LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.
qxp 28/06/2022 09:08 Página 23
História Integrada
A AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA E
A CONQUISTA ESPANHOLA
1. O homem americano
Introdução
Quando os europeus chegaram à América, no final do
século XV, estima-se que o Novo Mundo contasse com
cerca de 50 milhões de habitantes, os quais foram denomi-
nados genericamente nativos, aborígines, indígenas, índios
ou, mais recentemente, ameríndios*; historicamente, tais
comunidades também são conhecidas como povos pré-co-
lombianos (isto é, anteriores à chegada de Colombo),
tomando como referência o etnocentrismo europeu. Essa
população se distribuía pelo continente americano de forma
bastante desigual, desde a Groenlândia e o norte do Canadá
até a Terra do Fogo, no extremo meridional da América.
* Os colonizadores católicos também os chamavam de gentios, utilizando a
expressão evangélica que designava os pagãos.
Os padrões socioculturais desses grupos eram bastante
variados, assim como seu nível técnico. Grande parte
encontrava-se no patamar da selvageria, vivendo em situação
de nomadismo e alimentando-se por meio da coleta de
produtos encontrados na Natureza (caça, pesca, frutos e
raízes); alguns deles praticavam uma agricultura rudimentar.
No plano social, sua estrutura era tribal, compreendendo
poucas centenas de indivíduos. Predominava o estágio paleo-
lítico, no qual armas e utensílios eram confeccionados com
pedra lascada, complementada com a utilização de ossos ou
de madeira. Essas eram, aliás, as características dominantes
entre os indígenas que habitavam o território brasileiro.
Um número bem mais restrito de ameríndios vivia no
estágio de barbárie. Agrupados em comunidades maiores
que as anteriormente mencionadas, eram semissedentários
e utilizavam técnicas agrícolas mais avançadas. Conhe-
ciam a tecelagem e a cerâmica, nas quais revelavam um
senso artístico desenvolvido, combinando cores e motivos
geométricos. Tecnicamente, enquadravam-se na Idade da
Pedra Polida (ou Período Neolítico). Os principais
representantes desse estágio viviam na América do Norte
(onde ficaram conhecidos pelos colonizadores europeus
como peles-vermelhas), sobretudo nas pradarias a oeste
do Rio Mississípi. A subsistência de muitos desses grupos
dependia inteiramente da caça ao bisão (búfalo norte-ame-
ricano), extremamente abundante na região.
23
2
Algumas culturas pré-colombianas – com destaque
para astecas, incas e maias – poderiam ser consideradas
civilizadas por possuírem vida urbana, sociedade com-
plexa, Estado estruturado, religião institucionalizada e,
em certos casos, alguma forma de escrita. Curiosamen-
te, nelas não estavam presentes armas e instrumentos de
metal (cobre, bronze ou ferro), conhecidos em outras
regiões até por populações ainda em nível de barbárie.
As civilizações pré-colombianas trabalhavam apenas o
ouro e a prata – metais que, por serem excessivamente
maleáveis, não se prestavam a finalidades práticas,
possuindo apenas valor ornamental. Pode-se portanto
afirmar que os povos pré-colombianos foram os únicos
a criar civilizações utilizando apenas instrumentos neo-
líticos; aliás, não se sabe que métodos desenvolveram
para erguer pirâmides, torres e templos, alguns com
dimensões monumentais. A propósito, convém esclare-
cer que astecas e incas contaram com a contribuição de
culturas anteriores às suas próprias. Por último, mas não
menos surpreendentemente, é preciso lembrar que as
culturas pré-colombianas desconheciam a roda; isso
implica reconhecer serem suas construções obras
exclusivamente da força humana, já que apenas os incas
domesticaram animais de carga, e ainda assim de
utilização limitada.
Origem do homem americano
Embora os diversos grupos humanos da América
Pré-Colombiana pudessem ser identificados por certas
peculiaridades na aparência, predominava entre eles um
fenótipo comum – pele acobreada, olhos oblíquos e
cabelos escuros –, o que permite supor que tivessem a
mesma origem. A esse respeito, foram formuladas as
seguintes hipóteses:
 Autoctonismo. Apresentada pelo argentino Flo-
rentino Ameghino (1854-1911), essa hipótese afirmava
que o homem americano é originário da própria América
ou, mais especificamente, da Patagônia, na Argentina
Meridional. A teoria de Ameghino foi totalmente afastada
porque a presença do Homo sapiens em outros continentes
é anterior a seu aparecimento na América.
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 24
 Hipótese malaio-polinésica. Afirma que a pre-
sença humana no continente americano começou com a
chegada, à costa ocidental da América do Sul, de grupos
originários do Sudeste Asiático. Esses grupos teriam
povoado primeiro a Polinésia, de onde prosseguiram para
leste, atravessando o Pacífico. A aceitação de tal hipótese
sofre ao menos duas objeções: 1) há pouca semelhança
física entre os ameríndios e os habitantes da Polinésia; 2)
homens primitivos teriam enorme dificuldade para
transpor a vasta extensão de água (perto de 5.000
quilômetros) que se interpõe entre as últimas ilhas da
Oceania e a costa americana*.
* Há quem suponha que a travessia do Pacífico deve ter tido uma escala na
remota Ilha de Páscoa, a 3.700 quilômetros do litoral chileno.
 Hipótese asiática. Aproveitando a fase final da
última glaciação ocorrida no Hemisfério Norte, há cerca de
15.000 anos, grupos humanos provenientes da Sibéria
teriam atravessado o Estreito de Bering, então congelado,
espalhando-se depois pelo continente americano. Essa
hipótese é a mais aceita, contando a seu favor com a relativa
facilidade do trajeto e com a grande semelhança entre o
fenótipo ameríndio e o das populações do Extremo Oriente
– esta última reforçada por estudos genéticos recentes.
 Hipótese de Niède Guidon. A arqueóloga brasi-
leira Niède Guidon (nascida em 1933) tem realizado
intensas pesquisas no Parque Nacional da Serra da Capiva-
ra no município de São Raimundo Nonato (PI), onde
encontrou objetos com existência calculada em 45.000 anos,
os quais, segundo ela, foram produzidos pelo homem. Suas
afirmações contam com defensores e opositores. Os
segundos alegam que os objetos em questão são geofatos
(resultantes da ação de fenômenos naturais), e não artefatos
(produzidos pelo trabalho humano); além disso, faltam
outras evidências de presença humana que coincidam com
a datação estabelecida pela pesquisadora. Se for comprova-
da, a tese de Niède Guidon provocará um recuo significativo
na data calculada para a chegada do homem à América.
Estudos arqueológicos recentes realizados nas
Américas têm feito grandes progressos, podendo futura-
mente apresentar contestações às teorias sobre a origem do
homem americano.
2. As civilizações pré-colombianas
Características gerais
Conforme já foi mencionado, três populações ame-
ríndias sobressaíram entre as demais, criando estruturas
24
que podemos chamar de “civilizações”. Estamos nos
referindo aos astecas, no México Central, aos incas, no
Peru e na Bolívia, e aos maias, a princípio estabelecidos
na Guatemala, mas que depois migraram para a Península
de Yucatán, no sudeste do México. As culturas desses
povos possuíam vários traços semelhantes, embora
também apresentassem diversas particularidades. Abor-
dando inicialmente suas características comuns, podemos
apontar os seguintes aspectos:
 Organização política. Astecas, incas e maias or-
ganizaram-se sob a forma de monarquias hereditárias,
governadas por soberanos divinizados, com poderes
absolutos.
 Sociedade. A estrutura social das civilizações
pré-colombianas era estamental, ou seja, definida pelo
nascimento, sendo a posição de cada indivíduo igual à de
seus ancestrais. O topo da sociedade era ocupado pela
casa real, formada pelo monarca e seus parentes. Abaixo
dela, em posição de destaque e desfrutando de grande
prestígio, situavam-se o estamento sacerdotal e a nobreza
guerreira. Os setores intermediários eram representados
por artesãos, comerciantes e membros da administração.
Os estamentos inferiores eram constituídos pelos campo-
neses, os quais podiam ser livres ou escravos; uns e
outros estavam presos à terra que cultivavam, mas às
vezes eram requisitados para trabalhos como extração de
minérios, abertura de estradas ou construção de palácios
e templos*.
*O trabalho compulsório (obrigatório) temporário, relacionado com atividades
não agrícolas, era chamado de cuatequil entre os astecas e de mita entre os incas.
 Economia. A agricultura era a atividade mais im-
portante, com destaque para a lavoura de milho, que ainda
hoje constitui a base da alimentação local; também eram
cultivados a batata*, o feijão e o algodão, além do tabaco.
A produção agrícola ficava a cargo de comunidades campo-
nesas (as quais podiam incluir certo número de escravos),
em regime de posse comunitária. A maioria das terras era do
Estado, personificado pelo governante; a ele era encami-
nhada grande parte da colheita, para ulterior distribuição
entre os estamentos superiores. A atividade agrícola, a cargo
das comunidades camponesas, e o papel do Estado no
controle e na distribuição da produção apresentavam inte-
ressantes pontos de contato com o modo de produção
asiático vigente nas civilizações do Oriente Antigo.
* O milho, a batata, o cacau e o tomate foram vegetais nativos da América que
se tornaram parte integrante da culinária do Velho Mundo.
O artesanato, compreendendo tecidos, obras da arte
plumária e outros objetos, era bastante desenvolvido e
abastecia os mercados urbanos, juntamente com outros
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 25
produtos de origem agrícola ou extrativista. As transações
realizavam-se por meio de trocas, as quais podiam ser
efetuadas diretamente ou, entre astecas e maias, utilizando
sementes de cacau como valor de referência.
 Religião. As civilizações pré-colombianas eram
politeístas, com deuses associados às forças da Natureza.
À semelhança de muitas outras populações antigas, o Sol
tendia a ser adorado como divindade principal. Astecas e
maias – principalmente os primeiros – realizavam fre-
quentemente sacrifícios humanos; os incas, porém,
recorriam a essa prática apenas eventualmente.
Localização das grandes civilizações americanas, antes da chegada dos
conquistadores europeus.
 Urbanização. As cidades pré-colombianas se-
guiam um plano urbanístico parecido: uma grande praça
central, de formato quadrangular, era utilizada como
mercado e tinha o palácio do governante como edifício
principal. Afastando-se progressivamente do centro,
25
erguiam-se construções menores, geralmente depósitos e
moradias. As ruas eram largas e arejadas, bastante dife-
rentes das estreitas e insalubres vielas existentes nas
cidades europeias.
Astecas
No século XII, os belicosos astecas, depois de conquis-
tarem o florescente Império Tolteca, fixaram-se no Vale do
México* (topônimo derivado de mexica, outra denominação
dos astecas). Assimilando elementos dos toltecas e de outras
culturas anteriores, eles criaram uma brilhante civilização,
com intensa vida urbana e notável atividade agrícola,
beneficiadas por aquedutos e canais de irrigação.
* Apesar de localizado em uma região planáltica, o Vale do México correspon-
dia a uma depressão circundada por montanhas de origem vulcânica, com uma
rede fluvial endorreica que fertilizava o solo e alimentava diversos lagos.
A partir do século XIV, os astecas organizaram-se em
um império de base militar fortemente centralizado, esta-
belecendo uma férrea dominação sobre as populações vi-
zinhas. A crueldade com que estas eram tratadas gerava
revoltas, impiedosamente reprimidas. Por questões de
segurança, a capital asteca, Tenochtitlán, foi construída no
centro do Lago Texcoco, a cujas margens estava ligada
por meio de pontes; estas podiam ser facilmente recolhi-
das pelos moradores em caso de ataque inimigo, blo-
queando qualquer investida contra a cidade.
Quatro particularidades da civilização asteca devem
ser ressaltadas:
 Chinampas. Prevendo a possibilidade de o
Lago Texcoco ser cercado, os astecas criaram uma
engenhosa técnica para assegurar a subsistência de
Tenochtitlán: as chinampas (hortas flutuantes). Tratava-
se de porções de terra semi-imersas, depositadas sobre
redes presas a estacas fixadas no fundo do lago. Esse
recurso permitia a produção de alimentos que
sustentassem a capital, sitiada.
 Religião. A religião asteca exigia numerosos sa-
crifícios humanos para aplacar o Deus Quetzalcóatl (“Ser-
pente Emplumada”). As vítimas eram prisioneiros de
guerra ou obtidas entre as populações dominadas, cujo
ódio contra os opressores só tendia a aumentar.
 Escrita. Os astecas não chegaram a desenvolver um
sistema de escrita, mas registraram certos acontecimentos
em documentos que ficaram conhecidos como códices.
Neles, as informações eram proporcionadas por desenhos
que, após a conquista espanhola, podiam ser complementa-
dos com pequenos textos. A maior parte desse material foi
destruída pelos colonizadores, com o objetivo de consolidar
sua dominação por meio da aculturação dos nativos.
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 26

 Calpullis. Eram comunidades que constituíam as
células da organização social asteca. Seus membros pos-
suíam direitos iguais entre si e sobre a terra que cultiva-
vam, além de terem autonomia na gestão de suas relações
internas.
Códice Asteca de meados do século XV, mostrando um ritual de sacrifício
humano.
Incas
Algumas peculiaridades dos incas merecem menção
especial:
 Agricultura em terraços. Visando aproveitar as
encostas montanhosas para a prática da agricultura, os
incas desenvolveram um sistema de terraços que, além de
diminuir o ímpeto da água vinda das partes altas, conser-
vava a terra necessária para o cultivo de plantas alimen-
tícias. Aliás, esse método foi praticado por outras culturas
em diferentes partes do mundo.
 Escrita. Os incas criaram um método de registro
de dados que pode ser considerado um embrião de escrita.
Conhecidos como quipos, eram cordões feitos de lã ou de
algodão trançados, com cores e nós que tinham significa-
dos específicos e serviam como relatórios contábeis ou
administrativos.
 Machu Picchu. Este talvez seja o mais impres-
sionante mistério das civilizações pré-colombianas.
Machu Picchu é uma fortaleza construída com enormes
blocos de pedra, erguida pelos incas em uma região dos
Andes jamais alcançada pelos colonizadores espanhóis.
Não se sabe sua origem nem por que seus habitantes a
abandonaram. Notícias sobre esse extraordinário sítio
arqueológico surgiram em fins do século XIX; mas foi
somente em 1911 que uma expedição norte-americana
revelou Machu Picchu ao mundo.

