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Professor: Guilherme Pereira dos Reis

Atividade 2 Projeto:
Data: 06/10/2023
(Unidade II) Versão: 01
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Curso: Cálculo Estrutural e Fundações


Disciplina: Análise de solo para fundações
Aluno: Aguinaldo Amancio Ferreira da Silva

QUESTÃO

Observamos na Unidade 2 que os estados de tensão e cisalhamento do solo versam sobre as


formas que temos para compreender e nos preservarmos aos limites de tensão que
determinados solos podem sofrer pelas fundações que a gente projeta!
Peço que, após assistirem ao vídeo “Resistência ao cisalhamento do solo – aplicações na
prática” disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=C5l7Om3A89Y, do professor
Eduardo Bittencourt, reflitam a questão da necessidade de se determinar os parâmetros, e as
suas formas de aplicação a etapa de infraestrutura da construção civil.
Como profissionais formados em engenharia civil são capazes de determinar numericamente
parâmetros, mas demonstram grande dificuldade (assim como em outras áreas da engenharia) a
executar isso não prática? Você partilha dessa dificuldade? Quais seriam os melhores meios
para vencer essa barreira de transferir o conhecimento técnico ao felling da prática em si?

Resolução:

É possível depreender tanto da leitura da Apostila 2 quanto das explicitações apresentadas no vídeo
do professor Eduardo Bittencourt que conhecer e saber aplicar os parâmetros de resistência do solo
se revestem de fundamental importância para a execução de um projeto de engenharia com
segurança e economia.

Os dois parâmetros considerados principais para a análise de solo são o ângulo de atrito das
partículas que o compõe na camada ou nas camadas onde o elemento estrutural vai se assentar
(identificado pela letra grega phi – φ) e a coesão (identificado pela letra c).

A correlação entre esses dois parâmetros indica a que tipo de ruptura o solo objeto da investigação
está sujeito.
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Existem duas formas clássicas para se determinar valor para o ângulo de atrito e para a coesão:

1. Correlações com o SPT (Standard Penetration Test); e


2. Ensaios de resistência ao cisalhamento (direto e triaxial)

O uso dos resultados extraídos do laudo de sondagem de simples reconhecimento – sondagem à


percussão – SPT - é o mais utilizado e de menor custo e consiste em aplicar fórmulas já
consagradas, por exemplo:

a) para ângulo de atrito:


i. φ = 28º + 0,4 NSPT (Godoy, 1983);
ii. φ = φ = 15º + √20 NSPT (Teixeira, 1996).

b) Para coesão: c’ = 10 NSPT (Godoy, 1983); [kPa}

O uso dos ensaios de cisalhamento direto e de ensaio triaxial, não obstante a sua importância e seu
uso em laboratórios de pesquisa acadêmica, são menos utilizados.

Para o ensaio de cisalhamento direto utiliza-se a fórmula τ = c’ + σ tg φ . Essa fórmula permite


estabelecer uma correlação entre a tensão de cisalhamento e a variação do deslocamento.

Conforme Pinto, C.S. (2013), o ensaio de cisalhamento direto é o mais antigo procedimento para a
determinação da resistência ao cisalhamento e se baseia diretamente no critério de Coulomb.

Conforme Pinto, C.S. (2013), o ensaio de compressão triaxial convencional consiste na aplicação de
um estado hidrostático de tensões e de um carregamento axial sobre um corpo de prova cilíndrico do
solo.

Nos projetos de engenharia civil em que há interação entre solo e estrutura, o conhecimento dos
parâmetros de resistência do solo, como eles interagem, quais as fórmulas já consagradas
mundialmente podem ser utilizadas dependentes desses parâmetros, se constituem numa condição
sine quibus non para a execução de um projeto com segurança, economia e durabilidade.
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Como exemplos de projetos que demandam conhecer os parâmetros de resistência do solo,


destacam-se:

1. Dimensionamento de sapatas (fundações diretas)


σr = c.Nc.Sq + q.Nq.Sq + 0,5.B.γ.Nγ.Sγ σr: tensão de ruptura

Assim, à medida que o ângulo de atrito (φ) aumenta, os fatores N (que são fatores de capacidade de
carga e que dependem do ângulo de atrito) aumentam, consequentemente a tensão de ruptura
também aumenta.

2. Dimensionamento de estruturas de contenção (muro de arrimo)

Como subsídios para proceder à análise de estabilidade de um muro de arrimo (de gabião, por ex.),
importa analisar os parâmetros para evitar o seu tombamento, o seu deslizamento. Importa calcular a
capacidade de carga da fundação (elemento estrutural e solo) e calcular a estabilidade global.

Para esse fim, carece de conhecer os parâmetros de resistência do solo: coesão e ângulo de atrito.

O mesmo se aplica para o dimensionamento de estruturas de contenção (estacas prancha),


estabilidade de taludes etc.

Como é possível perceber, com a abordagem resumidamente supracitada, os procedimentos para a


determinação dos parâmetros de resistência do solo podem ser considerados simples ou complexos.

Caso se considere a sua determinação mediante uma correlação com o SPT é mais barato e mais
fácil a sua execução; caso se considere os demais métodos, é mais custoso e mais complexo.

Sob o ponto de vista de proceder aos cálculos numéricos, independentemente do método a ser
utilizado e desde que os parâmetros já sejam conhecidos, para os engenheiros, de um modo geral,
não há dificuldade, dada a sua formação matemática.

Contudo, cumpre destacar que, exceptuando-se as entidades públicas ou privadas, cujo objetivo
social seja o de efetuar projetos de engenharia de fundações, de um modo geral, um quantitativo
expressivo de engenheiros civis não se sentem atraídos por esse ramo da engenharia. Os motivos
são diversos: negligência; clientes que não querem gastar com sondagens do solo; hedonismo (o
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máximo de prazer com o mínimo de esforço, então adotam as obras do entorno como parâmetro
para definir o elemento estrutural da fundação) etc.

Diferentemente do passado recente, o acesso ao conhecimento no presente é muito mais fácil: há


muitas literaturas acessíveis tratando da Mecânica dos Solos, em suas várias aplicações (fundações
rasas, profundas; estabilidade de taludes, muros de arrimo etc) ; há muitos softwares que contribuem
e que facilitam o dimensionamento de fundações.

Diante desse quadro, os profissionais da engenharia civil vão precisar se esforçar mais, se dedicar
mais, apresentar argumentos sólidos para os seus clientes sobre a importância de se conhecer o
solo onde vai haver o assentamento da estrutura predial, para conhecer melhor a importância de se
determinar com a maior precisão possível os parâmetros de resistência dos solos, implicando maior
segurança e economia.

Ademais, os engenheiros precisam participar mais ativamente dos processos de execução de


sondagens do solo para poder desenvolver uma melhor percepção e caracterização do solo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

UNYLEYA. Curso de Pós-Graduação em Cálculo Estrutural e Fundações – Disciplina de Análise de


Solos para Fundações – Apostila 2.

Caputo, H.P. Mecânica dos Solos e suas aplicações. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1979.

Bittencourt, E. Resistência ao cisalhamento do solo – aplicações na prática. Disponível em


https://youtu.be/C5l7Om3A89Y. Acesso em 06/10/2023.

Pinto, C.S. Curso básico de mecânica dos solos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Oficina de Textos, 2013.

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