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Inovação e

Psicopedagogia
Aprendizagem Criativa

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Luiz Lana Coelho

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Adrielly Camila de Oliveira Rodrigues Vital
Aprendizagem Criativa

• Aprendizagem Criativa.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Dominar os conceitos que definem a aprendizagem criativa;
• Entender a relação que existe entre o mercado de trabalho e a aprendizagem criativa apli-
cada nas escolas;
• Compreender a aprendizagem criativa como um processo de subjetivação do sujeito.
UNIDADE Aprendizagem Criativa

Aprendizagem Criativa
Caro aluno, você chegou à segunda estação da nossa viagem. Aqui, vamos estu-
dar sobre aprendizagem criativa e sua relação com o mercado de trabalho, com as
escolas e, principalmente, na formação dos sujeitos. São muitas questões curiosas.
Vamos nessa!

Em meados dos anos de 1990, quando discutia-se a importância da criatividade


na educação, Craft (2005) considerava fundamental separar os estudos que se con-
centravam no ensino criativo, do ensino para criatividade e a aprendizagem criativa.
Para ele, o ensino criativo tenta dar conta do uso de investidas imaginativas que
tornam a aprendizagem mais interessante e efetiva, e está centrado na participação
do professor. O ensino para a criatividade avalia o desenvolvimento do pensamento
criativo dos alunos e é centrado na figura do aluno. Já a aprendizagem criativa busca
apanhar tanto o aspecto do professor quanto o do aluno.

A professora Daiane Grassi sempre foi comunicativa. Na escola, chegou a receber alertas
no boletim de desempenho sobre seu gosto pelas brincadeiras e pela conversas paralelas.
Na época, o registro era uma forma de censura.
Criatividade e tecnologias aliadas ao ensino | Daiane Grassi | TEDxUnisinosSalon.
Disponível em: https://youtu.be/MtKIOIeOACk

Foi no começo do século XXI que as pesquisas em educação apresentaram o con-


ceito de aprendizagem criativa, que está alocado entre os conceitos de ensino para a
criatividade e ensino criativo (CRAFT, 2005). Sendo, pois, na associação dos termos
criatividade e aprendizagem que é aludida a inclusão dos alunos em experimentação,
inovação, invenção e a investigação intelectual.

Figura 1
Fonte: bstemproject.org

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Em síntese
Nesta abordagem, o cargo atribuído ao conhecimento é recontextualizando, admitindo-se
que a criatividade acontece em domínios específicos. No lugar da criatividade ser percebi-
da como um arcabouço de habilidades cognitivas, ou traços de personalidade, acredita-se
que as pessoas são criativas dentro de áreas específicas do conhecimento.

Para Feldman (2008), é a vontade de mudar que torna um esforço potencialmente


criativo em algo, de fato, criativo. Já a aprendizagem, no conceito de aprendizagem
criativa, acontece em domínios específicos que envolvem a aquisição de técnicas, habi-
lidades, informação e tecnologia que potencializam o desenvolvimento da criatividade.

Ilustração do artigo “Empreendedorismo e inovação”. Disponível em: https://bit.ly/2AC7p53

Nas pesquisas em educação (FONSECA, 2001), a criatividade é frequentemente


explicada pela vontade do mercado de trabalho, que demanda pessoas criativas,
maleáveis, adaptáveis e com novas ideias. Nesta perspectiva, a escola deveria formar
indivíduos criativos que colaboram nas mais diferentes profissões, sempre visando o
lado financeiro.

