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Resumo: Os critérios adotados no projeto de uma cozinha e de um refeitório priorizam as condições sanitárias, de
higiene e conforto, regulamentados pela ANVISA (Agencia Nacional da Vigilância Sanitária) e pelo Ministério do
Trabalho. No planejamento desses ambientes a determinação do arranjo físico, que permite estabelecer de forma
racional o fluxo das atividades, favorecendo a movimentação e o processo produtivo. Esses aspectos motivaram este
trabalho, com o objetivo de elaboração do anteprojeto de reforma do restaurante do centro de treinamento de pro-
fessores localizado em Alagoa Grande/PB. Este estabelecimento é destinado ao treinamento de servidores do estado
sob a supervisão da Escola de Serviço Público do Estado da Paraíba - ESPEP, um órgão vinculado à Secretaria de
Estado da Administração, que capacita recursos humanos para prestação de serviço público. Os ambientes estuda-
do, restaurante e cozinha, apresentam irregularidades resultantes da falta de manutenção e de modificações feitas
sem orientação profissional, até hoje foram poucas as modificações realizadas nestes ambientes, mantendo-se a edi-
ficação praticamente em seu estado original. No projeto foram priorizados os fluxos de serviço e os espaços neces-
sários para um bom desempenho da atividade, adotando materiais com os requisitos técnicos para a realização das
atividades de preparado do alimento.
1. Introdução
Como autarquia do Ministério da Educação, o
A definição do espaço e as características ambi-
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
entais essenciais para a concepção arquitetônica de
(FNDE) promove o desenvolvimento e a qualidade
uma instituição educacional resulta do planejamento
do ensino através de programas e financiamentos,
e de estudos de viabilidade que agregam informa-
destacando-se o Programa Nacional de Alimentação
ções necessárias ao desenvolvimento do projeto,
Escolar (PNAE), implantado em 1955, com o objeti-
deste modo ao programa arquitetônico vincula-se o
vo de atender as necessidades nutricionais dos alu-
perfil educacional adotado pela instituição.
nos e promover hábitos alimentares saudáveis.
Definido através dos níveis e modalidades do
No entanto é necessário que a estrutura física da
sistema educacional brasileiro, o perfil educacional
escola forneça ambientes adequados ao desenvolvi-
compõe-se principalmente de educação básica e
mento das atividades relacionadas aos serviços de
superior, sendo normatizados pela lei de diretrizes e
alimentação, tais como cantinas, cozinhas e refeitó-
base da educação, que ratifica os preceitos da consti-
rios destinados ao preparo, cocção, distribuição, e
tuição e apresenta a estrutura geral do sistema edu-
alimentação. Esses espaços apresentam característi-
cacional do país. Assim sob a supervisão do
cas distintas, que devem atender a requisitos técni-
Ministério da Educação são definidas a estrutura
cos específicos das atividades desenvolvidas, a fim
funcional, a forma de organização e outros aspectos
de permitir boas condições de trabalho e conforto ao
relativos à educação.
usuário.
Os critérios adotados no projeto de uma cozinha práticas de fabricação a que deve se ajustar todo
e de um refeitório priorizam as condições sanitárias, estabelecimento com a finalidade de obter alimentos
de higiene e conforto, que são regulamentados pela aptos para o consumo humano. A necessidade de
ANVISA (Agencia da Vigilância Sanitária) e pelo aperfeiçoamento dessas ações foi regulamentada
Ministério do Trabalho. Priorizando no planejamen- através da RDC nº 216/2004, com o estabelecimento
to desses ambientes é a determinação do arranjo das boas práticas para serviços de alimentação, a fim
físico, que permita estabelecer de forma racional o de garantir as condições higiênico-sanitárias ade-
fluxo das atividades, favorecendo a movimentação e quadas.
