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29/09/2023, 12:23 Princípios básicos do behaviorismo

Princípios básicos
do behaviorismo
Prof.º Vitor Hugo Costa

Descrição

Os princípios teóricos básicos do behaviorismo, do paradigma respondente ao operante, e observações do cotidiano.

Propósito

Compreender os princípios básicos que norteiam o behaviorismo, tanto no que diz respeito ao paradigma respondente
quanto ao paradigma operante, é fundamental para que o psicólogo possa observar esses mesmos princípios se
manifestarem na vida cotidiana.

Objetivos

Módulo 1

Paradigma respondente

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Analisar o histórico de desenvolvimento do behaviorismo a partir da manifestação do paradigma respondente no


comportamento humano.

Módulo 2

Paradigma operante

Reconhecer o paradigma operante no comportamento humano e as mudanças provocadas no ambiente.

meeting_room
Introdução
O behaviorismo é uma das abordagens psicológicas e tem por objetivo analisar, quantificar e controlar o comportamento
de humanos e animais a partir do método científico.

Talvez o termo controlar gere estranheza em muitas pessoas e deixe no ar a pergunta:

Será que o behaviorismo quer transformar as pessoas em robôs?

Por isso, o propósito deste conteúdo é apresentar o behaviorismo com todos os seus conceitos e paradigmas,
desmistificando muitos preconceitos sobre essa abordagem e demonstrando o quão importante ele foi ao longo do último
século e o quanto ainda pode ser útil.

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1 - Paradigma respondente
Ao final deste módulo, você será capaz de analisar o histórico de desenvolvimento do behaviorismo a
partir da manifestação do paradigma respondente no comportamento humano.

Conceitos behavioristas

Como explicar a natureza das ações humanas?

Desde os tempos mais remotos, os filósofos clássicos buscam a compreensão das ações humanas para entender não
somente por que as pessoas desempenham os comportamentos simples de sobrevivência, como outros animais, mas
também os comportamentos complexos que revelam as vontades que impulsionam planejamentos e atitudes para chegar
a determinado ponto ou se desenvolver como indivíduo único.

Por muitos séculos, a ideia de que uma força motriz de base metafísica seria suficiente para explicar tais características
foi dominante para as explicações acerca da natureza humana e de suas ações.

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Com o desenvolvimento do método científico, os argumentos filosóficos que usavam a metafísica para explicar os
fenômenos da natureza foram paulatinamente perdendo sua proeminência frente aos avanços e às descobertas nas áreas
da Física, Química, Astronomia e Biologia.

Mas e as ações humanas? Elas ainda só poderiam ser explicadas como consequência das
relações com determinado substrato metafísico? Como analisar cientificamente
características tão subjetivas quanto as ações humanas?

Vejamos as respostas para essas perguntas na sequência.

Estudiosos do comportamento
Apesar de algumas tentativas de estabelecer a Psicologia como mais um campo de estudo científico, os estudiosos
sempre acabavam esbarrando em algum problema paradigmático que inviabilizava tal adaptação.

O filósofo e psicólogo alemão Wilhelm Wundt (1832-1920), por exemplo, foi muito bem-sucedido com seu Laboratório de
Psicologia Experimental, em Leipzig, elaborando importantes estudos em um movimento que ficou conhecido como
escola estruturalista.

Ainda que trouxessem muitas contribuições para a criação de uma psicologia científica, os estruturalistas não deixaram
de receber críticas por eleger objeto de estudo e método de análise vulneráveis à experiência subjetiva do pesquisador.

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Se, para o método científico, parte-se do princípio de que o fenômeno observado pode ser
analisado para obter generalizações provisórias, mas replicáveis, como seria possível chegar a
regras seguras e replicáveis se o objeto da psicologia estruturalista eram as experiências
conscientes, e o método era a introspecção?

Ao final do século XIX, importantes estudiosos, como Edward L. Thorndike (1874-1949) e John B. Watson (1878-1958),
resolveram estudar o comportamento.

Thorndike estudava gatos e seus padrões de comportamentos para solucionar um problema específico de como sair de
uma caixa previamente construída, para que o animal, colocado dentro da caixa, pudesse escapar apenas se pressionasse
uma barra ou puxasse uma alavanca, o que fazia com que a corda presa à porta levantasse um peso, abrindo-a.

O estudioso calculava o tempo necessário para que o gato chegasse a uma resposta adequada e o recompensava.
Thorndike, então, percebeu que, após o animal acidentalmente pressionar a barra ou puxar a alavanca, nas vezes
seguintes em que o gato era posto na caixa, o tempo da resposta correta diminuía de forma progressiva.

Assim, Thorndike chegou a reproduzir uma curva de aprendizado que poderia ser observada não só no estudo com gatos,
mas com diversos outros animais. A partir desse experimento, o estudioso elaborou a Lei do efeito, sobre a qual
discutiremos melhor mais adiante.

Na mesma época, Watson esboçava seus primeiros trabalhos sobre o comportamento. Ele era
crítico da escola estruturalista, pois defendia que o estudo da experiência consciente era falho,
já que um estudo objetivo da mente seria impossível. Para ele, era mais importante se
concentrar diretamente no comportamento observável e tentar controlá-lo.

Portanto, Watson foi um dos principais defensores da mudança do objeto de estudo da Psicologia, da mente para o
comportamento, uma vez que este pode ser observado, controlado, quantificado, e seus experimentos, replicados.

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Saiba mais

Watson também é conhecido como o pai do behaviorismo, já que o início da utilização do termo foi com a publicação de
seu trabalho, em 1913, Psychology as the behaviorist views it ou Psicologia como um comportamentista a vê, na tradução
em português. Os estudos de Watson foram muito influenciados pelos trabalhos sobre comportamentos reflexos do
fisiologista russo Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936).

Os estudos experimentais sobre comportamento aprendido de Watson eram realizados com animais, mas o próprio
psicólogo deixava claro que esse era um modelo experimental que poderia ser replicado inclusive em humanos.

Trinta anos depois da criação da escola behaviorista por Watson, outro proeminente estudioso, Burrhus F. Skinner (1904-
1990), trouxe uma grande contribuição ao estudo do comportamento, apresentando a teoria sobre a modelagem de
comportamentos complexos e postulando o behaviorismo radical, o qual também será abordado melhor em breve.

O behaviorismo foi a proposta para uma psicologia científica mais bem aceita, ao menos até meados do século XX, que
dominou o cenário acadêmico por décadas, principalmente no campo da psicologia experimental.

Os behavioristas têm como pressuposto analisar as ações emitidas pelos organismos, cujo
objetivo é promover o estudo científico do comportamento de organismos individuais, de
animais ou pessoas.

Aqui, vamos entender melhor os conceitos introdutórios sobre o behaviorismo, tais como sua definição, suas vertentes de
pensamento e suas aplicações teóricas e práticas.

Breve histórico

A seguir, veja um breve histórico sobre os primeiros autores que influenciaram o estudo do comportamento:

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Edward L. Thorndike (1874-1949)

Thorndike era interessado em estudar a inteligência humana e foi aluno de James M. Cattell (1860-1944).

