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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EM REVISTA – RS

CRIATIVIDADE COMPARTILHADA EM MATEMÁTICA: A EMERSÃO DE SOLUÇÕES


COLETIVAS

Shared creativity in Mathematics: The emersion of collective solutions

Alexandre Tolentino de Carvalho

Resumo Keywords: Creativity in mathematics. Shared


creativity. Creativity strategy.
Investigamos a emersão da criatividade em
matemática em um grupo de alunos do 5º ano do Compartilhando o tema estudado
Ensino Fundamental em situações de interação,
em que esses alunos foram submetidos a solucio- Para começar, é preciso tecer algumas con-
nar problemas matemáticos do tipo aberto. Além siderações a respeito do tema tratado neste traba-
disso, sugerimos uma estratégia de desenvolvi- lho. Assm, é preciso salientar o fato de que, em boa
mento da criatividade coletiva na qual, por meio parte dos países mundo afora, o tema criatividade
da interação e da cooperação, os alunos coconstro- em matemática precisa ser mais bem explicitado.
em soluções para problemas abertos, quer através Isso se torna verdadeiro tendo em vista essa área
da apresentação de soluções aos problemas, quer de estudo ser relativamente recente, como eviden-
através da melhoria ou julgamento das soluções ciamos em pesquisa anterior (CARVALHO, 2015).
dos outros. A emersão da criatividade aparentou Pode-se atribuir a Poincaré (1908-1996) o papel
ser favorecida quando a simetria de poder viabi- de precursor dos estudos em criatividade em
lizou a negociação comunicativa. matemática. Nosso campo de estudos, portanto,
completa pouco mais de um século de existência,
Palavras-chave: Criatividade em matemática. algo recente se comparado com outras linhas de
Criatividade compartilhada. Estratégia de cria- interesse dentro da Educação Matemática. E, por
tividade. ser um campo de pesquisa recente, são poucos
os países que apresentam pesquisadores inte-
Abstract ressados em estudar esse fenômeno. Foi o que
constatou Farias (2015), que identificou autores
We investigated the emersion of creativity nos Estados Unidos, Coreia, Reino Unido, Israel,
in mathematics in relational situations in a group China, Chipre e Brasil. Por essas peculiaridades,
of students of the 5th year of elementary school. iremos apresentar, nas próximas páginas, o tema
Additionally, we suggested a strategy of develo- de uma forma bastante esclarecedora para que
pment of collective creativity in which, through mais pessoas possam familiarizar-se com a teoria
interaction and cooperation, students co-cons- sobre criatividade em matemática.
truct solutions to open problems, either through Em segundo lugar, podemos afirmar que
the presentation of solutions to the problems, nossa pesquisa vem na contramão daquilo que
or through the improvement or judgment of the comumente se pesquisa na área de criatividade
solutions of others. The emersion of creativity se- em matemática, o que veremos logo a seguir. Os
emed to be favored when the symmetry of power estudos até então apresentados centralizam os
enabled the communicative negotiation. esforços em tentar compreender como indiví-

