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fTnT?y?niT7i?^ H L V
Miguel Bispo dos Santos

Casa Publicadora Brasileira


Tatuí, SP
Direitos da publicação reservados à
C asa P uiiucadora B rasileira
Rodovia SP 127 - km 106
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I a edição
5a impressão - 2 mil exemplares
Tiragem acumulada: 13 milheiros
2010

Editoração: Rubem M. Scheffel e N eila D . Oliveira


Projeto Grafico: André K.odrigues
Ilustrações internas: Dynamic Graphics, Madalena Tseng e Marta Irokawa
Capa: Douglas Assunção

IMPRESSO N O BRASIL / Printed in B razil

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmari Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Santos, Miguel Bispo dos, 1967-


Lívre das garras do sucesso / M iguel Bispo
dos Santos. - Tarai, SP : Casa Publicadora
Brasileira, 2004.

1. Adventistas do Sétimo D ia - Autobiografia


2. Homens - Aurobiografia 3. Santos, Miguel Bispo
dos, 1967- I. Título.

04-3347_______________________________________ cdd -920.71

Índices para catálogo sistemático:


1. Santos, Migue, Bispo dos : Autobiografia
920.71

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial,


KUliOKAAFILIADA por qualquer meio, semprévia autorização escrita do autor e da Editora.
Tipologia: Goudy 14/12 - 8145/23623 - ISBN 85-345-0908-5
Sumário

Apresentação .................................... 5

O Conflito ................................................................................. 9
Despertando para um d o m ..............................................11
O livramento do anjo ......................................................14
O contrato ........................................................................ 15

Música do Mal? .......................................... 17


Formas mais sutis .......... 19
O rock de D e u s............................................................... .2 2

U m Encontro no Auditório ...................................................27


A música que me tocou ................... ......... .......... ........ 28
Uma arma poderosa ................. ...................... ..............30

O Encontro com Satanás no Ônibus


e o Livramento de Deus .........................................................37
As influências das opiniões ........................................... 38
O milagre do ônibus ....................................................... 41

O D ia da Entrega e a Perseguição no T rab alh o ...............47


O livramento do passeio de fim de sem ana............ . 49
A mudança de ambiente no trabalho ..........................51

N as Mãos do Sucesso ..............................................................55


A mulher que viu meu anjo .................................. 57
O homem que me viu na T V ...................................... 60
O conceito de sucesso ......................................................61
M úsica em Perguntas e Respostas ...................................... 63
1. Deus e o diabo podem usar
a música para atrair pessoas?.................................. 64
2. Como distinguir a música
de origem divina da de origem demoníaca? ........ 65
3. Existem instrumentos adequados
e não adequados para usar em música sacra?.......69
4. Tirando a música sacra, todos
os outros tipos de música são ruins? .....................74
5. Essa história de tocar gravações
ao contrário tem realmente sentido?....................76
6. Toda música religiosa é boa de ser ouvida? .........77
7. Do que falam as letras do rock1 . ..............................79
8. Pode o rock levar pessoas
à agressão e ao suicídio?..........................................85
9. A MPB (Música Popular Brasileira)
também traz influências negativas? ...................... 99
10. Quais os principais aspectos para
se louvar a Deus de maneira correta? ................. 100
11. Cantores cristãos podem tornanse ídolos? ....... 102
12. Como usar a música
para vencer uma tentação? ............. .................... 104
13. Hábitos e estilo de vida
têm relação com o gosto musical? .................... . 107

4
Apresentação
Não há como evitar; quando ela atinge nossos ouvidos pa­
rece ser impossível não reagir. A indiferença é mera ilusão,
pois um poder de atração logo começa a tomar conta das nos­
sas expressões e, num instante, somos levados aos mais distan­
tes lugares da nossa própria alma. Lugares esses, onde senti­
mentos ocultos, sonhos curtidos e até a vontade impossível de
ser uma outra pessoa, se concretizam por alguns mágicos mi­
nutos. A música é assim: um poder que tem uma fórmula cer­
ta e programada para despertar impressões no profundo do
nosso íntimo, que só ela pode trazer até a superfície.
N a combinação da poesia com os sons e ritmos, muitos bilhões
de seres humanos das mais diversas culturas, nos mais variados
países e com os mais difusos objetivos, são embalados para a paz
ou para a guerra, desabafo ou repressão, êxtase, frustração, excita­
ção, calma, sexo, fidelidade, traição, prisão, liberdade, amor ou
ódio, ofensa ou louvor. Todos os dias as ondas musicais nos envol­
vem junto com esses sentimentos e, dizer que não são importan­
tes, é o mesmo que enfiar a cabeça na areia, pensando que aquilo
que está lá fora deixará de existir só porque não vemos mais.
A idéia, aqui, não é apresentar um estudo acadêmico, cien­
tífico ou uma grande análise técnica sobre o assunto. E ofere­
cer um painel de experiências pessoais e informações gerais que
levem você a uma posição menos inconsciente e passiva quan­
do estiver ouvindo alguma música. Na verdade, este livro é um
testemunho pessoal e o resultado de pesquisas sobre o tema. O
objetivo da obra não é ser um alicerce no assunto, mas apenas
mais um tijolo na construção da opinião própria do leitor. Afi­
nal, é como se diz: “Somos, em muito, a música que ouvimos”.

Os editores

5
Agradecimentos
Agradeço aos meus amigos e familiares que, com muito des­
prendimento e paciência, me apoiaram em decisões importan­
tíssimas. Por muitas vezes eles foram meus conselheiros, ajuda-
dores e incentivadores.
A todos, minha eterna gratidão.

Dedico esta obra aos milhões de jovens que todos os dias li­
gam seus aparelhos de som para ouvir música e não fazem a
menor idéia das forças e influências a que estão expostos.

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O conflito
Livre das garras do sucesso
■------------------------------------------------------------------------------------------------- ►

N
ão sei como explicar. Era uma sensação estranha e
incômoda. Parecia haver alguém ali ao meu lado e
bem próximo à minha cama. Eu estava pronto para
dormir, após ter tido momentos de meditação pro­
funda sobre minha vida e passado pela leitura de al­
guns versos bíblicos. Essa presença se achegou devagarinho
conforme se aproximava mais, era como se minhas forças fos­
sem indo embora. Não era a fase entre a consciência e o sono
V comum. Eu estava acordado, estava consciente. Depois de al­
guns momentos, o silêncio foi quebrado em minha mente.
- Se você me seguir darei tudo o que quiser. Você terá fama,
poder, muita gente sob sua influência, mas para isso terá que
seguir-me até o fim e deixar aquele povo.
- Deixe-me em paz! Já sei quem você é!
- Sabe mesmo, Miguel? Se não me aceitar agora, vou des­
truir você aqui mesmo, pois do ponto em que você está não
pode haver mais volta.
Realmente eu não me sentia mais em casa. Mesmo sem ter
saído do meu quarto, sentia como se estivesse em um lugar
completamente diferente de qualquer outro em que já tinha
estado. Era horrível!
- Deixe-me em paz. A única coisa que quero é estar com
Cristo e ajudar as pessoas.
- Não fale esse nome aqui! Aonde você chegou não há
mais volta.
- Você está mentindo! Cristo! Vem me ajudar!
Decidi naquele instante não dialogar mais com o diabo e
fechar meus pensamentos para as suas tentações. N o esconde­
rijo da minha mente (Satanás não pode ler nossos pensamen­
tos) eu buscava desesperadamente a Jesus. Mas o tentador
continuava a me abordar com muitas ameaças que não acres­
centam em nada serem mencionadas. Senti uma pressão terrí­
vel em meu corpo, como se ele estivesse sendo espancado qua­
se ao esmagamento. Gritei: “Você pode me destruir, mas vou

10
0 conflito

continuar confiando em Cristo! Jesus! Vem me ajudar!” Meus


olhos, que estavam abertos até aquele momento, começaram a
se fechar e a escuridão tomou conta de mim. “E o fim! Está
tudo perdido!”, pensei em aflição. M as...

Despertando para um dom


Num jogo de futebol na quadra de uma escola, próxima à
minha casa, esperava ansiosamente a vez para entrar na parti- i<
da. Você sabe como é o futebol: sempre há motivos para uma
boa discussão e naquele jogo não foi diferente. Houve um con­
flito. A coisa foi ficando cada vez mais acalorada até que o pes­
soal do meu time (que disputava o primeiro tempo) me cha­
mou para entrar na briga. Eu me lembro que respondi para
eles: “Quando um não quer, dois não brigam.” Incrível! A rai­
va deles acabou se virando contra mim e, entre empurrões e
xingamentos, saí do jogo e da turma de amigos.
Sempre tive um certo dom para desenhar e escrever poemas
e, quando saí daquela confusão, me senti inspirado a ser na
vida uma pessoa que ajudasse outras a encontrarem paz e re­
conciliação.
Minha avó, Claudemira, havia me proporcionado o início
de uma educação cristã em meus primeiros anos de vida, mas
aos 13 anos não me identificava com nenhuma religião em
particular. Faltava-me uma experiência pessoal, uma com­
preensão de quem era Deus. Contudo, por impulso, os ensina­
mentos dela me inspiraram a escrever um poema. Olhando
para o céu, ainda em meio ao burburinho do conflito na qua­
dra da escola, balbuciei a seguinte oração, em forma de poesia:

Jesus, o Senhor está voltando,


O nosso dia-a-dia está se acabando,
Dá-me Tua mão e juntos vamos.
Aquele que não crer aqui ficará.

11
Livre das garras do sucesso

E com Seus lindos anjos


Ele virá nos buscar.
Lamentos profundos
Muitos aqui terão,
Pois em vez de Cristo
Quiseram diversões,
Guerras, assassinatos,
Drogas, destruição,
v Caíste em tentação?
Pede perdão!
Entrega os teus pecados,
Deus estará sempre ao nosso lado.
Estende as mãos para Jesus,
Só Ele te levará ao caminho da luz.

Além de momentos de inspiração poética, lembro-me de,


em certas ocasiões em que participava de conversas com adul­
tos, pronunciar algumas palavras com as quais eles se admira­
vam. Não demorou muito para que eu passasse a ouvir fre-
qüentemente que deveria ser um artista e que certamente um
dia seria muito famoso, rico e outras coisas típicas de parentes
“corujas”, e dos amigos.
Não se deve desprezar a influência poderosa que os elogios
e estímulos sinceros exercem sobre uma criança.
No fundo eu sabia do talento natural que tinha para com­
por poemas e músicas. Por causa da influência dos ensinamen­
tos cristãos, queria usar esse talento para aproximar mais as
pessoas, mudar o mundo para melhor, promover o amor. Mo­
tivado por esses ideais, passei a compor com mais afinco. O
meu quarto se transformou num tipo de clausura, e a janela
por onde eu olhava para fora era uma folha de papel em bran­
co que sempre estava à minha frente. Não queria sair para pas­
sear, brincar ou fazer qualquer coisa que as crianças normal­
mente fazem. Dia e noite me trancava no quarto.

12
0 conflito

Como ninguém consegue viver sem se alimentar, também


um poeta ou compositor não consegue criar sem inspiração.
Por sua vez, a inspiração vem das experiências, informações e
impressões que ele recebe no decorrer da vida. Como eu que­
ria compor coisas de que as pessoas gostassem, procurei ler
todo tipo de livros e revistas sobre relacionamento e compor­
tamento humano, especialmente sobre amor, frustrações e coi­
sas assim. Li, também, muito sobre música e em particular ana­
lisava as letras das canções populares, seu sentido e suas men- v
sagens. Minha cabeça estava constantemente cheia delas.
Família, amigos, religião ou qualquer outra coisa, não me
interessavam mais. Minha vida eram as letras românticas que
compunha. Para ser franco, havia um tremendo vazio em mi­
nha vida, mas jamais poder ia pensar que aquilo que eu estava
fazendo nunca o preencheria. Eu precisava de algo, precisava
de uma base segura. Então, os shows musicais, os programas de
TV e as rádios passaram a ser um tipo de “templo de adoração”
da nova religião que estava, até inconscientemente, abraçan­
do. Os ministros dessa “fé” eram os artistas pop; minha bíblia
eram suas letras e minhas orações suas músicas.
De vez em quando - como se num alerta distante um
flash de luz brilhasse na escuridão da minha mente - eu ti­
nha a impressão de ouvir: “Miguel, não é isso que Eu que­
ro para você!” Lembro-me de que isso incomodava, mas,
pouco depois, lá estava eu mergulhado novamente em
meus devaneios e ilusões.
Parece que no momento em que você mais precisa de uma
bóia para se manter vivo, as pessoas (por melhor intenciona­
das que possam parecer) sempre jogam chumbo em suas mãos.
“Muito bem, Miguel! Suas letras são lindas! Garoto de fu­
turo! Continue assim e você se transformará num compositor
famoso!” N a opinião dessas pessoas eu seria um futuro pop star.
Sabe como é... dizem que a voz do povo é a voz de Deus. Será?

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_I ' m
Livre das garras do sucesso
__________________ ' ___________________________________________________________________________________________________ ^

O livramento do anjo
Era madrugada fria. As ruas desertas inspiravam um senti­
mento de insegurança. Eu e um amigo, que me acompanha­
va, voltávamos de mais um show. Aparentemente sozinhos,
não nos apercebemos de que estávamos sendo seguidos por
marginais. A situação foi ficando cada vez mais tensa. Como
naqueles filmes de animais em que a caça é espreitada pelo
u caçador, nós dois estávamos sendo cercados pelos bandidos.
Contudo, inexplicavelmente, senti a presença do meu anjo
da guarda ao meu lado. Não era uma impressão. Era percepti-
velmente presente aquele poder. Eu o vi. Sem nenhum moti­
vo aparente, aqueles marginais pareciam não conseguir nos
atacar. Foi um milagroso salvamento. Só quem passa por isso
pode entender a angústia e o alívio que tivemos quase que si­
multaneamente naquela madrugada. Por algum tempo receei
contar o que havia acontecido, pois achava que ninguém iria
acreditar na história. Até que um dia, falando para um senhor
cristão sobre o ocorrido, ouvi algo dele que começou a fazer
diferença em minha existência: “Miguel, Deus tem um propó­
sito para a sua vida. Um dia você vai saber qual é.” Esse fato
aconteceu em 1986.
Em 1988, dois anos depois daquela madrugada fria, percebi
que minha vida iria passar por uma mudança completa. Esta­
va diante de uma grande decisão que não poderia mais ser
adiada. Ao mesmo tempo que eu me envolvia cada vez mais
com a música e fazia bons contatos com gravadoras, sentia que
Deus queria me mostrar outros caminhos.
Certa noite sonhei com a segunda vinda de Cristo. Estra­
nho sonho para quem tinha na cabeça só rock e música po­
pular. Eu tinha a sensação de que Deus queria dizer algo es­
pecial para mim. Mas onde estava Deus? Ele não passava de
uma lembrança da infância, de alguém perdido em minha
própria história. Com falta de visão, não havia percebido que

14
0 conflito

Ele nunca havia me deixado um segundo sequer. Aquele era


um dos momentos mais importantes de uma grande batalha
pela minha mente.

O contrato
Justamente nessa época de um novo despertar espiritual,
um telefonema pareceu ser a resposta de todos os meus pedi-
dos. Era uma gravadora de discos solicitando para eu compa- y
recer a uma entrevista, em que minhas letras seriam aprecia-
das. A festa foi geral! Amigos, parentes, todos me parabeniza­
vam dizendo que eu estava diante da grande oportunidade da
minha vida e, sem vacilar, fui radiante para o local marcado.
Após cumprimentos e uma calorosa recepção, o empresário
da gravadora me apresentou a quatro jovens músicos que for­
mavam uma banda a ser lançada pela empresa. Eles precisavam
de letras inéditas e gostariam de ouvir algumas das minhas para
compor seu repertório. Expus algumas delas e, para minha sur­
presa, foram aceitas de imediato. Eu quase não podia acreditar
no que estava acontecendo. Tudo estava indo tão bem!
- Por favor, Miguel, poderiamos conversar em particular? -
disse o empresário que nos ouvia.
- Certamente! - respondi de imediato.
Entramos numa sala ao lado daquela onde estava a banda.
Com um ar amigo e de muito interesse, aquele homem elogiou
meu trabalho e falou por alguns instantes das grandes possibi­
lidades que o futuro me vislumbrava.
- Miguel, você usa álcool? Usa drogas ou outros tipos de en­
torpecentes? - perguntou ele com total naturalidade.
- De forma alguma - respondi. - A educação que recebi em
minha casa foi a de recusar qualquer coisa que faça mal à mi­
nha saúde, inclusive cigarros, bebidas e drogas.
- Então, Miguel, como você se agüentará em pé durante
uma noite inteira de show?

15
Livre das garras do sucesso

- Se preciso dessas coisas, então estou fora. Quero viver


para curtir minha carreira.
- Tudo bem - disse ele meio surpreso e meio incrédulo -
cante então para mim sua melhor música.
Cantei para aquele empresário uma que era realmente espe­
cial para mim. Em meus sonhos de sucesso, a havia eleito como
aquela que seria a mais importante do meu primeiro álbum.
Sem dizer palavra alguma ele tirou alguns papéis de uma
u pasta e os colocou em minha frente. Não podia acreditar! Era
um contrato! O primeiro de muitos em minha promissora car­
reira. Pode parecer estranho, mas naquele momento tive von­
tade de conversar com Deus e pedir Sua orientação. Numa
oração silenciosa e sincera, orei: “Se for da Tua vontade que
eu assine alguma coisa, me mostra. Mostra-me se isso será
para meu bem ou para meu mal.” Era uma súplica estranha­
mente arrancada do coração de alguém que parecia ter-se es­
quecido de Deus.
A resposta veio de imediato. Como que atingido de parali­
sia ou como se alguém segurasse minha mão, eu não conseguia
assinar meu nome. Tentei, fiz esforço, mas não consegui. O
empresário, abismado, notou que alguma coisa estranha esta­
va acontecendo ali.
- Ei! Você não vai assinar?
Eu lhe respondi que algo estava me impedindo de firmar
aquele contrato.
- Vou embora e voltarei outro dia - respondi desconcertado.
Saí daquela sala contendo as lágrimas que, alguns passos
depois, irromperam dos meus olhos. Foram seis anos de total
esforço e dedicação para chegar até ali e agora tudo parecia es­
tar indo água abaixo. Com muito esforço despedi-me daqueles
quatro perplexos rapazes da banda, que me esperavam, para
nunca mais vê-los.


