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BOLETIM DE

TECNOLOGIA DE
LATICÍNIOS

Distribuição gratuita da SACCO Brasil Comércio de Alimentos Ltda. • Ano XVII • Edição 65 • Julho/Agosto/Setembro de 2019.

capacidade e disposição e hoje já são excelentes momentos. Você merece


Personalidade 36 anos. Posso falar sem medo de
errar que o Renato vestiu a camisa do
esta homenagem.
Seu amigo,
Marília. Nos momentos de crise, que
Laticinista. foram muitos, estava ele alí junto ao
Juarez, dando apoio, procurando ofe-
Alberto Valentim Munck

recer soluções sempre com sua mo-


O cidadão nascido em Carangola cor- déstia e simplicidade. Depois junto
re um riso muito sério de se tornar um ao Olavo, como quase irmãos, conti-
laticinista. Não foi diferente para esta nuou sua dedicação. E o Renato sem-
grande figura que é o Renato Dias de pre agarrado ao leme, sem pular do
Souza, mais conhecido por Renato do barco, nos dano um apoio precioso. E
Marília. A alcunha é uma deferência hoje nós tivemos a oportunidade de
talhada ao longo dos anos, pela iden- agradecê-lo. Você sempre será lem-
tidade dele com o Laticínios Marília, brado como um filho paciente, capaz
onde trabalha, desde de sua forma- e amigo. O Laticinios Marília lhe a-
tura na Cândido Tostes há 36 anos. gradece e homenageia. Com as bên-
Renato, batizado “Colostro” quando çãos de Deus sobre nós e junto com
chegou à Escola, se transformou rapi- você, encontraremos força para nos
damente em leite e aliás, em leite de reerguer e poder cumprir com nossos
alta qualidade. Amante da matemáti- compromissos como fizemos até a-
ca, Renato conhece como poucos o qui com seu valioso comprometi-
ponto exato de interseção entre o que mento. Deus o abençoe!
é cartesiano e o que é arte no exercí- Marília Imbelloni Hosken
cio da profissão laticinista. Profissio- Laticínios Marília
nal extremo, altamente comprometi-
do com o trabalho! As peculiaridades Estou muito feliz, pela oportunidade
são inúmeras. Chama atenção, por de poder contribuir com esta justa
exemplo, uma irrequieta mão canho- homenagem a você. Nascido em Ca-
ta que perambula loucamente por rangola de onde saíram celebres Téc-
tudo que se encontra sobre mesa, en- nicos em Laticínios formados pelo
quanto a voz grave embala o diálogo ILCT/EPAMIG, em Juiz de Fora, e o
com o interlocutor. Pessoa simples, Renato é um deles. Tive a oportuni-
bondosa, justa, correta, marcante! dade de ser seu professor na Tecnolo-
Grande abraço meu caro. gia de queijos onde foi um aluno de-
SACCO Brasil. dicado aos ensinamentos técnicos.
Participante ativo das aulas e muito
Às vezes a emoção embaralha nosso questionador, àquela altura, já dava
pensamento e a gratidão é tão grande mostras que seria um excelente Téc-
que fica difícil falar de alguém que se nico. Aqui, sentado e pensando em
dedicou por tantos anos à nossa em- você, eu me lembro perfeitamente
presa. Quero falar de Renato Dias de dos excelentes momentos que tive-
Souza o homenageado deste Via Lác- mos juntos na sua sala aí no Marília,
tea. Timidamente chegou ao Laticí- durante minhas visitas técnicas.
nios Marília para ser o estagiário. E Quantas coisas aprendi com você nas
daí foi ficando, conquistando a todos nossas conversas sobre os mais di-
com seu jeito educado de ser, com sua versos assuntos. Obrigado por estes
A produção de exopolisacarídeos - EPS.
Várias espécies de bactérias láticas propriedades espessantes e gelifi-