A civilização dos incas, da mesma forma que a asteca,

embasou-se em técnicas e conhecimentos adquiridos de
culturas preexistentes no Altiplano Andino (região pla-
náltica situada a oeste da Cordilheira dos Andes, em terri-
tórios dos atuais Peru e Bolívia). O berço da civilização
incaica foi a cidade peruana de Cuzco, que os incas
consideravam sagrada e era tida por eles como o “Umbigo
do Mundo”. A partir desse começo relativamente modesto
(século XIII), formou-se um império que, comprimido
entre os contrafortes dos Andes e o Oceano Pacífico, se
alongou do atual Equador até o Chile, tendo atingido sua
extensão máxima por volta de 1460. Para administrar esse
enorme território, foi criada uma eficiente estrutura, em
cujo topo se encontrava o Sapa Inca – designação dada
ao soberano, considerado “Filho do Sol”.
A administração das províncias do Império cabia aos
curacas (governadores); estes eram incumbidos, entre
outras atribuições, de controlar os ayllus, grupos clânicos
que cultivavam as terras comunitárias e também as Ruínas de Machu Picchu, fortaleza incaica erigida em uma remota região
pertencentes ao Sapa Inca. Estradas calçadas e pontes dos Andes Peruanos e jamais descoberta pelos espanhóis.
construídas com cordas facilitavam o comércio, bem
como as comunicações do governo central com todas as  Animais de carga. Os incas foram o único povo
regiões do Império. pré-colombiano a domesticar um animal de carga: a
26
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 27

lhama, que alguns chamam de “camelo dos Andes” (os  Conhecimentos científicos. Os maias fizeram no-
astecas domesticaram apenas cães de pequeno porte). táveis progressos na matemática; inclusive utilizavam o
Mas, como desconheciam a roda, não a empregaram como zero, desconhecido pelos greco-romanos e somente
animal de tração. O guanaco e a alpaca, animais andinos introduzido na Europa por intermédio dos árabes. Tinham
pertencentes à mesma família que as lhamas, foram mais de um calendário e, apesar de fortemente influenciados
utilizados para fornecer lã. pela astrologia, demostraram ter conhecimentos astro-
nômicos superiores aos de seus contemporâneos europeus.
Maias
A cultura maia teve início na América Central, nos  Escrita. De acordo com as conclusões arqueoló-
atuais territórios da Guatemala, Belize e adjacências. Lá gicas mais recentes, os maias foram o único povo
floresceu o chamado I Império Maia, cujo apogeu se deu pré-colombiano a criar uma escrita, fonética de base si-
pouco antes do ano 1000. Por motivos ainda controver- lábica. Muitos de seus sinais gráficos eram representados
tidos*, os maias retiraram-se de suas cidades, as quais por cabeças monstruosas, induzindo muitos arqueólogos a
foram cobertas pela floresta tropical, e se deslocaram para supor que se tratava de temas decorativos. A decifração
a Península de Yucatán (sul do Golfo do México), onde dessa escrita somente foi conseguida na segunda metade
recriaram sua civilização. Formou-se então o II Império do século XX.
Maia, cujo ápice ocorreu em meados do século XV.
Quando os espanhóis chegaram à região, no século XVI, 3. A conquista espanhola
os maias haviam entrado novamente em decadência e
muitas de suas cidades estavam quase desabitadas. Pouco depois da chegada de Colombo à América, os
* Entre outras hipóteses, há quem mencione mudanças climáticas, esgotamento espanhóis iniciaram a colonização das Antilhas. A
das terras cultiváveis, epidemias, guerras internas ou ainda o temor causado por
profecias que anunciavam a iminência de terríveis cataclismos. Também é
princípio, o centro desse processo foi a Ilha de São Do-
mencionado o grande número de sacrifícios humanos que vitimavam jovens e mingos e, mais tarde, Cuba. Partindo desses pontos, as pri-
até crianças, ameaçando a própria sobrevivência da população maia.
meiras expedições concentraram-se na exploração do
Das três grandes civilizações pré-colombianas, foi a interior do Golfo do México e do litoral setentrional da
dos maias que alcançou maior relevância cultural. Acerca América do Sul. Nessas regiões, os espanhóis receberam
de seus aspectos mais notáveis, podemos destacar: informações sobre a existência, no interior, de cidades
possuidoras de grandes riquezas. Tais notícias excitaram
 Ausência de unidade política. Diferentemente a cobiça dos conquistadores, levando-os a empreender os
dos astecas e incas, que criaram grandes impérios centra- dois maiores feitos militares da colonização europeia na
lizados, os maias organizaram-se em cidades-Estado* que América: a conquista do México e a do Peru.
ora se aliavam, ora combatiam entre si. Por essa razão, as
Nas guerras travadas pelos espanhóis contra astecas e
designações de “I Império Maia” e “II Império Maia”,
incas, causa espanto o pequeno número de europeus
apesar de usuais, são impróprias, pois nenhum dos dois
envolvidos nos combates. Essa aparente inferioridade era
dispunha da unidade política indispensável à formação de
compensada por alguns aspectos fundamentais, a saber:
uma estrutura imperial.
* O apelido de “gregos do Novo Mundo”, aplicado aos maias, decorre tanto de  Utilização, pelos espanhóis, de quatro elementos
seu progresso nas ciências quanto de sua organização em cidades soberanas,
como ocorreu com as pólis gregas. desconhecidos dos ameríndios:
• Cavalo. Na época, a cavalaria ainda decidia a
maioria das batalhas travadas em solo europeu. Na Amé-
rica, lançada contra forças geralmente desorganizadas, sua
eficiência tornava-se ainda maior. Além disso, a aparência
dos cavalos, sobretudo quando montados,
causava pavor entre os indígenas. Uma forma
de defesa encontrada pelos nativos foi a
Pirâmide escavação de fossos*, destinados a quebrar o
onstruída ímpeto dos ataques dos cavaleiros.
pelos maias em
Uxmal, cidade- * Em seu esforço para contrabalançar a superioridade bélica dos
Estado localizada europeus, os ameríndios passaram a realizar ataques noturnos,
na Península além de evitar encontros em campo aberto e utilizar seu melhor
de Yucatán. conhecimento do terreno.

27
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 28

• Ferro. Conforme já foi explicado, as civilizações profecias. Hospedados em Tenochtitlán, os espanhóis

pré-colombianas não conheciam o ferro, utilizando geral- comportaram-se de forma abusiva e violenta, provocando
mente armas confeccionadas em obsidiana, uma rocha a reação da população. Montezuma foi morto durante a
vítrea de origem vulcânica, com a qual se podiam produzir revolta e Cortés se viu obrigado a deixar a cidade, no
pontas aguçadas e lâminas extremamente afiadas, mas episódio conhecido como La Noche Triste (“A Noite
quebradiças diante das armas de ferro empunhadas pelos Triste”), em junho de 1520. Mas, reforçado por tropas
europeus. vindas de Cuba e apoiado por populações nativas inimigas
dos astecas, conseguiu conquistar a capital no ano seguinte.
• Pólvora. O emprego de armas de fogo pelos con-
Tenochtitlán foi arrasada** e seu último imperador caiu
quistadores não apenas foi eficaz, sob o ponto de vista
prisioneiro de Cortés, que mandaria matá-lo em 1525.
bélico, mas também aterrorizou os nativos, devido à
* Conta-se que Cortés mandou incendiar os navios que haviam transportado a
combinação de ruído, fogo e fumaça provocados pelos expedição, para mostrar a seus comandados que não havia qualquer possibili-
disparos – sobretudo da artilharia (canhões). Não se deve, dade de recuo.
contudo, supervalorizar esse armamento, pois as flechas ** Os espanhóis destruíram os edifícios existentes em Tenochtitlán, substi-
dos nativos podiam ser atiradas com mais rapidez, maior tuindo-os por construções de estilo europeu. Entretanto, foi preservado o
espaçoso arruamento original – procedimento que os colonizadores repetiram
precisão e alcance mais longo do que os disparos dos nas cidades pertencentes à civilização incaica.
mosquetes europeus.
• Roda. Já foi mencionado que os habitantes da Amé- Conquista do Peru
rica, mesmo os mais desenvolvidos, desconheciam a roda Após alguns contatos iniciais com os incas no litoral
– elemento de inestimável valor logístico, indispensável do atual Equador, o aventureiro espanhol Francisco Pizarro
para o transporte de víveres, munições e equipamentos (1476-1541) obteve autorização do rei para conquistar o
variados, além de essencial para a movimentação dos Peru. Em 1532, à frente de 62 cavaleiros e 106 homens a
canhões. pé, encontrou-se com o imperador inca, Atahualpa, a quem
 Os combatentes europeus foram consideravel- fez prisioneiro, mandando matá-lo no ano seguinte. A
mente fortalecidos pela aliança com guerreiros nativos captura de seu governante desarticulou o Estado Inca,
que, por motivos variados, lutaram a favor dos invasores. recém-saído de uma violenta guerra civil. Em 1533,
Essa participação contrabalançou a superioridade numé- reforçado por combatentes nativos que haviam aderido aos
rica das forças astecas e incas, que em outras circuns-
tâncias teria sido esmagadora.
 Os colonizadores introduziram na América diver-
sas doenças infectocontagiosas, contra as quais os nativos
não tinham imunidade. Moléstias como o tifo, a varíola e
mesmo a gripe, que poucas vezes era letal na Europa,
produziram efeitos devastadores nas populações ame-
ríndias. Por exemplo, quando Cortés tomou Tenochtitlán,
a cidade estava sendo assolada por uma epidemia de
varíola – doença introduzida pelos espanhóis havia menos
de dois anos. Ao longo das lutas entre europeus e nativos,
os primeiros muitas vezes abandonavam roupas usadas
por doentes infectados para que os indígenas, ao encontrá-
las e vesti-las, fossem por elas contaminados.

Conquista do México
O México, ou melhor, o Império Asteca, foi
conquistado entre 1519 e 1521 por Hernán Cortés (1485-
1547). Partindo do Golfo do México com cerca de 150
soldados, algumas dezenas de cavalos e 14 canhões*, ele Ilustração do século XVI, mostrando um raro exemplo de
avançou pelo interior até alcançar o Vale do México. Foi matrimônio interétnico entre estamentos coloniais superiores: Don
Martín de Loyola, conquistador pertencente à pequena nobreza da
bem-recebido pelo imperador asteca Montezuma II, para Espanha, e sua esposa, Dueña Beatriz Nusta, sobrinha de Tupac
quem os recém-vindos eram deuses anunciados em antigas Amaru, último imperador Inca, morto em 1572.

