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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ALIMENTOS

MARIA JOSÉ SILVA DE SOUZA

DESENVOLVIMENTO DE UMA CERVEJA ARTESANAL COM ADIÇÃO DE


RESÍDUO DE PÃO FRANCÊS E EXTRATO DE SERIGUELA (Spondias Purpúrea L)

Orientadora: Prof. Dra. Andréa Oliveira Nunes

NATAL
2021
MARIA JOSÉ SILVA DE SOUZA

CERVEJA ARTESANAL COM ADIÇÃO DE RESÍDUO DE PÃO FRANCÊS E


EXTRATO DE SERIGUELA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


curso de graduação em Engenharia de
alimentos, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Engenheira de
Alimentos, orientada pela Prof.ª. Drª. Andréa
Oliveira Nunes.

NATAL
2021
MARIA JOSÉ SILVA DE SOUZA

CERVEJA ARTESANAL COM ADIÇÃO DE RESÍDUO DE PÃO FRANCÊS E


EXTRATO DE SERIGUELA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


curso de graduação em Engenharia de
alimentos, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Engenheira de
Alimentos.
Orientadora: Prof.ª. Drª. Andréa Oliveira
Nunes.

Aprovada em: ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________
Profª. Drª. Andrea Oliveira Nunes
Orientadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

_______________________________________________
Profª. Drª. Katia Cristina Borges
Examinadora Externa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Dedico esse trabalho a minha
mãe Miriam e ao meu pai
(in memoria) aos meus familiares,
por todo amor, dedicação,
compreensão e incentivo em mais conquista e
nessa realização profissional.
AGRADECIMENTO

Primeiramente a Deus pelo dom da vida, pela saúde para enfrentar esse desafio e por
colocar ao meu caminho pessoas maravilhosas que me ajudaram a chegar até aqui.
A minha mãe por sempre me incentivar, apoiar e me dar subsídio financeiro para que
eu pudesse atingir meus objetivos. Ao meu pai (in memoria), tenho certeza que sempre esteve
ao meu lado em todos os momentos, me protegendo e iluminando meus caminhos.
Aos meus pais e irmãos de coração, meus tios e primos por todo apoio, carinho e
incentivo durante toda essa jornada.
Aos meus amigos que pude conhecer na universidade, por tornarem as noites mais
alegres e divertidas, como também toda a parceria e ajuda nos estudos, tornando essa jornada
mais fácil, em especial a Allyne, Fernanda, Jaquiele, Luiz e Kayonara.
Aos meus amigos de infância Bruno, Jeane e Eulani por sempre estarem comigo desde
a época da escola e compartilharam da minha jornada.
A todos os meus amigos, que conheci ao longo da vida e sempre me incentivam e
compartilharam de momentos felizes. Em especial a Thalia e Dannylo, por todas as palavras de
coragem, partilha de objetivos, carinho e amizade ao longo desses anos, me dando forças para
que eu nunca desistisse.
Ao amigo e mestre cervejeiro Luiz Ferreira, por disponibilizar seu espaço para produção
da cerveja, por todas as explicações e análise sensorial, sua ajuda foi essencial.
Aos professores por todo conhecimento transmitido durante esses anos de estudo, por
toda ajuda, incentivo e compreensão. Agradeço especialmente a Professora Andréa Oliveira
pela orientação, por toda ajuda e disponibilidade. E a Professora Katia Borges pela disposição
em compor minha banca de avaliação.
RESUMO

A cerveja é a bebida mais antiga consumida pelo homem e entre as alcoólicas a mais consumida
no mundo. Neste caso, o mercado necessita satisfazer a demanda dos consumidores, que
priorizam cada vez mais uma cerveja com novos sabores, que utilizem matéria prima de
qualidade e elaborada com diferentes especiarias ou frutas. Assim, o presente estudo teve como
objetivo elaborar uma cerveja artesanal com a utilização de resíduo de pão francês, como mais
uma fonte de carboidrato para etapa de mosturação, diminuindo o percentual de malte e
consequentemente os gastos. Além disso, foi utilizado o extrato de seriguela (Spondias
purpurea L) como adjunto com o intuito de incorporar sabor e aroma à bebida, além de agregar
valor aumentando a quantidade de compostos fenólicos e atividade antioxidante presentes na
fruta. Com uma base teórica e uma visão voltada para produção em escala industrial, esse
trabalho descreve as etapas de produção da cerveja artesanal, com seus balanços de massa e
energia, o layout da área industrial, a reutilização dos resíduos oriundos da produção e, por fim,
uma análise econômica destacando o valor final do produto, custo de produção e estimativa de
retorno do investimento.
Palavras chaves: cerveja; seriguela; resíduo de pão; artesanal.
ABSTRACT