Observando como gatos e outros animais faziam para resolver problemas para obter consequências agradáveis, deu
um importante pontapé para uma primeira teoria da aprendizagem, criando, assim, a Lei do efeito, que diz que: se um
comportamento for seguido de satisfação, será fortalecido, mas se for seguido de castigo, será enfraquecido.

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Ivan Pavlov (1849-1936)

Pavolv, importante fisiologista russo, estudava o papel das enzimas digestivas, mais especificamente a liberação de
saliva na presença de comida em cachorros. Com isso, observou que comportamentos reflexos poderiam ser
produzidos a partir da associação de estímulos com respostas reflexas.

Condicionamento clássico

É um conceito relacionado à aprendizagem animal de novos comportamentos a partir da associação com


comportamentos reflexos previamente apresentados.

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John B. Watson (1878-1958)

Watson foi pioneiro e criador da escola behaviorista. Foi quem defendeu pela primeira vez que a Psicologia deveria ser a
ciência do comportamento observável. Além disso, desenvolveu importantes pesquisas sobre o processo de
condicionamento clássico e demonstrou a importância disso para entendermos o aprendizado de padrões de respostas
emocionais, como, por exemplo, o medo.

S→R
Watson postulou a relação entre estímulo e resposta, ou seja, uma alteração no ambiente (estímulo) gera uma alteração
no organismo (resposta).

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Burrhus F. Skinner (1904-1990)

Dedicou-se a analisar comportamentos complexos. Para ele, nem todos os comportamentos do cotidiano poderiam ser
explicados por respostas reflexas. Trouxe grandes contribuições ao behaviorismo com suas teorias de reforço, punição
e modelagem do comportamento.

R→S
Skinner não desconsiderou a obra de Watson, mas a complementou com a teoria de condicionamento operante, a qual
postula que uma mudança no organismo (resposta) gera uma mudança no ambiente (estímulo) que aumentará ou
diminuirá a chance de o organismo repetir aquela resposta inicial.

Classes de comportamentos

Reflexo inato e reflexo aprendido


Imagine que uma pessoa pediu uma belíssima torta de limão que está exposta na lanchonete que tanto ama. O atendente
lhe serve a torta. Ansiosamente, o cliente se encaminha para a mesa mais próxima, senta-se, pega o garfo, retira um

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generoso pedaço do recheio repleto de raspas de limão e o leva à boca. No entanto, nesse dia, o cozinheiro errou a receita
ao adicionar uma proporção de limão muito maior que a necessária, deixando o belo doce extremamente ácido.

Tente imaginar o que a pessoa da história sentiu. Assim como a personagem, provavelmente, você já experimentou essa
sensação de formigamento incômoda, que, às vezes, até pode ser levemente dolorosa. Isso nada mais é do que uma
resposta automática do organismo para que as glândulas salivares aumentem consideravelmente e em pouco tempo a
produção de saliva para facilitar o processo de digestão do alimento.

Exame do reflexo patelar.

Assim como a ativação rápida das glândulas salivares, existem diversos outros mecanismos de resposta do organismo a
mudanças do ambiente.

Por exemplo, o reflexo patelar, o qual pode ser demonstrado quando um leve golpe é dado no tendão patelar, fazendo com
que os músculos da perna se contraiam, é outra situação bastante habitual.

Temos também outros exemplos: quando um pequeno objeto entra no olho de uma pessoa, automaticamente, a produção
de lágrima aumenta. Se uma pessoa encostar sua pele em uma superfície muito quente, de imediato irá afastá-la do
contato com o meio.

Assim, todos esses exemplos têm alguns fatores em comum: são respostas do organismo a
uma mudança do ambiente, não necessariamente conscientes.

E, então, surge o seguinte questionamento: o que há de especial nessas situações?

Resposta

A contração da perna diante do golpe no joelho, a dilatação da pupila em ambiente mais iluminado, o aumento da
salivação ao se deparar com um alimento saboroso ou a sucção que o bebê realiza quando encontra o mamilo da mãe
são exemplos de reflexos.

De acordo com Moreira e Medeiros (2007, p. 18):

“Reflexos não são apenas comportamentos, mas sim a relação entre estímulo e resposta”.

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Isso significa que, diante de determinado estímulo (mudança do ambiente), uma resposta relacionada (mudança no
organismo) é eliciada. Assim, é esperado que um ambiente muito quente elicie na pessoa a resposta de suar, e não a de
esticar a perna, por exemplo.

Atenção!

Para uma mudança no organismo, dá-se o termo resposta ou comportamento, enquanto estímulo é o termo usado para
uma mudança do ambiente. O reflexo é uma relação causal entre estímulo e resposta.

A equação dessa relação pode ser representada da seguinte maneira:

Sn → Rn

Determinado estímulo elicia uma resposta

Quadro: Equação dos reflexos.


Vitor Hugo Costa.

Essa relação entre estímulo e resposta é de suma importância para a sobrevivência dos organismos. Como mencionado
anteriormente, muitos desses reflexos são eliciados sem uma aprendizagem prévia. Isso ocorre porque cada organismo já
nasce com um conjunto de comportamentos herdados ao longo de sua história filogenética, isto é, a história evolutiva de
uma espécie. Isso explica por que filhotes de pássaros abrem o bico para receberem comida, mas não conseguem fazer
movimento de sucção para mamarem das fêmeas adultas.

A capacidade de eliciar comportamentos diante da apresentação de estímulos ambientais é importante para que o
organismo se adapte e sobreviva àquele ambiente em que está inserido.

Propriedades dos reflexos


Pelo fato de haver uma relação causal entre estímulo e resposta, podemos observar algumas propriedades importantes
para a compreensão dos reflexos (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).

A primeira é a relação entre a intensidade do estímulo e da resposta:

Quanto maior a intensidade do estímulo, maior será a intensidade da resposta.

Por exemplo, se o golpe na patela for fraco, a contração muscular será proporcionalmente fraca, mas se o golpe for forte,
a contração será maior.

Outras propriedades são:

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Lei do limiar expand_more

Há sempre uma intensidade mínima de estímulo para que a resposta seja eliciada pelo organismo.

Exemplo: somente a partir de uma intensidade, determinado barulho eliciará a resposta de fechar as pálpebras.

Lei de latência expand_more

É o tempo compreendido entre apresentar o estímulo e eliciar a resposta. Assim, quanto maior a intensidade do
estímulo, menor será o tempo de latência.

Exemplo: expor uma pessoa alérgica a um ambiente cujo ar contém pólen eliciará espirros a partir de um dado
momento. Se a quantidade de pólen no ar do ambiente aumentar de forma drástica, a frequência dos espirros
aumentará mais rapidamente.

Habituação expand_more

Quando um estímulo é apresentado muitas vezes, a ponto de reduzir a intensidade da resposta.

Exemplo: depois de certo tempo em um ambiente malcheiroso, é possível perceber que o cheiro não incomoda
mais e, muitas vezes, sequer é percebido.

