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Skinner
Lucelmo Lacerda

Vamos falar brevemente aqui deste importantíssimo intelectual chamado


Skinner. Formado primeiramente em Letras, Skinner rumou para a Psicologia e
construiu uma obra gigantesca, com uma importância fundamental para a
história da ciência como um todo. Isto porque levou à frente o compromisso
assumido por Watson de tornar o comportamento humano um objeto de estudo
com bases científicas rigorosas.
Em princípio, Skinner trabalhou muito com animais, sofrendo influência de
muitos pensadores como Thorndike, Mach e Watson, entre inúmeros outros,
vindo a elaborar uma nova versão do Behaviorismo, ao qual se adicionou o
adjetivo “Radical”, para sinalizar que para este novo comportamentalismo, a raiz
de toda a compreensão humana poderia e deveria se dar pela análise de seu
comportamento, não por uma simples questão metodológica, como propõe o
Behaviorismo Metodológico, mas porque todo fazer humano é comportamento.
Skinner primeiramente enfrentou a questão do delineamento do campo do
comportamento, estabelecendo uma distinção fundamental entre o
comportamento respondente e um outro tipo de comportamento, o operante. Ele
fez isso trabalhando de maneira intensa com animais como ratos e pombos,
elaborando a teoria comportamental a partir de seus princípios básicos.
Quando esta tarefa estava mais avançada, sustentada em bases firmes e
com sólidas demonstrações empíricas, Skinner quis mais, e sua produção foi em
busca do que há de mais elaborado, mais complexo, em termos de
comportamento humano para demonstrar que o comportamento é, realmente, a
raiz de tudo.
O primeiro livro deste tipo, super ousado para seu tempo foi
Comportamento Verbal, em que ele argumentou que o comportamento de
comunicação humano é regido pelas mesmas regras dos demais
comportamentos. Mas Skinner lançou este livro, diferentemente dos anteriores,
não como conclusão de pesquisa empírica, mas como derivação de outras
pesquisas básicas e uma séria reflexão. O livro se tornou, então, um verdadeiro

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programa de pesquisa (ainda hoje incompleto) e surpreendentemente, a
esmagadora maioria das afirmações feitas por Skinner naquela obra se
demonstraram corretas por rigorosa experimentação posterior.
Outra obra igualmente ousada foi Tecnologias do Ensino, em que o autor
destrinchou os equívocos e possibilidades educacionais a partir desta ciência do
comportamento e propôs o ensino sobre novas e inovadoras bases, que foram,
ao mesmo tempo, base para experiências educacionais fantásticas, como a
Escola da Ponte, em Portugal ou grande parte da instrução programada por
Ensino à Distância atual e, por outro lado, compreendido de forma equivocada
como proponente da substituição dos professores por máquinas de aprender.
Em suas últimas obras, o autor ainda analisou temas sofisticados como
arte, poesia e as várias formas do amor, demonstrando que a Análise do
Comportamento é uma ferramenta versátil e complexa de descrição dos
fenômenos humanos.
Por outro lado, o autor também refletiu seriamente sobre a humanidade e
nossas limitações e possibilidades. Em um livro chamado Walden II, Skinner
pensou em uma sociedade perfeita, governada por um modelo a que chamou de
personocracia, em que os conhecimentos derivados das ciências do
comportamento seriam a base do governo. Este livro, que é uma grande
controvérsia dentro de nosso campo de estudo, que alguns acham que é uma
utopia e outros uma distopia, inspirou diversas comunidades reais. A de maior
sucesso ainda está de pé, são os Los Horcones.
Outro livro mais filosófico é Beyond Freedon na Dignity, que em tradução
literal significa “Para além da liberdade e da dignidade” e que sofreu (a palavra
ideal é essa, que remete a sofrimento) a infeliz tradução de “O mito da liberdade
e da dignidade”. No qual o autor discorre longamente sobre o papel do ambiente
em nosso comportamento, no qual ele argumenta que a liberdade não é nunca
absoluta, que somos governados por uma interação com o contexto em que
vivemos. Assim, à medida em que nossa realidade muda, também mudamos.
Por um lado, pode parecer uma acepção limitadora de homem, quando, na
verdade, é precisamente o contrário. Skinner argumenta que se quisermos
pessoas boas, adeptas da paz, que preservem o meio ambiente... temos que
arranjar contingências, organizar nosso ambiente, para ensinar as pessoas a

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assim serem. Em outras palavras, Skinner assumiu que a responsabilidade por
um mundo mais justo está em nossas mãos e que a Análise do Comportamento
deveria se comprometer com esse objetivo ético.
É claro que a Análise do Comportamento não é limitada a Skinner e, como
qualquer ciência, o objetivo é que ele seja largamente superado. Mas o
conhecimento deste autor ainda é fundamental para as bases desta ciência e
para compreendermos

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