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https://novaescola.org.br/conteudo/1463/5-etapas-
para-realizar-uma-boa-pesquisa-escolar
Planejamento
O tema da pesquisa deve ser atraente e estimulante. "É preciso certo grau de
conhecimento sobre o que será investigado para ter a curiosidade despertada
e querer se aprofundar no tema", explica Pedro Demo. Não adianta definir
como foco a bolsa de valores, por exemplo, se os alunos nunca ouviram falar
nesse assunto nem possuem um repertório básico para iniciar a procura. Por
isso, antes de propor o trabalho, é importante falar sobre o assunto e exibir
vídeos, fotos e outros materiais para aproximar a turma do assunto que será
estudado.
Já a questão "Por que o Brasil se tornou independente?", por outro lado, não
tem um foco claro e permite a apresentação de inúmeros argumentos e
pontos de vista. Os alunos têm dificuldade de selecionar e ordenar as
informações para respondê-la. Além de genérica, ainda permite uma resposta
opinativa simples como esta: "Porque não queria mais ser comandado por
Portugal" (que não está, necessariamente, certa ou errada).
Do 3º ao 5º ano
As questões secundárias, feitas durante a investigação, devem incluir
problemas interpretativos e abrangentes - e não somente questões pontuais.
A ideia, nessa fase da escolaridade, é levar os alunos a selecionar nos textos
lidos informações que ajudem a justificar seu ponto de vista, além de
desenvolver a habilidade de fazer uma primeira leitura com base em índice,
título, subtítulo e legendas.
Do 6º ao 9º ano
A questão principal deve ser suficientemente abrangente para que os jovens,
já mais experientes nesse tipo de atividade, ampliem as relações entre
diferentes textos e pontos de vista apresentados pelos autores. Com a tarefa,
eles devem se tornar capazes de relacionar dados obtidos em diversas partes
do texto (epígrafes, gráficos, índice, ilustrações etc.) e de identificar o que é
opinião e o que é fato.
A base de qualquer pesquisa são os materiais que os alunos vão analisar. Por
isso, a escolha deles deve ser criteriosa e feita, necessariamente, por você
assim que começar a planejar a atividade. Deixe claro para a turma que
pesquisa não se faz somente em enciclopédias e apresente fontes de
diferentes gêneros. De modo geral, não podem ficar de fora os textos típicos
de cada área - por exemplo, reportagens de divulgação científica, artigos
históricos e resenhas literárias -, mesmo que considerados difíceis para a
faixa etária dos alunos. Fique atento à sequência de leitura dos textos. Eles
têm de dialogar entre si e as novas questões surgidas precisam ser
respondidas pelo próximo.
Além de livros e artigos, fotos e ilustrações e
arquivos de áudio e vídeo também podem
ajudar. Outras alternativas eficientes,
dependendo do tema e da disciplina, são
entrevistas com especialistas ou testemunhas
históricas e os dados coletados em saídas a
campo, experimentos científicos e durante a
observação de fenômenos ou situações
sociais, além de levantamentos estatísticos.
Por fim, alerte os alunos para a importância das referências sobre cada fonte
consultada (Quem é? Quando disse isso? Por quê?). Esse cuidado ajuda a
chancelar a qualidade do trabalho e a demonstrar que há sempre algum viés
ideológico e que não existe fonte neutra (leia o exemplo de uma pesquisa em
Geografia no quadro abaixo).
Do 3º ao 5º ano
Textos científicos e jornalísticos mais longos são adequados. Certifique-se de
que eles contenham diferentes perspectivas e pontos de vista. Nessa fase, as
crianças já podem lidar com a dificuldade que se apresenta quando dados
não coincidem. Elas devem aprender que, diferentemente do que ocorre
durante a leitura de ficção, as informações devem ser analisadas e
confrontadas. Nos trabalhos em grupo, garanta que todos tenham acesso a
diferentes fontes para que aprendam a comparar informações.
Do 6º ao 9º ano
Nesse segmento, a pesquisa deve ser realizada com mais autonomia. Indique
fontes que tragam as informações procuradas e outras que não tratem
diretamente do assunto. Na vida real, muitos dos materiais que consultamos
não contêm o que buscamos. Debata com a sala o que são sites confiáveis e
problemas encontrados em blogs, que muitas vezes não passam pelo crivo
de um editor. Os que já estão cientes disso podem pesquisar sozinhos.
Porém, durante o trabalho, eles terão de justificar por que consideram a
informação confiável.
- Busca Como alternativa aos livros didáticos, que traziam informações de fontes
majoritariamente ligadas à ONU, os alunos leram reportagens e assistiram a
vídeos de sites noticiosos. Páginas de organizações não governamentais (ONGs)
e de órgãos do governo foram indicadas para consultas a dados oficiais. Já os
blogs ampliaram o leque de opiniões sobre o tema. Todas as informações eram
confirmadas em pelo menos dois sites, identificados pelo link.