Para Fonseca:
Todos os trabalhadores terão de assumir o seu futuro, através duma pos-
tura de iniciativa para implementar novas ideias, e terão de adaptar-se às
novas condições de produtividade, estas cada vez mais marcadas pela qua-
lidade, pela modernidade e pela competitividade. (FONSECA, 2001, p. 16)

A opinião de Fonseca (2001) aponta para o fato de que para as empresas se


manterem competitivas, demanda-se delas mudanças aprofundadas, difíceis e desa-
fiadoras, uma vez que “Só nesta base, poderão responder com eficácia e adaptabili-
dade aos superdesafios do século XXI” (p. 17). Para Ibáñez (2001), desta criatividade
focada em alimentar a produtividade do mercado resulta o objetivo da escola em
perceber e estimular as capacidades criativas nos alunos. Esta perspectiva de criati-
vidade também resulta na criação de manuais e guias focados no desenvolvimento
da criatividade individual, buscando a formação de líderes com sucesso profissional.

O biólogo Átila Iamarino fala sobre o estado atual dos métodos educacionais e o que pode-
mos fazer para melhorá-los. Educação para o Futuro | Atila Iamarino | TEDxUSP.
Acesse em: https://youtu.be/B_x8EccxJjU

Craft (2005) questionou as ideias educacionais focadas nos conceitos de excelên-


cia conduzidos por princípios econômicos. A autora (2005) mostrou que a criativi-
dade na educação pode ser tomada como um contragolpe às condições econômicas

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globais, e não apenas como uma ferramenta de sustentação destas. Ela nos deixou
questionamentos importantes sobre a necessidade de compreendermos até que ponto
queremos sustentar a política que rege a necessidade de constante modificação e
atualização, estimulando a inovação apenas pela inovação (CRAFT, 2003, p. 121).

Crafit (2003) ainda chama atenção para o fato de que não devemos esquecer que
a criatividade tem um lado mais hermético, afinal, a imaginação humana pode ser
algo perigoso. Para a autora, há ainda um desafio maior: como criar práticas que
incitem a criatividade numa perspectiva fortemente humana, estimulando o exame
crítico dos valores inerentes às ideias e ações criativas?

Craft (2005) argumenta que a criatividade, em especial nas crianças, deve ser
desenvolvida dentro das dimensões éticas, procurando formas de estimular a capaci-
dade dos alunos de perceber que as ideias têm consequências que devem ser anali-
sadas criticamente.

Ética

Figura 2
Fonte: Adaptado de Freepik

Em síntese
Neste raciocínio, a criatividade na escola relaciona-se com o pensamento reflexivo e
aos valores que promovem a base dos posicionamentos críticos, estimulando formas de
pensar participativas, colaborativas e disruptivas.

Por conta destas características acima mencionadas, para Mitjáns Martínez


(2008a), a aprendizagem criativa se distingue de outros tipos de criatividade, entre
eles “(...) aprendizagem reprodutiva, a memorística ou a compreensiva” (p. 161); mo-
delos de aprendizagem mais frequentemente achados no nosso sistema educacional,

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historicamente guiado por um ensino padronizado, balizado na transmissão e repro-
dução de conhecimentos.

Importante!
Neste caminho, temos que darmos mais atenção à noção de criatividade que sustenta
a concepção da aprendizagem criativa. Afinal, mesmo não sendo exatamente um pro-
cesso novo, mas, assinalada pelo avanço das tecnologias digitais e pela necessidade de
formação de indivíduos capazes de gerar informação e conhecimento, a sociedade atual
tem aumentado gradativamente seu interesse pela criatividade.

A despeito das diferentes abordagens teóricas e epistemológicas, as noções de


conhecimento e de sujeito causam diferentes enfoques sobre a criatividade. E aqui
temos um fator muito importante.

Se as noções de um sujeito universal conceberem a criatividade como um dom,


um potencial inato, a noção de um sujeito biologicamente determinado só pode
conceber a criatividade como um fenômeno intrapsíquico, individual, isolado de um
contexto social e cultural.

