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Psicopedagogia
Aprendizagem Criativa
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Adrielly Camila de Oliveira Rodrigues Vital
Aprendizagem Criativa
• Aprendizagem Criativa.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Dominar os conceitos que definem a aprendizagem criativa;
• Entender a relação que existe entre o mercado de trabalho e a aprendizagem criativa apli-
cada nas escolas;
• Compreender a aprendizagem criativa como um processo de subjetivação do sujeito.
UNIDADE Aprendizagem Criativa
Aprendizagem Criativa
Caro aluno, você chegou à segunda estação da nossa viagem. Aqui, vamos estu-
dar sobre aprendizagem criativa e sua relação com o mercado de trabalho, com as
escolas e, principalmente, na formação dos sujeitos. São muitas questões curiosas.
Vamos nessa!
A professora Daiane Grassi sempre foi comunicativa. Na escola, chegou a receber alertas
no boletim de desempenho sobre seu gosto pelas brincadeiras e pela conversas paralelas.
Na época, o registro era uma forma de censura.
Criatividade e tecnologias aliadas ao ensino | Daiane Grassi | TEDxUnisinosSalon.
Disponível em: https://youtu.be/MtKIOIeOACk
Figura 1
Fonte: bstemproject.org
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Em síntese
Nesta abordagem, o cargo atribuído ao conhecimento é recontextualizando, admitindo-se
que a criatividade acontece em domínios específicos. No lugar da criatividade ser percebi-
da como um arcabouço de habilidades cognitivas, ou traços de personalidade, acredita-se
que as pessoas são criativas dentro de áreas específicas do conhecimento.
Para Fonseca:
Todos os trabalhadores terão de assumir o seu futuro, através duma pos-
tura de iniciativa para implementar novas ideias, e terão de adaptar-se às
novas condições de produtividade, estas cada vez mais marcadas pela qua-
lidade, pela modernidade e pela competitividade. (FONSECA, 2001, p. 16)
O biólogo Átila Iamarino fala sobre o estado atual dos métodos educacionais e o que pode-
mos fazer para melhorá-los. Educação para o Futuro | Atila Iamarino | TEDxUSP.
Acesse em: https://youtu.be/B_x8EccxJjU
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globais, e não apenas como uma ferramenta de sustentação destas. Ela nos deixou
questionamentos importantes sobre a necessidade de compreendermos até que ponto
queremos sustentar a política que rege a necessidade de constante modificação e
atualização, estimulando a inovação apenas pela inovação (CRAFT, 2003, p. 121).
Crafit (2003) ainda chama atenção para o fato de que não devemos esquecer que
a criatividade tem um lado mais hermético, afinal, a imaginação humana pode ser
algo perigoso. Para a autora, há ainda um desafio maior: como criar práticas que
incitem a criatividade numa perspectiva fortemente humana, estimulando o exame
crítico dos valores inerentes às ideias e ações criativas?
Craft (2005) argumenta que a criatividade, em especial nas crianças, deve ser
desenvolvida dentro das dimensões éticas, procurando formas de estimular a capaci-
dade dos alunos de perceber que as ideias têm consequências que devem ser anali-
sadas criticamente.
Ética
Figura 2
Fonte: Adaptado de Freepik
Em síntese
Neste raciocínio, a criatividade na escola relaciona-se com o pensamento reflexivo e
aos valores que promovem a base dos posicionamentos críticos, estimulando formas de
pensar participativas, colaborativas e disruptivas.
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historicamente guiado por um ensino padronizado, balizado na transmissão e repro-
dução de conhecimentos.
Importante!
Neste caminho, temos que darmos mais atenção à noção de criatividade que sustenta
a concepção da aprendizagem criativa. Afinal, mesmo não sendo exatamente um pro-
cesso novo, mas, assinalada pelo avanço das tecnologias digitais e pela necessidade de
formação de indivíduos capazes de gerar informação e conhecimento, a sociedade atual
tem aumentado gradativamente seu interesse pela criatividade.
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Importante!
Em pesquisas mais recentes, a autora progrediu para o entendimento da criatividade
como a expressão da ação do sujeito cuja produção subjetiva se estabelece nas confi-
gurações da personalidade, dos sentidos subjetivos produzidos na ação e de sentidos
relacionados à subjetividade social do espaço onde o sujeito atua. Neste sentido, a cria-
tividade seria “(...) caracterizada pela autonomia e pela singularidade no enfrentamento
das exigências pessoais e sociais” (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2008a, p. 33).
Para entendermos melhor, Mitjáns Martínez (2012a, 2012b) realça que a criati-
vidade pode se manifestar na aprendizagem mediante a articulação de, no mínimo,
três elementos:
• personalização da informação;
• confrontação com o dado;
• produção, geração de ideias próprias e novas que transcendem o dado.
O conhecimento gerado deste processo é, portanto, uma obra subjetiva, que pede
envolvimento emocional do sujeito, o que demanda organização e produção pessoal
do aluno. Assim, toda ação e produção intelectual simula processos imaginativos que
estruturam parte da conformação subjetiva do aprendizado.
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como também nas questões interessantes que elabora frente à confrontação com o
dado (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2008a; 2009a).
Quem nos explica melhor esta perspectiva são os autores Maturana e Varela
(2001). Para os autores, aprender consiste em estar em continuas desconstruções.
