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VOLUME 1
DESERTO
DE SAL
CONHECENDO A ESCULTURA
Esculturas no tempo 7
Novas formas 10
Artistas em ação: o material ganha forma 13
MOVIMENTOS E SENTIDOS
A história da dança 59
A concepção de um espetáculo de dança 69
Bom trabalho.
II Arte | 7o ano 1
PARA
2 Exercitar a curiosidade intelectual
e recorrer à abordagem própria das
Investigar, causar, elaborar e testar
hipóteses, formular e resolver problemas
PENSAMENTO ciências, incluindo a investigação, a
e criar soluções (inclusive tecnológicas)
CIENTÍFICO, CRÍTICO reflexão, a análise crítica, a imaginação
com base nos conhecimentos das
E CRIATIVO e a criatividade.
diferentes áreas.
PARA
PARA
Entender as relações próprias do mundo
6 Valorizar a diversidade de saberes e
vivências culturais e apropriar-se de
do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao
exercício da cidadania e ao seu projeto
DIVERSIDADE conhecimentos e experiências.
de vida, com liberdade, autonomia,
consciência crítica e responsabilidade.
PARA
Formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns
que respeitam e promovam os
7 Argumentar com base em fatos, dados e direitos humanos e a consciência
informações confiáveis. socioambiental e o consumo responsável
ARGUMENTAÇÃO
em âmbito local, regional e global, com
posicionamento ético em relação ao
cuidado de si mesmo, dos outros e do
planeta.
IV Arte | 7o ano 1
PARA
Fazer-se respeitar e promover o respeito
VI Arte | 7o ano 1
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Pode ser entendida como um conjunto de atividades ordenadas, es-
truturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacio-
nais, que têm um princípio e um fim conhecido tanto pelos professores
como pelos estudantes. A sequência didática se traduz nas seções edi-
toriais do material, como demonstrado a seguir.
Problematização
Seção Vasculhando ideias
• Busca despertar a curiosidade dos alunos;
• Sondagem;
• Verificação dos conhecimentos prévios;
• A partir de situações do cotidiano.
Desenvolvimento do conteúdo
Seção Ponto de partida
• Encaminhamento da reflexão do aluno a respeito do conteúdo;
• Apresentação dos conceitos (é priorizada a construção do conheci-
mento, mas é possível também apresentá-los diretamente quando
necessário);
• Consolidação, aplicação e materialização dos conteúdos do capítulo;
• Conteúdo organizado por meio de apresentação e construção de
conceitos;
• O professor reafirma os conteúdos trabalhados no capítulo e em
qual contexto eles podem ser percebidos.
Sistematização
Seção Mural do conhecimento
• Atividades mais desafiadoras;
• Aplicação dos conceitos em contexto diverso;
• Pode ser trabalhada em sala de aula ou em casa, a critério do professor.
Aplicação
Seção Mãos à obra
• Nova oportunidade para o aluno concretizar e aplicar os conteúdos
aprendidos no capítulo;
• Registro de hipóteses, fixação e amarração de ideias.
BOXES GERAIS
Boxe Biografia
• Breve biografia de alguma personalidade importante que esteja
sendo tratada no material.
Boxe Glossário
• Definição sobre um termo que se encontra em destaque na página.
Boxe De olho
• Traz dicas de livros, sites, lugares, filmes, músicas etc.
Boxe Diálogos
• Apresenta conteúdo interdisciplinar a respeito do capítulo.
Arte
A arte tem sentido transformador desde os tempos pré-históricos. Atra-
vés dela, as pessoas expressam sentimentos, emoções, censura ou crítica
em relação ao momento histórico. Está presente em toda parte: pinturas,
grafites, músicas e sons, peças teatrais, movimentos de dança, esculturas.
A disciplina de Arte leva o aluno a refletir e entender sua identidade
cultural e a associá-la às diversidades existentes; também a entender o
processo artístico dinâmico, que se entrecruza com outras disciplinas,
com o conteúdo histórico, enfim, com as várias linguagens.
Há pleno reconhecimento de que ela beneficia o desenvolvimento dos
alunos: desenvolve seu espírito crítico em relação aos bens culturais que
a humanidade construiu ao longo do tempo. Assim, eles compreendem e
modificam os processos criativos.
As atividades deste material, planejadas para incentivar sociabilidade,
expressividade e integração, promovem a aprendizagem de novas no-
ções de mundo e a criatividade.
Com a Lei 9 394/96, o conteúdo de Arte tornou-se obrigatório nos
diversos níveis de educação básica, considerando sua condição de co-
nhecimento humano e histórico. Tratada anteriormente como mera ex-
periência de sensibilização e conhecimento genérico, hoje, a disciplina
objetiva promover o desenvolvimento cultural e estético dos alunos, por
meio de práticas de produção e apreciação artísticas, fundamentais à
sua formação e a seu desempenho social.
Fundamentado na legislação vigente e nos princípios básicos de ação
pedagógica constantes na BNCC, o material de Arte do sistema Dom Bos-
co by Pearson sistematiza o processo criativo de ensino-aprendizagem
para dar suporte teórico e prático às aulas dessa disciplina. A metodolo-
gia adotada conduz o aluno a compreender a arte como conhecimento
voltado para um fazer e apreciar artístico e estético, bem como para uma
reflexão sobre sua história e seu contexto social.
Pela análise da categoria da intencionalidade, o aluno é levado a com-
preender a intenção do artista ao compor determinada obra, como se deu
a escolha do material que a constitui e a significação histórico-social das
diferentes correntes artísticas. Pela comparação analítica entre diferentes
produções artísticas, o aluno compreende a variedade de tendências, o
modo como as obras foram concebidas pelo homem em diferentes mo-
mentos da história e a função que exercem em cada sociedade. O traba-
lho criador é resultado da articulação entre a intenção e a comparação.
X Arte | 7o ano 1
OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM
1º Mapear a informação.
INOVAÇÃO E APRIMORAMENTO
Escola é espaço de inovação, de aprimoramento pessoal e profissional.
Em qualquer profissão se identificam diferenças individuais de habilida-
des, competências e desempenho. Na profissão docente não é diferen-
te. Cada professor tem características pessoais e profissionais distintas.
Durante muito tempo, a profissão docente esteve associada ao “dom de
ensinar”. Como as demais profissões na sociedade, demonstrou-se que
a docente também se aprende, independentemente de talento natural.
A formação contínua ou permanente é uma das condições para o
magistério na sociedade atual. A cobrança de profissionalização do-
cente aconteceu tanto quanto como nas demais áreas de atuação
social, e a solicitação por professores competentes tem merecido
destaque no cenário nacional, visto que as exigências por uma me-
lhor qualificação dos futuros trabalhadores emergem num contexto
de competitividade econômica.
AMBIENTE DE APRENDIZAGEM
A sala de aula é o espaço na escola destinado ao processo de apren-
dizagem e cabe ao professor criar, na turma, um ambiente favorável para
o ensino-aprendizagem.
Sensibilizar, instigar à cooperação e participação, mobilizar os conhe-
cimentos prévios dos alunos, solicitar o respeito à pessoa e à proprie-
dade do outro, desafiar a cognição e criatividade são exemplos de um
clima favorável à aprendizagem.
XX Arte | 7o ano 1
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
A aprendizagem ocorre por meio da ação humana e, nesse sentido,
o ensino deve atender a tal solicitação, “aprende-se porque se age e
não porque se ensina” (BECKER, 2002, p. 112). O desenvolvimento pro-
fissional docente ocorre quando o fazer se embasa nos conhecimentos
específico e pedagógico da área de atuação. Somente assimilação dos
conhecimentos teóricos da profissão docente não assegura boa atuação
profissional. A aprendizagem docente acontece com seu fazer. A reflexão
de que o professor deve refletir permanentemente sobre sua prática
em busca do próprio aperfeiçoamento surge de suas vivências, sejam
positivas, sejam negativas, e a análise da própria atuação orienta-o a
modificar ou não sua postura profissional.
Se a aprendizagem do professor ocorre, também, por meio de solução
de problemas, a aprendizagem do aluno deve pautar-se prioritariamen-
te no princípio da solução de problemas como alternativa metodológi-
ca para o ensino. Buscando ultrapassar a memorização dos conteúdos,
ele é entendido como meio de construção do conhecimento pelo aluno,
tornando-o copartícipe na aprendizagem. Induzir a criação de métodos
e estratégias para a resolução de problemas constrói, desenvolve e es-
trutura o pensamento lógico do aluno.
O sentido da aprendizagem está no entendimento do conteúdo teó-
rico articulado com a solução prática dos problemas cotidianos. Essa
metodologia permite que o aluno passe a dar sentido ao conhecimento
LIVRO DO PROFESSOR
2 Arte | 7o ano 1
FUNDAMENTOS DA transformação.
Objetos do
ARTE conhecimento
• Fundamentos da
hoozone/Getty Images
Habilidades
• Pesquisar e analisar
diferentes estilos visuais,
contextualizando-os no
tempo e no espaço.
emreogan/Getty Images
1 Conhecendo
Neste capítulo, os
alunos vão investigar a
linguagem escultórica,
analisando os elementos
que a constituem por
a escultura
meio da apreciação de
hoozone
Amanda Hall/
robertharding/Getty Images
imagens e da produção
de pequenas esculturas.
Além do reconhecimento
de técnicas e materiais
empregados na construção
das esculturas, serão
tratados alguns aspectos
da história da arte, que
demonstram as diferentes
concepções que a escultura
foi adquirindo desde seu
emreogan
surgimento no período
pré-histórico. É importante
que os alunos reconheçam
que a prática artística é
reflexo do contexto no
qual está inserida, sendo
determinante para o modo
como nos relacionamos Chesnot/Getty Images
com ela.
Habilidades
• Pesquisar e analisar
diferentes estilos visuais,
contextualizando-os no
tempo e no espaço.
• Desenvolver processos de RODIN, Auguste. A eterna primavera. 1884.
4 Arte | 7o ano 1
H
á diferentes modos de produzir arte. Para se expres-
sar, causar sensações e provocar a reflexão do públi- pessoas que a olham. Com
co, os artistas podem utilizar a voz e os instrumentos isso, provoca outro tipo de
musicais, os movimentos do corpo, tintas e telas, artefatos
tecnológicos como câmeras ou até blocos de pedra, peda-
movimento corporal para
ços de madeira, porções de argila ou metais como bronze e investigá-la. A superfície
aço. Como tantos outros campos de atuação humana, a arte espelhada dessa escultura,
também se modifica com o tempo e novas formas de criação
são desenvolvidas, explorando novos materiais, misturan-
feita em aço inoxidável,
do-os ou descobrindo modos inovadores de explorar os con- convida o espectador a ser
sagrados pela tradição. Observe as esculturas apresentadas parte da obra, pois se vê
e como elas são obtidas por meio de materiais e técnicas
muito diferentes.
refletido nela. Por essa peça
de Anish Kapoor ser exposta
em um ambiente externo,
todos os acontecimentos
de seu entorno influenciam
o momento dedicado à
sua apreciação. Isso não
acontece com a escultura
de Rodin, que está no
ambiente protegido de um
museu, e assim sons da
rua e mudanças climáticas
não fazem parte dessa
experiência. Durante a
conversa, convide os alunos
a simularem como se
comportariam diante das
VASCULHANDO IDEIAS esculturas representadas
nas imagens. Nessa
1. Você já viu alguma escultura? Como ela representação, poderão
era? Descreva-a para seus colegas.
perceber que o tamanho, a
2. Em sua opinião, nós nos relacionamos com
uma escultura de modo diferente do que forma, o material e o espaço
com uma pintura? Comente sua resposta. ocupado pela obra são
3. Nessas duas imagens, as pessoas parecem
fatores essenciais para a
se relacionar com as esculturas da mesma
maneira? O que torna diferente o modo de relação que estabelecemos
com ela.
KAPOOR, Anish. Cloud Gate. 2004-2006. Aço
interagir com cada uma delas? inoxidável, 1000 cm × 1300 cm × 2000 cm. Chicago,
Illinois, Estados Unidos.
Atividade
complementar
Peça aos alunos que
realizem, em duplas,
observá-la apenas de frente. Isso acontece porque a escultura possui três dimensões uma pesquisa sobre as
(altura, largura e comprimento), e a pintura tem apenas duas dimensões (altura e esculturas apresentadas
largura). Estimule os alunos a partilharem suas vivências de contato e apreciação de e sobre os artistas que as
obras de arte, fazendo-os refletir sobre como eles se relacionam com trabalhos de elaboraram.
diferentes linguagens artísticas. A escultura, por ser uma peça tridimensional, nos
provoca a pensar sobre o nosso lugar de espectador, já que no ato de interagir com a Conceitos-chave
obra ganhamos consciência da relação de nosso corpo com o ambiente expositivo. Escultura moderna e
Atividade 3: São maneiras diferentes de interação, pois as características de cada contemporânea, esculturas
escultura tornam-se determinantes para a relação que é estabelecida com quem as no Brasil, formas, técnicas e
observa. Comparando essas duas obras, especificamente, a dimensão, o material e o local materiais, espacialidade.
onde estão expostas representam diferenciais significativos. Pode-se citar, por exemplo,
que a escultura de Rodin é proporcionalmente menor que as pessoas que a observam.
