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REVITALAÇÃO DAS CICLOVIAS EM MARINGÁ-PR

JUSTIFICATIVA
Na cidade de Maringá - PR o alto número de acidentes de trânsito tem desestimulado o uso da bicicleta
entre os habitantes como meio de transporte. De acordo com o artigo de FILHO, S.H.B.; NERI, T.B. SOARES,
no período de 2010 a 2014 foram registrados pelo Corpo de Bombeiros, 1350 acidentes de trânsito envolvendo
ciclistas. Foram considerados válidos para a pesquisa somente 1184, os demais 116 foram eliminados devido a
dados inconsistentes. Das vítimas envolvidas 90% são do sexo masculino. Com relação à faixa etária das
vítimas, 5,6% possui até 12 anos, 18,8% de 13 a 18 anos, 11,1% de 19 a 24 anos, 15,3% de 25 a 35 anos, 34,9%
de 36 a 59 anos, 14,1% mais de 60 anos de idade e 0,2% não tiveram idade registrada.

É possível perceber que adultos entre 36 a 59 anos e adolescentes de 13 a 18 anos compõem a maior
parte das vítimas, a participação do sexo masculino é mais predominante entre os entrevistados. O percentual de
adultos do sexo masculino que utilizam as bicicletas como meio de transporte para se locomover tanto para
trabalho e/ou laser são acidentados durante o percurso, sendo que a maior porcentagem são lesões leves com
62,4 % enquanto que as lesões graves compõem 32, 1 %, o que indica que as maiorias desses acidentes podem
ocasionar algum tipo de lesão sendo temporária ou permanente, o que gera gastos para saúde pública.

Dos veículos envolvidos nos acidentes em 64,8% das ocorrências o veículo envolvido era um carro, em
26,4% uma motocicleta, em 4,5% um caminhão, em 2,9% um ônibus e em 1,4% outra bicicleta. É possível
observar que a maior parte dos acidentes são entre ciclistas e motoristas que utilizam carro, isso porque uma
pesquisa mostra que na cidade de Maringá a quantidade de carro registrado é de 0,74 por habitante, ou seja, cada
habitante da cidade tem um carro registrado. Os acidentes ocorrem na região que apresenta edifícios
empresariais, comércios de rua, shoppings, universidades e o terminal urbano da cidade, o que indica um grande
fluxo de pedestres, ciclistas e motoristas, logo é necessário buscar meios para reduzir esses acidentes nesta
região.

Além disso, podemos destacar que na direção nor-nordeste encontram-se duas importantes vias
arteriais que ligam os bairros ao centro, onde possui ciclovia no canteiro central sem sinalização e com diversas
interseções com vias coletoras e sem infraestrutura específicas para ciclistas, o que acarreta mais acidentes de
trânsito. Assim como nesta região, a cidade apresenta outras ciclovias que apresentam acidentes envolvendo
ciclistas.

Dessa forma é necessário executar projetos de infraestrutura das ciclovias que busca melhorar as
sinalizações e desenvolvimento de ciclovias que estejam de acordo com as leis de trânsito para amenizar os
acidentes envolvendo ciclistas e diminuir o tráfego de veículos motorizados. Além disso, a baixa circulação de
veículos motorizados favorece a diminuição de gases de efeito estufa e contribui para o meio ambiente.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
No Código de Trânsito Brasileiro, na Lei Nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, no artigo 21, atribui aos
órgãos e entidades executivos rodoviários da União, planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de
veículos, de pedestres e de animais, e promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas;

Por outro lado, o artigo 58 diz: nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas
deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização
destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com
preferência sobre os veículos automotores.
O artigo 105 São
equipamentos obrigatórios
dos veículos, entre outros a
serem estabelecidos
pelo CONTRAN: a
campainha, sinalização
noturna dianteira,
traseira, lateral e nos
pedais, e espelho
retrovisor do lado esquerdo.

Além disso, o
Código de Trânsito
Brasileiro (CTB),
ressalta que é proibido o
trânsito de pedestres nas ciclovias, pois é de grande risco colisão com ciclistas. O pedestre pode fazer uso da
ciclovia com estiver sinalizada como compartilhada.

