Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo: Este estudo trata sobre os Centros de Convivência como espaço de informação para os
idosos. O objetivo é examinar o seu papel no acesso à informação e protagonismo desses sujeitos.
Em revisão de literatura, apresenta abordagem sobre o envelhecimento ativo e a relevância da
informação no protagonismo social de idosos, enfatizando a sua importância nos dias atuais.
Também discute como se caracterizam esses Centros, no país, sua origem em legislação e o seu
papel social junto à população idosa. Trata das ações realizadas no estudo empírico, no qual destaca
a observação direta como instrumento de coleta de dados. O estudo em campo, realizado nos
Centros de Convivência de Idosos do Rio de Janeiro e São Luís, indica que essas instituições realizam
várias ações que contribuem para o protagonismo social dos idosos, como informá-los sobre seus
direitos e satisfazer outras necessidades de informação. Contudo, não se identificam ações de
estímulo à atuação dos idosos na definição das atividades dos Centros e na sua conscientização
enquanto grupo social, apto a lutar por seus direitos. No uso dos Centros merece destaque as
atividades de prevenção da doença, e de lazer. O desafio para esses espaços é articular o
conhecimento adquirido pelos idosos com a solução das necessidades de informação, visando a
promoção do envelhecimento ativo e protagonista.
Abstract: This study deals with the Coexistence Centers as an information space for the elderly. The
objective is to examine their role in access to information and protagonism of these subjects. In a
literature review, it presents an approach on active aging and the relevance of information in the
3212
XIX ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO – ENANCIB 2018
22 a 26 de outubro de 2018 – Londrina – PR
social protagonism of the elderly, emphasizing its importance in the present day. It also discusses
how these Centers are characterized, in the country, their origin in legislation and their social role
with the elderly population. It deals with the actions carried out in the empirical study, in which
direct observation is a tool for data collect. The study in the field, carried out at the Centers for the
Coexistence of the Elderly in Rio de Janeiro and São Luís, indicates that these institutions carry out
various actions that contribute to the social protagonism of the elderly, such as informing them
about their rights and meeting other information needs. However, there is no identification of
actions to stimulate the elderly in the definition of the activities of the Centers and in their
awareness as a social group able to fight for their rights. In the use of the Centers it is worth
mentioning the activities of prevention of illness and of leisure. The challenge for these spaces is to
articulate the knowledge acquired by the elderly with the solution of information needs, aiming at
the promotion of active and protagonist aging.
Keywords: Information for the elderly. Social protagonism of old age. Information needs. Right to
information in old age. Centers for the Coexistence of Elderly People in Brazil.
1 INTRODUÇÃO
2 ENVELHECIMENTO ATIVO
O conceito “envelhecimento ativo”, termo cunhado nos anos 1990 pela Organização
Mundial da Saúde, na visão de Fernandes e Garcia (2010), é um modelo normativo, criado na
sociedade contemporânea, com o objetivo de garantir nova identidade para a pessoa idosa, e
estimulá-la a adotar novos hábitos, e linguagem que a dissocie de estigmas imputados
socialmente, como doenças, declínio e exclusão social.
Com a importância adquirida pela informação no cenário atual, duas de suas funções:
redução de incertezas (WERSIG; NEVELING, 1975) e solução de problemas (SHERA, 1977)
ganharam atenção. No entanto, o seu cumprimento torna-se um desafio, uma vez que a
informação está condicionada ao modo como é transmitida e recebida, ao contexto social no
qual está inserida, às situações em que ocorre, aos meios que a veiculam e às características
socioculturais das pessoas envolvidas.
Mane e Paiva (2007), por exemplo, em estudo relacionado à informação para idosos,
no Brasil, constataram que as suas necessidades informacionais vinculam-se,
principalmente, às suas preocupações com saúde, obtenção de benefícios de aposentadoria,
aspirações por atividades de lazer e obtenção de informação para a educação. Estes
3216
XIX ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO – ENANCIB 2018
22 a 26 de outubro de 2018 – Londrina – PR
aspectos podem contribuir na melhoria da qualidade de vida dos idosos, o que torna
evidente a urgência de que tais necessidades sejam atendidas. Boa parte dos idosos no
Brasil, na visão dessas autoras, encontra-se em situação de vulnerabilidade informacional, e
costuma recorrer à televisão como fonte imediata de informação. Além disso, para muitos
deles, a internet ainda é uma realidade distante, por falta de condições econômicas, de
competência para lidar com esta ferramenta entre outros fatores. Por isso, argumentam que
idosos precisam de mecanismos que lhes proporcionem a busca de informações nas
organizações, em meios físicos e digital, mediante ação que estimule o seu protagonismo e
atenda às suas necessidades.