28
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 29
espanhóis, Pizarro tomou a capital do Império, Cuzco. As
forças que tentaram resistir foram derrotadas e o
conquistador pôde estender sua autoridade à maior parte
do território inca. Quando ele morreu, o domínio espanhol
sobre a região estava praticamente consolidado. Entre 1537
e 1572, um pequeno Estado semi-independente subsistiu,
com sede na localidade de Vilcabamba; mas veio a
desaparecer quando Tupac Amaru, seu último Sapa Inca,
foi capturado e executado pelos espanhóis.
Os ameríndios
e a conquista espanhola
A brutalidade dos espanhóis para com os ameríndios,
nas primeiras décadas da conquista do Novo Mundo, não
encontra paralelo em nenhuma outra ação empreendida na
América pelos colonizadores europeus. As matanças, as
pilhagens, a escravização e o esgotamento físico dela
resultante, as torturas, as humilhações e outras atrocidades
foram praticadas com terrível regularidade, apesar dos
esforços envidados pelo clero para proteger as vítimas,
visto que tal comportamento contrastava gritantemente
com o intuito oficial de disseminar a fé católica. Esse
cenário trágico foi vividamente descrito pelo dominicano
Bartolomé de las Casas em seu Brevíssimo Relato sobre a
Destruição das Índias, publicado em 1552 e que alcançou
enorme repercussão. Deve-se observar que a escravidão de
nativos fora formalmente proibida pela Coroa desde 1542.
Códice asteca do
século XVI
mostrando um nativo
maltratado por um
colonizador.
Aliás, em meados do século XVI, a consolidação da
ordem colonial tendeu a criar um quadro de relativa
normalidade que, se de um lado beneficiava os domina-
dores, de outro pôs fim à violência desenfreada que
reinava até então. Contribuíram para esse novo quadro
diversos fatores, dos quais os mais relevantes foram os
29
seguintes: encerramento da fase inicial e mais aguda da
conquista, substituída pelo processo de colonização; inte-
gração dos indígenas na sociedade colonial espanhola*,
ainda que em situação de inferioridade e de grande explo-
ração; e atuação mais efetiva da Coroa Espanhola no
controle da administração colonial.
* Um recurso utilizado pelos espanhóis, no esforço de se legitimarem – a si e à
religião católica – perante os nativos, foi construir seus edifícios de governo e
igrejas sobre as ruínas de palácios e templos dos aborígenes.
O escritor chileno Pablo Neruda (1904-73) resumiu a
condição dos indígenas sob o jugo dos espanhóis com
estas palavras: “A espada, a cruz e a fome dizimaram a
família indígena”. Entende-se por espada o poderio
militar espanhol que, durante a conquista, foi responsável
pelos massacres e até pelo extermínio de muitos grupos
aborígines; a cruz simboliza a conversão dos índios ao
catolicismo e, por consequência, sua aculturação e sub-
missão à ordem imposta pelos europeus; a fome, final-
mente, resultou da apropriação, pelos colonizadores, da
terra de onde os nativos tiravam seu sustento.
4. Administração
colonial espanhola
Depois de conquistar o México e o Peru, a Espanha
ampliou seus domínios coloniais até atingirem uma imensa
extensão, que englobava o sul da América do Norte (entre
a Califórnia, no Pacífico, e a Flórida, no Atlântico), o
México, a América Central, as ilhas do Caribe e grande
parte da América do Sul, até o Chile e o Rio da Prata.
Mesmo assim, a Coroa Espanhola não chegou a ocupar
todas as terras que lhe haviam sido atribuídas pelo Tratado
de Tordesilhas. Por não oferecerem interesse imediato ou
por serem muito distantes dos principais núcleos de
colonização, foram deixadas de lado as áreas corresponden-
tes ao atual Canadá, à maior parte dos Estados Unidos, a
quase toda a Amazônia e ao centro da América do Sul. Esse
abandono permitiu que franceses, ingleses e holandeses se
fixassem na América do Norte ao longo do século XVII.
Simultaneamente, essas três nações aproveitaram o enfra-
quecimento da Espanha para lhe arrebatarem quase todas as
Antilhas e também para se estabelecerem em terras sul-
americanas, nas Guianas. Enquanto isso, os portugueses
avançaram pelo interior da América do Sul, quase triplican-
do o território a que tinham direito pelo acordo de 1494.
No início da colonização – ou “conquista” – da Amé-
rica, os soberanos espanhóis delegaram enormes poderes
aos comandantes desse empreendimento, intitulados ade-
lantados (“adiantados”/“avançados”) por estarem à frente
das tropas conquistadoras. A autoridade militar, adminis-
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 30

trativa e judiciária desses representantes da Coroa era tão As capitanias-gerais, por sua vez, eram territórios
ampla que se tornou célebre o seguinte comentário, com valor mais estratégico do que econômico; daí serem
atribuído a um adelantado: “Deus está no Céu, o rei está governadas por capitães-generais – título basicamente
longe e aqui mando eu”. militar, embora incluísse funções administrativas. As
Todavia, o fortalecimento do absolutismo monárqui- capitanias-gerais hispano-americanas foram cinco*:
co, que então se processava na Europa, era incompatível Guatemala (abrangendo a América Central, exceto o
com a extensa autonomia dos adelantados, o que levou Panamá) e Chile, ambas de 1540; Yucatán, de 1565; Cuba
ao gradual desaparecimento dessa função. Em seu lugar, (incluindo outras ilhas do Caribe e a Flórida), de 1607; e
passaram a ser nomeados funcionários regulares, subme- Venezuela, de 1777.
tidos à autoridade da Coroa. * A primeira capitania-geral, criada em 1526, foi a de São Domingos, com sede
na ilha do mesmo nome (ou Ilha Hispaniola), substituída mais tarde pela
A vastidão dos domínios hispânicos na América não capitania de Cuba. Na Ásia, a Espanha criou a capitania-geral das Filipinas
permitiu que eles tivessem uma administração unificada. (1565).
Assim sendo, foram criadas duas categorias de colônias: os
vice-reinos e as capitanias-gerais. Os primeiros, dotados
de grande relevância econômica, eram administrados por
vice-reis – o mais alto cargo da hierarquia colonial. Até o
século XVIII, a América Espanhola compreendia apenas
dois vice-reinos: o da Nova Espanha (ou Vice-Reino do
México), criado em 1535; e o do Peru, criado em 1542. No
século XVIII, o Vice-Reino do Peru sofreu dois desmem-
bramentos, ficando reduzido aos atuais territórios do Peru
e da Bolívia (então denominada “Alto Peru”). Foram
criados o Vice-Reino de Nova Granada (abrangendo a
Colômbia e o Equador de hoje, além da Venezuela, até
1777), surgido em 1717, e o Vice-Reino do Rio da Prata
(correspondente aos atuais Argentina, Uruguai e Paraguai),
estabelecido em 1776. Este último surgiu para controlar o
escoamento da prata extraída no Alto Peru e também para
fazer frente à expansão dos portugueses na Região Platina.

Divisão administrativa da América Espanhola.

Vice-reis e capitães-generais tinham atribuições prin-

Ambrósio O’Higgins, marquês de Osorno, vice-rei do Peru de 1796
a 1801. Paradoxalmente, seu filho natural, Bernardo O’Higgins,
comandou o processo de independência do Chile.
30
cipalmente executivas e eram nomeados diretamente pelo
rei. Mas a organização administrativa, judiciária e fiscal
das colônias espanholas era controlada pelo Conselho das
Índias, criado em 1511 para assessorar a Coroa nos
assuntos ultramarinos.
Contrapondo-se à pesada burocracia colonial, toda ela
voltada para atender às conveniências da metrópole, as
cidades hispano-americanas contavam com a existência
dos cabildos. Estes eram conselhos municipais eletivos,
com jurisdição sobre os assuntos locais. Representavam
os interesses das camadas superiores da sociedade
colonial e gozavam de certa autonomia, assemelhando-se
bastante às câmaras municipais do Brasil Colônia.
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 31
O papel da Igreja
A Igreja Católica teve papel relevante na América
Colonial Espanhola – mais do que na América Portuguesa
–, dando suporte ao aparelho político administrativo e
servindo como ordenadora espiritual, moral e ideológica
da sociedade hispano-americana. Reforçando a presença
do poder religioso, foi instalado nos dois vice-reinos, em
1571, o Tribunal do Santo Ofício (ou Santa Inquisição),
com poderes para investigar acusações de heresia,
feitiçaria e outras práticas assemelhadas. Durante sua
existência na América Espanhola, esse tribunal foi
responsável pela execução de 72 réus, além de condenar
dezenas de outros a penas de prisão.
Catedral de São João Evangelista em Lima (Peru). Concluída em 1649,
originou-se da pequena igreja construída pelo conquistador Pizarro, em
1535, sobre as ruínas de um templo inca.
A organização eclesiástica colonial estava estruturada
nos moldes vigentes na Europa: compreendia dioceses e
arquidioceses administradas por bispos e arcebispos que,
na condição de membros do alto clero, geralmente perten-
ciam à nobreza metropolitana, como ocorria com os prin-
cipais funcionários da administração colonial. Já as
paróquias eram circunscrições eclesiásticas locais, admi-
nistradas por párocos, vigários ou curas. Estes, por serem
membros do baixo clero, estavam relacionados com as eli-
tes locais; ao mesmo tempo, exerciam forte influência so-
bre as camadas populares, com quem tinham contato direto.
Além dos clérigos citados, integrantes do clero secu-
lar, as colônias espanholas contaram com a presença do
clero regular, representado por numerosas congrega-
ções/ordens religiosas. Destas, as mais atuantes foram a
ordem dos dominicanos, a dos franciscanos e a dos
jesuítas (estes últimos, até sua expulsão em 1768).
31
5. Economia colonial
hispano-americana
Principais produtos
A colonização da América pelos espanhóis foi
essencialmente de exploração, tendo como objetivo
precípuo transferir recursos das colônias para a metrópole,
de acordo com os preceitos da política econômica mercan-
tilista e as regras do Pacto Colonial. Nesse sentido, foi
dada total prioridade à extração de ouro e prata, uma vez
que o mercantilismo recomendava a acumulação de
metais amoedáveis (metalismo). Dentro dessa perspectiva,
o México, o Peru e o Alto Peru foram as mais lucrativas
colônias da América Espanhola, produtoras de uma imen-
sa quantidade de metais preciosos, cuja entrada na Europa
provocou o processo inflacionário conhecido como
Revolução dos Preços. Entretanto, a Espanha pouco se
beneficiou com tamanha riqueza, pois sua balança
comercial, cronicamente deficitária, fez com que o ouro e
a prata americanos se escoassem para outros países.
Nas áreas em que a mineração foi menos significativa
ou inexistente, os espanhóis desenvolveram a lavoura de
produtos tropicais que tivessem aceitação nos mercados
europeus. Os itens escolhidos, cultivados em sistema de
plantation*, foram a cana-de-açúcar, o algodão e o tabaco
(este último, em menor escala e concentrado em Cuba).
* A agricultura de plantation caracterizava-se pela produção extensiva (baseada
no latifúndio), pela monocultura, pela produção extrovertida (voltada para o
mercado externo) e, durante a Idade Moderna, pela utilização de mão de obra
compulsória, geralmente escrava.
Mão de obra
Diferentemente das demais potências colonizadoras,
que recorreram largamente à escravidão de origem africa-
na, pode-se dizer que a Espanha pouco empregou essa
força de trabalho no conjunto de suas colônias. Sua
preferência recaiu sobre os indígenas, por dois motivos: 1)
não tendo acesso ao litoral da África, seria preciso comprar
de outros países escravos negros, o que contrariava a regra
mercantilista de reduzir ao mínimo as importações; 2)
apesar da mortandade praticada pelos espanhóis, ainda
havia nas colônias hispano-americanas uma enorme
disponibilidade de mão de obra nativa. Mesmo assim, a
América Espanhola recebeu escravos africanos, sobretudo
em Cuba, São Domingos e Porto Rico – colônias antilha-
nas que a Espanha conseguiu manter em seu poder. A
população indígena das Antilhas fora exterminada pela
violência, pelo trabalho extenuante, pela fome e pelas
doenças, o que tornou a escravidão negra imprescindível
para a exploração econômica da região do Caribe*.
* No século XVIII, um número considerável de escravos africanos foi
introduzido nas atividades agrícolas e mineradoras, praticadas em terras
atualmente pertencentes à Colômbia e ao Equador.
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 32
O tráfico negreiro para a América Espanhola foi regu-
lamentado por meio do asiento* – concessão dada a pessoas
ou empresas não espanholas para venderem escravos
africanos nas colônias hispano-americanas. Essa autorização
foi concedida a portugueses, antes e durante a União Ibérica
(união das Coroas de Portugal e Espanha, de 1580 a 1640);
a holandeses, na segunda metade do século XVII; e a
ingleses, no transcorrer do século XVIII.
* Em português: “assentamento”, “registro”.
Desde o início da colonização, os espanhóis procura-
ram escravizar os índios, desobedecendo a sucessivas de-
terminações da Coroa de Castela e também do governo da
Espanha unificada. Essa foi a fase de maior violência
contra a população nativa, podendo ser caracterizada co-
mo uma forma de genocídio. A falta de controle do go-
verno metropolitano sobre a ação dos adelantados, nas
primeiras décadas de conquista e colonização, muito con-
tribuiu para essa terrível situação.
A escravização de índios foi proibida pela Coroa em
1542. Entretanto, as colônias de exploração exigiam o
emprego do braço indígena, devido à indisponibilidade de
mão de obra metropolitana e à dificuldade de se obterem
escravos negros. A proibição de escravizar índios fez com
que os espanhóis recorressem a duas outras formas de
trabalho compulsório: a mita e a encomienda.
 Mita. Já praticada pelos incas e astecas (entre
estes últimos, com o nome de cuatequil), a mita foi adap-
tada pelos espanhóis às necessidades da mineração, sob o
nome de repartimiento. Nessa forma de trabalho, os
indígenas eram sorteados nas aldeias para atuar na
extração de ouro, prata e, mais tarde, também de pedras
preciosas – atividades que constituíam monopólios da
Coroa. Tratava-se de uma atividade a ser cumprida em
dois anos, remunerada com um pequeno pagamento;
aliás, as condições de trabalho eram tão penosas que a
taxa de mortalidade entre os mitayos atingia níveis
altíssimos. Tais circunstâncias induziam os indígenas a
fugir das aldeias para escapar ao sorteio, o que levou as
autoridades a encurtar a mita progressivamente, até ser
extinta no século XVIII. Essa forma de trabalho foi
também utilizada para a construção ou manutenção de
edifícios e obras públicas.
 Encomienda. Instituição criada pelos espanhóis
para conciliar a necessidade de mão de obra com a difusão da
fé católica. Nesse processo, as famílias indígenas eram
distribuídas entre os proprietários de terras, a cuja proteção
eram encomendadas. Tal proteção consistia, da parte do
encomendero, em zelar para que os índios seguissem os
preceitos e rituais católicos, o que lhes asseguraria a salvação
de suas almas; em troca, os nativos trabalhavam na pro-
priedade do colonizador, sem direito a pagamento. Essa
relação entre trabalho e prática religiosa, implicando uma
32
maldisfarçada forma de escravidão, levou a encomienda a
ser progressivamente abandonada e substituída pelo trabalho
livre, ainda que praticado em condições de exploração e
opressão. Formalmente, a encomienda foi extinta em 1791,
juntamente com a mita, na sequência das reformas
implantadas pelo “déspota esclarecido” Carlos III (1759-88).
Comércio colonial
As potências marítimas da Idade Moderna aplicaram
as regras do Pacto Colonial, em suas possessões, de forma
mais ou menos semelhante, segundo as normas do
mercantilismo. Assim sendo, o exclusivo (monopólio da
metrópole sobre o comércio com as colônias) e o
fiscalismo (rigor na cobrança dos impostos) constituíram
elementos fundamentais na exploração econômica de suas
terras ultramarinas. Não obstante, a colonização espanhola
apresentou algumas peculiaridades. Foram elas:
 Sistema de frotas. O comércio entre a Espanha e
suas colônias hispano-americanas era realizado por duas
grandes frotas anuais, formadas por dezenas de navios de
transporte protegidos por uma esquadra de barcos de
guerra. Essas formações navais transportavam bens de
consumo para a América, trazendo em seu retorno ouro,
prata e outros produtos coloniais. As frotas espanholas
eram atacadas por corsários e piratas, sofrendo muitas
vezes perdas consideráveis.
 Regime de porto único. Para coibir o contraban-
do e facilitar a cobrança de taxas alfandegárias, as frotas
somente podiam utilizar um porto na metrópole e outro
em cada um dos vice-reinos coloniais. Na Espanha, o
primeiro porto único foi o de Sevilha, substituído depois
por Cádiz. Na América, os portos escolhidos foram
Veracruz, no México*, e Cartagena das Índias, na atual
Colômbia. O contato entre a Espanha e as Antilhas era
feito por intermédio de Havana, em Cuba.
* A ligação da Espanha com as Filipinas era feita pelo porto único de Acapulco,
na costa oeste do México.
 Permiso. Permissão, concedida em 1713, para
que um navio inglês pudesse comerciar anualmente nos
portos únicos coloniais. O permiso e o asiento constituí-
ram duas excessões em relação ao rigoroso monopólio
praticado pela Espanha em suas possessões.
Uma vez desembarcadas, as mercadorias chegadas da
Europa eram distribuídas por todo o território colonial
mediante a utilização de tropas de muares ou aproveitando
o curso dos rios. Esse processo complicado e ineficiente,
que envolvia percursos longuíssimos e enorme dispêndio
de tempo, manteve-se, com todos os seus inconvenientes,
até 1765, quando foi finalmente extinto, juntamente com
o sistema de frotas, no contexto das reformas progressistas
empreendidas pelo rei Carlos III.
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 33