Livre das garras do sucesso
------------------------------------------------------------------------------- >.

onald da Silva Santos, de 22 anos, amanheceu no

D
dia 13 de agosto de 1998 sem sequer ter dormido.
Passou a noite inteirinha embalado por muita músi­
ca rock das grandes bandas dos anos 70. Música po­
pular brasileira e latas de cola de sapateiro que chei­
rava vertiginosamente. Seu grande plano para aquele dia era
gravar, pela manhã, o programa de clássicos do rock, na MTV.
Pouco antes da esperada programação, Dona Maria de Fátima,
V 44 anos, mãe de Donald, chega à casa, cansada de trabalhar a
noite toda. Nervosa com a situação, desliga a TV.
Enfurecido, o moço perdeu a razão e com uma banqueta
atacou a própria mãe. Posteriormente, ele mesmo contou fria­
mente: “Primeiro fiquei pisando nela e dando golpes em sua
cabeça com o banco. Depois joguei cola em cima do seu cor­
po. Daí peguei a faca e enfiei no pescoço dela.”
O rapaz, que era guitarrista, dizia que seu maior sonho era
montar uma banda e cair na estrada fazendo shows.
Segundo os vizinhos, Donald era uma pessoa calada e não
tinha muitos amigos na rua. Vivia trancado em casa escutan­
do música bem forte.
N a delegacia, Donald contou aos jornalistas que seus ídolos
são Pink Floyd e Led Zeppelin. Tal era seu apego aos astros do
rock que seu cachorro chamava-se Bob Marley, em homena­
gem ao rei do reggae.
“Minha mãe não gostava de nada que eu fazia. Agora eu já
era. Não sei nem se vou poder tocar mais guitarra”, desabafou
o roqueiro acusado de assassinato.
Minha intenção não é fazer sensacionalismo, mas gostaria
que você parasse para refletir um pouco sobre as poderosas in­
fluências que músicos e suas músicas podem ter sobre as pes­
soas que os ouvem.
Quando minha amiga, ao me presentear com uma pequena
Bíblia, me disse que Deus não permitiría que eu fosse destruído
pela “música do mal”, eu fiquei intrigado com a expressão que

18
Música do mal?

ela usou. Existiría de fato um tipo de música que realmente pu-


desse ser manipulada pelo diabo? Talvez uma outra pergunta
respondesse a essa indagação: pessoas manipuladas pelo diabo
poderíam produzir algum tipo de música que também levasse
outras pessoas a serem presas dele? Pelo que parece, essa hipó-
tese está cada vez mais evidente nos dias de hoje, pois, como
nunca antes, músicos e músicas têm falado abertamente (e su­
bliminarmente, também) sobre os poderes do mal.
Veja um trecho do diálogo em que Ozzy Osbourne e Ma- v
rilyn Manson, dois mega-stars do show rock (um estilo aberta­
mente declarado como demoníaco), tiveram diante de jorna­
listas quando estavam para fazer uma apresentação em São
Paulo em 1997 e foram perguntados como poderíam se auto-
definir e a respeito da influência que exerciam sobre os jovens:
Osbourne disse:
- Bem, você sabe, uma coisa que nunca farei é explicar a
mim mesmo. Não há o que explicar. Como nessa turnê estão
dizendo (os pais dos jovens): “Ozzy Osborne com Marilyn
Manson: não quero que meus filhos assistam a isso”. Mas, iro­
nicamente, essa é a melhor coisa que eles podem dizer. Porque
quanto mais eles disserem, mais os garotos vão querer vir. Por­
que a garotada pensa: “Bem, o que vai ocorrer, afinal?” Vamos
mudar a vida deles. Vamos mudar a religião deles. Vamos
transformá-los em nosso pessoal. Vamos recrutá-los.
Manson: - É isso que todo o mundo mais teme.
Osbourne: - Danem-se. E prejuízo deles e ganho nosso.

Formas mais sutis


Choca, quando se vêem tão abertamente as verdadeiras in­
tenções maldosas de Satanás na utilização dos seus agentes
musicais. Contudo, parece que há uma armadilha para cada
nível de sensibilidade musical. Nunca esqueça que o diabo é o
pai da mentira e, segundo Raul Seixas, também do rock. Suas

19
Livre das garras do sucesso

ciladas podem estar armadas em qualquer canto, ou melhor,


em qualquer música.
Quando eu me trancava no quarto para compor minhas
canções, sentia a necessidade de inspiração. Um bom compo­
sitor faz de tudo para ter uma boa inspiração.
Um famoso cantor romântico brasileiro declarou numa en­
trevista dada por ocasião do lançamento de um dos seus dis­
cos, que a música principal, que deu título ao trabalho, “foi en-
M viada para mim pelo Lupicínio Rodrigues” (histórico compo­
sitor da música brasileira).
Quando o jornalista perguntou se ele tinha o dom de me-
diunidade e se realmente tinha recebido o espírito de Lupicí­
nio, declarou: “E, foi ele quem me enviou a letra da melodia.
Tenho certeza, pois eu senti a sua presença. A música veio
pronta. Eu apenas a coloquei no papel.” Posteriormente inda­
gado se essa experiência o havia assustado, o cantor respon­
deu: “Não, porque isso é comum na minha vida. Sempre fui
intuitivo e já tive outras experiências com o espiritismo.”
Uma laranjeira só pode produzir laranjas.
Será que alguém que vive em contato com o mundo dos es­
píritos pode fazer algo sem a influência deles? Será que um mú­
sico ou cantor, por mais ingênuo que possa parecer, quando
declara expressamente ter recebido sua inspiração do além,
não estaria também sujeitando seus ouvintes às mesmas forças
que atuaram e atuam em sua vida?
Um a coisa que me incomodou quando eu estava prestes a
assinar aquele contrato na gravadora, foi o fato do empresá­
rio e os músicos da banda terem gostado das minhas compo­
sições. Parece um paradoxo. Afinal, era tudo o que eu que­
ria. Mas senti que ele estava me induzindo a uma vida de
desgraça - lembra-se da observação dele sobre minha rela­
ção com as drogas?
Bem, a questão era: se uma pessoa tão permissiva gostava
das minhas músicas, era porque elas eram exatamente aqui-

20
Música do mal?

Io que ela esperava que fossem, ou seja, eram músicas tam­


bém permissivas.
O envolvimento com o mal não é algo que acontece ape­
nas num momento da nossa existência. Nascemos em meio a
ele e, conforme nossa sociedade tem se desenvolvido, parece
que o mal está ficando cada vez mais acessível. Há uma emba­
lagem dele apropriada para cada idade.
Se crianças pequenas não conseguem ficar atentas aos ro­
teiros das grandes produções de Hollywood, então Hollywood v
prepara arrebatadores desenhos animados para elas. E lógico
que em suas cenas é apresentada a permissividade apropriada
à garotada. Satanismo, violência, sexo, ódio e outras coisas es­
tão bem ali. N a música, essa realidade não é diferente.
Osbourne, para o declarado rock satânico, cantores român­
ticos para os incautos apaixonados e até apresentadoras/canto-
ras para crianças e adolescentes. Tudo na medida certa!
Há algum tempo, uma famosa cantora e apresentadora in­
fantil foi fortemente combatida no Chile. Descobriram que
suas músicas trazem mensagens subliminares que não podem
ser notadas quando ouvidas de forma normal, mas quando es­
sas músicas são tocadas ao contrário, falas estranhas aparecem
na gravação. Numa das músicas, quando tocada ao contrário,
pode-se ouvir num determinado momento a mensagem: “O
diabo é magnífico”, e mais adiante, “adorem a Satã”. Seria isso
algum tipo de coincidência?
A técnica de tocar música ao contrário para revelar men­
sagens escondidas já é antiga, mas sempre traz admiração a
quem se depara com elas. Só que, nem é preciso tocar discos
ao contrário para perceber o que leva as pessoas a idolatrar
cada vez mais o sensualismo, os vícios, os baixos conceitos
morais e até a violência. Analise de mente aberta as letras
dessas músicas e veja se não estão cheias de péssimas influên­
cias (sem contar os movimentos e a apresentação dos canto­
res que as tornam populares).

21
Livre das garras do sucesso
—---------------------------------------------------------------------------------------------- ►

A lista dos inspirados pelos espíritos parece infindável.


Desde um famoso cantor de música sertaneja - que diz sentir
a presença do irmão nos palcos e nas mensagens que recebe
dele - até os mais famosos cantores dos aparentemente (acre-
dite se quiser) gospels.

O rock de Deus
Para mim, a música que eu fazia era a expressão de mim
mesmo. Como num retrato musical dos meus pensamentos,
imagens que antes de serem compostas por filme ou papel,
eram compostas por notas, ritmos e poesia.
Todo músico ou compositor inspira-se em outros para fazer
suas músicas (lembra-se quando eu disse que ficava no quarto
lendo e ouvindo tudo o que podia para encontrar inspiração?).
Partindo desse ponto, fica claro que até mesmo os composito­
res e músicos cristãos receberam influência de outro músico ou
cantor, ou de seu estilo musical.
A palavra-chave aqui é influência. Diz a Bíblia: “Anda com
os sábios e serás sábio.” Provérbios 13:20.
Seria possível louvar o nome de Deus e evidenciá-lo na
vida das pessoas por meio da música baseada em coisas que
não fazem parte da inspiração divina? Poderia uma pequena
dose de permissividade ser tolerada com o intuito de cativar
pessoas que estão fora da igreja? Ao olhar o que está aconte­
cendo hoje, parece que para muitos a resposta é sim.
Em nome de “levar Jesus às pessoas onde quer que elas es­
tejam”, estamos vendo espetáculos verdadeiramente bizarros
que, ao contrário de transformá-las, parece mais que são adap­
tados às suas anteriores influências.
Todos sabem que o Carnaval é uma festa pagã, inspirada
pelo mal para desvirtuar pessoas dos caminhos de Deus e sujei­
tá-las às baixas paixões. Pois bem, que tal comunicarmos Jesus
para o povo que vai aos desfiles das escolas de samba, criando

22
Música do mal?

uma escola de samba de “Deus” onde, ao invés do samba po-


pular, existisse o samba evangélico? Parece criativo, afinal as
pessoas que estão ali dificilmente teriam o desejo de entrar
numa igreja da forma tradicional. Contudo, tenho certeza de
que Deus não aprova esse método.
Em 1997 surgiu pela primeira vez uma escola de samba de
crente (a “Bom à Beça”), com direito a desfile na avenida, car­
ros alegóricos e samba no pé. “Tudo em nome de Jesus.”
Quando Cristo esteve na Terra atraiu grandemente os pe- \t
cadores. Vivia entre eles, entendia suas fraquezas e convivia
com seus problemas. Mas quando os envolvia em Seus braços
de amor, criava uma tal influência na vida daquelas pessoas
que elas não tinham como resistir e se convertiam. A influên­
cia de Jesus convertia as pessoas.
Conversão é a outra palavra-chave na qual podemos pon­
derar. Ela quer dizer uma mudança de rumo, ou seja, a pessoa
estava indo para a morte e, quando encontrou Jesus em seu ca­
minho, mudou esse caminho na direção da vida. A conversão
envolve mudanças e geralmente não permite muitas adapta­
ções da vida anterior à nova vida.
Um bom exemplo é Maria Madalena. Ela era uma prostitu­
ta. Vivia como prostituta. Tinha gostos e estilo de prostituta e
falava, gesticulava e se identificava como tal. Tudo isso era um
conjunto de atitudes e inspirações que a mantinham presa ao
pecado. Mas ela não era feliz. Queria mudar, e quando ficou
diante de Jesus, não pôde resistir ao apelo da conversão. O que
Jesus falou para ela depois de ver que não havia mais ninguém
para atirar a tão falada “primeira pedra” ? “Vai-te e não peques
mais.” João 8:11.
Para Maria Madalena, não pecar mais era não se prosti­
tuir novamente. Isto não envolvia apenas o manter rela­
ções sexuais com homens. Ela deveria deixar de se portar
como uma prostituta, deixar suas roupas, deixar seus gestos
chamativos, seu ambiente de convivência comum e tudo o

23
Livre das garras do sucesso

mais que a prendia à vida anterior. Agora vamos supor, ape­


nas supor, que Jesus tivesse dito a Maria Madalena para ela
fazer um trabalho especial com suas ex-companheiras de
prostituição. Imagine a moça pensando sobre esta ordem e
planejando: “Bem, o Mestre mandou-me ir até as pessoas
que vivem como eu vivia anteriormente para resgatá-las à
Luz. Pois bem, se eu for lá com minhas roupas certinhas, fa­
lando como um anjo e parecendo uma carola, ninguém vai
\i me aceitar. Mas se eu tirar minhas antigas roupas do baú e
vesti-las, e talvez se eu usar um pouquinho das expressões
que antes eram comuns em minha linguagem, aí sim! Será,
certamente, mais fácil!”
Responda, sinceramente, o que você acha dessa idéia. Po­
dería haver uma certa afinidade entre os métodos das trevas e
os da luz? Será que influências positivas poderíam se valer de
meios negativos para gerar conversão?
H oje é fácil você ouvir uma m úsica no estilo m etalei-
ro, cheia de poesia cristã. A banda Stryper faz exatam en­
te isso. Seus espetáculos têm o clim a m etaleiro, sua pro­
dução é totalm ente m etaleira, seu ritmo é m etaleiro, mas
suas letras são cheias de m ensagens evangélicas. M ilh a­
res de joven s curtem esse som. É como um deles disse: “È
m elhor louvarm os ao Senhor desse jeito, do que ficar
dando vivas ao chifrudo.” Forte argum ento. Contudo,
onde está a conversão?
Paulo certa vez disse: “Esqueço aquilo que fica para trás e
avanço para o que está na minha frente.” Filipenses 3:13.
Deixar para trás todas as coisas que prendem você ao peca­
do é a condição básica para a verdadeira conversão, e isto não
permite adaptações, pois Deus não aceita o mal em qualquer
uma das suas formas e disfarces.
Da próxima vez que você estiver com seus ouvidos ligados
em algum som, analise, além do ritmo, da letra ou até do seu
gosto pessoal, se verdadeiramente aquilo está elevando você

24
Música do mal?

até Deus ou se, simplesmente, é mais uma das tinhosas artima­


nhas do inimigo para manter você preso em suas garras, mes­
mo que com um certo ar de cristianismo.
Esse foi um dos meus pensamentos quando entrei impulsi­
vamente naquela tenda...

25
Um encontro
no auditório
Livre das garras do sucesso

S
emanas depois do encontro na gravadora, eu estava
voltando de uma feira livre. Exausto de carregar uma
pesada sacola, parei na calçada por alguns instantes
para descansar as mãos. Enquanto estava ali, minha
^ atenção foi atraída para grandes lonas espalhadas pelo
chão. Parecia que iam montar um circo no bairro. De repente
senti meu braço formigar estranhamente. Não era um formi-
gamento motivado pelo cansaço, era como se alguém o esti-
vesse apertando, e inexplicavelmente ele se levantou sozinho
e apontou para uma placa onde estava escrito: “Auditório
Vida Feliz. Venha com a família”. Simultaneamente, ouvi uma
voz falar em minha mente: “Miguel, aqui é o seu lugar. Um dia
você estará aqui.” Assustado, peguei a sacola e me retirei rapi-
damente dali. Mas aquela voz havia sido gravada em meu cé­
rebro e, por isso, continuava a se repetir.
Algum tempo depois, ao procurar um amigo guitarrista
em sua casa, ouvi da mãe do rapaz que ele não estava, pois
havia semanas que estava assistindo às palestras sobre vícios
numa tenda armada no Jardim Luso (zona sul da cidade de
São Paulo). Fiquei intrigado e saí dali pensando: “Estranho...
ele não bebe nem fuma... que interesse pode ter nisso?” R e­
solví procurá-lo na tenda.

A música que me tocou


Você já sentiu estar diante de uma importante decisão em
sua vida e percebe que as coisas não são facilitadas para você
tomar aquela decisão? Pois comigo foi a mesma coisa. Eu sen­
tia estar diante de uma decisão, mas algo estava tornando di­
fíceis as coisas.
Durante meu caminho para a tenda, fui sentindo uma es­
tranha dor na perna. Ela realmente incomodava e cheguei a
pensar em voltar para casa. Mas continuei e, quando cheguei
lá, entrei na tenda mancando.

28
Um encontro no auditório

O mal-estar da pema passou. Algo maior chamou minha atenção.


A tenda era iluminada e impecavelmente arrumada. Tudo
parecia ter absoluta ordem, e isto me tirou a impressão de que
poderia estar num circo. Parecia antes estar num templo.
Enquanto me entretinha com o lugar, dois jovens, se apro­
ximaram de mim, cumprimentaram-me, perguntaram o meu
nome e endereço, e se era a primeira vez que eu estava indo às
reuniões. Desconfiado, tentei me esquivar dos jovens, dizendo
que estava ali apenas à procura de um amigo e que logo iria u
embora. Mas, por educação, disse o meu nome.
- Eu me chamo Miguel.
- Miguel? - disseram eles - O significado desse nome é es­
pecial e, se você continuar vindo às reuniões, ficará sabendo o
que ele significa.
Luís e Altamiro (os jovens que me receberam) insistiram
educadamente para que pelo menos eu me assentasse por al­
guns instantes. Meio constrangido, sentei numa das cadeiras.
O programa chamou minha atenção e eu acabei ficando.
Depois de uma instigante palestra sobre os malefícios
do fumo (feita pelo Pastor A lcides Cam polongo), as luzes
se apagaram e começaram a projetar transparências sobre
os danos do tabagismo. Embora achasse interessante,
aquilo não me tocava muito, pois eu nunca havia fumado
em m inha vida. Mas ao final dessas transparências, com e­
çou a tocar uma música religiosa, e outras transparências
mostravam algumas figuras de Jesus e o seu sofrimento na
cruz. Com o imagem e som eram sincronizados, a seqüên-
cia cativava muito.
N ão dá para explicar em palavras o que senti naquele
momento. Sou muito sensível (como quase todos os que
gostam de poesia e m úsica), mas aquilo estava indo além
dos limites da minha capacidade de resistência. Os acor­
des, a harmonia, a letra da música - era tudo o que eu
sempre desejei ouvir, era toda a inspiração que sempre

*9
Livre das garras do sucesso
----------- ------ ------ ------------------------------------ ------ --------------►

busquei. Agora, aquela voz que havia sido gravada em mi-


nha mente voltava ainda mais forte. “Miguel, aqui é o seu
lugar. Eu o escolhi.”
Não suportei o apelo e chorei. Eu havia me encontrado
com Jesus!
Aquela música havia me tocado e todo o meu ser estava
agitado. Que poder aquele som possuía!

Uma arma poderosa


Que a música é um poderoso meio de comunicação, todos
sabem. Mas poucos têm noção do tamanho desse poder, do
que ele faz no cérebro das pessoas, como altera o comporta'
mento e influencia o estado de espírito.
Longe de querer esgotar o assunto e sem me colocar como
autoridade na questão, gostaria que você me acompanhasse
numa incursão livre pela odisséia dos ritmos em nosso siste-
ma nervoso.
O cérebro humano é um órgão incrível e misterioso. Por
mais que a ciência o tenha estudado, parece que não sabe-
mos nada diante do que ainda pode ser descoberto. O fato é
que em seus labirintos e redes elétricas compostas por mi­
lhões e milhões de neurônios, existem: a consciência, as
emoções, as lembranças, sensações - na verdade o cérebro
contém o ser total. Alcançá-lo é nos alcançar, atingi-lo é o
mesmo que nos atingir, e dominá-lo é o mesmo que nos do­
minar completamente.
Há algum tempo, descobriu-se que a música, quando
captada por nossos ouvidos, vai diretam ente a uma região
do cérebro cham ada tálam o, que é o centro de controle
de todas as emoções, sensações e sentim entos. A música
é aí percebida antes que o lobo frontal (região que fica na
parte da frente do cérebro e que é responsável pelo racio­
cínio) tenha qualquer condição de controlar, pela lógica,

30
Um encontro no auditório

as influências que ela transmite. Em outras palavras, isso


quer dizer que a m úsica vai direto ao centro das nossas
emoções, sem passar pelo crivo da nossa razão. Em prin­
cípio, ela não tem barreiras para atingir o estado em ocio­
nal das pessoas.
Psiquiatras em todo o mundo têm tratado muitos dos seus
pacientes, que possuem doenças mentais sérias, com sessões de
musicoterapia. Essas pessoas enfermas da mente jamais pode­
ríam ser atingidas por uma conversa lógica, pois o córtex cere- \t
bral delas não tem condição de processar e analisar tais con­
versas. No entanto, a música as atinge sem qualquer dificulda­
de. Por meio do estímulo do tálamo é que os médicos tentam
chegar ao lobo frontal e aí fazer um avanço paulatino na me­
lhora dos doentes.
Experiências muito comentadas já foram feitas a partir
deste princípio. Produtores de leite, norte-americanos,
sonorizaram seus estábulos com alto-falantes que to ca­
vam música clássica para as vacas e, conseqüentem ente,
tiveram sua produção de leite muito aum entada. A n im a­
dos com os resultados, resolveram colocar jazz, pensando
que o ritmo mais m ovim entado aum entaria ainda mais a
produção. Enganaram-se. A s vacas fizeram “greve geral” e
só voltaram a produzir normalmente após o retorno dos
acordes de Bach e Beethoven. Por que será? Mas não pára
por aí. G atos, quando ouvem música barulhenta, sacodem
a cabeça de um lado para o outro na tentativa de tirar o
som lá de dentro, e finalm ente fogem do lugar para en­
contrar paz longe dali.
Está cientificamente provado que a exposição contínua a
músicas agitadas e fortes provoca irregularidades nos bati­
mentos cardíacos, gera estafa, indigestão, pânico, hiperten­
são, úlcera, deficiência auditiva e desequilíbrio mental.
Além disso, os ritmos padronizados do rock, jazz, rock lento,
funk, swing, soft rock, surf rock, harã rock, reggae, boogiewoo-

31
Livre das garras do sucesso

gie e outros mais, podem levar seus ouvintes assíduos a per­


derem até dois terços da força muscular. Literalmente, esses
ritmos enfraquecem as pessoas!
Um a impressionante experiência feita com plantas colo­
ca base nessas afirmações. Pesquisadores separaram vários
grupos, de cinco plantas cada, em caixas especiais onde luz,
temperatura e ventilação foram rigorosamente controladas
nos mesmos níveis. Cada caixa tinha a instalação de um
\t alto-falante, e para uma parte dos grupos tocou-se rock, para
a outra parte, músicas clássicas. Resultado: petúnias que es­
tavam no grupo das que “ouviam” rock, não floresceram.
Além disso, voltaram-se para o lado oposto aos alto-falan­
tes. A s petúnias que “ouviram” música clássica, floriram
após duas semanas e, depois de um mês, estavam voltadas
para o lado dos alto-falantes. A s submetidas ao rock, após o
mesmo período de um mês, morreram ao ouvir Led Zepel-
lim e Vanila Fudge.
Os mesmos cientistas comprovaram que aboboreiras subme­
tidas a apenas três horas por mês de rock pesado murchavam.
Agora veja que interessante: plantas que não eram subme­
tidas a música alguma cresciam normalmente, mas plantas que
“ouviam” música sacra suave cresciam cinco centímetros a
mais em média.
Levando em consideração estes experimentos, analise a
pesquisa feita nos Estados Unidos, onde 87% dos jovens ame­
ricanos ouvem cerca de sete a oito horas diárias de rock, funk
e outros ritmos agitados. Seus radinhos ficam a maior parte do
dia ligados e ainda, para piorar, em volume altamente preju­
dicial à saúde.
A s gravadoras agradecem a dedicação, pois 90% de todos os
CDs vendidos no mundo são de música rock e afins. Imagine
só o que significa poder influenciar durante sete a oito horas a
mente da maioria esmagadora dos jovens de um país e, certa­
mente, do mundo!