No ponto de vista de Rozendo, Justo e Correa (2010), o protagonismo social do idoso
brasileiro ocorre nos canais participativos: fóruns de debates, conferências para o
planejamento de políticas sociais e os diversos conselhos. Os Conselhos de Idosos são
espaços de participação e protagonismo, tanto político quanto social desses sujeitos, quando
lhes garantem a oportunidade de participarem ativamente de decisões que atingem direta
ou indiretamente a sua vida. Também são espaços de fala, informação e conhecimento,
quando os idosos podem executar ações, comunicarem críticas e pontos de vista. O
protagonismo social e a atuação política dos idosos também ocorre na participação em
congressos, palestras, associações de aposentados, onde trocam informações, opiniões,
perguntas e pensamentos. No aspecto político, o protagonismo envolve a participação
direta, como cidadão, na formulação, fiscalização e avaliação da coisa pública, em fóruns de
debates, organizações de bairro e conselhos gestores.
Em síntese, a literatura analisada sugere que os idosos terão de usar suas habilidades
para agirem coletivamente, enquanto integrantes de uma categoria social. Para tanto, são
necessários apropriação de informações úteis e de qualidade, e interação dialógica com
grupos sociais. Os estudos destacam que o valor da informação para os idosos está
relacionado ao quanto ela é capaz de atender às suas necessidades e solucionar os
problemas, especialmente quanto a direitos sociais, segurança, saúde e cidadania, além de
trazer sentido para a sua vida, para lutarem por direitos de cidadãos.
histórico desses Centros no Brasil, com foco em sua função social e expõe-se comentários de
ações dos Estados do Rio de Janeiro e Maranhão para a sua implantação.
sociabilidade. Centros com esta função foram impulsionados pelo Serviço Social do Comércio
(SESC) em São Paulo, considerada instituição pioneira no desenvolvimento de trabalhos
sociais com idosos, a partir do ano de 1963.
Esta ação pioneira do SESC, e as demandas dos idosos que começaram a se tornar um
grupo significativo da população brasileira, contribuíram para a criação de outros Centros de
Convivência. Para Rodrigues (2001), os Centros vinculados ao setor público têm origem na
década de 1970, com a criação do Programa de Assistência ao Idoso (PAI), pelo então
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). O PAI tinha como função, organizar e
implantar grupos de convivência de idosos, nos postos do INPS. Com a reforma da
Previdência, ainda nessa década, o Programa foi posto sob a gestão da Legião Brasileira de
Assistência (LBA). Durante a sua gestão, segundo Kist (2011), a LBA desempenhou ações de
supervisão dos grupos que surgiram na época, avaliar e identificar as carências e demandas
dos idosos, e criar novas estratégias para lhes oferecer atendimento mais amplo.
Nos anos 1980, segundo Rodrigues (2001), a LBA foi reestruturada e os grupos de
convivência passaram a integrar o Projeto de Apoio à Pessoa Idosa (PAPI), criado para
substituir o PAI. As ações do PAPI visavam ampliar a participação de idosos no meio social,
promover a sua valorização nas comunidades, e estimular discussões sobre sua cidadania,
seus direitos e reivindicações, envolvendo tanto os grupos de convivência que gerenciava
quanto aqueles parceiros ligados a entidades particulares e de iniciativas comunitárias.
Nos anos 1990, com a promulgação da Política Nacional do Idoso (1994), o Decreto n.
1948/1996, que a regulamenta, garantiu ao cidadão idoso o atendimento na modalidade
não asilar, em grupos de convivência, denominados “Centro de Convivência”, Art. 4:
“Entende-se por modalidade não-asilar de atendimento: I - Centro de Convivência: local
destinado à permanência diurna do idoso, onde são desenvolvidas atividades físicas,
laborativas, recreativas, culturais, associativas e de educação para a cidadania.” (BRASIL,
1996). Tal concepção é adotada no estudo em Centros de Convivência do Rio e Maranhão.