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duos desenvolvem as potencialidades criativas pessoal e social que promove o progresso huma-
no campo da matemática. Ao contrário, é nosso no em todos os níveis e em todos os pontos da
propósito investigar o modo como a criatividade história” (p.159). E, nesse processo, atribui-se pa-
emerge não de “mentes individuais” (GLÃVEA- pel importante à matemática na medida em que
NU, 2014), mas dos processos relacionais nos o desenvolvimento dessa área do conhecimento
quais um coletivo trabalha em prol de encontrar facilita o progresso tecnológico e científico.
soluções adequadas e originais para determina- Buscar desenvolver o pensamento criativo
dos problemas matemáticos. Assim, desfocamos pode ser, então, um excelente investimento no
o direcionamento dos estudos para os aspectos que se refere ao progresso das nações e para a
individuais e nos aventuramos em tentar com- formação de indivíduos, com o inédito e o ines-
preender como pode ocorrer o fenômeno criativo perado emergindo constantemente no seio social,
em coletivos reunidos para construir conheci- podendo a matemática ser um dos caminhos
mento matemático. para tanto.
Com essas considerações, ficamos mais à Nessa realidade complexa, pessoas en-
vontade para iniciar as considerações teóricas volvem-se cada vez mais em atividades laborais
sobre o tema criatividade em matemática. que demandam o trabalho coletivo por meio de
equipes de trabalho. Van den Bossche et al. (2011)
O valor das pesquisas em criatividade justificam essas novas configurações laborais pos-
em matemática tulando que as equipes estão sendo cada vez mais
utilizadas para discutir e gerenciar problemas
Além de se mostrar uma lacuna na pes- complexos. Cooke (2000) alerta que a crescente
quisa desse campo, o estudo da criatividade complexidade das tarefas frequentemente ultra-
coletiva em matemática pode justificar-se pela passa as capacidades cognitivas dos indivíduos e,
complexidade que se encontra na sociedade portanto, exige uma abordagem de equipe. Coultas
atual, demandando pessoas criativas e que se et al. (2014) observam que temos assistido, nos
adaptem ao trabalho em equipe. Há consenso últimos 30 anos, a um aumento na pesquisa sobre
entre pesquisadores (por exemplo, ALENCAR; equipes, e Tannenbaum et al. (2012) confirmam
FLEITH, 2003; VAN DEN BOSSCHE et al., 2011) que tais pesquisas têm estudado a dinâmica das
de que os variados ambientes no mundo se têm equipes tentando descobrir a melhor forma de
configurado e reconfigurado em uma velocidade garantir a eficácia nos grupos. Emerge, portanto,
impressionante, o que acaba instalando um clima a necessidade de compreender o modo como
de instabilidade e incertezas sobre o que pode as equipes podem organizar-se para um melhor
acontecer amanhã. É tamanha a volubilidade aproveitamento de seu potencial na resolução das
social, econômica e tecnológica, que as pessoas complexidades do mundo, o que pode alavancar
dão-se conta de que acompanhar tão rápida mo- alternativas para um direcionamento mais pro-
dificação de parâmetros nos diversos campos da veitoso das habilidades das equipes.
vida moderna torna-se difícil para aqueles que O presente trabalho insere-se em meio a
insistem em manter uma postura pautada por essas duas preocupações recentes: o desenvol-
aprendizagens de décadas atrás. vimento da criatividade e o trabalho em equipe.
Os tempos são outros e, portanto, preci- No entanto, tais preocupações serão situadas em
sam ser outras as aprendizagens, outras as habili- um ambiente escolar, espaço a que a sociedade
dades e outras as posturas diante dos problemas recorre para a formação das gerações em desen-
a serem enfrentados. Pesquisadores apostam no volvimento.
desenvolvimento de habilidades criativas para
que os indivíduos consigam acompanhar as evo- Objetivos de pesquisa
luções da sociedade sabendo reagir aos proble-
mas inéditos que constantemente se apresentam Elencamos, portanto, como objetivo para
diante deles e que são as molas propulsoras do esta pesquisa:
desenvolvimento da sociedade. a) analisar o processo de emersão da criati-
Leikin e Pitta-Pantazi (2013), por exemplo, vidade em matemática em um grupo de
apostam que “a criatividade é uma característica alunos;

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b) sugerir uma estratégia de criatividade em pluralidade de soluções para uma situa-


que todos possam contribuir de alguma ção problema;
forma, seja por meio da apresentação de b) Tais soluções focalizam aspectos dis-
soluções para os problemas soluciona- tintos do problema, o que classificamos
dos, seja pelo arpimoramento ou julga- como flexibilidade, formas diferenciadas
mento das soluções dos companheiros de solucioná-lo, o que chamamos de flu-
do grupo. ência e originalidade, que consistem na
Esse trabalho insere-se em uma pesquisa raridade estatística de algumas soluções
mais ampla de doutoramento em educação, em dadas ao problema;
que se validam testes para avaliação da criativi- c) As situações apresentadas precisam re-
dade coletiva, analisando-se as relações de poder querer que os respondentes se envolvam
durante o processo de emersão da criatividade em, no mínimo, três tipos de atividades:
em resoluções de problemas abertos. Por ora, na resolução de problemas do tipo aber-
seguiremos buscando atingir os objetivos espe- to, na elaboração de problemas por meio
cíficos para o presente trabalho. de situações dadas e na redefinição de
problemas;
Criatividade em matemática d) Por fim, as situações podem constituir-se
em atividades textuais, numéricas, gráfi-
As primeiras preocupações com a criati- cas ou numa sequência de ações.
vidade na área de matemática aparecem com os Em nossos estudos, a criatividade em ma-
estudos de Poincaré (1908), após os quais surgem temática tem sido avaliada em termos de testes
nomes como Hadamard (2009), Haylock (1987), compostos por questões que abordam resolução
Hashimoto (1997), entre outros. Apesar de aos de problemas do tipo aberto, redefinição de pro-
poucos ir ganhando espaço nos campos de pes- blemas e elaboração de problemas. De tal forma,
quisa, os estudos até então são inconclusivos e, pode-se analisar a criatividade em matemática
quanto ao constructo, apontam uma pluralidade mensurando-se a fluência, a flexibilidade e a
de definições (PITTA-PANTAZI et al., 2013; originalidade das soluções apresentadas por uma
MANN, 2005). No entanto, entendemos criati- equipe. Mais detalhes serão fornecidos na sessão
vidade em matemática como sobre instrumentos de medida. Por ora, cabe
ressaltar que, para as análises aqui realizadas,
[...] a capacidade de apresentar foram utilizados os dados de apenas um item de
inúmeras possibilidades de soluções um teste em elaboração, que pretende mensurar
apropriadas para uma situação pro- a criatividade compartilhada em matemática.
blema, de modo que estas focalizem
As pesquisas em criatividade em matemá-
aspectos distintos do problema e/ou
formas diferenciadas de solucioná- tica são claras ao estabelecer a importância do
lo, especialmente formas incomuns desenvolvimento de uma aprendizagem criativa
(originalidade), tanto em situações nas aulas de matemática (por exemplo, GONTI-
que requeiram a resolução e ela- JO, 2007; MANN, 2005). No entanto, ao analisar
boração de problemas como em a literatura sobre criatividade em matemática,
situações que solicitem a classifica- percebe-se a preponderância de dois aspectos: a)
ção ou organização de objetos e/ou
a análise de medidas de criatividade por meio de
elementos matemáticos em função
de suas propriedades e atributos, testes; b) a consideração de aspectos individuais
seja textualmente, numericamente, seguindo a tendência dos estudos em criativida-
graficamente ou na forma de uma de em geral, em que se percebe o predomínio de
sequência de ações. (GONTIJO, uma abordagem individual do processo da criati-
2006, p.4) vidade “e o pouco reconhecimento do fenômeno
quando coletivo” (ROVER; CARVALHO, 2006,
Com essa compreensão sobre o fenômeno, p.7). Assim, a literatura carece de estudos que
podemos salientar que: analisem cenários possíveis nos quais a criativi-
a) A criatividade em matemática é uma ca- dade pode ocorrer, além de estudos que possam
pacidade na qual o sujeito apresenta uma sobrepor-se aos aspectos individuais e direcionar