Pode-se, então, caminhar com o olhar por toda a peça. Já a escultura Cloud Gate tem
art
estudo das diferentes Reúna-se com alguns colegas e discutam sobre estas imagens, respondendo às
formas de esculturas que questões a seguir.
será desenvolvido no
Lefteris Tsouris/Shutterstock
Respostas
-histórica (entre intervenção
24 000 e 22 000 artística
a.C.). Pedra realizada
calcária, 11,1 cm em 2014, nas
de altura (visão escadarias da
de pedra, e as esculturas da
artista Néle Azevedo foram
1. Que materiais você acha que foram utilizados na realização dessas esculturas?
feitas de gelo.
Atividade 2: A resposta
pode ser pessoal, pois
pede-se que os alunos 2. Como você imagina que elas foram feitas?
fertilidade. As esculturas
de Néle Azevedo foram
modeladas com o uso de
fôrmas, em que a água
Ressalte a diferença entre esse tipo de experiência mediada com a obra e o contato
líquida foi congelada.
direto com a produção, especialmente relevante no caso da produção em pauta, pois
Atividade 3: Não, a experiência da passagem do tempo, do caráter provisório da obra, faz parte do efeito
porque as esculturas estético almejado pela artista, da reflexão que visa despertar.
de Néle Azevedo não
existem mais, pois, por Atividade complementar
serem feitas de gelo, já
Converse com os alunos sobre os possíveis significados da intervenção artística da
derreteram. Somente
brasileira Néle Azevedo (1951- ), Monumento mínimo. Caso necessário, apresente o
podemos conhecê-las
projeto em detalhes, ressaltando suas interpretações como crítica à noção de
por meio das fotos e
monumento, muito relacionada com algumas das produções esculturais: obras de
vídeos que as registraram
grandes proporções, feitas com materiais duráveis e que pretendem exaltar vultos da
ainda congeladas e o seu
história. Sua obra também foi utilizada em protestos contra as mudanças climáticas e o
processo de derretimento.
aquecimento global.
6 Arte | 7o ano 1
art
dos anos, diferentes materiais e técnicas foram sendo utilizados para a sua confec- ou padrão que
ção, o que lhe conferiu novas formas e funções na sociedade. Se, em determinadas é seguido como é mostrar um breve
culturas, serviu para dar forma a deuses em cultos religiosos, em outras, representou regra. Na arte,
os paradigmas panorama do tema
um modo de divulgar valores ao glorificar grandes nomes da história de um povo em determinam como o
representações imponentes. artista deve realizar que possa estimular os
seu trabalho.
Não existe uma designação definitiva de como uma escultura deve ser, pois os alunos a refletirem sobre
padrões se modificam com o tempo. As alterações consideradas mais significativas
podem ser entendidas como quebras de paradigmas que provocam verdadeiras re-
mudanças conceituais
voluções artísticas, criando novos modos de fazer arte e até de se relacionar com ela. e formais na criação de
Comparando esculturas egípcias e gregas, algumas diferenças podem ser apontadas: esculturas ao longo do
Autor Míron. tempo. Não há aqui a
DEA/G. DAGLI ORTI/Getty Images
Amplie a abordagem
Para saber mais sobre a artista e seu projeto de intervenção urbana, consulte o site:
<https://www.neleazevedo.com.br/>. Acesso em: ago. 2018.
art
turas que apresentavam personagens com expressões neutras, sérias, distantes. Já a
boxe Diálogos. Os exemplos escultura barroca, produzida no século XVI, busca expressar emoção, as figuras escul-
apresentados apenas pidas parecem transbordar intensos sentimentos.
necessário, apresente
dados sobre alguns
dos eventos e períodos
artísticos citados.
DIÁLOGOS
História
Eventos históricos estão intimamente ligados às mudanças nos modos de pensar e de se expressar por meio
da arte. O Renascimento italiano, por exemplo, foi impulsionado, dentre outras razões, pela riqueza das cidades
que dominavam o comércio no mar Mediterrâneo. Já o Barroco é uma estética ligada à Contrarreforma, uma
reação da Igreja Católica à Reforma Protestante de Martinho Lutero. A maior presença de valores humanistas
(crença no conhecimento humano, na razão), no primeiro, e da religiosidade, no segundo, em parte, relaciona-se
com esses eventos.
Esculturas no Brasil
No Brasil, a expressividade barroca pode ser apreciada nas esculturas de
Aleijadinho, expostas em diversas cidades de Minas Gerais, como Congonhas do Cam-
po, Ouro Preto, Sabará e São João Del-Rey.
AleijAdinho
Gilberto_Mesquita/Getty Images
artista brasileiro, nascido em Ouro Preto (MG), que
produziu diversas esculturas de cunho religioso em
madeira e pedra-sabão, além de projetar fachadas
de igrejas de sua cidade natal e outras cidades vi-
zinhas. Conviveu com uma doença degenerativa que
lhe deu o apelido pelo qual até hoje é conhecido,
Aleijadinho. Mesmo com muitas limitações físicas,
desenvolveu uma quantidade significativa de tra- LISBOA, Antonio Francisco ou Aleijadinho. Profeta
Ezequiel (parte do conjunto Os doze profetas).
balhos, tornando-se uma referência na história da 1800-1805. Pedra-sabão. Santuário do Bom Jesus de
arte no Brasil. Matosinhos, Congonhas do Campo, Minas Gerais, Brasil.
14 Arte | 7o ano 1
8 Arte | 7o ano 1
Outro escultor de grande importância para a arte brasileira foi Mestre Vitalino,
que modelava esculturas em barro sobre o cotidiano do sertão nordestino, represen-
tando costumes e crenças populares.
art
Luciana Whitaker/Folhapress
meStre VitAlino
Vitalino Pereira dos Santos (1909-1963) nasceu em Caruaru (PE), foi ceramista e músico. Começou a modelar
ainda criança, com o material que sobrava das panelas de barro que sua mãe produzia. Seu estilo característico
é referência até hoje para muitos artesãos nordestinos que o perpetuam como uma marca da arte popular
brasileira.
AMPLIAÇÕES
art
ele é influenciado pela produção de artistas da mesma época, assim como responde a
partir do modernismo, acontecimentos históricos, políticos e sociais de seu período. Essas circunstâncias fa-
deixando a representação zem com que alguns ideais artísticos consagrados pela tradição sejam transformados,
negados, reafirmados ou mesmo aprofundados.
de lado e permitindo Muitos artistas do século XX quebraram
INTERFOTO/Interfoto/Latinstock
Visitantes observam as esculturas de Alexander
Calder na exposição Stabilen, Mobilen, realizada
no Museu Stedelijk, Amsterdã, Holanda, em 1959.
16 Arte | 7o ano 1
10 Arte | 7o ano 1
art
consciência da
ocupação de um
lhar na construção de um espaço tridimensional e não exatamente na criação de uma
espaço e de suas pela arte moderna na
peça com três dimensões. Esse pensamento é reflexo e desdobramento das trajetórias
de artistas como Alexander Calder, que conectaram a arte à noção de espacialidade,
características.
Por meio da
escultura e que afetaram a
provocando o desenvolvimento de instalações artísticas, tão presentes na produção espacialidade, escultura contemporânea.
artística contemporânea. percebe-se a relação
Passam a surgir esculturas que contam com a participação do público, ou seja, não
de um objeto ou um Daí em diante, deixa-se
corpo com o ambiente
são feitas apenas para ser vistas. É possível participar da obra manuseando-a para no qual está inserido. de considerar apenas o
alterar e definir sua forma, sendo assim um coautor, ou interagir adentrando o espaço Instalação artística:
ambiente construído
objeto em si e explora-se
que é determinado por ela. Dois artistas brasileiros, Lygia Clark e Hélio Oiticica, explo-
raram intensamente essas perspectivas, como se pode ver nestas imagens:
com finalidade a potencial interação da
artística, pensando-o
como uma escultura com o público
modalidade de obra
Associação Cultural O Mundo de Lygia Clark
lygiA ClArk
Lygia Clark (1920-1988) foi uma artista brasileira, nascida em Belo Horizonte (MG). Sua produção e pesquisa
extrapolaram os limites das linguagens artísticas. Suas pinturas tomaram o espaço, tornando-se esculturas, e
as esculturas ganharam outros significados, tornando-se objetos sensoriais, com os quais a artista propunha
experiências terapêuticas. Suas obras buscam quebrar a relação do público como mero espectador, tornando-o
um participante ativo.
Acervo Família Oiticica
hélio oitiCiCA
Hélio Oiticica (1937-1980) foi um artista brasileiro, natural do Rio de Janeiro, que buscou, por diversos meios,
criar novas formas de interação entre a obra de arte e o espectador. Seus trabalhos impediam um posiciona-
mento apenas contemplativo, provocando o público a agir e reagir diante de suas obras.
art
possamos tocar nas obras. Essa regra tem, em geral, in-
de exposições táteis. Há tenção de preservar os trabalhos, evitando que o toque
projetos como o da artista frequente os danifique. Porém, cada vez mais instituições
culturais têm montado exposições táteis, em que escultu-
plástica Marina Baffini ras podem ser tocadas.
(Inclua-me – Arte e inclusão
para todos), que visam
reproduzir pinturas com
técnicas e materiais que UM PASSO À FRENTE
vivenciadas pelo tato, assim Exposições táteis são comumente criadas a fim de oferecer aos visitantes com deficiência visual a possibili-
dade de se relacionar com obras de arte. A ideia de facilitar o acesso à arte para os mais diversos públicos criou
como alguns museus, como a consciência de que as obras podem ser exploradas de diferentes formas, aproveitando as potencialidades que
cada linguagem artística oferece.
a Pinacoteca de São Paulo, Busque, em sua cidade, museus e centros culturais que tenham galerias táteis ou explore com as mãos escul-
turas que estejam expostas em praças e parques.
possuem galerias táteis,
em que o público pode 1. Você acredita que tocar uma escultura é diferente de apenas olhá-la? Por quê?
tocar em determinadas
esculturas selecionadas.
Saiba mais em: <http://
brasil.estadao.com.br/
blogs/vencer-limites/arte- 2. A escultura Bicho de bolso, de Lygia Clark, apresentada anteriormente, foi criada
para-cego-ver-e-fazer/>. para ser manuseada. Porém, atualmente é exposta de modo que seja apenas ob-
servada, não permitindo interação por meio do toque. Você acredita que essa proi-
Disponível em: ago. 2018. bição interfere no modo como a artista propõe a obra ao público?
Busque investigar se 3. A proposta que Lygia Clark faz ao público é diferente da feita ao espectador nas
os alunos compreendem exposições táteis?
a escultura como uma
expressão da linguagem
tridimensional. A percepção
de que o toque pode
ser um meio de explorar 4. Indique outra escultura apresentada neste capítulo em que a participação do públi-
co requer mais do que sua observação.
a escultura revela o
entendimento de sua
constituição espacial.
O reconhecimento da
diferença entre tocar uma 18 Arte | 7o ano 1
escultura e poder alterar a
sua forma manuseando-a
também é significativo, pois
isso demonstra que o aluno Respostas
reconhece as possibilidades
surgidas com a escultura Atividade 1: É diferente poder tocar uma escultura e não apenas olhá-la, porque,
contemporânea. Comente com o toque, podemos explorar outras caraterísticas da peça, como a textura e a
também sobre a diferença temperatura do material, assim como detalhes construídos pelo artista no entalhe
entre uma exposição e na modelagem. O contato tátil promove também uma relação direta do corpo do
adaptada/planejada para espectador com a obra, permitindo uma investigação espacial, e não só visual.
visitantes deficientes físicos
e obras planejadas para a Atividade 2: Espera-se que os alunos mencionem que a alteração no modo como a
interação com o público. obra é exposta interfere na experiência do público, pois a artista criou essa obra para
convidar o público a dar forma à escultura. Intencionalmente, ela não predeterminou a
forma da obra para propor essa função ao público.
12 Arte | 7o ano 1
art
tes materiais, o que permite infinitas possibilidades de criação. Se antigamente eram
muito utilizadas pedras e argilas, além de madeira e metais como o bronze e o ouro,
atualmente tudo pode ser matéria para uma peça escultórica.
Veja duas esculturas contemporâneas cujos materiais podem ser considerados
incomuns:
Jack Guez/AFP
Atividade 3: Sim, pois Lygia Clark propõe que o público altere a forma de sua obra,
sendo coautor, o que é diferente de apenas investigar uma obra por meio do toque.
Atividade complementar
Antes de os alunos responderem às questões, pode ser interessante incluir na dinâmica
da atividade um momento para que eles tateiem, de olhos fechados, objetos escolhidos
previamente por você, para que experimentem a apreciação por meio do tato.
geogif/Shutterstock
Cinzel: instrumento
um cinzel, ferramenta manual que possui material até atingir a forma intencionada
em uma das pontas pelo artista. Utilizam-se ferramentas es-
importante para o fazer uma lâmina de metal
art
resistente e aguçada. pecíficas como o cinzel, para a confecção
artístico do escultor. de peças de pedra e madeira, ou as es-
tecas, semelhantes ao cinzel, mas ideais
para trabalhar com materiais mais moles,
como a argila.
Entalhagem em madeira.
Malangmun/iStockphoto
Execução da etapa de modelagem com fôrma para confecção de peça em metal fundido.
20 Arte | 7o ano 1
14 Arte | 7o ano 1
Atividades: Respostas
Montagem: consiste na organização de NETO, Ernesto. The Edges pessoais. As atividades
objetivam que o aluno
of the World (Os confins do
elementos para a construção de um am- mundo, em inglês), 2010.
biente que será designado como instalação Hayward Gallery, Southbank
desenvolva algumas
art
Centre, Londres, Inglaterra.
artística. São utilizados procedimentos se-
melhantes aos da cenografia. capacidades de observação
asharkyu/Shutterstock
um desenho da obra fazendo uso de dife- a explorarem as atividades
rentes ângulos, criando uma peça tridimen-
sional que será impressa pela máquina. para desenvolver um olhar
abrangente sobre a obra
analisada.
