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Potiguares

Tabajaras
Tapuias
Tamoios
Cariris
Janduís
Por volta de 1749 tínhamos as seguintes aldeias indígenas: GUAJIRU (Estremoz),
invocação de S. Miguel. Caboclos da língua geral (Tupis) e Tapuios da nação Paiacu.
Direção dos Jesuítas. APODI, invocação de S. João Batista, direção dos Religiosos
de Santa Teresa (Carmelitas), Paiacus. MIPIBU, invocação de Santana. Caboclos da
língua geral sob a direção dos Capuchinhos. GUARAIRAS (Arez), invocação de S. João
Batista. Caboclos da língua geral sob a direção dos Jesuítas. GRAMACIÓ
(Canguaretama), invocação de Nossa Senhora do Carmo, sob a direção dos Carmelitas
Reformados, com os caboclos da língua geral. Informação de Câmara Cascudo.
(“História do Rio Grande do Norte” – 1955- -pág. 42.)
Viviam os índios nas aldeias em regime de prisão aberta. A propósito, vejamos o que
dizem os Freis Fidelis Motta de Primerio e M. Cappuc em seu livro “Capucinhos em
Terras de Santa Cruz”, com referência ao cotidiano dessas aldeias. Vale a longa
citação:

“…ao alvorecer percorriam dois tambores o arraial despertando com os seus rufos os
habitantes. Durava esta tamborilagem nada menos de meia hora. Depois o sacristão
tocava as três Ave-Marias, convocando a todos para o serviço divino. Punham-se os
convocados à direita e à esquerda do corpo da Igreja, homens de um lado, mulheres
do outro; o missionário passava no meio corrigindo os erros. Então recitavam todos
a doutrina cristã e findo este exercício, começava a Missa. Ao se dar a elevação, o
coro das cunhãs entoava o Tantum ergo e outros belos cânticos espirituais, até o
fim da missa. Finda a Missa recolhia-se o celebrante à casa paroquial, onde o
capitão-mor diariamente ia ter com ele a receber ordens para execução do programa
do dia. À tardinha, nova convocação à igreja para recitação do rosário de Nossa
Senhora. Às oito, anunciava-se o toque de recolher; os dois tambores durante meia
hora rufavam, fechando-se as portas do quadro do arraial cujas chaves o oficial da
semana entregava ao pároco. Um alferes, comandando uma ronda de quatro soldados,
verificava se havia algum ausente, para isto indo de casa em casa. Se algum
faltasse à revista devia o oficial levar o caso ao conhecimento do missionário”
( Cit. p\ Gilberto Guerreiro Barbalho in “História do Município de São José de
Mipibu” – 1961- pág. 54).

Dizem os referidos frades, de palavra insuspeita, referindo-se, ainda, à aldeia de


Mipibu: “Aconselhava o antecessor de Frei Anibal ao seu substituto que não deixasse
de ser ríspido com os jurisdicionados. Nada de muita afabilidade”. ( Ob.cit. pág.
54).

Mais adiante, estas passagens, reveladoras da inadaptação dos índios: “Teve o


missionário má impressão do estado de cristianização dos índios de São José de
Mipibu. Iam à Missa mais pelo receio de penalidade do que por devoção” (….) “…
levavam os filhos recém-nascidos à pia batismal, mas já ao saírem da Igreja para
casa, os rebatizavam dando-lhes nomes de animais, aves ou quadrúpedes”. (Ob. cit.,
pág. 55).

Dissolução étnica
Extintas as Missões, por determinação do Marquês de Pombal, são os pobres indígenas
conduzidos, como rebanhos a caminho do matadouro, para serem vilados. Entregues à
própria sorte, decaíram mais depressa. E dissolveram-se etnicamente, na expressão
de Cascudo.

Dos valorosos Janduís, Canindés, Paiacus, Jenipapos, Pegas, Sucurus, Panatis,


Caratius, Cariris, Icós (para não falar nos Potiguares, estes da nação tupi, mais
dóceis, logos subjugados) restou só a lembrança. Tinham virado caboclos, párias.
Depois de dois séculos e meio de “colonização”, não mais havia índio no Rio Grande
do Norte.

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