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RECURSO 1ª FASE EXAME DE ORDEM

DIREITO CONSTITUCIONAL
QUESTÃO 12 – PROVA BRANCA

QUESTÃO
O Presidente da República promulgou a Lei Federal XX/2022, versando sobre certa
matéria, que também poderia ser objeto de medida provisória. Tal lei vem sendo
aplicada normalmente por diversos órgãos judiciais e administrativos no País.
No entanto, convicto da inconstitucionalidade da Lei Federal XX/2022, um legitimado
resolveu ajuizar Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) perante o Supremo Tribunal
Federal (STF) contra o referido diploma legal. No julgamento da ADI, o Plenário do STF
resolve, por maioria absoluta de seis ministros, julgar procedente o pedido e declarar a
inconstitucionalidade da Lei Federal XX/2022.
Com base na situação hipotética apresentada, assinale a opção que está de acordo com
o sistema brasileiro de controle de constitucionalidade.
a) A decisão final de mérito do STF no julgamento da ADI em tela vincula todo o
Poder Judiciário, incluindo o próprio Pleno do Tribunal.
b) O Presidente da República poderá editar Medida Provisória sobre a matéria,
porque, ao exercer função legislativa, não está vinculado à decisão definitiva de
mérito do STF, proferida em sede de ADI.
c) A decisão definitiva de mérito proferida pelo STF no julgamento da referida ADI
produz eficácia erga omnes, porque vincula plenamente todos os três Poderes
do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário)
d) Apenas a Administração Pública direta, nas esferas federal, estadual e
municipal, está vinculada à decisão definitiva de mérito proferida pelo STF em
sede de ADI.

Nobre banca recursal, no gabarito preliminar divulgado a alternativa apontada como


correta foi a alternativa B. Entretanto, a referida questão NÃO POSSUI NENHUMA
ALTERNATIVA CORRETA, conforme se verá pelos motivos abaixo trazidos.

É sabido que o Efeito Vinculante das decisões do Controle Concentrado Abstrato de


Constitucionalidade encontra fundamento jurídico no art. 28, parágrafo único, da Lei nº
9868/99, a seguir:

Art. 28. Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em julgado da decisão, o
Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário da
Justiça e do Diário Oficial da União a parte dispositiva do acórdão.
Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de
inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a Constituição e a
declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm
eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder
Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.

A questão objeto do presente recurso traz enunciado acerca sobre aplicação do efeito
vinculante sobre medida provisória, que, embora seja instrumento normativo, não é de
competência de edição por parte do Poder Legislativo e, sim, do Presidente da
República, na função ATÍPICA legiferante do Poder Executivo.
Sobre a questão, a vinculação das decisões do controle de constitucionalidade às
Medidas Provisórias não possui entendimento jurisprudencial firmado pelo Supremo
Tribunal Federal. Ao passo que, em parcela majoritária da doutrina, é compreendido
que somente não são afetados pelo efeito vinculante das decisões o Supremo Tribunal
Federal e o Poder Legislativo.

Neste sentido, e necessário observar que a edição de medida provisória não se


equipara à uma atuação legiferante em sentido estrito. Tanto que, a própria
Constituição estabelece amplo rol de matérias que não podem ser objeto de medidas
provisórias e, para as permitidas, faz-se necessária a presença dos requisitos de
relevância e urgência.

Ainda, é de se observar que, dentro do conceito de administração pública federal,


conforme estabelece o Decreto-lei 200/67, ainda em vigor, em seu art. 4º: “I – A
Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura
administrativa da Presidência da República e dos Ministérios”. Sendo, por expressa
previsão legal, inconteste a vinculação das decisões proferidas em sede de ADI às
Medidas Provisórias.

O vício da questão é tão flagrante que basta se observar outra questão trazida na
mesma prova. A saber, a questão de nº 13 da prova branca, que assim dispõe:

QUESTÃO
À luz de um caso concreto, que envolvia um cliente do escritório, dois advogados
iniciaram um debate sobre a relevância do instituto da Súmula Vinculante como
instrumento de interpretação.
O primeiro advogado ressaltou que a importância destas súmulas é justificada por
vincularem todas as estruturas estatais de poder, com exceção do Supremo Tribunal
Federal (STF), criando, assim, uma estabilidade jurídica dos significados da
Constituição.
O segundo advogado disse que achava que o colega estava equivocado, pois o STF
também estaria vinculado ao seu entendimento.
Sobre o impasse surgido, de acordo com o sistema juridico-constitucional brasileiro,
assinale a afirmativa correta.
a) Os dois advogados estão equivocados, pois as súmulas vinculantes não
vinculam o STF, que as edita e revê, nem tampouco o Poder Legislativo, que
possui plena autonomia para legislar, mesmo em sentido contrário ao das
súmulas vinculantes.
b) Os dois advogados estão equivocados, pois as súmulas vinculantes não
vinculam o STF, que as edita e revê, nem tampouco o Superior Tribunal de
Justiça, por ser o intérprete da legislação federal.
c) O primeiro advogado está certo e o segundo errado, pois as súmulas
vinculantes, de acordo com a Constituição, vinculam todas as estruturas
estatais de poder, com exceção apenas do STF, que zela pela adaptabilidade da
Constituição à realidade.
d) O segundo advogado está certo e o primeiro equivocado, pois as súmulas
vinculantes, de acordo com a Constituição, vinculam todas as estruturas
estatais de poder, sem exceção, em razão da rigidez constitucional.

Na referida questão, o gabarito aponta como correta a alternativa a. Ora, as súmulas


vinculantes possuem o mesmo efeito vinculante das decisões do controle concentrado
de constitucionalidade e, em razão disso, o próprio enunciado da questão correta
indica que os efeitos vinculantes, tão somente, não vinculam o STF e nem o Poder
Legislativo em sua função de legislar.

Por estas razões, vem-se requerer a anulação da questão de nº 12 da prova branca por
ausência de alternativa correta.

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