Beer is the oldest drink consumed by man and among alcoholic beverages, it is the most
consumed in the world. In this case, the market needs to satisfy the demand of consumers, who
increasingly prioritize a beer with new flavors, that use quality raw material and is made with
different spices or fruits. Therefore, the present study aimed to prepare a craft beer using French
bread residue as another source of carbohydrate for the mashing stage, decreasing the
percentage of malt and consequently reducing expenses. Besides, the use of buttermilk extract
(Spondias purpurea L) was used as an adjunct to incorporate flavor and aroma into the drink as
well as add value by increasing phenolic compounds concentration and antioxidant activity
present in the fruit. Based on a theoretical basis and a vision for production on an industrial
scale, this work describes the stages of production of craft beer, with its mass and energy
balances, the layout of the industrial area, the reuse of residues from production, and finally, an
economic analysis highlighting the final value of the product, cost of production and estimated
return on investment.
Keywords: Beer. Seriguela. Residue. Handcrafted
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Crescimento do número de cervejarias no Brasil 18


Figura 2 - Produção de cerveja por país. 18
Figura 3 - Grão de cevada. 21
Figura 4 - Lúpulo em flor a vácuo 24
Figura 5- Lúpulo em Pellets 25
Figura 6 - A fruta seriguela 28
Figura 7 - Escala do padrão de coloração da cerveja de acordo com a EBC. 31
Figura 8 - Fluxograma da fabricação da cerveja artesanal com resíduo de pão e adição de polpa
de seriguela 34
Figura 9 - Fluxograma da extração da polpa de seriguela 35
Figura 10 - Filtro declorador de água para a indústria de bebidas e alimentos. 36
Figura 11 - Moinho elétrico de malte 37
Figura 12 - Moagem do resíduo de pão. 38
Figura 13 - Teste do iodo na cerveja. (A) Mosturação incompleta, forte presença de amido. (B)
Mosturação incompleta, ainda existem vestígios de amido. (C) Mosturação completa, não
existem indícios de amido. 41
Figura 14 - Esquema de uma tina de mosturação industrial 41
Figura 15 - Sala de brassagem. 42
Figura 16 - Esquema do tanque de filtração. 43
Figura 17 - Caldeira de ebulição (Sala de brassagem). 44
Figura 18 - Trocador de calor do tipo placa. 45
Figura 19 - Fermentador maturador cilíndrico cônico. 48
Figura 20 - Enchedora automática. 50
Figura 21 - Pasteurizador tipo túnel, com banho por aspersão. 51
Figura 22 - Embalagem de papelão para garrafas de vidro. 51
Figura 23 - Grades plásticas retornáveis. 52
Figura 24 - Layout simplificado 0
Figura 25 - Equação geral de balanço de massa 1
Figura 26 - Balanço de massa na etapa de carbonatação. 3
Figura 27 - Balanço de massa na etapa de fermentação. 4
Figura 28 - Balanço de massa na etapa de aeração. 5
Figura 29 - Balanço de massa na etapa de retirada do trub quente. 6
Figura 30 - Balanço de massa na etapa de ebulição. 7
Figura 31 - Balanço de massa na mosturação e filtração. 8
Figura 32 - Entradas e saídas no trocador de calor. 9
Figura 33 - Composição química do bagaço de malte. 20
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição química da água nos principais centros cervejeiros. 21


