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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - PUBLICIDADE E PROPAGANDA

LUIZ FELIPE MARCOLINO DA SILVA


MARIA EDUARDA DE MELO TINOCO PINHO
NATHALIA RAQUEL GONÇALVES FERNANDES

VERSÃO FINAL - CAMPANHA DESENROLA

NATAL-RN
2023
1. RESUMO

Este relatório apresenta o detalhamento do processo criativo do nosso trabalho que


inclui uma abordagem irônica por meio da exposição de uma vaga fictícia de estágio
na agência - também fictícia - Speedy, com o intuito de destacar de forma satírica as
expectativas muitas vezes irrealistas associadas ao estágio na área de
comunicação. A mensagem é transmitida através de responsabilidades impossíveis,
como planejar e produzir conteúdo criativos em tempo recorde, estar disponível para
demandas de última hora e auxiliar em outros setores, além da ênfase irônica na
importância de "vestir a camisa da empresa".

O cartaz incorpora um mobile tagging que direciona os interessados para a página


do Instagram da agência fictícia. Nessa página, uma postagem de conscientização
destaca as contradições frequentemente encontradas nos ambientes de trabalho da
área de comunicação. A mensagem aborda a cultura da superprodutividade,
destacando a pressão constante, a sobrecarga de responsabilidades e os desafios
enfrentados pelos estagiários de comunicação em sua rotina.

A postagem ressalta a importância de reconhecer e questionar essa cultura que está


enraizada e que muitas vezes resulta em exaustão e impactos negativos na saúde
mental. O apelo final é para reconfigurar as dinâmicas de trabalho, criando
ambientes produtivos e, acima de tudo, saudáveis, reconhecendo a humanidade e
as singularidades de cada indivíduo.

Palavras-chave: estágio, superprodutividade, saúde mental, conscientização.


2. INTRODUÇÃO:

Este relatório focaliza a agência fictícia com abordagem satírica, uma iniciativa
concebida por nosso grupo em resposta à demanda proposta pelo projeto C.A.O.S
(Criatividade Aplicada à Ordenação dos Sentidos). Inserida na disciplina COM0302
Criação Publicitária, a atividade foi idealizada para atender aos requisitos e objetivos
delineados pelo projeto, que tem o Departamento de Comunicação Social (DECOM)
da UFRN como cliente institucional. O público-alvo abrange estudantes, professores
e servidores (público interno) da UFRN, bem como a sociedade potiguar em geral
(público externo).

No período de 13/11 a 22/11, desenvolvemos a atividade, abordando os desafios


enfrentados pelos profissionais estagiários da comunicação, especialmente em
ambientes marcados pela cultura da superprodutividade. O projeto ocorreu de forma
híbrida, conduzindo reuniões remotas e presenciais no Departamento de
Comunicação Social da UFRN, proporcionando uma perspectiva provocativa sobre
as expectativas muitas vezes irrealistas presentes nos ambientes de trabalho.

Ao explorarmos essas questões, podemos citar a distinção delimitada pelo autor


Byung-Chul Han em seu livro “A Sociedade do Cansaço” (2015) entre dois tipos de
sujeitos: o sujeito de desempenho e o sujeito de obediência. Nesse contexto,
enquanto o sujeito de desempenho busca a maximização constante de sua
performance, muitas vezes resultando em autoexploração e violência, o sujeito de
obediência se submete a autoridades externas e normas sociais, moldando seu
comportamento pela obediência a essas instâncias de poder.

A obra de Han adverte para as nuances complexas desse cenário. O sujeito de


obediência, ao conformar-se rigidamente com as normas e expectativas sociais,
enfrenta a limitação de sua autonomia e a restrição de iniciativas próprias e, como
consequência, essa conformidade impede a expressão genuína do eu e a busca por
uma identidade autêntica.

Nesse sentido, a nossa proposta visa instigar reflexões sobre as práticas comuns na
comunicação, utilizando uma abordagem satírica para destacar as incongruências
entre as expectativas profissionais e a realidade do ambiente de trabalho pois muitos
ambientes laborais utilizam o discurso de serem um local para que os profissionais
possam expressar a criatividade mas, na verdade, esses indíviduos tornam-se
limitado devido a essa cultura enraizada de superprodutividade. Dessa forma,
buscamos conscientizar os participantes sobre os impactos da cultura da
superprodutividade na saúde mental desses profissionais, promovendo discussões
sobre a necessidade de reconfigurar dinâmicas de trabalho em busca de ambientes
mais saudáveis e equilibrados.
3. DESENVOLVIMENTO:

3.1. PROCESSO CRIATIVO:

3.1.1. DEFESA:

Conforme abordado anteriormente, a linguagem satírica adotada em nosso projeto


reside na exposição de uma vaga fictícia de estágio na agência - também fictícia -
Speedy. Tivemos o intuito de provocar reflexões, por meio da representação de
responsabilidades impossíveis e o destaque irônico da importância de "vestir a
camisa da empresa", sobre as expectativas muitas vezes irrealistas associadas aos
estágios na área de comunicação para desvelar as contradições presentes nos
ambientes de trabalho, especialmente na cultura da superprodutividade.