têm capacidade de produzir exopoli- cantes, que modificam de forma sig-
sacarídeos. A lista engloba lactoco- nificativa a textura dos meios onde
cos, leuconostoques, St. thermophi- são produzidos. Entretanto, a produ-
lus, L. delbruekii subsp. bulgaricus ção de exopolisacarídeos é muito
além dos lactobacilos heterofermen- instável e o é de forma mais acen-
tantes facultativos. Os exopolisaca- tuada ainda no caso das bactérias
rídeos - EPS, também chamados de mesofílicas. Esta maior instabilida-
glicanos, são polímeros de carboi- de decorre do fato desta caracterís-
dratos que contém sistemática e ma- tica ser geralmente conduzida por
joritariamente glicose, galactose e um plasmídeo. A quantidade de cada
pequenas quantidades de arabinose, tipo de EPS sintetizado é altamente
manose, ramnose e xilose. Os EPS variável e é fortemente influenciada
são cadeias longas de ligações á e â pelo tipo de cepa usada e as condi-
de alto peso molecular que podem ções de crescimento. A produção es-
conter homo ou heteropolissacarí- tá portanto, diretamente ligada ao
deos - Figura I. Eles apresentam pe- crescimento e depende da tempera-
tura, do pH e da com-
Figura I: Estrutura de polissacarídeo. posição do meio. Ela
é normalmente esti-
OH OH OH
O O O mulada pela presença Iogurte produzido com cultura com
O O O de caseína e por uma alta capacidade de produção de EPS
HO HO HO
OH O OH
temperatura de culti-
OH vo ou de cultura, infe- ria de 1 a 8. A associação de uma ce-
O rior à temperatura pa de Lactobacillus delbruekii
HO ótima de crescimento subsp. bulgaricus não produtora de
OH OH da bactéria lática. É
((1->2)-a-D-galactose)-(1->4)-ß-D-glucano exopolisacarídeo à uma cepa de St.
importante lembrar thermophilus produtora, pode au-
so molecular variando de 3x104 a 105 ainda, que dentro de mentar de forma significativa a
Dalton. São polímeros hidrofílicos e uma mesma espécie, distintas cepas quantidade de EPS produzida. Do
portanto, têm capacidade de reter podem apresentar diferenças signi- ponto de vista prático, na indústria
água, retardar a sinérese, interagir ficativas na produção de exopolisa- de laticínios, esta propriedade das
com a caseína e com as proteínas do carídeos. O St. thermophilus, por bactérias láticas é amplamente ex-
soro. Consequentemente, a sua pro- exemplo, é reconhecido por sua ca- plorada na fabricação de iogurtes e
dução é um fenômeno favorável à pacidade de produzir EPS, mas nem de leites fermentados com o objetivo
inúmeros processos na indústria de todas as cepas de St. thermophilus de aumentar a viscosidade do produ-
alimentos. A importância destes po- possuem esta propriedade. Em leite, to final. Na fabricação de queijos, os
límeros na elaboração de alguns de- a viscosidade máxima da cultura va- EPS apresentam interesse nas tecno-
rivados lácteos reside nas suas logias de queijos frescos com a fina-
lidade de limitar a sinérese. Os EPS
são interessantes também na fabri-
cação de queijos com baixo teor de
gordura. O uso de culturas produto-
ras de EPS pode oferecer melhoria
de textura e propriedades funcio-
nais; fusão e fatiamento em queijos
de massa filada com baixo teor de
gordura como, por exemplo, 15% de
gordura no extrato seco. Finalmente,
vale ressaltar que o uso de culturas
L. delbruekii subsp. bulgaricus unido por produtoras de EPS em queijos de e-
filamentos de polisacarídeo e St. thermophilus coberto um polisacarídeo. levado estrato seco deve ser evitado.

