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GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2019
LUCAS SACRAMENTO DE ARAÚJO
GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2019
Ficha catalográfica elaborada pela Faculdade Maria Milza,
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
58 f.
CCD 613.71
Dedico este trabalho a Deus pela força e pela
fé que me deu ao longo desta trajetória, ao
professor e amigo Thiago Costa, ao professor
orientador Fabrício Sousa Simões, que
participaram da realização dessa conquista na
minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela fé, pela força e por me guiar a todos os caminhos
que levaram a esse momento magistral na minha vida.
Agradecer a minha mãe Márcia Cristina Dias do Sacramento de Araújo e ao meu pai Valdê
Gomes de Araújo pelo carinho, amor e dedicação que tiveram comigo ao longo desta jornada
de vida.
Ao professor, co-orientador e amigo Thiago Costa pelo incentivo, por acreditar na
minha capacidade, pela amizade eterna e por me conduzir neste caminho da Educação Física.
Ao professor orientador Fabrício Sousa Simões pela paciência, por todas as oportunidades
que tive ao longo da formação acadêmica e pelo incentivo para ser um grande profissional.
Agradecer aos amigos de infância André Leal e Luis Fernando pela amizade eterna e
por todos os momentos felizes que tivemos juntos.
Agradecer aos amigos que fiz na faculdade que tiveram uma grande participação para
este momento, em especial, aos amigos de turma que me aturaram durante toda essa trajetória,
sem citar nomes para não cometer injustiças.
Agradeço todos os professores que participaram da minha formação acadêmica.
“Não ganhe o mundo e perca sua alma;
a sabedoria é melhor que prata e ouro.”
Bob Marley
RESUMO
The consequences of morphofunctional and neural modifications related to aging have been
cause for concern, especially regarding the processes of loss of strength and muscle mass
(sarcopenia), associated with functional decline, leading to problems that affect autonomy and
consequently the quality of life of the elderly person. In this sense, programs of prescriptions
of systematized physical exercises represent an important factor in the process of recovery,
maintenance or improvement of sarcopenia. Thus, through resistance training it is possible to
reduce it, this being executed correctly and with proper supervision. Thus, this course
completion project had as a general objective to identify the variables in the prescription of
resistance training for elderly individuals and their effectiveness in preventing the deleterious
effects of aging on strength valence, these submitted to the applications of prescription
methods with short periodization with a weekly training session and intense loads. The
specific objectives of this study were to evaluate the strength of upper and lower limbs of
elderly participants in a resistance training program in the municipality of Muritiba, Bahia,
and to relate the strength of the evaluated elderly with the characteristics of the training
program variables volume and intensity. Considering the characteristics of this research and
the nature of the formulated research problem, it was classified as descriptive correlational,
cross-sectional, presenting as a quantitative research on its approach. Regarding its nature, it
was classified as applied research. Sample composed of 34 elderly of both sexes with mean
age 76.16 ± 8.24. In order to evaluate the muscular strength of the upper limbs, the manual
gripping test was used for dynamometry and for the lower limbs the sit and stand test in 30
seconds, before and after an 8-week intervention period of resistance training. body's own
weight. The statistical treatment used was Student's t-test for paired samples with a
significance level of p <0.05. By identifying the processes of aging (sarcopenia) as a
modifiable element, this research has shown that resistance training is recommended for the
maintenance and improvement of strength and muscle mass, and for strength of the upper
limbs there were no differences significant statistics and for strength of lower limbs were
identified positive gains emphasized by the improvement in functional autonomy in the
surveyed elderly.
(1995). ................................................................................................................................. 31
funcionalidade nas Atividades da Vida Diária e Atividades Instrumentais da Vida Diária. ... 33
Quadro 4-Classificação do status físico de acordo com o resultado de teste fornecido pelo
dinamômetro. ....................................................................................................................... 36
1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 53
13
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
Esse processo faz com que a pessoa idosa chegue a um envelhecimento de maneira
mais deteriorizada, que faz intervir também naqueles que o dependem, já que muitos idosos
assumem o papel de chefe familiar e apresentam diferentes categorias neste processo.
Assim a definição de envelhecimento é caracterizada como um fenômeno baseado em
três categorias importantes, segundo Birren; Schroots, (1996) apud Fechine; Trompieri,
(2012): o envelhecimento primário, que ocorre em todos os indivíduos pós - reprodutivo e
vem sendo influenciado pelos fatores ambientais com efeito acumulativo; o envelhecimento
secundário, que é também conhecido como patológico, já que sofre bastante influência das
doenças que atinge em grandes proporções essa população. Os fatores ambientais são
determinantes para o processo de doenças da pessoa idosa, aumentando sua vulnerabilidade
nesta fase; e o envelhecimento terciário, que é conhecido como terminal, caracterizado pelas
perdas progressivas e intensas nas capacidades funcionais e cognitivas.
Já para Shepard (2003), identifica a pessoa idosa em categorias funcionais: meia-
idade, velhice, velhice avançada e velhice muito avançada. A meia-idade situa-se na faixa
etária de 40 a 65 anos, apresentando declínios principalmente nas capacidades funcionais, sem
comprometer as atividades da vida diárias. A velhice compreende entre 65 a 75 anos e
caracteriza com perdas maiores que na meia idade quando analisadas as capacidades
funcionais. Já a velhice avançada (75 a 85 anos) ocorre grandes perdas nas capacidades de
realizar as atividades diárias do idoso. E a velhice muito avançada compreende pessoas acima
de 85 anos, que necessitam de um acompanhamento médico e principalmente familiar, já que
estes precisam de cuidados especiais.
Neste sentido, ao identificar os fatores que influenciam e classificam o
envelhecimento, pode se avaliar a qualidade de vida de uma pessoa e como os diferentes
países trata sobre o idoso. Desta forma, Netto (2002) assinala que entre o indivíduo adulto e
idoso o limite de idade é de 60 anos para países em desenvolvimento e 65 anos para nações
desenvolvidas, sendo este parâmetro adotado pelas instituições que atuam na saúde do idoso.
