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Fundamentos para Reabilitação Oral I

Etapas clínicas em prótese parcial fixa


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Nesta webaula, você estudará o registro oclusal em prótese fixa e montagem em ASA. Além disso, estudará os
provisórios e técnicas de moldagem e retentores intrarradiculares.

Registro oclusal em prótese fixa e montagem em ASA


Para uma reabilitação oral ideal é preciso conhecer os conceitos de oclusão.

1. Relação cêntrica (RC): é uma relação estática, definida como a relação maxilo-mandibular na qual os côndilos
estão no centro das fossas mandibulares. Não apresenta nenhuma relação com a posição ou contato
dentário.

2. Máxima intercuspidação habitual (MIH): é uma relação estática, definida como a posição com o maior número
de contato entre os dentes superiores e inferiores, pode ser alterada em tratamento bucais.

A máxima intercuspidação habitual não coincide com a relação cêntrica, pois a MIH é alterada quando passa
por tratamentos odontológicos, quando coincide é denominado Oclusão em Relação Cêntrica.

Os movimentos dinâmicos são aqueles produzidos com a mandíbula.

Movimentos laterais 

Ocorre desoclusão dos dentes posteriores, promovida pela guia canino.

Movimentos protrusivos 

Os dentes anteriores desocluem os dentes posteriores.

Há outros conceitos importantes que vão nortear nossos estudos. Vamos conhecê-los:

Dimensão vertical de oclusão: é a relação vertical entre a mandíbula e a maxila, na qual os dentes estão em
oclusão.
Dimensão vertical de repouso: é quando a mandíbula está relaxada, sem contato entre os dentes.
Espaço funcional livre: espaço existente entre os dentes quando a mandíbula está em repouso.

Oclusão ideal
Para traçar um bom plano de tratamento é necessário conhecer a oclusão mais próxima da ideal e, assim,
conseguir aproximar-se desse ideal. Seguem os princípios ideais da oclusão:

Quando as forças oclusais são exercidas ao longo do eixo dentário posterior.


Contatos dentários posteriores bilaterais ao mesmo tempo.
Dimensão vertical de oclusão adequada.
Guias laterais e anterior ideal.
Relação cêntrica coincidente com a Máxima Intercuspidação Habitual.
Registro e montagem em ASA
O registro e a montagem no articulador semiajustável seguem o passo a passo:

1º passo

No garfo, coloca-se a godiva na região anterior e 2 pontos na região posterior, para marcar os dentes
superiores.

2º passo

Coloca-se a godiva no lado de baixo do garfo para marcar os dentes inferiores também.

3º passo

O arco facial é encaixado na articulação do garfo, e as olivas são colocadas nos meatos auditivos externos.

4º passo

O 3º ponto do arco é colocado na base do nariz e são apertados os parafusos.

5º passo

A distância entre os côndilos é escolhida, solta-se o parafuso e remove-se o arco.

Para fazer a transferência para o ASA no modelo superior, segue o passo a passo:

Na guia condilar, o ângulo é de 30° e o ângulo de Benett de 15°. Os postes condilares devem ser ajustados
com a distância intercondilar. Encaixam-se os pinos das faces e externas das guias nos orifícios das olivas. O
modelo de gesso é colocado na impressão da godiva e usa o guia telescópico expansivo para sustentar o
modelo; por fim, usa-se uma quantidade de gesso especial para fixar o modelo.

Para realizar a transferência do modelo inferior no ASA realiza-se esta sequência:

O paciente precisa estar em RC, registra-se o primeiro contato dos dentes com cera plastificada e coloca
sobre o modelo superior. O modelo inferior é posicionado contra o registro com o ASA ao contrário e ambos
são unidos com elásticos. O pino incisal é aumentado de 1 a 2 mm.