As dificuldades de transporte e de abastecimento

geradas pelo regime de porto único acabaram favorecendo
a prática do contrabando, tanto na costa da América Cen-
tral como no estuário do Rio da Prata. Nesta última região,
o comércio ilegal foi praticado pelos portugueses, que
forneciam aos colonos espanhóis artigos de procedência
europeia (inglesa, na maioria das vezes) em troca de prata
vinda do Alto Peru.

6. Sociedade colonial
Na sociedade das colônias hispano-americanas, a
origem étnica desempenhou um papel importante na
estruturação dos diversos segmentos sociais, dando
origem à seguinte hierarquia:
 Criollos*. Descendentes da pequena nobreza Ilustração do século XVII mostrando uma família de
chapetones. Originários da Espanha e radicados nas
espanhola que comandou a conquista da América, forma- colônias americanas, muitos deles enriqueceram com o
vam a elite da sociedade colonial, constituída pelos comércio, rivalizando com os criollos em prestígio social.
grandes proprietários de terras. Preservavam o fenótipo
traços culturais*. Formavam a massa camponesa das
europeu por meio da limpieza de sangre (“pureza de
colônias, explorada e oprimida pela aristocracia criolla.
sangue”), casando-se somente com naturais da Espanha
Grande parte deles trabalhava direta ou indiretamente
ou membros de seu próprio estamento. Seu status aristo-
para os fazendeiros, mas havia os que viviam em comu-
crático era às vezes confirmado pela própria Coroa Espa-
nidades, cultivando a terra coletivamente.
nhola, por meio da concessão de títulos de nobreza. Essa
*Nos países hispânicos que fazem parte da Região Amazônica, ainda existem
camada possuía poder econômico e prestígio social, mas
grupos indígenas mais ou menos isolados que não integram a sociedade dita
a partir do século XVIII teve de enfrentar a rivalidade dos “civilizada”.
naturais da Espanha que se fixavam nas colônias.
*Não confundir o vocábulo hispânico criollo (ou seu equivalente francês créole)
 Negros. Relativamente pouco numerosos (exceto
com o português crioulo. Todos têm a conotação de “natural da América”; mas, nas colônias caribenhas, onde formavam o grosso da mão
enquanto nas colônias espanholas e francesas o termo era aplicado à aristocracia de obra agrícola), ocupavam o patamar mais baixo da
colonial, o que lhe dava um significado honroso, no Brasil designava o escravo
nascido na colônia, tendo portanto sentido depreciativo.
escala social e eram desprovidos de direitos, dada sua
condição de escravo.
 Chapetones*. Espanhóis radicados nas colônias;
geralmente se dedicavam ao comércio, embora também Universidades coloniais
exercessem funções administrativas de médio escalão**.
Diferentemente do Brasil, onde Portugal procurou
No século XVIII, os chapetones passaram a disputar com
bloquear o desenvolvimento intelectual de seus habitantes
os criollos o topo da hierarquia social colonial.
implantando um sistema educacional que não ultrapassava
*A denominação chapetones vem do hábito, comum entre os membros desse o ensino médio, a Espanha tentou propiciar, à aristocracia
segmento, de aplicar placas (chapas) de prata nos arreios de suas montarias,
como forma de ostentar riqueza.
criolla (considerada um prolongamento da nobreza
**Os chapetones não incluíam os ocupantes dos altos cargos civis, militares e
espanhola), condições de ensino semelhantes às existentes
eclesiásticos coloniais, os quais pertenciam à grande nobreza da Espanha e per- na metrópole. Para tanto, foram criadas nas colônias mais
maneciam nas colônias somente durante o exercício de suas funções. de vinte universidades*, seis das quais ainda existem; a
primeira foi fundada em São Domingos, no ano de 1538.
 Mestiços. Fruto da miscigenação de espanhóis
Embora direcionadas para a elite colonial, essas
oriundos das camadas populares com mulheres indígenas,
instituições também abriram suas portas a mestiços,
constituíam uma parcela expressiva da população colonial.
contribuindo para que a América Espanhola desfrutasse
Exerciam atividades artesanais ou trabalhavam para os
de um ambiente intelectual bem mais estimulante que o
estamentos superiores como serviçais, agregados ou peões.
existente na América Portuguesa.
Muitos deles eram pequenos lavradores.
* Além das universidades, nas quais o currículo era mais amplo, as colônias da
 Índios. Descendentes das populações nativas América Espanhola contaram com dezessete escolas superiores denominadas
subjugadas pelos espanhóis, passaram por um processo colégios, cujos cursos eram voltados para uma formação específica, como a
medicina.
de aculturação que não conseguiu eliminar muitos de seus
33
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 34
1. (PUC-SP-Adaptado) – Acerca da conquista da América por espa-
nhóis e portugueses, nos séculos XV e XVI, pode-se dizer que,
a) no caso português, o objetivo principal era buscar minérios e
produtos agrícolas para abastecer a Europa; no caso espanhol,
pretendia-se apenas povoar os novos territórios e ampliar os
limites do mundo conhecido.
b) nos dois casos, ocorreram encontros com vastas comunidades
indígenas; na América Portuguesa, a relação foi harmoniosa e
humana, resultando em uma sociedade pacífica, enquanto na
América Hispânica foi conflituosa.
c) no caso português, foi casual, pois os navegadores buscavam
novas rotas para as Índias; no caso dos espanhóis, foi intencio-
nal, porque o conhecimento de instrumentos de navegação
lhes permitiu prever os descobrimentos.
d) na América Portuguesa, o extrativismo dos dois primeiros sé-
culos de colonização restringiu os contatos com os nativos; na
América Hispânica, a implantação da agricultura permitiu uma
maior aproximação.
e) no caso português, foi precedida por conquistas no Hemisfério
Norte e no litoral da África, que resultaram em possessões
lusas nesse continente; no caso da Espanha, assinalou o início
da formação de seu império ultramarino.
Resolução
Portugal e Espanha foram pioneiros na Expansão Marítimo-comer-
cial Europeia. Portugal optou por contornar o litoral africano para
encontrar um caminho marítimo que levasse às Índias, o que foi
conseguido em 1498. Esse roteiro foi marcado pelo estabe-
lecimento de colônias e feitorias na costa da África, as quais
precederam o descobrimento do Brasil, ocorrido em 1500. Já a
Espanha escolheu alcançar as Índias navegando para oeste, o que
produziu, como efeitos imediatos, o descobrimento do Novo
Mundo (América) e o início de sua conquista.
Resposta: E
2. (PUC-SP) – “Há países com mais de 60% da população
constituídos por índios, como Bolívia e Guatemala. E há o México,
com cerca de 12%. Dependendo das condições, não há sentido
em pleitear essa autonomia [de Estados indígenas nas Américas],
especialmente se ela ficar submetida a governos que não estão
interessados em repassar recursos para o desenvolvimento dessas
populações. Há setores do zapatismo e do movimento indígena
boliviano que de fato pleiteiam a autonomia, mas ao mesmo tempo
estão procurando integrar-se. É importante diferenciar movimentos
que buscam uma maior inserção dos indígenas no mundo
globalizado, de movimentos extremados, fundamentalistas, que
querem a autonomia a qualquer preço, mesmo que ela venha isolar
ainda mais os indígenas.”
(Nestor García Canclini, em entrevista a
O Estado de S. Paulo.)
Os indígenas das Américas
a) viviam pacificamente no interior dos grandes impérios pré-co-
lombianos até a chegada dos europeus, que destruíram as
comunidades indígenas e dizimaram ou escravizaram milhões
de pessoas.
b) vivenciaram conflitos em todos os períodos conhecidos de sua
história, das lutas contra a dominação dos grandes impérios
pré-colombianos à resistência aos europeus conquistadores e
aos Estados independentes.
c) conseguiram autonomia política após as independências na-
cionais, pois as repúblicas hispano-americanas permitiram seu
retorno à vida comunitária, suprimindo os tributos e o trabalho
34
forçado.
d) mantiveram-se livres na área de colonização portuguesa, mas
foram escravizados nas regiões de colonização espanhola e
inglesa, tornando-se a principal mão de obra na agricultura e na
mineração.
e) atualmente estão unificados em amplos movimentos de liber-
tação que visam recuperar as formas de vida e de trabalho do
período pré-colombiano, restaurando a autonomia das antigas
comunidades.
Resolução
Alternativa escolhida por eliminação, pois a questão exagera ao
generalizar a história dos povos indígenas das Américas. Com
efeito, se os conflitos intertribais e interétnicos entre os povos pré-
colombianos podem ser considerados uma constante, a resistência
aos conquistadores europeus apresentou intensidade variável. E,
na história da América Independente, a resistência indígena contra
a dominação oligárquica foi ainda menos frequente – até mesmo
porque, em certos países latino-americanos, as populações indíge-
nas quase chegaram a desaparecer, quando não foram intei-
ramente extintas.
Resposta: B
3. (FUVEST) – “Deus castigou esta terra com dez pragas muito
cruéis por causa da dureza e obstinação de seus moradores. A
primeira dessas pragas foi que, em um dos navios, veio um negro
atacado de varíola, uma doença que nunca tinha sido vista nessa
terra.”
(Motolinía. Memórias das coisas da Nova Espanha.)
A respeito desse relato do franciscano Motolinía sobre a conquista
da Cidade do México [Tenochtitlán] pelos espanhóis, em 1520,
pode-se concluir que
a) os religiosos europeus justificaram a conquista dos indígenas
alegando que eles eram geneticamente vulneráveis a certas
doenças.
b) os povos indígenas adotavam táticas cruéis de guerra, as quais
incluíam a disseminação de epidemias entre os conquistadores.
c) os astecas foram dominados pelos espanhóis por meio de uma
estratégia que evitou a guerra, mas disseminou epidemias.
d) as epidemias se tornaram uma forma eficiente de dominação,
empregada pelos europeus na conquista das terras indígenas.
e) as epidemias originárias da África dizimaram parte dos exércitos
dos conquistadores espanhóis e dos indígenas mexicanos.
Resolução
Embora sua importância não tenha sido primordial para a submis-
são dos povos indígenas aos colonizadores, a contaminação dos
nativos por doenças trazidas pelos europeus causou considerável
mortalidade entre as populações locais, diminuindo significativa-
mente sua capacidade de resistência.
Resposta: D
4. (FUVEST) – “O ouro e a prata que os reis incas tiveram em grande
quantidade não eram avaliados [por eles] como tesouro porque,
conforme se sabe, não vendiam nem compravam coisa alguma por
prata nem por ouro, nem por eles pagavam os soldados, nem os
gastavam com alguma necessidade que lhes aparecesse;
tinham-nos como supérfluos, porque não eram de comer. Somente
os estimavam por sua formosura e esplendor e para ornamento
[das casas reais e rituais religiosos].”
(Garcilaso de la Vega,
Comentários reais, 1609.)
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 35
Com base no texto, aponte:
a) as principais diferenças entre as ideias expostas no texto e a
visão dos conquistadores espanhóis sobre a importância dos
metais preciosos;
b) os princípios básicos do mercantilismo.
Resolução
a) Para os incas, o ouro e a prata tinham um valor puramente estético
e honorífico. Na visão dos conquistadores espanhóis, porém, esses
metais tinham um valor econômico intrínseco, uma vez que
constituíam a base do sistema econômico europeu da época.
b) Intervencionismo, metalismo, balança comercial favorável, prote-
cionismo, regime de monopólios e exploração do Sistema Colonial.
5. (UFU) – “Assim, não pense ninguém que lhes foram tirados [dos
indígenas”] o poder, os bens e a liberdade, e sim que Deus lhes
concedeu a graça de pertencerem aos espanhóis, que os tornaram
cristãos e que os tratam e os consideram exatamente como digo.
Ensinaram-lhes o uso do ferro e da candeia; deram-lhes moedas
para que saibam o que compram e o que vendem, o que devem e
o que possuem; ensinaram-lhes latim e ciências, que valem mais
do que toda a prata e todo o ouro que lhes tomaram. Porque, com
conhecimentos, são verdadeiramente homens, e da prata nem
todos tiravam muito proveito.”
(Francisco López de Gómara. “Historia General de las Indias.”
Coletânea de Documentos para a História da América. São Paulo:
CENP, 1978.)
O trecho transcrito expressa uma forma de se ver a conquista e a
colonização da América pelos espanhóis. A partir da análise do
texto e de seus conhecimentos acerca desse processo histórico:
a) faça um comentário sobre a visão etnocêntrica do autor,
destacando a forma como os valores culturais de espanhóis e
indígenas tão tratados no texto;
b) identifique e caracterize uma das três principais sociedades
indígenas conquistadas pelos espanhóis – maias, astecas ou
incas –, mostrando como viviam e se organizavam social e
politicamente no período imediatamente anterior à conquista.
Resolução
a) O texto enfatiza a visão eurocêntrica em relação aos indígenas
americanos, sob a influência de valores cristãos e capitalistas, que
pressupõem a inferioridade das culturas indígenas em face da
civilização europeia.
b) De um modo geral, as civilizações pré-colombianas organizavam-se
em impérios teocráticos, com predomínio da servidão coletiva nas
atividades agrícolas, praticadas com o auxílio de complexos
sistemas de irrigação. Os astecas destacaram-se por seu
militarismo, e os maias, por sua organização em cidades-Estado.
6. (UEL) – “Aqueles que deixaram a Espanha para converter os índios
viram-se incumbidos de uma missão de especial importância no
esquema divino da História, pois a conversão do Novo Mundo era
um prelúdio necessário para o fim dos tempos e a segunda vinda
de Cristo. Acreditavam também que, entre os povos inocentes da
América, ainda não contaminados pelos vícios da Europa, poderiam
construir uma Igreja que se aproximasse da de Cristo e dos
primeiros apóstolos.”
(J. H. Elliott. A conquista espanhola e a colonização da América.
In L. Bethell [Org.]. História da América Latina: América Latina
Colonial I. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 1998. v. 1, pp. 185-186.)
Com base no texto e em outros conhecimentos sobre a
colonização das Américas, é correto afirmar que
a) as ordens religiosas que se instalaram no Novo Mundo utiliza-
ram-se do ouro, existente em abundância, e do trabalho dos indí-
35
genas para convertê-los à fé cristã, prometendo-lhes defender
suas terras – espaço de sobrevivência terrena – e assegurar-lhes
o Reino dos Céus, lugar do descanso após a morte.
b) os primeiros missionários perceberam que os índios não
conseguiam compreender a diferença entre adoração a uma
imagem e o conteúdo religioso que ela representava; para solu-
cionar esse problema, algumas imagens de deuses indígenas
foram inseridas nas igrejas católicas erigidas nas colônias.
c) os missionários das diversas ordens religiosas, quando per-
ceberam que os indígenas eram desobedientes e
necessitavam de cuidados, propuseram à Coroa Espanhola
que estimulasse os casamentos mistos, como forma de forçar
a adoção da fé cristã pelos nativos, integrando-os na sociedade
colonial.
d) as comunidades indígenas existentes na América Espanhola,
juntamente com os missionários, investiram no cultivo da
terra e na exportação de produtos manufaturados para a Europa;