Ao observar o fenômeno do envelhecimento e suas vertentes, a se considerar as
políticas públicas, foram desenvolvidas no intuito de dar auxílio a esta parcela da população,
considerando os princípios básicos que tangem a atenção a saúde principalmente no setor
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primário. O envelhecimento vem passando por várias transformações e está presente nos
principais debates sobre a qualidade de vida da sociedade, devido ao crescimento acelerado da
população idosa que passa a ser centro de discussões na saúde. Segundo Guths et al. (2017),
no Brasil tal interesse ocorre devido ao aumento da expectativa de vida da população em
decorrência dos avanços nas áreas da saúde e aos aspectos da baixa fecundidade.
População essa que irá necessitar de maiores estratégias e ações objetivando mudanças
e adoção de comportamentos saudáveis, criando um modelo de assistência na atenção
primária a saúde não só do indivíduo como também da família e da comunidade que está
incluído. Ao reconhecer que o processo de envelhecimento remete à sociedade de forma geral
e o idoso não deve sofrer nenhum tipo de discriminação, bem como deve ser o principal
agente e o destinatário das transformações decorrentes dessas estratégias.
Como importantes estratégias para a saúde pública, a prática regular da atividade física
e as conquistas dos direitos desta população tem representado um forte componente para a
prevenção de agravos e a promoção e manutenção da saúde, atentando não apenas para o
tratamento de doenças, mas para o reconhecimento de sua existência na sociedade. Assim,
segundo Mendonça et al. (2002, p.2234) diz que,
No Brasil, a garantia dos direitos específicos das pessoas idosas encontra-se nas Leis
Federais 8.842/94 – Política Nacional do Idoso – e 10.741/03 – Estatuto do Idoso
embora haja inúmeras outras leis que dão cobertura à população idosa e que
representam conquistas, as quais são fruto, na sua maioria, da mobilização da
sociedade civil organizada.
Estas e outras leis e conquistas prescreve diretrizes para o cuidado da pessoa idosa,
com objetivos de prevenção e manutenção da saúde deste grupo populacional, que foram
efetivadas para o adequado enfrentamento das demandas causadas pelo envelhecimento da
população.
O impacto do envelhecimento, do ponto de vista fisiológico e funcional, trás uma série
de fatores que provoca mudanças na vida da pessoa idosa. Essas mudanças são cruciais para
promover alterações, principalmente em uma qualidade de vida ativa e para um bom
funcionamento dos principais sistemas fisiológicos do organismo (TRIBESS; VIRTUOSO,
2005).
A perda da capacidade funcional é caracterizada, no envelhecimento, por modificações
e alterações que promove perdas na independência e na autonomia da pessoa idosa. Ocorrem
diminuição na flexibilidade, mobilidade, resistência, potência muscular, equilíbrio e força
muscular. Segundo Lopes et al. (2015), todas essas modificações nas valências físicas que
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acontecem no idoso são causadas por impactos provenientes dos sistemas fisiológicos no
envelhecimento.
No Sistema cardiovascular as mudanças com o envelhecimento acontecem, em sua
maioria, quando o idoso é submetido a um esforço máximo, provocando alterações na
capacidade do coração em número e em força dos batimentos cardíacos. Esses batimentos
podem diminuir entre 6 a 10 batimentos por minutos, tornando o coração mais suscetível a
doenças cardiovasculares. Ocorrem ainda uma redução do débito cardíaco, aumento
considerável do colesterol e consequente aumento da pressão arterial sistólica (DE VITTA,
2000).
No miocárdio ocorre um aumento da proteína colágeno com elevação de depósitos de
gorduras. Essas gorduras se acumulam também nas grandes artérias, que perdem a
elasticidade, tornando mais rígidas. Ao acumular nas paredes das artérias, os depósitos de
gorduras formam placas que provocam a obstrução, parcial ou total, do fluxo sanguíneo,
levando a uma condição classificada em arteriosclerose (GALLAHUE; OZMUM, 2005).
Quando o processo de arteriosclerose encontra-se em um estado mais avançado, pode
provocar ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e angina, sendo ocasionada por fatores
ambientais e genéticos (HAYFLICK, 1997 apud FECHINE; TROMPIERI, 2012).
Entretanto, segundo Shephard (2003) a atividade física regular previne e reduz
significativamente o risco de doenças coronarianas e cardiovasculares, mesmo quando o
indivíduo já se encontra em processo de desenvolvimento da doença.
No envelhecimento, segundo Gallahue e Ozmum (2005), o sistema respiratório é
comprometido por mudanças, em especial, na perda da elasticidade da caixa torácica, dos
alvéolos e nos pulmões. Ocorrem ainda aumento do volume residual e diminuição da
capacidade vital e do consumo máximo de oxigênio, tornando o idoso mais suscetível ao
esforço.
À medida que o esforço provoca cansaço de forma abrupta, a pessoa idosa passa a
reclamar de dispnéia como diz Shephard (2003, p.111) “As queixas de dispnéia são freqüentes
quando um adulto mais velho executa exercício intensos e as sensações respiratórias
freqüentemente tornam-se um determinante significativo do transporte de oxigênio máximo
que é atingido [...]”. Assim, a atividade física planejada é fundamental para a redução do
cansaço, tornando mais eficiente a capacidade aeróbica do idoso.
O envelhecimento no sistema nervoso provoca alterações que podem comprometer
uma série de fatores no indivíduo. Diminuição no número e no tamanho dos neurônios, na
20
A força muscular é uma das capacidades físicas mais importantes, usadas em quase
todas as atividades da vida diária e para os mais diversos processos da vida. Todo movimento
do corpo humano resulta em contração muscular esquelética que necessita exercer ativação
dos músculos e consequentemente da força muscular. Entretanto, a força muscular para
exercer trabalho é de fundamental importância a participação de outras valências físicas que
darão uma melhor ativação do seu processo.
No envelhecimento a força muscular passa a exercer um papel maior que na fase
adulta, já que muitos sistemas fisiológicos são comprometidos com o passar dos anos, em
especial o sistema neuromuscular, e isso faz com que todo processo de contração muscular
esteja funcionando de maneira adequada.
Para a pessoa idosa a força muscular é essencial no processo de autonomia funcional.
