabilidade por crédito público, Livro L, T. I, 36, § 1.
Escravidão: instituída pelo direito das gentes, Livro I, T. I, 4; Livro I, T. V, 4, § 1;
etimologia de servus (escravo), Livro I, T. V, 5, §§ 1-3; servos e livres, Livro I, T. V,
5; como alguém se torna escravo, Livro I, T. V, 5, § 1; não pode processar o senhor,
Livro I, T. XII, 1, § 8; escravo absolvido de pena capital permanece escravo, Livro I,
T. V, 13; sob o poder alheio, Livro I, T. VI, 1, § 1; mitigação sob o direito romano,
Livro I, T. VI, 1, § 2.
Escravo: inexiste para o direito civil, Livro L, T. XVII, 32; não pode possuir por
usucapião, Livro L, T. XVII, 118; nossa situação pode tornar-se melhor com, Livro
L, T. XVII, 133; o que faz na condição de escravo não o beneficia após tornar-se
liberto, Livro L, T. XVII, 146; isenta-se de responsabilidade de coisas que não en-
volvam crime ou atrocidade se age por obediência, Livro L, T. XVII, 157; não pode
exercer funções de pessoas livres, Livro L, T. XVII, 175; é uma espécie de morte,
Livro L, T. XVII, 209; não pode ser declarado ausente no interesse público, Livro L,
T. XVII, 211; sobre o escravo não recai obrigação, Livro L, T. XVII, 22.
470
Índice Remissivo Falsidade ideológica
471
Governador Índice Remissivo
Herança: herdeiros não podem ser processados por cargos exercidos por filhos
após a morte do pai, Livro L, T. I, 21, § 2; quem morre em poder de inimigo não
pode deixar herança, Livro L, T. XVI, 3, § 1; em se tratando de liberdade, a inter-
pretação lhe deve ser favorável, Livro L, T. XVII, 20; é sucessão de direitos, Livro L,
T. XVII, 62; a quem se dá tutelas, desse é a herança, Livro L, T. XVII, 73; enquanto
válido o testamento, não se admite o herdeiro legal, Livro L, T. XVII, 89, atentando-
-se, porém, para a equidade, 90; ninguém deixa a seu herdeiro mais privilégios do
que possui, Livro L, T. XVII, 120; mesmo se postergada, é real desde o momento da
morte, Livro L, T. XVII, 138.
Herdeiro: não quer ser quem transfere herança, Livro L, T. XVII, 6; não está sujeito
a pena do testador, tampouco herda vantagens de seu delito, Livro L, T. XVII, 38;
ação contra visa só ao reclamado por dolo do falecido, Livro L, T. XVII, 44; tem os
mesmos direitos e poderes que o testador, Livro L, T. XVII, 59; não se transferem
para herdeiros ações por comissão de delitos, Livro L, T. XVII, 111, § 1; quem su-
cede em tudo está no lugar de herdeiro, Livro L, T. XVII, 128, § 1; dois não podem
ser herdeiros universais, Livro L, T. XVII, 141, § 1; bens indivisíveis são devidos
integralmente aos herdeiros, Livro L, T. XVII, 192; todos os direitos são tidos como
existentes à morte do testador, Livro L, T. XVII, 193; por sucessão, não é menos
herdeiro que o herdeiro principal, Livro L, T. XVII, 194; só privilégios de causa
passam ao herdeiro, Livro L, T. XVII, 196.
Honra: entre duas questões, a de honra tem precedência sobre a de bens, Livro L,
T. XVII, 104.
472
Índice Remissivo Idade e ignorância
473
Isenção de cargos e funções Índice Remissivo
474
Índice Remissivo Jurisdição
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Legados Índice Remissivo
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Índice Remissivo Liberto
Liberto: não se torna livre por adoção, Livro I, T. V, 27; obriga-se a funções no lu-
gar de domicílio de sua patrona e de seu próprio, Livro L, T. I, 37, § 1; deve exercer
função nos lugares de origem de seus patronos, se tiver bens próprios, Livro L, T.
IV, 3, § 8.
Lícito: a quem é lícito o mais não pode ser ilícito o menos, Livro L, T. XVII, 21.
Loucura: pátrio poder sob estado de loucura, Livro I, T. VI, 8; pensão alimentícia
não impede a investigação de paternidade, Livro I, T. VI, 10; alienado no estado
inicial não perde direitos e prerrogativas, Livro I, T. V, 20; nos negócios, uma coisa
é tratar com louco, outra com órfão, Livro L, T. XVII, 5; louco não tem vontade,
Livro L, T. XVII, 40; louco assemelha-se a um ausente, Livro L, T. XVII, 124, § 1.
Lucro: em litígio sobre lucro, a preferência é dada à causa anterior, Livro L, T. XVII,
98; quem obtém vantagens de uma pessoa responde pelo que ela faz, Livro L, T.