BRASIL TECNOLOGIA EM LATICÍNIOS


Mozzarela de leite de Búfala:
Aspectos da tecnologia de fabricação.
³ Introdução: te ou em soro. O leite é tratado a 62 - 65 °C por 30 minutos e incubado a 37 - 45
A Mozzarella de Búfala é um dos cé- °C até a acidez de 40 - 50 ºD. Nestas condições haverá predominância de St.
lebres representante dos queijos que thermophillus e enterococos. As culturas em soro são muito distintas, pois o
compõem da família dos queijos de soro não é tratado, a fermentação é realizada em cuba não isolada, à tempera-
massa filada. O seu nome deriva, tura ambiente, onde ocorre uma queda de 41 - 37 ºC para 20 - 25 ºC. O pH final
provavelmente do verbo “Mozzare”, é de 4,10 a 4,30. A composição da cultura é muito diversa. As indústrias têm
que significa cortar. A associação é optado pelo uso de culturas definidas de St. thermophilus, inclusive de forma
alusiva ao momento no qual, durante direta, com resultados consistentes.
a operação de filagem e moldagem ³ Coagulação
em água quente, a bola de queijo é Para garantir a maciez do produto é importante manter um elevado teor de
“cortada com as próprias mãos” e se- umidade na massa. Para tal, a coalhada deve ter um caráter predominante-
parada do restante da massa. No iní- mente enzimático. Para tal, deve-se coagular entre 35 e 38 ºC, com uma dose
cio de sua fabricação, a adição de á- de coalho/coagulante ajustada para proporcionar um tempo de floculação - TF
gua quente à massa acidificada, neu- de 10 - 12 mi-nutos, um tempo de endurecimento - TE de 25 a 30 minutos.
tralizava a acidez elevada da massa e ³ Corte e Mexedura:
promovia uma maior conservação O corte do coágulo deve ser feito em duas etapas para diminuir perdas de
da mesma, pela inativação da ativi- gordura e o tamanho final dos grãos é de 2,5 a 3 cm de aresta. O tempo de corte
dade enzimática e sobretudo, micro- é de cerca de 6 a 8 minutos. A mexedura é muito suave e breve.
biológica. Ainda nestes tempos, por ³ Fermentação
não ser resfriada após a filagem, esta Pode ser realizada sob soro ou em mesa própria. Os pontos críticos nesta etapa
massa fresca e ácida permanecia sol- são a temperatura e o grau de fermentação. A temperatura não deve baixar de
tando soro devido principalmente a 30 ºC. O pH de filagem deve ser de 4,90 a 5,00. O tempo ideal de fermentação
grande retenção de água oriunda das é de 02:30 a 03:30 horas. Uma massa que acidifica abaixo ou acima destes
altas temperaturas de filagem. Este limites, apresentará respectivamente uma fibra muito frágil ou dura e fibrosa.
soro liberado era salgado e em segui-
³ Filagem e moldagem
da armazenado junto à Mozzarela,
Após medição do pH, antes de iniciar o processo, deve-se fazer o teste de fila-
dando origem a um líquido caracte-
gem, não só para determinar o ponto, mas também as condições de filagem.
rístico, denominado pelos italianos
Obtido o ponto de filagem, a massa deve ser cortada em fatias longas com
de “liquido di governo”, no qual as
espessura de cerca de 1 cm. Para manter a maciez da Mozzarela, a temperatu-
bolas são conservadas. A Mozzarela
ra deve ser a mais baixa possível, porém compatível com o comportamento da
típica italiana tem um formato oval
fibra da massa. A temperatura da massa filada não deve ser superior a 60 - 65
com peso variando entre 100 e 300
ºC. A relação massa/água é de 1 Kg para 2 ou 3 litros. O produto recém filado
gramas. A coloração é branca, a tex-
deve ser rapidamente resfriado por alguns minutos em água a 8 - 10 ºC até
tura muito suave e o sabor delicado
adquirir certa firmeza. Em seguida, é embalado e mantido, até o momento do
de leite e de creme. A Mozzarela tra-
consumo, na solução denominada “liquido di governo”, cuja composição é
dicional apresenta altos teores de u-
apresentada na Figura I. Se houver salga, esta deve ser realizada após o res-
midade, 55 e 62% e G.E.S. > 52%. O
friamento, em salmoura a 12 - 15 ºBe, temperatura não superior a 10 ºC, por
interesse pela produção de um quei-
10 a 30 minutos. O teor de sal do produto final não deve ser superior a 1%.
jo similar ao original italiano é hoje
muito difundido no Brasil. ³ Vida de prateleira
³ Matéria Prima: A validade está estritamente ligada à qualidade da matéria-prima e à tecno-
Para a obtenção de um produto com logia. Porém, como produto fresco, deve ser de 8 a 12 dias mantido a 3 - 5 ºC.
qualidade constante, é essencial pa-
dronizar a relação gordura/proteína - Figura I:
Preparo e composição do líquido de conservação.
G/P no leite, sobretudo em decorrên-
cia da grande variação no teor de “Liquido de governo” ou líquido de conservação:
gordura no leite de búfala em dife- ü Água pasteurizada a 90º C durante 5 minutos;
rentes períodos de lactação. A rela- ü Adição de 0,60 % de sal;
ção G/P recomendada é 1,08 a 1,12. ü Adição de 0,03 % de cloreto de cálcio;
ü Adição de 0,2 % de lactato de cálcio.
³ Fermentos láticos:
A adição de 1 dose de L. rhamnosus em 100 litros
Tradicionalmente são usadas cultu-
de solução melhora a conservação do produto.
ras mistas naturais cultivadas em lei-
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PR N: O Penicillium roqueforti da SACCO.
Já vem diluído - Fácil de usar - Crescimento mais rápido
Vida útil de 8 meses

Culturas láticas Congeladas e Liofilizadas


para Iogurtes e Bebidas:
Fermentação rápida - Alta viscosidade - Baixa pós acidificação

Y 430 A Y 438 A
Y 450 B
Y 470 E
Y 439 A
Culturas láticas Congeladas e Liofilizadas para Queijos:
Você pode escolher
MOS 064 C + M 036 N + PB 1
MO 032 + M 036 N + Pb1

Linha SH Linha ST
Filagem no Filagem no
dia seguinte. mesmo dia.
Ambiente Produção:
Sacco Comercio de Alimentos Ltda.
R. Emílio Nucci, 103 - Jd. Conceição | Souzas
naturalmente limpo... 13.105-080 - Campinas - SP
saccobrasil@saccobrasil.com.br
www.saccobrasil.com.br
Colaboração:
Expediente:

João Pedro de M. Lourenço Neto


Hans Henrik Knudsen
Eduardo Reis Peres Dutra
Alencar Moreira de Oliveira
Pablo F. Lourenço
Leonardo dos Santos
Lydia Harbeck

Publicação trimestral
Tiragem: 3.500
Publicação de distribuição gratuita

Impressão: Master Graf

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