32 -
Um encontro no auditório

Você acha que por trás disso tudo não há poderes em


disputa? Você pode acreditar que as letras são inspiradas
apenas pela criatividade dos seus compositores e não por
seres invisíveis?
A música é a arte de coordenar o som e fazer com que ele
transmita sentimentos. O som possui três aspectos fundamentais:
1. Intensidade - capacidade de sensibilizar o sistema audi­
tivo (como popularmente se diz: alto e baixo, mas corretamen­
te se diz, forte ou fraco).
2. Altura - a diferença entre grave e agudo.
3. Timbre - a capacidade de distinguir sons idênticos pro­
duzidos por meios diferentes. Por exemplo: a nota fá, saída de
uma flauta, da mesma nota saída de um saxofone.
Esses elementos são expressões sem sentido quando
atuam isoladamente, mas quando um músico junta as ca­
racterísticas do som em sua composição musical, ele pode
fazer seus ouvintes sentirem coisas que as palavras demo­
rariam muito mais para expressar e, talvez, nem mesmo
conseguissem fazê-lo. Agora, as palavras podem ser musi­
cadas e aí, por causa da música, “driblam ” o córtex e o
lobo frontal, tornando-se um sugestionamento mental
ainda mais influenciador.
A música tem um poder incalculável. Deus sabe disso e o
diabo também. Quem inventou a música foi Deus, e quem a
distorceu e a transformou num instrumento de degradação do
ser humano foi Satanás, o inimigo.
Você pode até pensar que toda essa história de guerra entre
Deus e o diabo é mera mitologia, história do imaginário huma­
no. Não é. Antes de o inimigo ser o que é, era um anjo de luz
maravilhoso e dotado de talentos únicos (entre eles o de ser
um grande músico. Veja na Bíblia o livro de Ezequiel, capítu­
lo 28, dos versículos 12 ao 19).
Não se contentando com sua posição, queria ser igual a
Deus. O Criador havia dado para ele (e também deu a nós) a

33
Livre das garras do sucesso
;------------------------------------------------------------------------------- ►

liberdade de escolher estar ao Seu lado ou longe dEle. Lúcifer


escolheu rebelar-se contra Deus, e consigo levou um terço dos
anjos celestiais, e depois a raça humana. Mas Deus é amor e
providenciou para nós um Salvador: Jesus Cristo.
A música inspirada por Deus fala diretamente ao tálamo
e ao lobo frontal. Ela faz as pessoas pensarem e desejarem
ser melhores. Inspira um sentimento de mudança de atitu­
de e louvor ao Criador. A mente atingida pela música ins-
pirada é lúcida.
Em contraposição, a música inspirada pelo diabo faz as pes­
soas embotarem seus reflexos e agirem por instinto e paixão.
Faz com que as pessoas sejam facilmente manipuláveis. Como
uma droga de alta potência, torna-as alienadas.
Seria infantilidade de minha parte dizer que só um determi­
nado ritmo ou estilo de música pode ser usado pelo inimigo.
Bobagem. Há músicas clássicas, new age, canções da cultura
popular e até as ditas religiosas, fazendo parte do seu catálogo
musical.
E aí? Você ainda acha que ouvir música é um ato sem gran­
des conseqüências? Lógico que não! Tem conseqüências e
muito sérias.
N a fase que atravessamos no mundo de hoje, o inimigo de
todos nós tem investido violentamente em recursos de toda
espécie para tocar sua nefasta música em nossos ouvidos. Ele
quer aprisionar as pessoas em suas garras e quer que suas men­
tes estejam sob seu controle, pois, uma vez assim feito, ele
pode nos levar a tomar as decisões mais absurdas da nossa vida
(lembra-se do rapaz que matou a própria mãe?).
Eu quase sucumbi à sua diabólica oferta em todo tempo que
passei no meu quarto e na gravadora, mas agora estava para
dar um passo definitivo rumo à libertação total. Antes, porém,
viria a vivenciar uma das experiências mais impressionantes
da minha vida.

34
Um encontro no auditório
-<■

EFEITOS DO ROCK N O CORPO HUM ANO


1. Efeito do tipo hipnótico (transe);
2. Hipersecreção hipofisária;
3. Problema de audição;
4. Alterações dos batimentos cardíacos;
5. Alteração respiratória;
6. Desequilíbrio do mecanismo que controla o açúcar no
sangue;
7. Desequilíbrio na produção dos hormônios da supra-re-
nal.

35
O encontro com
Satanás no ônibus
> e o livramento
de Deus
Livre das garras do sucesso
------------------------------------------------------------------------------- ►

ocê se lembra quando, no começo deste livro, eu re­

V
latei aquele momento de desespero que senti sozi­
nho em meu quarto e como estava sendo literalmen­
te pressionado pelo diabo a tomar uma decisão em
minha vida?
A oferta era dinheiro, sucesso, influência e tudo o que eu
pudesse desejar. O pagamento era a minha alma depositada em
suas garras.
Quando eu clamei a Jesus por livramento, uma pequena luz
brilhou na escuridão terrível em que eu estava mergulhado e,
conforme ela ia aumentando e rompendo as trevas, eu ia sen­
tindo paz como nunca tinha sentido antes.
Lá, em meu quarto, sem poder fazer qualquer movimento,
eu ouvi em minha mente o Espírito de Deus falando comigo:
- Levante, Miguel! Você venceu. Você é um dos Meus fi­
lhos. Muitos são os que caem, mas você é forte. Eu vou estar
com você como sempre estive.
- É o Senhor? - perguntei.
- Vim porque escutei o seu clamor - disse a voz em mi­
nha mente.
Naquele instante senti como se a vida retornasse ao
meu corpo.
Um grito horrível e penetrante ecoou por todo o quarto.
Era o inimigo indo embora. Mas graças ao Senhor a última
coisa que ouvi foi a promessa maravilhosa de que Ele jamais
me abandonaria.
Aquela batalha havia sido vencida, mas ainda teria uma
outra mais dramática.

As influências das opiniões


Tudo o que contei acontecia porque eu estava sendo ca­
tivado pelas mensagens e músicas do “Auditório Família Fe­
liz”. Embora dissesse que não queria ter religião nenhuma, a

38
0 encontro com Satanás no ônibus e o livramento de Deus

verdade era que aquele lugar me atraía de uma forma inex­


plicável, mais do que os shoivs de música popular aos quais
eu gostava de ir. Sua influência sobre mim começou a ser
percebida pelos outros.
Parece brincadeira, mas quando você está para “mudar de
time”, a torcida toda se esquece do jogo e passa a observar
você. Foi assim comigo.
Amigos, parentes, namorada e todos os que eram da convi­
vência mais próxima diziam: “Miguel, você é completamente u
louco! Deixar escapar a oportunidade de se realizar! Ser um
sucesso na música! Quantos gostariam de ter a oportunidade
de gravar como você! Deixe esses crentes fanáticos pra lá, Mi­
guel. Volte aos seus planos...”
Não existe ninguém que não seja bombardeado por fortes
influências todos os dias. Manter-se como um ser individual é
algo muito difícil. Isso pode parecer estranho, mas por mais
que a sociedade moderna lute pelo respeito aos direitos indivi­
duais das pessoas, a verdade é que ela própria está cheia de
uma enorme quantidade de armadilhas para transformar gen­
te num amontoado de robozinhos manipulados, que consu­
mam sua forma de comportamento, seus produtos e até suas
leis, sem nenhum tipo de questionamento. Alguns dos mais
fortes instrumentos para se conseguir este objetivo disfarçado
é o poder da mídia e da propaganda.
Os meios de comunicação: TV, rádio, cinema, revistas, in­
ternet e outros, fazem grande parte do serviço. Embora em si
sejam maravilhas da comunicação e quando bem orientados
podem se transformar num instrumento de capacitação das
pessoas, a verdade é que na maioria esmagadora das vezes são
instrumentos de aniquilação do bom senso delas.
Quando a máquina da mídia se associa com o poderio in­
dustrial, novos ídolos surgem da noite para o dia. E a loirinha
que rebola alucinadamente à frente de um grupo de cantores
que só cantam o sexo; é a banda de rock irreverente que fala

39
Livre das garras do sucesso

besteiras e se apresenta com extravagância; é até a dita mú­


sica religiosa que transforma sacerdotes em pop stars, e um
evento religioso numa megaprodução que passa a ser o gosto
da maioria.
N o dia seguinte ao lançamento desses novos padrões so­
ciais, as lojas estão abarrotadas de quinquilharias dos mais di­
versos tipos, onde aquilo que foi cantado e encenado passa
agora a ser consumido em forma de produtos.
A s pessoas são dirigidas a não pensar. São orientadas a acei­
tar sem resistência o que esses poderes dizem ser bom. As pes­
soas são manipuladas e tratadas como índice do IBOPE, gráfi­
cos de vendas e mercado de consumo.
Tente ser diferente da maioria. Quando eu falo diferente,
não é o sentido de ser excêntrico ou anormal, mas apenas não
consumir o que a maioria consome ou endeusar o que a maio­
ria endeusa. Tente pensar e controlar suas atitudes pela sua
consciência livre da pressão dos “campeões de audiência” e
você vai perceber, pela reação dos outros, como não é fácil ser
você mesmo neste mundo massificado.
E impossível não sermos influenciados. Mas é totalmente
possível escolher a influência a que nos sujeitamos.
Conta a história que Heitor Villa-Lobos, embora tivesse o
talento para a música pulsando em suas veias, teve sua arte
mal compreendida por muitas das platéias às quais se apresen­
tava. N a primeira oportunidade de reger um concerto compos­
to com suas músicas, fora do Brasil, em 1924, na Salle des
Agriculteurs, na França, Villa-Lobos foi vaiado do começo ao
fim. As platéias não estavam preparadas para os acordes ino­
vadores das suas composições —e isso não aconteceu apenas lá,
mas também em todas as outras apresentações que fez na Eu­
ropa. Apesar disso persistiu, e alguns anos mais tarde veio o re­
conhecimento internacional.
Ele poderia ter-se deixado influenciar pela onda negativa
das vaias, poderia ter dado ouvidos à crítica, mas decidiu ser e

40
0 encontro com Satanás no ônibus e o livramento de Deus
------------------------------------------------------------------------ < 9
fazer diferente do que se fazia na música do seu tempo. Deci-
diu sair do rebanho manipulado.
A verdade é que há males que a gente pode minimizar, mas
nunca eliminá-los. Podemos resistir a eles e formar nosso am­
biente em vez de sermos moldados por eles.
O rock e a música popular dominam o mundo; contudo,
você não precisa ser dominado por eles. N ão precisa ter sua
mente estimulada com seus entorpecentes refrões, e seu pen­
samento dirigido por suas letras vazias de inspiração do alto e v
cheias das paixões baixas. Não há como eliminá-los do mun­
do, mas há como anulá-los em sua vida.
Você vencer a si próprio - isto é, suas fraquezas - é a maior
vitória que poderá conseguir.
Lembre-se sempre de uma coisa: a torcida pode vaiar, os
companheiros de jogo podem reclamar, o juiz ameaçar uma
expulsão de campo, mas se você estiver certo de que o que está
decidindo é da vontade de Deus - isso você pode descobrir
com muita oração e leitura da Bíblia - então segure na mão
dEle e avance. A vitória é certa!

O milagre do ônibus
Todo aquele conflito em meu quarto aconteceu no mês de
setembro de 1988.
Eu tinha sentido o desejo de compor um poema onde as
pessoas fossem convidadas a deixar os vícios, e imaginei que
ele pudesse ser lido pelo Pastor Alcides Campolongo no final
de mais uma das suas empolgantes palestras.
Escrevi:

Sinta sua vida começar a mudar


Pare de beber
Pare de fumar
A nossa saúde devemos valorizar

41
Livre das garras do sucesso

Pare de beber
Pare de fumar
Sigam todos esse mesmo exemplo
Pare de beber
Pare de fumar
Pois os vícios só trazem sofrimento
Peça a Deus, Ele pode ajudar
Pare de fumar
Deixe os vícios para lá.

Minha surpresa foi que, quando ele contou às pessoas que


estavam ali que havia recebido alguns versos sobre o assunto,
convidou também o autor - que ele não conhecia - para de-
clamá-los. Gelei. Suei frio. Mas, com alguma insistência, fui à
frente e fiz minha parte. N o final, o Pastor Alcides disse em
público o significado do meu nome. Miguel quer dizer “igual a
Deus” (um dos nomes de Jesus Cristo). Nunca poderia pensar
em ser igual a Deus, mas naquele momento desejei ser dEle.
Foi naquela noite que o diabo me fez a sua oferta, a qual re­
latei anteriormente. Uma semana depois, resolvi visitar minha
namorada e sua família e contar pra eles que havia me torna­
do cristão e estava iniciando uma nova vida.
Foi um encontro difícil. A mãe da moça foi mais com­
preensiva, mas minha namorada e seus irmãos voltaram-se
completamente contra mim.
- Você não pode deixar sua carreira por religião. Vão mu­
dar a sua cabeça! Não faça isso! - diziam eles, inconformados.
- Sinto muito, mas recebi um chamado e não vou virar as
costas para Cristo - afirmei, sem vacilar um só minuto. Estava
realmente decidido a viver uma nova vida, mesmo que isso
custasse meu namoro.
Foi uma despedida triste.
Após ter entrado no ônibus de retorno para casa, assentei-
me e fiquei olhando para o infinito. Pelo reflexo no vidro da

42
0 encontro com Satanás no ônibus e o livramento de Deis

janela, percebí que uma mulher de boa aparência sentou-e


ao meu lado e esbarrou em meu braço. Como ela não pedir
desculpas, continuei olhando para fora, absorto em minhr
tristeza. Contudo, notei que depois que aquela mulher che­
gou, o clima em volta ficou meio pesado. Parecia que havir
algo estranho.
Fixei os olhos no reflexo do vidro mais uma vez e agort,
com mais atenção, notei que de uma primeira aparência d;
beleza, aquela mulher parecia alguém horrível. Seu rosto v
agressivo inspirava um ódio mortal. N ão tive como evitar t
voltei-me para olhar, frente a frente, o ser que estava ao mei
lado. No momento que fiz isso, ela já estava com seus olho;
penetrantes cravados em mim e, com uma voz rouca e malé
fica, disse:
—Vim buscar você. Você me pertence!
Desesperado gritei:
- Senhor, ajuda-me!
Deus nunca fecha Seus ouvidos ao clamor de um filho err
desespero.
Quando Jesus esteve na Terra, Sua missão era fazer as pes
soas entenderem que valia a pena pedir socorro ao Senhor
pois Ele atendería suas necessidades. Milhares de doentes ca-
tivos de Satanás e pessoas desesperançadas corriam para sei
acolhidas em Seus amorosos braços. Uma das experiência:
mais dramáticas relatadas nos Evangelhos é a de um dos Seu:
discípulos: o impulsivo Pedro.
Depois de um dia de muito trabalho, Jesus mandou os dis­
cípulos subirem no barco e atravessarem o grande lago da Ga-
liléia. Disse-lhes que depois os encontraria do outro lado da
margem. Enquanto iam, Jesus subiu ao monte para orar.
O sol se pôs, a noite trouxe consigo uma tempestade e apu­
ros aos discípulos navegadores. Eles estavam ansiosos e em pe­
rigo, até que, por volta das três horas da manhã, Jesus resolveu
fazer uma caminhada noturna andando por sobre as águas do

43
Livre das garras do sucesso
■}------------------------------------------------------------------------------------------------- >■

lago. Não era exibicionismo. Era um teste de fé aos homens


que estavam no barco e uma lição a ser dada a todos nós.
“E um fantasma!” Gritaram desesperadamente. Mas quan-
do Jesus Se identificou, Pedro, querendo fazer uma prova, pe­
diu que, se fosse Ele mesmo, lhe permitisse também sair ao
Seu encontro, andando por cima da água. Jesus consentiu.
Era um quadro insólito. Um barco de pesca no meio de uma
tempestade e dois homens andando, um ao encontro do ou-
tro, por sobre as águas. Contudo, entre Pedro e Jesus se inter­
pôs uma grande onda e a atenção do ambicioso discípulo foi
distraída para o vento feroz e o aparente absurdo da situação.
Conclusão: afundou.
A melhor coisa que você pode fazer para passar firme
no mar encapelado deste mundo é permanecer com sua
atenção fixa em Jesus. Ele é a sua âncora, Ele é a sua bús­
sola. O nosso adversário pode lançar grandes ondas e ven­
tos fortes para arrastar você para o fundo, mas, ao seus
olhos contemplarem o rosto de Cristo, um profundo senso
de segurança irá tomar todo o ser.
Pedro gritou por socorro e Jesus estendeu a mão e o salvou!
Voltando à experiência que tive, no momento em que gri­
tei, pedindo socorro de Deus, uma luz brilhou no interior do
ônibus. Podia sentir que ela iluminava também o meu rosto. A
criatura se consternou toda e tremia muito. Nenhuma pessoa
se movia diante da cena. Estavam como se fossem estátuas. O
inimigo desapareceu e eu, num instinto incontrolável, levan-
tei-me para descer no próximo ponto. Antes que o ônibus pu­
desse parar, saí dele.
Foi tudo muito rápido! Recordo-me que caí na rua, e fui
empurrado para debaixo do ônibus. As rodas passaram perto
de mim, mas eu não senti nada, nem houve qualquer ferimen­
to! Quando percebi, estava numa segunda condução, sentado
e com minha pequena Bíblia aberta. Meus olhos eram como
que conduzidos às passagens de fé e esperança.