Sensibilização expand_more

Quando um estímulo é apresentado muitas vezes a ponto de aumentar a intensidade da resposta.

Exemplo: determinado barulho bastante incômodo pode se tornar insuportável depois de algum tempo.

Com base nas propriedades dos reflexos, é possível entender como um organismo consegue sobreviver em seu ambiente,
já que possui um conjunto básico de comportamentos essenciais para interagir com o meio. No entanto, é fácil observar
as diferenças de comportamentos de um bebê recém-nascido e uma pessoa adulta.

Como essa mudança se torna possível?


Novos reflexos são desenvolvidos ao longo do desenvolvimento?

É nesse ponto que os estudos de Pavlov e Watson tornam claros o processo de aprendizagem. Vamos focar primeiro nos
experimentos de Pavlov.

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Condicionamento clássico
Observando os processos de salivação de seus cachorros, Pavlov apenas pretendia compreender melhor os reflexos de
liberação de saliva e sua função ao longo do sistema digestório. No entanto, ele percebeu que, a partir de determinado
momento, os cachorros já secretavam saliva antes mesmo que o alimento lhes fosse apresentado.

Intrigado, o pesquisador elaborou um experimento em que associava um estímulo que seguramente eliciaria salivação
com algo aleatório. Inicialmente, apresentava ao cão, previamente preparado com instrumentos de coleta de saliva,
apenas o som do badalar de um sino. Esse estímulo não era capaz de eliciar o aumento da secreção de saliva. No entanto,
em seguida, quando o pesquisador apresentava apenas comida, o cachorro aumentava consideravelmente a quantidade
de saliva. A continuação do experimento se dava com Pavlov apresentando comida ao cachorro e badalando o sino num
intervalo de tempo muito pequeno entre um e outro. Essa associação era repetida algumas vezes até que, num dado
momento, bastava o pesquisador apresentar o som do sino e o cão já começava a salivar.

Esse processo descrito anteriormente pode ser representado como no esquema a seguir:

1º Momento 1º Momento

Sino → (Nenhuma saliva) Comida → Salivação

Estímulo Resposta
Estímulo neutro Não há resposta esperada
incondicionado Incondicionada

2º Momento 3º Momento

Sino + Comida → Salivação Sino → Salivação

Estímulo neutro + Estímulo Resposta


Resposta incondicionada
incondicionado condicionado condicionada

Quadro: Condicionamento clássico de Pavlov.


Vitor Hugo Costa.
Nota: vale frisar que do 2º ao 3º momento são necessárias várias repetições desse mesmo pareamento, devendo esse número de repetições ser alterado
conforme algumas variáveis, tais como as características do próprio organismo e o tempo entre a apresentação dos estímulos, por exemplo.

Para se compreender todo o processo de condicionamento clássico de Pavlov, é necessário esclarecer alguns termos:

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Estímulo neutro expand_more

É um estímulo que não possui relação com as respostas esperadas no organismo observado. No caso do cachorro
de Pavlov, o som do sino provavelmente eliciou algumas respostas, tais como o redirecionamento do olhar e o
movimento das orelhas. Todavia, inicialmente não era esperado que o badalar do sino eliciasse salivação.

Estímulo incondicionado expand_more

É aquele que elicia uma resposta automática ao organismo. Por consequência, a resposta incondicionada é aquela
eliciada por um estímulo incondicionado.

Estímulo condicionado expand_more

É aquele que previamente era neutro e que passa a eliciar uma resposta condicionada. O emparelhamento de
estímulo neutro com estímulo incondicionado repetido diversas vezes resulta no condicionamento de um novo
comportamento.

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Psicologia do comportamento humano
Neste vídeo, o especialista refletirá sobre a psicologia do comportamento a partir das principais contribuições dos
primeiros autores que influenciaram o estudo do comportamento humano.

Escola behaviorista de Watson


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Behaviorismo metodológico
A partir dos estudos de Pavlov sobre o condicionamento respondente, Watson se aprofundou nessa área para criar as
bases do behaviorismo metodológico. Sua principal contribuição foi analisar o processo de condicionamento respondente
para diversos comportamentos e, principalmente, para a compreensão de respostas emocionais.

Para Watson, o propósito do behaviorismo seria prever a resposta do organismo com base no estímulo ou, dada uma
resposta, descobrir qual estímulo a causou (GRAHAM, 2010). Tal objetivo foi de grande importância para compreender as
fobias, demonstrando que a resposta de medo é um comportamento aprendido.

ehaviorismo metodológico
Escola behaviorista proposta por Watson. O estudioso não negava a existência da mente, mas afirmava que esta não poderia
ser estudada de forma objetiva e científica. Ele descartou de suas análises os eventos internos, como os pensamentos e as
emoções, pautando seus estudos em observações e experimentações. Além disso, Watson entendia que o comportamento
pode ser controlado e previsto, uma vez que só é necessário conhecer o estímulo e a resposta relacionada.

Se o behaviorismo metodológico não se interessava em analisar eventos internos como as emoções,


por que Watson estudava as respostas de medo?

Essa é uma questão muito importante que, talvez, já tenha causado muita confusão.

De fato, Watson não se interessava estritamente em variáveis internas, as quais não podia observar e controlar, como a
natureza subjetiva do medo, as reações fisiológicas e as sensações do indivíduo. O que se analisavam eram os
comportamentos externos apresentados pelo organismo diante do estímulo: chorar, cobrir os olhos, gritar, afastar-se do
local etc. Por exemplo, para o estudioso, não era possível observar “a dor de barriga” ou “a tristeza”.

Comentário

Hoje em dia, sabemos que há todo um sistema interligado de fisiologia, comportamentos e cognições que coordenam
uma resposta emocional, mas, na época de Watson, isso ainda era desconhecido. Por isso, o paradigma respondente
ainda era muito importante e interessante para explicar respostas de ansiedade, trauma e fobia.

Generalização respondente e extinção respondente


Os casos de fobia ou estresse pós-traumático nada mais são do que eventos disparadores de grande carga de estresse e
ansiedade que provocam diversos prejuízos à vida. Embora as reações fisiológicas associadas a essas condições sejam
perfeitamente naturais ao indivíduo, isso não significa que as respostas disfuncionais tenham nascido com ele.

Vamos pensar em uma situação

Exemplo
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Imagine um motorista que não consegue mais dirigir seu veículo desde que sofreu um grave acidente. O carro poderia ser
considerado o estímulo neutro, uma vez que não eliciava nenhuma resposta emocional negativa.

Sofrer o acidente foi uma experiência intensa, em que a vida do motorista foi colocada em risco, gerando uma resposta de
medo. Assim, o acidente poderia ser considerado o estímulo condicionado, e o medo, a resposta condicionada.

O motorista aprendeu que dirigir um carro pode ser algo muito perigoso e colocar sua vida em risco. Então, o carro passa
a ser estímulo condicionado, e o medo, a resposta condicionada.