Tabela 2 - Especificação do malte brasileiro. 24
Tabela 3 - Composição nutricional do pão francês. 28
Tabela 4 - Composição de nutrientes contidos na seriguela. 29
Tabela 5 - Receita da cerveja para uma batelada de 1000 L. 0
Tabela 6 - Característica do trocador de calor Alfa Laval modelo M6. 10
Tabela 7 - Investimento fixo inicial e depreciação dos equipamentos e utensílios de produção,
em Reais (R$). 12
Tabela 8 - Investimento fixo inicial e depreciação de móveis e eletrodomésticos em Reais (R$).
13
Tabela 9 - Custo do investimento fixo total em Reais (R$). 14
Tabela 10 - Custo fixo com mão de obra 15
Tabela 11 - Custos fixos totais. 15
Tabela 12 - Custos variáveis com matéria prima, embalagem, água e energia elétrica. 16
Tabela 13 - Custo total da produção mensal de 40.000 litros de cerveja. 17
Tabela 14 - Análise de mercado com correntes locais e nacionais. 17
Tabela 15 - Estimativa de faturamento mensal, em reais. 18
Tabela 16 - Fluxo de caixa mensal. 18
Tabela 17 - Tempo de retorno do investimento inicial. 19
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 14

1.1 Objetivo Geral 15

1.2 Objetivo Específico 15

2. REFERENCIAL TEÓRICO 16

2.1 Cerveja 16

2.2 Cerveja artesanal no Brasil 17

2.3 Consumo e tendências do mercado cervejeiro 18

2.4 Matérias primas para produção da cerveja 19

2.4.1 Água 19

2.4.2 Malte 20

2.4.3 Lúpulo 23

2.4.4 Adjunto 25

2.4.4.1 Resíduo de pão francês 26

2.4.4.2 Seriguela (Spondias Purpúrea L) 27

2.4.5 Levedura 29

2.5 Classificação da cerveja 29

2.6 Tipos de cerveja 31

2.7 Cerveja fruitbeer 32

3 PROCESSO DE PRODUÇÃO 33

3.1 Fluxograma de processo 33

3.2 Descrição do processo proposto 34

3.2.1 Recepção da matéria prima 34

3.2.2 Polpa de seriguela 35

3.2.3 Tratamento da água 35

3.2.4 Moagem 37
3.2.5 Mosturação 38

3.2.6 Clarificação 42

3.2.7 Ebulição do mosto 43

3.2.8 Resfriamento e aeração 45

3.2.9 Fermentação 46

3.2.10 Maturação 48

3.2.11 Carbonatação 49

3.2.12 Envase e rotulagem 49

3.2.13 Pasteurização 50

3.2.14 Armazenamento e expedição 51

3.3 Layout simplificado 52

4 BALANÇO MASSA E ENERGIA 55

4.1 Balanço de massa 55

4.1.1 Carbonatação 57

4.1.2 Fermentação 58

4.1.3 Aeração 59

4.1.4 Trub quente 60

4.1.5 Ebulição do mosto 61

4.1.6 Mosturação e clarificação 62

4.2 Balanço de energia 63

5 ANÁLISE ECONÔMICA 67

5.1 Investimento fixo inicial 67

5.2 Custos fixos 69

5.3 Custos variáveis 71

5.4 Custo total do produto 72

5.5 Análise de mercado e determinação do valor de venda 72

5.6 Faturamento 73
6 TRATAMENTO DE RESÍDUO 75

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 77

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 78
14

1. INTRODUÇÃO

A cerveja é a bebida fermentada mais popular e a mais consumida no mundo desde a


antiguidade. Consiste na fermentação alcoólica por ação de leveduras no malte ou trigo,
adicionado de água, lúpulo e adjuntos (SILVA,2018).
Em 2016 o Brasil foi o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, em escala industrial
(MAPA, 2019). Em relação a produção artesanal, o mercado vem ganhando espaço e
registrando um grande crescimento nas vendas, atendendo aos consumidores que priorizam a
qualidade e sabor da bebida, apresentando produtos com sabores diversificados e adjuntos
especiais (BARLEY, 2019).
Na sua fabricação, além do malte pode ser utilizado o trigo, cevada, milho, arroz, outras
fontes de carboidrato e frutas. A utilização de ingredientes não tradicionais pode diminuir os
custos de produção e determinar características físico químicas e sensoriais diferentes
(SILVA,2018).
Com o avanço do conhecimento e da tecnologia é possível criar e inovar diversos tipos e
estilos de cerveja, atendendo às legislações vigentes e aos parâmetros de qualidade. Nesse
âmbito, a cerveja artesanal refere-se a uma classe de produtos com qualidade superior e maior
valor agregado produzidos por meio de uma fórmula ou processo diferente utilizado em escala
industrial. A produção em pequena escala pode proporcionar aos consumidores produtos
diferenciados, matérias primas selecionadas atendendo as exigências dos consumidores e
levando a um movimento de valorização regional (TOZETTO, 2017).
Diante dessa premissa, o trabalho propõe a utilização do resíduo de pão francês como mais
uma fonte de carboidrato e a adição do extrato de seriguela, caracterizando como uma cerveja
do estilo Fruitbier.
15

1.1 Objetivo Geral

Esse trabalho tem como objetivo geral desenvolver uma cerveja artesanal a base de resíduo
de pão francês com adição de extrato de seriguela.