Estas visões ultrapassadas estão presentes na subjetividade social e nos espaços e


práticas educativas em geral. A partir deste entendimento, amplia-se a compreensão
do pensamento criativo, conforme nos explicam os autores:
Com efeito, estudos contemporâneos sobre a criatividade tendem a en-
xergá-la como fenômeno sistêmico, multifacetado, plurideterminado, fruto
da interação entre subsistemas relacionados ao campo, ao domínio e à
pessoa. (FELDMAN, D.H.; CSIKSZENTMIHALYI, M.; GARDNER, H.,
1994, p. 45)

Embora indique a criatividade como processo da subjetividade humana em um


aspecto histórico-cultural, Mitjáns Martínez (2012) tem uma noção diferenciada de
outras correntes. Para a autora, o processo criativo não se dá em um sujeito universal,
mas em um indivíduo concreto, estabelecido em conjunturas históricas e em suas
relações sociais.

Mitjáns Martínez entende a criatividade como manifestação da subjetividade. Se-


gundo ela (2008b),
A criatividade é um processo complexo da subjetividade humana na sua
simultânea condição de subjetividade individual e social, que se expressa
na produção de algo ‘novo’ e ‘valioso’ em um determinado campo da
ação humana. (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2008b, p. 120)

Aqui, duas novas e fundamentais contribuições transcorrem da noção de criati-


vidade como processo complexo da subjetividade humana, conforme proposta por
Mitjáns Martínez (2008b):

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UNIDADE Aprendizagem Criativa

• A noção de que a criatividade não é resultante apenas de fatores contextuais;


• O entendimento de que existem vários graus de criatividade.

As propostas teóricas de Mitjáns Martínez (2008a, 2008b, 2012a) pressupõem


que a criatividade não é dada pelo ajuizamento de terceiros, mas por sua validade no
campo da ação humana em que a expressão criativa acontece.

Importante!
Em pesquisas mais recentes, a autora progrediu para o entendimento da criatividade
como a expressão da ação do sujeito cuja produção subjetiva se estabelece nas confi-
gurações da personalidade, dos sentidos subjetivos produzidos na ação e de sentidos
relacionados à subjetividade social do espaço onde o sujeito atua. Neste sentido, a cria-
tividade seria “(...) caracterizada pela autonomia e pela singularidade no enfrentamento
das exigências pessoais e sociais” (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2008a, p. 33).

Nessa noção mais contemporânea, a criatividade surge a partir da participação do


sujeito em contextos determinados e pode ser examinada em um campo específico,
como na aprendizagem escolar. Aqui, a criatividade pode emergir em diferentes graus e
ser expressa nas diversas maneiras que o aluno aprende (MITJÁNS MARTÍNEZ, 1997).

Nesta perspectiva, aprender criativamente é diferente de outras formas de


aprendizagem, especialmente se levarmos em consideração o tipo de produção do
aprendiz, bem como pela conformação de processos subjetivos que a constituem
(MITJÁNS MARTÍNEZ, 2014).

Neste modelo de aprendizagem complexa, a aprendizagem criativa não é uma


coisa simples e comum nas conjunturas escolares, normalmente acometidos pela
repetição e memorização das informações (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2012b).

Para entendermos melhor, Mitjáns Martínez (2012a, 2012b) realça que a criati-
vidade pode se manifestar na aprendizagem mediante a articulação de, no mínimo,
três elementos:
• personalização da informação;
• confrontação com o dado;
• produção, geração de ideias próprias e novas que transcendem o dado.

O conhecimento gerado deste processo é, portanto, uma obra subjetiva, que pede
envolvimento emocional do sujeito, o que demanda organização e produção pessoal
do aluno. Assim, toda ação e produção intelectual simula processos imaginativos que
estruturam parte da conformação subjetiva do aprendizado.

Na escola, o produto criativo resultante da aprendizagem criativa pode estar apre-


goado ao tratamento das informações pelo aluno que ultrapassam o que foi proposto,

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como também nas questões interessantes que elabora frente à confrontação com o
dado (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2008a; 2009a).