o processo produtivo. Que possibilita tornar o traba-
lho mais produtivo e eficiente, evitando possíveis Desta forma os procedimentos pré-
contaminações entre os alimentos de preparo distin- estabelecidos pela ANVISA a serem adotados como
to. boas práticas para operacionalização de alimentos
estabelecem um fluxo ordenado, separação de ativi-
Historicamente, os primeiros estabelecimentos dades, utilização de materiais de acabamento do
destinados à alimentação surgiram na Grã-Bretanha, piso, parede e teto íntegros, conservados, livres de
com incentivo do governo britânico e em conse- rachaduras, vazamentos, infiltrações, bolores e des-
qüência do racionamento dos alimentos e do atendi- cascamentos, com equipamentos, móveis e utensílios
mento à demanda de consumo. Assim foram em materiais específicos que não transmitam conta-
originados, no início da segunda guerra mundial, os minantes aos alimentos. Apresentando instalações
sistemas de alimentação coletiva, tais como cantinas sanitárias adequadas, iluminação apropriada à ativi-
e restaurantes. Esses sistemas compreendem estabe- dade, ventilação que garanta a renovação do ar, con-
lecimentos que produzem refeições em quantidade trole de vetores e pragas, efetuando a limpeza do
industrial, designando de restaurantes institucionais ambiente sempre que necessário e ao final das ativi-
os estabelecimentos sem fins lucrativos que prestam dades de trabalho.
serviços para um público fixo com cardápio variado,
esta é a principal característica observada em restau- Com base nestas medidas de segurança e exa-
rantes de indústrias, hospitais e escolas que atendem minando os problemas originados da inadequação
exclusivamente os funcionários dessas instituições sanitária, este trabalho motivado pela necessidade de
(SILVA FILHO, 1996). adequação às normas de controle sanitário, avaliou e
elaborou um anteprojeto de reforma para o restau-
Os benefícios da implantação do sistema de rante do centro de treinamento de professores locali-
alimentação coletiva nesses estabelecimentos pro- zado em Alagoa Grande/PB. Este estabelecimento é
movem o aumento da produtividade e a socialização destinado ao treinamento de servidores do estado
entre funcionários, além de contribuir para a quali- sob a supervisão da Escola de Serviço Público do
dade de vida e saúde do trabalhador. Estado da Paraíba - ESPEP, um órgão vinculado à
Secretaria de Estado da Administração, que capacita
Em estabelecimento destinado à produção ali- recursos humanos para que a prestação do serviço
mentar às condições de higiene implica no forneci- público esteja compatível com as novas exigências
mento de alimentos livres de contaminantes. Para do setor.
isso é fundamental que os alimentos sejam manipu-
lados adequadamente a fim de evitar possíveis con- O centro de treinamento foi instituído em 1964,
taminações por meio de microrganismos onde também funciona uma escola estadual de ensi-
patogênicos, que podem causar doenças gastrointes- no fundamental para o aperfeiçoamento do professo-
tinais, resultante das bactérias presentes nos alimen- res, com ambientes distintos para o treinamento de
tos associada a procedimentos higiênicos professores e para os alunos do ensino fundamental.
inadequados e má conservação. Esses fatores devem O restaurante estudado, de uso exclusivo do centro
estar relacionados aos aspectos organizacionais ado- de treinamento, apresenta problemas resultantes da
tados pela empresa, aos procedimentos de manipula- falta de manutenção e de pequenos consertos feitos
ção e processamento dos alimentos, conforme a sem orientação profissional.
legislação vigente para atender as condições sanitá-
rias e de higiene necessárias à realização das ativi- A avaliação realizada verificou os materiais de
dades que envolva o alimento preparado. acabamento utilizados na cozinha e no refeitório
quanto aos requisitos técnicos para a realização das
As ações de higiene, qualidade e segurança atividades, analisando as condições de iluminação
alimentar, regulamentadas pela ANVISA através da natural através de simulação das curvas isolux, a fim
portaria SVS/MS nº 326/1997, de 30 de julho de de propor um sistema de iluminação artificial com-
1997, estabelecem os requisitos gerais e as boas plementar e adequada à iluminação noturna. Quanto
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ao desempenho térmico da cobertura, verificado descarte, a fim de evitar possíveis contaminações.
através do projeto de norma nº 02:135.07-001, parte
03, foi sugerido uma alternativa de redução do calor
que possibilite melhorar o conforto térmico no am-
biente. Deste modo o trabalho agregou os conheci-
mentos ergonômicos e sanitários para a elaboração
do projeto de reforma mais adequando.