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as pesquisas para a compreensão da criatividade na qual a criatividade pode ocorrer. Nesse sen-
coletiva, uma vez que os estudos atuais, com tido, nossas investigações tomam como objeto
pouquíssimas exceções (como LEIKIN, 2009, de estudo a criatividade matemática coletiva ou
2013; LEVENSON, 2011), não necessariamente compartilhada.
investigaram criatividade matemática como A criatividade coletiva tem sido estudada
um processo coletivo ou como produto de um sob várias concepções epistemológicas, sobretu-
esforço coletivo (LEVENSON, 2011), apesar de do tomando conceitos das ciências cognitivas, e
apontarem alguns subsídios que nos permitem entre elas podemos destacar a concepção sobre
enveredar por essa empreitada. a) criatividade distribuída, b) sobre criatividade
O presente trabalho apresenta como situada e c) sobre criatividade compartilhada.
proposta um estudo em que se considerem ce- Criatividade distribuída: Glãveanu (2014)
nários de desenvolvimento da criatividade em tece críticas importantes ao considerar a hege-
matemática em coletivos nos quais seus mem- monia das pesquisas em criatividade focalizan-
bros interajam e compartilhem conhecimentos. do o indivíduo em detrimento das produções
Assim, com o intuito de oferecer outras formas coletivas. Nesse sentido, o autor passa a estudar
de estudo desse constructo, optamos por anali- esse aspecto da criatividade guiando-se pelos
sar a criatividade em matemática em coletivos estudos realizados por Miettinen (2006), Sawyer
emergindo em situações de níveis variados de e Dezutter (2009)1 sobre o que passam a chamar
interação e de compartilhamento cognitivo de criatividade distribuída. Com o termo, o au-
entre seus membros. A seguir, abordaremos tor quer salientar que a criatividade não ocorre
aquilo que compreendemos como criatividade apenas dentro da mente individual das pessoas,
compartilhada. mas estende-se e é distribuída entre múltiplos
atores, criadores, lugares e tempos.
Criatividade compartilhada Criatividade situada: o campo da cognição
situada refere-se ao processo criativo como algo
Como nos referimos anteriormente, o que não pode estar somente no indivíduo, mas
mundo está inserido em um cenário complexo também no grupo e nos meios sociais em que ele
em que “a maioria das equipes opera num am- se encontra. Relaciona-se intrinsicamente com
biente mais fluido, dinâmico e complexo do que a teoria da atividade de Leontiev (2003). Assim,
no passado” (TANNENBAUM; MATHIEU, 2012, por meio da ação conjunta e da interação entre
p.3). Assim, atribui-se à criatividade um papel esses agentes, conhecimentos são compartilha-
preponderante na busca pela sobrevivência em dos permitindo a produção de algo socialmente
um mundo de futuro incerto e de intensa mu- constituído. Percebe-se que essas perspectivas
dança (ALENCAR; FLEITH, 2003). Trabalho em epistemológicas a respeito da criatividade cole-
equipe e habilidade criativa aparecem, portanto, tiva apresentam mais pontos de contato do que
como demandas para os cenários nos quais as divergências.
pessoas desenvolvem seu labor na atualidade. A Criatividade compartilhada: para efeitos
emersão da criatividade, ou seja, sua passagem da nossa pesquisa, escolhemos a perspectiva da
do estado individual, solitário, para a ocorrência cognição compartilhada, o que de fato será expli-
em um contexto de equipe, solidário, surge como citado nos próximos parágrafos. Originalmente,
necessidade de pesquisa que possa oferecer uma o constructo cognição compartilhada surgiu no
compreensão sobre como tal fenômeno ocorre. contexto das pesquisas em psicologia organiza-
Assim, nas mais diversas áreas nas quais cional há mais de 20 anos (CANNON-BOWERS;
há concentração de pessoas para proporcionar SALAS, 2001) como algo que beneficia o desem-
o desenvolvimento humano, é preciso levar em penho das equipes e das organizações. Neste
conta o desenvolvimento, também, das habili- trabalho, consideramos cognição compartilhada
dades criativas. Tomamos como foco a escola, como “compartilhamento e/ou congruência de
local de reunião de pessoas em desenvolvimento estruturas de conhecimento que possam existir
em que os aprendizes se organizam em turmas em diferentes níveis de conceituação dentro de
e formam grupos por afinidade ou por outros
critérios, e a matemática, como área específica 1
Ver bibliografia na obra original do autor.