Escultura e acessibilidade
Aprofunde o
As impressoras 3D têm permitido que exposições táteis apresentem não
só esculturas, mas também peças em referência a obras de outras linguagens
artísticas. Desse modo, pessoas cegas ou que possuem baixa visão podem ter
conhecimento
contato com representações de pinturas e fotografias, formas de arte que pos-
suem apenas duas dimensões, mas que podem ser tateadas se suas cenas forem Há diferentes níveis
traduzidas para uma forma de três dimensões.
O artista finlandês Marc Dillon, por exemplo, desenvolveu um projeto em que de leitura imagética,
transformou a pintura Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, em uma escultura que
dependendo do estágio
Cabeça de plástico
impressa por
pode, então, ser explorada por meio do toque. impressora 3D.
de desenvolvimento
estético do espectador. A
DE OLHO teoria sobre os estágios
Quer conhecer mais sobre algumas técnicas tradicionais de escultura? O canal no Youtube British Pathé traz de desenvolvimento
diversos vídeos antigos e curtos que mostram a execução de esculturas em papel, madeira, concreto, gesso, vidro,
gelo, ouro e prata. Acesse em: <https://www.youtube.com/user/britishpathe/search?query=sculpture>. Acesso em: estético foi apresentada
ago. 2018.
pela psicóloga Abigail
Housen. Consulte um
• Vamos ler uma imagem? Escolha com seus colegas uma das imagens reproduzidas
neste capítulo. breve resumo dos estágios
Observe atentamente a escultura que está representada e então conversem sobre no artigo: <http://
essa imagem:
artigos.netsaber.com.br/
1. Descreva como é a obra que escolheram e quais características mais lhe chamam
atenção;
resumo_artigo_4325/artigo_
sobre_os-estagios-do-
2. Conte como imagina o processo de execução dessa escultura;
desenvolvimento-estetico-
3. Compartilhe com o grupo suas impressões sobre essa obra, relatando os sentimen-
tos que ela lhe provoca. segundo-abigail-housen>.
Acesso em: ago. 2018.
Fundamentos da arte | Unidade A 21
Orientação didática
Conheça mais sobre o trabalho de Marc Dillon nesta matéria: <https://revistagalileu.
globo.com/Cultura/noticia/2015/11/impressora-3d-permite-que-deficientes-visuais-
sintam-obras-de-arte.html>. Acesso em: ago. 2018.
Atividade complementar
Apresente aos alunos um breve vídeo para que eles conheçam mais sobre o
processo de impressão 3D no trabalho de um escultor: <https://www.youtube.com/
watch?v=sYAX2XgqHNw>. Acesso em: ago. 2018.
art
Muitas esculturas, antes de serem executadas, são projetadas pelos artistas. Por
conceitos trabalhados meio de desenhos ou maquetes, as peças são planejadas e testadas, a fim de garantir
ao longo deste capítulo. que a ideia inicial possa se tornar realidade.
Oriente-os a planejar a
16 Arte | 7o ano 1
art
Olhe novamente para estas esculturas, que foram apresentadas ao longo deste ca-
pítulo, e relacione-as às afirmações abaixo, conforme o exemplo. nas afirmações, oriente-
-os a buscar ao longo dos
A) C) E) capítulos as informações
Luciana Whitaker/Folhapress
realizar esse exercício todos
juntos, conversando sobre
as justificativas de cada
B) D)
Associação Cultural O Mundo de Lygia Clark
INTERFOTO/Interfoto/Latinstock
aos conteúdos estudados.
Respostas
2. B, C, E e G
3. F
Esta escultura...
1. representa figura(s) humana(s): A, D, F 4. A, B, C, E e G
2. representa figura(s) abstrata(s) e geométrica(s):
3. é uma forma de arte popular feita em cerâmica:
5. D
4. é feita de metal:
6. E
5. busca expressar emoção, os personagens esculpidos parecem transbordar intensos
sentimentos: 7. B e G
6. interage com a paisagem em seu entorno:
7. pode ser movimentada, é interativa:
fazendo os alunos 1. Que relação esse poema pode ter com a criação e produção de uma escultura?
refletirem se, em todos os
exemplos, a relação entre o
artista e a materialidade da
obra se deu tal qual aponta
o poema.
2. Você acredita que um artista que conhece bem o material com que vai trabalhar e
Respostas sabe como manuseá-lo tem mais chances de conseguir realizar uma escultura próxi-
ma do que ele idealiza e quer fazer?
Atividade 1: O poema
é estruturado em duas
partes: a primeira pode
ser relacionada ao
planejamento de uma
escultura, em que há
3. Na sua opinião, esse poema traz uma reflexão que remete exclusivamente ao uso
a idealização de que a do barro ou refere-se a qualquer material com o qual se pode criar uma forma es-
matéria, neste caso, o cultórica?
barro, poderá ser modelada
na forma que o artista
imaginou e quer fazer a
escultura. Na segunda
parte, o poeta nos revela
que a fase de execução
não é tão simples assim;
a forma da escultura não
24 Arte | 7o ano 1
Atividade 2: Resposta Atividade 3: O poeta se refere ao barro para ilustrar a relação do artista com o
pessoal. Espera-se que material e suas ideias. Todo material possui suas características, potencialidades e
o aluno reconheça que limitações. Por isso, ao realizar uma obra de arte, o artista pode levar em conta essa
o repertório do artista essência, buscando tirar proveito dela na construção do trabalho.
quanto aos recursos e
características de um Atividade complementar
material é parte importante É possível relacionar a leitura desse poema com um tipo de técnica de escultura
das decisões que ele toma contemporânea chamada de escultura direta, em que o escultor não parte de um
18 Arte | 7o ano 1
art
Busque, em sua cidade, uma escultura que fique exposta em um ambiente público, como uma
praça, um parque, um canteiro. a arte. Se não houver
Pesquise sobre essa escultura, investigando sua história e sua relação com o local em que foi esculturas públicas, peça
instalada.
Essa pesquisa pode ser feita em livros, revistas e sites da internet, mas também conversando
que pesquisem sobre
com parentes e conhecidos que possam contribuir com histórias sobre a obra. esculturas de outras
Registre aqui as informações que encontrar sobre a obra pesquisada e, se possível, inclua uma cidades e aproveitem
imagem dela.
para discutir sobre por
que não encontraram
esse tipo de obra em sua
região. Além de incentivar
a prática da pesquisa, a
atividade estimula os
alunos a investigarem
como a arte pública,
mais especificamente
a escultura, provoca
relações com os espaços
e as pessoas onde é
instalada, evidenciando
que ela é mais do que
mera representação. Para
enriquecer a discussão,
você poderá mostrar
diferentes tipos de
esculturas públicas (de
monumentos históricos
a esculturas modernas
e contemporâneas que
compõem as paisagens
urbanas). Também pode
ser enriquecedor provocar
uma reflexão a partir
Fundamentos da arte | Unidade A 25
desta matéria (<http://
old-portalic.icnetworks.
org/materiacontinuum/
arte-publica-um-corpo-
molde ou um projeto prévio, ele trabalha desde o começo sobre o material, lidando estranho-na-cidade/>.
com suas características. Saiba mais em <http://www.tate.org.uk/learn/online- Acesso em: ago. 2018), que
resources/glossary/d/direct-carving>. Acesso em: ago. 2018. conta sobre a repercussão
da instalação e posterior
remoção de uma escultura
no centro da cidade de
São Paulo, reafirmando a
proximidade existente entre
arte e vida.
2 Escrever uma
Neste capítulo, os
alunos poderão conhecer
o surgimento da
notação musical, formas
contemporâneas de
música?
registros, os elementos
básicos da música, além
de ter a oportunidade de
executar e/ou apreciar
execuções de peças
musicais.
Explore a abertura
Na abertura do capítulo, é
apresentada uma imagem
que ilustra o estudo da
música, especialmente
da partitura musical. As
perguntas iniciais buscam
sondar o contato prévio dos
RayArt Graphics/Alamy Stock Photo
Atividade 2: Resposta
pessoal. Provavelmente,
os alunos já viram uma Atividade 3: Resposta pessoal. Espera-se que o aluno descreva algum contexto
partitura ou conseguem musical que possa ter vivenciado, como usar uma partitura para tocar um instrumento
identificar os símbolos ou assistir a apresentações, ou mesmo que possa ter visto em filmes ou desenhos.
nelas apresentados com
notas musicais ou com a Atividade 4: Resposta pessoal. As partituras servem de referência para coralistas,
ideia de música. Converse músicos, maestros e outros profissionais da música, pois mostram de forma escrita
com os alunos e dê como uma música deve ser cantada ou tocada.
informações gerais sobre
o assunto. Ao longo do Habilidades
capítulo, o conhecimento • Explorar e identificar diferentes formas de registro musical (notação musical
será detalhado. tradicional, partituras criativas e procedimentos da música contemporânea).
20 Arte | 7o ano 2
Conceitos-chave
Elementos básicos da música, instrumentos musicais, registros musicais, partitura,
paisagem sonora.
art
vivências com esse universo. O músico
Roger H Sassaki/Fotoarena
estadunidense
Estimule-os a refletir sobre Delfeayo
Marsalis ministra
mais especificamente a
do Instituto
Baccarelli
no bairro de
música clássica, tem na Heliópolis, em
São Paulo/SP,
vida de cada um. Após em agosto de
2011.
22 Arte | 7o ano 2
Atividade 2: Resposta
art
pessoal. Espera-se que
3. Em sua opinião, por que o fato de adolescentes se interessarem pelo estudo da músi- mencionem algumas
ca clássica, atualmente, chamou atenção das jornalistas que escreveram essa matéria?
diferenças simples como o
fato de, em geral, ter pouca
ou nenhuma letra ou, nas
obras com execução vocal,
esta ser feita de um modo
muito distinto do presente
COMPONDO UMA MÚSICA nas canções populares.
Ao criar uma música, o compositor registra suas ideias no papel em um forma-
to especial, como o que encontramos nas partituras. Para escrever e para ler uma
Atividade 3: Resposta
partitura exige-se um conhecimento aprofundado sobre teoria musical. É um tipo de
técnica que requer um bom tempo de estudo; contudo, neste capítulo, apresentamos pessoal. Espera-se que os
algumas noções básicas sobre o assunto, a fim de que possamos conhecer sua lógica alunos argumentem sobre
e sua importância no estudo da música.
a visão comum de que
jovens não se interessam
AMPLIAÇÕES
por música clássica e
Elementos básicos da música
As informações presentes nas partituras são estabelecidas pelo compositor, considerando três elementos
sobre o valor que ela
básicos, presentes em todo tipo de música: a harmonia, a melodia e o ritmo. Vamos relembrá-los? pode ter para a juventude
Harmonia
É a combinação de dois ou mais sons que são reproduzidos simultaneamente, o que chamamos de acordes. contemporânea.
Quanto mais acordes, mais complexa é uma música. Podemos nos referir à harmonia de uma música também
em relação ao seu todo. Nesse caso, podemos comparar a música a uma conversa: quando ouvimos apenas uma
pessoa, soa claro o que ela diz, mas há apenas a sua voz. Se muitas pessoas falam ao mesmo tempo, temos mais
vozes, mas não conseguimos entender todas. No caso da música, é a harmonia que resolve essa questão, pois Ao trabalhar o boxe
combina as notas de modo que elas convivam harmoniosamente e estruturem a composição.
Melodia
Ampliações, retome
É o conjunto de notas que são tocadas sequencialmente em uma música. Sons sucessivos organizados de
modo arbitrário não são considerados uma melodia, pois com ela busca-se organizar um sentido musical.
brevemente o estudo dos
Ritmo elementos básicos da
É a marcação do tempo em uma música, que determina a duração, a velocidade, a intensidade e o valor de
cada nota, coordenando suas repetições e intervalos (silêncios). música, iniciado no 6o ano:
harmonia, melodia e ritmo.
A invenção da partitura
Antigamente, uma música era ensinada apenas de forma prática, uma pessoa can-
tava ou tocava para outra, e assim ia sendo transmitida de geração em geração. Com
o tempo, foi-se percebendo a necessidade de registrar, no papel, a música criada, pois
assim ela não seria modificada ou esquecida. Surge então a forma escrita da música,
que é representada por meio de símbolos.
Coralista: corista, Foi no século IX que esse modo de registro foi desenvolvido, e antes disso havia al-
pessoa que participa guns formatos de anotações mais rudimentares, mas o monge italiano Guido d’Arezzo,
de grupo coral, de um ao reger um coral, percebeu que era importante que músicos e coralistas tivessem uma
coro, ou seja, de um
art
conjunto de cantores. referência para guiar-se ao tocar ou cantar, evitando erros e permitindo uma execução
invariável da música a cada apresentação.
Partitura antiga,
Dreamstime.com
Eddygaleotti/
guido d’Arezzo
Guido d’Arezzo (992-1050) nasceu na região da Toscana, na Itália, e além de ser monge foi também regente
do coral da Catedral de Arezzo. Durante a Idade Média, a música exerceu papel importante dentro dos rituais
da Igreja Católica, sendo estudada por muitos religiosos, assim como Guido d’Arezzo. Ele é considerado o refor-
mador da música ocidental graças à criação de diferentes sistemas de registro e comunicação de composições
musicais.