essas preocupações econômicas dificultaram a obra catequé-
tica, pois os índios passaram a confundir riqueza com salvação.
e) a Espanha, baluarte do catolicismo, investiu na conquista religio-
sa dos nativos americanos, acreditando a princípio que os
indígenas, por não conhecerem nem terem tido contato com
os defeitos morais e maus hábitos existentes no Velho Mundo,
fossem mais propensos à conversão para a fé católica.
Resolução
A questão contempla a vertente ideológica da conquista da
América pelos espanhóis, ou seja, a conversão dos gentios
(pagãos) à fé católica. Esse discurso evangelizador, porém, não
deve obscurecer o objetivo maior dos colonizadores, relacionado
com a busca de metais preciosos.
Resposta: E
7. (UEL-Adaptado) – “A conquista espanhola, em todas as regiões
onde se viu coroada de êxito, conduziu a um processo de crise
geral das culturas subjugadas. Em certas situações, como no caso
dos arauaques, das Antilhas, levou ao desaparecimento da popu-
lação conquistada. Em outros casos, como no México e no Peru,
ainda que não tenha eliminado totalmente a população indígena,
provocou alterações e deformações profundas na cultura e no
modo de vida dos povos conquistados.”
(R. Vainfas. Economia e sociedade na América espanhola.
Rio de Janeiro: Graal, 1984. p. 40.)
De acordo com o texto e com outros conhecimentos sobre o tema,
é correto afirmar que
a) a historiografia hispano-americana explica que a queda da
população indígena está diretamente vinculada à prática do
suicídio, quando eles perceberam que seriam obrigados a adotar
o cristianismo como religião única; desse modo, a baixa popula-
cional dos índios está relacionada com a falta de conhecimento dos
preceitos da fé cristã, que condena atentar contra a própria vida.
b) vírus e bactérias desconhecidos dos nativos foram responsá-
veis pela diminuição da população indígena; sem imunidade
para doenças como varíola, gripe, tuberculose e sífilis, a popu-
lação nativa adoecia e morria rapidamente; a Coroa espanhola
procurou enviar médicos para as colônias, mas, como as
viagens por mar eram muito demoradas, a população nativa não
conseguiu resistir.
c) a crise das culturas indígenas americanas ocorreu em função
das muitas alterações produzidas pelos europeus nas colônias.
Entre elas, podemos citar: instalação de uma economia
mercantil, que definiu o ritmo e a intensidade do trabalho;
modificação dos cultivos, fazendo com que a dieta dos nativos
fosse modificada; e deslocamento de comunidades, causando
distúrbios ecológicos.
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 36
d) as mulheres indígenas adotaram massissamente práticas
abortivas, o que impediu a perpetuação de diversas culturas
nativas e forçou os europeus a importar da África a mão de obra
escrava de que necessitavam. Desse modo, a baixa demo-
gráfica dos indígenas pode ser explicada pela vinda de africanos
para a América e pela intensa miscigenação que disso resultou.
e) a superioridade bélica dos espanhóis foi responsável pela
dizimação da maior parte dos indígenas, pois estes, ao se
defrontarem com armas superiores, não tinham como se
defender. Embora existisse contrabando de armas, os indígenas
não conseguiam comprá-las, permanecendo em desvantagem
diante dos invasores.
Resolução
A alternativa menciona alguns dos efeitos que a colonização da
América produziu nas populações autóctones. Entre esses efeitos,
destacam-se a sujeição dos índios aos interesses mercantilistas da
colonização e as consequências do processo de aculturação que
sofreram.
Resposta: C
8. A encomienda foi uma instituição da colonização espanhola. Nela,
a) o encomendero era obrigado a sustentar gratuitamente uma
comunidade indígena.
b) os índios, para não serem escravizados, encomendavam-se à
proteção dos reis da Espanha.
c) os espanhóis eram os únicos que levavam encomendas da
colônia para a metrópole.
d) os índios encomendados ao acendado (fazendeiro) tinham a
obrigação de trabalhar para ele.
e) os indígenas trabalhavam na agricultura e recebiam por
encomenda cumprida.
Resolução
A alternativa escolhida apresenta uma visão simplista do instituto
da encomienda – forma de trabalho compulsório ameríndio utilizada
10. (UFG) – “A riqueza de incas e astecas foi devorada num relance;
os impérios, eliminados. E, dentro em pouco, não estava ali, de
toda a riqueza sonhada, senão o solo, prodigiosamente rico de ouro
e prata, e restos de tribos selvagens, apavoradas, combalidas,
desmoralizadas. O espanhol, por essa forma depredadora, adaptou
logo suas tendências e apetites naturais às condições novas que
se lhe ofereciam. Enquanto houve riqueza acumulada, ele foi
depredador, guerreiro, conquistador. Esgotaram-se as riquezas, ele
se fez imediatamente sedentário. Colheu os restos de populações
índias sobreviventes às matanças, escravizou-as e fê-las produzir
riquezas para ele – cavando a mina ou lavrando a terra.”
(Manoel Bomfim. A América Latina: males de origem. Rio de
Janeiro: Topbooks, 1993. p. 103. Adaptado.)
Ao analisar as relações entre a metrópole espanhola e suas
colônias americanas, o pensador brasileiro Manoel Bomfim (1868-
1932) fez uma analogia entre sociedades humanas e organismos
biológicos – prática recorrente entre inúmeros intelectuais no início
do século XX. A partir da análise do trecho transcrito e
considerando o contexto histórico e os conceitos de interações
biológicas, conclui-se que o conquistador espanhol
a) sobreviveu e se alimentou à custa das populações incas e
astecas, mantendo com elas uma relação análoga à interação
do parasitismo.
b) interagiu com o que restou do solo, das terras e das populações
incas e astecas sobreviventes, numa relação análoga ao mutualismo.
36
na América Espanhola. Nesse sistema, as famílias indígenas eram
distribuídas (repartimiento) entre os proprietários rurais de origem
europeia, sendo encomendadas a sua proteção. Seu trabalho era
compensado com a assistência religiosa, intermediada por
sacerdotes católicos.
Resposta: D
9. (PUC-SP) – Acerca da colonização espanhola e portuguesa nas
Américas, entre os séculos XVI e XIX, pode-se destacar
a) o emprego de regimes de trabalho obrigatório, ainda que na
América Portuguesa tenha predominado a escravidão do negro
e na América Hispânica, a exploração do trabalho indígena.
b) a unidade territorial e o controle rígido das metrópoles sobre as
colônias, ainda que na América Portuguesa o regime administrativo
tenha sido o de capitanias e na América Hispânica, o de vice-reinos.
c) o prevalecimento do extrativismo, ainda que na América His-
pânica o usufruto dos bens produzidos pertencesse à Coroa Es-
panhola e na América Portuguesa, aos colonos.
d) a interiorização da ocupação, ainda que na América Portuguesa
tenha sido rápida e de acordo com as cláusulas de Tordesilhas
e na América Hispânica, lenta e desrespeitosa ao tratado.
e) a integração das colônias no comércio internacional, ainda que
na América Hispânica a produção fosse voltada para o mercado
norte-americano e na América Portuguesa, para o inglês.
Resolução
Na América Colonial, o trabalho compulsório (obrigatório) foi a
forma predominante na utilização de mão de obra. No Brasil, a
forma de trabalho usual foi a escravidão negra, embora a princípio
predominasse a escravização dos indígenas. Na América
Espanhola, também se utilizaram escravos de origem africana, mas
o trabalho compulsório preponderante foi o indígena, sob duas
formas: a mita, na mineração; e a encomienda, na agricultura.
Resposta: A
c) devorou, com seu apetite natural, as riquezas dos povos incas
e astecas, mantendo com eles uma relação análoga ao
comensalismo.
d) depredou, escravizou e explorou os povos incas e astecas
sobreviventes, estabelecendo com eles uma relação análoga
ao predatismo.
e) viveu à custa das populações incas e astecas, na condição de
hospedeiro, por meio de uma relação análoga à interação do
inquilinismo.
11. (UERN) – “Assim como no Egito, na Mesopotâmia, a agricultura foi
a principal atividade econômica. O Estado era responsável pelas
obras hidráulicas necessárias à sobrevivência da população, bem
como pela administração de estoques de alimentos e pela
cobrança de impostos.”
(Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo. História Geral e do Brasil.
1.a ed. São Paulo: Scipione, 2010. p. 60-455.)
“A base da economia Inca estava nos ayllus – espécie de
comunidades agrárias. Todavia, as terras do império pertenciam ao
Inca – logo, ao Estado. Por intermédio da vasta rede de funcioná-
rios, essas terras eram cedidas aos camponeses para sua sobrevi-
vência. Os membros dos ayllus deveriam, em troca, trabalhar nas
terras do Inca e dos altos funcionários, assim como nas obras
públicas, e pagar impostos.”
(José Geraldo Vinci de Moraes. Caminhos das civilizações: História integrada –
geral e do Brasil. São Paulo: Atual, 1998.)
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 37
De acordo com a interpretação marxista do processo histórico, o
modo de produção descrito parcialmente nos trechos anteriores é o
a) feudal. b) asiático. c) primitivo.
d) escravista. e) coletivista.
12. (UEPA-Adaptado) – Os espanhóis que conquistaram os povos da
América Pré-Colombiana adaptaram as formas de exploração do
trabalho, antes praticadas nos Impérios Asteca e Inca (mita,
cuatequil), aos interesses mercantilistas europeus. Isso foi possível
em razão da
a) aliança firmada entre os conquistadores e os governantes locais
remanescentes, em torno da administração compartilhada da
força de trabalho.
b) servidão estatal vigente entre os povos pré-colombianos, que
se assemelhava à servidão imposta aos camponeses europeus
no século XVI.
c) manutenção parcial da hierarquia preexistente nas sociedades
ameríndias, combinada com a exploração do trabalho do cam-
pesinato indígena.
d) incompatibilidade da introdução de formas modernas de
produção entre os povos ameríndios, habituados ao trabalho
compulsório escravista.
e) supressão das formas tradicionais de exploração do trabalho,
substituídas por modernas relações de produção, como o
trabalho socializado.
13. (IFSC-Adaptado) – Os habitantes da América foram chamados
genericamente de “índios” pelos europeus, o que passava a ideia
de que era um povo único e homogêneo. Entretanto, os povos
pré-colombianos eram muito diferentes uns dos outros, variando
desde a civilização dos astecas até a selvageria dos jês do Brasil.
Os antropólogos adotam certos elementos culturais para classificar
as populações indígenas.
Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.
a) A ideia de homogeneidade dos povos americanos, presente
entre os primeiros europeus que chegaram ao Novo Mundo,
estava basicamente correta, se fossem excluídos os
esquimós.
b) Atualmente, os antropólogos preferem classificar os povos
indígenas de acordo com os idiomas que falam, com base em
troncos linguísticos estabelecidos após rigorosas pesquisas.
c) As pesquisas arqueológicas realizadas no Brasil, no século XX,
confirmaram que os indígenas brasileiros tinham padrões
políticos, religiosos e sociais idênticos.
d) Não é possível saber como viviam os povos indígenas do Brasil
antes da chegada de Cabral, porque esses grupos não
dominavam a escrita para deixar documentos sobre seu modo
de vida.
e) Quando os portugueses chegaram ao Brasil, nenhuma tribo que
aqui vivia sabia cultivar alimentos nem dominava a técnica da
cerâmica, sobrevivendo apenas por meio da coleta.
14. (UNICAMP-Adaptado) – Desde o Período Neolítico, os povos de
distintas partes do mundo desenvolveram sistemas agrários
próprios, aproveitando as condições naturais de seus habitats e
dos conhecimentos adquiridos e transmitidos entre os membros
da comunidade. Assinale a alternativa que estabelece
corretamente a relação entre o povo habitante de determinada
área, o sistema produtivo por ele desenvolvido, as condições
naturais aproveitadas e os produtos cultivados.
a) Egípcios; uso da irrigação e drenagem; planícies úmidas e
férteis dos Rios Tigres e Eufrates; arroz e café.
b) Gregos; plantio extensivo em savanas; planícies da Europa
Balcânica; trigo e cevada.
37
c) Chineses; uso intensivo dos terraços das montanhas; Planalto
de Anatólia, na Ásia Oriental; café e cacau.
d) Mesopotâmios; culturas de inundação e de regadio; vales
férteis dos Rios Indo e Ganges; trigo e feijão.
e) Incas; uso de terraços com técnicas de curvas de nível;
aproveitamento dos altiplanos andinos; batata e milho.
15. (UFSM-Adaptado) – O acentuado declínio populacional dos
astecas, no século XVI, está relacionado, entre outros aspectos,
com os seguintes fatores:
I. Utilização de armas de fogo pelos conquistadores espanhóis,
durante o processo da conquista militar.
II. Letalidade provocada por epidemias trazidas pelos conquis-
tadores, como a gripe, a varíola e o sarampo.
III. Intensificação da escravidão indígena e do tráfico de escravos
índios para a metrópole.
IV. Altos índices de mortalidade resultantes da exploração do
trabalho indígena e da apropriação da terra pelos colonizadores.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas as afirmações I e II são verdadeiras.
b) Apenas as afirmações I e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmações II e IV são verdadeiras.
d) Apenas as afirmações I, II e IV são verdadeiras.
e) Apenas as afirmações II, III e IV são verdadeiras.
16. (UFG-Adaptado) – “A admiração que os cavalos causaram nos
índios logo que os viram excede a todo encarecimento: porque,
em quase todas as províncias da América, tomaram o cavalo e o
cavaleiro como uma só pessoa. Em suma, não houve coisa de
quantas da Europa se trouxeram que mais os admirasse e
assombrasse. Ficavam como fora de si de estupor vendo um
espanhol em um cavalo com peitoral de guizos.”
(Cobo Bernabé. In Janaína Amado; Luiz Carlos Figueiredo.
No tempo das caravelas. Goiânia: Cegraf/UFG;
São Paulo: Contexto, 1992. p. 129. Adaptado.).
A narração do cronista espanhol sobre a Conquista do Peru, no
século XVI, permite compreender um componente do imaginário
nativo que favoreceu a ação dos europeus. Tal componente se
associa à
a) interpretação cíclica da História, que levava os nativos a
incorporar os invasores como deuses que pressagiavam o fim
dos tempos.
b) crença religiosa politeísta, que pressupunha a aceitação de deu-
ses estrangeiros para controlar os conflitos entre tribos rivais.
c) devoção à Natureza, que implicava o respeito pela vida dos ani-
mais nas batalhas travadas contra os invasores europeus.
d) concepção matriarcal vigente, que excluía a preparação para a
guerra como tarefa destinada à defesa das sociedades nativas.
e) forma de combate que privilegiava a utilização do próprio corpo
como meio de legitimar o heroísmo do guerreiro.
17. (UFC-Adaptado) – No século XVI, algumas centenas de espanhóis
destruíram, em pouco tempo, vastos impérios indígenas da
América.
a) Cite o império indígena localizado no território do México atual
e apresente três fatores que explicam a derrota dos índios
desse Estado, apesar de sua superioridade numérica.
b) Quais foram as duas principais atividades econômicas
praticadas nas colônias espanholas da América?
c) Que mão de obra foi utilizada em cada uma dessas atividades?
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 38