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ordenado ou livre, com ou sem auxílio de copeira No setor de cocção, área onde o alimento é fina-
para servir o alimento. Nestes estabelecimentos o lizado, equipamentos e máquinas necessárias à cozi-
sistema de distribuição consiste de balcões exposito- nha são definidos conforme o preparo. Silva Filho
res para vários tipos de pratos, que podem ser dis- (1996) divide esta área em quatro grupos: de cocção
postos em linha ou em múltiplos pontos. básica, feita em caldeirões; cocção ordinária, feita
em fogões; cocção especial, feita em fornos especi-
A cozinha e refeitório são ambientes integrados, ais e frituras/frigimentos, feitos em frigideiras e fri-
para facilitar o desenvolvimento das atividades. Na tadeiras. Os equipamentos necessários para cocção
cozinha, área restrita aos usuário/funcionários, o (fogão, forno, coifa, etc.) podem ser agrupados em
ambiente deve favorecer o bom desempenho da ati- ilha ou em linha unilateral, próximo a uma mesa ou
vidade, apresentando equipamentos e utensílios ne- bancada de apoio, apresentando um fluxo que facili-
cessários ao preparo de cereais, carnes, vegetais, te o abastecimento no setor de distribuição do refei-
sucos, dentre outros alimentos. Enquanto o refeitó- tório.
rio, destinado ao usuário/cliente, pode apresentar
características que torne o ambiente menos monóto- A área de higienização deve permitir que o mate-
no contribuindo para uma melhor percepção do es- rial lavado e higienizado retorne com facilidade para
paço, com arranjo que priorize a entrada e saída dos reutilização, localizando-se próximo a armazenagem
usuário/cliente. onde serão estocados os utensílios, louças e talheres.
A despensa, onde são guardados os gêneros alimen-
Em cada um desses ambientes a atividade desen- tícios perecíveis e não-perecíveis, é dimensionada
volvida que orienta o planejamento. Na cozinha a com base no regime de compras dos produtos ali-
atividade se inicia no recebimento, higienização e mentícios.
armazenagem dos gêneros alimentícios, seguido
para processamento dos alimentos que envolvem De modo geral a atividade habitual na cozinha é
preparação e cocção sendo finalizado com a higieni- desenvolvida na posição parada de pé com apoio de
zação dos utensílios da cozinha. As atividades do bancadas de serviços, que é altamente fatigante por-
refeitório priorizam o atendimento, com distribuição que exige muito trabalho estático da musculatura por
dos alimentos prontos e higienização dos utensílios isso, o ambiente de trabalho deve proporcionar ao
dos refeitórios. usuário a realização de movimentos, preferencial-
mente, curtos e suaves, a fim de dinamizar a ativida-
2.1.1. Cozinha de. (Iida, 1990).
No ambiente da cozinha as atividades estão
As bancadas de serviços empregados nos
concentradas nos setores de preparo geral e de
diversos setores dão suporte a todas as operações da
cocção, que agrupa os equipamentos e utensílios
cozinha seja ela de preparo, cocção ou higienização,
usados para manipulação e processamento dos
com isso o planejamento parte de estudos
alimentos. O setor de preparo geral poder incorporar,
antropométricos, fundamentados nas medidas do
equipamento e seções de uso semelhante, prevendo
corpo humano para desenho do mobiliário em geral.
