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RESUMO
O processo de aquisição de uma segunda língua é algo complexo, dinâmico e envolto por
um intrincado volume de variantes que ao longo do tempo vem sendo motivo de estudo por
vários linguistas consagrados. Por conta dessa complexidade e das inúmeras variáveis, não
podemos dizer que uma das teorias tenha conseguido abarcar esse processo como um
todo. Entretanto, alguns linguistas elaboraram estudos mais amplos, contemplando um
cenário abrangente, especialmente no que diz respeito ao processo de aquisição de uma
segunda língua em ambiente escolar, onde professor e alunos sejam agentes ativos e
centrais do processo. Um dos linguistas que se destaca nesse sentido é Stephen Krashen e
este trabalho visa, sobretudo, apresentar uma visão panorâmica de sua teoria. Citaremos
também os 5 estágios de aquisição da segunda língua, segundo esse linguista.
Palavras-Chave: língua-mãe, segunda língua, professor, aluno, aquisição.
ABSTRACT
INTRODUÇÃO:
A língua é um sistema dinâmico, não linear, adaptativo, que é composto por uma
interconexão de elementos biológicos, cognitivos, sociais, históricos, políticos e culturais que
nos permitem pensar e agir. Sua aquisição então, na perspectiva desta complexidade é vista
como o desenvolvimento da linguagem. A segunda língua emerge de todo este conjunto de
fatores. Estruturas mentais inatas, hábitos automáticos, input, interação, output, conexões
neurais, mediação sociocultural, a interface com a língua-mãe, diferenças de idade,
motivação intrínseca e extrínseca, autoestima, aptidão, grau de ansiedade (a que faz parte
do indivíduo e a que vem do ambiente) e da interrelação entre todos estes elementos e suas
variantes condicionadas aos indivíduos e contextos em que este processo ocorre.
Neste sentido é que consideramos interessante afirmar que nenhuma das teorias surgidas
até o momento sobre o processo de aquisição de uma segunda língua o abrange em sua
totalidade. Todas têm seus embasamentos em estudos, algumas incluem experimentos,
mas nenhuma abrange tudo nem o todo, tamanha a complexidade dos fatores envolvidos na
aquisição de uma língua, seja ela L1 ou L2.
Mais complexo ainda se torna quando estamos falando deste processo ocorrendo em
ambiente escolar, envolvendo ainda mais elementos neste intrincado processo a ser
realizado.
DESENVOLVIMENTO
O linguista Stephen Krashen nasceu em Chicago, Illinois em 1941. Ele é bastante conhecido
por sua teoria (Second Language Acquisition – SLA) sobre a aquisição de segunda língua
que, a partir de agora, citaremos como L2.
Como professor da University of Southern California, nos Estados Unidos, desenvolveu a
maior parte de seus estudos dando por resultado uma das teorias mais famosas na
atualidade sobre a aquisição de segunda língua. Também conhecida como a teoria do
Modelo Monitor de Krashen.
Por outro lado, acredita-se que o aprendizado formal de línguas seja sobrecarregado por
uma grande quantidade de correção de erros e pela existência de regras gramaticais
explícitas (Krashen e Seliger, 1975). Entende-se que a correção de erros dificulta o
desenvolvimento da linguagem com uma sensação de ansiedade contínua regida pelo medo
de errar.
Krashen acredita que aprender gramática ocorre por meio de uso de um monitoramento.
Esta hipótese explica a relação entre aquisição e aprendizagem, definindo a influência que
esta última tem sobre a primeira. Segundo Ricardo Schutz (Schutz, 2005, p. 2), Krashen
acredita que o sistema de aquisição é o “iniciador” enquanto que o sistema de
aprendizagem de L2 tem o papel de ‘monitor’ ou ‘editor’ de tudo o que o falante vai produzir.
Citando Bezerra (UERJ, 2003):
Sob esta hipótese, L2 não ocorre sem que haja suficiente e necessário input compreensível
(Mitchell and Myles 2004). Os ‘adquirentes’ de L2 desenvolvem sua competência com o
tempo ao receber constante input compreensível, conduzindo-os gradualmente do nível em
que se encontram para o seguinte.
Por exemplo, um ‘adquirente’ de L2 que esteja no ‘nível i’ deve receber input suficiente e
lógico o bastante que esteja em seu nível e uma porção a mais ‘+1’. Esta nova ‘porção +1’
varia de um adquirente a outro, onde indivíduo ‘A’ pode assimilar algo diferente de indivíduo
‘B’ dependendo de seu background, interesse, prioridade no momento, nível de atenção e,
dentre outros fatores, até a forma como o input é realizado.
Krashen acredita que há uma série de variáveis afetivas que desempenham um papel na
aquisição de uma segunda língua. Exemplos dessas variáveis incluem motivação,
autoconfiança e ansiedade. As emoções do aluno podem interferir ou ajudar na aquisição da
linguagem. “Krashen afirma que alunos com alta motivação, autoconfiança, boa autoimagem
e baixo nível de ansiedade estão mais bem equipados para o sucesso na aquisição de um
segundo idioma.” . (Schutz, 2005, p. 3) Emoções negativas, como baixa motivação,
ansiedade ou baixa auto-estima, criam um filtro que impede o input compreensível.
Stephen Krashen e Tracy Terrel em seu livro The Natural Approach, publicado em 1983,
exploraram os estágios de aquisição da segunda língua, identificando cinco diferentes fases:
CONCLUSÃO
Como trazido no início deste trabalho, não é possível rejeitar qualquer uma das teorias de
aquisição de segunda língua: todas propõem explicações razoáveis, e oferecem sua
contribuição para a compreensão do processo de aquisição da L2. No entanto, nenhuma é
completa e acabada. O ideal seria criar uma nova teoria que fundisse todos os parâmetros
pesquisados.
Concordamos que ‘os melhores métodos são aqueles que oferecem ‘comprehensible input’,
em situações com baixo nível de ansiedade, contendo mensagens que os aprendizes
realmente queiram escutar. Tais métodos não forçam uma produção precoce na L2, mas
permite aos aprendizes produzir quando estejam ‘prontos’, reconhecendo que o avanço vem
a partir da oferta adequada de ‘input’ comunicativo e abrangente, e não a partir de situações
forçadas e correção da produção.’(Schutz, 1998.
Contudo, sempre é bom manter em mente que o ser humano é único, tem suas
especificidades individuais e todo um conjunto complexo de fatores que não permite
nenhuma fórmula matemática para o aprendizado ou aquisição de uma segunda língua. É
preciso seguir investigando.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
• BEZERRA, Isabel C., SOLETRAS, Ano III, Nos. 05 e 06. São Gonçalo: UERJ, 2003.
• HATFIELD, R. (2013, June 03). As cinco hipóteses de Krashen, Junho, 2019.
• KRASHER -SELIGER, 1975). Publicado em junho, 1975 Psychology, TESOL
Quarterly 9, 2, 173-183.
• KRASHEN, S. The input hypothesis: issues and implications. Harlow: Longman.
• KRASHEN, S. & TERREL, T., The Natural Approach, publicado em 1983,
• SCHUTZ, Ricardo (2005, p. 2), Stephen Krashen’s theory of second language
acquisition.