A mensagem transmitida através do cartaz, juntamente com o mobile tagging


direcionando para a página do Instagram da agência fictícia, representa uma
abordagem interativa. Ao utilizarmos as redes sociais, canal de comunicação
predominante na sociedade contemporânea, buscamos amplificar o alcance da
conscientização sobre os desafios enfrentados pelos estagiários na área de
comunicação.

A postagem na página do Instagram aprofunda a discussão, destacando a pressão


constante, a sobrecarga de responsabilidades e os desafios enfrentados por
profissionais da comunicação em sua rotina. A análise crítica desses aspectos visa
provocar reflexões individuais e incentivar a comunidade a questionar a cultura da
superprodutividade enraizada em muitos ambientes de trabalho na área de
comunicação.

Ao recorrer às teorias de Byung-Chul Han, notamos que a distinção entre os sujeitos


de desempenho e obediência fornece uma base teórica interessante para nossa
proposta. A utilização dessa teoria permite uma análise mais aprofundada das
dinâmicas presentes nos ambientes de trabalho contemporâneos, contextualizando
nosso projeto em debates mais amplos sobre a saúde mental e bem-estar dos
profissionais.
Dessa forma, essa abordagem satírica adotada em nossa iniciativa visa expor as
incongruências entre expectativas profissionais e realidade para desencadear
diálogos significativos sobre a necessidade de reconfigurar dinâmicas de trabalho
em busca de ambientes mais saudáveis e equilibrados.
3.1.2. JUSTIFICATIVA:

O propósito fundamental deste trabalho é destacar e analisar os desafios


enfrentados por profissionais e estudantes na área de comunicação, particularmente
em um contexto de cultura organizacional caracterizado pela superprodutividade. Ao
adotar uma abordagem satírica, tivemos como objetivo proporcionar reflexões
críticas que ultrapassam a superficialidade do discurso comum sobre a vida
profissional.

Vale ressaltar que a escolha da sátira como veículo de expressão surgiu da nossa
compreensão de que na maioria das vezes a crítica diretamente expressa pode ser
absorvida como hostilidade. Já a linguagem literária satírica oferece uma via mais
acessível para questionar normas e expectativas pois, por meio da ironia, podemos
gerar uma reação inicial de descontração que, posteriormente, se desdobra em
reflexões mais profundas sobre as contradições do ambiente profissional.
3.1.3. PEÇAS PUBLICITÁRIAS:

PUBLICAÇÃO PARA O INSTAGRAM


3.1.4. ESTRATÉGIAS:

Como estratégia, optamos por abordar de maneira irônica e também hiperbólica uma
vaga de estágio na fictícia empresa "Speedy", impondo pré-requisitos e
responsabilidades para forçar uma superprodutividade extrema. O cartaz elaborado
apresenta condições como carga horária de 6 horas diárias, disponibilidade para fins
de semana e feriados, a necessidade de planejar e produzir conteúdos criativos em
tempo recorde, além de estar sempre disponível para demandas de última hora. A
remuneração proposta é notavelmente baixa. Embora aparentemente absurda, essa
é a realidade de muitas instituições que aderem à cultura de pressão constante e
sobrecarga imposta aos profissionais da publicidade. Nesse sentido, decidimos
abordar essa realidade utilizando as figuras de linguagem citadas anteriormente.

No mesmo cartaz, inserimos um QR code direcionando a uma publicação no


Instagram da nossa empresa fictícia. Nela, buscamos conscientizar sobre os
desafios da superprodutividade no mercado de trabalho publicitário. Essa
abordagem visa criar uma separação entre o tom irônico do cartaz e a importância
da conscientização presente no QR code, tornando a peça mais impactante para os
leitores.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste relatório, exploramos os desafios enfrentados por profissionais com


ênfase na cultura da superprodutividade. Buscamos expor de forma peculiar e
original as contradições da realidade cotidiana desses indivíduos. Nesse sentido,
acreditamos ser fundamental recapitular os principais aspectos e destacar as
contribuições do nosso projeto.

A utilização de um mobile tagging no cartaz do meio que utilizamos para expor


nossa ideia, ao direcionar os interessados para a página do Instagram da agência
fictícia, demonstrou uma abordagem interativa em conjunto com as redes sociais,
que se expressa como uma ferramenta de comunicação predominante e, assim,
ambas se tornaram ferramentas essenciais para proporcionar o alcance da
conscientização e promover diálogos sobre o tema apresentado.

Dessa forma, reiteramos a nossa aspiração em reconfigurar as dinâmicas de


trabalho em busca de ambientes mais saudáveis e equilibrados. Reconhecemos que
o desafio é coletivo, e acreditamos firmemente que a conscientização é o primeiro
passo para fomentar significativas transformações. Ao promover esse tipo de
reflexão sobre a cultura da superprodutividade e seus impactos, esperamos inspirar
minuciosas mudanças que possam conscientizar o público de alguma forma.
5. REFERÊNCIAS:

HAN, Byung-Chul. Além da sociedade disciplinar. In: SOCIEDADE do Cansaço. [S. l.: s.
n.], 2015. cap. 2, p. 14-17. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7937225/mod_resource/content/1/Socieda
de%20do%20cansac%CC%A7o.pdf. Acesso em: 29 nov. 2023.

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