Entretanto, a perda da força muscular é um processo natural do ser humano e que sofrem as
maiores perdas com o envelhecimento (MATSUDO, 2010). Assim, para compreender todos
esses processos que envolvem a força muscular no envelhecimento é importante trazer os
conceitos, características e tipos de força muscular.
Segundo Guedes (1997), força é a capacidade de realizar tensão muscular contra uma
determinada resistência, vencendo, sustentando ou cedendo à mesma. Zatsiorsky (1999)
afirma que força é a medida imediata da interação entre dois corpos. Já para Barbanti (1979),
define força muscular como a aptidão de exercer tensão muscular contra uma resistência,
envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos que determinam a força em algum movimento
específico. Para Knuttgen e Komi (2003) Apud Avelino (2011), a força muscular é conhecida
como a capacidade do sistema neuromuscular de promover tensão contra uma resistência
numa determinada velocidade de execução.
De maneira geral, pode-se dizer que a força muscular é definida como a quantidade
máxima de força que um músculo ou grupo muscular pode gerar em um padrão de movimento
sobre uma determinada velocidade (FLECK; KRAEMER, 1999).
A força muscular exercer diferentes tipos de movimentações que perfazem o tipo de
recrutamento envolvido, as forças estáticas e dinâmicas. A força do tipo estática envolve a
contração muscular sem movimento articular visível, onde existe a sustentação da carga
(peso, incluso o do corpo), em diferentes angulações. Já a força dinâmica envolve a contração
muscular com movimento articular visível, cujo número de repetições depende da relação
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complexas, sendo ocasionadas perdas de forma qualitativa e quantitativa. Esses fatores estão
relacionados à diminuição da prática regular de atividades físicas, estado nutricional, níveis
hormonais e entre outros (SILVA et al., 2006).
A falta de atividade física é um dos fatores contribuintes para uma redução
significativa da força e da massa muscular em qualquer idade. Entretanto, na pessoa idosa, a
falta de atividade física e o estilo de vida sedentário potencializam o declínio do tecido
muscular que é gradativamente substituída por colágeno e por gordura corporal, trazendo
várias doenças crônicas que causam um aumento nas taxas de morbidade e mortalidade do
indivíduo (VALENTE, 2002).
Outro fator que aumenta a incidência da sarcopenia no envelhecimento é o estado
nutricional que a pessoa idosa se encontra. As baixas ingestões calóricas e protéicas
potencializam o processo sarcopénico do indivíduo, levando a um estado de fragilidade o que
compromete na autonomia do idoso.
Vários são os fatores que contribuem para a diminuição do estado nutricional como a
anorexia do envelhecimento, a redução da sensibilidade dos órgãos sensoriais, principalmente
o paladar e o olfato, a falta de apetite, a utilização de prótese mal adaptada a pessoa idosa, a
atrofia do estômago, o esvaziamento gástrico que leva a saciedade por um tempo precoce e
entre outros (SILVA et al., 2006).
Com o processo do envelhecimento ocorrem alterações nos níveis hormonais na
pessoa idosa o que influencia na perda de massa e força muscular. No homem há diminuições
significativas de testosterona que aumenta principalmente a partir da oitava década de vida do
indivíduo. Já nas mulheres ocorrem também reduções nos níveis dos estrogênios que é
verificada durante a menopausa.
Além da testosterona e do estrogênio, outros fatores hormonais contribuem para a
sarcopenia como a insulina, deidroepiandrosterona (DHEA), hormônio do crescimento (GH),
fator de crescimento insulina símile (IGF-1), vitamina D e paratormônio (PTH). Porém, há
divergências em relação aos seus diversos papéis na perda da massa muscular no idoso
(VALENTE, 2002).
A sarcopenia pode está relacionada com outras doenças que intensifica o processo da
perda de massa e força muscular, entre essas enfermidades a obesidade sarcopênica. Esta é
uma síndrome clínica que se caracteriza pela relação da sarcopenia e a obesidade. Como já
dito, através da redução do tecido muscular, ocorre incremento da gordura corporal em
substituição da massa livre de gordura (CESCHINI, 2014).
24
Estudos como o de Latam et al. (2004) Apud Farinatti e Silva (2007) demonstraram
que os níveis reduzidos de força estariam associados a uma menor capacidade de caminhada e
autonomia funcional o que elevaria o risco quedas, torções, luxações e fraturas na pessoa
idosa. Isto devido ao enrijecimento dos tendões, substituições da massa muscular por gordura,
aumento de colágeno e diminuição da matriz óssea.
Todas essas transformações podem ser explicadas pelas adaptações neurais e
morfológicas que compromete a capacidade do idoso em realizar as atividades da vida diária e
interferem na autonomia e independência que esta população necessita.
Entretanto, a sarcopenia pode ser reversível, melhorando e diminuindo as perdas do
tecido muscular e consequente força muscular, esta quando tratada via medicamentosa,
suplementação e com atividades físicas regulares (VIEIRA et al., 2015).
Assim programas de atividades físicas regulares trazem benefícios para a redução da
gordura corporal e controle de doenças crônicas. Entretanto, o treinamento resistido é
particularmente importante para a preservação e melhora da perda de massa e força muscular.
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de um novo estímulo deverá ocorrer na fase positiva da super compensação dos substratos
energéticos (BOMPA, 2001).
Ao considerar os princípios que regem o treinamento resistido e que devem prevalecer
ao prescrever exercícios físicos em idosos, juntos com as variáveis e as avaliações físicas e
funcionais, pode se compreender os diversos benefícios que esta modalidade trás para o
processo do envelhecimento e como este contribui para um envelhecer mais ativo e longevo.
O treinamento de força exerce adaptações neurais e morfológicas para a melhoria da
força muscular em idosos. Essas principais adaptações neurais remetem ao aumento das
utilizações das unidades motoras, na frequência com que os disparos nas unidades motoras
são ativados, melhorias na economia neuromuscular e na redução da coativação da
musculatura antagonista. Nas adaptações morfológicas do treinamento de força ocorre um
aumento na secção transversa do músculo, redução da atrofia muscular em idosos e entre
outros (CADORE et al., 2012).