Ademais, a relação do aluno com a informação ou com o conhecimento não


acontece de maneira passiva, mas é caracterizada no confronto com o dado, no ca-
ráter questionador e também transgressor.

Em uma maneira distinta de se relacionar com o percurso do aprender, a apren-


dizagem criativa só poderia ser, então, marcada por uma visão questionadora do
mundo, do saberes, das certezas e das verdades que são comumente apresentadas
pela escola. Confrontar o dado com as informações apresentadas é a base de um
posicionamento reflexivo e intencional frente às situações.

Quem nos explica melhor esta perspectiva são os autores Maturana e Varela
(2001). Para os autores, aprender consiste em estar em continuas desconstruções.
Só assim nos movimentamos para a ação de conhecer como alternativa de reflexão
sobre o mundo.

A aprendizagem criativa está absolutamente relacionada à noção de que somos


corresponsáveis pelo o que acontece com o mundo, quer dizer, o mundo é o resul-
tado da ação humana. Estamos diante de um tipo de aprendizagem que nos coloca
como autores de nosso percurso de aprender sobre nós e sobre o mundo.
Nós somos responsáveis pelo outro, estando atentos a isto ou não, dese-
jando ou não, torcendo positivamente ou indo contra, pela simples razão
de que, em nosso mundo globalizado, tudo o que fazemos (ou deixamos de
fazer) tem impacto na vida de todo mundo e tudo o que as pessoas fazem
(ou se privam de fazer) acaba afetando nossas vidas. (BAUMAN, Zygmunt)

Figura 3 – Zygmunt Bauman


Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons

A aprendizagem criativa é caracterizada pela busca, pela curiosidade, pela dúvida,


pelo questionamento que se tem diante da informação, do dado, do mundo e de
nós mesmos. Ela sugere nos entendermos como sujeito que pensa criativamente na
tentativa de criar relações, conexões, para criar algo novo além do que lhe foi dado.

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UNIDADE Aprendizagem Criativa

Em síntese
Criar uma ideia nova que supera o que está dado é uma condição basilar da aprendiza-
gem criativa que irrompe com a ideia de que aprender é reproduzir, e aloca o pensamen-
to em um processo subjetivo que, na implicação com o que foi aprendido, pode produzir
novas ideias, ainda que este novo não adquira um valor social, mas um valor para o seu
próprio desenvolvimento. Neste sentido, o novo pode se manifestar de maneiras alter-
nativas sobre o objeto do conhecimento. (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2012b)

Os atributos da aprendizagem criativa se estabelecem diante de recursos subjeti-


vos específicos, dentre os quais podemos destacar a imaginação, pelas possibilidades
que reúne de beneficiar a transcendência da realidade e a gênese de algo novo que,
em alguma medida, pode ir além do dado (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2012b).

Mitjáns Martínez (2012b), a partir dos estudos da obra de Vygotsky e da Teoria


da Subjetividade de González Rey, apresenta ideias que tendem para a imaginação
como processo subjetivo que é formado de experiências e se expressa na inter-rela-
ção com a configuração subjetiva da ação do sujeito (MITJÁNS MARTÍNEZ, 201b).

Mitjáns Martínez (2012b) destaca que a imaginação é condição da aprendizagem


criativa e pode se expressar, no mínimo, de duas maneiras:
• vinculada à produção e geração de ideias próprias e novas que transcendem o dado;
• como elemento funcional da personalidade, em que não apenas participa das
configurações criativas relacionadas à aprendizagem criativa, mas se caracteriza
como seu funcionamento subjetivo mais geral.

A imaginação é uma categoria fundamental da aprendizagem criativa, e com


Vygotsky, podemos entender que nela estão as chances de o aluno ultrapassar o
limite das experiências concretas. Nesta perspectiva, imaginar é, em si, um processo
destrutivo. O autor ainda oferece dados para o funcionamento da imaginação na
ação de criar:
• as experiências anteriores formam a base para as construções da imaginação,
mediante a modificação, reelaboração e transformação pelo sujeito;
• amplia a experiência do sujeito para além do que já viveu;
• aponta para a recursividade entre a imaginação e as emoções;
• o novo pode ser inédito e não se parecer com nada materialmente produzido e
ao se concretizar externamente pode trazer modificações.