área mínima para pré-preparo de vegetais e carnes
Alturas adotadas corretamente possibilitam a
com separação física entre bancadas ou espaçamento
realização de atividades como cortar e descascar
de 1,00 m entre planos de trabalho para evitar a
verduras e preparar carne com apoio adequado,
contaminação dos alimentos, dispondo de cuba de
observando a Figura 2 estas atividades se enquadra
higienização.
nos trabalhos leves com alturas entre 0,85 e 0,90m
para mulheres e entre 0,90 e 0,95m para homens,
Para cozinhas de até 250 refeições/turno as ativi-
sendo 0,90m adequados para ambos os sexos.
dades de corte e preparo requer um comprimento de
bancadas de 3,00 m e em média 02 cubas de higieni-
zação. De acordo com o Monteiro apud Codex Ali-
mentarius, 2004 “os equipamentos e utensílios que
possam entrar em contato com os alimentos, devem
ser fabricados com material que não transmita subs-
tâncias tóxicas, odores ou gosto, que não seja absor-
vente, que resista à corrosão e seja apropriado para
limpeza freqüente, assim como a desinfecção. Des-
tacando-se o aço inoxidável, os materiais sintéticos e
os derivados da borracha, devendo-se evitar o uso da
madeira e determinados metais que em contato com Figura 2: Alturas recomendadas em superfície horizontal,
os alimentos possa provocar a corrosão.” Fonte: Iida (1990)
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Como princípios para o dimensionamento em refrigerados, térmicos ou de apoio para acomodam
uma cozinha as características físicas dos usuários e os alimentos e os utensílios de uso no refeitório.
as necessidades da tarefa, requer circulação
compatível com os movimentos realizados, É necessário que o setor de distribuição, permita
manipulação dos equipamentos e fluxo de serviços. o acesso tanto dos usuários/cliente quanto dos usuá-
rios/funcionários que farão o reabastecimento do
Estes espaçamentos são observados na Figura 3, balcão expositor, considerando fluxo distinto para
que expõe a circulação entre planos de trabalho evitar possíveis choques entre usuários.
variado entre 1,20 e 1,50m, essas dimensões
possibilitam abertura de forno, o deslocamento de No salão de refeições dispõe de mesas com circu-
carros de transporte e o trabalho em paralelo. As lação adequada, em quantidade compatível com a
alturas de prateleiras devem permitir o alcance dos quantidade de refeições servidas e o tempo de per-
objetos com máximo de 1,65m, adotando para manência do usuário/cliente no refeitório.
melhor conforto do usuário/funcionário, o recuo de
rodapé em torno de 0,20m nas bancadas que permite Localizada próximo ao refeitório, a copa de higi-
acomodar a ponta dos pés e facilita as tarefas de enização deve favorecer a devolução dos utensílios
limpeza do ambiente. usados, sendo reservado apenas aos funcionários. A
higienização dos utensílios realizada com os cuida-
dos necessários para uma melhor qualidade da lava-
gem pode ser desempenhada por meio manual com
uso de água corrente aquecida ou com uso de ma-
quina de lavar louça. No entanto a higienização me-
135 120 135 150
cânica com uso de máquinas de lavar louça é mais
eficiente e rápida, pois possibilita economia de água,
redução de material de limpeza e de louças decor-
rente do aumento da rotatividade. Durante a higieni-
zação é feita a remoção de resíduos, lavagem,
desinfecção e secagem dos utensílios, com o auxílio
da lavagem mecânica este processo é se restringe ao
165
150
altas temperaturas.
70
matérias-primas com o propósito de melhor adaptar
90
5
A disposição destas áreas resultou no ca que esses centros onde estão alojados os equipa-
estabelecido do arranjo racional, que foi mentos, utensílios e materiais para manipulação de
desenvolvido na década de 1950 na Universidade de alimentos, devem proporcionar baixo custo ao em-
Cornell, Ithaca-EUA. Esta forma relaciona os preendedor, conforto ao trabalhador e risco mínimo
trajetos principais entre os espaços da cozinha, de contaminação dos alimentos.
descrevendo um triângulo de trabalho (Figura 3)
como distribuição ideal entre os três principais Na Figura 4 observam-se os centros de trabalho
setores de trabalho de tal modo que o usuário e suas com fluxo linear (A), em paralelo(B) e perpendicu-
necessidades sejam o ponto central no planejamento lar(C) e os arranjos de trabalho aberto (A), fechado
a fim de evitar cruzamentos e deslocamentos (B) e comum (C) que podem ser aplicados em arran-
desnecessários facilitando a supervisão e a jo físico da cozinha, conforme o espaço disponível
integração das atividades (BLUM, 2009). para o projeto.
