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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CULTURAS POPULARES
SÃO CRISTÓVÃO/SE
2020
ANDRÉ LUIZ SANTOS VALENÇA
SÃO CRISTÓVÃO/SE
2020
SUMÁRIO
RESUMO-------------------------------------------------------------------------------------------------00
INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------------------------00
JUSTIFICATIVA----------------------------------------------------------------------------------------00
OBJETIVOS----------------------------------------------------------------------------------------------00
REVISÃO DE LITERATURA-------------------------------------------------------------------------00
REFERENCIAL TEÓRICO----------------------------------------------------------------------------00
METODOLOGIA----------------------------------------------------------------------------------------00
CRONOGRAMA----------------------------------------------------------------------------------------00
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS----------------------------------------------------------------00
RESUMO
INTRODUÇÃO
Definir a cultura popular é complexo, o que devido a isso será necessário adotar um
significado amplo e que abarque diversos contextos socio culturais. Para isso, será
destrinchado o termo popular, segundo o livro “Introdução as culturas populares no Brasil”
dos autores Otávio Zucon e Geslline Giovan Braga (2013, p. 26) é designado pelo termo
“povo” que é uma vocábulo que não possui apenas um significado, em alguns momentos, esse
pode ser utilizado para conceituar a população de um país, já em outros parte das camadas
populares mais pobre ou o conjunto de trabalhadores e pequenos proprietários rurais e urbano.
Pode ser percebido que o conceito gira entorno das diferenças entre as classes sociais
populares, porém, nesse caso, é necessário entender que existem elementos que distinguem as
pessoas dentro das suas próprias classes sociais.
Ainda de acordo com os autores “O entendimento sobre o popular define-se com base
na concepção de diferença” (ZUCON; BRAGA, 2013, p. 26). Em virtude da singularidade e
peculiaridade existentes que distingui determinados grupos sociais como relações simbólicas,
os recursos técnicos materiais disponíveis para realizar a atividade e a maneira própria de
preparar determinado produto. Como exemplo os autores colocam grupos social como
pescadores, costureiros e operários e diz que cada um desses possui diversas características
que realizam durante sua atividade laboral. Ao mesmo tempo o autor menciona que é
necessário ter cuidado em categorizar uma cultura como popular ou de elite pois a cultura é
dinâmica e mutante.
p.06). Essa atitude propicia a gênese de conflitos sociais contra o que é diferente das suas
vivências ou práticas culturais.
De acordo com o que foi visto anteriormente, pode-se ajuizar que existem formas
variadas de como as sociedades se organizam, engendrando múltiplas categorizações
culturais, um pensamento rígido e fixo não daria conta das formas de ver, pensar e do grande
número de disposições sociais em que as populações humanas se constituem. O “Plano
Setorial Para Culturas Populares” de dezembro de 2010, produzido pelo Ministério da Cultura
do Brasil, delineia que:
“Se pensarmos que a cultura serve como uma lente para ver e pensar, e que só se
consegue enxergar o mundo pela lente que se tem, a tendência é supervalorizar
nossa forma de ver. Ao fazer isso, é possível desvalorizarmos outras possibilidades
de enxergar o mundo, fixando nossa visão no centro de todas, como sendo a melhor,
a correta, a verdadeira, a real, a única possível.” (BRASIL, 2010, p.09)
Logo, o ser humano tende ver e pensar o mundo de modo diversificado, e, isso é algo
impressionante pois auxilia nas dificuldades vivenciadas em seu dia a dia. Mas, ao mesmo
tempo, a forma individual de observar o mundo, funciona, também, com contornos de
distanciamento, separação e desvalorização da cultura do outro. Por isso a finalidade da
pesquisa que aqui se esboça é entender que a educação e mais especificamente o ensino de
arte pode ser usado como ferramenta de compressão da diversidade cultural e valorização das
identidades locais.
Em vista disso, os estudos que deveram ser delineados através deste projeto, tentarão
compreender qual é o papel e a função do ensino de arte diante da preservação identitária e
ampliação do repertório cultura e quais as prováveis práticas pedagógicas que o professor de
arte pode se utilizar para auxiliar no desenvolvimento de habilidades e competências nos
alunos para fomentar a diversidade cultural e o reconhecimento das complexas relações
culturais, com o intuito de dissolver as discriminações e preconceitos existentes entre cultura
erudita, popular e de massa.
JUSTIFICATIVA
Esta pesquisa parte de inquietações que tiveram sua gênese a partir de reflexões e
indagações. No ano de 2019, na realização da disciplina isolada Culturas Populares e
Linguagens Artísticas, realizada no programa de pós–graduação interdisciplinar em culturas
populares na Universidade Federal de Sergipe, no qual trouxe a oportunidade de observar e
compreender melhor sobre a articulação entre as linguagens artísticas e culturas populares de
forma a pensar sobre o papel da disciplina de arte perante a transmissão de conhecimento
dessas para o aluno.