As capacidades funcionais também são modificadas com o treinamento resistido que
atuam para uma melhora na locomoção e fortalecimento das articulações e em situações do
dia a dia, como agachar, sentar, levantar, carregar sacolas, pegar ônibus, entre outros. Todas
estas melhoras impactam nas atividades da vida diária do idoso, fazendo com que este seja
mais independente e autônomo. Assim, o treinamento de força parece ser uma forma segura e
importante para o idoso, como diz Resende - Neto (2016, p.174) que,
[...] o TF parece ser uma alternativa de treinamento físico segura, de baixo custo e
bastante interessante para idosos, com impacto positivo sobre a massa muscular,
força e potência muscular, resistência cardiorrespiratória, flexibilidade, equilíbrio e
cognição, podendo ser implementada em programas de promoção de saúde nessa
população, especificamente. [...].
Ainda segundo Tartaruga et al. (2005), o treinamento de força deve melhorar a matriz
óssea, bem como prevenir e melhorar os efeitos da sarcopenia.
Assim, é evidente que o treinamento resistido atua para a promoção da saúde do idoso,
fazendo com que a saúde pública seja mais efetiva e tragam diversos outros benefícios para o
envelhecimento.
Entretanto, para que todos esses benefícios sejam contemplados e promovidos no
treinamento resistido é necessário a combinação de algumas variáveis como o volume e a
intensidade. Essas variáveis dependem da combinação de outros fatores do treinamento como
os números de séries, de repetições, o intervalo entre as séries e entre os exercícios, a
sobrecarga, a velocidade de execução e a ordem dos exercícios. No entanto, na literatura ainda
não se tem de forma muito clara quais as melhores manipulações dessas variáveis para gerar
uma ótima relação de dose e resposta no treinamento resistido em idosos. Por isso é
importante descrever todas essas variáveis para gerar uma prescrição eficiente no treinamento
de força para a pessoa idosa (SILVA; FARINATTI, 2007).
A intensidade de um exercício físico é caracterizada pelo percentual de 1RM ou pela
carga de 1RM estipulado no exercício. Ao considerar a valência força muscular, os valores
percentuais variam de 60 a 65% de 1 RM para indivíduos não treinados e de 70 a 80 % do 1
RM para indivíduos treinados. Sendo assim, quanto maior a carga do percentual de 1 RM
(80%) for, maiores serão o ganhos de força máxima em indivíduos treinados. Já ao realizar
muitas repetições com baixa carga, os ganhos de força serão mínimos. Todos esses valores
irão variar não só pelo estado de treinamento do indivíduo, mas pela diferença de sexo, pelo
grupo muscular trabalho, pelo exercício a ser executado, pela população, como os idosos que
são o objeto de estudo desta pesquisa e entre outros (FLECK; KRAEMER, 2014).
Entretanto, conforme Tartaruga et al. (2005, p. 01): “ É sensato iniciar com
intensidades mais baixas (por autopercepção, 30 a 50% de 1RM, ou 40 a 50% FCmáx), e
aumentando gradualmente. É altamente recomendado o uso da Escala de Índice de Esforço
Percebido de Borg.”. A importância do profissional de Educação Física é primordial para
analisar o esforço subjetivo da escala de Borg, conhecendo e manipulando tal variável em
populações idosas.
O volume de treinamento é a soma de trabalho total realizado em uma sessão ou fase
de treinamento. É diretamente influenciado pela frequência de treinamento, números de séries
e repetições e quantidade de exercícios a serem executado na sessão de treino. Neste sentido,
para a pessoa idosa é interessante começar com um volume de treino baixo, progredindo ao
longo do treinamento (FLECK; KRAEMER, 2014).
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repetições máximas (RM), em frequência semanal de dois a três dias por semana como ponto
de partida. Em seu texto, entretanto, nada é recomendado especificamente para as populações
idosas.
Já segundo Tribess e Virtuoso (2005, p. 168) algumas precauções devem ser tomadas
ao prescrever programas de treinamento resistido como,
a) o treinamento de força deve ser realizado pelo menos duas vezes por semana, com
um mínimo de 48 horas de repouso entre as sessões para a recuperação da
musculatura e prevenção do super treinamento; b) recomenda-se realizar um
conjunto de 8 a 10 exercícios com 8 a 12 repetições por cada conjunto,
desencadeando uma classificação do esforço percebido de 12 a 13 na Escala de
Borg.; c) a seleção dos grupos musculares a serem trabalhados deve se direcionar
aos grandes grupos musculares que são importantes nas atividades da vida diária,
como: glúteo, peitoral, quadríceps, grande dorsal, abdominais e deltóide.; d) a
duração das sessões não deve ultrapassar a 60 minutos, pois pode desmotivar a
prática do exercício. O indivíduo deve ser capaz de completar a sessão de
treinamento num período de 20 a 30 minutos. ; e) recomenda-se inspirar antes de
levantar o peso, expirar durante a contração e inspirar durante o retorno à posição
normal, evitando a manobra de Val salva.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com o IMC coletado e classificado (Quadro 1), segundo Safons e Pereira
(2007), na pesquisa foi possível identificar que a amostra apresenta-se com valores próximos
ao da população brasileira de mesma faixa etária como aponta os autores Souza et al. (2013)
no estudo sobre a “avaliação antropométrica em idosos: estimativas de peso e altura e
consequente concordância entre as classificações do IMC”.
31
Segundo o estudo de Souza et al. (2013) foram utilizadas duas classificações do IMC
para verificar modelos que possam ser aplicados em idosos. Um dos modelos utilizados para
classificar os idosos pesquisados foi o da OMS (1995) que pondera indivíduos com IMC <
18,5 kg/m² como baixo peso; eutrofia para indivíduos com IMC entre 18,5 kg/m² e 24,9
kg/m²; sobrepeso para IMC entre 25 kg/m² e 29,9 kg/m²; obesidade grau I com IMC entre 30
kg/m² e 34,9 kg/m²; obesidade grau II com IMC entre 35 kg/m² e 39,9 kg/m² e obesidade grau
III com IMC >40 kg/m².
Assim, os idosos participantes desta pesquisa ao serem enquadrados na classificação
da OMS (1995) apontam para valores com predominância em eutrofia (Tabela 2).