18. (UNESP) – “Vi também as coisas que trouxeram ao rei, do novo III. A política econômica da metrópole privilegiou o livre-comércio
país do ouro: um sol todo em ouro medindo uma toesa de largura; entre as possessões espanholas e outros países europeus.
do mesmo modo, uma lua toda de prata e igualmente grande;
também dois gabinetes repletos de armaduras idênticas e toda Assinale alternativa correta.
sorte de armas por eles usadas, escudos, bombardas, armas de a) Somente as afirmações I e II estão corretas.
defesa espantosas e vestimentas curiosas.“ b) Somente as afirmações I e III estão corretas.
(Albert Dürer, pintor alemão, 1471-1528.) c) Somente as afirmações II e III estão corretas.
d) Todas as afirmações são verdadeiras.
“As pessoas, tanto homens quanto mulheres, andam nuas assim
e) Todas as afirmações são falsas.
como suas mães as pariram, exceto algumas das mulheres que
cobrem suas partes com uma única folha de grama ou tira de
22. (UFSCar-Adaptado) – “Foi portanto como prêmio de vitória que
algodão. Eles não possuem armas, exceto varas de cana cortadas,
foram dados os índios aos espanhóis. Como, depois de ganho, o
e tem receio de usá-las; são tratáveis e generosos com o que têm:
Novo Mundo ficasse tão distante do Rei, não poderia este de modo
entregavam o que quer que possuíam, jamais recusando qualquer
algum mantê-lo em seu poder se os mesmos que o tinham
coisa que lhes fosse pedida.”
descoberto e conquistado não o guardassem, acostumando os
(Trecho da Carta de Cristóvão Colombo,
índios às nossas leis. Segue-se que tratemos do serviço pessoal
de 15 de fevereiro de 1493.)
dos índios, no qual se compreende toda a utilidade que pode obter
Os textos referem-se aos habitantes da América na época dos
o encomendero do trabalho do índio.”
Descobrimentos.
Este texto foi escrito pelo cronista espanhol José de Acosta no
a) Dê dois exemplos de grupos indígenas que podem ser identi-
século XVI. Para entendê-lo, é importante considerar que, na
ficados com os textos.
sociedade colonial hispano-americana no período da conquista, os
b) Por que os dois relatos são diferentes?
índios
a) tinham uma posição socioeconômica semelhante à dos chape-
19. (UERN-Adaptado) – Um dos critérios de hierarquização social
tones, que eram brancos pobres trazidos da Europa para tra-
mais comum na América Espanhola foi o da pureza de sangue,
balhar na lavoura, podendo também exercer ofícios artesanais.
combinada com o local de nascimento. Um criollo, por exemplo,
b) eram considerados simples instrumentos de trabalho e podiam
não poderia alcançar os postos mais elevados da administração
ser comprados ou vendidos; eram utilizados na agricultura, nas
colonial, pois,
minas, no transporte de mercadorias e nos serviços
a) mesmo sendo filho de espanhóis, havia nascido em terras
domésticos.
americanas, o que o inferiorizava socialmente.
c) permaneceram no regime de trabalho existente entre os
b) devido a sua etnia e cor da pele, era considerado inferior aos de-
incas, conhecido como mita, no qual eram submetidos à
mais habitantes da colônia.
servidão na agricultura, com fixação na terra e na comunidade
c) mesmo tendo a pureza racial esperada, não tinha suficiente pre-
original.
paro intelectual para fazer parte do governo.
d) foram utilizados como mão de obra a partir da encomienda e
d) sendo resultado de um processo de mestiçagem, não possuía
da mita, sendo que no primeiro caso eram confiados a um es-
a necessária limpieza de sangre.
panhol a quem pagavam tributo sob a forma de prestação de
e) embora nascido na América, era equiparado às camadas sociais
serviço.
inferiores da metrópole.
e) transformaram-se em súditos do rei da Espanha e deviam pagar
a ele tributos, por meio da entrega periódica de metais pre-
20. (FUVEST-Adaptado) – Uma observação comparada dos regimes
ciosos e da prestação de serviços em terras comunais.
de trabalho adotados nas Américas de colonização ibérica permite
afirmar que, entre os séculos XVI e XVIII,
a) a servidão foi dominante em todo o mundo português,
23. (UEL) – “Dada a diversidade dos povos, a relativa escassez de
enquanto no mundo espanhol predominou a mão de obra
fontes e as circunstâncias em que foram produzidas, seria temerário
assalariada, tanto indígena como europeia.
afirmar que os registros chegados até nós dão-nos a perspectiva
b) as populações indígenas da América Espanhola e da América
'indígena' da conquista. Mas fornecem uma série de evocações
Portuguesa jamais foram escravizadas, diferentemente dos
pungentes, filtradas pelas lentes da derrota, do impacto que
trabalhadores negros.
provocou em certas regiões a súbita irrupção de invasores
c) a escravidão de origem africana, embora presente em várias
estrangeiros, cuja aparência e comportamento estavam tão
regiões da América Espanhola, esteve mais generalizada na
distantes da expectativa normal.”
América Portuguesa.
(J. H. Elliot. “A conquista espanhola e a colonização da América”. In L.
d) não houve escravidão africana nos territórios espanhóis, pois
Bethell [Org.] História da América
estes contavam com abundante oferta de mão de obra nativa
Latina. São Paulo: USP, 1998, p. 160.)
das Américas.
e) o Brasil forneceu escravos africanos aos territórios espanhóis,
Com base no texto e em outros conhecimentos sobre o tema, é
recebendo em troca trabalhadores ameríndios provenientes do
correto afirmar que
Peru e Alto Peru.
a) os marinheiros espanhóis, logo que chegaram ao Novo Mun-
do, constituíram famílias com as índias objetivando introduzi-
21. (UFRS) – Considere as afirmações a seguir, relativas ao Império
las, bem como a seus filhos, nas sociedades coloniais então
Espanhol nas Américas durante os séculos XVI e XVII.
em formação.
I. O Peru e o México, conquistados pelos espanhóis, respectiva-
b) a violência e a destruição causadas pela conquista espanhola
mente aos incas e aos astecas, foram as regiões mais
impediram a sobrevivência física dos nativos americanos,
importantes desse império.
obstaculizando também a manutenção de relações coletivas de
II. Nesses territórios, a principal atividade econômica foi a
trabalho.
mineração, destacando-se na região de Potosí, na atual Bolívia.