O projeto justifica sua viabilidade de execução pela originalidade do tema e por ser
uma investigação que possui a intenção de dar visibilidade as culturas populares locais dentro
do ensino de arte. De forma a valorizar as manifestações artísticas culturais local, nas diversas
linguagens artísticas e disseminar o conhecimento através de referências estéticas que partem
da memória e identidade da comunidade que cerca a escola coadunando também com a
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cultura produzida pela juventude contemporânea que é acessada através das redes de
informação.
A hipótese a ser tratada é que as culturas locais contribuem nos processos de ensino
artístico e na difusão e ampliação do repertório cultural, regional, nacional e global. Fazendo
com que os alunos percebam os processos cultuais; a diversidade, a pluralidade, a preservação
das culturas locais e suas identidades e memórias. De forma a articular esse conhecimento
com a cultura produzida nas redes de informação pela juventude na contemporaneidade.
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Entender de que forma o ensino de arte e a cultura visual pode ser uma ferramenta na
preservação da memória e identidade das culturas locais e a ampliação do repertório
cultural através dessa.
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REVISÃO DE LITERATURA
Ainda conforme o livro citado acima, a arte é um conhecimento humano que articulam
sensibilidade, percepção e cognição. Através dela é possível entender significados estéticos,
técnicas de criação e comunicação sobre o mundo da cultura e da natureza.
Rossi (2009, p.09) em seu livro “Imagens que Falam: leitura da arte na escola”,
informa que a imagem tem um poder persuasivo, pois ela representa o mundo. Na atualidade
existem imagens por toda parte devido os avanços tecnológicos no modo de produção, as
crianças desde cedo interagem com a cultura visual através de videogame, computador e
smartphone, no qual encontram-se publicidades que moldam comportamentos e pensamentos.
Sendo assim, a autora defende uma educação capaz de analisar e criticar tais produções
imagéticas, de forma a propor uma leitura crítica e consciente a essas que pretendem impor
valores, ideias e comportamentos não elegíveis.
Da mesma forma, o autor Albuquerque JR. (2007, p.38) indica que a imagem está
intimamente ligada ao ato de viver e que a definição de territórios e localidades culturais são
puramente imagéticos, essas são apreendidas através do contato social e da educação.
Tendo em vista o que foi mencionado acima, a disciplina de arte é uma grande aliada
na construção de uma educação crítica sobre o discurso da imagem. De acordo com Rossi
(2009, p.09) “Após décadas de ausência na escola, a imagem retorna para ocupar um lugar
central nas aulas de arte. Já é consenso a ideia de que todo aluno deve ter a oportunidade de
interpretar os símbolos da arte, pois a dimensão estética é constituída do potencial humano”.
Dessa forma, é necessário aumentar o arcabouço imagético dos educandos, para que os
mesmos construam uma interpretação de mundo amplo e múltiplo em várias direções,
compreendam que para além de absorver informações através das imagens, tem-se a
necessidade de produzir arte utilizando-se da articulação das linguagens artísticas e
manifestando a realidade local em que ele se insere de forma associada a cultura visual
regional, internacional e global.
Ainda com um olhar debruçado sobre o ensino de arte e sua importância para
formação crítica e integral do educando sobre a cultura visual, é necessário pensar em um
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De acordo com o que foi discorrido, é necessário, na aula de arte, dar conta da
diversidade e das singularidades locais, para promover o aprendizado do aluno sobre a
produção artística imagética, de forma ampla e democrática. Destarte, é necessário legitimar
através da aula de arte, o modo de fazer e o discurso imagético dos setores populares, o livro
“Culturas Híbridas” pronuncia que:
O popular é nessa história o excluído : aqueles que não têm patrimônio ou não
conseguem que ele seja reconhecido e conservado; os artesãos que não chegam a ser
artistas, a individualizar-se, nem a participar do mercado de bens simbólicos
“legítimos”; os espectadores dos meios massivos que ficam de fora das universidade
e dos museus, “incapazes” de ler e olhar a alta cultura porque desconhecem a
história dos saberes e estilos.(CANCLIN, 2013, p.205)
Diante do que foi exposto acima, as camadas populares são excluídas do mercado dos
bens simbólicos, sendo renegadas apenas a espectador, de acordo com o sistema de ideias
dominante. Nesse sentido, a disciplina de arte deve ter a intenção de promover ao aluno a
formação da cultura identitária ampla, e, capaz de desfazer as relações de poder e
categorização hierárquica proferidas por Canclin (2013, p.205,206) existentes entre o
moderno e o tradicional; culto e popular; hegemônico e subalterno. Para isso é necessário
educar o olhar e abri-lo para uma cultura visual local, regional, nacional e global de forma a
proporcionar um conhecimento artístico plural.
diversos períodos da história, mas segundo o livro “O que é Cultura Popular?”, escrito por
Arante (1990, p.13,14) essa se acentua nas sociedades industriais e capitalistas, na qual o
trabalho intelectual e manual são vistos como distintos e distantes. Havendo discrepâncias
entre salários, classes e a dissociação entre saber e fazer.