% do IMC
3% 0%
9% BAIXO PESO
12% 43%
ADEQUADO
SOBREPESO
OBESIDADE I
33%
OBESIDADE II
OBESIDADE III
Os dados coletados referente ao peso foram realizados por uma balança digital da
marca G-Life, modelo CA4000 com capacidade de 150 quilogramas de peso suportado,
devidamente ajustada e calibrada, sendo orientado que todos os indivíduos da amostra
estivessem descalços, com o mínimo de roupa possível, em posição ereta com o olhar fixo
para frente, com afastamento lateral dos pés e distribuição do peso corporal uniforme.
Para a coleta dos dados da altura foram realizados através de um estadiômetro portátil
da marca Sami, graduado em centímetros e décimo de centímetros onde o indivíduo estivesse
em posição ortostática com os pés unidos, descalços, sem nenhum material que pudessem
influenciar nos dados da pesquisa efetivada e com o peso corporal igualmente distribuído.
Todas as coletas realizadas (antes e após a intervenção de exercícios resistidos) foram
submetidas no mesmo horário e período do dia para que os valores dos resultados não
sofressem qualquer influência externa e interna. Para o cálculo do IMC foi utilizado à equação
do peso dividido pela altura ao quadrado (SAFONS; PEREIRA, 2007).
Antes da elaboração e execução do programa de treinamento resistido efetuado na
pesquisa foi realizada uma avaliação do nível de dependência funcional dos idosos (Quadro
2). Isto devido à importância da prescrição dos exercícios resistidos serem direcionados de
acordo a necessidade dos indivíduos para que ocorresse uma maior eficácia do programa e
promovesse segurança na execução dos exercícios para reduzir qualquer risco aos idosos
avaliados.
33
Para avaliar os níveis de dependência funcional foi realizada uma análise dos idosos
de acordo com as limitações que possuíam para realizar as atividades imposta pelo programa
de treinamento que foi baseada nas atividades da vida diária.
Para a realização do programa de treinamento resistido aplicado durante a pesquisa,
além dos testes mencionados anteriormente, os idosos foram submetidos aos testes de força
muscular para membros superiores e inferiores para que os objetivos fossem contemplados.
Todos os indivíduos foram submetidos aos testes de dinamometria e o teste de sentar e
levantar da cadeira por 30 segundos para então ser aplicado o programa de treinamento
resistido.
O programa de treinamento foi composto por 8 exercícios multi articulares, seguindo
uma ordem inicialmente pelos grandes grupos musculares de forma alternada por segmento
corporal. Os números de séries, números de repetições e intervalos entre as séries e entre os
exercícios seguem de acordo como mostrado na tabela 3.
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Quadro 4-Classificação do status físico de acordo com o resultado de teste fornecido pelo
dinamômetro.
Idade Masculino Feminino
Fraco Normal Forte Fraco Normal Forte
10-11 <12.6 12.6-22.4 >22.4 <11.8 11.8-21.6 >21.6
12-13 <19.4 19.4-31.2 >31.2 <14.6 14.6-24.4 >24.4
14-15 <28.5 28.5-44.3 >44.3 <15.5 15.5-27.3 >27.3
16-17 <32.6 32.6-52.4 >52.4 <17.2 17.2-29.0 >29.0
18-19 <35.7 35.7-55.5 >55.5 <19.2 19.2-31.0 >31.0
20-24 <36.8 36.8-56.6 >56.6 <21.5 21.5-35.3 >35.3
25-29 <37.7 37.7-57.5 >57.5 <25.6 25.6-41.3 >41.4
30-34 <36.0 36.0-55.8 >55.8 <21.5 21.5-35.3 >35.3
35-39 <35.8 35.8-55.6 >55.6 <20.3 20.3-34.1 >34.1
40-44 <35.5 35.5-55.3 >55.3 <18.9 18.9-32.7 >32.7
45-49 <34.7 34.7-54.5 >54.5 <18.6 18.6-32.4 >32.4
50-54 <32.9 32.9-50.7 >50.7 <18.1 18.1-31.9 >31.9
55-59 <30.7 30.7-48.5 >48.5 <17.7 17.7-31.5 >31.5
60-64 <30.2 30.2-48.0 >48.0 <17.2 17.2-31.0 >31.0
65-69 <28.2 28.2-44.0 >44.0 <15.4 15.4-27.2 >27.2
70-99 <21.3 21.3-35.1 >35.1 <14.7 14.7-24.5 >24.5
Fonte: INSTRUTHERM. Manual de instruções: Dinamômetro Eletrônico Manual 90 Kg. Disponível em:
<https://www.instrutherm.net.br/dinamometro-manual-90-kg.html#product_tabs_manual>. Acesso em: 09 mai.
2019.
De acordo com os valores analisados antes e depois das intervenções percebe-se que
não ocorreram diferenças significativas na força isocinética em ambos os membros
superiores. Assim como, a coleta do peso e da altura os dados da força muscular foram
realizados no mesmo período e no mesmo horário em ambos os momentos (antes e após o
programa de intervenção).
Para os resultados da força muscular dos membros inferiores foi utilizado o teste de
sentar e levantar pela facilidade de sua aplicabilidade e por ser um teste que simula as
atividades da vida diária.
A classificação de referência segue a proposta por Safons; Pereira (2007). (Quadro 5).
Os valores obtidos no teste de sentar e levantar demonstra que ocorreu uma diferença
verificada na tabela 6, que seguem a classificação determinada (SAFONS; PEREIRA, 2007).
Ainda em relação ao teste sentar e levantar, quando aplicado o teste t para amostras
pareadas, em média o número de execuções pós intervenção (M=13,19±0,491) foi maior que
os resultados coletados na análise pré intervenção, o que demonstra ganhos na força muscular
dos membros inferiores dos idosos após aplicação do programa de treinamento resistido
(M=11,23±0,578), tendo como valor de P= 0,000243627 (p<0,05). Tabela 7.
promover pesquisas que considerem tais variáveis que são bastante importantes para a
eficácia de um treinamento resistido e para uma melhora da força muscular em idosos.