Usualmente é necessário associar iluminação arti- Segundo Vianna (2001) a localização da janela e
ficial a iluminação natural, como forma de comple- o tipo de fechamento influenciam na distribuição da
mentar os níveis de iluminância no ambiente. Na luz. As janelas altas propiciam maior profundidade
iluminação artificial são relacionados tipos de lâm- na distribuição da luz natural, pois a relação entre
padas, luminárias e sistemas de iluminação, que altura do piso (peitoril) e limite superior da janela
apresentam desempenho e eficiência conforme o reduz os níveis de iluminância nos pontos próximos
sistema escolhido, os efeitos produzidos no plano de a abertura e aumenta a reflexão nas paredes próxi-
trabalhos são caracterizados em: iluminação geral, mas melhorando a uniformidade, o que não ocorre
localizada e combinada, esquematizadas na Figura 5. com as janelas baixas, pois a iluminação é mais pró-
xima das aberturas com altos níveis de iluminância
nesta área.
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O uso da iluminação artificial demanda algumas utilizados (forno e fogão) que desprende diversos
precauções como luminárias de fácil manutenção e tipos de vapores com ou sem gordura. Nesta área é
limpeza, resistentes aos vapores de água, fazendo indispensável à renovação do ar, evitando que o
uso de lâmpadas com alta eficiência luminosa e boa fluxo de ar incida diretamente sobre os alimentos.
reprodução de cor, sendo adequado o uso de fluores-
centes com índice de reprodução de cor acima de 80 Os sistemas de exaustão normalmente são
e temperatura de cor intermediário-branca (aprox. constituídos por captores, filtros, dutos, coletor,
3000 oK), a fim de evitar alteração da cor dos ali- exaustor e chaminé. De acordo com a NBR 14518
mentos. Estas recomendações são validas para os que trata de sistema de ventilação e orienta para o
setores da cozinha e do refeitório na área de distri- projeto de instalação, operação e manutenção de
buição, podendo ainda fazer uso dos efeitos de ilu- sistema de ventilação para cozinha industrial, a
minação para tornar o ambiente mais aconchegante captação do calor e vapores emitidos pelos
destacando objetos ou pontos de interesse tornando a equipamentos como fogões, fritadeiras, fornos, etc.,
áreas do refeitório tornando o ambiente mais atraen- deve ser feita localmente, próximo a fonte emissora
te e visualmente confortável. e de forma continuada.
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quente e baixa latitude. No piso da cozinha devem ser instaladas grelhas
especificas para escoamento de água com inclinação
As subcoberturas são mantas impermeáveis adequada para evitar o acumulo e formação de pos-
aplicadas sob as telhas, com a incorporação de sas, localizadas em pontos estratégicos com as áreas
películas refletiva e isolante que torna o material de lavagem de utensílios. Essas grelhas devem per-
capaz de melhorar o desempenho térmico da mitam a retenção dos resíduos sem o acesso de inse-
cobertura. O uso de subcobertura tem a função de tos e roedores. Adotando material apropriado para o
proporcionar estanqueidade á cobertura e melhorar o trafego pesado, que seja antiderrapante e de fácil
isolamento térmico destes elementos, pois o material higienização, nets situação o piso monolítico anti-
empregado apresenta alta capacidade de reflexão e derrapante (sem rejuntamento) torna-se ideal, em
baixa emissão de radiação térmica. (DARÉ, 2005) outro caso pode ser utilizado o revestimento cerâmi-
co com rejunte não poroso. As paredes devem rece-
Segundo Vittorino (2003) a redução dos ganhos ber revestimento até uma altura mínima de 2,00m, as
de calor pela cobertura feita através do uso de arestas entre piso e teto devem ser arredondadas para
subcoberturas apresenta um bom desempenho como evitar acumulo de sujeira e facilitar a limpeza. A
isolante térmico ou como barreira radiante quando altura do teto deve propiciar a limpeza sugerindo-se
instalado de maneira correta com a superfície de no mínimo um pé direito de 3m.
baixa emissividade voltada para o ambiente.