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um grupo e se relacionam com os aspectos da participação de cada membro da equipe através


tarefa de grupo” (SWAAB et al., 2007, p.188). da frequência de participações nas soluções,
Complementando essa compreensão, a fim de caracterizar como cada respondente
Cannon-Bowers e Salas (2001) tipificam aquilo contribuiu no processo de criação de soluções
que pode ser compreendido como o termo com- para o problema apresentado. Utilizamos ainda
partilhado por meio de quatro categorias: a) com- uma análise qualitativa analisando a eficácia da
partilhado ou superposto: situações em que duas estratégia de criatividade coletiva utilizada.
ou mais pessoas da equipe precisam ter alguma
base de conhecimento comum relacionada à tarefa Participantes
sem necessariamente apresentar conhecimentos
idênticos, mas sim compartilhar conhecimentos Participaram da pesquisa uma turma de
básicos; b) semelhante/idêntico: atitudes e crenças alunos do quinto ano do Ensino Fundamental e
similares, quando não idênticas; c) complementar/ a professora da turma de uma escola pública.
compatível: conhecimentos diferentes que geram
expectativas semelhantes sobre o desempenho; d) Instrumentos
distribuída: conhecimento repartido entre todos
os membros da equipe. Além de compreender o Utilizamos como instrumentos de coleta
que significa compartilhar, Cooke et al. (2000) cha- de dados itens de problemas abertos para avalia-
mam atenção para o fato de se observar também a ção das produções e questionários para configu-
precisão do conhecimento compartilhado. Assim, ração de grupo. Para o recorte deste trabalho, foi
os autores argumentam que “todos os membros da analisado apenas um item, apresentado a seguir.
equipe poderiam ter conhecimento semelhante e Os dados presentes fazem parte de um estudo
todos eles poderiam estar completamente errados” maior de doutorado e, portanto, apresentamos
(p.24), assim como, “em uma equipe heterogênea, aqui apenas os resultados parciais que ocorreram
todos os membros poderiam ter conhecimento durante o processo de validação de um teste de
diferente, mas, no geral, a equipe poderia ser criatividade compartilhada. Escolhemos um
altamente precisa” (p.24). Em nossa pesquisa, pequeno número de participantes para anali-
portanto, vamo-nos ater tanto ao conhecimento sar preliminarmente a potencialidade do teste
compartilhado quanto à sua precisão. como uma ferramenta de produção de soluções
Assim, assumimos a criatividade com- coletivas, fluentes, flexíveis e originais. As con-
partilhada como um fenômeno que ocorre em clusões aqui apresentadas, portanto, referem-se
coletivos nos quais as pessoas se reúnem para ao grupo analisado e não pretendem servir como
realizar algum tipo de atividade trazendo suas parâmetros para generalizações. Nossa intenção
marcas individuais e contribuindo com o com- é apenas mostrar evidências de como o processo
partilhamento cognitivo de suas experiências de emersão da criatividade em matemática pode
de vida. Nesse processo, é necessário o trabalho ocorrer a partir da análise de soluções de alguns
coletivo, que ocorre por meio de um processo participantes.
social, no qual o conhecimento é construído
mutuamente entre seus membros, e isso somente Procedimento metodológico
pode ocorrer em situações de interação. No en-
tanto, tal interação depende do modo como serão Para este trabalho, foi selecionado um
geridas as relações de poder entre os integrantes recorte aleatório de uma das várias turmas que
desse coletivo. De tal modo, no processo de comporão a totalidade de participantes da valida-
criação compartilhada, identidades não podem ção do teste de criatividade compartilhada. Assim,
ser apagadas em detrimento da superposição de apresentaremos as soluções obtidas por um grupo
identidades hegemônicas. de três alunos acerca de um dos itens do teste.
Escolhida a turma, houve um primeiro contato
Metodologia com a professora para explanações gerais sobre a
pesquisa e o convite para participação. Uma vez
Utilizamos a análise quantitativa das so- aceito o convite, ocorreu o primeiro contato com
luções apresentadas pelos alunos examinando a os alunos, quando estes foram esclarecidos sobre a