Segundo (MARUYAMA. C, TEIXEIRA. V, SOARES. D) há necessidade de regulamentação em


alguns dispositivos da Lei 9.503/97, como por exemplo, o atendimento emergencial. Outro aspecto da mesma lei
é que os pedestres não podem atravessar a pista da ciclovia com sinal verde para os ciclistas e estes, por sua vez,
não podem avançar o sinal com o mesmo estando aberto para os pedestres, parece óbvio, mas a lei precisa
regulamentar tal conduta.

No município de Maringá – PR possui atualmente uma malha de ciclovias de 44 km entre ciclovias e


ciclofaixas, porém algumas destas ciclovias estão abandonadas e possuem más condições de conservação, bem
como a falta de sinalização adequada e problemas com pedestres utilizando as ciclovias para a caminhada. O
código de Segurança Contra Incêndio e Pânico, CSCIP:2012, delimita o espaço viário para que os ciclistas
tenham segurança durante a sua locomoção. Os cruzamentos e intersecções nas ciclovias são os locais que
ocorrem mais acidentes com os ciclistas, isso porque a falta de sinalização e conflito gerado pelo próprio
sistema viário (MARUYAMA. C, TEIXEIRA. V, SOARES. D, 2012). De acordo com o Código de Trânsito
Brasileiro e no código de Segurança Contra Incêndio e Pânico, as características das vias tais como: sua largura,
pavimentação, sinalização nos cruzamentos e interseções, terraplanagem, ciclovia segregada em calçada, passeio
separado com espaço para circulação de bicicletas deve estar de acordo para evitar acidentes.

O primeiro estudo de caso realizou-se em uma ciclovia de cerca de 2660 m de extensão localizada
entre as avenidas Pedro Taques e Guaiapó que possibilita o deslocamento entre as regiões norte e sul da cidade
de Maringá, conforme apresentado na Figura 1.

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Figura 1: Mapa da Ciclovia Horácio Racanello em Maringá. Fonte: MARUYAMA. C, TEIXEIRA. V,
SOARES. D, 2012

Nesta ciclovia ocorre tráfego urbano que causa graves acidentes e óbitos ao longo da via e ciclovia,
isso porque essa ciclovia não apresenta os parâmetros corretos estabelecidos no Código de Trânsito Brasileiro
(CTB) e no Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Paraná. A ciclovia se inicia sem a devida
sinalização que indica o local de uma ciclovia, além de ausência de pintura de faixa para travessia de ciclistas, o
que dificulta o deslocamento de pedestres e de ciclistas. Com relação a sinalização constatou-se a inexistência,
apenas placas ao final, e somente uma das direções (MARUYAMA. C, TEIXEIRA. V, SOARES. D, 2012).

Além disso, a ciclovia apresenta geometria irregular, desvios perigosos, ausência de continuidade
visual e física, inclinação excessiva das rampas de acesso à ciclovia entre os cruzamentos, o que torna o trajeto
inseguro os ciclistas (MARUYAMA. C, TEIXEIRA. V, SOARES. D, 2012).

O segundo caso é da ciclovia Maringá-Sarandi, todo o trecho se encontra em zona urbana sendo que
em seu entorno encontram-se indústrias, comércio/serviços e bairros residenciais ao sul. A extensão total de
1.700 m partindo da Avenida Guaiapó, margeando a Avenida Colombo até seu encontro com os Contornos
Norte e Sul, conforme apresentado na Figura 2:

Figura
2:
Mapa da Ciclovia Maringá-Sarandi. Fonte: NERI, T. B., 2012.

As características positivas da ciclovia são três metros de largura em pavimentação asfáltica, localizado em
espaço entre a Avenida Colombo e a Rua Estados Unidos (marginal). Apresenta arborização na maior parte do
trajeto, porém há ausência de equipamentos de sinalização, iluminação própria e estacionamento para bicicletas.
A estrutura encontra-se com asfalto em condições precárias na maior parte da ciclovia o que torna os
deslocamentos noturnos inseguros (NERI, T. B., 2012).