Dentre suas pesquisas mais famosas e mais criticadas, Watson demonstrou que poderia desenvolver resposta de medo
em um bebê. Para provar que ele apresentaria uma resposta neutra ao estímulo ao qual queria treiná-lo para temer,
apresentou ao pequeno Albert, de apenas 9 meses de idade, um papel em chamas, uma máscara de terror, um cachorro e
um pequeno rato branco. Já que, em nenhuma dessas situações, a criança esboçou reação aversiva, todos os elementos
poderiam ser considerados estímulos neutros.

Watson voltou, então, a apresentar o rato branco à criança e, ao mesmo tempo, disparava um som estridente e alto que
assustava o pequeno Albert. Repetiu essa associação várias vezes até que, em um dado momento, a simples
aproximação do rato já eliciava o choro e os gritos da criança como resposta de medo.

Com esse experimento, que, certamente, não seria aprovado em nenhum conselho de ética em
pesquisa nos dias de hoje, Watson também demonstrou outros dois fenômenos: a
generalização e a extinção (BISACCIONI; CARVALHO NETO, 2010).

Depois de desenvolver um reflexo condicionado de medo ao rato, Watson avaliou a resposta do bebê a objetos felpudos. A
simples semelhança de textura entre o rato e um coelho, um ursinho de pelúcia ou uma máscara do Papai Noel (com sua
longa barba branca) fez com que Albert se afastasse, choramingasse ou tapasse o rosto com as mãos.

Com isso, o experimento demonstrou que, após um processo de condicionamento, o organismo também pode eliciar uma
resposta de intensidade variável para estímulos semelhantes ao condicionado. Esse processo é conhecido como
generalização respondente.

No entanto, para eliminar ou reduzir de modo considerável essa resposta de medo, Watson e seus pesquisadores
precisariam apresentar o estímulo aversivo para a criança de forma sucessiva, sem a presença do estímulo

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incondicionado (barulho estridente), de tal forma que a intensidade do estímulo reduzisse proporcionalmente à diminuição
da intensidade da resposta. Esse processo é conhecido como extinção respondente.

Saiba mais

No início do século XX – incluindo o período em que Watson realizava suas pesquisas –, havia uma forte corrente
defensora da ideia de eugenia: estudo das características genéticas aplicadas para o melhoramento da espécie humana.
Tal corrente viabilizou diversos discursos preconceituosos e absurdos que, obviamente, nunca se provaram verdadeiros.

O trabalho de Watson seguia o caminho oposto, uma vez que, por meio do emprego do método científico e da aplicação
prática dos conceitos, demonstrava que o desenvolvimento dos comportamentos humanos não dependia apenas da
herança genética de cada indivíduo, mas sim das interações com o ambiente (CIRINO, 2013).

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Os reflexos apresentam muitas propriedades diferentes e, uma delas, é a do limiar do estímulo, que pode ser definida
como

A a capacidade de se gerar associações comportamentais.

B a intensidade mínima a partir da qual um dado estímulo elicia uma resposta.

C medida inversamente proporcional à intensidade do estímulo que elicia a resposta.

D consequência que aumenta as chances de uma resposta ocorrer novamente.

E quanto maior a intensidade do estímulo, maior será a magnitude da resposta.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Segundo a lei do limiar, todo reflexo depende de uma intensidade mínima do estímulo para que haja eliciação da
resposta. Exemplo: para que a atenção de uma pessoa seja direcionada a um determinado som, é preciso que o
estímulo sonoro seja gerado com uma frequência maior ou igual a 20Hz.

Questão 2

O behaviorismo metodológico de John Watson preconiza que respostas emocionais, tais como o medo, são
aprendidas ao longo da vida. Com base nessa afirmação e no que foi apresentado sobre o condicionamento
respondente, leia o trecho a seguir e marque a alternativa correta.

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João trabalhava num escritório que ficava no 21º andar de um edifício comercial, o que o obrigava a usar o elevador
todos os dias. Certa vez, o elevador parou no meio do caminho, suas luzes se apagaram e ele caiu três andares. João
levou um susto terrível, pois pensou que fosse morrer. Algumas semanas depois, o evento traumático ocorreu
novamente, mas, dessa vez, além da queda, o elevador lotado ficou completamente desligado por quase uma hora.
Isso levou João a ter uma reação de medo ainda mais intenso. Depois do segundo evento, João percebeu que ao
entrar num elevador sua respiração ficava mais ofegante, o coração batia mais rápido, suas mãos suavam, suas
pernas ficavam mais fracas e ele não parava de pensar que algo de ruim iria acontecer.

Com base no texto, responda:

A O elevador é o estímulo incondicionado e as reações fisiológicas são o estímulo condicionado.

B O medo que João sentiu é irracional, portanto, não participa do condicionamento.

As reações fisiológicas (sudorese, taquicardia, falta de ar e tremores nas extremidades) são o


C
estímulo condicionado.

D O elevador é o estímulo neutro e as reações fisiológicas são a resposta incondicionada.

E O medo é o estímulo condicionado e o elevador é o estímulo incondicionado.

Parabéns! A alternativa D está correta.

No cenário descrito anteriormente, o elevador é o estímulo neutro, já que não é esperado gerar automática e
naturalmente uma resposta de medo. Os acidentes, eventos traumáticos, aqui representando os estímulos
incondicionados, disparam reações fisiológicas de medo (resposta incondicionada). Como todas as vezes que isso
aconteceu João estava no elevador, então houve um emparelhamento, tornando o elevador um estímulo
condicionado e, as reações fisiológicas, as respostas condicionadas.

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2 - Paradigma operante
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer o paradigma operante no comportamento humano e
as mudanças provocadas no ambiente.

Escola behaviorista de Skinner

Vida e pesquisas do psicólogo


O paradigma respondente até aqui abordado foi essencial para compreender a relação entre o organismo e o ambiente.
Entender essa dinâmica permitiu aos psicólogos analisar e controlar comportamentos reflexos, inclusive quanto a
padrões de respostas emocionais. Todavia, não é possível explicar comportamentos complexos, os quais participam,
seguramente, da maior parte do repertório comportamental de um organismo.

Por exemplo, quando uma partícula de poeira entra nos olhos de uma pessoa, por reflexo inato há o aumento da liberação
de lágrimas.

Como explicar, a partir dessa teoria, o aprendizado de como tocar um instrumento musical,
praticar um esporte ou mesmo consumir de forma abusiva alimentos, substâncias químicas e
jogos?

Para explicar esses comportamentos, a teoria do condicionamento operante foi proposta e amplamente estudada pelo
escritor e psicólogo Skinner como parte de uma ampliação da escola watsoniana do behaviorismo.

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29/09/2023, 12:23 Princípios básicos do behaviorismo

Saiba mais

Skinner foi um dos grandes nomes da Psicologia do século XX, trazendo contribuições de suma importância à análise do
comportamento. Desde sua infância, ele demostrava duas paixões, dividindo seu tempo entre escrever poemas e crônicas,
além de inventar ferramentas e dispositivos para resolver problemas diários ou simplesmente por diversão. Ambas as
paixões foram muito úteis para ajudá-lo com as produções de trabalhos acadêmicos e pesquisas futuras.