XVII, 149.
477
Maioria Índice Remissivo
Maioria: o que é feito publicamente pela maioria vale para todos, Livro L, T. XVII,
160, § 1.
Mandante: causa o dano quem manda fazê-lo, Livro L, T. XVII, 169.
Matrimônio: o que o faz é o consenso, Livro L, T. XVII, 30.
Médicos: podem ter licença cassada, Livro L, T. IV, 11, § 3; governadores de pro-
víncia devem arbitrar seus direitos, Livro L, T. XIII, 1, § 1; eventualmente gover-
nadores tratam também de profissionais da medicina alternativa, mas rejeitando
charlatões, Livro L, T. XIII, 1, § 3.
Militar: tem domicílio onde vive, se nada possui em sua terra natal Livro L, T. I,
23, § 1.
Mora: cada qual responda pela sua, Livro L, T. XVII, 173, § 2.
Mudo: pode estar presente onde se requer sua presença, e não a voz, Livro L, T.
XVII, 124.
Mulher: condição inferior à do homem, Livro I, T. V, 9.
Mulheres: excluem-se de cargos civis ou públicos, Livro L, T. XVII, 2; devem ser
defendidas, mas sem incentivo à maledicência, Livro L, T. XVII, 110, § 4.
Munícipe: definição, Livro L, T. I, 1, § 1; identificação da condição de munícipe por
origem genealógica, Livro L, T. I, 1, § 2.
Naturalidade: nascido em povoado é natural do lugar ao qual pertence o povoado,
Livro L, T. I, 30.
Natureza: o que é proibido pela natureza das coisas não é confirmado por nenhu-
ma lei, Livro L, T. XVII, 188, § 1.
Necessidade: o que é aceito por necessidade não pode ser usado como precedente,
Livro L, T. XVII, 162.
Negócios: em sua gestão, não são objeto de consideração coisas que raramente
acontecem, Livro L, T. XVII, 64; se uma palavra tem dois sentidos, interprete-se o
que mais se ajustar à questão, Livro L, T. XVII, 67.
Obediência: não tem culpa quem é obrigado pela obediência, Livro L, T. XVII, 169.
Obras públicas: quem retarda uma obra para obter isenção por motivo de saúde,
morto, transfere aos herdeiros suas obrigações até o dia de sua morte, Livro L, T.
X, 1; quem, já encarregado de uma obra, assume responsabilidade de outra, em vez
478
Índice Remissivo Obras públicas
de pedir dispensa da primeira, teria agido melhor não assumindo a segunda, Livro
L, T. X, 1, § 1; quem investiu, com recurso próprio, na finalização de uma obra não
pode ser impedido de nela gravar seu próprio nome, Livro L, T. X, 2; superinten-
dentes de obras têm relações contratuais com empreiteiros, o município, com os su-
perintendentes, Livro L, T. X, 2, § 1; o governador cuidará de que não seja apagado
e substituído por outro o nome de quem por cuja liberalidade a obra foi construída,
Livro L, T. X, 2, § 2; é lícito a particular fazer obra nova, mesmo sem autorização
do imperador, exceto se para determinados fins, Livro L, T. X, 3; obra novas, com
recursos públicos, só com autorização do imperador, Livro L, T. X, 3, § 1; só se
inscreve nome do imperador ou de quem financiou a obra, Livro L, T. X, 3, § 2; não
se inscreve nome de governador, Livro L, T. X, 4; percentual de juros e a partir de
quando é da competência do imperador, quando é deixado legado para a constru-
ção de obra, Livro L, T. X, 5; é da responsabilidade do governador a distinção de
locais públicos e privados e a administração dos públicos em mãos de particulares
para utilidade pública, Livro L, T. X, 5, § 1; o imperador deve ser ouvido sobre obras
em muralhas, portas e outras obras públicas, Livro L, T. X, 6; legados deixados para
obras novas devem ser investidos preferencialmente na conservação das existentes
quando a cidade já dispõe de obras suficientes, Livro L, T. X, 7; Senado admite que
alguém inscreva seu nome em obra construída por outro se investir em melhoria,
desde que não apague os nomes dos outros e registre o valor de sua contribuição,
Livro L, T. X, 6, § 1.
Obrigação: inexistente quando decorrente de conselho, Livro L, T. XVII, 47; libera-
-se do mesmo modo que se adquire por meio de atos em sentido contrário, Livro
L, T. XVII, 153; inexistente com relação a coisas impossíveis, Livro L, T. XVII, 185.
Obscuridades: em questões obscuras, investigue-se o que é mais verossímil, Livro
L, T. XVII, 114; Livro L, T. XVII, 168.
Omissão: não pode ser acusado quem não proíbe se não pode proibir, Livro L, T.
