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Realismo: a sociedade no centro da obra literária

Os artistas, como pessoas do seu tempo, procuravam um novo parâmetro de interpretação


da realidade. Foi assim que a objetividade ocupou o lugar do subjetivismo romântico e a
valorização desmedida da emoção foi abandonada. Em lugar de tratar dos dramas individuais, o
olhar realista focalizará a sociedade e os comportamentos coletivos.

O projeto literário do Realismo


Em uma conferência intitulada “A literatura nova (o realismo como nova expressão da
arte)”, o escritor Eça de Queirós define, em linhas gerais, o projeto literário da nova estética “O
Realismo é a anatomia do caráter. È a crítica do homem. É a arte que nos pinta nossos próprios
olhos- para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.”

Eça resume os objetivos que norteiam toda a literatura realista: uma representação da
realidade que permita compreender a origem das práticas e comportamentos sociais negativos.

Para fazer essa análise, os escritores realistas adotarão a razão e a objetividade como
lentes através das quais obervam a realidade. O que revelam é uma burguesia hipócrita e fútil,
que explora o proletariado enquanto professa o amor à justiça e a igualdade.

O Realismo e o público
O desejo de compreender as transformações sociais levava o público a procurar obras em
que a idealização romântica fosse substituída por uma postura racional. O que o leitor não
esperava era encontrar uma condenação do seu modo de vida. Por esse motivo, a reação do
público foi desqualificar os autores mais incisivos, como Gustave Fraubert e Eça de Queirós,
acusados de abordar temas imorais.

No Brasil, Machado de Assis também espantou o público após a publicação de seu


romance mais ousado, Memórias Postumas de Brás Cubas. A causa do espanto, porém, era
outra: a estrutura dessa narrativa rompia todas as expectativas de um leitor acostumado aos
romances românticos.

Para enfrentar esse problema, Machado de Assis estabelece desde o início de suas obras
um diálogo constante com o leitor. Por trás desse jogo de cena há um objetivo: conquistar os
leitores ao criar uma espécie de identidade entre eles, as personagens e os narradores dos
romances que escrevia.

Realismo e objetividade
Na literatura realista, o artista procura analisar a realidade que o cerca tendo a razão
como seu instrumento principal. O subjetivismo é substituído por um olhar mais objetivo.

O interesse pelo funcionamento e pela organização da sociedade leva os escritores


realistas a abordarem as necessidades materiais humanas (alimentação, moradia, etc) e discutir
as condições econômicas (aspectos referentes ao mundo do trabalho) necessárias para
satisfazer tais necessidades. Esse interesse pela realidade concreta, material, afasta o romance
realista da perspectiva idealizada que caracterizou o Romantismo.

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