Resumo do artigo: Fisiopatologia, avaliação e tratamento da disfunção erétil: artigo de
revisão
A disfunção erétil (DE) é a recorrente "incapacidade de obter e manter uma ereção
satisfatória", sendo uma manifestação de diversas condições como hipertensão, diabetes, tabagismo, entre outras. Estima-se que mais de 100 milhões de homens no mundo tenham algum grau de DE. No Brasil, estudos indicam uma prevalência em torno de 50% em homens acima de 40 anos. A fisiopatologia envolve causas psicológicas, orgânicas e vasculares, com destaque para a associação entre DE e hipertensão arterial sistêmica. O tratamento da hipertensão pode afetar a função erétil, complicando ainda mais o quadro. Entre as causas endócrinas da disfunção erétil (DE), o diabetes mellitus (DM) e a síndrome metabólica (SM) desempenham papéis significativos. Diabéticos, especialmente com controle glicêmico deficiente, apresentam maior propensão à DE devido a complicações vasculares e neuropatia. A SM, caracterizada por vários fatores metabólicos alterados, também contribui para a DE, destacando a hipertensão arterial sistêmica como um componente crucial. A obesidade visceral, com aumento nos níveis de peptídeo C, glicose e insulina, está associada à diminuição da testosterona, afetando a função erétil. Distúrbios hormonais masculinos, como a síndrome hipogonádica do homem adulto, agravam a DE. A etiologia neurológica, representando 10 a 19% dos casos, inclui condições como doença de Parkinson, demências e lesões medulares, afetando os sistemas dopaminérgico e nervoso autônomo. Drogas, como tabaco e álcool, desempenham papéis na disfunção erétil (DE). O tabagismo está associado a uma prevalência aumentada de DE, relacionada a alterações morfológicas no endotélio e estresse oxidativo. O álcool, em doses excessivas, pode causar sedação, diminuição da libido e disfunção sexual transitória A intervenção urológica, como prostatectomia no câncer de próstata, pode levar à DE, com redução da função sexual em até 60% dos pacientes submetidos à cirurgia. A hiperplasia prostática benigna (HPB) também está ligada à DE, especialmente quando tratada com ressecção transuretral de próstata, apresentando complicações, incluindo DE, em até 12% dos casos. O tratamento da disfunção erétil (DE) inicia-se com a conscientização do paciente sobre a patologia e formas de tratamento. O controle dos fatores de risco é crucial, sendo a primeira linha composta por mudanças de hábitos, aconselhamento, psicoterapia/terapia sexual e inibidores da fosfodiesterase-5 (PDE-5). Mudanças de hábitos abrangem controle do sedentarismo, estresse, obesidade, uso de substâncias, tabagismo e alcoolismo. A psicoterapia, ampla ao casal, aborda aspectos psicológicos e pessoais. Inibidores da PDE-5, como Sildenafil, Tadalafil e Vardenafil, são eficazes, com taxas de sucesso entre 70-90%. Estudos clínicos demonstraram melhorias significativas na função erétil com o uso desses medicamentos. Os inibidores da fosfodiesterase-5 (PDE-5) atuam no mecanismo de ereção, inibindo seletivamente a enzima PDE-5, o que leva ao aumento do monofosfato de guanina cíclica (GMPc) e relaxamento do músculo liso do corpo cavernoso. Essa ação resulta no aumento do fluxo arterial e ereção. Sildenafil, Tadalafil e Vardenafil são inibidores com propriedades farmacocinéticas distintas. Estudos comparativos não mostraram diferenças significativas na eficácia entre eles. Efeitos colaterais, como cefaleia e rubor facial, são geralmente transitórios. Raros casos de perda de visão foram associados, sendo o Tadalafil possivelmente menos propenso a esse efeito. Inibidores da PDE-5 são metabolizados principalmente pelo citocromo CYP3A4, e sua ação pode ser afetada por drogas que inibem essa via metabólica. Os inibidores da PDE-5, como Sildenafil, Tadalafil e Vardenafil, são amplamente utilizados no tratamento da disfunção erétil (DE). Estudos não indicam um aumento significativo no risco de eventos cardiovasculares graves com seu uso ocasional, mas precauções são necessárias em pacientes com hipertensão arterial e uso de anti-hipertensivos. Além disso, casos de perda auditiva associados a esses inibidores foram relatados, exigindo atenção médica. Novos inibidores, como Lodenafil, Udenafil e Avanafil, estão em desenvolvimento. Outras opções de tratamento incluem injeção intracavernosa, terapia hormonal com testosterona e reposição oral ou transdérmica, sendo a escolha dependente de diversos fatores, incluindo riscos e benefícios discutidos com o paciente. Em caso de insucesso nas terapias iniciais, a terapia de terceira linha para disfunção erétil pode envolver o uso de prótese peniana, sendo geralmente considerada a última opção. Existem próteses semirrígidas e infláveis, cada uma com características específicas. A escolha entre elas depende das preferências do paciente. Apesar de oferecerem uma solução eficaz, as próteses apresentam riscos, como infecções e complicações cirúrgicas. Em conclusão, a disfunção erétil, associada a faixas etárias avançadas, é expressão da condição de saúde masculina, exigindo detecção e avaliação devido ao impacto na qualidade de vida. A compreensão da epidemiologia e fisiopatologia é crucial para um manejo eficaz dessa condição.