Os Centros de Convivência de Idosos das cidades do Rio de Janeiro e São Luís, nos
quais realizou-se observação direta, são apresentados em dois tipos: a) Centros que embora
tenham apoio do governo com a seção do espaço para funcionamento, são instituições que
não recebem verba governamental, e a sua sustentação depende do apoio da comunidade,
categorizados aqui como Centro Conveniado; b) Centros que recebem apoio direto do
governo para o desenvolvimento de suas atividades. Na fase de observação, procurou-se
verificar: Em que medida as ações desenvolvidas em Centros de Convivência contribuem
para o acesso a informação e promoção do protagonismo social dos idosos? O estudo
envolveu quatro Centros: dois na cidade do Rio de Janeiro e dois na cidade de São Luís.
3220
XIX ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO – ENANCIB 2018
22 a 26 de outubro de 2018 – Londrina – PR
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
5.1 Observação
6 RESULTADOS
Esta seção apresenta a análise dos dados colhidos durante a observação, nos Centros
de Convivência de Idosos nas cidades do Rio de Janeiro: Casa de Convivência Padre Velloso e
GAP Laranjeiras, e São Luís: CAISI e PAI, com vistas ao entendimento de suas práticas para
informar os idosos e contribuir com ações que promovam o seu protagonismo social.
Fonte: Observação em Centros de Convivência de Idosos – Rio de Janeiro e São Luís – maio/out. 2017.
velhice, nutrição e outros assuntos que podem contribuir para suprir lacunas de
conhecimento do público idoso e gerar novos modos de pensar e agir no cotidiano, para
terem melhor qualidade de vida. Assuntos que de algum modo, corroboram para a sua
autonomia e participação social com protagonismo.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
______. Lei Federal n. 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, 3 out. 2003. Seção
1. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm>. Acesso
em: 10 jan. 2018.
______. Lei Federal n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a Política Nacional do
Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Coleção de Leis da
República Federativa do Brasil, Brasília, v. 2., p. 571, jan. 1994. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8842.htm>. Acesso em: 10 jan. 2018.
CAISI presta assistência integral à saúde do idoso. Wscom Online, nov. 2017. Disponível em:
<https://www.wscom.com.br/noticias/saude/caisi+presta+assistencia+integral+a+saude+do
+idoso-225777>. Acesso em: 20 dez. 2017.
EDEWOR, Nelson; IJIEKHUAMHEN, Osaze Patrick; EMEKA-UKWU, Uche P. Elderly people and
their information needs. Library Philosophy and Practice (e-journal), 1332, 2016.
aproximação com os centros de idosos em Barcelona. 2011. 245 f. il. Tese (Doutorado em
Serviço Social)-Faculdade de Serviço Social, PUCRS, 2011.
MANE, Ernesto B.; PAIVA, Eliane B. Necessidades de informação de idosos: pesquisa com o
grupo “alegria de viver” SESC/PB. Biblionline. v. 3, n. 2, jul./dez. 2007. Disponível em:
<http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/biblio/article/view/1641>. Acesso em: 5 mar.
2018.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio da pesquisa social. In: ______ (Org.). Pesquisa
social: teoria, método e criatividade. 33. ed. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 9-29.
OLIVEIRA, Maria Zeneida Puga Barbosa; BARBAS, Stela. Autonomia do idoso e distanásia.
Revista Bioética, v. 21, n. 2, p. 328-337, 2013.
PERROTTI, Edmir. Sobre informação e protagonismo cultural. In: GOMES, Henriette Ferreira;
NOVO, Hildenise Ferreira (Org.). Informação e protagonismo social. Salvador: EDUFBA,
2017. p. 11-25.
RAMOS MONTEAGUDO, Ana Maria; YORDI GARCÍA, Mirtha; MIRANDA RAMOS, María de los
Ángeles. El envejecimiento activo: importância de su promoción para sociedades
envejecidas. Revista Arch Med Camagüey, v. 20, n. 3, 2016.
ROZENDO; Adriano da Silva; JUSTO, José Sterza; CORREA, Mariele Rodrigues. Protagonismo
político e social na velhice: cenários, potências e problemáticas. Revista Kairós
Gerontologia, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 35-52, jun. 2010.
WERSIG, Gernot; NEVELING, Ulrich. The Phenomena of Interest to Information Science. The
Information Science, v. 9, n. 4, 1975.