38
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 39
c) a unidade étnica e política dos atuais estados hispano-america-
nos resultou da homogeneidade do movimento de resistência
indígena contra a dominação dos países colonizadores.
d) a perspectiva indígena da conquista da América pelos europeus
é um conjunto homogêneo de registros, porque as ações dos
colonizadores, respeitando a diversidade, preservaram os rela-
tos dos nativos.
e) um efeito danoso da conquista da América Latina diz respeito
à forma como o Sistema Colonial se estruturou, com a introdu-
ção do gado e de produtos europeus, desorganizando o modo
de vida anterior.
24. (ESPM) – Na América Espanhola, os cabildos ou ayuntamientos
eram
a) tribunais que também atuavam como ouvidorias, sendo seus
membros nomeados pelo rei.
b) formas de servidão indígena para o trabalho agrícola nas
grandes propriedades rurais.
c) formas de trabalho compulsório das comunidades indígenas na
economia mineradora.
d) câmaras responsáveis pela administração local, formadas por
pessoas com projeção social.
e) governadores nomeados pelo rei, encarregados de representar
o poder central nas colônias.
25. (PUC-RS) – “A colonização do Peru ilustra seguramente a variedade
de ritmos de aculturação num mesmo espaço cultural.
Economicamente, o processo foi rápido: introduziu-se o cultivo de
frutas e legumes europeus, a criação de aves e também de gado.
Por outro lado, todo o sistema de recrutamento de aldeões, montado
no Império Inca, foi canalizado para suprir o trabalho nas empresas
coloniais, notadamente a produção mineratória. Apesar de tudo, o
milho e a batata permaneceram como os alimentos essenciais das
comunidades, e em pouco tempo foram difundidos entre os
europeus. Socialmente, porém, o processo foi lento e ambivalente:
à progressiva ‘hispanização’ dos curacas [chefes tribais] contrapôs-
se a preservação, pela massa aldeã, dos costumes e normas de
parentesco, assim como das próprias línguas quíchua ou aymará.
Enfim, no terreno religioso, campo das mentalidades coletivas, a
tendência foi no sentido da inércia, ou seja, da manutenção, ainda
que dissimulada e perseguida, dos cultos tradicionais, especialmente
entre a população trabalhadora das aldeias.”
(Ronaldo Vainfas. Economia e sociedade na América Espanhola.
Rio de Janeiro: Graal, 1984, p. 44.)
A leitura do texto permite afirmar que o processo colonizatório
espanhol, na região americana por ele analisada, estabeleceu um
espaço sócio-histórico no qual ocorreu
a) a aniquilação rápida, pelos colonizadores, dos traços culturais e
laços sociais autóctones.
b) a prevalência do ritmo de exploração econômica mercantilista
sobre os demais fatores socioculturais.
c) o surgimento de relações socioculturais complexas de
dominação e de resistência dos colonizados.
d) a tolerância jurídica, pela administração colonial laica, das mani-
festações religiosas locais.
e) a irrelevância dos fatores linguísticos como elementos de
defesa cultural dos povos colonizados.
26. (UNB) – “Sem colonização, não há uma boa conquista; e se a terra
não é conquistada, as pessoas não serão convertidas. Portanto, o
lema do conquistador deve ser colonizar.”
(Francisco López de Gómara. Historia general de las Indias.
Madri: 1852, p. 181.)
39
O comentário transcrito, feito por um eclesiástico do século XVI,
expõe aspectos relacionados com o assentamento e desenvol-
vimento do Império Espanhol na América. Acerca desses aspectos,
assinale a alternativa correta.
a) Na região andina, desde o primeiro momento, houve forte
resistência ao avanço da conquista espanhola, principalmente
nas cidades de Potosí e La Plata.
b) A área que atualmente pertence ao Chile foi a que menos
resistência ofereceu à colonização espanhola, em virtude de
sua baixa densidade demográfica.
c) Na mesoamérica, onde havia uma organização pré-colombiana
estável, a colonização foi bem-sucedida, pois os espanhóis
deram continuidade às estruturas preexistentes.
d) No Vice-Reino do Peru, os espanhóis permitiram que o cargo de
governador fosse exercido por membros da elite criolla,
estratégia que perdurou até o fim da Era Colonial.
e) Na América Espanhola, a relação entre conquista e colonização
preservou os valores nativos, o que deu origem a uma socieda-
de miscigenada e culturalmente homogênea.
27. (ENEM) – “Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos
testemunhos, e é que vi nesta terra de Veragua [Panamá] maiores
indícios de ouro nos dois primeiros dias do que na Hispaniola [São
Domingos] em quatro anos.”
(Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503.
Apud J. Amado, L. C. Figueiredo. Colombo e a América: quinhentos anos
depois. São Paulo: Atual, 1991. Adaptado.)
O documento permite identificar um interesse econômico
espanhol na colonização da América a partir do século XV. A
implicação desse interesse na ocupação do espaço americano está
indicada na
a) expulsão dos indígenas para fortalecer o clero católico.
b) promoção de “guerras justas” para conquistar o território.
c) imposição da catequese para explorar o trabalho de
africanos.
d) opção agrícola para assegurar a subsistência dos colonos.
e) fundação de cidades para controlar a circulação de riquezas.
28. (FUVEST) – “As guerras que, há algum tempo, horrorizaram a
Europa, as pestes e fomes na Espanha e as rebeliões na Nova
Espanha foram causadas por qual cometa? Nenhum. Portanto,
os males que porventura aconteçam não serão causados pelo
cometa de agora, ainda que as autoridades se empenhem em
prová-lo.”
(Carlos de Sigüenza y Góngora, astrônomo mexicano, 1680.)
Com base no texto, é correto afirmar que
a) a visão do autor era a de um estudioso que, mesmo vivendo no
México Colonial, tomava posição na defesa dos conhecimentos
científicos mais avançados produzidos na Europa.
b) essa perspectiva nada tinha de inovadora, pois a ciência moder-
na já havia sido reconhecida pelas autoridades civis e eclesiás-
ticas na Espanha, desde o início do século XVII.
c) a opinião do autor tem caráter exclusivamente político, não se
podendo estabelecer relações com debates e posições sobre
astronomia e ciência moderna.
d) a perspectiva crítica sobre a relação entre a passagem dos
cometas e as catástrofes terrenas fazia parte dos manuais
religiosos dos jesuítas desde o início do século XVII.
e) a visão do autor surpreende porque, no México Colonial, não
havia universidades, imprensa ou uma vida cultural que
pudesse explicar afirmações semelhantes.
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 40
29. (UNICAMP) – “Como defensor dos índios e denunciante das
atrocidades dos conquistadores, frei Bartolomé de Las Casas
desenvolveu a imagem da ‘destruição das Índias’, que era produto
da preocupação do frade com o futuro da sociedade que se
organizava: a nova sociedade começava distorcida, prenhe de
desequilíbrios e de injustiças, carente dos mais elementares
direitos. Com exceção de Las Casas, no século XVI prevaleceu a
visão otimista da conquista: acreditava-se que a nova sociedade
era inteiramente benéfica para os aborígenes, pois se partia da
premissa de que a civilização europeia era superior à civilização
americana. O importante era o resultado final, a propagação de
valores cristãos e a organização de uma sociedade alicerçada
nesses valores.”
(Adaptado de: Hector Hernán Bruit, Bartolomé de Las Casas
e a simulação dos vencidos: ensaio sobre a conquista
hispânica da América. Campinas: Editora da Unicamp;
São Paulo: Iluminuras, 1995. p. 17, 55.)
a) A partir do texto, identifique duas visões opostas sobre a con-
quista da América, presentes no século XVI.
b) Cite dois exemplos de mobilização política das populações
indígenas na América Latina contemporânea.
30. (UFES) – “Quando as embarcações de Colombo aportaram na
América, de fato não a ‘descobriram’, pois muita gente já vivia em
nosso continente. O que de fato ocorreu foi a integração da América
ao continente europeu, ou, mais exatamente, à sociedade mercan-
til. Há quem pense que essa integração foi um favor que os euro-
peus ‘civilizados’prestaram aos indígenas ‘bárbaros’. Isto não é
verdade. As sociedades nativas eram socialmente muito complexas
e desenvolvidas e sua incorporação teve custos humanos imensos,
graças a massacres cruéis perpetrados pelos cristãos ‘civilizados ‘da
Europa.”
(J. Pinsky et al. História da América através de textos.
São Paulo: Contexto, 1991. p.11.)
Acerca das “Altas Culturas”pré-colombianas, não é correto afirmar
que
a) os maias e os astecas se situavam na região denominada
Mesoamérica (México e América central), ao passo que os
incas ocupavam a Zona Andina.
b) a economia era basicamente agrária, com destaque para a pro-
dução de milho, e se utilizava de técnicas elaboradas de irri-
gação, a exemplo das chinampas astecas e dos canais incas.
c) a utilização da escrita pelos governantes representou um
notável impulso à centralização do poder, como comprovam as
listas reais incaicas, grafadas no dialeto andino quipu, e os
tratados políticos maias e astecas.
d) existência de uma elite composta de militares, sacerdotes e
altos funcionários , que tributava as comunidades aldeãs, sob a
forma de trabalho compulsório ou de produtos.
e) a política e a religião se encontravam intimamente unidas, razão
pela qual a monarquia se revestia de um caráter sagrado, a
exemplo da eleição do Tlatoani asteca, realizada sob inspiração
divina, e do título de Filho do Sol, atribuído ao soberano inca.
31. (FUVEST) – Nos últimos dois anos, apoiada em técnicas mais
avançadas, a arqueologia tem fornecido pistas e indícios sobre a
história dos primeiros habitantes do território brasileiro antes da
chegada dos europeus. Sobre esse período da história, é possível
afirmar que
40
a) as práticas agrícolas, até a chegada dos europeus, eram desco-
nhecidas por todas as populações nativas que, conforme os
vestígios encontrados, sobreviviam apenas da coleta, caça e
pesca.
b) os vestígios mais antigos de grupos humanos foram encon-
trados na região do Piauí e as datações sobre suas origens
são bastante controvertidas, variando entre 12 mil e 40 mil
anos.
c) os restos de sepulturas e pinturas encontradas em cavernas de
várias regiões do País indicam que os costumes e hábitos
desses primeiros habitantes eram idênticos aos dos atuais
indígenas nas reservas.
d) os sambaquis, vestígios datados de 20 mil anos, comprovam o
desconhecimento da cerâmica entre os indígenas da região,
técnica desenvolvida apenas entre povos andinos, maias e
astecas.
e) os sítios arqueológicos da Ilha de Marajó são provas da exis-
tência de importantes culturas urbanas com sociedades
estratificadas que mantinham relações comerciais com povos
de Antilhas e América Central.
32. (UFMS-RS) – A população inca vivia em pequenas coletividades
agropastoris, as aldeias. Essas aldeias eram de vários tamanhos e
habitadas por famílias unidas por laços de parentesco ou aliança,
formando um conjunto denominado
a) kuraka. b) Ayllu. c) calpulli.
d) halach uinic. e) Batab.
33. (UEL) – Os astecas sacrificavam prisioneiros de guerra para
alimentar seus deuses. O capturado tinha seu coração arrancado,
era decapitado e tinha seu sangue bebido pelo captor que, depois,
levava o corpo para casa, esfolava-o, comia-o com milho e vestia
sua pele.
É correto afirmar que estes rituais no mundo dos astecas eram de
ordem simbólica, uma vez que
a) os vencidos deveriam pagar um tributo de sangue aos astecas,
que viam a si próprios como deuses.
b) os sacerdotes astecas exigiam oferendas de sangue para que
não faltasse alimento em seus templos.
c) um grande número de sacrifícios representava um reforço do
abastecimento alimentar, evitando a carestia.
d) o captor do prisioneiro se vingava do inimigo, comendo suas
carnes e vestindo sua pele.
e) os deuses exigiam oferendas do bem mais precioso que os
homens possuíam, a vida, para que o mundo fosse preservado.
34. (UFPB) – Antes da chegada dos europeus ao continente ame-
ricano, os seus habitantes vivenciavam estágios diferentes de
desenvolvimento.
Sobre esses estágios, analise as afirmativas a seguir.
I. As tribos mais numerosas, no Brasil, pertenciam ao tronco
linguístico tupi-guarani, praticavam a agricultura, mas não co-
nheciam os metais, à exceção do ouro.
II. Os astecas absorveram os conhecimentos de outras culturas,
como a dos olmecas e a dos maias, formando uma sociedade
hierarquizada, com uma agricultura avançada.
III. Os incas notabilizavam-se pelo uso da roda e da escrita, pela
prática do monoteísmo e pelas relações de igualdade entre
todos os seus membros.
Está(ão) correta(s) apenas:
a) I b) II c) III d) I e II e) II e III
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 41