Skinner se mostrou um aluno rebelde durante boa parte de seu tempo na escola e acreditava que os métodos de ensino
pouco encorajavam os alunos a aprimorar seus conhecimentos, tendendo a desmotivá-los da experiência de aprender. Ele
se graduou na faculdade de Letras, mas não conseguiu um bom desempenho como escritor.

Anos mais tarde, foram-lhe apresentadas as obras de Watson e Pavlov, e Skinner se encantou pelo estudo do
comportamento animal, decidindo, portanto, seguir com um doutorado em Psicologia (CRUZ, 2019).

Após seu doutorado, Skinner trabalhou como pesquisador na Universidade de Harvard, onde investigava cientificamente
as relações entre o comportamento humano e sua fisiologia.

Nesse período, desenvolveu seus principais instrumentos de pesquisa, como a “Caixa de Skinner”, e elaborou os conceitos
de modelagem e controle do comportamento que definiram sua obra.

Behaviorismo metodológico versus behaviorismo radical


As pesquisas experimentais e observacionais de Skinner foram responsáveis por conceitos como:

Condicionamento operante

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Modelagem

Esquemas de reforçamento

Caixa de Skinner

Behaviorismo radical

Skinner não considerava a teoria do behaviorismo metodológico de Watson equivocada, tampouco pretendia abandoná-la.
No entanto, estabeleceu algumas críticas sobre a natureza dos eventos internos, a definição de comportamento, a
existência de uma mente e a relação entre organismo e ambiente.

Diferente de Watson, Skinner nega radicalmente a existência da mente, mas defende a análise de eventos internos, uma
vez que pensamentos e emoções também são considerados por ele como comportamentos.

Atenção!

Assim, o behaviorismo de Skinner é tido como radical por negar em absoluto a existência de algo que não faz parte do
mundo físico e não tem mensuração identificável no tempo e no espaço, como a mente, a alma, a consciência ou a
cognição. Além disso, também é radical por compreender toda e qualquer manifestação do organismo como um
comportamento, seja ele expressado (correr, comer, escrever), seja ele encoberto (eventos internos, como os
pensamentos).

A tabela a seguir elucida essas diferenças:

Autor John B. Watson B. F. Skinner

Mente X Corpo Dualista Monista

Aceita, mas como método de


Introspecção Não aceita estudo (comportamento
verbal)

Aspectos filogenéticos,
Explicado pela relação entre a
ontogenéticos e culturais
Comportamento alteração do ambiente e do
influenciam as contingências
organismo
ambientais

Equação S–R S–R–S

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Autor John B. Watson B. F. Skinner

Tabela: Distinção entre correntes behavioristas.


Vitor Hugo Costa.

Controle de estímulos e tipos de reforços

Comportamento e consequências no ambiente


Para comportamentos voluntários e complexos, o paradigma respondente não consegue trazer explicações tão
satisfatórias quanto o paradigma operante. Enquanto no paradigma respondente entende-se que um determinado
estímulo (S) elicia uma resposta (R), no paradigma operante, a análise parte de comportamentos aleatórios (R), que são
emitidos espontaneamente pelo organismo, provocam uma consequência (S) no ambiente, e esta, por sua vez, aumentará
ou diminuirá a probabilidade de o comportamento ser emitido novamente.

O cotidiano de uma pessoa está repleto de exemplos que podem figurar muito bem o conceito básico do paradigma
operante.

Exemplo

Imagine que um namorado pergunte a sua companheira, que odeia futebol, se ela aceitaria comemorarem o aniversário de
namoro num bar que transmitirá a final do campeonato. A consequência é que a namorada fica furiosa e briga com o
rapaz por horas. É provável que a chance de uma situação como essa se repetir seja muito pequena.

É dito que quando uma consequência aumenta a chance de um comportamento ocorrer novamente, houve um reforço.
Mas, no caso de a consequência reduzir as chances de o comportamento ocorrer mais vezes, houve uma punição.
Voltando ao exemplo anterior, o comportamento de propor uma comemoração inusitada gerou uma consequência
aversiva no ambiente, caracterizada pela reação agressiva da namorada. Logo, se após a atitude da namorada o rapaz
diminuir a frequência desse comportamento, então houve uma punição. Mas se, ao invés de uma reação severa e hostil, a
namorada aceitasse o convite, mesmo que a contragosto, provavelmente estaria reforçando o comportamento do
companheiro, pois aumentaria a chance de ele se repetir.

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Muitos são os exemplos de punições e reforços observáveis no dia a dia, tanto em animais quanto em humanos.

Por exemplo, quando um beija-flor se aproxima de um bebedouro e descobre que há algo que lhe agrada (água + açúcar),
a chance de ele voltar àquele bebedouro aumenta;

Uma criança que chora quando está com fome, tende a chorar nessas circunstâncias caso ela seja frequentemente
atendida.

Quando uma pessoa cumprimenta um vizinho com bom dia e recebe uma resposta grosseira, a chance de ela voltar a
cumprimentá-lo é menor.

Um cachorro que sai para passear e tem suas patinhas queimadas pelo chão quente, tenderá a não querer mais sair.

A grande contribuição de Skinner com isso foi a observação de que é possível controlar comportamentos a partir de suas
consequências no ambiente (MOREIRA; MEDEIROS, 2007) e, a partir disso, propor maneiras de ajudar pessoas com
padrões comportamentais muito disfuncionais e que trazem muito sofrimento.

Reforço positivo e negativo

Diferentemente do paradigma respondente, o paradigma operante foca sua atenção na relação entre o comportamento
emitido pelo organismo e as consequências geradas por ele no ambiente. Na realidade, é possível afirmar que a maioria
dos comportamentos que um organismo emite gera consequências no ambiente. Por exemplo, apertar o botão do

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elevador é um comportamento que irá resultar no surgimento do elevador diante do passageiro, logo, ocorre uma
mudança no ambiente.

São inúmeros os exemplos que podem ilustrar essa relação:

Vestir uma roupa nova e receber elogios


Beber água e saciar a sede
Ligar para alguém e ser atendido
Abrir as janelas e sentir o vento
É possível dizer inclusive que o comportamento produz consequências e é controlado por elas (MOREIRA; MEDEIROS,
2007). Sendo assim, algumas consequências podem favorecer que o comportamento se repita.

Fala-se em reforço quando a consequência do comportamento emitido aumenta a possibilidade de ele ocorrer
novamente. Ademais, um reforço pode ser de dois tipos:

check
Reforço positivo

Ocorre quando um comportamento tem sua frequência aumentada pelo acréscimo de um estímulo.
close

close
Reforço negativo

Ocorre quando a frequência de um comportamento aumenta pela retirada de um estímulo aversivo.

Vejamos agora alguns pontos importantes:

O reforço sempre aumentará a frequência de um comportamento.

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O reforço é positivo porque a frequência do comportamento aumenta pela adição de um estímulo.