44
0 encontro com Satanás no ônibus e o livramento de Deus

A o chegar em casa, encontrei uma estranha movimentação


na rua e em especial na minha residência. Havia muitas pes-
soas tensas, chorando, como se algo terrível tivesse ocorrido.
Passei pelas pessoas que me olhavam com admiração, subi as
escadas e vi minha mãe chorando, com meus irmãos e amigos.
Pensei que houvesse acontecido uma desgraça.
“Filho!” Foi a expressão que saiu da boca de minha mãe. E
aí, todos vieram ao meu encontro.
A notícia de que eu havia sofrido um acidente ao descer do v
ônibus, e que havia sido estraçalhado por ele, chegou até mi-
nha casa antes mesmo de mim (você sabe como notícia ruim
é rápida). Isso tinha causado toda aquela confusão.
Deus é maravilhoso e Seu amor por nós dura para sempre!
Daquele dia em diante, decidi usar toda a minha vida so-
mente para louvar a Deus. Abandonei todos os meus esforços
e sonhos de sucesso musical mundano e passei a reconduzir
minha mente para o louvor ao Senhor. E indescritível o pra­
zer que isso dá. Durante toda a minha vida, pensei que estava
experimentando felicidade. Triste engano. Felicidade de ver­
dade, só senti quando fiz um pacto de paz com Deus.
Paz interior é a coisa mais fantástica que pode existir! Ela
lhe dá um senso de segurança, de certeza, de convicção que
nada pode superar.
Você vive uma vida miserável? Então faça como eu fiz na­
quele dia e clame a Deus em nome do Todo-poderoso Jesus, e
Ele vai lhe dar Sua redentora mão. Vai puxá-lo para fora do
mar que o quer tragar, vai estabilizar sua vida e deixar reinar a
calmaria da verdadeira paz.

45
O dia da entrega
e a perseguição
no trabalho
Livre das garras do sucesso

m meio àquela confusão na minha casa, havia duas


instrutoras bíblicas que trabalhavam no projeto Fa­
mília Feliz, cuja programação eu estava freqüentan-
do, como já contei. Entendendo e sentindo como
nunca a vontade de Deus para mim, e ansioso por me
livrar completamente das garras do diabo, pedi a elas que mar­
cassem meu batismo para a data mais próxima.
Batismo é uma cerimônia de sepultamento. Não uma ceri-
v mônia de iniciação numa igreja. Embora muitas igrejas a usem
para receber oficialmente os novos membros, o fato é que
quando a gente se batiza, dá uma demonstração pública de en­
trega a Deus, e a velha pessoa “morre” nas águas, nascendo a
partir daí um novo homem ou uma nova mulher.
Tive a chance de ser batizado pelo diabo e, se isso tivesse
acontecido, eu poderia ser realmente sepultado, pois ao con­
trário de Deus, ele é a fonte da morte e de toda a desgraça. Isso
é um fato que, de maneira mais disfarçada ou mais explícita,
está presente nas mais variadas tendências musicais de sua ins­
piração. Veja o caso do grupo “Deicide”, que são confessos sa-
tanistas. As primeiras fotos publicitárias do grupo os apresen­
tavam banhando-se em sangue de porco e, em seus shows, che­
gavam a sacrificar animais no palco e jogar as vísceras para a
platéia. O próprio Glenn Benton - líder do grupo - declarou
a jornalistas europeus: “Adoro queimar pequenos roedores, co­
locar fogo em seu pêlo enquanto ainda estão vivos. Gosto de
ver a pele se separando da carne.” Seria isso apenas mórbida
propaganda?
Não há esperança e conforto na música inspirada pelo dia­
bo. Muito menos realização pessoal em suas propostas. Ele é a
fonte da morte, e tudo que sai da sua mente ou daqueles aos
quais inspira é morte também.
Todos os grandes pop stars são solitários, frustrados e vazios
por dentro. Sorriem diante de câmeras, apresentam-se como
cheios de sucesso e porta-vozes de seus admiradores, mas se

48
0 dia da entrega e a perseguição no trabalho

você penetrar no fundo dos olhos deles, perceberá o triste


olhar da escravidão, do vício e da morte.
Jesus é vida. Ele é alegria na diversidade, certeza na in-
segurança, esperança diante da instabilidade. Jesus é a rea-
lização plena em tudo que é bom. Estar perto dEle é estar
perto da vida. Tê-Lo como Senhor é o mesmo que optar
pela vida eterna.
Desejei intensamente a vida. Desejei intensamente Jesus
Cristo, e no dia do meu batismo (24/12/1988) - símbolo da u
minha morte para o pecado e nascimento para uma nova exis­
tência —eu me entreguei completamente a Ele. Fui batizado
pelo Pastor Alcides Campolongo com mais cem pessoas. Pas­
sei a ser membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia e candi­
dato à cidadania celestial.

O livramento do passeio de fim de semana


Quando você se entrega ao Senhor Jesus, surge um desejo
ardente de compartilhar com Ele todas as suas decisões de
vida, por mais simples que elas possam parecer - isso é normal,
pois Ele passa a ser seu melhor amigo e grande confidente.
Poucos dias antes de me batizar, recebi um convite de um
amigo para participar de uma excursão para a praia. A idéia de
Bel, o carteiro que me convidou, era que eu animasse o passeio
cantando músicas populares e recitando poesias para o pessoal.
Prontamente aceitei. Mas, em seguida, veio uma sensação
de desconforto e mal-estar com aquela decisão.
- Bel - falei, voltando-me ao meu amigo que já ia embora
- sinto que algo me diz para não ir à praia com vocês.
- Que nada, Miguel! Vamos lá! Vai ser uma delícia!
Despedimo-nos, mas eu estava cercado de dúvidas.
Quando você tem Jesus, pode recorrer a Ele nas grandes de­
cisões ou até mesmo nas pequenas coisas comuns da vida. S a­
bendo disso, pedi que Deus me ajudasse a decidir e então orei:

49
Livre das garras do sucesso

“Pai, sinto que algo me diz para não ir a essa excursão, mas eu
não sei o que fazer. Não quero deixar meus amigos frustrados.
Senhor, se não for da Tua vontade que eu vá, então me deixa
de cama.” Lembro-me de que pensei comigo: “Se alguma coi­
sa der errado nesse passeio é um sinal de que Deus me quer ser­
vindo a Ele em Seu evangelho.”
N o dia seguinte saí para o trabalho. Chegando lá, meus co­
legas perceberam umas manchas estranhas em meu rosto, pa-
u recidas com sarampo. Fui imediatamente até a enfermaria e o
médico me mandou ficar cinco dias em casa, sem tomar nada
de sol e ficar em repouso absoluto. Perguntei-lhe:
- Não posso ir à praia, doutor?
Ele virou-se para mim e, com um olhar de repreensão, falou
ironicamente:
- Se quiser morrer, pode ir.
Aquilo me soou como um alerta.
Dois dias depois, quando o pessoal voltou de viagem, Ro-
sely e Josuel, guitarrista e arranjador das minhas músicas (as
que eu apresentei na gravadora), vieram me contar como foi o
passeio.
- Miguel - disseram eles - foi muito bom você não ter ido
conosco. Só deu confusão! Houve briga, problemas e, ainda
por cima de tudo, aconteceu uma desgraça: uma pessoa mor­
reu afogada.
Acredite se quiser, mas no dia em que a turma retornou do
passeio à praia, eu não estava mais doente.
Só posso dar glórias ao nome de Jesus, pois fui livrado do
vale da sombra da morte. E como disse Davi no Salmo 23:4 (o
Salmo do Pastor): “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra
da morte, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo; a
Tua vara e o Teu cajado me consolam.”
Ter o consolo de Deus é dizer definitivamente não ao dia­
bo e isso torna você um incômodo para muita gente que está
longe de Jesus.

50
0 dia da entrega e a perseguição no trabalho
-<----------------------------------------------------------------------
A mudança de ambiente no trabalho
Após meu batismo, de um funcionário respeitado e até ad­
mirado pelos colegas, passei a ser alvo de todo tipo de gozação.
Certo dia eu estava descendo ao andar térreo da empresa
para ir ao banco. Ao chegar e entrar na fila, senti que o am­
biente em volta de mim mudou. Um sujeito veio até onde eu
estava, pegou em meu braço e, apertando-o com muita força,
olhou-me fixamente com um olhar de ódio. Foi como se dis- w
sesse de boca fechada: “Vou destruir você! Eu o odeio!”
Minha reação foi atender a uma ordem que veio à minha
mente: “Fale de Mim para ele.” E eu disse: “Jesus te ama. A cei­
ta-O.” Aquela pessoa soltou-me imediatamente o braço e, vi-
rando-se, foi embora.
Alguns dias depois, esse jovem que me apertou o braço na
fila do banco procurou-me e perguntou se eu era evangélico.
Respondi que era um cristão recentemente batizado e pergun-
tei-lhe por que havia feito aquilo comigo na fila do banco. Ele
me respondeu: “Eu sou dos orixás. Sou pai-de-santo e eles o
odeiam, não querem me ver ao seu lado e me mandaram segui-
lo até que você deixe essa idéia de ser cristão.”
Passei por muitas situações difíceis no meu trabalho por
causa da amizade que tinha com Jesus. Minha fé foi testada.
Mas o momento em que tive mais apreensão, foi quando cin­
co colegas de setor aproveitaram a ausência do encarregado
para passar a zombar de mim e do Senhor. Um deles, no calor
das “brincadeiras”, pegou uma corda de náilon e dando uma
volta por trás de onde eu estava, apertou-a ao meu pescoço.
Percebi que a situação estava saindo do controle, pois em seus
olhos havia ódio e da sua boca só saía xingamento contra
mim. Ele estava possesso. Dizia entre os palavrões: “Abando­
ne esse Jesus ou eu mato você.”
Os outros que estavam ali, riam muito e, querendo ver o
circo pegar fogo, colocaram em minhas mãos um estilete para

51
Livre das garras do sucesso
------------------------------------------------------------------------------ ►

que eu rae defendesse, mas o joguei fora. Nesse instante, uma


colega entrou na sala e, vendo e também percebendo o clima
que havia ali, gritou e começou a chorar. Todos pararam.
Como que saindo de um transe, o grupo se desarmou e imedia-
tamente o agressor soltou a corda.
Minha resposta a eles foi um poema que escrevi naquele
instante:

Eu tenho um grande Amigo


Que sempre está comigo;
Muitos não O conhecem
Tão profundamente.

Esse Amigo me livrou


De muitos perigos;
Me livrou também
Daquilo que é um mal
Esse Amigo é sincero e leal.

Alegra-me a todo instante;


O Seu nome é mais poderoso
Que um raio estrondoso.
Ele tem grande poder,
Até mortos ressuscitou.
Como é maravilhoso!

Mesmo Ele sendo violentamente morto


Manteve-Se firme!
E vive vitorioso!
Esse Amigo é meu,
Esse Amigo é seu.

Por todos nós Ele intercede,


Por todos nós ao Seu Pai pede,

52
0 dia da entrega e a perseguigão no trabalho

Por todos nós Ele morreu,


Mas vive! Salva!
Liberta e cura.

Esse Amigo, muitos não procuram.


Sou feliz em Ti, Amigo
E me dou de corpo e alma.
Jesus, Tu és o Amigo
Que mais queria e quero
N a minha vida. Amém!

Depois disso, passei a depender ainda mais de Cristo. A


vida do cristão é assim mesmo: quanto mais fraco ele se sente,
mais se fortalece em Deus e, aí, nada pode derrubá-lo.
Eu queria que Deus me usasse num serviço especial, queria
ser um instrumento em Suas mãos, pois havia me entregado
completamente a Ele.
No final de 1990 Ele ouviu minhas orações.

53
Nas mãos
do
Livre das garras do sucesso
----------- --------------------------------------------- ----------------------

N
o mundo de hoje, parece que só há espaço para as
coisas sobrenaturais que o inimigo opera. As pessoas
acreditam em coisas absurdas como duendes, fadas,
magia negra, mandingas, curas por meio de espíritos
de mortos, astrologia e todas as formas de adivinha­
ção e macumba. Mas quando alguém fala abertamente dos
lagres maravilhosos de Deus, parece que um certo ceticismo
paira no ambiente.
De duas uma: ou Deus não tem tanto poder assim ou as pes­
soas é que estão dessintonizadas e insensíveis às Suas manifes­
tações. Creio que há muito mais lógica em acreditarmos na se­
gunda possibilidade.
Não sou diferente de nenhuma pessoa, mas tenho tido ex­
periências maravilhosas com o Senhor e, a cada momento que
me firmo ainda mais nelas, percebo que abro caminho para ou­
tras de maior significado.
Fazer distinção entre a música que Deus aprova e aquela
que não é inspirada por Ele, não é tão difícil assim. Quando
você está sintonizado com as coisas do Céu, é natural que
sua inclinação e percepção se voltem para elas. Isso faz com
que qualquer coisa fora disso pareça estranho. Contudo,
hoje em dia, as pessoas praticamente só recebem influências
das coisas baixas de Satanás. Talvez você possa comprovar
isso analisando seu dia. Logo que levanta da cama, os pri­
meiros pensamentos são referentes às inúmeras tarefas que o
aguardam durante o dia. O café da manhã é tomado às pres­
sas (quando é tomado) e entre os solavancos do ônibus, os
congestionamentos dos cruzamentos e o terrorismo do reló­
gio, que insiste em continuar andando, você tem seus pen­
samentos cativos no estresse, nas dificuldades que agora são
ainda aumentadas e no cansaço que já é grande. Alguns ain­
da ficam sintonizados nas notícias desanimadoras dos jor­
nais e em suas esperanças desfeitas.
O trabalho mal se inicia e já parece que o dia está acaban-
Nas mãos do sucesso

do. A noite vem em seguida e você está diante da TV, imóvel


e sonolento, resistindo ao sono que quer recuperar você.
Responda-me, sinceramente: durante o dia, você aceitou e
sofreu quase que passivamente o esquema de um mecanismo
social, político e econômico montado só para o oprimir. Em
que momento você abriu um espaço para ouvir e sentir a von­
tade de Deus?
Mais uma pergunta: se durante esse dia louco, você, em
seus raríssimos momentos vagos, buscou as emoções dos filmes \t
de violência e romantismo barato, entreteve-se com progra­
mas de auditório de quinta categoria, ouviu as já comentadas
notícias desesperadoras dos jornais e principalmente curtiu um
som marcante e excitante como o do rock e da música pop,
quais são as chances de você ter o gosto apurado para as coisas
de Deus?
Música divina é sensibilidade, música do mundo é excitação.
N ão quero dar uma lista de músicas que você deve ou não
ouvir, mas através do Espírito Santo sua consciência espiri­
tual terá mais força para continuar nEle, e isso vale para to­
das as áreas da vida. Mais adiante darei algumas dicas que
poderão ajudar.

A mulher que viu meu anjo


Quando você se desilude com um sonho, só um novo sonho
pode superar as frustrações.
Sonhei a vida toda em fazer música e ter muito sucesso nis­
so. Só que agora eu não podia acreditar que tinha gasto tanto
tempo e energia em um empreendimento que era sem sentido,
que não daria em nada a não ser numa vida inútil. Esse era o
ponto! Eu queria ser útil, ajudar as pessoas, queria fazer algo
que me aproximasse de Deus, que me deixasse ligado às coisas
dEle e que realmente contasse para a vida eterna.
Mudar o estilo e fazer música gospel não me realizaria, pois

57
Livre das garras do sucesso
f 1-------------------------------------------------------- ►
tinha absoluta certeza de que estaria da mesma forma me ilu­
dindo - a música “religiosa” que faz sucesso é, muitas vezes, tão
mundana como qualquer outra.
Como comentei anteriormente, em 1990 tive a oportuni­
dade de fazer algo que nunca pensei antes: ser um representan­
te de literatura religiosa.
O despertamento para esse chamado aconteceu de forma
curiosa. Dois anos antes, um moço pediu à minha mãe para ela
1 1 fazer o favor de guardar uma caixa lá na garagem de casa. Dei­

xou a caixa dizendo que era só por algum tempo, mas sumiu e
nunca mais voltou para buscar o que era seu. Muito tempo de­
pois, mexendo nas coisas da garagem, abri essa caixa e encon­
trei ali dentro vários folhetos falando sobre a volta de Jesus, al­
gumas Bíblias e um livro por título “O Colportor-Evangelista”
- colportor é uma palavra de origem francesa e quer dizer: ven­
dedor de livros. Abrindo o livro, vi uma figura que me chamou
muito a atenção: era uma pintura de um colportor jovem que
tinha ao seu lado um anjo apontando para uma cidade a ser
evangelizada. Aquele quadro gravou fundo em meu pensa­
mento.
Meses depois, num sábado de manhã, fui assistir ao culto
em minha igreja e lá estava um jovem senhor que dirigiu o cul­
to. Em sua mensagem fez um apelo para que se alguém sentis­
se o chamado para uma obra divina, seria bem-vindo à missão
de colportor-evangelista. Naquela manhã eu e um amigo deci­
dimos atender ao chamado e fazer o trabalho.
Foi um período incrível na minha vida! Sentia Deus ao
meu lado! Dependia completamente dEle e passei por expe­
riências inesquecíveis. Logo no primeiro dia que saí para tra­
balhar, presenciei o livramento do anjo do Senhor.
Eu e um companheiro estávamos visitando algumas casas
no Jardim Selma, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo.
Após ter tocado a campainha de uma residência, meu amigo
entrou no quintal da casa, achando que seria melhor visto pela

58
Nas mãos do_________
__________________________________________________ sucesso •'

moradora. No meio do seu caminho, cinco ferozes cães saíram


ao seu encontro sem que houvesse tempo para ele reagir. A
única coisa que pôde fazer foi gritar. Naquele instante eu fiz ra­
pidamente uma oração: “Senhor, livra-nos dessas feras como o
Senhor fez com Daniel na cova dos leões.” Inexplicavelmen­
te, um a um os cachorros foram se deitando perto de nós e fi­
cando como se estivessem dormindo profundamente.
A senhora que morava na casa perguntou assustada como
tínhamos conseguido entrar ali sem ser mordidos, pois os \t
animais eram realmente muito bravos. Demos o nosso teste­
munho e ela comprou nossa literatura.
Todos os dias somos livrados pelas mãos amorosas de Deus.
Um quase atropelamento, o livramento de um assalto ou sim­
plesmente o apoio certo diante de um escorregão. Para os mais
céticos isso tudo é obra do acaso, mas a Palavra de Deus diz:
“Pois sabemos que todas as coisas trabalham juntas para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles a quem Ele chamou de
acordo com o Seu plano.” Romanos 8:28.
N a verdade, o apóstolo Paulo está dizendo que quando a
pessoa entrega a vida a Deus, ela passa a ser cuidada por Ele
nos mínimos acontecimentos e nos grandes livramentos. Não
é predestinação; é o plano do Pai sendo executado sob a per­
missão da pessoa. Eu permiti que Ele controlasse minha vida e
mostrasse Seu plano para mim. Um dia o inimigo quis tomar
o controle dela, mas Jesus havia vencido a batalha e eu passa­
ra a ser dEle. O anjo do Senhor estava comigo! Há muitas tes­
temunhas que viram esse maravilhoso anjo.
Um dia eu estava trabalhando com um grupo de colporto-
res na região de Registro, interior de São Paulo, e não estava
me sentindo muito seguro no trabalho.
Procurei tirar alguns momentos para afastar-me do grupo
e procurar forças na oração. Pedi a Deus que me ajudasse,
pois eu estava fraco e achando-me incompetente. Depois
saí ao trabalho e logo na primeira casa não fui bem recebi-

59
_ Livre das garras do sucesso
----------------------- -------------------------------------------------------- ►

do. Um a criança veio me atender dizendo que a mãe não


poderia falar comigo. Achando a menininha muito simpá-
tica, me entretive com ela por alguns instantes e nesse mo­
mento o telefone da casa tocou. A mãe da criança passou
perto da porta em direção ao telefone para atendê-lo e, ao
me ver, olhou-me com profunda admiração. Ela ficou pri­
meiramente atônita e depois começou a chorar. Chorava de
tal forma que não conseguia dizer nada. Constrangido saí,
\t dizendo que voltaria depois.
No dia seguinte toquei a campainha da casa e, ao me ver, a
senhora novamente começou a chorar. Essa situação se repe­
tiu por mais outra vez e eu não tinha nenhuma dúvida de que
algo muito estranho estava acontecendo. Pedi aos meus cole­
gas que orassem pelo caso e decidi visitá-la pela última vez.
- Moço - disse ela, com dificuldade - eu estou com minha
vida completamente desgraçada! Meu marido me abandonou,
estou passando por desespero e planejava pôr um fim em mi­
nha vida e na vida de meus filhos. No dia em que você veio
aqui pela primeira vez, ao olhá-lo, vi ao seu lado um grande
anjo. Ele me olhava e fazia um sinal de “não” para as intenções
que eu tinha em mente. Não pude resistir e chorei. Nos outros
dias tudo se repetiu e, hoje, não quero mais fazer aquela lou­
cura que estava decidida a praticar.
Lembro-me de que ela agradeceu muito, perguntou quanto
custavam meus livros e fez o pagamento, mas não quis ficar
com todos eles, pois já tinha em sua estante alguns dos livros
que eu havia ofertado.
Você também tem um anjo do Senhor ao seu lado. Agrade­
ça a Deus por ele.