35. (UFPel) viviam as nações indígenas no Brasil.

(02) Uma única nação habitava o território brasileiro no momento
do contato: os tupis-guaranis.
(04) O conhecimento da arte de curar era um dos saberes dos
indígenas mais cobiçados pelos europeus, que procuraram
aprender com eles como utilizar as plantas nativas em be-
nefício próprio.
(08) As sociedades indígenas brasileiras não possuíam riquezas
em metais preciosos, ao contrário dos povos do México e
dos Andes, cujas riquezas foram espoliadas pelos
espanhóis.
(16) Os indígenas brasileiros se organizavam em cidades com-
plexas, com grande concentração populacional e
construções monumentais.

39. (FGV) – Leia as assertivas.

I. Entre os astecas, os camponeses e os escravos – prisioneiros
De acordo com o mapa, os povos que viviam nas regiões iden- de guerra ou criminosos – formavam a camada mais baixa da
tificadas pelas letras "A", "B" e "C" são, respectivamente, sociedade.
a) astecas, incas e maias. II. Fazia parte da cultura asteca oferecer aos deuses sacrifícios
b) incas, maias e astecas. humanos.
c) astecas, maias e incas. III. Entre os astecas, existiam técnicas avançadas de construção,
como de represas e obras de irrigação, além dos templos reli-
d) maias, astecas e incas.
giosos.
e) maias, incas e astecas.
IV. O Império Inca, grosso modo, ocupava as encostas dos Andes
e a sua consolidação ocorreu em meados do século XV.
36. (UFMG) – No final do século XV e início do XVI, quando os
V. A estrutura política dos incas permitia uma participação da
europeus conquistaram o Continente americano, este era habitado
maioria da população por meio de consultas periódicas.
por inúmeros grupos étnicos, com diferentes formas de organi-
Acerca das civilizações pré-colombianas, estão corretas as afir-
zação econômica e político-social.
mativas
Considerando-se o Império Inca, é incorreto afirmar que
a) I e III, apenas. b) I, II, III e IV, apenas.
a) a agricultura, base da sua economia, era praticada nas monta-
c) II, III e V, apenas. d) III, IV e V, apenas.
nhas andinas por meio de um avançado sistema de produção,
e) I, II, III, IV e V.
que incluía a irrigação e a adubação.
b) o Estado era centralizado, com o poder político concentrado nas
40. (UFSCar) – “(...) Pré-História do Brasil compreende a existência de
mãos do Inca, o imperador, e sua sociedade era rigidamente uma crescente variedade linguística, cultural e étnica, que
hierarquizada. acompanhou o crescimento demográfico das primeiras levas
c) seu domínio se estendia ao longo da Cordilheira dos Andes, constituídas por poucas pessoas (...) que chegaram à região até
ocupando parte dos atuais territórios de Colômbia, Equador, alcançar muitos milhões de habitantes na época da chegada da
Peru, Bolívia, Chile e noroeste da Argentina. frota de Cabral. (...) não houve apenas um processo histórico, mas
d) um deus criador e protetor da vida e da natureza era cultuado numerosos, distintos entre si, com múltiplas continuidades e
segundo uma doutrina monoteísta e, para ele, foram construí- descontinuidades, tantas quanto as etnias que se formaram
dos diversos templos. constituindo ao longo dos últimos 30, 40, 50, 60 ou 70 mil longos
anos de ocupação humana das Américas.”
(Pedro Paulo Funari e Francisco Silva Noeli,
37. (UFPB) – As principais sociedades ameríndias (maias, astecas e
Pré-História do Brasil, 2002.)
incas) tinham como característica:
a) homogeneidade étnica e diferenciação linguística, localizando-
Considerando-se o texto, é correto afirmar:
se na chamada Mesoamérica (México e América Central).
a) As populações indígenas brasileiras são de origem histórica
b) organização econômica com predominância da agricultura de
diversa e, da perspectiva linguística, étnica e cultural, se consti-
subsistência, baseada em um sistema de propriedade privada,
tuíram como sociedades distintas.
mas sem hierarquia social.
b) Uma única leva imigratória humana chegou à América há 70 mil
c) organização política que evoluiu de teocracias centralizadas para
anos e dela descendem as populações indígenas brasileiras
impérios descentralizados, constituídos de cidades-Estado
atuais.
bastante autônomas.
c) A concepção dos autores em relação à Pré-História do Brasil
d) cidades comparáveis a cidades europeias, com calçamento,
sustenta-se na ideia da construção de uma experiência
ajardinamento, sistema de esgoto e canalização de água.
evolutiva e linear.
e) religião monoteísta, naturalista, em que se praticava a astro-
d) Os autores descrevem o processo histórico das populações
latria e sacrifícios humanos.
indígenas brasileiras como uma trajetória fundada na ideia de
crescente progresso cultural.
38. (UFSC) – Sobre o contato entre europeus e indígenas no Brasil,
e) Na época de Cabral, as populações indígenas brasileiras eram
no século XVI, é correto afirmar:
numerosas e estavam em um estágio evolutivo igual ao da
(01) No período inicial de contato entre europeus e indígenas, a
Pré-História europeia.
ideia que se tinha do Brasil correspondia ao "Paraíso
Perdido", o que se verificava pelas relações pacíficas em que
41
LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.qxp 28/06/2022 09:08 Página 42

41. (UFPB) – A figura, a seguir, representa a estrutura administrativa de ( ) A retomada de Granada, última cidadela dos mouros em
um dos maiores impérios coloniais do mundo, a saber, o Império território espanhol, deu início à fase de expansão do Império.
Colonial Espanhol. Nesse período, a Espanha era governada pelos reis católicos,
Fernando de Aragão e Isabel de Castela.
Estrutura Administrativa Imperial ( ) Uma forte estrutura administrativa foi montada sob o reinado
de Carlos V. Essa estrutura visava assegurar a extração de
riquezas, advindas do controle das novas áreas tomadas de
Rei da Espanha
Astecas e Incas.
( ) O Império Espanhol chegou a dominar quase toda a zona
⇓
costeira do continente americano. Porém, não conseguiu
Conselho das Índias estender os seus tentáculos para outras áreas, além da
(formado pelo presidente e 8 conselheiros com
Europa e da América.
autoridade administrativa e tribunal superior,
civil e penal dos reinos americanos) ( ) Os espanhóis, após a conquista dos Impérios Asteca e Inca,
impuseram aos indígenas duas novas formas de exploração
⇓ do trabalho, a "encomienda" e a "mita". Essas formas de
vice-reino trabalho contribuíram para a mortandade de grande parte da
(mando militar supremo e governadoria) população nativa.
( ) A forma encontrada pela Espanha, para facilitar a
⇓ administração das novas terras conquistadas, foi a criação de
Audiências Intendências vice-reinos. O vice-rei era nomeado diretamente pelo rei e
(administração da justiça) (administração colonial) dividia sua autoridade com as audiências, encarregadas de
administrar a justiça.
⇓ ⇓
Corregedorias Alcaidias Maiores
A sequência correta é:
a) V V V F F b) V V F V V
Sobre a constituição desse Império, considere as seguintes afir- c) V V V V V d) F F V V F
mativas, assinalando com V as verdadeiras e com F as falsas. e) F F V F F

10. A 11. B 12. C 13. B 14. E 29. a) Visão de Bartolomé de Las Casas: a conquista espanhola
criou na América uma sociedade baseada em desequilíbrios
15. D 16. A
e injustiças, resultantes da crueldade dos colonizadores em
17. a) Império Asteca. relação aos indígenas.
Fatores da derrota dos astecas diante dos espanhóis: uso, Visão otimista: dentro de uma perspectiva eurocentrista, a
pelos conquistadores, de armas de fogo, do ferro, da roda colonização espanhola foi proveitosa para os ameríndios,
e do cavalo; mortalidade provocada por enfermidades os quais receberam os benefícios da religião cristã e da
trazidas pelos espanhóis e contra as quais os nativos não
civilização europeia.
tinham imunidade; apoio dado aos conquistadores por
populações indígenas oprimidas pelos astecas. b) Exército Zapatista de Libertação Nacional, no México;
b) Mineração de ouro e prata e cultivo de gêneros tropicais, eleição de Evo Morales, na Bolívia.
como a cana-de-açúcar e o algodão.
c) Mão de obra indígena: mita, na mineração, e encomienda, 30. C 31. B 32. B 33. E 34. B
na agricultura; nesta última também foi utilizada mão de
obra escrava negra.
35. C 36. D 37. D
18. a) Astecas (ou incas) e tupis-guaranis (ou tupinambás,
caraíbas e muitos outros), respectivamente. 38. Corretas: (04) + (08) = 12
b) Porque se referem a populações indígenas com níveis
técnicos diferentes.
39. B 40. A 41. B

19. A 20. C 21. A 22. D 23. E

24. D 25. C 26. D 27. E 28. A

42