De acordo com os resultados e a implementação do programa de treinamento
utilizado nos indivíduos participantes da pesquisa, a frequência semanal adotada foi de uma
vez por semana. Foi usada esta frequência semanal devido aos grupos de idosos adotarem
outras atividades físicas durante a semana, onde o treinamento de força é realizado em um dia,
sendo que o objetivo não era modificar os hábitos de exercícios executados pelo grupo para
não descaracterizar a amostra da pesquisa.
Assim, a literatura em sua grande maioria recomenda a utilização de duas a três
sessões de treino por semana, dando um descanso entre as sessões de 24 a 48 horas (ACSM,
2010; OKUMA, 2003; SHEPHARD, 2003).
Entretanto, a pesquisa em questão adotou como referência os achados da pesquisa de
Taaffe et al. (1999), em que determinou diferentes frequências do treinamento resistido por
semana para ganhos de força em idosos saudáveis onde, participaram da pesquisa 46 idosos
durante 24 semanas executando o treinamento resistido em alta intensidade. O treino foi
composto por três séries de oito exercícios para os grandes grupos musculares para membros
inferiores e superiores. Os idosos foram divididos em quatro grupos, onde no grupo 1 treinou
uma vez por semana, o grupo 2 treinou duas vezes por semana, o grupo 3 treinou três vezes
por semana e o grupo 4 foi o grupo controle, o qual não sofreu intervenções. Em todos os
exercícios realizados houve aumento nos ganhos de força comparados ao grupo controle, sem
diferenças significativas entre os grupos 1, grupo 2 e grupo 3 (37%, 41,9% e 39,7,
respectivamente).
Outro estudo analisado foram os de Harris et al. (2004) já citado anteriormente, onde o
treinamento resistido foi executado durante dois dias na semana para diferentes repetições e
tiveram resultados para ganhos de força similar aos estudos de Farinatti e Silva (2007), 47,5%
e 50,1% respectivamente. Assim, de acordo com a literatura pesquisada e com os resultados
obtidos a frequência de treino visando ganhos de força para melhorar a força e massa
muscular e dar autonomia para a execução das atividades da vida diárias variam de 1 a 3
vezes por semana.
A frequência semanal adotada no treinamento resistido para ganhos de força em idosos
está vinculada ao tempo de recuperação entre as sessões que são necessárias para evitar o
overtraining e dá uma recuperação adequada para ocorrer a supercompensação e sempre
respeitando a individualidade biológica do indivíduo. Assim, o tempo de recuperação deve
42
Uma das variáveis mais pesquisadas e debatidas por diversos autores na área do
treinamento resistido em idosos vem a ser a intensidade de trabalho realizado. A intensidade
diz respeito à carga e a repetições máximas a serem executadas no treinamento. Ela é
amplamente utilizada na forma de percentual de 1RM ou pelos números de repetições
máximas realizadas até a exaustão.
Para chegar aos resultados da avaliação referente à intensidade da carga foram
realizadas a PSE, utilizando a escala de Borg como parâmetros de efetivação da intensidade
dos exercícios. A PSE é uma medida mais realizada em exercícios aeróbicos e para a
avaliação dos mesmos, não sendo muito utilizado em exercícios resistidos o que provocou
uma grande limitação para identificar respaldos na literatura. No entanto, nos estudos de
Simão et al. (2005) houve uma grande preocupação em relatar e aplicar esse tipo de percepção
para avaliar essa variável do treinamento, bem como relacionar as repetições a serem
realizadas nos exercícios.
Assim, a maneira para identificar essa variável é através da análise da fadiga relativa
da musculatura que esta sendo trabalhada durante o exercício e não pela fadiga geral. Na
pesquisa em questão a PSE foi utilizada ao término de cada exercício realizado e
imediatamente após as sessões de treino de força. Dentre os exercícios houve diferenças
significativas para os exercícios que foram executados no começo do treino (Avanço, rosca
direta, agachamento), para aqueles que foram executados no final das sessões (Elevação
Lateral, Remadas, Panturrilha em Pé), tendo resultados variando entre 5-6 para 7-8 na escala
de Borg, respectivamente.
Já quando a PSE foi analisada imediatamente ao término da sessão não houve
diferenças clínicas entre as sessões realizadas. Um dos motivos que podem ter levados a tais
resultados pode ter sido a duração das sessões, as repetições, ou seja, ao volume total de
treino. Outro motivo pode ter sido a forma como a carga foi estabelecida nos exercícios, como
nos estudos de Simão et al. (2005) onde foram utilizadas cargas de 80% de 1RM até a falha
concêntrica comparados ao tempo de esforço, onde os indivíduos tiveram que realizar um
número limitado de repetições (10RM). Na amostra da pesquisa utilizou cargas de 60% com
um número de 12 repetições.
Assim, o ACSM (2010) e a NASM (2011) Apud Silva et al. (2006) recomendam a
utilização de uma intensidade para o treinamento de força começando entre 5 e 6 e
progredindo para 7 e 8 na escala de Borg ou ao utilizar o teste de 1RM variar entre 60% a
80%. Para utilização de cargas menores que 60% de 1RM os ganhos de força não serão
muitos efetivos para idosos que sofrem com a sarcopenia, porém caso a pessoa idosa tenha
44
patologias que limitem sua autonomia, os ganho de força muscular podem ser interessantes,
neste caso, percebe-se como dito anteriormente, como é importante a prescrição de exercícios
respeitando os princípios do treinamento de força.
Para uma explicação mais apurada sobre a intensidade, alguns estudos foram
analisados comparando as diferenças nos ganhos de força em intensidades variando entre 40%
a 80% de 1RM. Nos achados de Kalapotharakos et al. (2004) foram investigados os efeitos do
treinamento de resistência muscular em idosos para os ganho de força e massa muscular.
Os idosos foram submetidos a um treinamento de 12 semanas realizados 3 vezes em
uma frequência semanal, sendo que os indivíduos foram divididos em três grupos: o grupo de
alta resistência, o grupo de resistência moderada e o grupo controle. Nos dois grupos em que
ocorreu o treinamento foram identificados aumentos na força e na massa muscular dos idosos,
porém nos indivíduos que realizaram o treinamento de alta resistência os ganhos de força e
massa foram maiores para os que fizeram o treinamento de moderada resistência, 41, 82% e
30,37%, respectivamente.