O homem que me viu na TV


Eu estava trabalhando com um companheiro na colporta-
gem. Ele de um lado da rua e eu do outro. As coisas estavam

ÓO
Nas mãos do sucesso

dentro da rotina diária, até que um senhor saiu da sua casa e


veio ao meu encontro.
- Ei, moço! Gostaria que você fosse até minha casa, pois eu
já o conheço pela TV - disse ele com uma convicção que me
deixou embaraçado, e ainda completou: - Você disse na TV
que iria visitar-me e falar sobre saúde.
- Senhor, deve haver algum engano, porque eu nunca apa-
reci na TV e nem sei onde é a sua casa.
Mas a insistência dele foi tão grande, que não pude evitar, w
Meu colega veio do outro lado da rua e, curioso, quis ver no
que tudo aquilo iria dar.
Entramos na casa e aquele homem pediu à sua esposa
para preparar alguma comida para nós. Durante todo o tem­
po ele insistia que havia realmente me visto na TV, dizen­
do que iria levar livros sobre saúde para ele conhecer. Ele
comprou vários dos nossos livros e ainda disse que visitaria
nossa igreja na cidade.

O conceito de sucesso
Você acha que Deus não pode também fazer coisas incríveis
em sua vida? Pode sim! Ele quer fazer tudo que for preciso para
você ter sucesso.
Hoje o conceito de sucesso é algo completamente desvir­
tuado. Para a maioria esmagadora dos quase 7 bilhões de pes­
soas que vivem no mundo, essa palavra está associada à obten­
ção de posses materiais, juntando ao redor de si tudo o que a
propaganda e a sociedade consumista dizem ser bom e útil. Su­
cesso para eles é estar em cima de palcos, ter as câmeras volta­
das para eles mesmos, sobressair da média, custe o que custar.
Mas isso sem Deus é fracasso, é euforia que antecede a agonia.
Diz a Palavra de Deus: “Melhor é o pouco havendo o te­
mor do Senhor, do que grande tesouro onde há inquietação.”
Provérbios 15:16.

Ó1
Livre das garras do sucesso
--------------------------------------------------------------------------------►

Não existe sucesso verdadeiro sem paz com Deus. Não exis­
te paz com Deus sem obediência. Não existe obediência sem
humildade. Não existe humildade sem lutas contra nossa pró­
pria natureza orgulhosa. Isso quer dizer que sucesso, na ótica
de Deus, é vencer os falsos conceitos do mundo e, principal­
mente, a nós próprios. E sujeitar nossas ambições à Sua vonta­
de, é conduzir nossos passos em Seus caminhos, é vencer onde
o mundo fracassa, e finalmente é herdar a vida eterna, onde
v tudo aquilo que as pessoas mais buscaram durante seus poucos
e vãos anos de vida na Terra estará à disposição dos filhos de
Deus para toda a eternidade.
Sucesso é viver uma vida com Jesus!
Hoje, vivo uma vida de realização e certeza. Deus me pro­
porciona tudo o que preciso para vencer cada dia. Mesmo com
lutas, momentos de provação e muitas vezes lágrimas. Ele tem
sido meu braço forte, tem sido a mão que não falha nas horas
difíceis e tem me levado a repousar na certeza da Sua miseri­
córdia. Tenho minha família e vivo muito feliz.
Praticamente, todas as semanas visito escolas e igrejas para
contar a minha experiência e de como escapei das garras do
sucesso do diabo. Falo do amor de Deus e tenho ajudado, com
o meu testemunho, muitos jovens que estão na mesma situa­
ção de decisão em que eu estive alguns anos atrás.
Deixo sempre a certeza de uma coisa: nada pode valer mais
do que a vida eterna. Estamos nos últimos momentos da his­
tória deste mundo e, logo mais, quando Jesus estiver regressan­
do nas nuvens do céu, aqueles que foram fiéis a Ele, nos passa­
geiros anos desta vida, receberão essa maravilhosa e indescri­
tível recompensa. Isso é que é sucesso!

Ó2
Música
em perguntas
e respostas
Livre das garras do sucesso
' ■------------------------------------------------------------------------------- ^

A
intenção deste livro está longe de ser a resposta fi-
nal sobre o que é certo ou errado na música. Trata-
se de um testemunho pessoal, um estímulo ao pen­
samento e um incentivo a se ter uma opinião pró­
pria sobre o tema.
Esta última parte é dedicada às perguntas mais comuns que
surgem na mente das pessoas ao se falar em música. As respos­
tas foram apoiadas nas muitas literaturas, entrevistas e maté-
u rias sobre o assunto. Contudo, sua própria experiência pessoal
pode enriquecer essas questões e dar ainda mais sentido às res­
postas.

I Deus e o diabo podem usar a música


JL para atrair pessoas?
Sim. Todos os meios de comunicação são usados por ambos
os lados para conquistar nossa mente. Para entender isso me­
lhor, temos que nos lembrar, sempre, de que estamos numa
guerra espiritual de dimensão universal. Satanás vem como la­
drão para destruir e matar, mas Jesus vem para salvar. A Bíblia
fala sobre isto da seguinte forma: “O ladrão vem somente para
roubar, matar e destruir; Eu vim para que tenham vida e a te­
nham em abundância.” João 10:10, ARA.
O ponto fundamental nesta guerra é a nossa decisão. N e­
nhum dos dois lados pode tomar a decisão por nós. Eles podem
usar influência, oferecer recompensas; podem se esforçar ao
máximo para decidirmos, mas não podem ir além da nossa de­
cisão. Nesta questão, Deus chega quase que suplicar por uma
escolha consciente e inteligente de nossa parte. A Bíblia regis­
tra Seu apelo às pessoas: “Neste dia chamo o céu e a terra
como testemunhas contra vocês. Eu lhes dou a oportunidade
de escolherem entre a vida e a morte, entre a bênção e a mal­
dição. Escolham a vida, para que vocês e os seus descendentes
vivam muitos anos.” Deuteronômio 30:19.

64
Música em perguntas e respostas
#
Deus não pode usar alguns dos meios de Satanás para levar
você a decidir-se. Ele não pode mentir, enganar, ludibriar, usar
meios ilícitos, disfarçar, enfim: Deus não pode oferecer uma
coisa e entregar outra. Ele é a plenitude da verdade, da vida e
do amor. Quando Ele usa um meio de comunicação com você,
não pode manipular esse meio para enganá-lo. O mal é algo
completamente desconhecido na personalidade de Deus - em­
bora seitas espiritualistas e a Nova Era digam que o Bem e o
Mal são partes do mesmo todo que compõe aquilo que cha- v
mam de deus. A verdade é como o óleo que não se mistura
com a água, pois não existe a menor possibilidade de união en­
tre o Bem e o Mal.
Quando Deus inspira um compositor ou cantor com Sua
música, essa música nunca leva a marca do sexo distorcido,
das tendências animalescas e da conivência com o erro. Ela
não é hipnótica e não possui mensagens que induzem às
práticas ruins.
A música de Deus nos chama a uma escolha. Ela mostra o
Seu incrível amor por nós e toca no fundo do nosso ser. A mú­
sica de Deus é um instrumento do Espírito Santo para nos
conduzir à vida eterna. Ela nos leva ao arrependimento, nos
leva ao encontro com Jesus.
A música do diabo é o oposto.

Como distinguir a música de origem


► divina da de origem demoníaca?
A música não impõe sentimentos; ela os propõe. É aí que
tudo fica mais complicado, porque se ela impusesse sentimen­
tos não seria sedutora e nem um pouco desejada. Mas como os
propõem, ela precisa ter requintes de sedução ou de convenci­
mento; precisa articular seus recursos para atingir em cheio
nossas emoções ou raciocínio, no sentido de torná-los acessí­
veis aos seus apelos. Partindo desse ponto, fica mais fácil você
Livre das garras do sucesso
f------------------------------------------------------------------------------------------------- ►

analisar qual música é de origem divina e qual aquela monta­


da como uma armadilha pelo diabo.
A primeira condição para uma análise correta é você per­
ceber a proposta da sua letra. Analise se o poema é cheio de
apelos ao vício, libertinagem ou qualquer outra coisa que pos­
sa afastá-lo da vontade de Deus para a sua vida. Analise ainda
as expressões que são usadas nele (muitas vezes estão embuti­
dos nomes de entidades satânicas, como o Ilariê - nome de de-
w mônio especializado em crianças da seita do candomblé, can­
tado repetidamente em coro num dos sucessos de uma famosa
apresentadora infantil). Isso torna uma aparente “musiqui-
nha” de criança numa invocação aos espíritos maus.
Além da letra, analise a música em si. Veja se sua melodia
e ritmo produzem bem-estar ou se sua proposta é de desconfor­
to, excitação ou hipnotismo.
A música inspirada por Deus se baseia em propostas que vi­
sam a mudar nossas tendências do mal para o bem. Ela apela à
razão e depois produz o mais puro e verdadeiro sentimento.
Deus usa a música para basicamente dois aspectos: levar
cada um de nós a ter um verdadeiro espírito de adoração ao
Seu nome e a sentir o desejo de mudança nos rumos errados
da nossa vida.
N a cabeça de muita gente, toda essa questão de louvor não
passa de uma exigência totalitária de um Deus tirano. Mas esse
enfoque está completamente errado, pois apenas Satanás im­
põe adoração de maneira tirânica.
O apóstolo João deixa bem claro quando afirma que “Deus
é amor” (I João 4:8). Se Deus é amor, Ele não pode exigir lou­
vor, pois, ao fazer isto, estaria contrariando a condição básica
do amor, que é a espontaneidade da sua expressão. Deus não
fica feliz com louvores falsos ou impostos. Agora, devemos le­
var em conta que os maiores beneficiados de um verdadeiro
louvor ao Senhor somos nós mesmos.
O ato de louvar nos torna mais seguros e resistentes às pro-

óó
Música em perguntas e respostas

vações da vida. Davi sabia disso muito bem e escreveu num


dos seus salmos: “Confio em Deus e O louvo pelo que Ele tem
prometido; confio nEle e não terei medo de nada. O que po­
dem me fazer simples seres humanos?” Salmo 56:4. Você pode
ter a mesma experiência do salmista.
Louvar é uma demonstração de confiança em Deus e amor
a Ele. Quando louvamos nos ligamos à Fonte da vida e do
amor e, em contrapartida, recebemos de Deus forças para su­
perarmos as dificuldades diárias e os obstáculos que se inter- v
põem em nosso caminho.
Muito tempo antes de Jesus morrer na cruz, o povo de Israel
tinha orientações de Deus quanto a um sistema de adoração
que envolvia a purificação dos pecados do adorador. Numa ce­
rimônia realizada no antigo Templo, milhares de pessoas da
nação iam diariamente oferecer um cordeirinho ou novilho
como sacrifício de sangue pelo perdão dos seus pecados. Esse
sangue derramado do inocente animal era um símbolo do san­
gue de Jesus Cristo, que seria oferecido pelos arrependidos pe­
cadores do mundo todo e de todas as gerações. Com o passar
dos anos, esse ritual que tinha por objetivo tornar vivas ao pe­
cador as conseqüências terríveis do seu pecado - o sangue de
um inocente seria derramado por causa da sua opção em con­
trariar a lei de Deus - tornou-se uma macabra carnificina sem
nenhum sentido, pois as pessoas o faziam por costume, tradi­
ção e até como identidade nacional, mas sem um sentimento
verdadeiro no coração. Deus Se expressou a esse respeito da
seguinte forma: “Eu não quero todos esses sacrifícios que vocês
Me oferecem. Estou farto de bodes e de animais gordos quei­
mados no altar; estou enjoado do sangue de touros novos, não
quero mais carneiros nem cabritos.” Isaías 1:11. A vontade de
Deus não era ver o sangue desses animais, mas sim o desejo dos
Seus filhos de alcançar perdão.
N a verdade, o que mais agradava ao Senhor era o louvor
verdadeiro. Tanto é que havia naquela época um tipo de sa-
Livre das garras do sucesso

crifício muito especial, o de louvor. Esse tipo de sacrifício


era tão autêntico quanto o de sangue e, mesmo séculos de­
pois de ser instituído, era válido e reconhecidamente aceito,
isso numa época em que não tinha mais sentido matar um
cordeiro, pois o verdadeiro Cordeiro que tira o pecado do
mundo já havia sido oferecido em nosso lugar. Paulo se re­
feriu a esse sacrifício em suas recomendações aos hebreus,
dizendo: “Por isso, por meio de Jesus Cristo, ofereçamos
\r sempre louvor a Deus. Esse louvor é o sacrifício que apresen­
tamos, a oferta que é dada por lábios que confessam a sua fé
nEle.” Hebreus 13:15. Paulo diz claramente neste verso que,
quando louvamos, estamos nos fortalecendo e testemunhan­
do da nossa fé em Deus. Mas onde é que fica o sacrifício nes­
sa história? Afinal de contas, temos uma visão do louvor
como algo bom, gostoso de ser feito e ligado a momentos
agradáveis. Mas nem tudo é assim. O verdadeiro louvor,
aquele que é um sacrifício aceitável perante Deus, brota do
fundo da alma nas horas de insegurança e dificuldades.
Quando tudo parece ruir debaixo dos seus pés, quando a si­
tuação é terrível e todas as pessoas dão razão às suas lamen­
tações, neste exato momento, quando parece mais do que
justificável protestar, reclamar e até desanimar, Deus espera
ansiosamente por um sacrifício de louvor.
E sacrifício, pois ninguém imagina que em situações difíceis
alguém vai se lembrar de louvar a um Deus que parece alheio
ao sofrimento de um filho. Entretanto, quando a fé é exercida
nesse sentido e nós permitimos que o Espírito de Deus nos
conduza a essa reação antinatural devido à nossa natureza hu­
mana, o Senhor nos aceita imediatamente como estamos e,
como um Bom Pastor, trata dos machucados e debilidades pre­
sentes em nossa vida.
Da próxima vez que você estiver passando por lutas e difi­
culdades (mesmo aquelas aparentemente comuns do dia-a-
dia), lembre-se de louvar a Deus com agradecimentos e lindas

68
Música em perguntas e respostas
------------------------------------------------------------------------------

músicas, e você verá a incrível mudança que ocorrerá em você


e nas circunstâncias.
Além do louvor, a música inspirada por Deus nos faz re-
fletir sobre a necessidade de mudanças no rumo da vida que
levamos. Ela aponta para o amor de Deus, Seu sacrifício,
para as esperanças da vida eterna e também para o caráter
de Jesus. Quando nos deparamos com esse caráter, vemos
que precisamos mudar completamente os rumos da nossa
existência, e que não podemos continuar vivendo da manei- v
ra como vivemos.
A música de Deus nos dá um senso de conversão e de reen-
contro com valores eternos. Ela nos anima a mudar.
Se você entende esses aspectos, conseguirá distinguir clara'
mente a música que não vem do Céu, aquela que vicia, que
torna você cada vez mais escravo do pecado e do erro, mais in­
sensível aos apelos do Pai. Rejeite essa música.

3 Existem instrumentos adequados e não


adequados para usar em música sacra?
Antes de chegarmos à conclusão dessa pergunta, temos que
entender o que é um instrumento. Instrumento é o mesmo que
“ferramenta”, algo que se usa para facilitar um trabalho ou tor­
ná-lo possível. As pessoas usam ferramentas ou instrumentos
para fazerem quase tudo. Eloje em dia, o instrumento de maior
sucesso é o computador. Mas mesmo ele usa instrumentos, que
são os programas, para funcionar ou gerar seus resultados.
É impossível imaginar que um bom marceneiro conseguirá
construir um armário sem chaves de fendas, plainas e martelos.
É impossível imaginar que um cirurgião fará sua operação sem
um bisturi ou sem os equipamentos que existem nos hospitais.
Dessa forma, como poderiamos fazer música sem instrumentos?
A voz humana é o mais fantástico instrumento musical,
pois ela tem características exclusivas que permitem reprodu-


Livre das garras do sucesso
*------------------------------------------------------------- -------------------►

zir uma infinidade de sons (as vibrações que saem das cordas
vocais) nos mais diferentes tons e timbres. As pessoas podem
usar a voz para emitir sons agudos ou graves, fortes ou fracos e
em ritmos variados. Dizem que até mesmo quando se fala exe­
cuta-se música - a musicalidade da língua.
Não é apenas o ser humano que produz sons. A natureza faz
isso também. A chuva na mata e no lago, os insetos, os ani­
mais, as plantas ao agitar do vento, o vento entre as monta-
1 1 nhas. Quase tudo à nossa volta é som. Contudo, somente nós,

seres humanos, fazemos instrumentos para gerar música que


expresse nossas emoções.
Cada instrumento musical tem sua característica e produz
uma sensação em quem o ouve. Uns executam lindas melo­
dias; outros, mais versáteis, executam melodias e acompanha­
mentos. Há ainda aqueles que são próprios para acentuar os
ritmos marcados - os chamados instrumentos de percussão.
Sabemos que cada instrumento produz uma combinação
particular de ondas sonoras (ondas de vibração) e, por cau­
sa das suas características físicas, cada som sai com um tim­
bre diferente. E por isso que uma clarineta tem som diferen­
te do violão.
A Bíblia diz que o ancestral dos músicos instrumentistas foi
Jubal (Gên. 4:21). Ele era descendente da sétima geração de
Caim, filho de Adão (aquele que assassinou o irmão, Abel).
Jubal era especialmente hábil na flauta e harpa. A citação bí­
blica dá a entender que foi ele quem criou os primeiros mode­
los desses instrumentos musicais e, provavelmente, muitos ou­
tros; além, obviamente, de muitas músicas.
A Bíblia diz que os instrumentos criados por Jubal foram
posteriormente usados até na adoração do Deus Vivo. “A Ti, ó
Deus, eu cantarei uma nova canção; tocarei harpa de dez cor­
das e Te cantarei louvores.” Salmo 144:9. Mas é interessante
notar que a própria Bíblia diz que o mesmo instrumento musi­
cal era usado por pessoas que viviam distantes de Deus e ti-

70
Música em perguntas e respostas
-<-------------------------------------------------------------------------------------------------(

nham nessas ferramentas uma forma de seduzir outras pessoas.