Nas recomendações quanto às esquadrias (portas
Os critérios mínimos de desempenho térmico de e janelas) prevalece o uso de cores claras, e material
cobertura estabelecem valores apropriados de de fácil limpeza e não absorvente sendo recomenda-
transmitância térmica e absortância dos materiais do o uso de telas milimétricas para proteção contra
empregados correspondente a zona bioclimática da insetos e roedores, nas portas de acesso ao preparo e
região. Neste caso a cidade de Alagoa Grande esta armazenamento utilizar fechamento automático e
localizada na zona 8 que deve apresentar coberturas protetor de rodapé.
com maior massa térmica, de forma que o calor
armazenado em seu interior durante o dia seja Os equipamentos, móveis e utensílios que entrem
devolvido ao exterior durante a noite, quando as em contato com o alimento devem ser em material
temperaturas externas diminuem. Nesta situação são adequando as condições da norma, ou seja, não
aceitas coberturas com telha de barro sem forro transmitir substancia tóxica, odores, nem sabores,
desde que estas não sejam pintadas ou esmaltadas. sendo mantidos em estado adequado de conservação
Assim o uso de subcobertura seria uma solução de e resistente à corrosão e repetidas operações de lim-
baixo custo que possibilitaria reduzir o calor peza e desinfecção. O refeitório deve ser mantido
excessivo do ambiente. organizado e em adequadas condições de higiene,
localizar a área de distribuição próxima à cozinha
2.3.4. Requisitos técnicos - ANVISA para favorecer o desenvolvimento das atividades.
Localizar depósitos para lixo nas áreas de pré-
Os fatores técnicos relacionados aos aspectos
preparo e higienização.
funcionais, ao conforto térmico e lumínico são es-
senciais para o bem estar dos trabalhadores. Contudo
3. Metodologia
o projeto de um ambiente destinado aos serviços de
alimentação apresenta algumas peculiaridades carac- O estudo de caso realizado no restaurante do
terística da atividade que é desenvolvida, a adoção Centro de Treinamento de Professores foi desenvol-
de procedimentos higiênicos e as condições sanitá- vido por meio de uma pesquisa exploratória com
rias do local estabelecem os requisitos necessários abordagem qualitativa sobre o funcionamento da
para uma produção segura de alimento. cozinha e do refeitório. Estas informações contribuí-
ram para a elaboração do programa de necessidades
Conforme legislação sanitária as boas práticas em conjunto com a diretoria da escola, que subsidiou
aplicada aos edifícios que prestam serviço de ali- as soluções de projeto adotadas. Assim a pesquisa
mentação deve apresentar área definidas para todas foi desenvolvida em fases como descritas a seguir:
as atividades de forma a evitar contaminação cruza-
da, lavatórios exclusivos para higiene das mãos loca- Fase1 - Na revisão de literatura, a pesquisa bi-
lizada na área de manipulação de alimentos bliografia reuniu informações sobre características,
observando o fluxo de preparo. Adotando revesti- setorização necessária, fluxo de atividades de refei-
mento liso, de cor clara, impermeável e lavável para tório e cozinha. Em seguida foram examinados os
piso, paredes e teto. tipos de layout, o dimensionamento de áreas, as
condições de conforto térmico e lumínico. O conhe-
cimento das normas, legislação e recomendações
9
relativas ao ambiente destinado ao preparo de ali- Fase 6 – Sistematização dos dados obtidos nas
mentos foi base para a determinação das condições fases anteriores, estruturação do roteiro para estudo
técnicas de higiene para projeto. de projeto e seleção dos materiais de acabamento
adequados a norma. E por fim elaborou-se o ante-
Fase2 – O levantamento das medidas do espa- projeto de reforma da cozinha e do refeitório cons-
ço físico com levantamento fotográfico de cada am- tando de projeto gráfico, discriminação técnica e
biente para eventuais consultas. Com auxilio de um maquete eletrônica.