Através de Duarte (1953) sobre a lei 5692/71 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação),
aponta que ela foi promulgada apenas com o objetivo de propagar o padrão de
desenvolvimento industrializado adotado pelo país. Embora a lei contemple algumas linhas ao
ensino de arte a matéria fica resumida a uma função meramente decorativa e manual, levando
a arte a ser encarada como distração, pois as disciplinas ditas “sérias” possuem maior
importância. De acordo com Fusari e Ferraz (1999) o currículo dessa época tinha em sua
concepção uma valorização tecnicista, no qual é observado que as atividades propostas em
sua maioria eram desvinculadas do saber artístico verdadeiro.
Nesse sentido será necessário de forma preliminar esboçar algumas considerações com
relação as ramificações inerente a cultura, de acordo com o livro “O que é indústria cultural”
do autor Teixeira Coelho (1993,p.8,9) é mencionado que existem três formas de
manifestações culturais a superior, a média e a de massa, no qual a primeira são todos os
produtos aprovado e legitimado pela crítica erudita como, o segundo é remetido ao universo
dos valores dos pequenos burgueses e o terceiro é aquilo que é produzido pela indústria
cultural.
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Certamente de acordo com o que foi visto anteriormente, é necessário que o professor
de arte esteja atento a desmistificar essas ramificações culturais, através da valorização
daquilo que é produzido culturalmente pela comunidade local. De acordo com Duarte (1953,
p.70,71), um dos grandes problemas enfrentados pelo professor de arte diante dos alunos é o
emprego de demonstrações artísticas distantes do cotidiano o que dificulta a aprendizagem.
Para isso, é necessário lembrar o intuito maior da disciplina que é a expressão individual dos
valores, sentimentos e significações a partir da cultura local do indivíduo.
Com relação a esse aspecto, Ana Mae Barbosa prescreve que o ensino de arte
amplia a capacidade crítica de analisar a realidade em que o indivíduo vivi, fazendo com que
esse possa mudar de maneira criativa. Ela ainda menciona que o conteúdo veiculado pela
produção artística permite relacionar com aspectos inerentes a arte e a outras áreas do
conhecimento, permitindo uma compreensão alargada dos aspectos sociais pois “Por meio da
Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender a realidade do meio
ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade
percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi
analisada.”(BARBOSA,2003,p.18).
Com relação a desenvolver no aluno uma percepção sobre a produção artística
cultural popular de sua localidade, de forma a promover o processo de forma identitária e
ampliar o seu repertório cultural a “Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio” em
sua competência específica de número dois da área de linguagens e suas tecnologias, discorre
que
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Para além dos termos citados acima, tem-se também as seguintes terminologias:
coletivos, heterogêneo, diversidade, pluralidade, outras culturas, regional e global. Esses
condizem com o pensamento dos autores citados acima, no sentido de focar na realidade
cultural local, no qual é necessário valorizar as manifestações culturais populares coletivas e
individuais do aluno e ampliar o conhecimento para outras culturas, de forma a desenvolver o
conhecimento sobre a diversidade e pluralidade cultural diminuindo os preconceitos e
estereótipos.
Fazendo com que o aluno reflita e entenda que as manifestações artísticas culturais
locais e individuais, possuem variadas influências engendradas através de outras culturas,
sendo assim o repertório individual é uma construção multicultural. O livro “Invenção do
Nordeste e outras Artes” o autor Albuquerque JR. (2007, p.38) menciona que a ideia de
identidade é superficial e que na verdade, falar em identidade nacional e regional é sintetizar,
abstrair e generalizar algo que é amplo e variado em que é vivido através de experiências
afetivas através da cultura.
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METODOLOGIA
CRONOGRAMA
Pesquisa de campo X
Realização de
entrevistas X
Aplicação de
questionários X
Análise e
interpretação dos X X
dados obtidos
Participação em
eventos na área X X X X
Construção da
Dissertação X X
Qualificação X
Defesa da
Dissertação X
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REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de. A Invenção do Nordeste e outras Artes. 4ª ED.
Recife: FJN; ED. Massangana; São Paulo: Cortez, 2009.
ARANTES, Antônio Augusto. O que é cultura popular ? (Coleção Primeiros Passos)
8°Edição. São Paulo: Editora Brasiliense, 1990.
BARBOSA, Ana Mae. (Org.) Arte/Educação Contemporânea: Consonância
Internacionais. São Paulo: Cortez, 2008.
BARBOSA, Ana Mae. Arte-Educação no Brasil. São Paulo: Editora Perspectiva, 2009.
BARBOSA, Ana Mae. (Org.) Inquietações e mudanças no Ensino da Arte. São Paulo:
Cortez, 2003.
COELHO, Teixeira. O que é indústria cultura? São Paulo: Editora Brasiliense 1980
BRASIL, Parâmetros curriculares nacionais- arte. Brasília: MEC.1997
BRASIL, Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN+) Linguagens, Códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNC C_20dez_site.pdf. Acesso em: 05 de
dezembro de 2019.
ROSSI, Maria Helena Wagner. Imagens que Falam: Leitura da Arte na Escola. São Paulo:
Editora Mediação, 2009.
SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 6.ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.73.p.
ZUCON, Otávio; BRAGA, Geslline Giovan. Introdução as culturas populares no Brasil.
São Paulo: Intersaberes, 2013.