1.2 Objetivo Específico

Para atingir esse objetivo foram definidos os seguintes objetivos específicos:


● Apresentar referências teóricas sobre o produto seus ingredientes e adjuntos;
● Desenvolver um fluxograma do processo de produção com todas as etapas;
● Desenvolver um layout simplificado da estrutura e equipamentos utilizados na
produção da cerveja artesanal;
● Descrever os balanços de massa e energia;
● Realizar a análise econômica do processo com ênfase no preço unitário de produto
final e sugerir um tratamento adequado para os efluentes gerados.
16

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Cerveja

Não se sabe o ano exato da descoberta da cerveja. Estudos descrevem a relação entre a
história do pão e da cerveja, pois a bebida foi desenvolvida paralelamente com os avanços e
descobertas da fermentação dos cereais (DANTAS, 2016). De acordo com os registros, o início
da produção se deu por meados de 8.000 a.C., as civilizações da Suméria, Babilônia e Egito
foram os primeiros a utilizarem a cerveja (VENTURINI 2001).
Os estudos de Pereira (2015) relatam que foi na Ásia Ocidental que surgiram os
primeiros campos de cereais, onde eram moídos e a farinha resultante era transformada em pão
ou cerveja (chamada de “pão líquido”), ambos com parâmetros nutricionais próximos, dessa
maneira o surgimento da bebida está diretamente associado aos cereais.
Morado (2009. p.15) relata que o consumo e produção de cerveja está diretamente ligada
à cultura, principalmente a ocidental, conforme o autor a cerveja está na raiz da cultura ocidental
e se mantém relevante até hoje como elemento integrador. Não é apenas uma bebida, ela traz
consigo um conjunto de valores culturais capaz de promover, não na teoria, mas na prática do
cotidiano, a disseminação de conceitos importantes de cooperativismo, tradição,
confraternização e, afinal, encontro de pessoas.
A cerveja chegou ao Brasil por intermédio da família real Portuguesa, no início do
século XIX, a bebida exportada era oriunda dos países Europeus. Apenas em 1988 foi
inaugurada a “Manufatura de Cerveja Brahma Villiger e Cia” primeira cervejaria brasileira
(VENTURINI 2001).
O produto é definido pelo Decreto nº 6.871 de 4 de junho de 2009, da seguinte maneira:
“A cerveja é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte
de cevada e água potável, por ação da levedura com adição de lúpulo”. O Ministério de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é o órgão responsável por fiscalizar,
classificar, controlar e inspecionar a cerveja. Podendo ter sua definição ampliada, como
produto resultante da fermentação alcoólica preparada de mosto de cereal maltado, como é feita
basicamente de água a origem dessa água e a qualidade original influenciam muito na qualidade
da cerveja, a escolha da cevada dentre os maltes é devido ao seu alto conteúdo de enzimas
naturais, mas outros cereais maltados e não maltados são utilizados como adjuntos no processo
de fabricação, inclusive: milho, arroz, trigo e centeio (DALLACORT, 2013). Assim, a cerveja
17

pode ser uma bebida alcoólica, oriunda das transformações de diversas fontes de amido
(TORREZO,2017).