O reforço é negativo porque a frequência do comportamento aumenta com a subtração de um estímulo


aversivo.

Mais importante é saber que um estímulo reforçador não deve ser confundido apenas com premiação ou ganho
de bens materiais.

Se o estudante pensar em reforço como uma espécie de prêmio, excluirá automaticamente a possibilidade de pensar em
um reforço negativo. Além disso, ao pensar na ideia de uma premiação, é comum haver a confusão de que o reforço
positivo necessariamente é algo material, como um biscoito de cachorro. Um beijo e um abraço, palavras de carinho, um
sorriso, o controle remoto que muda de canais, atender a um chamado, mas também pode ser a dor para um masoquista
ou o cigarro para um dependente em nicotina.

É frequente que algumas pessoas pensem no reforço negativo como sendo o reforço de um
comportamento ruim ou a retirada de um comportamento considerado inadequado. Não! O
reforço sempre resultará no aumento de um comportamento, mas se esse reforço for negativo,
essa frequência aumentará pela retirada de estímulos indesejados.

Podendo ser de dois tipos:

Fuga

Quando o estímulo aversivo está presente na situação.


close

Evitação

Quando o estímulo aversivo não está presente.

Agora, vamos ver exemplos desses dois tipos de estímulos:

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Exemplo

1. Karina se deparou com um cachorro agressivo e saiu correndo desesperadamente. O comportamento de “correr” tende
a se repetir com a fuga do estímulo aversivo “cachorro nervoso”.

2. Sabendo que haveria apresentação de trabalho, Ivan faltou à escola e ficou em casa. O comportamento de “ficar em
casa! tende a se repetir, evitando se deparar com o estímulo aversivo “apresentação de trabalho”.

É importante salientar que existem dois tipos de reforçadores (ou estímulos reforçadores):

Reforçador primário

Quando o reforçador tem valor inato para o organismo e, portanto, foi selecionado ao longo da história evolutiva.
Exemplos: alimento, água, sexo, dor.
close

Reforçador secundário

Não tem um valor biológico intrínseco, sendo aprendido ao longo do desenvolvimento. Exemplos: dinheiro, diploma,
carro, imóveis.

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Processo de modelagem

Aprendizagem de novos comportamentos


A partir da teoria do reforço, Skinner foi capaz de explicar como comportamentos presentes no repertório
comportamental do organismo serão mais frequentemente selecionados ou não pelas suas consequências no meio. No
entanto, é com a teoria da modelagem que o pai do behaviorismo radical trouxe à luz uma explicação sobre como um
novo comportamento poderá ser integrado ao repertório do indivíduo, ampliando-o (SKINNER, 1969).

A modelagem é um método de reforçamento de aproximações sucessivas do comportamento alvo. Ou seja, todo novo
comportamento emitido pelo organismo e que se aproxime do comportamento terminal deve ser reforçado positivamente
e num curto espaço de tempo.

Skinner defendia que a teoria da modelagem poderia explicar a aprendizagem de todos os comportamentos humanos
mais complexos.

Imagine uma criança aprendendo a andar de bicicleta. Num primeiro momento ela precisa de rodinhas e, mesmo assim,
ainda se desequilibra e sofre algumas quedas. A cada queda, ajusta a posição do corpo para não cair mais. Toda vez que
observa um movimento mais adequado e que permite que ela permaneça em pé, fixa no seu repertório e repete.

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À medida que novos movimentos e novas acomodações são feitas e positivamente reforçadas, mais perto a criança está
de aprender o comportamento de andar de bicicleta.

Outro grande exemplo de modelagem é a própria fala. Desde os primeiros sons de choro emitidos pela criança, os adultos
ao redor reforçam-na com atenção ou reciprocidade.

Os primeiros balbuciares são reforçados e, gradualmente, começam a surgir as primeiras sílabas e até as primeiras
tentativas de palavras.

Havendo os reforçadores positivos rotineiramente, a criança consegue elaborar suas primeiras palavras.

O aprendizado de um novo idioma, ensaiar um novo passo de dança, treinar uma nova e difícil música no violão, aprender
a dirigir etc. Não há momento certo ou único para esse processo ocorrer na vida de um organismo, pois pode acontecer a
todo momento, dependendo de imediato reforço positivo dos comportamentos aproximados e a não validação dos
comportamentos indesejados.

Saiba mais

O processo de modelagem provou ser uma explicação consistente para a aprendizagem de novos comportamentos.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Skinner foi considerado o precursor da “engenharia do comportamento” e até recebeu
um convite do exército para solucionar um problema: já eram usados mísseis nessa época para bombardeios, mas não
havia tecnologia para direcionar esses mísseis diretamente para o alvo (CAPSHEW, 1993).

A partir da modelagem, Skinner treinou pombos para que eles fizessem esse trabalho de estabilização dos mísseis. O
animal era inserido dentro de uma câmara e treinado a dar bicadas em uma janela que, dentre outras três, apresentava a
imagem de um cenário. Essa imagem corria externamente para as outras janelas conforme a câmara fazia leves
inclinações à direita ou à esquerda. Sempre que o pombo bicasse a janela em que estivesse a imagem, receberia comida.
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Depois de treinado, o pombo era colocado dentro de uma câmara no interior de um míssil do exército norte-americano.
Quando o míssil era disparado para um alvo inimigo, o pombo começava a executar as bicadas que controlariam a direção
do projétil. Nesse caso, a imagem que aparecia na janela para o pombo era o alvo a ser atacado, e as bicadas na janela
eram responsáveis por direcionar corretamente o míssil para o alvo.

Atenção!

Não confunda modelagem com modelação. Modelagem é o processo de aprendizagem por aproximações sucessivas
proposto por Skinner. Modelação é um processo de aprendizagem proposto por Albert Bandura (1925-2021) que ocorre
por observação e comparação com modelos.

video_library
Teoria do condicionamento operante
Neste vídeo, o especialista refletirá sobre a teoria do condicionamento operante e os comportamentos que podem ser
influenciados pelas consequências do ambiente.

Esquemas de reforço

Extinção operante
Vimos até aqui o básico sobre o conceito de condicionamento operante e que uma resposta emitida pelo organismo gera
consequências no ambiente, e essas consequências podem aumentar a frequência de a resposta se repetir.

Mas o que aconteceria se essa consequência fosse retirada?

O resultado da exclusão da consequência reforçadora é a gradual redução da frequência da resposta a nível operante, o
que significa dizer que a resposta volta a ser emitida com a regularidade que tinha antes de ser reforçada (MOREIRA;
MEDEIROS, 2007). A esse processo dá-se o nome de extinção operante.

Resumindo
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A extinção operante é o meio pelo qual a retirada do estímulo reforçador resultará na redução ou eliminação da frequência
da resposta reforçada.

Por exemplo, normalmente, as pessoas só utilizam o controle remoto da televisão porque, ao dar um certo comando, a
consequência é que o telespectador tenha o resultado que espera (ex.: aumento do volume ou troca de canal). Agora,
imagine que ao apertar um botão nada aconteça.