- Socialização Os textos produzidos foram lidos em voz alta para toda a sala.
A cada leitura, se seguia um momento de debate mediado pelo professor.
3 Ensinar a interpretar
Do 3º ao 5º ano
Nessa fase, é essencial ensinar a turma a fazer anotações e produzir resumos
e tabelas que ajudem na compreensão do material que foi analisado. Essas
atividades facilitam a organização lógica do pensamento das crianças.
Do 6º ao 9º ano
Os alunos devem ser convidados a interpretar textos, imagens e dados de
forma autônoma cada vez com mais frequência. Acompanhe sempre. Ao
observar problemas na compreensão do que está sendo estudado, retome o
material utilizado e ajuste as interpretações.
- Interpretação Numa primeira análise, os alunos concluíram que não havia uma
relação entre os dois valores e que isso não era suficiente para saber se o custo
de vida de Irará, onde vivem, é menor que o de Salvador. Num segunda etapa,
cruzaram dados sobre o valor de tarifas e impostos pagos nos dois locais e
constataram que os moradores de Irará gastam menos, mas têm uma média
salarial mais baixa.
- Socialização Uma tabela com valores de itens básicos foi produzida para
auxiliar os jovens a administrar seu salário.
Do 3º ao 5º ano
Reportagens, relatórios e resumos são adequados para o nível desses
estudantes. Para produzi-los, intercale momentos de produção individual,
situações com toda a sala e em subgrupos. Reforce as orientações sobre a
questão da cópia (usar uma informação não é copiá-la) e a importância de
fazer referência aos dados usados.
Do 6º ao 9º ano
O desafio deve ser crescente. Convide os jovens a produzir monografias e
artigos, como fazem cientistas e pesquisadores profissionais. É importante
trabalhar cada tópico em aula e ajudar na definição de objetivos, justificativas
e conclusões.
5 Socializar os trabalhos
Os resultados das investigações feitas pelos alunos devem ser mostrados aos
colegas, a outras turmas da escola ou mesmo à comunidade. "No mundo
real, as descobertas decorrentes de uma pesquisa são divulgadas em
publicações especializadas e para plateias interessadas, possibilitando que o
conhecimento circule. Cabe à escola organizar situações semelhantes", afirma
Jorge Santos Martins. A organização de debates, palestras, seminários e feiras
de Ciências abertas à comunidade, além da
produção de murais informativos no pátio,
livros, textos e outros documentos são
algumas opções (leia o exemplo de uma
pesquisa em História no quadro abaixo). Não
se esqueça de que qualquer uma delas deve
ser proposta após o oferecimento de modelos
e ser desenvolvida com orientação direta. Nas
situações de apresentação oral, o aluno se
porta como um especialista que explica e tira
possíveis dúvidas dos ouvintes.
Do 3º ao 5º ano
Produzir cartazes e pôsteres para ser colocados no pátio da escola com as
respostas a diferentes perguntas surgidas durante a pesquisa está entre as
estratégias adequadas para essa faixa etária. A turma pode ser dividida em
grupos para explicar com mais detalhes o que foi descoberto.
Do 6º ao 9º ano
O ideal é desafiar os alunos a produzir seminários e debates com a
participação de toda a escola. Os grupos podem defender os trabalhos para
uma "banca" ou criar experimentos e situações para explicar o caminho
trilhado até chegar às conclusões em uma feira de Ciências.
CONTATOS
Bernadete Campello
Jorge Santos Martins
Pedro Demo
BIBLIOGRAFIA
Como Orientar a Pesquisa Escolar - Estratégias para o Processo de Aprendizagem, Bernadete Campello
(coord.), 238 págs., Ed. Autêntica, tel. 0800-283-1322, 39 reais
Como Usar a Biblioteca na Escola - Um Programa de Atividades para o Ensino Fundamental, Bernadete
Campello (coord.), 304 págs., Ed. Autêntica, 41 reais
Educar pela Pesquisa, Pedro Demo, 156 págs., Ed. Autores Associados, tel. (19) 3249-2800, 27 reais
Pesquisa na Escola - O Que É, Como Se Faz, Marcos Bagno, 102 págs., Ed. Loyola, tel. (11) 2914-1922, 9,80 reais
Trabalho com Projetos de Pesquisa: do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, Jorge Santos Martins, 144 págs.,
Ed. Papirus, tel. (19) 3272-4500, 34,90 reais
FILMOGRAFIA
Coleção Educação pela Pesquisa, Atta Mídia e Educação, tel. (11) 3675-6690, 220 reais