XVII, 109.
Órfão: não pode consentir, Livro L, T. XVII, 110, § 2.
Origem: declaração mentirosa ou erro sobre a origem não desfaz realidade, Livro
L, T. I, 6; liberto segue a do patrono, Livro L, T. I, 6, § 3; liberto segue a de todos
os patronos, se alforriado por muitos Livro L, T. I, 7; de filho ilegítimo é a da mãe,
Livro L, T. I, 9; adoção não muda direitos de origem a cargos e funções, Livro L,
T. I, 15, § 3; emancipação desfaz a filiação e a cidadania adquiridas em virtude da
adoção, Livro L, T. I, 16; senadores e descendentes eximem-se de sua origem, Livro
L, T. I, 22, § 5; deve ser buscada nos fatos quanto à condição de munícipe, Livro L,
T. I, 38, § 5.
479
Pagamento Índice Remissivo
Pagamento: o que é pago por ordem é considerado pago, Livro L, T. XVII, 180;
nada pode ser reclamado antes do devido tempo, Livro L, T. XVII, 186.
Parteiras: governadores de província devem julgar seus direitos, Livro L, T. XIII,
1, § 2.
Particulares: acordos não podem violar o direito público, Livro L, T. XVII, 27.
Patrimônio municipal: não será responsabilizada por prejuízo público pessoa que,
ao ser nomeada, era idônea, Livro L, T. VIII, 2, § 7; fiador de empreiteiro passará
a outro a obra a ser feita, que, se não concluída, obrigará os herdeiros do fiador ao
pagamento de juros, Livro L, T. VIII, 2, § 11; fiador de arrecadador de impostos
obriga-se aos juros, Livro L, T. VIII, 2, § 12; curadores que exercem cargo comum
não se isentam da mútua responsabilidade, Livro L, T. VIII, 3; erro de cálculo pode
ser corrigido mesmo após 10 ou 20 anos, Livro L, T. VIII, 8; perde o direito à corre-
ção, se os cálculos forem rasurados, Livro L, T. VIII, 8, § 1; juros devem ser cobra-
dos de recursos que ficam com curadores, mas só são responsáveis pelo capital dos
recursos não exigíveis dos empreiteiros, Livro L, T. VIII, 9; herdeiros de curadores
são também responsáveis, Livro L, T. VIII, 9, § 1; áreas rurais devem ser recupera-
das pelos procuradores municipais, mesmo se possuídas de boa-fé, Livro L, T. VIII,
9, § 2; não se executam obras sem caução, Livro L, T. VIII, 9, § 3; em alienações,
curadores respondem pelo valor devido se se conduzem com negligência, e com o
dobro do valor, se fraudulentamente, mas a pena não alcança herdeiros, Livro L,
T. VIII, 9, § 4; curadores devem exigir recursos destinados ao abastecimento, Livro
L, T. VIII, 9, § 5; intendentes de abastecimento que se conduzem sem negligência
devem ser poupados de prejuízos, Livro L, T. VIII, 9, § 6; não se exige caução de
contador municipal escolhido pelo governador, Livro L, T. VIII, 9, § 7; curador
responde por colega se pôde e não interveio, Livro L, T. VIII, 9, § 8; diminuição da
receita durante o mandato é da responsabilidade do curador, Livro L, T. VIII, 9, § 9;
magistrado que, sem justificativa, mantém dinheiro público em seu poder durante
a magistratura, deve pagar juros, Livro L, T. VIII, 9, § 10.
Pecúlio: não se admite sua manutenção, recuperação ou posse por filho de família
(filiusfamiliae), Livro L, T. XVII, 93.
Pena capital: negada ao cônsul, Livro I, T. II, 2, § 16; exige presença de questor,
quadrúnviros, triúnviros e triúnviros capitais Livro I, T. II, 2, §§ 23 e 30.
Pessoa: sujeito de direitos, Livro I, T. V, 1-2; nasce livre ou escravo, Livro I, T. V, 3,
5, § 3; liberto, Livro I, T. V, 6; mulher tem condição inferior à do homem, Livro I,
T. V, 9; hermafrodita, definição de sexo, Livro I, T. V, 10; legitimidade do nascitu-
ro, Livro I, T. V, 11; legitimidade do prematuro, Livro I, T. V, 12; não é filho quem
nasce sem a forma humana habitual, Livro I, T. V, 14; é filho se nasce apenas com
480
Índice Remissivo Pessoa
481
Pretor Índice Remissivo
Príncipe: origem da função, Livro I, T. II, 2, §§ 11 e 12; imune à lei, Livro I, T. III,
31; soberania, Livro I, T. IV, 1; atos pessoais, Livro I, T. IV, 1, § 2; interpretação da
vontade do, Livro I, T. IV, 3.