Pauta
Os primeiros registros eram apenas anotações com símbolos dispostos sobre uma
única linha. Mais adiante foram adicionadas outras linhas, a fim de oferecer informa-
ções mais detalhadas sobre como a música deve ser executada.
Até hoje se utiliza a estrutura de pauta com 5 linhas, inventada no século XI, cha-
mada de pentagrama.
30 Arte | 7o ano 2
24 Arte | 7o ano 2
O posicionamento dos símbolos sobre as linhas ou o espaço entre elas indica a altu-
ra de cada nota em relação a outra, descrevendo qual vai ser mais aguda ou mais grave.
olenadesign/iStock
art
AMPLIAÇÕES
Símbolos
Há diversos tipos de símbolos que compõem uma partitura, entre eles estão as
notas musicais e as pausas.
As notas representam um som, e as pausas, intervalos de silêncio. Cada símbolo
representa um valor de duração do som em relação aos outros presentes em uma
mesma partitura.
As notas e pausas mais comuns são:
Breve
Semibreve
Mínima
Semínima
Colcheia
Semicolcheia
art
Neste quadro, vemos a fração de tempo que cada nota tem em relação à semibre-
A diferença entre sinfonia ve quando posta lado a lado em uma pauta:
e concerto é o destaque
de um solista, de um 1
instrumento, na segunda 1
modalidade. Óperas 1
2
são peças dramáticas
acompanhadas por 1
4
músicas. Ballets também
possuem encenação e 1
música, como as óperas, 8
mas o foco da composição 1
é propiciar a dança dos 16
bailarinos.
DIÁLOGOS
Matemática
Nas aulas de Matemática, é comum falarmos de frações, por isso lembrar do estudo sobre elas, neste momen-
to, pode ajudar a compreender conceitos da teoria musical. Veja este exemplo:
Quando dividimos um bolo em 8 fatias, dizemos que cada fatia é 1/8 do bolo, mas se precisarmos dividir o
mesmo bolo em 16 fatias, cada fatia será menor, pois é apenas 1/16 do bolo.
Do mesmo modo, a figura colcheia nos mostra que dura 1/8 do tempo da nota de referência da composição,
a semibreve. Se aparecer na mesma pauta a figura semicolcheia, ela será ainda mais rápida, durando somente
1/16 da semibreve.
FierceAbin/iStock
tChAikoVSky
Pyotr Ilyich Tchaikovisky (1840-1893) foi um compositor russo que criou obras musicais de diversos gêneros,
como sinfonias, concertos, óperas e balés. Algumas dessas obras são bastante conhecidas, como O lago dos
cisnes (1877) e O quebra-nozes (1891). Suas composições apresentam elementos típicos da tradição musical
russa, com grande carga dramática. Ainda em vida, teve reconhecimento internacional, sendo considerado um
dos maiores compositores de música clássica do século XIX.
32 Arte | 7o ano 2
26 Arte | 7o ano 2
art
Em algumas músicas, os sons acontecem de modo concomitante, ao mesmo tem-
po, como no caso das partituras feitas para orquestras, como esta de Tchaikovsky.
Observe que, neste tipo de partitura, cada pauta ou sistema refere-se a um tipo
de instrumento.
AMPLIAÇÕES
Sistema
Quando é necessário mais de uma pauta (5 linhas) para dispor todos os símbolos, são incluídas mais 5 linhas
abaixo. Para demonstrar que uma pauta é a continuidade da outra é utilizado, então, um colchete à esquerda
(conforme imagem) interligando-as.
art
partitura, enxergaríamos quais notas acontecem ao mesmo tempo na música, nos
orquestra sinfônica. Em momentos de sobreposição de sons.
plataformas de vídeo como
o YouTube, é possível AMPLIAÇÕES
34 Arte | 7o ano 2
28 Arte | 7o ano 2
art
mais simples e populares como a tablatura e a cifra.
Tablatura
É frequentemente usada para instrumentos de corda, mas não exclusivamente.
Ela indica onde o músico coloca os dedos nas cordas do instrumento para tocar cada
nota, sem necessariamente ter de informá-la.
Na tablatura, é feita uma pauta cujas linhas se referem a cada corda. Os números
indicam qual casa dessa linha deve ser pressionada com uma mão enquanto a outra
passa por todas ou algumas cordas.
Noite Feliz
C C G C
E
B T 3 3 0 1 1
0 2 0 0 2 0 0
G
D A 2 2
A
E
B
F C F C
E
B T 1 0 1 0
2 2 2 0 2 0 2 2 2 0 2 0
G
D A 2 2
A
E
B
G C C G C
E 1 0
B T 2 2 3 0 1 1 1
0 0
G
D A 2 3 0
3
A
E B
Tablatura para um instrumento de seis cordas, como o
violão ou a guitarra.
Cifra
É a indicação harmônica de uma música, mostra os acordes e a sua posição para
determinar quando devem ser tocados. Um acorde é a união de notas tocadas simul-
taneamente. Os acordes são representados por letras:
Acordes
C – dó
D – ré
E – mi
F – fá
G – sol
A – lá
B – si
art
quando deseja executar um acorde C.
Na forma textual da cifra, as letras e os símbolos são posicionados sobre as sílabas
de uma letra de música. Quando a sílaba vai ser cantada, o acorde deve ser tocado:
Noite Feliz
Tom: A Cifra para um instrumento de
seis cordas, como o violão ou
A a guitarra.
Noite feliz, noite feliz
E
Oh, senhor A D
A
Deus do amor
D A 1 2 3 1 3
Pobrezinho, nasceu em Belém 2
D A
Eis na lapa Jesus, nosso bem
E
Dorme em paz
A
Oh, Jesus • •
A
Noite feliz, noite feliz E
E 1
Oh, Jesus 2 3
A
Deus da luz
D A
Quão afável é teu coração
D A
Que quiseste nascer nosso irmão
E A •
E a nós todos salvar
E A
E a nós todos salvar
A
Noite feliz, noite feliz
E
Eis que no ar
A
Vem cantar
D A
Aos pastores, seus anjos no céu
D A
Anunciando a chegada de Deus
E A
De Jesus Salvador
E A
De Jesus Salvador
As cifras também podem ser representadas de forma gráfica, como nesse exemplo
acima, cujo desenho mostra o braço de um violão, em uma lógica similar à da tabla-
tura. A forma gráfica da cifra terá sempre o formato mais adequado ao instrumento a
que se refere.
Por serem mais simples, as cifras e as tablaturas não possuem todas as informa-
ções que encontramos nas partituras tradicionais, por isso é necessário que o intér-
prete conheça previamente a música a ser tocada.
36 Arte | 7o ano 2
30 Arte | 7o ano 2
• Observe estas duas formas de registro musical da Nona Sinfonia, do compositor Resposta
Beethoven. Compare-as e converse sobre elas com os colegas e o(a) professor(a).
9ª Sinfonia
Comparando essa partitura com essa cifra, responda:
Coordene a atividade
art
Flauta doce soprano Composição: Ludwig Van Beethoven
Transcrição: Eric Bandeira
de comparação entre a
partitura simplificada e
a cifra da Nona Sinfonia,
de Beethoven, ambas
si si do re re do si la sol la si si la la BeethoVen
Everett Historical/Shutterstock
sol
Partitura de trecho da Nona Sinfonia de Beethoven para flauta doce. 21 anos, que começou
a publicar suas obras
Nona Sinfonia de Bethoven principais. Também, entendimento de tantos
por volta dessa idade,
Si Si DO RE RE DO Si La Sol Sol La Si Si La la descobriu sua pro-
símbolos e regras, não há,
gressiva deficiência
auditiva, que chegou
geralmente, nessas formas
a se tornar surdez, mais populares, indicações
praticamente total,
Si Si DO RE RE DO Si La Sol Sol La Si La Sol Sol
aos 46 anos. Contudo, tão precisas. Na cifra, não
isso não o impediu de
continuar compondo há indicação sobre o ritmo
e regendo apresenta-
ções. Faleceu em 1827,
e a melodia, e na tablatura
La la Si Sol la Si DO Si Sol La Si DO Si La Sol La RE
em Viena. não há indicação rítmica,
por isso exige do músico
que já tenha ouvido a
Si Si DO RE RE DO Si La Sol Sol La Si Si La La
música, para conseguir
reproduzi-los em sua
execução.
Si Si DO RE RE DO Si La Sol Sol La Si La Sol Sol
art
e execução de uma música. Atualmente, têm-se buscado outras formas de registro,
pois percebeu-se que, com tamanho rigor, há pouco espaço para a criação e interpre-
tação pessoal das informações registradas no papel.
As partituras tradicionais são criadas com base nas teorias da notação musical,
como vimos anteriormente; já as formas de registro não convencionais utilizam-se
da notação gráfica. Ambas possuem a intenção de comunicar, mas a notação musical
utiliza símbolos que são reconhecidos de forma universal, e a notação gráfica pode
ser criada pelo compositor, gerando códigos próprios que são interpretados de modo
particular pelo leitor, resultando em interpretações que sempre serão únicas.
Um dos compositores que se utiliza da notação gráfica é Raymond Murray Schafer,
que faz desenhos como meio de propor sons. Suas escritas criam informações que
não poderiam ser traduzidas para a notação musical.
r. murrAy SChAfer
WENN Ltd/Alamy Stock Photo
Raymond Murray Schafer (1933-) é um educador e compositor canadense, cuja pesquisa colocou a qualida-
de da audição como foco da educação musical, ou seja, a importância de ser um bom ouvinte como essencial
para se tornar um músico. Para ele, as possibilidades criativas do fazer musical estão relacionadas a perceber,
entender e utilizar os sons que estão em nosso dia a dia, dando menos importância ao ensino de teoria da
música.
38 Arte | 7o ano 2
32 Arte | 7o ano 2
art
Vamos fazer música usando o nosso corpo?
apropriam das instruções.
Etapa 1:
Executem as instruções
Observe esta partitura não convencional e siga suas instruções:
da partitura algumas
vezes e depois conversem
PÉ PALMA * PÉ PÉ PALMA * PÉ PÉ PALMA PALMA * PÉ PÉ PALMA
sobre os desafios que
1. Bata o pé quando ler PÉ.
2. Bata palma quando ler PALMA. enfrentaram. Na segunda
harakorn/iStock
3. Faça uma pausa quando ler *.
etapa, peça aos alunos
que se dividam em grupos.
Etapa 2:
Estimule-os a explorar o
corpo fazendo sons, assim
a) Converse com seus colegas sobre outras possibilidades de sons corporais.
podem trazer diversas
b) Façam uma versão dessa composição inserindo outros sons corporais e anote-a
neste campo em branco.
possibilidades sonoras para
suas composições, como:
estalos com os dedos e
a língua, bater palmas
com a mão aberta e em
formato de concha, bater
um pé e depois o outro,
bater as mãos nas coxas,
na barriga e no peito. Para
o momento da adaptação
da partitura, converse com
os grupos sobre como vão
Percussão corporal:
é a exploração do ordenar as repetições dos
corpo como recurso
para a produção de sons e das pausas. Para as
sons e músicas. Na
percussão corporal,
apresentações, sugira que
toques e batidas em
diferentes partes do
a turma organize a sala, de
corpo geram uma modo a deixar um espaço
grande diversidade
de sons, que podem livre, sem mesas e cadeiras,
c) Em seguida, utilizando-se da percussão corporal, apresente com seu grupo a ser organizados de
nova composição à turma. modo a compor uma dedicado ao grupo que se
música.
apresentará.
Fundamentos da arte | Unidade A 39
Amplie a abordagem
Caso julgue interessante, inicie a proposta de atividade explorando alguns vídeos
sobre percussão corporal. Sugestões:
• Barbatuques - Jogo do Tum Pá, disponível em <https://www.youtube.com/
watch?v=eVSrfdVf1Jw>. Acesso em: ago. 2018.
• Gordon Hughes - Sinfonia das palmas, disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=B-nnnsEnr_s&feature=related>. Acesso em: ago. 2018.
art
estamos em uma cidade urbana, ouvimos sons diferentes do que captamos em uma
que estão em seu entorno, cidade rural. Assim como a paisagem sonora de uma escola é diferente de um hospital.
quando está na praia.
Estimule-os a pensar sobre DE OLHO
essa situação sonora por No filme de animação O menino e o mundo (2014), escrito e dirigido por Alê de Abreu,
Papel/Espaço Filmes
Alê Abreu/Filme de
pode-se apreciar a representação de diferentes paisagens sonoras, que convivem harmoni-
diversas perspectivas, camente com músicas mais tradicionais, compondo uma diferente trilha sonora. Nele, sons
cotidianos como a abertura de um zíper ou de uma bicicleta descendo escada abaixo, o
considerando os sons de buzinaço de carros em meio ao trânsito e à gritaria de uma feira tornam-se música tal qual
Murray Schafer defendia. Assista ao filme e experimente apenas ouvir em alguns trechos, de
origem natural, como o olhos fechados, os sons das cenas, imaginando a que ambientes e situações eles se referem.
produzido pelo mar e pelo O menino e o mundo. Dir. Alê Abreu, 2014
rmnunes/iStock
outros sons mais sutis que
surgem com a abertura
de uma latinha ou do
guarda-sol, até mesmo
crianças brincando com
seus baldinhos de praia
ou com pipas. Incentive-os
a olhar com atenção a
imagem, buscando captar
detalhes que possam
servir de referência para
um som. Essa experiência Praia de Ipanema, Rio de Janeiro.
pode ser repetida a partir 1. Que sons possivelmente compõem a paisagem sonora desse ambiente?
de outra paisagem sonora, 2. Liste abaixo os sons citados pela turma:
explorando ambientes
como o doméstico ou o
escolar, por exemplo.