E o caso da figura que Isaías usa, profeticamente, para a cida­
de de Tiro - importante centro comercial do seu tempo e tam­
bém um grande centro de idolatria e paganismo, onde pessoas
de todas as partes se “prostituíam” com suas seitas apóstatas. O
profeta escreveu: “O prostituta, esquecida por todos, pegue a
harpa e dê voltas pela cidade. Toque música bonita e cante as
suas canções, para que todos se lembrem de novo de você.”
Isaías 23:16. Por que você acha que o profeta usou essa figura v
para se referir a Tiro? Logicamente, porque era comum em seu
tempo existir prostitutas que andavam por certos pontos da ci­
dade tocando harpas e fazendo música para seduzir. E que tipo
de música era essa?
Ezequiel, profeta contemporâneo de Isaías, tinha dificulda­
de para ser ouvido pelo rebelde povo do seu tempo. Suas men­
sagens eram recebidas por eles de maneira completamente dis­
plicente. Sobre esse assunto, certa vez Deus disse a ele: “Para
eles você não passa de um cantor de canções de amor ou toca­
dor de harpa.” Ezequiel 33:32. Analisando por esse verso de
Ezequiel, as prostitutas certamente cantavam canções de amor
e acompanhavam suas cantorias com a harpa. Tocavam e can­
tavam músicas levianas.
Você acha que um instrumento que era usado para seduzir
pessoas à prostituição poderia ser usado para louvor a Deus?
Certamente que sim!
Quando Salomão construiu o maravilhoso Templo a Deus
na cidade de Jerusalém, fez uma grande cerimônia para o mo­
mento em que a arca do concerto deveria ser introduzida pe­
los sacerdotes no lugar santíssimo (o último compartimento
do Templo e onde se manifestava visivelmente a glória de
Deus). Nessa ocasião, uma grande orquestra de cento e vinte
sacerdotes instrumentistas e outros sacerdotes cantores prepa­
raram o clima de reverência e o espírito do povo para o impor­
tantíssimo momento que estavam presenciando. Assim diz a

71
Livre das garras do sucesso

Palavra de Deus: “A í todos juntos começaram a tocar as trom-


betas e a cantar em voz alta para dar graças a Deus, o Senhor,
e O louvarem. Com acompanhamento de trombetas, pratos e
outros instrumentos musicais, eles louvaram a Deus e canta­
ram assim: ‘Louvem a Deus, o Senhor, porque Ele é bom, e
porque o Seu amor dura para sempre.’ Quando os sacerdotes
estavam saindo, uma nuvem encheu o Templo de Deus, o S e­
nhor, com a glória do Senhor.” II Crônicas 5:13 e 14-
Deus nunca recomendou que um instrumento pudesse ser
usado para louvar Seu nome e o outro não. Ele nunca disse
coisa do tipo: “N ão usem nos cultos harpas, pois as prostitutas
também as usam pelas ruas.” Ou ainda: “Não usem trombetas
e pratos, pois são muito barulhentos.”
O fato é que tudo que cantamos ou tocamos para louvar a
Deus é completamente imperfeito e indigno em si próprio. A
única coisa que pode validar nosso louvor é um verdadeiro es­
pírito de adoração ao nosso Pai. A Bíblia ensina que: “Você
pode pensar que tudo o que faz é certo, mas o Senhor julga as
suas intenções.” Provérbios 16:2. Em outras palavras, Deus pe­
netra no mais profundo e escondido lugar do seu coração e
avalia você pelas suas verdadeiras emoções.
Se você, em seu quarto, toca no saxofone uma música
para louvar verdadeiramente o nome do Senhor, Ele a acei­
ta da mesma forma que a tocada no órgão de tubos da impo­
nente catedral.
Tudo depende de que espírito reina em sua vida naquele
momento. Será que esta condição também é válida para ins­
trumentos como guitarra elétrica e bateria?
Há inúmeras igrejas atualmente que incorporaram nos seus
cultos, momentos de louvor, em que instrumentos usados nor­
malmente pelas bandas de rock e música popular, fazem parte do
acompanhamento de corais, conjuntos, solos ou dos hinos con-
gregacionais. Outras igrejas não admitem que esses instrumentos
entrem em seus cultos, dizendo que são instmmentos de Satanás.

72
Música em perguntas e respostas
#
Segundo a visão que tivemos nos versículos citados, se­
ria correto dizermos que a bateria ou a guitarra são instru­
mentos do mal? Logicamente que não! O mal não está ne­
les, mas sim nas pessoas que os tocam, e também na manei­
ra como são tocados.
Ninguém diria que o piano é um instrumento indigno de
estar numa igreja, mas o que dizer quando analisamos a his­
tória e vemos que ele era o mais popular instrumento tocado
nos saraus, cabarés, salões de dança e lugares mundanos do v
passado? Que astros do blue, jazz e rock o usam nos seus su­
cessos? O que dizer do rock embalado por Elton John em seu
piano de cauda?
Não faz muito tempo, estive numa igreja - na verdade um
pequeno barracão erguido num distante bairro da região me­
tropolitana de São Paulo - onde o louvor era acompanhado
por três cavaquinhos e um violão. Havia reverência ali e mú­
sica inspiradora.
Os contrastes até aqui apontados servem para chegarmos a
outra conclusão. Qualquer instrumento pode ser um desrespei­
to à presença de Deus ou uma boa ferramenta de adoração (a
voz humana está incluída nisto também) se for usada com de­
cência. Sobre esse assunto, Paulo escreveu aos coríntios, quan­
do fez diretas referências à forma de condução das reuniões re­
ligiosas, no seguinte alerta: “Portanto, façam tudo com decên­
cia e ordem.” I Coríntios 14:40.
Decência e ordem são as condições básicas para as reuniões
na igreja serem proveitosas. Neste prisma, uma música em que
o guitarrista faz sons frenéticos e dissonantes, onde o som pode
ser escutado no outro quarteirão, não é uma música decente
nem ordeira. Da mesma forma, quando o baterista marca o rit­
mo constantemente a ponto de transformar um hino num ba­
tuque tribal, ou o grupo musical numa banda de danceteria.
Outro aspecto importante é o do bom senso. Pessoas di­
rigidas pelo Espírito Santo são cheias de equilíbrio, e isto se

73
Livre das garras do sucesso
------------------------------------------------------------------------------ > .

reflete na música que fazem, pois é claro que elas sabem o


que fica bem e em que momento fica bem. Neste raciocínio,
é óbvio que nem sempre a bateria é indispensável e que, nal-
guns momentos, basta apenas leves toques nos pratos para
embelezar o louvor. Essas pessoas são capazes de olhar para
uma guitarra sem nenhum preconceito. Mas, ao mesmo
tempo, sentir qual a música em que melhor cabe o seu som
e o timbre das suas notas.
O que definitivamente não se pode fazer é colocar o gosto
pessoal como a única forma de avaliação do que se deve tocar.
N ão é porque eu sou apaixonado por percussão, que vou trans­
formar o mundo ao meu redor numa imensa bateria. Isto seria
falta de decência e ordem. Seja qual for o instrumento que
você tocar, lembre-se de que ele será sempre o segundo instru­
mento a ser tocado, pois o primeiro é você. O instrumento que
Deus mais ama e que sempre quer tocar!

Tirando a música sacra, todos


os outros tipos de música são ruins?
Não. Mas desde que você saiba escolher. E escolher não é
coisa muito fácil hoje em dia.
Estamos vivendo numa sociedade onde cada vez menos as
pessoas têm alguma chance de superar a inacreditável força
dos formadores de opinião (TV, rádios, jornais, agências de pu­
blicidade, entre outros). Num comentário amplo, poderia ser
dito que o público gosta e deixa de gostar de quase tudo o que
convém ao sistema. São massa de manobra.
O anúncio diz “beba”, então se bebe. A moda diz “vista”,
então se veste. A indústria fonográfica diz “ouça”, então se
ouve. Essa “escravidão” consumista cria uma sociedade um
tanto despersonalizada, um público que, muitas vezes, nem co­
gita a possibilidade de questionar fortemente aquilo que lhe é
oferecido e que agradece quando alguém escolhe por ele.

74
Música em perguntas e respostas
~<-----------------------------------------------------------------------m
Ávida por novidades intensas - característica bem comum
de quem está insatisfeito e frustrado - a pessoa envolvida nes­
sa teia não desenvolve um senso crítico, alerta e atuante em
todos os ângulos da sua vida. Quando menos espera, está assis­
tindo ao programa-lixo da TV na ansiedade de descobrir, no
próximo quadro, algo que lhe preencha o vazio, ou então ou­
vindo uma música que lhe dê algum prazer.
Seja você o senhor da sua escolha. Não permita que a má­
quina do marketing escolha por você, que ela dite suas prefe- v
rências. Coloque-a no seu devido lugar: uma divulgadora de
opções.
Aqui vão algumas sugestões para você escolher bem a mú­
sica que lhe trará verdadeiros benefícios:
1. Se a música for acompanhada de uma letra, procure ana­
lisar racionalmente a mensagem que ela transmite. Com­
preenda o que realmente está sendo cantado e como isso exer­
cerá influência sobre você. Se essa letra fala apenas de roman­
ce vazio, sexo, drogas, satanismo, agressividade ou simples­
mente não diz nada, então é melhor você fechar os ouvidos
aos três ou quatro minutos de péssima influência que ela esta­
rá lhe comunicando, mesmo que o ritmo seja envolvente.
2. Se tiver condições, analise o compositor da música, pois
certamente ele, como pessoa, estará representado na sua obra.
Se ele for uma pessoa desatinada, com forte relacionamento,
com valores que fogem aos verdadeiros princípios de uma vida
correta, ouvir suas composições será o mesmo que sujeitar-se à
sua influência.
3. Observe os efeitos que a música que você está ouvindo
causa no seu egoísmo ou mesmo em seu comportamento. Se
ela apelar para a excitação de sentimentos baixos, “machucar”
seus ouvidos, confundir o seu raciocínio e inviabilizar sua con­
centração ou relaxamento, ligue o sinal vermelho. E quase
certo que você esteja se sujeitando a um risco real.
4- N ão acredite que tudo que parece bom seja realmen-

75
Livre das garras do sucesso
}-----------------------------------------------------------------------
te bom. N ão é porque uma música está sendo apresentada
no culto da igreja, que isto significa que ela seja boa. Tam­
bém não é porque uma composição está sendo tocada
numa guitarra, que isso vá significar que ela não preste.
Leve em consideração os outros fatores já mencionados, e
você poderá fazer sua escolha adequadamente. Contudo,
fica uma última sugestão: na dúvida, peça sinceramente a
Deus para lhe orientar e, como Ele nunca nega orientação,
u certamente colocará em sua mente a visão daquilo que
normalmente não se vê.

Essa história de tocar gravações ao


lJ contrário tem realmente sentido?
Já faz muito tempo que se fala sobre as mensagens
ocultas nas letras das músicas. Essas mensagens podem ser
ouvidas quando se toca um disco ou CD (usando um com ­
putador) ao contrário. Essa técnica tem mais de trinta
anos e é absolutam ente verdadeira, pois não dá para dis­
cutir o fato de que as mensagens são propositadam ente
colocadas na gravação.
Pegue um disco de música rock, romântica, infantil (desses
de apresentadoras de TV ), toque ao contrário e em determi­
nados momentos poderá ouvir frases inteiras e claras de invo­
cações a demônios, convites ao suicídio e profanação do
nome de Deus (não são todas as músicas que as contêm). E
por que essas mensagens são gravadas ao contrário? Em pri­
meiro lugar, elas são mensagens para serem decodificadas em
nosso subconsciente, de maneira que não as filtremos pela
malha de nossas crenças, valores e princípios. Segundo, quan­
do não percebemos conscientemente, estamos mais vulnerá­
veis às influências negativas.
Você poderia perguntar: “Quer dizer que daqui para frente,
além de ouvir uma música normalmente vou ter que também


Música em perguntas e respostas

ouvi-la ao contrário para ver se não há nenhuma mensagem


subliminar?” Não há necessidade de tanto. Basta você prestar
atenção na letra normal e vai poder analisar claramente se
aquela música tem uma boa influência ou não.

Toda música religiosa é boa de


ser ouvida?
Religião nem sempre quer dizer relação com Deus. Reli­
gião também pode ser a forma pessoal do ser humano ver a
Deus ou seus deuses. E por isso que se fala que religião não se
discute. Agora, uma coisa é como as pessoas vêem a Deus, e
outra, bem diferente, é como Deus quer ser visto, porque ge­
ralmente os seres humanos moldam seus deuses de acordo
com seus próprios caracteres. Mas o único e verdadeiro Deus
é imutável, eterno e justo.
Deus revelou em Sua Palavra todos os detalhes do Seu
caráter e de que maneira Ele quer ser adorado por Seus fi­
lhos. A Bíblia diz: “É por amor ao Meu próprio nome que
vou agir; não permito que o Meu nome seja profanado. Não
deixo que nenhum outro deus receba o louvor que somente
Eu mereço.” Isaías 48:11. Veja que interessante a ênfase que
Deus coloca sobre o fato de não querer qualquer tipo de pro­
fanação do Seu nome - nome, aqui, pode ser lido como ca­
ráter - e de não aceitar que outro deus seja louvado. Nessa
passagem são citados dois pontos diferentes. Um diz, clara­
mente, que não devemos profanar e o outro diz que não de­
vemos dar louvor a outro deus.
Profanar é uma palavra que vem do latim (profanare) e que
significa tratar com irreverência coisas sagradas. Isto acontece
quando se misturam as coisas tipicamente mundanas com coi­
sas tipicamente santas. Quer um exemplo? Imagine um pago­
de cheio de aleluias ao santo nome de Jesus, onde casais pos­
sam dançá-lo de maneira típica, bem no meio da igreja, en­

77
Livre das garras do sucesso
------------------------------------------------------------------------------- ^

quanto o resto do povo bate os pés e as mãos embalado pela


forte influência que a música desse tipo exerce. Você acha isso
um exagero? Pois saiba que esse caso e muitos outros são co­
muns em diversos “cultos” por aí afora. O que acontece neles
é uma profanação do santo nome do Senhor, ou seja, do Seu
santo caráter, onde não existe lugar para ser dividido com a
lascívia do pecado.
Mas a questão do outro deus? A final de contas os cris-
\i tãos dizem abertamente que não há outro deus que não o
Senhor. Bem, essa questão é mais sutil ainda, pois o fato de
não nos inclinarmos diante de uma imagem de um outro
deus não significa que não estejamos adorando outro deus.
E fácil compreender: “deus” é tudo aquilo que toma as
atenções que deveriam ser dedicadas unicamente ao Deus
eterno. Um exemplo clássico é o dinheiro. A s pessoas o co­
locam em primeiro lugar e como o centro de todas as suas
atenções e ambições. Além do dinheiro, o deus das pessoas
são suas predileções - aquilo que elas julgam ser bom para
elas ou o que as agradam. Tudo na vida dessas pessoas é
medido de acordo com esse critério, e então, acabam ado­
tando como senhor da sua existência coisas como apetite,
moda, preconceitos e até tendências musicais. “Porque eu
gosto e quero, tudo tem que ser do meu jeito .” Essa bem
poderia ser a frase base para a idolatria das predileções.
Quando você for ouvir uma música dita religiosa, pense
bem no comentário acima e analise se ela não profana o nome
(caráter) de Deus e se foi composta tendo em vista mais as pre­
dileções não santificadas do autor do que um senso de reverên­
cia e louvor verdadeiro, puro e santo.

78
Música em perguntas e respostas
#

7
Do que falam as letras do rock?

A letra de uma música tem tudo a ver com o que seu
autor tem na cabeça. Ela é uma expressão dos seus sentimen-
tos e um campo bastante livre para ele revelar o que geral men­
te não diria de outra forma. Portanto, prestar atenção nela e
não só na melodia, pode ser uma boa maneira de selecionar o
que você vai ouvir.
Em regra geral, o rock fala sobre sexo livre, violência, vadia­
gem, satanismo, sentimentos confusos e drogas. Mas alguns
deles falam também sobre coisas mais leves, romance e até
possuem mensagens ditas como positivas. Será?
David Bowie, em entrevista à revista Rolling Stones, prestou
o seguinte depoimento: “O rock sempre foi a música do demô­
nio. Eu acredito que o Rock and Roll seja perigoso. Sinto que
estamos brincando com algo mais assustador do que imagina­
mos.” Por certo ele fez essa declaração bem consciente.
Nos Estados Unidos, pais preocupados com a influência no­
civa da música na vida dos seus filhos fundaram uma organiza­
ção chamada Parents Music Resource Center (PMRC), com o
objetivo de reduzir a força do rock na vida dos filhos.
No ano passado, depois de seis meses de polêmicas que le­
varam inclusive à realização de audiências no Congresso dos
Estados Unidos, esse grupo conseguiu que, a partir daquela
data, as gravações com letras explícitas sobre sexo, violência e
drogas tivessem, obrigatoriamente, na capa um rótulo alertan­
do para o seu conteúdo, e na contracapa as letras impressas.
Os integrantes da PMRC acreditam que muitos dos cinco
mil suicídios de adolescentes registrados anualmente nos Esta­
dos Unidos são provocados, em parte, pelas letras explícitas de
rock, que incitam à violência e ao sadomasoquismo. E isso é
confirmado pelo psicólogo Bruno Bettecheim, professor da
Universidade de Chicago e autor de vários livros.
Aqui vão algumas letras traduzidas de rocks famosos e bre­

79
Livre das garras do sucesso
------------------------------------------------------------------------------ ►

ves comentários. Dê uma olhada e tire suas próprias conclu­


sões, se realmente vale a pena ficar sob a influência dessas
mensagens.

Solução suicida (O n j O sbourne)


Vinho serve
Mas whisky é mais rápido
O suicídio é lento com licor
Beber uma garrafa afoga suas tristezas
Doces pensamentos te esperam amanhã
Pensamentos e ações demoníacas
Frio, sozinho, você está em ruínas
Acha que pode escapar do ceifador
Mas você não pode escapar do carcereiro
Porque você sente que sua vida é irreal
E você vive uma mentira
E uma vergonha, quem é o culpado1
E você pergunta por quê
Depois você pergunta de sua garrafa
Existe vida depois do nascimento1
O que você vê pode significar o inferno nesta Terra
Agora você vive dentro de uma garrafa
O ceifador viajando a toda a velocidade
Ele te captura mas você não o vê
O ceifado é você e o ceifador sou eu
Quebrando leis, quebrando portas
Mas não tem ninguém em casa
Faça sua cama, descanse sua cabeça
Mas você fica ali e reclama
Onde se esconder, o suicídio é a única saída
Não sabe sobre o que é isto tudo1

8o
Música em perguntas e respostas
-<----------------------------------------------------------------------
Comentário
Interessante como esta música apresenta de maneira crua e
fria a realidade daqueles que estão cativos do álcool. Contudo,
ela não sugere uma saída ou um desestimulo ao vício. Afirma,
sim, que a única saída dele é a morte. Como você acha que um
dependente da bebida se sente quando ouve uma música dessa?
Esta música foi escrita quando o vocalista do AC/DC, Bom
Scott, morreu de coma alcoólico.

Blues sobre eu e O demônio (Robert Johnson)


Hoje de manhã cedo
Quando você bateu na minha porta
E eu disse: “Olá, Satã, acho que é hora de ir”
Eu e o demônio andávamos lado a lado
Eu vou bater em minha mulher até ficar satisfeito
Ela diz que não sabe o porquê daquilo
Vou tratáda como um cachorro
Deve ser aquele velho demônio
Tão enterrado no chão
Você pode enterrar meu cadáver
N a beira da estrada
Então meu velho demônio pode
Pegar um ônibus e dirigir

Comentário
Robert Johnson foi um artista de blues da década de trinta,
de carreira tão influente quanto curta. Gravou pouco mais de
20 músicas antes de ser morto por um marido ciumento, mas
influenciou todo o blues e rock que se fez desde então. Johnson
afirmava ter feito um pacto com o demônio. Sua história, es­
tilizada, é abordada no filme A Encruzilhada (Crossroads, com
Ralph Machio, ator também do filme Karatê Kid).

