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TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL –ANSIEDADE
SOCIAL, ANSIEDADE
GENERALIZADA E FOBIAS
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sintomatologia física da ansiedade (taquicardia, sensações de falta de
ar, tremores, sudorese, tonteiras, vertigens, náuseas, formigamentos
etc.), que é percebido pelo indivíduo como extremamente ameaçador,
sugerindo morte iminente por ataque cardíaco ou asfixia, perda do
controle, loucura, desmaio etc.”. O autor ainda acrescenta que após
experimentá-lo, a pessoa começa a ter uma expectativa de que outra
crise similar possa ocorrer novamente e que, da próxima vez, poderá
não haver escapatória. Cresce o medo e a ansiedade antecipatória em
relação a novas crises e isso acaba por gerá-las ou mantê-las, cada vez
mais frequentemente. (Rangé, 2010, p. 234)
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Interpretação errônea catastrófica de sintomas físicos como indicadores de
uma ameaça terrível iminente ao indivíduo;
Intensificação adicional dos sintomas físicos da ansiedade;
Perda da capacidade de reavaliar os sintomas de maneira mais realista;
Confiança na evitação e busca de segurança para reduzir a ansiedade
elevada e terminar o episódio de pânico.
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No final desse processo, se confirma a perspectiva principal do modelo
cognitivo, de que os ataques de pânico derivam de interpretações catastróficas
errôneas de determinadas sensações corporais.
Alguns tratamentos muito efetivos se basearam na perspectiva de que
alguns ataques de pânico se originam dessa forma; porém, como veremos a
seguir, Paulo Knapp, nos traz o modelo proposto por Barlow – um modelo mais
completo, no sentido de explicar que outras variáveis, além da perspectiva
cognitiva, estariam envolvidas no transtorno do pânico. Esse outro o elemento,
que chamamos de biopsicossocial, é definido em algumas literaturas de modelo
das vulnerabilidades. Continuando nessa perspectiva de introdução à TCC no
pânico, vamos detalhar agora o modelo biopsicossocial de Barlow de 1988. Knapp
et al. (2004, p. 218) apresentam uma representação do modelo.
1. VULNERABILIDADE FISIOLÓGICA
2. CIRCUNSTÂNCIAS ESTRESSORAS
3. ALARME FALSO
CONDICIONAMNETO INTEROCEPTIVO
ALARME APRENDIDO
4. VULNERALIBIDADE PSICOLÓGICA
5. VIGILÂNCIA E EVITAÇÃO
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uma resposta autonômica inesperada” – a parte 1 do modelo. Vejamos alguns
exemplos de respostas autonômicas simpáticas: ritmo cardíaco aumentado,
pressão cardíaca aumentada, movimentos respiratórios aumentados, pupilas
dilatam, sudorese, influência da adrenalina como neurotransmissor, entre outras.
Por exemplo, os pacientes que têm TP interpretam uma simples falta de ar
ou um leve desconforto para respirar como algo grave, como uma parada
respiratória; o coração acelerado (taquicardia) como um ataque do coração; uma
dor de cabeça como um tumor cerebral. Apontam que a ansiedade que sentem
com o pânico é muito diferente do que antes, ou diferente da última vez que
sentiram ansiedade. Esses exemplos fazem conexões com o que o modelo de
Barlow (biopsicossocial) chama de condicionamento interoceptivo (parte 3).
Qualquer mudança do estado interno, ou no modo como a pessoa se percebe,
acaba por acionar uma resposta autonômica (respostas corporais involuntárias).
As circunstâncias estressoras (parte 2) estariam ligadas a situações de
vida vivenciadas de forma negativa, como por exemplo perdas, mudanças
repentinas de fase de vida, conflitos interpessoais etc. Têm o potencial de
desencadear as respostas de pânico.
O alarme falso (parte 3) estaria relacionado ao momento em que o
indivíduo associa as mudanças de estímulos internos ou externos à ansiedade
que sente. Já o alarme aprendido (parte 3) envolveria um condicionamento a
essa ansiedade. Posteriormente, dispararia outros alarmes, e por fim deixaria o
indivíduo hipervigilante a sensações físicas, com ansiedade antecipatória, que
resulta no medo de outro ataque.
Knapp et al. (2004, pg. 218) completam o modelo de Barlow, afirmando que
a “interpretação dessas situações como perigosas e ameaçadoras facilita a
apreensão crônica e a hipervigilância. Sem muitos recursos para lidar com a
experiência avassaladora, o indivíduo se engaja em hesitações” (parte 5).
Segundo Knapp et al. (2004, p. 218), “se relacionam a alguma reação somática
ou lugares relacionados ao último ataque”. Exemplos: ao fazer exercícios físicos
e ter aumentada a frequência cardíaca e respiratória, o indivíduo pode condicionar
a situação ao medo de iniciar uma crise de pânico. Ou, ao entrar no carro e
percorrer o mesmo caminho de sempre para o trabalho, o indivíduo associa o
trajeto à última crise de ansiedade ocorrida. A esquiva também pode ser: sair de
casa, usar transporte público, fazer compras (Knapp et al., 2004). Até aqui
compreendemos que, segundo o modelo biopsicossocial, outras questões além
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das distorções cognitivas estão presentes no processo do transtorno do pânico: é
o papel das vulnerabilidades na ansiedade, que serão mais bem explicadas no
Tema 3.
Vejamos uma última consideração a respeito dos conceitos (Serra, 2019):
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base neuromoduladora do pânico; e hipóteses de base psicológica, como
temperamento, vulnerabilidade psicológica, alta consciência e sensibilidade a
ansiedade; e o fator “injustificável” do ataque de pânico.