40 Arte | 7o ano 2
34 Arte | 7o ano 2
Respostas
Mural do conhecimento
Atividade 1: Verdadeiro,
porque, sendo registrada
art
Leia as afirmações a seguir e diga se são verdadeiras ou falsas, justificando sua resposta.
no papel, a composição
1. A partitura surgiu como meio de garantir precisão na transmissão da composição de
uma música. não sofre alterações como
quando era transmitida
oralmente.
Atividade 2: Falso, pois
2. A nota mínima tem 1/8 de duração de uma nota breve.
a nota mínima tem 1/2 de
duração em relação a uma
nota breve.
Atividade 3: Verdadeiro,
3. Um sistema é um conjunto de pautas. pois cria-se um sistema
para quando as notas
referentes a um
instrumento não cabem em
apenas uma pauta.
4. Para escrever uma partitura não convencional é obrigatório o uso de pautas.
Atividade 4: Falso,
pois as partituras não
convencionais possuem
estruturas peculiares
que não seguem nenhum
5. Notação musical é o mesmo que notação gráfica. sistema ou regimento
predeterminado.
Atividade 5: Falso,
porque a notação musical
segue regras e teorias
6. Quando estamos em uma cidade urbana, ouvimos sons diferentes do que captamos
em uma cidade rural. que possibilitam uma
comunicação universal;
já a notação gráfica
possui símbolos criados
especificamente pelo
Fundamentos da arte | Unidade A 41 compositor, oferecendo
maior abertura para a
interpretação e execução
da música.
Atividade 6: Verdadeiro,
porque cada ambiente e
contexto sonoro produzem
uma diferente paisagem
sonora.
art
wdstock/iStock
Concerto ao ar livre, realizado
dos conteúdos teóricos no Central Park, em Nova
York. A apreciação de um
que foram tratados espetáculo de música clássica
exige atenção do espectador
anteriormente. O conteúdo para se envolver com os sons
e, assim, se emocionar com a
36 Arte | 7o ano 2
art
Vamos organizar uma apresentação musical e uma roda de conversa sobre música
em sala de aula? nenhum aluno tenha essa
O(a) professor(a) vai verificar se há alunos(as) na turma que saibam tocar algum
instrumento musical. Em caso positivo, ele(a) os(as) convidará para fazer uma bre-
experiência de aprender
ve apresentação musical em data previamente combinada. Depois, será reservado a tocar um instrumento,
um momento para conversarem com os colegas sobre seu instrumento, sobre como é possível pensar em
aprenderam a tocá-lo, quais suas preferências musicais etc.
alternativas para a
realização de uma atividade
zeljkosantrac/iStock
paylessimages/iStock
semelhante. Pode-se,
por exemplo, convidar
professores da unidade
escolar que saibam tocar
um instrumento musical
para vir à classe executar
uma composição e
conversar com os alunos.
Outra alternativa é realizar
uma pesquisa prévia
sobre se algum familiar
Imgorthand/iStock
dos alunos possui esse
conhecimento e, caso
exista, convidá-lo para
compartilhar sua arte e sua
experiência com os alunos.
Orientação didática
Como as duas sinfonias são baseadas em histórias (um mito grego e uma peça de
Shakespeare), você poderá conversar com os alunos sobre a capacidade narrativa da
música. Peça que contem suas impressões sobre trechos das músicas e suas possíveis
relações com uma história, revelando suas percepções de um som de tensão, de um
som que represente um desfecho vitorioso ou qualquer outro acontecimento que
eles possam imaginar para as histórias que estão sendo contadas em cada uma
das músicas.
3 Elementos
Neste capítulo, os alunos
serão apresentados a
elementos fundamentais da
linguagem visual, de modo
a familiarizá-los com esse
visuais da arte
universo para que possam
desenvolver a habilidade
de leitura de produções
artísticas das artes visuais
e também obterem
conhecimentos úteis para
suas próprias composições.
Explore a abertura
Solicite aos alunos que
observem com atenção
as imagens de abertura.
Converse com eles,
provocando-os a contarem
os modos como já fizeram
um ponto, uma linha ou
uma forma e comparem
ao modo inusitado como
Richard Long utiliza
Private Collection/Bridgeman Images/Fotoarena
38 Arte | 7o ano 3
N
as artes visuais, as obras são constituídas por elemen-
tos que são parte de uma linguagem visual. Seja em constitutivos das artes
uma pintura, uma escultura, uma gravura, seja qual for visuais (ponto, linha,
a técnica e o material escolhidos pelo artista, os elementos
básicos da linguagem visual estarão sempre envolvidos na
forma, cor etc.), na
criação das composições artísticas. apreciação de diferentes
O ponto, a linha, a forma e a cor são os principais elementos produções artísticas.
constitutivos das artes visuais, e os estudaremos neste capítulo.
• Pesquisar, apreciar
e analisar formas
Images/Bridgeman©Images/Fotoarena
brasileiros e estrangeiros
de diferentes épocas e
Private Collection/Photo
em diferentes matrizes
estéticas e culturais,
de modo a ampliar
Biografia
Richard Long (1945- ) é um artista plástico inglês. Seu método de criação consiste
em longas caminhadas diárias em que se dedica a movimentar elementos orgânicos
encontrados ou a coletá-los para a criação de composições regulares, geométricas,
em museus e galerias de arte. Sua proposta reside na passagem do elemento natural
para o universo da arte institucionalizada ou, ao contrário, dar uma ordenação artística
para elementos em seu ambiente natural, o que é chamado de land art. Conheça mais
sobre o artista e seu método de trabalho em: <http://www.richardlong.org/index.html>.
Acesso em: ago. 2018.
art
pinturas são feitas Para os indígenas Kayapó, a pintura corporal é uma característica da natureza
humana. No mito da Mulher Estrela, entidade que deu origem às plantas cultivadas
utilizando-se linhas, formas em sua mitologia, a transformação de estrela para ser humano ocorreu por meio da
e uma cor. As pinturas pintura e da ornamentação corporal. Da mesma forma, os recém-nascidos são pintados
dos Kayapó não utilizam com jenipapo, um modo de reconhecê-los como pessoa humana. As pinturas corporais
estão presentes em vários de seus rituais, como os de passagem de uma classe de
muitos pontos, mas outras idade para outra. Observe as imagens e responda às atividades a seguir.
etnias indígenas pintam
pontos pelo corpo, como
Na atividade 2, explore
a imagem com os
alunos, para que possam DIÁLOGOS
entendê-las como pontos. Os Kayapó vivem em aldeias localizadas no Planalto Central do Brasil, no norte do estado do Mato Grosso
e estado do Pará. Esse termo, Kayapó, lhes foi atribuído por indígenas de outras etnias, mas eles costumam se
Desse modo, eles poderão autodenominar mebêngôkre. Segundo estimativa de 2014, existem mais de 11 mil indivíduos da etnia, divididos
em 19 comunidades.
perceber que as linhas e
as formas são feitas pela 46 Arte | 7o ano 3
soma de pontos (miçangas)
e também pela demarcação
provocada pelo contraste
entre as cores. Terra, podem ser consideradas pontos; as linhas de trem que, como o próprio nome diz,
Espera-se que os podem ser consideradas linhas, assim como os fios de eletricidade; e em uma lousa
alunos reconheçam que podemos reconhecer a forma de um retângulo.
os elementos visuais Esse olhar atento, em que podemos reconhecer formas, linhas, pontos e cores em
podem estar presentes objetos e paisagens de nosso cotidiano, dialoga com o olhar do artista, que transforma
em qualquer lugar, é só seu contexto em referências para sua criação.
observar com cuidado e
atenção que poderemos Aprofunde o conhecimento
reconhecer pontos, formas, O enfoque dessas atividades é prioritariamente voltado para a questão formal
linhas e outros elementos dos grafismos indígenas, contudo, dentro do possível, apresente aos alunos mais
visuais em tudo que vemos. informações sobre a cultura Kayapó. Dica de leitura: <https://pib.socioambiental.org/
Algumas opções de files/file/PIB_verbetes/xirkin/A_pintura_corporal_xikrin.pdf>. Acesso em: ago. 2018.
exemplos são: as estrelas,
que, quando observadas da
40 Arte | 7o ano 3
art
pinturas é possível
2. O povo Kayapó também expressa sua arte por meio de pulseiras feitas com miçangas.
reconhecer linhas e formas.
Atividade 2: As linhas e
Você reconhece como as linhas e as formas são construídas nestas peças?
Atividade
complementar
Proponha um breve
passeio pelo espaço escolar
com intuito de que os
alunos analisem formas
3. Os elementos presentes na arte Kayapó fazem referência à natureza, que é parte do visuais e tomem nota,
entorno dessa comunidade indígena. Você diria que podemos encontrar pontos,
linhas e formas em nosso cotidiano? Exemplifique. fazendo breves desenhos,
identificando formas ao
longo da caminhada pelo
pátio, biblioteca, portaria,
sala de aula, quadra etc.
art
finalidade de se construir significados, na linguagem visual, seus elementos criam
sentidos, traduzem sensações e produzem representações.
Linguagem visual é todo tipo de comunicação que se dá por meio de imagens e símbolos. No plano artístico,
ela se encontra nas artes visuais, ou seja, naquelas em que a percepção do receptor se dá prioritariamente
pelo olhar: pintura, desenho, gravura, fotografia, cinema, escultura, arquitetura, design etc.
Ponto e cor
Entre os elementos visuais que estudaremos, o ponto é o
Filip Bjorkman/Shutterstock
mais simples, sendo também a origem de outros elementos.
Em geral, tem formato circular, mas também pode ser repre-
sentado por pequenos traços. Um único ponto não cria uma
linha, nem uma forma, mas, ao enfileirar pontos, pode-se
criar uma linha. E, ao agrupar pontos, pode-se também criar
formas.
Observe que, nesse quadrado, preenchido por pontos, o
tamanho dos pontos e a distância entre eles determinam a intensidade da cor: onde
os pontos são menores e mais distantes, enxerga-se um cinza-claro e, onde os pontos
são maiores e mais próximos, pode-se ver a cor preta.
GeorgePeters/iStockphoto
48 Arte | 7o ano 3
42 Arte | 7o ano 3
art
SEURAT, Georges. Uma tarde
de domingo na ilha de Grande
Jatte. 1883-1886. Óleo sobre
tela, 260 cm × 350 cm. Instituto
aprendizado.
de Arte de Chicago, Chicago,
Estados Unidos.
Lucie Cousturier
georgeS SeurAt
Georges-Pierre Seurat (1859-1891) foi um pintor francês que, inspirado nos estudos científicos de sua
época sobre o funcionamento do olho humano, desenvolveu um modo de pintar que aliava arte e ciência,
produzindo telas que envolviam leveza e sensibilidade em sua estética, mas precisão e rigor em sua execução,
o pontilhismo.
AMPLIAÇÕES
Impressionismo
O Impressionismo foi um movimento artístico iniciado em Paris, França, entre 1860 e 1870, que rompeu com
algumas regras e tradições da pintura clássica. Os artistas impressionistas abriram mão de trabalhar em ateliês
fechados e passaram a fazer suas pinturas ao ar livre, o que proporcionava outra experiência ao ato de pintar.
O contato direto com a natureza a tornou objeto de observação dos artistas, sendo representada em muitas telas.
Com isso, o gênero paisagem ganhou força, já que o gênero retrato era comumente feito em ateliês, durante longas
sessões de modelo-vivo, em que a pessoa retratada posa para o artista. Ao ar livre, era possível captar a incidência
da luz no ambiente, o que os artistas impressionistas tanto queriam exprimir em suas obras. Para representá-la,
era preciso pintar rapidamente, por isso deixaram de fazer esboços iniciais e pintavam diretamente sobre a tela
com pinceladas dinâmicas, carregadas de tinta, sem retoques, de modo que as cores da pintura se definem ao
nos afastarmos da tela. Também não criavam contornos em linha preta para definir as formas e recusavam-se
a fazer representações meramente realistas. Entre os principais artistas do movimento estão: Claude Monet,
Pierre-Auguste Renoir, Edgar Degas e Èdouard Manet.
art
Coleção Particular
PAul SignAC
Paul Victor Jules Signac (1863-1935) foi um artista francês, que, junto com Seurat, aproveitou-se de estudos
sobre a óptica da visão para a criação de pinturas. Autodidata, desenvolveu um estilo próprio, que se utilizava
de pequenos traços em vez de pontos, que, quando unidos com o uso de diferentes tonalidades, podiam formar
cenários e objetos, mantendo em seu trabalho a essência da proposta do Pontilhismo.
A técnica do pontilhismo propõe que diversos pontos de cores puras sejam combi-
nados de modo a recompor, na visão do observador, uma cor composta.
Ao olharmos de longe uma pintura feita com tal técnica, percebemos uma textura
peculiar, mas é de perto que podemos ver bem os pequenos pontos que dão corpo às
formas, que permanecem sem um contorno que as delimita.
Georges Seurat preferia que o Pontilhismo fosse chamado de Divisionismo, pois
ele acreditava que, com esse nome, ficava mais explícita a característica desse tipo de
pintura, em que um tom de cor é criado de forma decomposta, ou seja, em que as cores
primárias são pintadas lado a lado para dar origem às outras tonalidades. Essa forma de
trabalhar é oposta à prática do artista de pintura clássica que, primeiramente, mistura
as cores em sua palheta para então aplicar a tinta sobre a tela.