Provisório e técnicas de moldagem


Coroas provisórias
As coroas provisórias são usadas para substituir a prótese fixa enquanto ela não está concluída. De acordo com
a indicação, é possível escolher algumas técnicas de confecção de coroa provisória. A seguir, apresentamos tais
técnicas:

Com molde de alginato ou matriz de silicona: em dentes bem posicionados ou com


enceramento diagnóstico é possível moldar com moldeira parcial, colocar resina acrílica e
 cimentar a coroa. 

Coroas provisórias com tratamento endodôntico


Os dentes com tratamento endodôntico podem usar duas técnicas:

Faceta de dente de estoque 

Fio de ortodontia com retenção na ponta, acopla o dente de estoque e faz os ajustes, reembasamento e
cimentação.

Impressão negativa 

É a inserção da resina e escultura diretamente na boca. Quando o dente estiver com tratamento
endodôntico, usa-se o fio de ortodontia. Esculpe a forma do dente, realiza a oclusão para ser um guia para a
escultura. Faz os ajustes necessários e cimentação.

Técnicas de moldagem
Moldagem com fio retrator

Os fios retratores são usados com soluções químicas que diminuem o fluxo do fluido sulcular e o sangramento,
agindo como auxiliares indiretos na dilatação sulcular. A solução de cloreto de alumínio é a mais usada
(PEGORARO, 2014).

1. Moldagem com dois fios retratores

Coloca-se o primeiro fio para afastar a gengiva e controlar o fluido do sulco. O segundo fio faz o afastamento
lateral da gengiva. Na sequência, retira-se o segundo fio e começa a moldagem com material leve da silicona no
dente e na moldeira coloca-se o material pesado. Essa técnica é chamada de moldagem da dupla mistura.

2. Moldagem com um fio retrator

É feita quando se tem um sulco raso, coloca-se um fio retrator no sulco gengival, faz a moldagem com o material
leve da silicona no dente e na moldeira é inserido o material pesado.

Casquete de moldagem
O casquete de moldagem é feito com material de resina acrílica ativada quimicamente reembasada com duralay,
tem por objetivo o afastamento gengival. Há alguns tipos de confecção do casquete:

1. Confecção do casquete em modelo de gesso

Coloca-se a resina acrílica no dente preparado e reembasa com duralay, faz os desgastes.

2. Casquete a partir da coroa provisória

Provisório é colocado no alginato com a oclusal para cima, preenche com resina acrílica, faz o desgaste.

3. Reembasamento do casquete na região do término do preparo


A duralay é colocada na cervical do dente preparado e o casquete em cima dela, fazendo pressão, desgastam-se
os excessos da cervical. Para fazer a moldagem, usa poliéter ou polissulfeto, passa o adesivo, material de
moldagem no interior, é levado ao dente e com uma moldeira com alginato faz a moldagem e remove o casquete.

Retentores intrarradiculares
Retentores intrarradiculares são peças colocadas no interior do conduto para recuperar as condições
biomecânicas e, assim, manter a prótese em função. São indicados em dentes com grande destruição coronária,
vitalizados ou não.

As vantagens com os retentores é manter por mais tempo a prótese em função, recuperar a estética, dar
resistência estrutural ao material de preenchimento

As vantagens com os retentores é manter por mais tempo a prótese em função, recuperar a estética, dar
resistência estrutural ao material de preenchimento.

Como desvantagem em dentes vitais e que não têm estrutura suficiente para resistir às forças mastigatórias, é
preciso recorrer ao tratamento endodôntico, e isso torna o dente enfraquecido, tornando mais suscetível a
fraturas e riscos próprios da execução, como a perfuração. A escolha do material é feita analisando-se a altura
entre o batente e o término cervical.

Preparo do conduto radicular

Comprimento: 2/3 do comprimento total do remanescente coronário e radicular, deve deixar 4 mm de


material obturador no ápice radicular.

Diâmetro: mínimo de 1 mm e máximo de 1/3 do diâmetro da raiz.