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determinadas situações somáticas associadas a uma sensação elevada de
ameaça e perigo” (Barlow, 2016, p. 5).
3.2.2 Temperamento
Nos afetos,
4.1 Comorbidades
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Alguns dados estatísticos com evidências científicas mostram que
comorbidades com o transtorno do pânico podem acontecer isoladas ou também
em outros quadros de transtornos mentais, como por exemplo a agorafobia.
Segundo Angelotti (2007, p. 24),
4.2 Prevalência
Rangé (2011, p. 243) traz os seguintes dados: “idade do início dos sintomas
é entre o final da adolescência e o início da vida adulta, entre 17 e 25 anos [...] as
mulheres apresentam taxas mais altas de transtorno de pânico do que os homens,
na proporção de 2:1”.
TCC no Pânico:
12 à 20 sessões estruturadas
em 4 pilares:
1. Psicoeducação:
2. Técnicas de enfrentamento
técnicas e estratégias de da ansiedade: respiração
educar o paciente sobre o diafragmática e relaxamento
trasntorno no modelo do muscular.
medo.
4. Técnicas comportamentais:
3. Reestruturação cognitiva:
técnicas para enfrentamento
reestuturação do pensamento das situações temidas e
e das interpretações evitadas, por meio da
catatróficas. exposição.
Quadro 1 – Estrutura
Sessões INICIAIS
Entrevista inicial: entrevista inicial (queixa principal, situação atual de vida, história de
desenvolvimento familiar/escolar/ocupacional/social, suas experiências traumáticas, história
medica/psiquiátrica/psicoterapêutica, seu status psicológico), apresentação geral do cliente,
rapport (relação estabelecida com o terapeuta, a preocupações e metas relacionadas à terapia).
Avaliação: critérios diagnósticos do DSM 5; CID 10; Entrevista Estruturada par transtornos de
ansiedade para DSM -5 (ADIS-5). Há diagnóstico diferencial nos transtornos de ansiedade e
formas subclínicas de um transtorno. PDSS (Panic Disorders Everity Scale) Escala de gravidade
do transtorno de pânico.
Na psicoeducação: educação sobre o medo. Diferenciação da ansiedade normal e a patológica
(modelo do medo)
Explicação sobre as técnicas de respiração diafragmática (efeitos da respiração
inadequada e suas influências no alarme falso) e o relaxamento progressivo (como a tensão
muscular vem acompanhada da ansiedade e como pode ser aliviada)
Contrato terapêutico: responsabilidades, direitos, deveres, frequência, hora etc. e a
importância da participação ativa do paciente no processo de psicoterapia.
Sessões INTERMEDIÁRIAS
Parte cognitiva
Reestruturação cognitiva/ técnicas: análise de erros de lógica das distorções cognitivas:
descatastrofização; retribuição; generalização; identificação dos pensamentos automáticos
(técnica: relação pensamento/ sentimento /comportamento); identificação e questionamento dos
pensamentos disfuncionais (RPDS) que pioram e melhoram os sintomas físicos. Distração
cognitiva; e a Estratégia A.C.A.L.M.E.-S.E. (ferramenta de manejo para aceitação da ansiedade
de Bernard Rangé (2011) citado por Angelotti (2007).
Sessões FINAIS
Parte comportamental
Exposições ao vivo: técnica de dessensibilização sistemática: lista de situações evitadas
com o grau de ansiedade gerada de 0 a 1 0. A exposição começa com a situação de menos
para a que gera mais ansiedade. o paciente precisa permanecer no mínimo 90 minutos exposto.
À medida que o paciente enfrenta e se expõe as situações fóbicas, ocorre à habituação.
Resumindo: situações antes temidas, agora são enfrentadas de forma natural.
Três pontos importantes na fase final:
Os Ganhos terapêuticos: são aprendizado e aquisição das ferramentas para lidarem
com a ansiedade.
Possibilidades de recaídas x atitude diante de novos ataques de pânico.
Manter o enfrentamento de situações fóbicas.
Exposições interoceptivas: são as simulações de sintomas físicos. Aqui as sensações físicas
são provocadas por exercícios de forma segura. Por exemplo: provocar tontura, com o paciente
sentado, orientando-o a balançar a cabeça para os lados, de olhos fechados, durante 60
segundos. A exposição interoceptiva objetiva a redução das reações automáticas aos sintomas
físicos sentidos.
Como vimos na parte da psicoeducação, o modelo cognitivo do medo
facilita para o paciente o entendimento da diferença entre ansiedade normal e
patológica, e qual seu papel na origem e manutenção do pânico. O diagrama a
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seguir (Figura 4) ajuda a explicar para o paciente o processo cognitivo e
comportamental do medo no pânico.
REAÇAO DE ALARME
PENSAMENTOS
CATASTRÓFICOS:
Aumento da ansiedade e dos MEDO “Ai , ai, ai...” “vou morrer, desmaiar,
sintomas físicos cair, enlouquecer...”
CONDUTA
Hipervigilância Fugir, escapar.
Evitação
Ansiedade antecipatória
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conhecimento da medicação prescrita, bem como o entendimento dos princípios
ativos e dos efeitos sobre as cognições e comportamento.
Sempre que possível, mantenha contato com o clínico ou médico psiquiatra
responsável pelo tratamento medicamentoso do paciente, para obter informações
sobre quais medicações foram prescritas. Afinal, o paciente às vezes não sabe
dizer qual medicação está usando e como ela foi administrada pelo médico.
FINALIZANDO
LEITURA COMPLEMENTAR
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LEAHY, R. Técnicas de Terapia Cognitivo Comportamental: Manual do
terapeuta. Robert Leahy. Porto Alegre: Artmed, 2006.
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REFERÊNCIAS
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