As cores primárias são o amarelo, o vermelho e o azul, que são também chamadas de cores puras, pois
são a base para se criar outras cores. A tinta amarela somada à vermelha origina o laranja, e somada ao azul
gera o verde, assim como a tinta azul somada à vermelha dá origem à cor roxa. O laranja, o verde e o roxo são,
então, cores secundárias. As cores terciárias são criadas pela soma de duas cores secundárias, que geram:
roxo-avermelhado, laranja-avermelhado, laranja-amarelado, verde-amarelado, verde-azulado, roxo-azulado.
As cores secundárias e terciárias são chamadas de cores compostas.
50 Arte | 7o ano 3
44 Arte | 7o ano 3
art
(cores primárias) justapostos na tela.
Quando estudamos a composição das cores, é comum usar o círculo cromático para Arte, mas, neste capítulo
nos ajudar a entender como as cores primárias, secundárias e terciárias se relacionam. em especial, esse exercício
poderá ser usado como
referência para a atividade
a ser realizada na seção
AMARELO
AMARELO- Primária
AMARELO-
-ALARANJADO PRIMÁRIA
Mãos à obra!, pois a
-ESVERDEADO
Terciária Terciária Amarelo
DE OLHO
experiência de compor
Vermelho
VERDE LARANJA
Azul Você já imaginou as cores facilitará o
Secundária Secundária uma cor que não exis-
te? O livro Flicts, de
entendimento da pintura
Ziraldo, conta a his- pontilhista que realizarão.
aekikuis/Shutterstock
Ziraldo/Melhoramentos/2000
3. Pinte cada uma das cores primárias em uma parte do círculo.
4. Retome o trecho do texto onde é indicado como as cores devem ser misturadas
para originar as cores compostas.
5. Crie as três cores secundárias e pinte-as no círculo.
6. Em seguida, crie as três cores terciárias e também pinte-as no círculo.
ZIRALDO. Flicts. São Paulo:
7. Após secar a tinta, seu círculo cromático estará pronto e ele poderá ser um material Melhoramentos, 2000.
de referência e pesquisa na elaboração de suas pinturas.
Atividade
complementar DIÁLOGOS
Ciências
art
Para aprofundar o estudo Como a óptica da visão ajudou a criar o Pontilhismo?
A óptica é um ramo da Física que estuda os fenômenos da luz e se subdivide em algumas especialidades, entre
do boxe Diálogos, você elas a óptica da visão.
Na óptica da visão analisa-se como a luz entra no olho e permite que enxerguemos, por isso nesta área é
pode sugerir aos alunos importante estudar também a estrutura do olho humano.
A percepção das cores acontece porque no olho humano há estruturas chamadas de cones, e elas é que
que realizem uma pesquisa são responsáveis por reconhecer as cores em tudo que vemos quando estamos em um ambiente com média
sobre o funcionamento do ou alta claridade. Nos ambientes muito escuros outras estruturas são ativadas, chamadas de bastonetes, mas
eles não reconhecem cor, por isso enxergamos silhuetas escuras quando há pouca luz. As pessoas que en-
sistema RGB nas telas de xergam somente em preto e branco mesmo quando está claro possuem alterações nos cones de seus globos
oculares, assim como as pessoas com daltonismo, que não conseguem diferenciar a cor verde da vermelha,
TVs e computadores. devido à ausência de cones que reconhecem essas cores. Existem três tipos de cones, e cada um reconhece
um tipo de cor: o verde, o vermelho e o azul. A partir deles, as outras cores são compostas quando o cérebro
Também verifique a interpreta as informações captadas pelo olho. Por isso, dizemos que as cores primárias para a visão são o
verde, o vermelho e o azul, pois são cor-luz e as cores primárias das tintas são amarelo, vermelho e o azul,
possibilidade de apresentar pois são cor-pigmento. As cores-luz são chamadas em alguns contextos de sistema RGB (R de red, G de green
aos alunos o vídeo “Por e B de blue, respectivamente o nome das cores vermelho, verde e azul em inglês). Convivemos com as cores-
-luz nas telas de TV e de computadores, cujas imagens também são formadas por pontos, que chamamos de
que enxergamos colorido?”, pixels. As cores que vemos no computador, quando impressas, são interpretadas por outro sistema: o CMYK,
que conheceremos melhor no boxe Ampliações.
disponível em: <https://
vimeo.com/139617267>.
Acesso em: ago. 2018. AMPLIAÇÕES
Dmitrii Melgunov/iStockphoto
CMYK, pois o C representa a cor ciano, M a
cor magenta, Y o amarelo, que em inglês se
escreve yellow, e K refere-se à cor preta, re-
metendo-se à última letra dessa palavra em
inglês, que se escreve black. Na impressão,
as cores não são previamente misturadas
para se adquirir o tom desejado, são impres-
sas puras no papel em pequenos pontos, de Resultado final impresso em CMYK.
modo que, ao olharmos a imagem final, ela
é composta pela sobreposição deles, assim
johnnyscriv/iStockphoto
como nas pinturas pontilhistas. A diferença é
que nesses impressos os pontos são tão pe-
quenos que só é possível observá-los usan-
do-se um instrumento similar a uma lupa,
chamado de conta-fios.
Com este equipamento, pode-se contar
os pontos da cor que foram impressos para
verificar a qualidade da impressão. Quanto
mais pontos, mais detalhada e definida é
a imagem.
52 Arte | 7o ano 3
46 Arte | 7o ano 3
Linha e forma
Folhapress/Folhapress
A linha surge da união de muitos pontos enfileirados bem próximos ou então de
um ponto em movimento, que desliza, criando um caminho.
art
As linhas podem ter diferentes características. Podem ser finas ou grossas, contí-
CAryBé
nuas ou interrompidas, retas ou onduladas, entre tantas outras possibilidades.
Em um único desenho, podemos explorar diversos tipos de linhas, como fez o Hector Julio Páride
artista Carybé: Bernabó (1911-1997),
de apelido Carybé,
artista argentino que
Obra de arte: “Dança de Sahpatá em Abomey, Benin (1969)” (Carybé) -
se naturalizou brasi-
leiro. Apaixonado pela
100% COPYRIGHTS CONSULTORIA rel. ao autor Carybé
de linha solicitado no
art
exercício. Deixe-os contar Linha fina Linha grossa
conversem sobre as
diferenças presentes no
modo com que cada aluno
fez suas linhas, comparem
os movimentos realizados
e os materiais utilizados.
Você pode incentivar os
Linha quebrada (em zigue-zague) Linha em espiral
alunos a perceberem que
a escolha do material
ou de um instrumento
para fazer a linha pode
ser determinante para o
resultado, pois ao usar
2. Agora, escolha materiais diferentes para fazer mais três linhas do modo que você
uma caneta bico de pena quiser. Lembre-se de que o material escolhido confere qualidades à linha e o movi-
com tinta nanquim se terá mento que você realiza determinará sua característica.
uma linha fina e densa, 54 Arte | 7o ano 3
já ao utilizar um pincel
redondo e grosso com tinta
aquarela, obtém-se uma
linha mais grossa e clara.
48 Arte | 7o ano 3
A partir de uma linha pode-se determinar uma forma, pois quando ela se fecha,
voltando ao seu ponto inicial, ela cria um contorno e torna-se um outro elemento: a
forma. As três formas fechadas básicas são o círculo, o quadrado e o triângulo, e delas
art
surgem outras variações.
Observe como o artista Paul Klee utiliza estas formas em sua pintura:
Coleção particular
KLEE, Paul. Castelo e Sol. 1928.
Óleo sobre tela, 50 cm × 59 cm.
Existem também as formas abertas, em que o nosso olho completa o trajeto da linha,
sendo suficiente apenas uma sugestão da forma final para conseguirmos reconhecê-la.
art
Artes ancestrais como as pinturas indígenas Kayapó, que
brasileira e terão acesso
com elementos visuais Reúna-se com alguns colegas e realizem juntos as etapas a seguir.
básicos. Com a criação de 1. Pesquisem sobre pinturas corporais de diversas etnias indígenas
brasileiras. Observem as diferentes combinações de elementos
portfólios, as pesquisas e analisem a diversidade de uso dessas pinturas.
realizadas por cada grupo 2. Criem um portfólio do grupo com as imagens encontradas
poderão ser compartilhadas Criança da etnia Kayapó da aldeia Moikarakô e compartilhem com toda a turma as informações que mais
recebendo pintura facial com tinta natural de
e ficarão acessíveis a toda jenipapo. São Félix do Xingu, Pará. lhes chamaram atenção sobre as pinturas corporais das etnias
indígenas pesquisadas.
a turma, aumentando os
Renato Soares/Pulsar Imagens
50 Arte | 7o ano 3
art
arte: pontos, linhas, formas e cores.
Além deles, há também outros elementos muito importantes como: destinado às turmas do
Textura: é o aspecto de uma superfície, que nos propõe uma sensação visual e tátil,
8º ano. Neste contexto,
pois podemos apreciar uma textura por meio desses dois sentidos. Uma textura pode
ser apenas visual, como a repetição de linhas e grafismos, mas, quando a textura é ela será apenas citada e
criada com materiais, estes lhe proporcionam uma superfície com saliências e relevos, ilustrada para explicitar a
podendo ser sentida pelo tato.
construção da noção de
Obra com textura visual Obra com textura visual e tátil
profundidade em suportes
bidimensionais.
Antonio Saggese/Acervo Itaú Cultural
Antonio Saggese
BONOMI, Maria. Epopeia paulista. 2005. Concreto pigmentado,
BONOMI, Maria. Viagem para 7300 cm × 300 cm. Estação de metrô Luz, São Paulo.
dentro. 1975. Xilogravura,
160 cm × 86 cm.
LAMBERTINI, C. Visão da
estrada Maggiore em Bologna,
em formatos bidimensionais, como a pintura, a Itália (cerca de 1820). Gravura
impressão de profundidade da tela é construída em metal, 13,5 cm × 19 cm.
art
1. Relacione as palavras enumeradas abaixo às afirmações que seguem:
longo do capítulo. Elas A. Ponto
foram elaboradas como um B. Linha
recorte de alguns termos e
C. Forma
conceitos estudados nele.
Você poderá levantar com D. Linha interrompida
A atividade 4 retoma com ( ) Surge de um ponto em movimento, que desliza criando um caminho.
cores e suas formas de 3. Entre os artistas listados abaixo, circule os nomes dos que são reconhecidos na
história da arte pela criação e desenvolvimento do Pontilhismo.
composição tonal a partir
de cores puras. Claude Monet Pierre-Auguste Renoir Paul Signac
Edgar Degas Georges Seurat Èdouard Manet
Respostas
Atividade 2:
a) Primárias/secundárias.
b) Azul/vermelho.
c) Compostas/puras.
Atividade 3: Georges
Seurat, Paul Signac.
52 Arte | 7o ano 3
art
de criar na própria paleta
os tons que pretende usar
na pintura, diferentemente
da técnica do pontilhismo,
em que essa mistura
se dará na visão do
observador, ao enxergar
os pontos de cores puras
(primárias) que foram
pintados na tela de modo
a criar, por meio de leis
Podemos afirmar que o(a) artista, que preparou essa paleta misturando as tintas, vai ópticas, cores secundárias e
pintar uma tela com a técnica do pontilhismo? Por quê?
terciárias (compostas).
Atividade 5: Olhos.
5. Entre as partes do corpo listadas abaixo, circule aquela cuja estrutura e funciona-
mento foram bastante estudados para a criação do Pontilhismo.
art
DE OLHO Agora é sua vez. Observe a pintura abaixo do artista holandês Van Gogh (1853-1890).
elementos da linguagem
O amarelo é uma
visual com a apreciação
60 Arte | 7o ano 3
Atividade 1: Na pintura é
apresentado o céu noturno,
estrelado, sobre uma
aldeia. Em primeiro plano,
do lado esquerdo, aparece maiores do que seria o “normal” e a lua parece um sol, lembrando uma atmosfera de
um cipreste, uma árvore. sonho. Comente que, ao contrário de outras obras do artista, a pintura não foi fruto da
observação direta de uma paisagem, foi feita de memória, e apresenta um tom abstrato,
Atividade 2: Espera-se que será explorado futuramente de modo mais aprofundado por artistas modernos.
que o aluno observe que
a obra não representa Atividade 3: Nesta obra de Van Gogh, a textura é construída por meio das pinceladas
fielmente a realidade. grossas, cheias de tinta, que criam uma sensação visual e tátil de um relevo.
Sua representação de um O movimento é sugerido pelas linhas onduladas, as espirais, que preenchem todo o
céu estrelado sobre uma quadro e criam um céu estrelado vibrante e uma árvore que parece balançar suavemente
aldeia é traduzida de um pelo vento. Quanto à dimensão, a árvore foi pintada bem maior que o restante da cidade,
modo subjetivo, em que dando a sensação de que está próxima de nós, e as pequenas casinhas que observamos
as estrelas surgem com mais ao fundo estão longe. Os sentidos atribuídos pelos alunos ao uso dessa técnica
cores intensas e muito pelo pintor holandês na obra podem variar. Observe e comente suas impressões.
54 Arte | 7o ano 3
art
Vamos fazer uma pintura com pontos?