Professores: primários não têm isenções, Livro L, T. IV, 11, § 4; governador de pro-
víncia só costuma julgar sobre salários de professores de disciplinas liberais, Livro
L, T. XIII, 1; governadores não se ocupem de remuneração de professores de direito
civil, Livro L, T. XIII, 1, 5.
Protelação: não incorre quem recorre ao Judiciário , Livro L, T. XVII, 63; não há
onde não há demanda, Livro L, T. XVII, 88.
482
Índice Remissivo Província
483
Senado Índice Remissivo
484
Índice Remissivo Tributos
485
imove, nultoreteate con actem alienti facerevitis bon temortus omantia nos, con-
sunum orum inti, consus elii publiss iliissi dessili issatquit. Erum peremore audam
cupio, con pestiam in sere aut ad det, nemoratum perfendem me alin vitatiam ia-
cierem di, que pon sideatarit. At furnique qua L. moerus mentermium seri iaedica-
tum hicaell aberitam audam, deeste, facidet aliam perfec forus ac omnostrae et prae
cultus. Decut perbit vit opotend acciaes silintem qua nos peres or atque ina, unum
demuriorum tam forum dii introru nticiam ommoractum sperist anteres tratan-
tinc tus sedes? O tam esum temusti, num acrei publien immorumendam stratuit
gra? Ubliurnihin Etra L. Satia reo, Ti. Bem, noctuam pest? Ut de novid reo, nunim
patilinerei faciend ucerum in Etrarei sendam pra, consul vitam ad mandume inatu
que occhuides incem prideps, se quem, quod fac ommorsultori tabus, C. Fullarit;
nos foris fure te verid con invendees nonsus publinatam publius, etissul ostrem id
Catum, tam telii stamque ex mus, qui prae dum ereo, nem pra cidem tus conve,
quiste fui ipse pris, cipiemquam Romnerniae num clut is publiae tus firtus crem.
Ecum propostris sedo, coena, prorum perem autem ses escricaet; inatum popori
te, C. Irmis venihinatin peri ipses? Pos et verfecres, esteat. Cepos ia redo, C. Ossus
cupicon sulvit. Geris ommo uteret oculegi teratrivita idemquitem, nos cludam ta
ret inam, me tam ad finvena, que te et popotilis et; hocchus, co num prectatius hos,
quod cae consupiciam terrica ditienin des orum terriondem aus concemo ltorte
dis. Vivessendit. Eperi pra Serum practabus iu sendienita, se nonfecondam aci-
de movernulost Catqua re tem pertem pat Catuus tere cupior aure facchuc remus
hoculeside ad iaest ade nons nosto atratur supiem iptissuli patus, virmistelici int.
Antre rentica essermis? Patiae fac vit, confereis consum me am aces ex suppl. Ca-
tum omaxime rfenduc erferfex mus, clem publiisum ex se ad contio a Sp. Oltum
Romniquemo mullabena, cem te, omnique ci fervivem menate inte hocrem per us
anulto perfecierum num orum dici pratum, factor ina, propublissim quam hocaet
inat, que iae cut L. Ximus igitum in Itatu quem imihil vignatu scerem effres, octus
avo, non tanum pateresum condien tristri culturor la movit, ut optissulla reciae
mortus acissul habem. Gra Si ficatam entilic auconferis et fatatus audefactus co-
nem ignoste aternihica disus nossent erterrarit. Unu quod int? Cibusquam inum
publi postem rem aurbi publiciem siciem, Cat viris inatuam noverce tere caelum
abutebes et veri peri, deperi, ut con superum dioraela rem in vatilicae, postum
inum Romnem vit vignatumuro nos vidium etestiur utercermant, alatis haliu er
INFORMAÇÕES
unis, contimmorte, DA PUBLICAÇÃO
Catquam mactum peribus entemquam audeatua viris eterman
damdit pra Sp. Nictus nimis habut virimus imihili cibuninpra? Ecteatus ficaecu lto-
Formato: 160 X 230 mm
dit. Henator autum rei prorum acips, atusultus, us, conicaedo, nox se corbi se niti
Mancha: 127 X 188
imilii patilnenicam iu et; nenteat, C. esi patis publium lis culum atimihilis es nicit
Tipologia: Minion Pro
cus conem no. Fecessent rem ta cones! Seresse es venatia nihin virmand enatum it,
Papel: AP 75g/m² (miolo) e AP 250g/m², com laminação BOPP (capa)
nonfex nocre publiam cul hoculto virmis. Hica maiocris is ca re, dius, que condit,
Tiragem: 3 mil exemplares
no. Ad postifecri ium publinte nonve, tionden atimpre stique restrei senatortem
Impressão: setembro de 2010
intil teritum nicavoltus me mora, nonscreoraed is C. Ficae aucerit iam vid arit; hac