questionário, elaborado para subsidiar o planejamen-
4 Resultados
to, foram reunidas informações do estabelecimento,
da logística de funcionamento e percepção dos usuá- A escola e centro de treinamento foram constru-
rios quanto ao desenvolvimento das atividades e ao ídos em 1964 utilizando alvenaria de tijolo maciço,
com reboco nas paredes e pintura em tons de ama-
ambiente de trabalho. relo claro, com exceção das paredes das áreas de
cozinha e banheiro que recebe revestimento em azu-
Fase3 – Avaliação do posto de trabalho quan- lejo na cor branca. A cobertura do telhado é feita em
to à organização, antropometria e condições de higi- estrutura de madeira com telha francesa e as portas e
ene. A organização espacial do ambiente foi janelas em madeira recebem pintura clara na mesma
avaliada quanto ao fluxo de serviços na cozinha e no cor das paredes. Em quase todos os ambientes foi
setor de distribuição do refeitório, observando o utilizado ladrilho hidráulico no piso, variando ape-
nas a cor em preto/branco ou vermelho/branco.
percurso e sua freqüência, os pontos de cruzamento
e a distâncias entre posto de trabalho, elaborando-se, O restaurante (9) em estudo está situado entre o
a partir dessa observação, um diagrama de afinida- alojamento (11) e o setor pedagógico (5) do centro
des para ajuste do arranjo físico. As condições de de treinamento, neste mesmo bloco se localizam a
higiene foram verificadas através de observação das lavanderia, despensa e apoio para funcionários con-
condições dos materias de acabamento conforme as centrando, neste bloco, os ambientes do setor de
práticas estabelecidas pela RDC 216/2004 em ter- serviços do centro de treinamento (Figura 6).
mos dos requisitos higiênico-sanitários gerais para
serviços de alimentação, utilizando o item referente
à edificação e as instalações apresentados no anexo
da RDC 275/2002.
10
oferecidas todas as refeições diárias, incluindo lan- Figura 6: Planta baixa refeitório/cozinha
ches.
O regime de compras obedece à demanda de cur- As deficiências mais evidentes estão presentes
sos, período de realização, duração e quantidade de na cozinha que apresenta materiais inadequados e
alunos matriculados. Desta forma a logística de for- ausência de lavatório para higiene das mãos no setor
necimento e estocagem de alimentos tem uma fre- de manipulação de alimentos, uma recomendação a
qüência de 2 vezes por semana para os gêneros ANVISA atribuída como boas práticas para redução
perecíveis e semanal para os gêneros não perecíveis de microrganismos presentes na pele. No refeitório o
e as carnes que são (ver anexo) desconforto térmico do ambiente é o principal fator
de incomodo, relatado pelos usuários.
REFEITÓRIO COZINHA
11
acesso dos funcionários a cozinha para o reabaste- da copa, próximo a abertura para devolução de ban-
cimento dos alimentos, que pode ser feito através da dejas inviabilizando o fluxo de atividades. Esta dis-
porta ou do passa pratos com observados na Figura posição promove confronto entre o reabastecimento
9b. Os armário do balcão de distribuição são de pratos limpos e a devolução de pratos sujos que é
utilizados para guardar os utensílios do refeitório, feito pelo mesmo acesso (Figura 11).
com acesso restrito ao funcionários. (Figura 10a
e10b)
O layout em “U” empregado na copa de higie- Figura 12: Cozinha – Copa de higienização
nização permitiria um fluxo ordenado (recebimento
de louças, remoção de resíduos, pré-lavagem, lava- No setor de preparo se observa o descolamento
gem e enxágüe e secagem), entretanto isto não é do revestimento da parede e as superfícies das ban-
praticado, pois a secagem esta localizada na entrada
12
cadas também revestidas com cerâmica, no piso as
depressões presente produzem instabilidade aos GELADEIRA
equipamentos da cozinha e sendo o ladrilho hidráu-
lico um material poroso a higienização se torna one-
rosa, além disso, a coloração utilizada dificulta a
FOGÃO
visibilidade de sujeiras no piso. (Figura 13). PIA
4.3 Iluminação
13
natural foi insuficiente para a atividade. As curvas atividades desenvolvidas e os equipamentos necessá-
isolux obtidas no software a Light Tool comprova- rios assim como a área ocupada.