Em uma tela ou sobre um papel grosso, crie uma cena de paisagem feita somente utilizadas, peça aos alunos
com pontos coloridos. que analisem novamente
Diferentemente dos artistas impressionistas e pontilhistas, que pintavam direta-
mente sobre o suporte, realize sobre o papel ou tela um esboço a lápis do que pretende o círculo cromático
representar. Esse procedimento vai lhe ajudar a decidir sobre como vai distribuir os que desenvolveram
pontos para compor seu trabalho.
anteriormente, pois
Em seguida, preencha esse desenho inicial com muitos pontos, cobrindo toda a
superfície do papel ou da tela. assim eles retomarão o
Faz parte do seu processo de criação escolher o tamanho dos pontos, a distância entendimento de como
entre eles e a quantidade. Você pode experimentar usar diferentes tipos de pincéis ou
mesmo palitos, pois cada tipo de instrumento oferecerá uma característica específica
as cores podem ser
para o ponto. Você deve definir também as cores dos pontos que ficarão lado a lado. compostas. Os processos de
Quando as pinturas estiverem prontas, de acordo com a orientação do(a) criação e experimentação
professor(a), vocês poderão organizar uma mostra dos trabalhos. Reúnam-se com
colegas de outras turmas para elaborar sugestões sobre o melhor lugar para uma são tão importantes quanto
exposição coletiva. Vocês podem criar um título para a mostra que remeta ao tema o produto final, então é
dos trabalhos que estão expondo (paisagem pontilhista) e que seja representativo da
vivência de pintar dessa forma.
importante valorizá-los
durante a realização da
atividade.
Orientação didática
Retome com os alunos os conceitos da técnica do pontilhismo, chame atenção para
o fato de que para conseguir uma superfície mais escura e densa deve-se agrupar
mais pontos e que, com poucos pontos, obtém-se uma superfície mais clara e rala.
Proponha a eles que observem novamente as obras de Seurat e Signac e, se considerar
necessário, que pesquisem na internet e em livros outras obras feitas com essa técnica.
Como o processo de preencher toda a superfície do suporte é bastante trabalhoso,
você pode distribuir papéis (de gramatura acima de 180) ou telas pequenas em
tamanho A5. Provoque os alunos a experimentarem ao longo do processo, refletindo
sobre o seu modo de realizar os pontos e de como vão ser distribuídos na composição
criada no esboço. Esse esboço deverá ser feito diretamente sobre o papel ou tela final.
Você pode dar um outro papel aos alunos para que realizem testes antes de cada um
4
Neste capítulo, a linguagem
da dança será trabalhada
com foco na percepção
Movimentos
do movimento corporal.
A história da dança será e sentidos
tratada abordando as
diferentes concepções de
movimento em danças
ritualísticas, folclóricas
e artísticas (que ainda
se diferenciam na dança
clássica, moderna e
contemporânea). Também
serão tratadas noções de
como um espetáculo de
dança é concebido, para
que assim o aluno possa
reconhecer os elementos
que o constituem. Nas
seções de atividades,
os alunos poderão
experimentar criar
coreografias e também
dançá-las para vivenciar, na
prática, a percepção de seu
próprio corpo na dança.
Habilidades
• Explorar elementos VASCULHANDO IDEIAS
constitutivos do
1. O que você acha que essas pessoas estão
movimento cotidiano e fazendo?
do movimento dançado, 2. Você dança? Em que tipo de situação?
abordando criticamente 3. Que tipos de dança você acha interessante?
4. Você já assistiu a um espetáculo de dança?
o desenvolvimento das
formas da dança em sua
história tradicional e
contemporânea.
• Investigar e experimentar
procedimentos de
improvisação e criação do
movimento como fonte
para a construção de
vocabulários e repertórios
próprios.
• Analisar e experimentar
diferentes elementos
(figurino, iluminação,
cenário, trilha sonora etc.)
e espaços (convencionais
e não convencionais)
para composição cênica e
apresentação coreográfica.
56 Arte | 7o ano 4
P
recisamos dos movimentos de nosso corpo para rea-
lizar as mais distintas ações durante um dia, das mais
Para trabalhar as
básicas, como levantar, agachar, sentar, andar, se es- questões levantadas,
preguiçar etc., a funções mais complexas e necessárias para incentive os alunos a
cumprir tarefas específicas, como chutar com precisão uma
bola durante um jogo de futebol, movimentar mãos, braços e
responder com as próprias
pernas para tocar uma bateria ou gesticular de modo a trans- opiniões e conhecimentos
mitir sentimentos durante a comunicação. Todos esses mo- prévios. É importante que,
vimentos, trabalhados de determinada maneira, podem se
tornar uma forma de arte, a dança.
no início da aula, eles
transmitam a impressão
deles e suas respostas
para que, ao final, as
Conceitos-chave
Dança e rito, dança
folclórica, dança clássica,
dança moderna, dança
contemporânea, inclusão,
cenografia, iluminação,
trilha sonora, figurino.
art
os movimentos corporais Observe as imagens a seguir e depois responda às questões.
realizados em contextos não
master1305/iStockphoto
corporal e investigando
as possibilidades que
eles vislumbram para a
dança de acordo com suas Atividade 2: Não, pois o salto realizado pelo jogador é motivado pelo interesse
concepções iniciais desse de marcar um gol, é um movimento que faz parte das jogadas desse esporte. Já a
universo e seus respectivos bailarina salta com intenção de dançar, de expressar-se artisticamente por meio
repertórios gestuais. desse passo de dança.
Atividade 1: Espera-se que Atividade 3: Resposta pessoal. Espera-se que os alunos mencionem atividades de seu
o aluno reconheça que, cotidiano como abaixar para pegar objetos, sentar-se, pular, rolar na cama, correr etc.
em uma das imagens, há
uma bailarina, e na outra Atividade complementar
há um esportista (jogador Caso considere pertinente, apresente aos alunos cenas do espetáculo Velox (1995),
de handebol), e que de Deborah Colker, que explora a energia e a dinâmica dos movimentos, exigindo uma
ambos estão fazendo um preparação atlética dos bailarinos, em ações que lembram muito alguns esportes como
movimento corporal que o alpinismo.
envolve um salto.
58 Arte | 7o ano 4
art
também dançavam. Há diversos desenhos feitos nas cavernas em que parece que
as pessoas representadas estão dançando. Mas é panorama que mostra a
Atividade
complementar
Apresente aos alunos
vídeo de dança ritualística
indígena, por exemplo,
as realizadas durante
o Kuarup, um ritual de
homenagem aos mortos
Dança da taquara na festa dos 50 anos do Parque Indígena do Xingu. ilustres, celebrado pelos
Aldeia da etnia Kamayurá, em Querência, Mato Grosso.
povos indígenas da região
Fundamentos da arte | Unidade A 65 do Xingu, no Brasil.
art
Brasil por africanos madas de orixás.
escravizados, na Nas danças, os movimentos e os gestos são baseados nas características e perso-
qual sacerdotes e nalidade de cada orixá. Sempre é feita uma grande roda, que vai diminuindo ao longo
adeptos buscam, em
cerimônias públicas
da cerimônia.
e privadas, uma
convivência com
Danças folclóricas
Nas danças folclóricas, a relação entre a dança e a vida também é próxima, mas
se estabelece de uma forma diferente dos rituais. Presentes em festas tradicionais
ou em brincadeiras, por exemplo, são formas de
Filipe Frazao/Shutterstock
66 Arte | 7o ano 4
60 Arte | 7o ano 4
1. Escolha uma dessas danças e faça uma pequena pesquisa sobre ela. Anote aqui as Respostas
informações mais interessantes que encontrar.
Atividades: Respostas
art
pessoais. Peça aos
alunos que realizem
essa pesquisa em casa.
Incentive-os a conversar
com familiares que
possam lhes contar
sobre a relação que
eles têm com festas
e danças folclóricas.
Posteriormente, solicite
a eles que compartilhem
2. Busque mais três danças folclóricas brasileiras que não tenham sido citadas no texto. sobre suas pesquisas
Anote aqui os nomes dessas danças e a região em que elas costumam ser realizadas. na aula, porque
isso possibilitará a
ampliação dos conteúdos
pesquisados. Conversem
sobre o porquê de cada
aluno ter escolhido
determinada dança para
pesquisar, explicitando os
motivos da escolha.
3. Você costuma se envolver com festas e danças folclóricas em sua escola, bairro ou
com sua família?
art
espécie de roteiro mento de uma coreografia.
dos movimentos que
deverão ser realizados
A coreografia busca construir uma coerência estética na dança, incluindo varieda-
pelos bailarinos, de de movimentos, equilíbrio de repetições e contrastes entre eles, além de transições
em geral, criado por de um passo para outro. Esses parâmetros vão se alterando com o tempo, por isso a
um coreógrafo, que
forma de se conceber uma coreografia na dança clássica é bem diferente da dança
transforma a dança
em significados moderna e da contemporânea.
transmitidos ao
público. Dança clássica
A dança clássica surgiu em eventos da
Prostock-studio/Shutterstock
aristocracia italiana durante o período do
Renascimento (século XV). Também chamada
de balé (ou ballet), esse tipo de dança se de-
senvolveu com grande força na França e na
Rússia.
O balé impõe muita dedicação por parte
do bailarino, pois seu vocabulário de movi-
mentos é bastante complexo, exigindo muito
treino para executar as técnicas com precisão,
flexibilidade, graciosidade, postura e fluidez.
O ensaio de balé não é apenas individual,
mas também em grupo, já que é importante
The History Collection /
Alamy Stock Photo
Evgenyatamanenko/Dreamstime
bailarino, coreógrafo
e compositor francês.
Sempre teve a dança
como um objetivo em
sua vida, com o apoio
de seu pai e seu avô,
que também foram
bailarinos. Foi dire-
tor da Academia Real
de Dança da França e
conquistou outras po-
sições de prestígio em
instituições culturais
de seu país, tornando-
-se influente no de-
senvolvimento da dan-
ça clássica francesa.
Foi responsável pela
criação de cinco posi-
ções básicas do balé. Grupo de bailarinas treina a sincronia de seus passos.
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Por conta das técnicas metódicas do balé, os bailarinos passaram a usar roupas
leves e ajustadas ao corpo, que não impedissem sua mobilidade. Nos pés, exigia-se
o uso de sapatos especiais, as sapatilhas, que precisavam ser flexíveis e em geral
art
com ponteiras rígidas que permitissem à bailarina sustentar todo o seu peso na
ponta dos pés.
PeopleImages/iStockphoto
Jack.Q/Shutterstock
Bailarina usa sapatilha de ponta e sustenta seu Cena do espetáculo O lago dos cisnes, executado pelo Balé Real Russo,
peso durante a execução de um passo. no Teatro Jinsha, em Chengdu, China, em 2008.
No final do século XIX, uma garota foge de um orfanato para tentar realizar seu
Eric Summer/Éric Warin/2017
grande sonho em Paris: se tornar bailarina. Conheça mais sobre o universo do balé
clássico acompanhando essa aventura divertida e emocionante.
Dança Moderna
As exigências técnicas da dança clássica, que por vezes eram extremas, passam a
ser questionadas, principalmente pela constante contenção da expressividade.
Surge então, no final do século XIX, outro modo de dançar, no qual a intensidade
do sentimento do bailarino comanda a intensidade de seus gestos. E é essa lógica que
organiza todo o pensamento da dança moderna.
Essa perspectiva reivindica todo o corpo para a dança, não havendo mais foco nas
pernas e pés, mas sim no tronco; por isso movimentos como torcer a cintura, girar o
quadril, cair no chão e rolar são incorporados à prática.
art
Isadora Duncan
(1877-1927) foi uma
coreógrafa e baila-
rina estadunidense,
que começou ainda
adolescente a minis-
trar aulas de dança,
quebrando as regras
vigentes ao estimular
liberdade e improvi-
sação. Era importan-
te para ela que seus
próprios sentimentos
pudessem ser expres-
sados por meio da
dança, não lhe fazia
sentido que suas emo-
ções fossem contidas
em movimentos rígi-
dos que não demos-
Isadora Duncan e bailarinas de sua companhia, durante performance na praia.
travam expressividade.
Seu modo de criar e
propor coreografias
Há a liberdade de se dançar descalço, pois renuncia-se o uso de sapatilhas, prin-
defendia que o baila-
rino estivesse intei- cipalmente as com pontas rígidas. Proporcionar expressividade aos movimentos e dar
ramente presente ao significado aos gestos era importante nesse contexto.
dançar, sem anular Isadora Duncan é considerada a precursora da dança moderna ao criar um méto-
suas sensações.
do cujos movimentos naturais (como andar, correr, respirar) não podiam ser censura-
dos por regras impostas por técnicas.
Outro profissional da dança importante para esse período foi Rudolf Laban, que
fez um rigoroso estudo do movimento, analisando seu ritmo e dinâmica e mapeando
possibilidades de combinações.
Lebrecht Music & Arts/Alamy Stock Photo
rudolf lABAn
Rudolf Laban (1879-1958) foi um dançarino, coreógrafo e pesquisador alemão que abandonou seus estudos
em Arquitetura para investigar a arte do movimento. Suas pesquisas inicialmente estavam vinculadas ao universo
industrial, com foco nos movimentos realizados por operários nas fábricas, mas levou suas considerações para
o universo da dança, criando um método que até hoje é considerado uma importante referência.
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Schweizer Tanzarchiv/PD
vimenta a partir de uma estrutura geométri-
ca tridimensional considerando os vértices e
art
as linhas das formas (como o cubo, o tetrae-
dro, o octaedro, o icosaedro e o dodecaedro),
para então realizar seus gestos e investigar o
espaço que seu corpo em movimento ocupa
ao dançar.