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pesquisa e fez-se o convite para participarem. Foi trabalho em grupo pelo professor e pelos alunos,
encaminhado um bilhete de autorização para os e organizar arranjos que permitam a configuração
pais. Após recebidas todas as autorizações, foram de grupos com características diferentes. Assim,
realizadas as seções com os alunos. percebeu-se que a professora organizou os grupos
tentando mesclar os alunos que ela considerava
Seções muito bons em matemática com alunos com algu-
ma dificuldade, fato explicitado pela resposta da
A primeira seção destinou-se à configura- professora ao questionário. No entanto, algumas
ção dos grupos da pesquisa. Assim, foi aplicado configurações de grupos foram realizadas no
o questionário de mapeamento da turma, no qual sentido de neutralizar situações de indisciplina
se requereu aos alunos responderem ao seguinte buscando não deixar alunos muito agitados no
questionamento: mesmo grupo, fato que, apesar de não constar
na resposta da professora ao questionário tal
justificativa, pôde ser explicitado em comentário
Quadro 1 – Questionário para alunos
espontâneo feito por ela.
1- Imaginem que a professora realizará uma atividade Contrastando as configurações de gru-
de matemática em grupo e peça para você escolher
duas pessoas com as quais queira realizar essa pos realizadas pela professora e pelos alunos,
atividade. Quem você escolheria? decidiu-se seguir as configurações da docente

não por concordar com os critérios por ela utili-
zados, mas devido à impossibilidade de atender
2- Por que você escolheu esses colegas?
às configurações dos discentes. Isso se explica
devido ao fato de que três ou quatro alunos foram
escolhidos para compor grupos pela maioria dos
O objetivo aqui foi construir links por meio respondentes.
das respostas dos alunos avaliando a rede de Segunda sessão: configurados os grupos,
relações constituída pela opção escolhida pelos foram apresentados os problemas abertos para
alunos e analisar quais os sentidos atribuídos que os alunos pudessem solucioná-los. Após
nessas escolhas: quem escolhe por critérios solucionarem nos grupos alguns itens sem a
ligados às afinidades emotivas, quem escolhe intervenção do pesquisador, passamos a testar
pelas influências oriundas das relações de poder uma estratégia de criatividade pautada sobre-
(escolher aquele considerado o mais inteligente tudo no modelo de aprendizagem colaborativa
em matemática, o mais disciplinado, etc.), pre- de Van den Bossche et al. (2011), no qual os au-
ferindo quem exerce maior influência na turma. tores admitem que a aprendizagem das equipes
Constatou-se que, nesse caso específico, a grande ocorre por meio de um processo social no qual
maioria dos respondentes escolheu os alunos o conhecimento se constrói mutuamente entre
que consideravam melhores em matemática, seus membros por meio do compartilhamento
provavelmente aqueles que se saem melhores cognitivo, o que somente pode ocorrer em situ-
em atividades e avaliações, para compor suas ações de interação. Aqui se percebe implícito o
equipes. princípio da emersão, uma vez que o conteúdo
Paralelamente, a professora respondeu ao cognitivo individual passa a compor um con-
questionário: teúdo cognitivo coletivo. Esse modelo, envolto
em um pano de fundo estampado pela interação,
explica os comportamentos de aprendizagem da
Quadro 2 – Questionário para os professores equipe que favorecem a cognição compartilhada,
1- Imagine que você realizará uma atividade de tendo como base três conceitos construídos nas
matemática em grupo e precisa dividir a turma em ciências da aprendizagem e na linguística: a)
trios. Quais seriam os componentes de cada trio?
2- Quais os critérios que você utilizou para realizar construção (explicitação dos sentidos atribuídos
essa divisão? aos problemas para os demais membros de uma
equipe); b) coconstrução (articulação desses
Com as informações da professora, foi sentidos pessoais, ocorrendo a construção mú-
possível contrastar os sentidos atribuídos ao tua de significados por meio do refinamento ou

