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Estrutura interna do poema- Assunto e desenvolvimento

O sujeito poético deambula pela cidade, observando e seguindo uma mulher que o fascina:
Milady, uma mulher fatal e citadina. O poema está dividido em quatro partes. Na 1ª parte
(estrofes 1-4): é a confissão do fascínio que Milady exerce sobre o sujeito poético, como o
próprio confessa. O poema começa com uma apóstrofe- Milady Esta é a mulher por quem o
sujeito poético se apaixona. No entanto, admite: "é perigoso contemplá-la, Quando passa
aromática e normal". Milady é uma mulher fisicamente bonita, fascinante e sensual. - "Em si
tudo me atrai como um tesoiro" , "Ah! Como me estonteia e me fascina..." . Porém, é uma
mulher fria e vaidosa, cujos "gestos de neve e de metal" mostram sua superioridade na
postura e indiferença aos sentimentos do sujeito poético- "Eu vejo-a, com tal solenidade". Na
2ª parte, surge "Britânica”: altiva/ superior- "E com firmeza e música no andar!", sozinha-
"Grande dama fatal, sempre sozinha". O seu olhar é caracterizado de uma forma antagónica-
"O seu olhar possui, num jogo ardente, Um arcanjo e um demónio a iluminá-lo". Na parte 3,
o sujeito poético diante da posição de Milady não tem escolha senão recuar. - "Pois bem.
Conserve o gelo por esposo" "Que eu procuro fundir na minha chama". Nas duas últimas
estrofes (4ª parte), o sujeito poético deixa um aviso para Milady: ter cuidado e não ficar feliz
com a sua posição como "rainha", o que lhe daria poder absoluto sobre os homens. O "eu"
lírico alerta que o seu poder vem de algo temporário: a sua beleza- "Mas cuidado, milady,
não se afoite, Que hão de acabar os bárbaros reais".
Neste poema verificamos presentes temáticas do autor, tais como a imagética feminina-
encontramos a mulher fatal comparada com a mulher de “Les Fleures du Mal” de Baudelaire,
contaminada pela civilização urbana, bela e superficial que demonstra superioridade.
Encontramos na última estrofe o binómio de cidade/campo- “ó flor do Luxo, nas estradas,
Sob o cetim do Azul e as andorinhas”. E através da observação de algo que é banal
transforma-se em algo especial e peculiar verificamos a poetização do real.

Recursos estilísticos
Apóstrofe- “Milady” (v.1) “ó flor do Luxo” (v.37) / Dupla adjetivação- “aromática e normal”
(v.2) “O seu ar pensativo e senhoril” (v.10) “Como a Moda supérflua e feminina” (v.15) /
Metáfora- “gestos de neve e de metal” (v.4) “E tão alta e serena como a Morte!...” (v.16) /
Comparação- “como um tesouro” (v.9) “tão alta e serena como a morte” (v.16) “Como um
florete, fere agudamente,” (v.23) / Anáfora- “Com seu tipo…” / “Com seus gestos…” (vv.3 e
4) / Sinestesia- “timbre de oiro” (v.11) / Hipálage- “lúcido perfil” (v.12) / Antítese- “Um
arcanjo e um demónio” (v.22)

Apreciação crítica do grupo em relação ao poema


O poema "Deslumbramentos" de Cesário verde apresenta a mulher da cidade, a grande
mulher fatal; uma mulher bastante atraente e sensual, que chama a atenção do sujeito poético,
porém este afirma que é perigoso contemplá-la. Porque será perigoso contemplar a Milady?
Além de ser fria e distante é uma mulher com um sentimento de superioridade e desinteresse
em relação aos outros, até mesmo o sujeito poético. Mesmo existindo diversos tipos de
mulher na poesia de Cesário Verde, é sempre interessante a demonstração da mulher de uma
perspetiva negativa, pois estamos habituados a observar a mulher de uma forma submissa e
inocente, porém a Milady é uma mulher-demónio, pois a mulher da cidade representa a
morte. Nisto conseguimos verificar os sentimentos do poeta em relação à cidade.
A caracterização de uma mulher dominadora e bela, que, apesar de apresentar beleza exterior,
há ausência de beleza interior. O próprio poeta, apesar do fascínio, critica-a pela sua
superficialidade, afirmando que o seu maior poder, a beleza, que a usa como força sobre os
homens através da sedução, é algo passageiro. O poeta utiliza isto como crítica social, pois
gostava de ver pessoas que desprezam as classes sociais mais baixas, a arrastar os seus
farrapos pelas ruas solitárias e abandonadas, para que provem do veneno que servem àqueles
que trabalham arduamente que são tratados de forma cruel e com repugnância.
Bibliografia:
A Aula da Professora Lis: Cesário Verde - Deslumbramentos (auladaproflis.blogspot.com)
Folha de Poesia: Deslumbramentos, Cesário Verde
Cesário Verde (análise) | portaldosecundarioblog (wordpress.com)
Deslumbramentos, Cesário Verde by Andreia Silva (prezi.com)

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