Aperta outro botão e continua sem mudar em nada.

Muda-se a posição das mãos, eleva-se o controle, bate no controle, abre a caixa de pilha e mexe nelas, chacoalha o
controle, mas não adianta, pois nenhum comando gera a consequência desejada.

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Então, deixa-se o controle no sofá e se esforça para assistir ao programa que estiver passando na televisão, em quaisquer
circunstâncias. Talvez essa situação já tenha acontecido com você. Quando é dado um comando para o controle, o
comportamento é reforçado caso o comando resulte naquilo que é esperado de acontecer.

A consequência esperada desse comando é um reforço. Mas, se nada do que é esperado acontecer, significa que o
reforço foi retirado da contingência e, por isso, a tendência é parar de apertar seus botões. A conclusão mais importante é
que, sem a manutenção das consequências reforçadoras, o comportamento tende a se tornar cada vez menos frequente.

Esquemas de reforçamento
O processo de modelagem é responsável pelo desenvolvimento de um novo comportamento. No entanto, quais devem ser
as condições para que isso aconteça? É a partir do entendimento sobre os esquemas de reforçamento que se torna
possível saber quais as condições necessárias das respostas para que haja reforço (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). São, no
total, cinco esquemas de reforçamento, sendo um contínuo e quatro variáveis.

Os esquemas de reforçamento contínuo ocorrem quando a emissão de uma resposta sempre


é reforçada. Esse tipo de esquema é muito eficaz para o desenvolvimento de um novo
comportamento, ou seja, no processo de modelação.

A cada comportamento emitido e que seja próximo ao padrão que se quer alcançar, a aplicação de reforços imediatos irá
agilizar a aprendizagem, tal como no exemplo mencionado anteriormente sobre o aprendizado da fala pela criança. É
importante que os cuidadores estejam próximos estimulando que novos comportamentos sejam emitidos e sempre
reforçar a cada novo acerto.

Atenção!

Esquemas de reforço são relativos a que critérios as respostas devem obedecer para que o reforçador seja liberado.

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Acontece que o esquema de reforçamento contínuo acaba se tornando mais vulnerável à extinção, uma vez que basta
retirar o reforço e o comportamento terá sua frequência de emissão reduzida. Sendo assim, depois que o comportamento
foi incorporado ao repertório comportamental do organismo, reforços podem ser aplicados de maneira descontínua,
mantendo esse comportamento e dificultando sua extinção. Esse é o esquema de reforçamento intermitente ou parcial,
no qual o reforço ocorre de maneira irregular e pode ser de 4 tipos:

Razão fixa

Ocorre quando é necessária uma quantidade regular de respostas antes da apresentação de cada reforço.
Tal esquema pode ser observado nas escolas primárias, onde a cada número de bons comportamentos a
criança ganha uma recompensa, como uma estrela dourada, por exemplo.

Razão variável

Ocorre quando a quantidade de respostas para cada aplicação do reforço varia. Um exemplo ilustrativo
pode ser a bonificação entre motoristas de aplicativo. Num dia, é preciso concluir 20 viagens para receber
um bônus em dinheiro. No dia seguinte, 32 viagens para receber o mesmo bônus. Terceiro dia, 25 viagens
para receber o bônus, e assim por diante.

Intervalo fixo

Ocorre quando se fixa o intervalo de tempo desde o último reforço. Por exemplo, conversar com uma
pessoa amada que se encontra em outro país e com o fuso horário muito diferente. Assim, todos os dias, às
8h é feita a ligação.

Intervalo variável

Ocorre quando o intervalo de tempo aplicado para o reforço varia desde o último reforçamento. Por
exemplo, checagem de mensagem. Toda vez que você recebe mensagem de alguém importante, consta
como um reforço, mas não é possível controlar os intervalos de tempo de quando as mensagens irão
chegar.

Agora, imagine que você está chegando a sua casa e precisa usar o controle remoto para abrir o portão da garagem. Você
aperta o botão do controle, mas o portão não abre. Aperta mais uma, duas, três vezes e nada. Muda a posição do controle,

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pressiona a lateral do aparelho, aperta outra vez, mas o portão continua não abrindo. Leva a mão esquerda para fora do
carro, aperta o botão, e o portão segue imóvel. Tenta o mesmo com a mão direita, mas o portão continua parado. Até que,
depois de muitas “tentativas”, você desiste e liga para alguém trazer outra bateria ou outro controle menos usado.

Essa situação é muito frequente, faz parte de nosso cotidiano e pode ocorrer de inúmeras
formas. Por que não corremos imediatamente para trocar as pilhas do controle da televisão ou
do portão da garagem?

Pelo mesmo motivo que a criança do exemplo anterior parece emitir os comportamentos com maior intensidade antes
que se perceba uma redução. Isso ocorre devido ao fenômeno de aumento da frequência da resposta imediatamente
antes de iniciar o processo de extinção operante.

Controle do comportamento pela punição

Punição positiva e punição negativa

Ao longo deste material, vimos as consequências que aumentam a frequência de um determinado comportamento. Além
delas, existem as consequências que diminuem a probabilidade de um comportamento ocorrer. Essas consequências são
as punições. Tal qual no reforço, são considerados dois tipos de punição: punição positiva e punição negativa.

Atenção!

É bem verdade que se fala bastante sobre aprendizagem mediante controle aversivo. Isso costuma confundir alguns
estudantes que tendem a imaginar que punição é sinônimo de coisas aversivas. É preciso ter cuidado, pois, ao falar em
controle aversivo, incluem-se o reforço negativo, a punição positiva e a punição negativa.

Agora, vamos ver com mais detalhes as diferenças entre estes dois tipos de punições:

Punição positiva expand_more

É aquela que diminui a frequência de um comportamento pela adição de um estímulo aversivo. Diversos são os
exemplos de punições positivas que se pode pensar: broncas e sermões de cuidadores para seus filhos, aplicação
de multa, notas baixas entre muitas outras. Mas vale ressaltar que não se deve pautar um estímulo aversivo por
uma avaliação moral, mas sim pelo que realmente reduz a possibilidade de o comportamento ocorrer. O que pode
ser um estímulo aversivo para algumas pessoas, pode não ser para outras.

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Punição negativa expand_more

É aquela que diminui a frequência de um comportamento pela retirada de um reforçador de outros


comportamentos do ambiente. Isso significa que não é tirado o estímulo que reforça o comportamento, mas sim
os reforçadores de outros comportamentos importantes para aquele organismo. Por exemplo, o chefe de uma
empresa quer diminuir a frequência de conversas em voz alta de um determinado funcionário específico retirando
a gratificação salarial que ele havia recebido.

Punição negativa versus extinção

Também é comum haver confusão entre esses conceitos, uma vez que ambos envolvem a retirada de reforçadores. A
diferença está no fato de que, na extinção, retira-se o estímulo reforçador principal, enquanto na punição negativa retira-se
algum reforçador da situação.

Vejamos alguns exemplos.