81
Livre das garras do sucesso

Simpatia pelo demônio (Rolling Stom s)


Por favor, deixe que eu me apresente
Eu sou um homem rico e de bom gosto
Eu estou por aí há muitos, muitos anos
Roubei as almas e a fé de muitos homens
E eu estava por perto quando Jesus Cristo
Teve seu momento de dúvida e dor
Fiz com que Pilatos
Lavasse suas mãos e selasse seu destino
Prazer em te conhecer
Espero que saiba o meu nome
Mas o que te confunde é a natureza de meu jogo
Eu apunhalei São Petesburgo
Quando vi que era hora para algumas mudanças
Matei o Czar e os ministros
Anastácia gritou em vão
Eu comandei um tanque, tive uma insígnia de general
Quando a guerra relâmpago explodiu
E os corpos se amontoavam
Eu observei com alegria
Enquanto seus reis e rainhas
Lutaram por quatro décadas pelos deuses que criaram
Eu gritei “Quem matou os Kennedys?"
Quando depois de tudo era apenas eu e você
Por favor, deixe eu me apresentar
Sou um homem rico e de bom gosto
Eu deixei armadilhas para os mercadores
Que morreram antes de chegar a Bombaim.
Assim como todo policial é um criminoso
E todos os pecadores santos
Assim como cabeças são causas, me chame Lúcifer
Pois eu sou um pouco descontrolado
Então se você me encontrar, seja cortês
Tenha simpatia e tenha bom gosto

82
Música em perguntas e respostas .
-----------------------------------------------------------------------m
Use toda a sua bem estudada educação
Ou vou deixar a sua alma penando
Me diga, baby, qual o meu nome
Me diga, querida baby, qual o meu nome?
Me diga, baby, qual o meu nome?
Eu vou te dizer uma vez, você é a culpada

Comentário
Esta música teria sido inspirada por Anthony La Vey, o \t
mais influente satanista do século 20, fundador e líder da Igre­
ja de Satã.

Auto-estrada para o inferno (AC/DC)


Vivendo fácil, vivendo livre
Um bilhete para a temporada em uma rua de mão única
Sem pedir nada, me deixe em paz
Pegando tudo em meu caminho
Não preciso de razão, não preciso de rima
Não tem nada que eu prefira fazer
Descendo, hora de festa
Meus amigos vão estar lá também.

Estou na auto-estrada para o inferno


Sem sinais de “pare” , sem limites de velocidade
Ninguém vai me fazer reduzir a velocidade
Como uma roda, vou rodar
Ninguém vai me sacanear
Ei, Satã, paguei minhas dívidas
Tocando em uma banda de rock
Ei, mamãe, olhe para mim
Estou no meu caminho para a terra prometida

Estou na auto-estrada para o inferno


Não me pare

83
Livre das garras do sucesso

E eu vou descendo, descendo até o fim


Estou na auto-estrada para o inferno.

Comentário
Triste realidade de alguém que não tem controle sobre seu
futuro e que se sujeitou ao controle do diabo.

Nós somos O mundo (Michael Jackson e Lionel Richie)


E hora de atender um certo apelo
Tempo do mundo se unir como um todo
Tem gente morrendo
E é preciso defender a vida
Não dá mais pra continuar a se iludir
Que alguém, em algum lugar, vai fazer tudo mudar
Somos todos parte da grande família de Deus
E na verdade, você sabe,
Tudo que precisamos é de amor.

Nós somos o mundo, somos as crianças


Somos quem faz o dia mais brilhante
Então vamos começar a nos dar
E uma opção que fazemos
Estamos salvando nossas próprias vidas
Construiremos, de verdade, um dia melhor
Você e eu.

Dê-lhes seu coração e eles se sentirão amados


E suas vidas serão mais fortes e livres
Como Deus nos ensinou transformando pedras em pão
Cada um de nós deve estender a sua mão
Quando você está na pior, parece não haver nenhuma esperança
Mas basta ter fé e nada nos fará cair
E preciso ver que uma mudança só virá
Quando nos unirmos como um todo.

84
Música em perguntas e respostas

Comentário
Com uma melodia envolvente, a letra traz um forte apelo à
união de todos. Esse tipo de música funciona como um cosmé­
tico, pois mais do que pregar a paz mundial, acaba promoven­
do a imagem “politicamente correta” de muitos cantores que
dela participam. É que vários deles cantam exatamente o con­
trário nas suas músicas e shows.
Interessante ressaltar o erro (certamente inspirado) conti­
do na terceira linha da segunda estrofe, onde se diz que Deus w
ensinou a transformar pedras em pães. Isto, na verdade, nun­
ca aconteceu. Deus nunca disse, a quem quer que fosse, que
usasse pedras para formar pães. N a verdade, essa insinuação faz
parte da tentação que Satanás lançou contra Jesus Cristo, no
deserto. Mateus 4:3 e 4 diz assim: “Então o diabo chegou per­
to dEle e disse: ‘Se você é o Filho de Deus, mande que estas
pedras virem pão.’ Jesus respondeu: ‘As Escrituras Sagradas
afirmam: O ser humano não vive só de pão, mas vive de tudo
o que Deus diz.’”
Seria essa distorção da Palavra de Deus um tipo de marca
ou assinatura do verdadeiro inspirador dessa música?

Pode o rock levar pessoas à agressão


e ao suicídio?
Bem, dizer que o rock levou uma pessoa à agressão ou suicí­
dio é algo um tanto questionável. Seria o mesmo que dizer que
o único responsável pela batida no cruzamento foi o automóvel.
A verdade é que uma pessoa é levada a ter uma atitude de
violência por meio de um conjunto de elementos e estímulos,
que na somatória criam o pano de fundo para o acontecimento.
Veja alguns casos de atitudes criminosas que tiveram a in­
fluência do rock:
• Em fevereiro de 1989 foi encontrado o corpo enforcado
do garoto Philip Morton, enquanto ao fundo o disco “The

85
Livre das garras do sucesso
I------------------------------------ ------------------------------------ ►
Wall” (com músicas Good bye cruel world e Waiting for the
worms) tocava continuamente.
• Em San Antonio, Texas, um garoto de 16 anos matou
uma tia a punhaladas e contou à polícia que, no momento do
crime, estava hipnotizado com a música do Pink Floyd, não
podendo nem sequer lembrar do ocorrido.
• Em 9 de janeiro de 1988 Thomas Sullivan, 14 anos, fã
de Ozzy Osbourne, cortou a garganta da mãe e se suicidou em
u seguida.
• Os pais do garoto Steve Boucher, que se suicidou com um
tiro na cabeça, tentaram processar a banda A C/D C, dizendo
ser a música Schoot to Thill a responsável. O garoto se suicidou
sentado sobre um pôster do AC/DC.
• Em 12 de abril de 1985, um garoto fanático por heavy me­
tal, de 14 anos, matou três pessoas. O garoto (que tinha tatua­
do um grande 666 no peito) informou estar dominado por Ed-
die (mascote do íron Maiden) quando cometeu os assassinatos.
O rock pode ser um elemento na construção das atitudes
violentas dos jovens. Ele é poderoso para liberar adrenali­
na, minimizar o controle da autoconsciência, doutrinar um
conjunto de pensamentos libertinos e excitar atos de ação
sem razão. Lógico que a tudo isso acrescentam-se as drogas,
conflitos sociais e familiares, desilusões pessoais e um am­
biente propício para se tomar a atitude final. Entretanto,
deve ser levado em consideração que o rock tem a capaci­
dade de doutrinar pensamentos, ajudar na construção das
suas estruturas e, para muitas mentes em formação, ser um
tipo de consciência.
A seguir apresentamos a tradução dos nomes de algumas
bandas estrangeiras, para que você possa analisar o signifi­
cado dos seus nomes e fazer uma avaliação das suas propos­
tas musicais.

86
Música em perguntas e respostas

A ccept Aceitar (uma responsabilidade)


Alice in Chains Alice (no País das Maravilhas)
Acorrentada
Anthrax Bactéria desenvolvida em laborató­
rio usada em guerra bacteriológica
Autopsy Autópsia
Beastie Boys Garotos Boçais
Believer Crente
Benediction Bênção
Black Crower Corvos Negros (desenho anima­
do, no Brasil, Faísca e Fumaça)
Black Sabbath Sabbath Negro (Sabbath: o sá­
bado sagrado dos israelitas)
Blue Oyster Cult Culto da Ostra Azul
Body Count Contagem de Corpos
Cannibal Corpse Cadáver Canibal
Carcass Carcaça
Celtic Frost Geada Celta
Cheap Trick Truque Barato
Coroner Médico legista
Corrosion of Conformity Corrosão do Conformismo
Danger Danger Perigo Perigo
Danzig Cidade polonesa invadida pelos
nazistas na 2a Guerra Mundial
Apelido do líder da banda
Death Morte
Deep Purple Púrpura Profunda

87
Livre das garras do sucesso

D eaf Leopard Leopardo Surdo


Defection Defecação
Deicide Deicídio (massacre de deuses)
Destruction Destruição
Diamond Head Cabeça de Diamante
Dirty Rotten Imbeciles Imbecis Sujos e Podres
D ismember Desmembrar (arrancar os mem­
bros - braços, pernas)
English dogs Cães Ingleses
Entombed Sepultado
Exciter Excitador
Exumer Exumador
Exodus Exodo
Extreme Extremo
Faith no More Fé Nunca Mais
Faster Pussycat Gatinha Rápida
Qang Qreen Gangue Verde (trocadilho com
“gangrena”)
Qirlschool Escola de Garotas
Qodflesh Carne de Deus
Quns n ’Roses Canhões e Rosas
Hellhammer Martelo do Inferno
H elloween Trocadilho Halloween (Dia das
Bruxas) e Hell (Inferno)
Flelmet Capacete
House of Lords Casa dos Senhores
Infectious Qrooves Trilhas (sonoras) Infecciosas

88
Música em perguntas e respostas

Iron Maiden Donzela de Ferro (Instrumento


medieval de tortura)
Ja n e ’s Addiction Vício de Jane
Ju das Priest Padre Judas
King Diamond Rei Diamante
Kreator Criador
L7 Quadrado, antigo, cafona
Led Zeppelin Zeppelin de Chumbo
Live Vivo
Living Colour Ao Vivo e Em Cores
Lucifer’s Friends Amigos de Lúcifer
Monowar Nome de cavalo de corridas cam-
peão nos EUA na década de 50
M aster Mestre, amo
M egadeath Morte em milhões
M ercyful Fate Destino Piedoso
M etal Church Igreja de Metal
M etalica Metálica
M inistry Ministério
Morbid A ngel Anjo Mórbido
M otorhead Cabeçote de Motor
Mr. Big Sr. Grande
M odhoney Mel de Lama
N apalm Death Morte por Napalm (arma quí-
mica usada na guerra do Vietnã)
Nirvana Estado de espírito elevado na cuh
tura hindu

89
Livre das garras do sucesso

N uclear Assault Assalto Nuclear


Nymphs Ninfas
Obituary Obituário
Onslaugh Ataque em massa
Overkill Armas para matar muita gente
ao mesmo tempo
Paradise Lost Paraíso Perdido
’ Pearl Jam Geléia de Pérolas (gíria; signifi­
ca “colar de esperma” )
Pink Floyd Nome dos dois bluesmen ameri­
canos
Poison Idea Idéia Venenosa
Poison Veneno
Possessed Possuído
Primus Aparelho de metal para cozinhar
Prong Espeto
Pungent Stench Fedor Pungente (intenso)
Queen Rainha (gíria: bicha)
Queensryche Reino da rainha
Red Hot Chilli Peppers Pimentas Vermelhas Ardidas
Rolling Stones Pedras Rolantes
Running Wild Correndo à Solta
Rush Pressa
Sacred Reich Reino Sagrado
Sadus Sádico
Saxon Saxão (de origem saxônica, do
norte da Europa)

90
Música em perguntas e respostas

Seat Opera Ópera em Fuga


Scatterbrain Atrapalhado
Scorpions Escorpiões
Screaming Trees Árvores Berrantes
Sex Pistols Pistolas do Sexo
Skid Roív Sarjeta
Slayer Carrasco
Sodom Sodoma (cidade onde se prati- *
cava a sodomia)
Sonic Youth Juventude Sônica
Sore Throat Dor de Garganta
Soundgarden Jardim do Som
Stone Roses Rosas de Pedra
Stooges Patetas
Stormtroopers of Death Batedores da Morte
Suicidai Tendencies Tendências Suicidas
Tèmple of the dog Templo do Cão
Terrorizer Aterrador
Tesla Medida de campo magnético
Testament Testamento
The Beatles Os Besouros (trocadilho, já que
besouro se escreve BEETLE)
The Cult O Culto
The Doors As Portas
The Exploited O Explorado
Thunder Trovão
Trouble Problema

91
Livre das garras do sucesso

Tívisted Sister Irmã Torta


Ugly Kid Joe Joãozinho Feio
Venom Veneno de Cobra
Voi Vod Ferroviário
Warrior Soul Alma Guerreira
Whitesnake Cobra Branca
Widowmaker Fazedor de Viúvas
Sim

Observe a relação a seguir para ver como grandes ídolos do


rock finalizaram a vida, e tire suas próprias conclusões:

• Robert Johnson, morto em 16 de agosto de 1938, aos


27 anos.
Cantor e guitarrista de blues, um dos precursores do
rock’n’roll. Acusado (já na década de 30) de manter um pac­
to com o demônio, morreu após sentir-se mal em um show e
passar três dias em estado de coma.
Provavelmente foi envenenado por uma amante ou marido
ciumento. Também existem versões de morte por espanca­
mento, apunhalamento e armas de fogo diversas, mas apenas a
versão do envenenamento tem alguma credibilidade.•

• Ritchie Valens (17 anos), DJ Big Bopper (28 anos) e


Buddy Holly (22 anos), mortos em 3 de fevereiro de
1959.
Três grandes nomes da primeira fase do rock nos anos
50 (Buddy Holly, intérprete de Peggy Sue, entre outros su­
cessos, e R itchie Valens, famoso por La Bamba). M orre­
ram vítim as de um acidente aéreo, quando o avião em
que viajavam caiu em virtude de mau tempo. Os três ar­
tistas, entre outros, participavam de uma série de shows

92-
Música em perguntas e respostas

cham ada Winter Dance Party, no centro-oeste am erica­


no, em meio a um inverno com neve. A o término de um
dos shows, resolveram aproveitar uma carona de avião de
um amigo de Buddy Holly. O último lugar disponível foi
disputado por “cara ou coroa” e ganho por Ritchie Va-
lens. O piloto não tinha experiência em voar com instru­
mentos e não soube se orientar com o mau tempo, term i­
nando por bater no chão por não saber calcular a altitu ­
de. O avião explodiu, arremessando a dezenas de metros u
os corpos dos ocupantes.

• Eddie Cochran, morto em 17 de abril de 1960, aos 21


anos.
Pioneiro do rock. Morreu em um acidente de carro,
quando um pneu estourou e o veículo colidiu com uma ár­
vore. Estava acompanhado de Gene Vincent, que sofreu
apenas ferimentos.

• Stuart Sutcliffe, morto em 10 de abril de 1962, aos 21


anos.
Baixista, integrante dos Beatles no início da carreira. Mor­
reu de uma hemorragia cerebral (em virtude de uma briga de
bar ou de uma overdose de anfetaminas, não se sabe ao certo).

• Brian Jones, morto em 3 de julho de 1969, aos 27


anos.
Guitarrista dos Rolling Stones, Jones foi encontrado mor­
to, boiando na piscina de sua casa.•

• Janis Joplin, morta em 4 de outubro de 1970, aos 27


anos.
Considerada a maior cantora de blues branca da história.
No auge da carreira, morreu de uma overdose de heroína, no
Landmark Hotel, em Los Angeles. Foi cremada e suas cinzas

93
Livre das garras do sucesso
------------------------------------------------------------------------------------------------ >-

jogadas na costa de Marin County, na Califórnia. O álbum


Pearl, que ela deixou gravado, foi lançado após sua morte.

• Jimi Hendrix, morto em 18 de setembro de 1970, aos


27 anos.
O guitarrista mais influente de todos os tempos. Morreu su­
focado em seu próprio vômito, amarrado em uma maca a ca­
minho do hospital, por causa de uma overdose de barbitúricos.

• Jim Morrison, morto em 3 de julho de 1971, aos 27


anos.
Vocalista e líder da banda The Doors. Foi encontrado mor­
to em uma banheira pela namorada, Pamela Courson. N a noi­
te anterior, Jim havia reclamado de dores no peito. No atesta­
do de óbito (sem autópsia) constou apenas falha cardíaca. Não
oficialmente, crê-se que Morrison pode ter consumido heroí­
na, pensando ser cocaína.

• Billy Murcia, morto em 1972, aos 21 anos.


Baterista da banda The New York Dolls. Morreu durante o
primeiro tour da banda pela Inglaterra, em virtude de uma
overdose de álcool e droga. Uma causa mais direta da morte,
possivelmente, pode ter sido sufocamento por café derramado
em sua garganta pela namorada na tentativa de reanimá-lo (ao
mesmo tempo em que aplicava banhos frios e o fazia andar
pelo quarto).•

• Elvis Presley, morto em 16 de agosto de 1977, aos 42


anos.
Talvez o maior nome do rock de todos os tempos (embora
nos últimos anos de sua vida tivesse se dedicado cada vez me­
nos ao rock e cada vez mais a baladas românticas). A medida
que sua carreira declinou, se tornou consumidor abusivo de
drogas medicamentosas (abominava drogas propriamente di-

94
Música em perguntas e respostas

tas como cocaína, heroína e maconha). Entre outras, se desta­


cavam seu coquetel químico diário, medicamentos para perda
de peso e controle de apetite, tudo associado a um ritmo de
shows e gravações intermináveis. Foi encontrado morto em
sua casa. Entre as bandas diretamente influenciadas por ele
está o Guns n’Roses.

• Jerry Nolan, morto em 1992, aos 45 anos.


Baterista da banda The New York Dolls, que substituiu y
Murcia. Morreu vítima de pneumonia e meningite.

• Frank Zappa, morto em 4 de dezembro de 1993, aos 52


anos.
Lendário guitarrista experimentalista líder do grupo Mother
of Invention e mais tarde em carreira solo. Morreu de câncer
na próstata, em sua casa, após longo período de doença.

• Ray Gillen, morto em Ia de dezembro de 1993, aos 33


anos.
Vocalista que participou durante curtos espaços de tempo
da banda Black Sabbath (durante o ano de 1986). Suas grava­
ções com a banda foram rejeitadas e nunca lançadas. Morreu
de câncer.•

• Kurt Cobain, achado morto em 7 de abril de 1994, aos


27 anos.
Líder da banda Nirvana, suicidou-se no auge da fama com
um tiro de espingarda na cabeça, sendo encontrado apenas
cerca de dois dias depois. O corpo foi achado por um eletricis­
ta contratado para instalar equipamentos de segurança, que
arrombou uma janela, após desconfiar que havia algo errado.
Ao lado do cadáver foi encontrada uma nota de suicídio com
tinta vermelha, endereçada à mulher Courtney Love e à filha
Francis. A grande quantidade de heroína encontrada em seu

95
Livre das garras do sucesso
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------> .

corpo leva um grupo mais desconfiado a supor que Kurt foi as­
sassinado (por não ser possível a alguém tão dopado colocar a
arma na cabeça e puxar o gatilho).

• Ingo Schwichtenberg, morto em 8 de março de 1995.


Ex-baterista da banda Helloween, sofria de esquizofrenia e
estava envolvido com drogas e álcool. Teve de ser retirado da
banda em 1993. Não suportando a depressão, suicidou-se.

• Michael Hutchence, morto em 22 de novembro de


1997.
Vocalista da banda INXS. Foi encontrado em um quarto do
hotel Ritz-Carlton, em Sydney, enforcado com um cinto.

• Clarence White (The Birds)


Quando guardava seu equipamento no carro, o guitarrista
foi atingido por um caminhoneiro bêbado. Ironicamente, dois
anos antes, o grupo The Birds lançou a música “Truck Store
Driving Man”, que satirizava os motoristas de caminhão.

• Rick Nelson
Rival de Elvis, que fez sucesso com a música country nas dé­
cadas de 70 e 80. Acabou explodindo o avião que pilotava ao
acender um freebase (cigarro de maconha e cocaína).

• Dennis Wilson (Beach Boys)


O único surfista da banda morreu afogado depois que, com­
pletamente bêbado, saltou de um bote para um mergulho fatal.
Depois de dias de buscas, o corpo foi finalmente encontrado.
Mas a pedido da família, o músico foi jogado de volta ao mar.•

• Bob Hite (Canned Heat)


Ataque cardíaco, possivelmente de consumo de drogas.