Nas pesquisas de Seynnes et al. (2004) que investigou o efeito de dose e resposta de
um treinamento de contra- resistência em diferentes intensidades (baixa/moderada e alta) para
diferentes grupos musculares. Participaram da pesquisa 22 idosos subdivididos em três
grupos: o grupo que treinou em alta intensidade, o grupo que treinou em baixa/moderada
intensidade e o grupo controle.
O grupo de alta intensidade foram submetidos a cargas de 80% de 1RM e o grupo de
baixa/moderada intensidade realizaram com cargas a 40% de 1RM, três vezes na semana, com
três séries de 8 repetições durante 10 semanas. Assim, houve diferenças significativas para
ganhos de força entre os grupos. O grupo que treinou em alta intensidade (80%) tiveram
resultados de 57,3%, já o grupo de baixa/moderada intensidade tiveram ganhos de força de
36%. Esses estudos, demonstram que para o ganho de força muscular eficaz e aumento da
massa muscular é importante incrementar intensidades altas a 80% de 1RM, o que a algum
tempo atrás era condenável utilizar cargas altas para o público idoso, principalmente por
profissionais da área da saúde (SHEPHARD, 2003).
Ao analisar a velocidade de execução dos exercícios propostos na pesquisa, percebe-
se que os indivíduos que realizaram o programa de treinamento de força tiveram mais
dificuldade para manter a postura e a técnica adequada. Após as devidas correções os
indivíduos passaram a realizar os exercícios com maior facilidade. Nas três primeiras semanas
a velocidade de execução foi lenta e bastante controlada, progredindo nas últimas semanas
45
para uma velocidade mais rápida, à medida que todos os indivíduos da pesquisa conseguiram
dominar a técnica adequada dos exercícios.
De acordo com os estudos analisados a velocidade de execução para ganhos de força
em idosos devem ser através de ações e movimentos executados de forma acelerada como no
estudo de Ramírez-Campillo et al. (2014). Em seus estudos foram analisados as diferenças de
velocidade de execução variando entre altas e baixas velocidades. Nos dois grupos houve
aumento nos ganhos de força e resistência muscular, porém quando realizados em altas
velocidades os resultados são maiores para ganhos efetivos de força.
Para essa variável ser aplicada em um programa de treinamento resistido deve-se ter
uma segurança e uma técnica bem apurada, já que a facilidade de dores ou lesões para este
grupo populacional são maiores. Assim, aumentando gradativamente a velocidade de
execução durante a adaptação anatômica dos exercícios vem a ser a maneira mais eficiente e
segura para evitar complicações e não comprometer a qualidade de vida dos idosos durante a
realização dos exercícios.
Ao observar a quantidade de exercícios utilizados para esta pesquisa foram executados
8 exercícios com a utilização de materiais (Halteres) e com o próprio peso corporal. A
quantidade de exercícios se deu pela necessidade de promover um volume total de
treinamento resistido adequado com as outras variáveis discutidas anteriormente.
O ACSM, (2010) em suas diretrizes recomenda uma média de 8 a 10 exercícios para o
treinamento de força. Assim como Okuma (2003), Tribess e Virtuoso (2005), Guedes (1997)
e Fleck e Kraemer (2014) seguem as mesmas diretrizes em relação à quantidade de exercícios
para indivíduos idosos (8 a 10 exercícios).
Entretanto, um estudo analisado foi na contramão das recomendações, propondo
quantidades de exercícios que são inferiores a 8 a 10 exercícios, como nos estudos de Hunter
et al. (2004) onde foram selecionados 36 idosos que realizaram exercícios para membros
inferiores e superiores. Os idosos realizaram o treinamento resistido durante 25 semanas, três
vezes por semana, em que foram divididos em três grupos: o grupo um que realizou os
exercícios a 80% de 1RM, o grupo dois que realizou os exercícios a 50, 65 e 80% de 1RM,
aumentando progressivamente e o grupo controle que não sofreu intervenção.
Nos dois grupos que realizaram o treinamento resistido foram selecionados quatro
exercícios para os grandes grupos musculares no qual tiveram ganhos de força iguais (32,8%
para os dois grupos). Estes ganhos de força mostram que houve um resultado abaixo da
maioria das pesquisas supracitadas e obtendo ganhos de força na média de 50% (FARINATTI
et al., 2007, HARRIS et al., 2005, SIMÃO et al., 2005).
46
Esses achados corroboram mais uma vez com a pesquisa realizada em que os
exercícios que priorizaram os grandes grupos musculares no início da sessão de treinamento
foram realizados com mais eficácia do que os exercícios que priorizaram os pequenos grupos
musculares que tiveram grandes dificuldades, pois o desgaste muscular já estava maiores ao
final das sessões.
Com isso, mediante a uma prescrição e composição de um programa de treinamento
resistido adequado, individualizado e sistematizado pode se desenvolver inúmeros benefícios
a saúde e qualidade de vida em idosos para promover uma diminuição dos efeitos das doenças
crônicas e dar mais autonomia e independência que são as principais conquistas para este
grupo populacional.
Assim, de acordo com os resultados do presente trabalho e com as discussões travadas
com os principais autores que embasaram esta pesquisa, apontam que o treinamento resistido
pode trazer diversos benefícios para minimizar e reduzir os efeitos da sarcopenia e melhorar a
força e a massa muscular em idosos, consequentemente.
Para além dos ganhos de força outros benefícios são ocasionados com os exercícios
resistidos, principalmente para a melhora da capacidade funcional e suas valências como o
equilíbrio, flexibilidade, resistência e potência muscular. Apesar de o objetivo desta pesquisa
não ser o da análise das valências físicas, exceto a força muscular, pôde se perceber uma
melhora subjetiva de algumas qualidades físicas (equilíbrio e flexibilidade) e da autonomia
funcional, especificamente ao aplicar o teste de sentar e levantar da cadeira.