AMPLIAÇÕES
Wassily Kandisnky
Kandisnky (1866-1944) criou relações entre movimentos
corporais da dança e as formas geométricas que explo-
rava em suas pinturas. Estudou a visualidade do movi-
mento corporal no espaço, representando-os por meio
de elementos geométricos. Os desenhos que realizava
sobrepondo imagens de bailarinos evidenciam a expan-
são corporal que se adquire na dança moderna ao usar
todas as partes do corpo para dançar. Suas pesquisas
chegaram a influenciar a criação de espetáculos de dan-
ça como o Ballet Triádico (1922), de Oskar Schlemmer.
Dança contemporânea
A dança contemporânea surge em meados de
1960 e mantém-se em oposição à dança clássica. Antônio Gaudério/Folhapress
art
tais de música eletrônica. Com essa ampliação, há novos parâmetros para a criação
Luciana Whitaker/Folhapress
das coreografias.
DE OLHO
No documentário Pina (2011), feito pelo diretor Wim Wenders, pode-se conhe-
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art
cada corpo oferece uma gestualidade particular, de acordo com
suas características e pode, após o treino e o esforço necessários,
expressar-se artisticamente.
Pode-se afirmar, então, que a dança moderna permitiu a inclu-
são da subjetividade e expressividade nos movimentos, já a dan-
ça contemporânea ampliou esses conceitos, possibilitando ainda
mais diversidade.
A definição do que é um gesto feminino ou masculino, ou mes-
mo a diferenciação do papel da bailarina e do bailarino em um es-
petáculo são abandonadas, pessoas de ambos os gêneros podem
fazer os movimentos e os gestos que melhor lhes convirem para
se expressar artisticamente, sem normas que determinam o que
pode ou não ser feito por um homem ou uma mulher
Bailarina em espetáculo de dança contemporânea.
ao dançar.
UM PASSO À FRENTE
art
regras que está quebrando.
de uma coreografia. O No Brasil, Klauss Vianna e sua mulher Angel Vianna criaram um método de ensino
ideal é que você explore da dança que propunha um corpo dançante mais conectado com o ambiente, em que
o ato de respirar era parte importante dessa conexão. Adquirir consciência e expressi-
ritmos bem diferentes, vidade corporal era um dos principais objetivos das aulas de Klauss Vianna.
entre os quais o contraste
Monica Vendramini/Folhapress
fique evidente durante as
apresentações. Algumas
sugestões de ritmos são: klAuSS ViAnnA
valsa, samba, rock, jazz, rap, Klauss Ribeiro Vianna (1928-1992) foi um professor de dança, coreógrafo, bailarino e pesquisador brasileiro
que desenvolveu, com sua mulher e filho, um método que hoje é conhecido pelo seu próprio nome. Para ele
reggae, salsa. era importante que, antes de começar qualquer trabalho corporal, o bailarino incorporasse o espaço onde
realizaria a dança para evitar que seus gestos fossem mecânicos e inconscientes. Klauss afirmava que sua in-
Oriente os grupos tenção era devolver o corpo às pessoas e, para isso, pedia que observassem cada parte do corpo e as relações
estabelecidas entre elas, pois, para ele, assim como o corpo só funciona por meio da troca entre suas partes,
na construção das a arte também só acontece dessa forma.
coreografias, propondo
que explorem diferentes
movimentos corporais e Nossa arte
que possuam uma relação
com a música que lhes Os movimentos que você faz ao dançar uma música clássica são os mesmos que
foi sorteada. Incentive-os faz ao dançar um samba?
Em pequenos grupos, crie uma coreografia simples para um trecho de uma música
a fugir dos estereótipos sugerida por seu professor ou professora.
e se entregar ao ritmo da Apresente a coreografia com seu grupo para a turma.
música ao escolher os Em seguida, experimentem dançar a mesma coreografia tendo outra música como
acompanhamento.
gestos e passos que farão.
Após experimentar dançar com diferentes músicas, reflita e responda:
Essa atividade pode ser
1. O que você considerou para realizar os passos da coreografia que montou com seus
desenvolvida em conjunto colegas?
com o(a) professor(a) de
Educação Física.
Após a apresentação
da coreografia e a 2. A coreografia perdeu o sentido ao trocar a música que serviu de referência para sua
criação?
experimentação de trocar
a trilha sonora, conversem
sobre as percepções
que tiveram e peça que
registrem suas reflexões 74 Arte | 7o ano 4
com base nas questões
propostas.
Esse exercício anunciará,
na prática, questões Resposta
tratadas a seguir sobre
a concepção de um Atividades 1 e 2: Respostas pessoais. Espera-se que os alunos percebam a ligação
espetáculo, e, ao passar entre a música e os movimentos da dança.
pela experiência de
criar uma coreografia
considerando uma trilha
sonora, ficarão mais
evidentes alguns dos
conceitos apresentados
adiante.
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art
tar diversas partes, mas não se pode uni-las sem levar em conta um fator essencial: a
harmonia entre elas.
As partes que compõem um espetáculo de dança são: coreografia, trilha sonora,
figurino, iluminação e cenografia.
Sobre a coreografia, já comentamos anteriormente. Conheça agora um pouco so-
bre os outros elementos que compõem um espetáculo de dança:
Cenografia
A cenografia é a construção do ambiente onde a
Palco iluminado
Trilha sonora
art
fia, pois esta se relaciona com o ritmo da músi-
ca. Ela pode ser executada ao vivo, com os mú-
sicos se apresentando ao mesmo tempo que os
bailarinos ou por meio de uma gravação prévia.
As músicas de um espetáculo também colabo-
ram para intensificar as emoções transmitidas
aos espectadores.
Na imagem, é possível ver parte do fosso de orquestra, local onde os músicos tocam ao Figurino
vivo a trilha sonora de um espetáculo de balé.
O figurino é o traje usado pelos baila-
Acervo Flávio Império
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art
Releia os textos apresentados neste capítulo e reveja, nestes exercícios, alguns
dos conceitos tratados sobre a história da dança e a concepção de um espetáculo de reconhecê-los
de dança. respondendo às questões
1. Complete as frases relacionando os trechos presentes dentro dos quadros coloridos. demonstra o entendimento
das relações entre os
Danças folclóricas se diferenciam de a intensidade de seus sentimentos coman- outros conceitos presentes
danças ritualísticas, pois são da seus gestos. no texto. Se preferir, esta
atividade pode ser feita em
diferentes estímulos que provocarão um
aula, retomando com os
Na dança clássica, o bailarino trabalha
com movimentos que são mais focados
movimento criado pelo próprio bailarino alunos, por meio de uma
em reação a eles.
leitura coletiva, os trechos
do texto que abordam tais
Na dança moderna, o bailarino tem
uma forma de expressão e celebração po- conceitos.
mais liberdade e pode expressar suas
pular, e não ritos.
emoções por meio do corpo, pois
Respostas
Na dança contemporânea, o coreógrafo
não precisa indicar qual movimento o bai- nas pernas e nos pés. Atividade 2: Neste
larino deve fazer, ele pode oferecer
exercício, as palavras que
devem ser encontradas
2. Circule cinco palavras que remetem a elementos que compõem um espetáculo de
dança. no diagrama não devem
ser reveladas aos alunos
Q W E R T A C O R E O G R A F I A X
antes de serem buscadas
A S D F N F E O C S Z X C V B N M I por eles. Os alunos
F I G U R I N O T G H J K L M P I Y deverão retomar os
J W A S D F O G H J K L Q W E R R T conteúdos apresentados
Z C B N E R G U L P Y R S H J T E R neste capítulo (no trecho
D F I J G T R I L H A S O N O R A sobre a concepção
A H F Y D F A R U K L D H J U T E L
de um espetáculo de
J R D E B N F M T W Q S D F G H J K
dança) para então
encontrar as possíveis
S D I L U M I N A Ç Ã O G H K U K I
palavras que buscarão.
A V Q S W T A B Y P O M B E R T Y O
Deste modo, mais do
Fundamentos da arte | Unidade A 77 que apenas palavras a
serem encontradas, este
exercício busca estimular
a pesquisa e a revisão dos
conceitos.
Atividade 3:
3. Relacione estes coreógrafos e bailarinos que conhecemos neste capítulo aos mo-
a) Pierre Beauchamp. mentos da história da dança em que se destacaram.
b) Isadora Duncan e
art
Klauss Vianna Isadora Duncan Rudolf Laban
Rudolf Laban. Pierre Beauchamp Deborah Colker
c) Klauss Vianna e
a) Dança clássica:
Deborah Colker.
4. Qualquer pessoa pode se expressar por meio da dança? Comente sua resposta.
DE OLHO
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art
Você já pensou que os gestos e movimentos de uma dança podem criar um
desenho? grandes de papel kraft ou
Uma dupla de arte-educadores italianos pensou nisso e criou diversas ativi-
dades chamadas de dança-desenho. O projeto intitulado Segni mossi (Sinais on-
outro papel similar. Ofereça
dulados, em italiano) foi idealizado pelo artista visual Alessandro Lumare e a co- também materiais para que
reógrafa Simona Lobefaro. A união desses dois universos propõe que movimentos façam os desenhos, como
corporais criem grafismos.
giz de cera, canetões ou
mesmo carvão (como os
Respostas
Com a orientação do(a) professor(a), realize com seus colegas uma destas atividades. Atividade 1: Resposta
Após a experiência de dançar e desenhar, responda: pessoal. Espera-se que
2. Ao olharmos apenas os desenhos, podemos dizer quais movimentos corporais re-
os alunos reconheçam
sultaram nesses traços? que os movimentos
provocados nos exercícios
de dança-desenho
se assemelham aos
movimentos realizados
3. Como você sentiu seu corpo ao realizar esta atividade? em danças modernas e
contemporâneas.
Fundamentos da arte | Unidade A 79
Atividade 2: A proposta é
o aluno perceber que o
desenho é uma forma de
Orientação didática registro do movimento e
Nos exercícios de dança-desenho do projeto Segni mossi (site oficial do projeto também o que resulta da
<https://www.segnimossi.net/en/), o desenho é visto como um provocador de uma dança, que é uma forma
dança e a dança uma provocadora de um desenho. Assista aos vídeos e escolha os que de arte efêmera. Mesmo
considerar mais adequados aos seus alunos, mas se preferir você poderá passar todos que não se possam
(são cinco), pois são bem curtos e trazem um compilado das atividades que Alessandro reconhecer exatamente
e Simona realizam em seus laboratórios. os movimentos feitos pelo
Os vídeos podem ser encontrados no YouTube ao pesquisar por “Segni mossi, corpo por meio dos traços,
laboratorio di danza-disegno”. esse desenho se torna
A dança presente nesses exercícios está relacionada à sua concepção moderna e uma espécie de mapa dos
contemporânea e, por isso, provoca mais atenção à percepção corporal e à consciência gestos realizados.
do movimento. Ao apresentar os vídeos aos alunos, estimule-os a refletir sobre suas Atividade 3:
percepções acerca da dança e se a reconhecem nestes exercícios. Resposta pessoal.
art
Vamos projetar um espetáculo imaginário?
fictício que tem como
base uma das coreografias
Spiderstock/iStockphoto
criadas anteriormente na
seção Nossa arte. A trilha
sonora deste espetáculo
será considerada o
ritmo musical no qual
a coreografia escolhida
baseou-se. Inicialmente,
retome com os alunos
as lembranças que têm
do exercício de criação
de uma coreografia e
peça que escolham uma 1. A partir de uma das coreografias realizadas na atividade da seção Nossa arte, defi-
na com a turma um tema para um espetáculo fictício.
das que foram criadas
2. Dividam-se em grupos. Cada grupo ficará responsável pelo projeto da cenografia e
pela turma. Em seguida, do figurino.
elejam coletivamente um 3. Façam desenhos que demonstrem os projetos idealizados por cada grupo.
tema relacionado a essa 4. O espetáculo não será encenado, mas os projetos podem sair do papel: os grupos
coreografia. Esse tema que elaboraram um cenário podem criar maquetes, e os grupos que criaram figuri-
será a referência para a nos podem elaborar suas peças em miniatura, vestindo bonecos.
construção dos outros 5. Conversem sobre como foi projetar coletivamente o espetáculo e sobre como foi
assumir suas responsabilidades no grupo.
elementos. Divida a turma
em grupos. Cada grupo
ficará responsável pela
criação de uma cenografia
ou de um figurino referente
ao tema e à coreografia
selecionada. Proponha
aos alunos que criem
seus projetos por meio
de desenhos, nos quais
deverão ficar explícitas 80 Arte | 7o ano 4
suas ideias e concepções a
respeito do tema escolhido,
além de sua relação com as
outras partes do espetáculo Em seguida, oriente os alunos na construção de maquetes para a montagem dos
fictício. Se necessário, cenários e na criação de miniaturas dos figurinos. Incentive-os a pensar no melhor
sugira que pesquisem modo de expor suas ideias e nos materiais que escolherão para realizar esta proposta.
sobre como montar esses Ao final, conversem sobre como foi produzir coletivamente e como foi cuidar de sua
projetos. O site do artista responsabilidade individual.
Flávio Império (<http://
www.flavioimperio.com.
br>. Acesso em: ago. 2018)
traz muitos exemplos de
pranchas de projetos de
cenografias e figurinos que
podem ser usadas como
inspiração.
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art
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