96
Música em perguntas e respostas

• Alan Wilson (Canned Heat)


Overdose de drogas.

• Gram Parson (Birds)


Ataque cardíaco, possivelmente em virtude de consumo de
álcool.

• Michale Clarke (Birds)


Doenças devido ao consumo de álcool.

• Karen Carpenter (Carpenters)


Ataque cardíaco, devido a anorexia nervosa.

• Peter Ham (Badfinger)


Suicídio por enforcamento.

• Tom Evans (Badfinger)


Suicídio por enforcamento.

• Duane Allman (Allman Brothers Band)


Acidente de motocicleta.

• Tom Fogerty (Creedence Clearwater Revival)


Tuberculose.

• Marvin Gaye
Morto a tiros pelo próprio pai durante uma briga.•

• John Glascock (Jethro Tull)


Morreu de problemas cardíacos em virtude de um abscesso
no dente.

97
Livre das garras do sucesso

• Jerry Garcia (Grateful Dead)


Diabete, arteriosclerose, ataque cardíaco em virtude de
consumo de drogas.

• Paul Kossoff (Free)


Ataque cardíaco em virtude de consumo de drogas.

• Felix Pappalardi
ir Assassinado pela esposa.

• Jeff Porcaro (Toto)


Ataque cardíaco, em virtude de consumo de cocaína.

• Gary Thain (Uriah Heep)


Overdose de drogas.

• Hillel Slovak (Red Hot Chilli Peppers)


Overdose de heroína.

• Kristen Pfaff (Hole)


Overdose de heroína.

• Jonathan Melvins (Smashing Pumplins)


Overdose de heroína.•

• Keith Relf (Yardbirds)


Eletrocutado ao tocar guitarra na banheira.

98
Música em perguntas e respostas
-<------------------------------------------------------------------------------

v.J A MPB (Música Popular Brasileira)


L / > também traz influências negativas?
0 *^
As influências positivas ou negativas de uma música estão
na mente de quem a compõe.
Grandes sucessos da MPB foram criados para exaltar enti­
dades demoníacas, impulsos sexuais, vícios e uma vida desre­
grada ou até ofensas diretas a Deus. Você acha, depois de tudo
que leu, que se possa ouvir estas músicas sem receber nenhu­
ma influência negativa delas? Essas canções são vazias e dei­
xam quem as ouve vazio também. Contudo, há músicas que
trazem lindas melodias e letras que falam das belezas naturais,
culturais e das características do nosso povo. O problema é que
hoje em dia quase não há mais músicas assim (ou pelo menos
a mídia não dá espaço para que elas sejam ouvidas).
As paradas de sucesso só tocam aquilo que apela para os
baixos valores e as canções de bom nível da MPB quase que
são coisas de gente nostálgica. Mas a melhor forma de se
prevenir contra as más influências é desenvolvendo um sen­
so crítico sobre a música e letra de tudo o que você ouve.
N ão se deixe levar pelo embalo, pois nesse assunto todo cui­
dado é pouco.
Á s vezes, também é uma questão de envolvimento progres­
sivo. Você começa ouvindo um estilo de música que depois
passa para algo mais ousado, e por fim seu ouvido se acostu­
mou a aceitar distorções. Isso seria como gostar das músicas da
verdadeira cultura brasileira e depois estar aceitando todo o
lixo imposto pelas gravadoras.
A melhor coisa é seguir o conselho do apóstolo Pedro,
quando disse: “Estejam alertas e fiquem vigiando porque
o inim igo, o diabo, anda por aí como um leão que ruge,
procurando alguém para devorar. Fiquem firmes na fé e
enfrentem o diabo.” I Pedro 5:8 e 9. Pedro, nesses versos,
usa a figura de um leão à espreita da caça, uma fera que

99
Livre das garras do sucesso
----------------------------------- -------------------------------------------►

chega de m ansinho e depois mostra seus dentes e seu ter­


rível urro. R esistir a esse leão não é enfrentá-lo com
murros ou com sua própria força, pois a vitória dele seria
certa. A grande arma é você ficar alerta, e isso quer dizer
literalm ente atento. Se você não fizer isso, vai acabar
sendo envolvido e engolido, porque quando se refere à
m úsica (lembra-se de quando foi com entado como a m ú­
sica atinge direto nosso centro de em oções no cérebro
u sem passar pela área da razão?), todo o cuidado é pouco.
É lógico, peça ao seu, sempre presente, Pastor Jesus para
afugentar o inim igo.

Quais os principais aspectos para se


louvar a Deus da maneira correta?
1. Louvar com sinceridade de coração.
Deus não aceita um louvor sem essa condição básica. Mes­
mo que a pessoa cante desafinado, sem ritmo, sua voz seja
ruim, se ela faz isso com louvor no coração sincero, Deus a
aceita. Existe muita gente que dá verdadeiros shows musicais,
e neles não existe nenhuma sinceridade a não ser a aparência
e o artificialismo.

2. Louvar com reverência.


Embora a sinceridade seja algo que só Deus pode av a­
liar, cabe-nos ser exteriorm ente reverentes no louvor a
Ele, porque louvar também é um ato público de testem u­
nho. Isso não quer dizer que se deva ter reverência ape­
nas quando se está numa igreja. R everência é uma atitu ­
de, um com portam ento assumido, que m ostra o tipo de
caráter que cada um tem e o peso que as coisas sagradas
ocupam na sua vida.

100
Música em perguntas e respostas
-<---------------------------------------------------------------- --------------------------------

3. Louvar com verdadeira inspiração.


Inspiração é algo que pode vir de várias fontes, mas só o Es-
pírito Santo pode inspirar uma pessoa a apresentar a Deus um
verdadeiro louvor. Nesse ponto, reconhecemos nossa verda­
deira incapacidade para dedicarmos qualquer coisa ao Senhor
por nossos próprios méritos.

4. Louvar com propriedade.


Bom senso e ponderação são essenciais para uma pessoa que ^r
louva a Deus.
Se você vai cantar ou tocar em um culto, deve saber que
esse momento é solene e que é próprio escolher músicas e le­
tras que correspondam ao clima do momento.
Tudo que excite, que agite e que crie euforia, dificultará a
compreensão da mensagem e a reverência das pessoas.

5. Louvar sem ofender a doutrina bíblica.


Avalie se a mensagem do louvor está de acordo com as ver­
dades expressas na Palavra de Deus. Veja se não existe ne­
nhum engano camuflado na letra, se não existe opinião pró­
pria do autor ou compositor em desarmonia com o ensinamen­
to bíblico. O nosso louvor deve ser racional.

6. Orar antes de louvar.


Pedir a Deus a presença do Seu Santo Espírito nos momen­
tos de louvor, pode ser mais importante do que acertar preci­
samente o tom da música. Toda a técnica musical é inválida se
não for antecedida pela presença de Deus.

101
Livre das garras do sucesso

Cantores cristãos podem


tornar-se ídolos?
Acredito que essa é uma das mais perigosas ciladas de S a­
tanás para os cantores cristãos hoje em dia. Observando
atentamente, podemos estabelecer uma seqüência de situa­
ções que levam os cantores e compositores ao distanciamen­
to do verdadeiro louvor?
Tudo começa com os elogios e manifestações de admira­
ção pelo talento musical da pessoa. Isso acontece, normal­
mente, dentro da própria igreja que ela freqüenta. G eral­
mente a falta de maturidade - muitos dos cantores são jo ­
vens - faz com que ela se esqueça de que o seu talento deve
ser usado única e exclusivamente para o louvor a Deus e,
muitas vezes, acaba se transformando numa certa manifesta­
ção de vaidade, uma forma de auto-afirmação e de ascensão
dentro da comunidade cristã.
Muitas vezes um sentimento de realização pessoal leva o
cantor à possibilidade de gravar una CD. Esse projeto é um so­
nho trabalhoso e envolve um enorme esforço para ser concre­
tizado, pois na maioria das vezes é feito com recursos próprios.
Em quase 100% dos casos de cantores que gravam CD, a
imagem pessoal é o que é mais evidenciado. Afinal, precisam
distinguir-se dos outros e firmarem seus nomes entre os apre­
ciadores das suas músicas e voz. Para isso acontecer, a imagem
deles é estampada na capa e contracapa, e aí há um perigo
enorme com a vaidade.
Depois de pronto o CD, é preciso urgentemente comerciali­
zá-lo para pagar os custos de produção. Logo vem a “romaria” às
inúmeras igrejas da cidade, do Estado e, muitas vezes, do País.
Geralmente, nessas apresentações, o cantor é o foco principal.
Você já ouviu as pessoas dizerem: “Eu vou até a apresentação de
tal cantor ou ao show de fulano.” Mas é raro você ouvir: “Eu vou
louvar a Jesus no programa musical de hoje à noite.”

102
Música em perguntas e respostas
-<-----------------------------------------------------------------------------------------------

Se o cantor se torna realmente popular entre a comu­


nidade cristã, a máquina do marketing evangélico (hoje
em dia um forte mercado) pode absorvê-lo e torná-lo um
negócio. O cantor passa a ter tempo na mídia, passa a
cumprir uma agenda de gravações e apresentações profis­
sionais, e seu repertório é escolhido de acordo com as ten­
dências musicais do momento. Aquilo que começou como
um ministério da música, passou a ser um empreendimen­
to como qualquer outro.
Nas apresentações, acaba-se ouvindo assobios, gritos do
nome do cantor e até manifestações de fã-clubes. Jesus deixa de
ser o foco para ser o coadjuvante, e o cantor passa a ser o ídolo.
É óbvio que a seqüência acima vem acom panhada de
muitas exceções. H á cantores que realmente desenvolvem
um ministério e transformam seu talento num instrumen­
to para Deus. É óbvio também que é muito gostoso ouvir
um C D inspirador e que nos faça refletir sobre o amor de
Jesus. Esses CDs custam dinheiro para serem produzidos e
precisam ser valorizados e promovidos devidamente. Mas
eles não devem ser um fim em si próprios ou uma exibição
pessoal; devem ser apenas um meio de comunicar a graça
maravilhosa do Senhor Jesus.
Se um cantor cristão chegar ao ponto de dedicar tempo
integral para o m inistério da música, merece receber seu
sustento desse ministério (como pastores, escritores, pro­
fessores ou qualquer outro trabalhador recebe). Mas como
em qualquer outra empreitada espiritual, é im portantíssi­
mo esconder-se atrás de Cristo e deixar que Sua luz brilhe
intensamente. Você pode sentir quando isso realmente
ocorre e quando o nome do cantor é esquecido e o nome
de Deus é lembrado.
A vida de um cantor cristão é uma vida de oração, testemu­
nho, renúncia e dedicação humilde. Suas apresentações, suas
gravações e seu canto devem ser o púlpito do Espírito Santo.

103
Livre das garras do sucesso

Como usar a música para vencer
Cjv uma tentação?
A Bíblia diz: “Portanto, obedeçam a Deus e enfrentem o
diabo, que ele fugirá de vocês.” Tiago 4:7. Enfrentar o diabo ou
resistir a ele é algo impossível de ser feito por nós mesmos. E
necessário a ajuda de Deus. Jesus deixou isso bem claro quan­
do usou a figura dos ramos, dizendo: “Eu sou a videira, e vocês
v são os ramos. Quem está unido comigo e Eu com ele, esse dá
muito fruto porque sem Mim vocês não podem fazer nada.”
João 15:5. Essa é a grande solução! Se estamos com Jesus, tudo
nos é possível!
Nenhuma música em si pode levar-nos a tomar alguma
decisão ou assegurar-nos vitória sobre o mal. Som ente Je ­
sus é o Todo-poderoso. Som ente por meio dEle podemos
vencer o inimigo.
E lógico que a música inspirada por Deus é um instrumen­
to usado para sermos alcançados por Seu Espírito. Contudo,
ela mesma não nos pode santificar, não pode deixar-nos mais
espirituais, mais resistentes ao diabo. Para que isso aconteça,
Jesus tem que trabalhar em nossa mente e nos conduzir a acei­
tar Seu sacrifício no Calvário e Sua intercessão diária por nos­
sa vida. Portanto, quando alguém aprecia música sacra, gospel
ou religiosa sem um objetivo maior, além de curtir aquele som,
está na verdade passando tempo e pouco preparado para ven­
cer as tentações.
A música é uma poderosa arma contra Satanás em três con­
dições básicas: quando é usada para louvar e engrandecer o
nome do Senhor, quando é executada com reverência e quan­
do se transforma numa oração musicada.
Analisando o primeiro aspecto, temos que nos lembrar de
que louvar a Deus deve ser o principal motivo da nossa vida.
Davi, o pastor poeta e compositor, deixou isso bem claro num
dos seus lindos salmos: “Que todo o meu ser louve o Senhor, e

104
Música em perguntas e respostas

que eu não esqueça nenhuma das Suas bênçãos!” Salmo 103:2.


O verdadeiro filho de Deus vive para louvá-Lo, e ele faz isso
em tudo em que se envolve. No trabalho, ele louva o Senhor
pela dignidade e fidelidade; nos negócios, pela honestidade e
lisura; nos momentos de recreação ou lazer, pelo autocontrole
e equilíbrio; no relacionamento com outras pessoas, pelo res-
peito e amor ao próximo; e também na música, pelo espírito
com que canta, toca e ouve.
Nenhuma música deveria sair dos nossos lábios que não y
fosse para louvar a Deus. Essa atitude elimina toda a possb
bilidade de engrandecimento próprio ou idolatria e, além
disso, afasta as influências do mal. O próprio Davi vivem
ciou esse último aspecto, quando Saul, o então rei de Is­
rael, perturbado por um demônio, voltava ao seu estado
emocional equilibrado somente quando o jovem pastor to­
cava harpa e cantava salmos. Você pode ler essa história
em I Sam uel 16:14-23.
Num segundo m om ento, devemos lembrar que a m úsi­
ca oferecida a Deus deve ser executada ou ouvida com
toda a reverência. Reverência é respeito, e principal­
mente uma atitude de submissão. A reverência é mais
uma atitude m ental do que corporal, pois pode haver si­
tuações em que nos m antenham os em aparente atitude
de reverência e, em nossos pensam entos, desacatem os
quem está sendo reverenciado.
Deus dá muita importância à reverência. Ele disse, por
meio do profeta Jeremias, ao Seu povo: “Vou fazer com eles
esta aliança eterna: N unca deixarei de lhes fazer o bem; fa­
rei com que Me respeitem com sinceridade para que nun­
ca se afastem de M im.” Jeremias 32:40. A palavra-chave
neste verso é “sinceridade”. N ão haverá verdadeira reve­
rência se não houver verdadeira sinceridade. Isto só Deus
pode julgar, pois só Ele penetra o profundo do nosso cora­
ção. Mas você pode também se avaliar. Digamos que um

105
Livre das garras do sucesso

dia você se flagre cantando uma música ou hino em sua


igreja sem nenhum sentimento de adoração e sem vonta-
de, sequer, de estar ali. Suponhamos que, além disso, você
esteja cheio de sentimento de ira contra alguma outra pes-
soa e não sinta vontade nem de pedir perdão a Deus pelos
seus pecados. Contudo, você está bem arrumado, com um
semblante compenetrado, abrindo a boca e deixando sair
dela uma letra decorada. Vamos imaginar outra situação:
u você saiu para um passeio num sábado de sol. A luz faz as
montanhas parecerem vivas e arrebatadoramente verdes.
Você sente a brisa suave em seu rosto, olha para as nuvens,
e elas trazem graciosas formas no céu. De repente, você
percebe que tudo aquilo é um presente de Deus para você
e, não podendo se conter, deita na relva e ali mesmo faz
uma oração e canta uma música para louvar o Criador. Em
que situação você teve uma atitude de reverência?
Mas cuidado para não adaptar a vontade de Deus à sua.
Não é porque você acha melhor, mais confortável ou até esti-
mulante louvar de um jeito determinado, que Deus tenha que
aceitar esse louvor de qualquer modo. Lembre-se de que o Pai
nos aceita como estamos, mas não como somos. Isso quer di­
zer que Ele nos recebe em qualquer condição, mas depois nos
transforma. Dizer que Deus Se adapta às nossas condições e
tendências é o mesmo que torná-Lo um deus pequeno e sub­
misso ao nosso poder.
Deus respeita nossa herança cultural, nossa formação familiar,
nosso nível de conhecimento e nosso esclarecimento mental.
Mas isso tudo deve ser combinado de maneira a reverenciá-Lo.
Por último, a música deve ser uma oração, e oração vem do
mais profundo da alma. Cantar por cantar não tem valor al­
gum - mesmo que seja um lindo hino - porque o que realmen­
te importa é um cântico que expresse uma prece, um pedido
de perdão, um pacto de reconciliação ou uma declaração de
agradecimento ao Deus Todo-poderoso.

10Ó
I

Música em perguntas e respostas

Ouça uma música religiosa como se estivesse ouvindo al­


guém orar. Cante uma música a Deus como se estivesse orando
a Ele, e você sentirá a paz, a alegria dos anjos no coral do Céu.
Cantando com o espírito de louvor, reverência e em atitu­
de de oração ao Pai, certamente a música será um instrumen­
to poderoso para ajudar na vitória contra Satanás e seus demô­
nios. Você os vencerá e conseguirá, por meio da graça de Je­
sus, resistir às suas tentações.

Hábitos e estilo de vida têm relação


com o gosto musical?
Tem tudo a ver.
Todos nós somos o resultado dos valores e princípios que
adotamos em nossa vida. Nossas atitudes e decisões estão ba­
seadas neles. Neles é que desenvolvemos nosso caráter e o nos­
so modo de ser.
Quando uma pessoa faz a opção por um passatempo, esco­
lhe um tipo de roupa, se identifica com os objetivos de um de­
terminado grupo ou escolhe ouvir um estilo de música, opta,
por tudo isso, em função dos princípios e valores que direcio­
nam sua vida.
Ter uma preferência musical não é só uma questão de gos­
to; é também, em parte, uma questão de caráter. Agora, nun­
ca se esqueça de que o caráter é formado por todos os valores
que transformamos em princípios, e que tudo isso acontece pe­
las informações que colhemos como referenciais. Portanto, um
garoto ou garota em formação, ao ouvir músicas que exaltam
as drogas, desvalorizam a vida e evidenciam a libertinagem,
está na verdade pondo como referência para seu caráter esse
tipo devastador de informação. No fim, tudo vira um círculo
vicioso e, depois de estabelecidos os hábitos, estilos de vida e
o caráter, é natural que as opções - por exemplo as musicais -
sejam feitas tendo tudo isso por parâmetro.

107
Livre das garras do sucesso

Antes de ouvir música, seja consciente. Veja se a letra tem


uma mensagem correta, se a música em si lhe traz boas in-
fluências e, se for possível, descubra algo sobre o estilo de vida
dos autores. Com o tempo você vai aprofundar sua sensibilida­
de, e isto irá repercutir por todas as áreas da sua vida. Contu­
do, lembre-se sempre de uma coisa: quando você está perto de
Deus, está perto do verdadeiro sucesso, pois longe dEle todo
“sucesso” é apenas uma grande ilusão.
W
as mãos das poderosas for­
ças atuantes na dimensão
espiritual, a música é um ins­
trumento para levar à morte ou para conduzir
à vida. Esse é o assunto deste livro: a incrível
experiência de um jovem que teve que esco­
lher entre um dos dois destinos.

Entre a narrativa de uma experiência de


vida, informações intrigantes e análises im­
portantes, você será instigado a discutir sua
posição diante de uma das formas de comu­
nicação mais poderosas que existem.

Por fim, como um bate-papo, foram


reunidas várias perguntas sobre a música,
que talvez você já tivesse feito, mas não te­
nha conseguido a resposta.

Livre das Garras do Sucesso é um livro que

levará você a refletir sobre sua relação com a



música e de que forma ela atinge sua mente.

ISBN 85-345-0908-5

i
casa 9 788534 5090

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