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1. Acidente
• Eventos:
Enquanto isso, no ferro-velho, o uso de eletroímãs para manuseio da sucata fez com
que os grânulos de cobalto-60 se espalhassem pelo pátio. Os grânulos finos foram atraídos
pelos campos magnéticos de outros guindastes eletromagnéticos no pátio e eventualmente
misturados com outros metais. Essa sucata radioativa foi enviada para duas fundições: a
Aceros de Chihuahua (Achisa), uma fábrica de vergalhões para construção na capital do
estado de Chihuahua City, e a maquiladora Falcón de Juárez, fabricante de bases de
mesa.[4] Estima-se que, em janeiro de 1984, já tivessem sido exportados para os Estados
Unidos e para o interior do México.
2. Causas:
Após uma investigação mais aprofundada, a CNSNS concluiu que, além do ferro-
velho Fénix, Achisa e Falcon, três outras empresas receberam material contaminado: Fundival,
localizada em Gómez Palacio, Durango; Alumetales, em Monterrey, Nuevo León; e Duracero,
na cidade de San Luis Potosí, San Luis Potosí. Estima-se que o material contaminado chegou
a 30.000 bases de mesa e 6.600 toneladas de vergalhões. A ativação de alarmes em um centro
de pesquisa nuclear no sudoeste dos Estados Unidos foi a primeira indicação de que algo
estava errado.
Na rodovia que passa pelo Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México
(Estados Unidos), viajava em janeiro de 1984 um caminhão de carga que acionou os detectores
de radiação daquele local, onde foi fabricada a primeira bomba atômica.
Uma câmera externa ajudou a detectar que o veículo, que estava passando ali por
simples coincidência, tinha um alto nível de radiação. A investigação de sua origem chegou a
Ciudad Juárez, no México, onde inadvertidamente já estava em andamento o maior acidente
nuclear desse tipo nas Américas, dada a extensão que atingiria.
No caso do México, cerca de 4 mil pessoas tiveram algum grau de exposição, apesar
do número elevado, até o momento não há certeza de quantas vítimas com doenças de longa
duração o incidente de 1984 deixou e não houve acompanhamento pelas autoridades de saúde
das pessoas mais expostas. "(Houve) uma grande aberração no manuseio de material
radioativo", diz Gerardo Espinosa, físico da Universidade Nacional Autônoma do México, que
participou da investigação acadêmica do caso. Como mostra a documentação do caso, vários
foram os erros que geraram a crise de contaminação dessa magnitude.
• Compra inutilizada e não relatada:
Uma investigação pela Comissão Nacional de Segurança Nuclear e Salvaguardas
(CNSNS) publicada em 1985 descreve como a situação começou: Em 25 de novembro de
1977, o Centro Médico Especializado de Ciudad Juárez adquiriu uma unidade de tratamento
com cobalto-60 fabricada nos Estados Unidos. Embora sua importação exigisse licença, o
CNSNS afirma que o material "nunca foi notificado" às autoridades e, portanto, não era
autorizado. Ao mesmo tempo, o hospital nunca teve uma equipe treinada para utilizá-lo, por
isso o armazenou indefinidamente em um espaço da clínica onde "os requisitos mínimos" de
segurança não eram cumpridos, segundo a CNSNS."O cobalto é um material radioativo
produzido em reatores e é usado para aplicações em física médica, para radioterapia. Hoje os
hospitais continuam a usar cobalto-60 para pacientes com câncer", explica Espinosa.
3. Consequências
• Exposição da população:
De acordo com o relatório do CNSNS de 1985, cerca de quatro mil pessoas foram
expostas à radiação de cobalto-60 como resultado do incidente. Estima-se que quase 80 por
cento das pessoas receberam uma dose inferior a 500 mRem (equivalente a 0,005 Sv); 18 por
cento, entre 0,5 e 25 rems (0,005-0,25 Sv); e apenas dois por cento (cerca de 80 pessoas)
receberam doses superiores a 25 rems (0,25 Sv).
Destes, cinco pessoas receberam uma dose entre 300 e 700 rems (3-7 Sv) durante
um período de dois meses. O CNSNS também examinou os vizinhos de Vicente Sotelo,
determinando que três deles haviam recebido uma dose acima de 100 rems (1 Sv). [12] Para
comparação, a radiação média de fundo nos Estados Unidos é de 310 (0,003 Sv) mRem por
ano. Doses crônicas acima de 20 rem (0,2 Sv) aumentam o risco de câncer. Doses agudas de
500 rem (5 Sv) matam metade das pessoas afetadas sem tratamento médico. Doses crônicas
(recebidas por um longo período de tempo) são menos prejudiciais do que doses agudas.
4. Medidas Propostas:
As novas estratégias do ProAire vão até 2020 e incluem o aumento das frotas verdes
do transporte municipal, com um novo Metrobús e o programa “Ecobici” de bicicletas
compartilhadas. O reflorestamento e a criação de áreas verdes ajudarão a limpar o ar, assim
como a energia renovável. E, para Velasco, a reestruturação da cidade, para que as pessoas
“moram mais perto de onde trabalham”, também ajudará.
Pesquisas mostram que as pessoas são grandes poluidoras, não muito atrás dos
veículos e das fábricas industriais. Educar as pessoas sobre como elas podem,
individualmente, reduzir a poluição do ar também será uma prioridade, segundo Velasco.
A menos que as estratégias sejam implementadas com rigor, “a coisa mais realista
que veremos será a qualidade do ar ficar como está. Não vai deteriorar, mas não vai melhorar”,
diz Velasco. Desenvolvimentos tecnológicos como combustíveis alternativos são parte da
solução; mas, segundo ele, para manter o ímpeto, “precisamos de ações bastante ousadas
agora”.