Conicidade: o conduto deve ter a forma do canal radicular; se as paredes ficarem inclinadas ou alargadas
pode ocorrer descimentação da prótese.

Núcleo metálico fundido


A escolha do núcleo metálico fundido é justificado quando a altura entre o batente e o término cervical é menor
que 2 mm. A confecção do núcleo inicia-se com a moldagem do canal radicular com pino de plástico pré-fabricado
e reembasando o pino com resina Duralay. Após isso, faz a escultura da parte coronária. O núcleo é enviado ao
laboratório e será fundido. Para ver se não há retenções, utiliza um líquido evidenciador, e os locais onde o líquido
sair é necessário desgastar. A cimentação é feita com fosfato de zinco ou ionômero de vidro e antes faz o
jateamento com óxido de alumínio para criar microrretenções.

Pinos pré-fabricados
Os pinos pré-fabricados são indicados quando a altura entre o batente e o término cervical apresentar no mínimo
2 mm de altura. Existem vários pinos e será relatado o pino fibra de vidro que é o mais utilizado. Tem uma técnica
rápida, usada em dentes anteriores por ser estética, e com baixo potencial de fratura, pois o módulo de
elasticidade dela é semelhante ao da dentina. Esses pinos são fabricados em várias numerações para adaptarem-
se ao canal, pois este deve ser preenchido e deixar um pequeno espaço para o cimento. Para preparação do pino
de fibra de vidro para a cimentação usa-se o ácido fosfórico e silano, aguarda e aplica o adesivo. O cimento usado
é o ionômero de vidro ou cimento resinoso que é espatulado e aplicado no pino que será fotopolimerizado.
Situação-problema
A paciente Maria José, de 38 anos, chegou ao seu consultório com a queixa de que seu dente havia quebrado.
Ao realizar o exame clínico intra-oral e a partir de radiografias, percebeu-se que no dente relatado, dente 34, havia
uma grande destruição causada por processo carioso e que o remanescente coronário era menor que 2 mm.
Diante do exposto, indique o plano de tratamento e qual retentor é mais indicado nesse caso.

Resolução da situação-problema 

Essa situação é muito comum no consultório odontológico. Por diversas vezes o paciente chega com a queixa
de que o dente quebrou ao alimentar-se, mas geralmente esse dente já está fragilizado com restaurações
mal adaptadas ou cáries e é quando ocorre a fratura. No caso, o extenso processo carioso e pouca estrutura
dentária vai nortear o plano de tratamento.

Devido à extensa lesão cariosa e consequentemente pouco remanescente coronário, o plano de tratamento
irá englobar o tratamento endodôntico, confecção de núcleo metálico fundido e a coroa metalocerâmica. O
núcleo metálico fundido será o mais indicado, pois a lesão cariosa destruiu grande parte da coroa dentária e
restou menos de 2 mm de remanescente coronário.

Esse núcleo terá por finalidade oferecer resistência estrutural à peça e prolongar o uso da prótese fixa,
restabelecendo a função em boca. Para obter sucesso na confecção do núcleo metálico fundido, ele será
realizado obedecendo aos princípios de conicidade, em que o conduto deve seguir a forma do canal, o
comprimento deve ser de 2/3 do comprimento coronário e radicular, com 4 mm de material obturador no
ápice radicular e o diâmetro deve ser de 1 mm e no máximo 1/3 do diâmetro da raiz.

Se esse dente estivesse com tratamento endodôntico e a fratura tivesse exposto o canal por mais de 3
meses, seria necessária fazer o retratamento endodôntico e deixar os mesmos 4 mm de material obturador
no ápice radicular.

Voltando ao caso, após a moldagem e a prova da peça fundida, inicia-se o processo de cimentação. Para
oferecer maior retenção será usado o jateamento de óxido de alumínio e a cimentação será feita com fosfato
de zinco ou ionômero de vidro.

Continue pesquisando sobre os conteúdos abordados nesta webaula para que você possa aprofundar seus
conhecimentos.

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