Exemplo de extinção
Você costumava ir a um restaurante unicamente por causa de um prato específico. Logo, o prato é o que reforça
positivamente você a ir ao restaurante. Se o estabelecimento retira o prato do cardápio, então, você para de ir ao
restaurante – foi tirado o reforço do comportamento.

Exemplo de punição negativa


Pedro se exaltou e gritou com uma de suas professoras. Então, seus pais tiraram seu celular e o videogame, depois, os
esconderam – para reduzir o comportamento inadequado de Pedro, retirou-se reforçadores importantes: celular e
videogame.

Senso comum e visão científica sobre estímulos punitivos

Segundo Mayer e Gongora (2011), são feitas críticas sobre a ideia de punição com base tanto no senso comum quanto
em opiniões científicas. Se for pensada pelo viés do senso comum, há tanto uma relação com a ideia de promoção de
sofrimento, revelando-se supostamente uma prática desumana, quanto a ideia de que a punição não passa de vingança
ou merecimento.

No que diz respeito às críticas por parte de alguns analistas do comportamento, defende-se a ideia de que há possíveis
efeitos colaterais com a geração de subprodutos comportamentais e emocionais importantes, tais como:

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Retraimento social do indivíduo que sofreu punição

Aumento da emissão de comportamentos violentos (inclusive para indivíduos fora da contingência)

Contra-ataque à fonte punidora

Respostas emocionais de estresse, raiva e ansiedade

Há, todavia, analistas do comportamento que preferem assumir uma postura menos crítica, não condenando o uso de
punição em intervenções comportamentais.

De acordo com Mayer e Gongora (2011), a eficácia e a segurança do emprego de estímulos punitivos devem levar em
consideração basicamente três pontos:

1. Sempre pensar na segurança do indivíduo envolvido na prática;

2. Compreender que o alvo da punição é apenas o comportamento, não o indivíduo;

3. Medidas punitivas só deverão ser adotadas quando os comportamentos selecionados estiverem prejudicando a vida
do indivíduo.

Normalmente, as punições devem ser usadas para solucionar problemas muito graves e urgentes, justamente quando
outras estratégias não foram eficazes. Por isso, jamais deve-se banalizar o uso dessa medida.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Júlio sempre foi um jovem muito sedentário. Ele não gostava de fazer atividade física porque tinha preguiça de sair de
casa e preferia jogar videogame com os amigos. Mas após uma consulta na qual o médico lhe recomendou mais
cuidado com a saúde, Júlio resolveu se matricular numa academia. Já nos primeiros dias de prática, Júlio sentiu-se
muito bem com os exercícios e passou a frequentar a academia todos os dias. Seu ânimo e bem-estar melhoraram
consideravelmente. Poucos meses mais tarde, recebeu uma proposta de trabalho irrecusável numa empresa muito
distante de sua casa, fazendo com que reduzisse suas idas à academia drasticamente. Júlio chegava cansado em
casa e sentindo muita preguiça de sair novamente.

Com base no texto acima, assinale a alternativa correta.

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A A academia é o estímulo neutro e os exercícios são uma forma de reforço negativo.

O bem-estar gerado pelos exercícios são o reforço positivo e a redução da frequência de idas à
B
academia seria a extinção operante.

C A academia é o reforço negativo.

D Os resultados físicos do exercício atuam como a extinção operante.

E O trabalho é o reforço positivo para o hábito de fazer ginástica.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Júlio se sentiu bem fazendo os exercícios físicos e isso o reforçou a aumentar a frequência desse comportamento.
No entanto, ao assumir o novo trabalho, houve uma diminuição progressiva das idas à academia, o que
consequentemente iniciou um processo de extinção operante.

Questão 2

Marina conversou muito ao telefone e a conta chegou exorbitante. Por esse motivo, seu pai proibiu que ela jogasse
videogame. Triste com a decisão do pai, Marina parou de ficar horas ao telefone. No que diz respeito ao
comportamento de falar ao telefone, não poder jogar videogame funcionou como

A punição positiva.

B reforçamento positivo.

C reforçamento negativo.

D punição negativa.

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E reforçamento punitivo.

Parabéns! A alternativa D está correta.

O pai retirou um reforçador importante do ambiente com o intuito de reduzir um determinado comportamento.

Considerações finais
Analisamos os conceitos, a definição, os antecedentes históricos e os paradigmas do behaviorismo de forma ampla,
abordando os principais preceitos que envolvem a teoria: behaviorismo metodológico e paradigma respondente,
behaviorismo radical e o paradigma operante. Vimos que os conceitos de reforço, punição, modelagem de
comportamento e extinção são fundamentais para compreendermos como os comportamentos se manifestam ao longo
do desenvolvimento do indivíduo e como isso pode tanto influenciar quanto ser influenciado pela herança genética, pelas
experiências de vida e pela cultura.

Por fim, é igualmente importante tentarmos compreender no cotidiano o quanto as duas teorias (respondente e operante)
se interconectam e são capazes de explicar grande parte dos comportamentos e das interações humanas. O
desenvolvimento das teorias behavioristas leva os autores atuais a não reduzirem os seres vivos, principalmente os
indivíduos humanos, a um mecanicismo simplista baseado na ação e na reação do organismo com o meio. Entende-se
que o conjunto de contingências comportamentais ajuda a constituir as características únicas do indivíduo.

headset
Podcast
Neste podcast, o especialista abordará os princípios básicos do behaviorismo, destacando o paradigma respondente e o
paradigma operante, com exemplos de respectivos comportamentos observados na vida cotidiana.

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Explore +
Para se aprofundar no conceito de comportamento e nos conhecimentos sobre a prática e a pesquisa em análise do
comportamento, pesquise o artigo Behaviorismo e análise experimental do comportamento, de João Cláudio Todorov.

Para compreender como o processo de modelagem pode ser usado em qualquer modelo de aprendizagem e como isso
ajudou Skinner a criar invenções muito curiosas, assista ao vídeo The pigeon-guided missiles of WWII (Project Orcon),
disponível no YouTube.

Para entender melhor o conceito de modelagem, assista ao vídeo do YouTube Skinner – Modelagem (legendado), que
elucida como funciona o processo de aprendizagem.

Referências
BISACCIONI, P.; CARVALHO NETO, M. B. Algumas considerações sobre o “pequeno Albert”. Temas em Psicologia, v. 18, n.
2, p. 491-498, 2010.

CAPSHEW, J. H. Engineering behavior: project pigeon, World War II, and the conditioning of B. F. Skinner. Technology and
Culture, v. 34, n. 4, p. 835-857, 1993.

CIRINO, S. Por uma nova Psicologia. Ciência Hoje, v. 52, n. 307, p. 58-59, 2013.

CRUZ, R. N. B. F. Skinner: uma biografia do cotidiano científico. Belo Horizonte: Artesã, 2019.

GRAHAM, G. Behaviorism: Stanford encyclopedia of philosophy, 2010.

MAYER, P. C. M.; GONGORA, M. A. N. Duas formulações comportamentais de punição: definição, explicação e algumas
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29/09/2023, 12:23 Princípios básicos do behaviorismo

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