O sentar e levantar da cadeira propõe um movimento que está presente no cotidiano e
nas atividades da vida diária dos idosos. Este teste funcional analisa a importância da força
muscular para membros inferiores, como realizado na pesquisa, mas também exige
coordenação motora e equilíbrio do corpo, principalmente em idosos com limitações nas
articulações. Assim, o teste de sentar e levantar pressupõe, segundo Kotake et al (1993) Apud
Omura et al. (2011) que,
[...] a habilidade de levantar de uma cadeira torna possível a realização de outras
atividades vitais, como por exemplo a marcha. O mesmo autor relata que a
incapacidade de levantar limita severamente a participação nas atividades da vida
diárias (AVDs), resultando em uma deterioração global na função muscular, que no
caso dos idosos já está naturalmente alterada. Assim, o levantar e sentar da cadeira é
49
importante não somente para a realização das AVDs, mas também para manutenção
e melhora da função muscular. (KOTAKE et al. 1993 apud OMURA et al. 2011).
Esses achados mostram a importância que o teste de sentar e levantar pode trazer para
a força muscular, mas também para a autonomia funcional nas atividades da vida diária dos
idosos.
Ainda, a gordura corporal que é aumentada com o processo do envelhecimento é
diminuída com o treinamento de força, dando lugar a massa muscular. De acordo com a
literatura, mesmo que os resultados da composição corporal não tenha tido diferenças
significativas nos indivíduos da pesquisa, houve aumento da força muscular nos testes de
levantar e sentar da cadeira e no teste de dinamometria de ambos os braços.
Esses resultados vão de acordo com os das pesquisas de Silva et al. (2006) onde foram
analisados em 30 idosas submetidas a um programa de treinamento de força com três séries,
três vezes na semana, durante 12 semanas, os índices antropométricos como a estatura, massa
magra, gordura total e o IMC para analisar a composição corporal e a força muscular. Ao final
do programa não houve alterações significativas na composição corporal das idosas
pesquisadas, porém ao analisar os níveis de força muscular ocorreram modificações e
aumento de 13,7% e 16,3% nos músculos flexores e extensores de joelhos e cotovelos,
respectivamente.
Outro fator importante é a diminuição e prevenção de quedas que com o aumento da
força e massa muscular, os índices de quedas e fraturas tendem a diminuir mediante as
melhoras das capacidades funcionais (RODRIGUES et al. 2016).
Ao analisar os ganhos de força muscular dos idosos avaliados na pesquisa para os
membros superiores e inferiores, ocorreu um aumento de força em ambos os membros
(mesmo não havendo diferenças significativas nos resultados), sendo que os MMII tiveram
um acréscimo maior que os dos MMSS. Essa constatação vai de acordo com os estudos de
Aguiar et al. (2014) onde foram analisados as modificações ocasionadas com o treinamento
resistido e após 8 semanas de pesquisas houve um aumento da força muscular nos indivíduos
idosos maiores nos membros inferiores (19,64%) do que nos membros superiores (14,56%).
Já para os estudos de Souto et al. (2010) que teve como investigação a correlação da
força muscular dos membros superiores e inferiores e promover uma comparação entre idosas
ativas e sedentárias. A pesquisa foi realizada com a participação de 34 mulheres saudáveis,
dividida em 19 idosas ativas e 15 sedentárias, sendo a idosa praticante de atividade física
regular pelo menos há seis meses e no mínimo duas vezes semanais. Os resultados da
50
pesquisa mostraram que não houve diferença significativa para a correlação da força de
membros superiores e inferiores entre grupo de idosas ativas e sedentárias.
O treinamento resistido com a utilização do peso corporal ou com poucos materiais
(como os hateres usados na pesquisa) é uma forma bastante interessante para promover a
qualidade de vida de uma população, em especial os idosos, que carece de ações e estratégias
efetivas para uma maior autonomia. Cabe ao profissional de Educação Física promover um
planejamento, estruturado, com uma avaliação e intervenção da melhor forma para obter os
benefícios que o treinamento resistido trás não só a força e massa muscular, mas para as
capacidades funcionais dos idosos.
51
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os inúmeros benefícios que o treinamento resistido pode trazer para a força muscular
em idosos e para a melhora das atividades da vida diária e consequentemente para a
autonomia desta população revelam que os estudos que enfatizam esta preocupação são de
grande importância, porém, ainda não demonstram quais as combinações das variáveis como
números de séries, números de repetições, intensidade e entre outros, são mais eficazes para a
melhora dos diversos efeitos deletérios do envelhecimento.
Assim, um programa de exercícios resistidos bem estruturado e planejado, respeitando
os princípios do treinamento e com as adequadas avaliações físicas e funcionais são uma das
melhores estratégias e ações para melhorar, minimizar ou retardar as doenças crônicas no
envelhecimento, assim como a sarcopenia e trazendo benefícios para a saúde desta população
que vem crescendo gradualmente e que carece de recursos, principalmente na saúde pública.
O programa de treinamento resistido aplicados nos idosos participantes da pesquisa
mostrou-se eficaz para os ganhos de força muscular nos membros inferiores, mesmo sem
diferenças significativas dos membros superiores encontradas na pesquisa. Além de outros
benefícios perceptíveis ao analisar clinicamente as qualidades e valências físicas que se
relacionam com a força muscular. Muitos estudos mostram métodos para o aperfeiçoamento
dos exercícios resistidos que podem incorporar combinações efetivas para os objetivos
propostos nesta pesquisa em relação ao volume e a intensidade do treinamento.
Ao analisar a variável volume, nota-se que os números de séries e repetições
mostraram estar de acordo com a literatura e com as necessidades e limitações da população
pesquisada. A duração do treinamento foi outra variável que se mostrou eficiente para o
programa executado, já que não ocorreu desmotivação por parte dos idosos. Entretanto, a
frequência semanal foi uma variável que poderia ser mais bem distribuída no programa, sendo
que muitos estudos demonstraram que sessões de três vezes na semana são mais
recomendadas para melhores ganhos de força muscular.
A intensidade pela percepção de esforço subjetivo (escala de Borg) demonstrou ser
uma forma efetiva para correlacionar a carga a ser utilizada e manipulada em idosos, mesmo
que na literatura seja pouco explorada. A ordem dos exercícios e suas escolhas foram de
acordo com os estudos analisados.
A utilização do treinamento resistido utilizando o próprio peso corporal mostrou ser
uma maneira eficiente para executar exercícios resistidos em idosos, principalmente quando o
52
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