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modificação dos significados inicialmente pos- Estágio 1. Produção. No primeiro momen-


tulados); c) conflito construtivo (incorporação to, os alunos produzem livremente as figuras
aos sentidos construídos dos pontos de vista em um tempo de dez minutos. Pede-se para não
díspares por meio de negociação, discussão e olharem para as produções dos companheiros,
esclarecimentos, construindo a convergência de buscando inspirar-se unicamente em suas his-
significados em direção ao compartilhamento de tórias de vida. Após comporem as figuras, cada
conhecimentos). aluno nomeia sua produção escrevendo um
Inspirando-se em Van den Bossche et al. título, que o lembrará aquilo que formou.
(2011), formulamos a estratégia de criatividade Estágio 2. Avaliação às cegas. Encerran-
na qual todos pudessem contribuir, conforme do-se essa etapa, os alunos são reunidos em
seus estilos pessoais, com a construção criativa grupo para observar as figuras produzidas pelos
de soluções para os problemas apresentados. demais participantes. Cada aluno apresenta uma
Assim, colocamos os alunos diante de um pro- de suas figuras e pede para os demais falarem o
blema aberto para avaliar a criatividade do grupo que acham que significa aquela representação.
em uma situação de mediação das relações de Esse exercício permitirá iniciar o senso crítico a
poder. Os alunos foram avisados previamente fim de que possa ser feita a avaliação das pro-
que realizariam mais um item de criatividade duções e sua posterior rejeição, aprimoramento
em matemática, mas que agora era preciso uma ou modificação.
participação ativa de todos, de modo que se sen- Estágio 3. Negociação. Em seguida, o alu-
tissem à vontade para criar soluções, avaliar as no que produziu a figura irá revelar aquilo que
soluções dos demais membros do grupo e sugerir quis representar, de modo que seus companhei-
modificações. O item foi o seguinte: ros de grupo possam julgar a produção aceitando-
a, melhorando alguns aspectos ou modificando a
Utilizando as figuras geométricas abaixo, ideia inicial. Uma por uma, as produções serão
construa o maior número de figuras que for julgadas, sendo possibilitada a junção de ideias
capaz seguindo as orientações: e conhecimentos que se complementarão.
1- É preciso utilizar todas as figuras;
2- Não valem figuras abstratas; Resultados
3- As figuras podem ser sobrepostas, rota-
cionadas e devem tocar-se em pelo me- O quadro a seguir apresenta a frequência
nos um ponto; das soluções apresentadas, das soluções vali-
4- Em uma folha separada, dê títulos para dadas pelos pares, das soluções modificadas e
as figuras que descrevam o máximo pos- das participações, julgando (emitindo opinião
sível aquilo que você quis representar. no estágio 2 nomeando as produções de seus
pares) e modificando (propondo modificações) as
soluções dos companheiros. Por questão de eco-
Figura 1 – Tarefa Criatividade Matemática
nomia de espaço neste trabalho, apresentaremos
Compartilhada.
apenas a frequência de opiniões emitidas pelos
alunos B e C em relação às soluções apresentadas
pelo aluno A. O mesmo será feito em relação às
sugestões de modificação oferecidas às soluções
do aluno A. No entanto, aqui o próprio aluno,
ao partilhar as sugestões dos colegas e repensar
suas produções, passou também a propor modi-
Essa estratégia ocorre em três estágios.
ficações às suas soluções iniciais.

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Tabela 1 – Frequência de participação nas soluções.


Soluções Soluções Opinião Sugestão de
Soluções apresentadas validadas modificadas emitida modificação
Aluno A 5 5 5 – 2
Aluno B 3 2 0 5 4
Aluno C 7 6 2 4 3

Como podemos notar na Tabela 1, o aluno as soluções propostas pelo aluno A com as cor-
A, centro de nossas observações neste trabalho, respondentes modificações que deram resultado
apresentou cinco soluções, sendo todas valida- ao produto final. Salienta-se que, apesar de cada
das com alguma modificação. O aluno A ainda membro produzir no estágio inicial suas próprias
emitiu duas sugestões de modificações nas so- soluções, para cumprir os objetivos especificados
luções de seus colegas. A seguir, apresentamos neste trabalho vamos nos ater somente às solu-
ções de um desses membros.

Figura 2 – Produções do aluno A.


1 2 3 4 5

Títulos: 1 – Carro de guerra, 2 – Casa de brinquedo, 3 – Palhaço de óculos e chapéu,


4 – Casa na árvore, 5 – Barco com uma sereia na ponta.

