Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

HISTÓRIA DO DESIGN III - AUH2810

MONOGRAFIA - VESPA

CLEO GONÇALVES MINUTTI - 13637791


SÃO PAULO 06 DE JUNHO DE 2023
Após a Segunda Guerra Mundial, a Itália, tal qual os outros países do Eixo, estava
destruída. Precisando se reerguer, foi em busca da modernidade, da inovação e da tecnologia.
Muitos quilômetros de estradas e ferrovias foram construídos, de modo a permitir, entre
outras coisas, a migração do campo para a cidade de grandes contingentes do Sul do país. É
nesse cenário que é inventada aquilo que seria mais tarde chamado de ícone do século 20: a
Vespa.
Criada em 1946 por Corradino d’Ascanio, a Vespa é uma marca moto muito
especial: simples e ao mesmo tempo revolucionária e original. O nome foi dado por Enrico
Piaggio, falecido diretor da fabricante, quando notou a semelhança entre o barulho do inseto e
o ronco do motor do primeiro protótipo. Isso inspirou muitas propagandas que se tornaram
ícones mundiais de campanhas publicitárias. Por exemplo, nos anos 50, o slogan
“Vespizzatevi!” transformou o nome da marca em um verbo.
Entre os muitos modelos de Vespa comercializados ao longo dos anos, alguns
fizeram história, como a Vespa 125 de 1951, uma versão aprimorada da Vespa 125 de 1948.
A Vespa de 1951 foi elemento-chave do filme Hollywood Roman Holiday (Figura 1), de
Hollywood, que se passa justamente no período de reconstrução italiano. Há também a Vespa
150 GS de 1955 (Figura 2), descrita como a moto mais bonita já produzida, com mudanças
fundamentais de design e tecnologia que alteraram os modelos das linhas futuras. Em 1967,
foi lançada a Vespa 125 Primavera (Figura 3), equipada com um assento mais alongado,
perfeito para dois passageiros e que fez muito sucesso nos anos 60.
Além desses modelos, foram lançadas muitas colaborações. As parcerias variam
desde marcas de luxo até jovens designers, sempre tendo em mente os conceitos de
originalidade, criatividade e liberdade. As colaborações tornaram-se mais recorrentes a partir
dos anos 2000, com a entrada em cena de marcas como Christian Dior (Figura 4), Dolce &
Gabbana, Givenchy, Vogue, Emporio Armani, etc.
Atualmente, além de acessórios, são comercializadas oito famílias de modelos: o
GTS Super, GTS, Primavera, Sprint, Elettrica, Sei Giorni, GTV e 946 10° aniversário.
A Vespa possui alguns modelos aos quais foram atribuídas qualidades de
sustentabilidade, como a Vespa Elettrica, muito silenciosa, e a Vespa Primavera, que surgiu
pela associação com a estação do ano. Em 1970, Gilberto Filippetti produziu uma campanha
da Vespa com o apelido "sardomobili". A campanha compara a Vespa e carros, demonstrando
a diferença gritante do nível de ruído, poluição produzida e espaço ocupado. Até hoje vigora
esse posicionamento e o comprometimento com a sustentabilidade.
Os modelos continuavam a evoluir, tanto em termos de engenharia mecânica
quanto de design, e após décadas de sua criação, a Vespa continua a engajar e a ocupar um
espaço no imaginário comum. Ela representa um estilo de vida, e mudou a cultura urbana, na
forma como se deseja e se utiliza a moto, bem como no modo pessoal de se expressar,
mediante, entre outras coisas, a customização dos veículos.
O impacto cultural do produto italiano foi tão grande que em 1949 foi fundado “The
Italian Vespa Club”. Trata-se de uma comunidade de marca, na qual as pessoas compartilham
gostos e práticas relacionadas a diversos aspectos da Vespa. Mais tarde, Enrico Piaggio,
percebendo o quanto isso era benéfico para sua empresa, encorajou mais compradores
licenciados a formarem comunidades em outros países. Esses compradores eram
apresentados como “bons italianos”, disciplinados e gentis, o que estabeleceu um estereótipo
do consumidor da Vespa. Também eram considerados modernos, constantemente engajados
em competições e corridas, o que conferiu um caráter urbano à marca.
Na segunda metade dos anos 60, houve uma queda no uso da Vespa, ao mesmo
tempo que o carro Fiat se tornava objeto de desejo na Itália. Ademais, a batalha contra a
regularização de motos foi perdida. Com a morte de Enrico Piaggio, patrocinador do clube, as
participações e o interesse de novos usuários da marca diminuíram. Não obstante, a
existência dessas comunidades foi fundamental para a construção da marca.
A Vespa foi mais do que um produto popular na Itália; foi um símbolo da
prosperidade no pós-guerra, que sintetizava os conceitos de design, herança e modernidade.
Intrínseca à seus consumidores, a Vespa evoluiu acompanhando suas necessidades e desejos,
tornando-se por aclamação um “ícone sobre rodas”.
Figura 1 - Vespa 125 de 1951 (filme Hollywood Roman Holiday)

Figura 2 - Vespa 150 GS de 1955


Figura 3 - Vespa 125 Primavera de 1967

Figura 4 - Colaboração Vespa com Christian Dior


REFERÊNCIAS

SPARKE, P. (1990). Design In Italy: 1870 to the present. Abbeville Press.

LEES-MAFFEI, G. (2014). Made in Italy: Rethinking a Century of Italian Design.


Bloomsbury Publishing PLC.

Romano, B., Zullo, F., Fiorini, L., Marucci, A., & Ciabò, S. (2017). Land transformation of
Italy due to half a century of urbanization. Land Use Policy, 67, 387–400.
https://doi.org/10.1016/J.LANDUSEPOL.2017.06.006

Vespa, an Italian style icon since 1946 | Vespa.com. (n.d.). Retrieved October 29, 2023, from
https://www.vespa.com/en_EN/

The start of an adventure. (n.d.). Retrieved October 29, 2023, from


https://www.vespa.com/en_EN/timeline/40/

Você também pode gostar