Se caminharmos com os dados acima, podemos concluir que a imaginação parti-


cipa da criatividade em sua dimensão mais fundamental, quer dizer, é parte intrínseca
do desenvolvimento humano (MIJTÁNS MARTÍNEZ, 2012b).

Por isso, as formas que a criatividade se expressa na aprendizagem determinam


a autenticidade do processo e não se materializa na ascensão avulsa de uma ou de
outra forma, mas na maneira como elas se organizam.

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Mitjáns Martínez (2012b, 2014) e González Rey (2009) sugerem que aprender
criativamente beneficia a aplicação do que foi aprendido em diversos contextos pelo
aluno, mediante a produção de um conhecimento subjetivo que se organiza e se atu-
aliza frente a novas situações. Neste sentido, aprender criativamente pode ser a força
impulsionadora do desenvolvimento da subjetividade do aluno.

Neste ponto, nos parece razoável concluir que a categoria de sujeito constitui a
base da aprendizagem criativa, marcado por uma atitude não apenas ativa e inten-
cional do sujeito na aprendizagem, mas especialmente sua característica geradora e
transgressora. Este caráter transgressor é o que fundamenta a caça à transcendên-
cia do dado, quer dizer, de não se limitar ao que está dado, mas, por meio de ela-
borações e construções próprias, alcançar o novo (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2012a;
GONZÁLEZ REY, 2009b).

Assim, o aluno assume ativamente a aprendizagem supervisionando, controlando


e regulando o processo. Portanto, na aprendizagem criativa, as estratégias de apren-
dizagem, as operações do pensamento e os aspectos subjetivos, que formam o ato
de aprender, formam também uma espécie de coesão.

Isso porque o aprendizado é caracterizado por diferentes etapas que se juntam na


maneira como o sujeito aprende. O entendimento e o ato de reproduzir formam parte
da aprendizagem criativa. Na realidade, parece não existir aprendizagem criativa
sem compreensão.

Para entramos no território da classificação das estratégias, contamos Mitjáns


Martínez (2012b), que apresenta os seguintes tipos de estratégias:
• autorregulação: gestão intencional do processo de aprendizagem, demanda
atitudes como planejamento, organização, seleção;
• cognitivas: codificam, armazenam e recuperam a informação do material;
• motivacionais: permitem a identificação pelo aluno de influências emocionais;
• gestão de recursos: envolve gestão do tempo, do ambiente, dentre outros.

Figura 4 – Girl with Balloon


Fonte: Wikimedia Commons

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Em português: Garota com Balão ou Balloon Girl é um mural criado em


2002 pelo grafiteiro Banksy. Este exibe uma jovem garota e um balão ver-
melho em forma de coração. Banksy usou uma variante desta pintura em
sua campanha de 2014, apoiando os refugiados sírios.

Banksy é o pseudônimo de um artista pintor de grafite, pintor de telas, ativista político e


diretor de cinema britânico. A sua arte de rua satírica e subversiva combina humor negro e
grafite feito com uma distinta técnica de estêncil. Seus trabalhos com comentários sociais
e políticos podem ser encontrados em ruas, muros e pontes de cidades por todo o mundo.
Explore a irreverência do artista em seu site: https://bit.ly/3fe6PJW

A intencionalidade é a marca do sujeito nas diferentes formas de aprendizado.