ram a irregularidade da distribuição da iluminação
natural ratificado pelos níveis de iluminâcia medidos A partir da definição deste programa foi pro-
nestes ambientes. O resultado desta distribuição esta posto um layout que priorizada a atividade e o con-
associada a dois fatores: a dimensão do ambiente e forto dos usuários/funcionários (Figura00). A
ao tipo de janelas que promove uma iluminação cozinha foi equipada com bancadas em aço inox, por
mais próxima das aberturas com altos níveis de ilu- ser um material que não transmitindo substâncias
minância nesta área e com isso minimiza a reflexão tóxicas, odores ou gosto, aos alimentos além de re-
nas superfícies próximas dificultando a uniformida- sistir a corrosão, limpeza freqüente e desinfecção. É
de da luz. um material que confere maior seguindo as reco-
mendações doa ANVISA.
5 Projeto
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Nas paredes foi aplicado revestimento cerâmico apresentando prateleira auxiliar na parte superior do
(30x30cm) e sugerindo para o piso granilite com balcão de distribuição e barreira de proteção contra
acabamento de rodapé arredondados no mesmo ma- respingo de salivas com suporte para apoiar a bande-
terial nas áreas de bancadas. As janelas substituídas ja. Nas paredes sugeri-se a remoção do azulejo exis-
por esquadria de alumínio tipo pivotante com tela tente e aplicação de massa acrílica com acabamento
milimétrica na parte externa com pintura bege clara em pintura na cor branco neve.
na mesma tonalidade das janelas existentes na escola
para manter a mesma configuração, aplicando forro
de gesso no teto para evitar que impurezas origina-
das do telhado caiam nos alimentos.
15
ção com o ladrilho hidráulico existente, assim foi
possível manter as característica presente na escola BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de
como um todo. Vigilância Sanitária. Resolução-RDC N° 216, de 15
de Setembro de 2004
6. Conclusões
BROWN, G. Z. Sol, vento e luz: estratégias de pro-
No projeto foram priorizados os fluxos de ser- jeto. Bookman, Porto Alegre, SC, 2004
viço e os espaços necessários para um bom desem-
penho da atividade, adotando materiais com os IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. Editora
requisitos técnicos para a realização das atividades Edgard Blücher. São Paulo, 1990.
de preparado do alimento.
GUIMARÃES, Lia Buarque de Macedo et al. A
Com este estudo foi possível constatar que a Ergonomia, a engenharia e a arquitetura como in-
garantia de qualidade dos alimentos originado deste grediente no projeto de instalação de cozinha indus-
tipo de serviço não se restringe apenas a logística de trial. In: IX congresso Brasileiro de ergonomia.
preparo, o ambiente deve propiciar um desenvolvi- Salvador, BA, 1999
mento da atividade a fim de garantir um processa- www.producao.ufrgs.br/arquivos/arquivos/abergo99
mento segura dos alimentos, assim como dos _158.pdf
utensílios, equipamentos e instalações de água e
esgoto. GOMES FILHO, João. Ergonomia do Objeto. Edito-
ra Escrituras. São Paulo, SP, 2006. disponível em
O tipo de material empregado nas bancadas ou http://books.google.com.br/
mesmo dos utensílios de cozinha, levam ao preparo
seguro dos alimentos assim como a definição do LAMBERTS, Roberto et al. Desempenho térmico
layout que oriente no desenvolvimento da atividade em edificações. Florianópolis, 2005 disponível em
evitando a contaminação e facilitando o fluxo de http://www.labeee.ufsc.br/graduacao/graduacao.html
serviços.
KOWALTOWSKI, Doris C.C.K. et al. Divulgação
do Conhecimento em Conforto Ambiental. In:
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