Para as duas ciclovias apresentadas, observa-se que ambas não contêm sinalização adequada e
iluminação, além de estruturas irregulares que podem favorecer o aumento de acidentes nestes locais. Pezzuto e
Sanches (2004) destacam que aproximadamente 31% dos usuários de bicicleta em Araçatuba-SP consideram o
conforto como a variável mais importante para utilizar a bicicleta como meio de transporte, sendo está a mais
influenciável no uso. Outro aspecto importante quanto à segurança, os que incomodam os ciclistas estão
relacionados à possibilidade de conflito com os veículos motorizados e a possibilidade de assalto, sendo que em

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Araçatuba 12% consideram este um fator importante na hora de escolher a bicicleta como meio de transporte
(PEZZUTO; SANCHES, 2004).

ANÁLISE
Para solucionar os problemas de mobilidade urbana da cidade de Maringá - PR é necessário a
participação da população junto ao poder público para buscar as principais razões para o aumento de acidentes
na região. Estudos de casos referentes às ciclovias de Maringá - PR demonstram a precariedade e abandono das
ciclovias resultam nas principais causas de acidentes graves e óbitos, o que demonstra a falta de compromisso
do poder público em manter as ciclovias viáveis para o uso.

Conforme relatos nos dois estudos de caso, a falta de sinalização e pavimentação são os pontos
principais, uma vez que a pavimentação e sinalização das ciclovias são primordiais para o bom uso das mesmas.
Uma pesquisa realizada no estado de São Paulo mostra que para boa utilização das ciclovias é necessário o
conforto nas ciclovias e a segurança. Então para melhora da mobilidade urbana em Maringá - PR deve-se optar
em um recapeamento das ciclovias de forma a manter uma boa terraplanagem, além de regularidades na
geometria, bem como rampa com inclinações adequadas e arborização das ciclovias. Quanto à segurança, deve-
se colocar placas e semáforos para melhorar a sinalização das ciclovias, bem como postes de iluminação e
postos de policiamentos para que os usuários possam trafegar de forma segura. Após a resolução desses
problemas a cidade de Maringá -PR pode se tornar uma cidade sustentável e smart city, uma vez que apresentam

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os objetivos da ODS tais como: saúde e bem estar, isso porque pode aumentar o número de ciclistas que
trafegam nas ciclovias e reduzir os números de acidentes associados aos ciclistas e motoristas. Cidades e
comunidades sustentáveis, uma vez que terá o aumento de bicicletas menor será a emissão de gases que causam
o efeito estufa e ação contra a mudança global do clima.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

FILHO, S.H.B.; NERI, T.B.; SOARES, D.A.F. Mapa de acidentes envolvendo ciclistas: estudo em Maringá,
Paraná, Brasil. 7º Congresso Luso Brasileiro para o Planejamento Urbano, Regional, Integrado e Sustentável,
2O16, Maceió. Anais. Tema: Contrastes, Contradições e Complexidades.

MARUYAMA, C. M.; TEIXEIRA, V. C.; SOARES, D. A. F. Sinalização de trânsito e atendimento


emergencial: Estudo de caso de uma ciclovia em Maringá-PR. Terceiro Simpósio de Pós-Graduação em
Engenharia Urbana, Universidade Estadual de Maringá -UEM, 2012.

NERI, T. B. Proposta metodológica para definição de rede cicloviária: um estudo de caso de Maringá.
2012. 185f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Urbana, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2012.

PARANÁ a. Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico - CSCIP: Corpo de Bombeiros Militar do Paraná
(2012).

PARANÁ b. NPT 005 – Segurança Contra Incêndio/Urbanística; Código de Segurança Contra Incêndio e
Pânico do Estado do Paraná (2012). Corpo de Bombeiros Militar do Paraná.

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PEDERSOLI, Douglas Rafael. Análise da eficiência de rede Cicloviária em Maringá-PR. Artigo de
Mestrado, UniCesumar – Centro Universitário de Maringá, 2017.

PEZZUTO, C. C.; SANCHES, S. P. Identificação dos fatores que influenciam no uso da bicicleta.
Universidade Federal de São Carlos; São Carlos, 2004.

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