Sendo que a categoria do sujeito não pode ser reduzida à aprendizagem criativa,
ainda que, como já apontamos, nela o sujeito atue transgressora e subversivamente.
Por isso, as qualidades que tipificam e especificam esta categoria são, em
essência, expressas na aprendizagem criativa, na sua condição autônoma
e engajada de se relacionar com o seu próprio processo de aprender.
(MITJÁNS MARTÍNEZ, 2012a, 2012b)

Ainda que a intencionalidade não esteja, essencialmente, presente nas ações dos
indivíduos na aprendizagem, podemos dizer que existem aprendizagens de maneiras
distintas e adquiridas também de diversas formas pelos sujeitos.

Além disso, a aprendizagem criativa não deve ser percebida apenas no uso do que
se intenciona realizar nas diferentes conjunturas, mas, principalmente, na maneira
como possibilita/promove/favorece novas aprendizagens.

Por fim, os valores teóricos acima mencionados podem ser percebidos no que se
convencionou chamar de espiral da aprendizagem criativa, e pode ser resumida
em cinco palavras: imaginar, criar, brincar, compartilhar e refletir.

O aluno imagina o que gostaria de fazer, cria seu projeto com base em suas ideias,
brinca com suas criações, compartilha com os colegas, reflete sobre suas experiên-
cias e depois é levada a imaginar novas ideias e projetos.

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Imaginar

Refletir

Imaginar

Compartilhar
Criar

Brincar

Figura 5 – Espiral da aprendizagem criativa

A metodologia da espiral foi idealizada por Mitchel Resnick – diretor de um dos


laboratórios do MIT Media Lab – como um dos ciclos de aprendizagem ideal para
crianças e adultos que buscam pelo desbloqueio da criatividade.

Mas como podemos aplicar essas seis etapas fora da sala de aula?
1. Imaginar

Pense em um problema que você gostaria de resolver dentro do seu negócio.


Imagine tudo o que puder e coloque em um papel suas ideias – das mais simples
às mais malucas. Depois, selecione o que você pode colocar em prática com o
que tem hoje.
2. Criar

Como diria Mitchel Resnick, “criar é a raiz do pensamento criativo”. Somente com
mais oportunidades de criar é que “cutucamos” nossos potenciais adormecidos.
Na segunda etapa, você vai dar vida à sua imaginação, colocando em prática as
ideias mais interessantes daquelas que surgiram na primeira etapa.
3. Brincar

Aqui, vamos nos divertir com o processo. Todo mundo sabe que crianças são
especialistas quando o assunto é brincadeira. Mas, no fundo, brincar também
é para adultos – dos empreendedores de startup aos engravatados. Quando
deixamos que as pessoas se divirtam com processos que têm tudo para ser
desgastantes, nos abrimos para a possibilidade de transformar experiências em
aprendizados prazerosos.

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4. Compartilhar

Depois que você tiver seu projeto pronto, é o momento de compartilhar. Teste o
projeto, coloque suas ideias à prova, ouça feedbacks das pessoas que trabalham
com você e que estão usando sua ideia na prática.
5. Refletir

Você já viu seu projeto em ação e coletou diversas informações das experiên-
cias vividas em relação ao que foi criado. Nesta etapa, você vai refletir sobre
esses feedbacks, entender o que ainda pode ser melhorado, fazer adaptações e,
também, comemorar os acertos.
6. Imaginar

A partir de uma metodologia simples e intuitiva, você pode tirar novas ideias e
projetos da imaginação e colocá-los em prática, impulsionando seu negócio por
meio do potencial criativo. O segredo é se inspirar na simplicidade das crianças
e colocar a mão na massa.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa
https://bit.ly/30105sv

Vídeos
O que é aprendizagem criativa?
Conceitos e princípios básicos da Aprendizagem Criativa.
https://youtu.be/cxI0-lAmqkA
Perspectivas sobre a Aprendizagem Criativa
https://youtu.be/w8xYWZUls5Q

Leitura
Como levar a aprendizagem criativa para dentro da sala de aula
https://bit.ly/2ZPxx57

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Referências
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