Nenhuma das soluções apresentadas pelo chapéu era chinês e não de um palhaço. Na Fi-
aluno A foram aceitas sem que houvesse alguma gura 4, os pares não concordaram com a ideia de
contribuição de seus pares. A Figura 1 não foi que a representação se parecia com uma casa na
aceita como carro de guerra, no entanto houve árvore. No entanto, com algumas modificações
contribuições no sentido de aproveitar a ideia e com muita negociação, criaram a ideia de um
inicial e transformá-la em uma panela. A Figura cofre escondido em cima da árvore. Por fim, a
2 foi aprimorada pelos pares, sendo transformada Figura 5 transformou-se em uma bandeira de
em uma casa com poste. Na Figura 3, o acordo jogo de golfe, após os pares discordarem da ideia
entre os membros possibilitou a modificação do inicial do barco com sereia. A seguir, o resultado
chapéu do palhaço, sob o argumento de que o do aprimoramento e das modificações das res-
postas do aluno A:

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Figura 3 – Resultados da etapa de negociação.


1 2 3 4 5

Outro resultado interessante pôde ser apontada ao responder ao questionário sobre as


encontrado em alguns discursos do aluno A ao configurações de grupo que idealizavam passa a
discutir suas produções. Embora ainda defen- ter outro sentido. Assim, os alunos que foram for-
dendo seu ponto de vista, o aluno começou a temente assediados para participar dos grupos de
refletir sobre suas ideias iniciais ao ser avaliado seus colegas, nessa atividade específica, passaram
por seus pares. a não monopolizar os processos cognitivos da sala
“Eu concordo com você. Pensando bem, de aula. Percebemos que não houve uma mera
acho melhor trocar meu chapéu” (referindo-se recepção de ideias de alunos mais desenvolvidos
à solução 3). sobre aqueles com dificuldades nessa disciplina,
“Você me deu uma ótima ideia. Não pen- mas uma instigante negociação em busca de
sei nisso. Faltam algumas rodas” (referindo-se à defender pontos de vista diversos e construir um
solução 1). conjunto de soluções mais apuradas e coletiva-
mente produzidas. Isso pode ser observado no
Discussão fato de que os alunos passaram a reavaliar suas
produções após ouvir as sugestões dos colegas,
Por meio das soluções apresentadas pelo inclusive apresentando eles mesmos sugestões
aluno A e das modificações propostas pelos ou- para suas produções iniciais (ver descrições dos
tros dois membros do grupo, podemos avaliar discursos na seção Resultados). Aqui percebemos
como emergiu a criatividade coletiva por meio de o verdadeiro sentido em ação de uma criatividade
mentes individuais. Primeiramente gostaríamos compartilhada: aquela que ocorre em simetria de
de salientar que aqui foi produzida uma situação participações.
ideal que, na vida real, comumente é difícil de Fica notória, ainda, a importância da va-
ocorrer devido às inúmeras dificuldades que um riedade de estilos cognitivos para que um grupo
professor costuma enfrentar em seu cotidiano possa produzir soluções apuradas e adicionar
(cumprimento do currículo, número excessivo ganho qualitativo. Segundo Lubart (2007), os
de alunos, indisciplina, etc.). A utilização de estilos cognitivos são “as preferências de um
uma estratégia de criatividade pensada para a indivíduo por um dado modo de tratamento da
realização de problemas abertos em um coleti- informação” (p.47). Wechsler (2008) conceitua
vo de alunos parece bem distante das salas de estilos de criar como maneiras preferenciais
aula reais. No entanto, servem exatamente para de pensar e agir em determinadas situações, de
questionar o modo como a realidade se apresenta forma a caracterizar certas tendências no com-
e apontar alternativas para a mudança dessa portamento e no sentimento da pessoa criativa.
realidade incluindo aí a superação das citadas De forma bem simplista, tomaremos em-
dificuldades típicas de um espaço escolar. prestada a classificação de estilos criativos de
Ao perceber como os alunos foram capazes Sternberg (1991) categorizando as formas de agir
de produzir, avaliar e modificar as soluções para a dos alunos nos estilos legislativo (preferência
atividade realizada, nós nos deparamos com o fato por formular problemas e criar novas soluções e
de que a relação de poder por eles inicialmente maneiras de se ver as coisas), executivo (primazia