Só assim nos movimentamos para a ação de conhecer como alternativa de reflexão
sobre o mundo.
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Em síntese
Criar uma ideia nova que supera o que está dado é uma condição basilar da aprendiza-
gem criativa que irrompe com a ideia de que aprender é reproduzir, e aloca o pensamen-
to em um processo subjetivo que, na implicação com o que foi aprendido, pode produzir
novas ideias, ainda que este novo não adquira um valor social, mas um valor para o seu
próprio desenvolvimento. Neste sentido, o novo pode se manifestar de maneiras alter-
nativas sobre o objeto do conhecimento. (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2012b)
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Mitjáns Martínez (2012b, 2014) e González Rey (2009) sugerem que aprender
criativamente beneficia a aplicação do que foi aprendido em diversos contextos pelo
aluno, mediante a produção de um conhecimento subjetivo que se organiza e se atu-
aliza frente a novas situações. Neste sentido, aprender criativamente pode ser a força
impulsionadora do desenvolvimento da subjetividade do aluno.
Neste ponto, nos parece razoável concluir que a categoria de sujeito constitui a
base da aprendizagem criativa, marcado por uma atitude não apenas ativa e inten-
cional do sujeito na aprendizagem, mas especialmente sua característica geradora e
transgressora. Este caráter transgressor é o que fundamenta a caça à transcendên-
cia do dado, quer dizer, de não se limitar ao que está dado, mas, por meio de ela-
borações e construções próprias, alcançar o novo (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2012a;
GONZÁLEZ REY, 2009b).
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Ainda que a intencionalidade não esteja, essencialmente, presente nas ações dos
indivíduos na aprendizagem, podemos dizer que existem aprendizagens de maneiras
distintas e adquiridas também de diversas formas pelos sujeitos.
Além disso, a aprendizagem criativa não deve ser percebida apenas no uso do que
se intenciona realizar nas diferentes conjunturas, mas, principalmente, na maneira
como possibilita/promove/favorece novas aprendizagens.
Por fim, os valores teóricos acima mencionados podem ser percebidos no que se
convencionou chamar de espiral da aprendizagem criativa, e pode ser resumida
em cinco palavras: imaginar, criar, brincar, compartilhar e refletir.
O aluno imagina o que gostaria de fazer, cria seu projeto com base em suas ideias,
brinca com suas criações, compartilha com os colegas, reflete sobre suas experiên-
cias e depois é levada a imaginar novas ideias e projetos.
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Imaginar
Refletir
Imaginar
Compartilhar
Criar
Brincar
Mas como podemos aplicar essas seis etapas fora da sala de aula?
1. Imaginar
Como diria Mitchel Resnick, “criar é a raiz do pensamento criativo”. Somente com
mais oportunidades de criar é que “cutucamos” nossos potenciais adormecidos.
Na segunda etapa, você vai dar vida à sua imaginação, colocando em prática as
ideias mais interessantes daquelas que surgiram na primeira etapa.
3. Brincar
Aqui, vamos nos divertir com o processo. Todo mundo sabe que crianças são
especialistas quando o assunto é brincadeira. Mas, no fundo, brincar também
é para adultos – dos empreendedores de startup aos engravatados. Quando
deixamos que as pessoas se divirtam com processos que têm tudo para ser
desgastantes, nos abrimos para a possibilidade de transformar experiências em
aprendizados prazerosos.
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4. Compartilhar
Depois que você tiver seu projeto pronto, é o momento de compartilhar. Teste o
projeto, coloque suas ideias à prova, ouça feedbacks das pessoas que trabalham
com você e que estão usando sua ideia na prática.
5. Refletir
Você já viu seu projeto em ação e coletou diversas informações das experiên-
cias vividas em relação ao que foi criado. Nesta etapa, você vai refletir sobre
esses feedbacks, entender o que ainda pode ser melhorado, fazer adaptações e,
também, comemorar os acertos.
6. Imaginar
A partir de uma metodologia simples e intuitiva, você pode tirar novas ideias e
projetos da imaginação e colocá-los em prática, impulsionando seu negócio por
meio do potencial criativo. O segredo é se inspirar na simplicidade das crianças
e colocar a mão na massa.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa
https://bit.ly/30105sv
Vídeos
O que é aprendizagem criativa?
Conceitos e princípios básicos da Aprendizagem Criativa.
https://youtu.be/cxI0-lAmqkA
Perspectivas sobre a Aprendizagem Criativa
https://youtu.be/w8xYWZUls5Q
Leitura
Como levar a aprendizagem criativa para dentro da sala de aula
https://bit.ly/2ZPxx57
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Referências
AMARAL, A. L. S. N.; MITJÁNS MARTÍNEZ, A. Aprendizagem criativa no ensino
superior: a significação da dimensão subjetiva. In: MITJÁNS MARTÍNEZ, A.; TACCA,
M. C. V. R. (org.). A complexidade da aprendizagem: destaque ao ensino superior.
Campinas: Alínea, 2009. cap. 6, p. 149-192.
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MITJÁNS MARTÍNEZ, A.; GONZÁLÉZ REY, F. O operacional e o subjetivado na
aprendizagem escolar: pesquisas e reflexões. In: MITJÁNS, A. M.; SCOZ, B. J. L.;
CASTANHO, M. I. S. (orgs.). Ensino e aprendizagem: a subjetividade em foco.
Brasília: Liber Livros, 2012a.
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