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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EM REVISTA – RS

por implementação de ideias criadas por tercei- Referências


ros) e judiciário (propensão por avaliar os outros
e emitir opinião sobre suas produções). Em nosso ALENCAR , Eunice M. L. Soreano; FLEI-
caso, julgaremos a apresentação de ideias novas TH, Denise de Souza. Criatividade: múltiplas
perspectivas. 3.ed. Brasília: Editora Universidade
como característica de estilo legislativo; de estilo de Brasília, 2003.
executivo, a melhoria de ideias de terceiros, e
judiciário, a emissão de opiniões. CANNON-BOWERS, J. A.; SALAS, E. Reflections
on shared cognition. Journal of Organizational Beha-
De fato, observando a Tabela 1, podemos vior, v.22, n.2, p.195-202, 2001.
perceber que o aluno A obteve 100% de apro-
CARVALHO, Alexandre Tolentino. Relações entre
veitamento de suas soluções, mas emitiu poucas criatividade em Matemática. Relações entre criati-
sugestões de mudanças, o que demonstra que vidade, desempenho escolar e clima para criatividade
esse aluno não tem muita afinidade com o estilo nas aulas de Matemática de estudantes do 5º ano do
criativo judiciário. O aluno C apresentou a maior ensino fundamental. 2015. 132f. Dissertação (Mes-
frequência de soluções, podendo supostamente trado em Educação). Universidade de Brasília,
Brasília, 2015.
ser identificadas, no caso dessa atividade, com
um estilo criativo legislativo. No entanto, uma COOKE, N. J. et al. Measuring team knowled-
ge. Human Factors, v.42, n.1, p.151-173, 2000.
análise mais apurada poderia fornecer elementos
quantitativos (como escore de fluência, flexibili- COULTAS, C. et al. A conceptual review of emer-
dade e originalidade) e qualitativos (realizando gent state measurement: Current problems, future
solutions. Small Group Research, v.45, p.671–703,
entrevistas para captar suas preferências no 2014.
lugar de observação de frequência de soluções).
FARIAS, Mateus Pinheiro. Criatividade em Ma-
Por outro lado, a aluna B, apesar de apresentar temática: um modelo preditivo considerando a
uma baixa frequência de soluções, mostrou-se percepção de alunos do ensino médio acerca das
propensa a julgar e realizar modificações nas práticas docentes, a motivação para aprender e
soluções da aluna A. Essa pluralidade de estilos o conhecimento em relação à Matemática. 2015.
75f. Dissertação (Mestrado em Educação). Brasília:
criativos permitiu uma complementação cogniti-
Universidade de Brasília, 2015.
va (CANNON-BOWERS; SALAS, 2001), na qual
cada membro colaborou de uma forma diferente GLAVEANU, Vlad Petre. Distributed creativi-
ty: Thinking outside the box of the creative indi-
para o resultado final das soluções, suprimindo vidual. Londres: Springer, 2014.
as lacunas deixadas por seus pares.
GONTIJO, Cleyton Hércules. Estratégias
para o desenvolvimento da criatividade em
Conclusão Matemática. Linhas Críticas, Brasília, v.12, n.23,
p.229-244, jul./dez. 2006.
A emersão da criatividade, de um ato soli- GONTIJO, Cleyton Hércules. Relações entre cria-
tário e individualista para um processo solidário e tividade, criatividade em Matemática e motivação em
interativo, mostrou ser possível quando a simetria Matemática de alunos do ensino médio. 2007. 194f. Tese
de poder surgida devido à realização de uma estra- de (Doutorado em Psicologia) – Instituto de Psico-
logia, Universidade de Brasília. Brasília, 2007.
tégia de desenvolvimento da criatividade comparti-
lhada possibilitou a comunicação negociativa com HADAMARD, Jacques. Psicologia da inven-
igualdade de força decisória, o reconhecimento das ção na Matemática. Tradução: Estela dos
Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009.
mudanças possíveis e necessárias nas sugestões
alheias e a compreensão de que é possível a pro- HASHIMOTO, Yoshihiko. The methods of
fostering creativity mathematical through
dução coletiva por meio da colaboração de pessoas
problem solving. International Journal on Mathe-
com estilos criativos diversos. matics Education – ZDM, v.29, n.3, p.86-87, jun.
Para finalizar, é preciso salientar que mui- 1997.
tos caminhos ainda precisam ser trilhados para HAYLOCK, Derek. A framework for assessing ma-
se tentar compreender os processos criativos, thematical creativity in schoolchildren. Educational
sobretudo no campo da matemática. Julgamos Studies in Mathematics v.18, p.59-74, fev. 1987.
que os primeiros passos devem ser dados na LEIKIN, R.; PITTA-PANTAZI, D. Creativity and
direção do reconhecimento de que ainda nada mathematics education: The state of the art. ZDM
sabemos sobre tal assunto. Mathematics Education, v.45, p.159-166. 2013.

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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EM REVISTA – RS

LEIKIN, Roza. Evaluating mathematical crea- ZDM Mathematics Education, v.45, p.199–213,
tivity: The interplay between multiplicity and 2013.
insight. Psychological Test and Assessment Modeling,
v.55, n.4, p.385-400, 2013. POINCARÉ, H. O valor da ciência. Rio de Janeiro:
Contraponto, 1911.
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