2.2 Cerveja artesanal no Brasil

A cerveja artesanal começou a se destacar no Brasil por volta de 1830, com a chegada
dos imigrantes europeus que a produziam para consumo próprio. No final do século XIX, o
aumento dos impostos sobre a bebida dificultou a importação, dessa maneira houve um aumento
gradual da produção no Brasil (BARLEY, 2019).
A cerveja de alta fermentação foi aos poucos substituída pela de baixa fermentação e
menor custo, produzida por grandes cervejarias. Essas que ao longo do avanço da
industrialização no Brasil compravam as pequenas produções o que causou uma diminuição no
consumo de cervejas especiais (SIMMMEB, 2018).
“Foi apenas na década de 1990 que a produção das microcervejarias começou a ser
retomada, influenciada pela popularização da bebida nos EUA (SIMMMEB, 2018)”.
Entre os anos de 2007 e 2017 o Brasil se tornou o terceiro maior consumidor de cerveja
artesanal no mundo, esse avanço veio acompanhado do crescimento do número de cervejarias
(SIMMMEB, 2018), a figura 1 mostra o crescimento das cervejarias no Brasil. Segundo o
MAPA, em 2017 surgiram 186 novas marcas totalizando 679 estabelecimentos regularizados.
18

Figura 1- Crescimento do número de cervejarias no Brasil

Fonte: Anuário CervBrasil 2019.

A produção de cerveja artesanal no Brasil vem se destacando e ganhando espaço.


“Vemos novas cervejarias surgindo a cada dia, com seus mais variados estilos e os mais
variados ingredientes adicionados, aperfeiçoando cada vez mais a cerveja artesanal (BARLEY,
2019) ”.

2.3 Consumo e tendências do mercado cervejeiro

De acordo com o MAPA (2019), em 2016 o Brasil produziu 13,3 bilhões de litros de
cerveja, sendo assim é o terceiro maior produtor mundial ficando atrás apenas da China e
Estados Unidos como observado na figura 2.

Figura 2 - Produção de cerveja por país.

Fonte: Sindicato nacional da indústria da cerveja (2019)


19

Segundo Lopes (2016) a cerveja é a bebida alcoólica mais consumida no mundo e entre
as bebidas não alcoólicas perde apenas para água e o chá. .Mesmo apresentando um crescimento
de 20% em 2014, a cerveja artesanal representou apenas 1,5% do total de cervejas vendidas no
Brasil (RIBAS; PARAIZO, 2015). Segundo dados do SEBRAE (2015), em 2013, cerca de 200
microcervejarias no país produziram 188 mil litros de cerveja artesanal. Estima-se que até 2023,
a indústria atingirá 2% do mercado nacional de cervejas.
O paladar dos consumidores brasileiros tem se tornado cada vez mais exigentes, a busca
por cervejas de qualidade com aromas e sabores especiais, como também uma espuma cremosa
e ingredientes selecionados passaram a ser levados em consideração na hora da compra
(TORREZO,2013).
O Brasil se destaca nas tendências no mercado cervejeiro principalmente por ter uma
grande variedade de frutas, proporcionando novos e variados aromas e sabores. Como também
devido às diversas madeiras utilizadas no envelhecimento da bebida. Vale destacar também que
a produção de cervejas low carb e sem álcool está ganhando espaço e atraindo o público que
busca uma alimentação saudável (SENAI, 2020).

2.4 Matérias primas para produção da cerveja

A antiga Lei da Pureza Alemã, de 1516, estabelece que a cerveja deve ser produzida
apenas com malte, lúpulo e água, sem nenhum aditivo (PEREIRA, 2015). Atualmente, os países
produtores de cerveja, com exceção da Alemanha, podem utilizar em suas fabricações os
adjuntos. Já a levedura não pode ser considerada como matéria prima, pois sua função é realizar
a transformação bioquímica dos ingredientes, ou seja, um agente transformador responsável
pela fermentação alcoólica (VENTURINI, 2001).

2.4.1 Água

Aproximadamente 90% da cerveja é composta por água, para a produção de 1 litro de


cerveja são utilizados em média 12 litros de água, além disso ela faz parte de todas as etapas de
produção, do resfriamento, como também da limpeza e sanitização de equipamentos e áreas
produção (SALIMBENI; MENEGUETTI; ROLIM, 2016).
Venturini (2001), relata que a composição da água está diretamente ligada a qualidade
e definição do estilo da cerveja
20

Assim, a água com elevado teor de sulfato de cálcio (dureza permanente)


está associada com cervejas amargas do tipo Burton-on-Trent. Menor
teor de gesso (sulfato de cálcio) e maior de carbonato de cálcio (dureza
temporária) resulta em água apropriada para a fabricação de cervejas
mais escuras e adocicadas como as do tipo Dublin, Munchen e London.
Água rica em íons de cloreto, sulfato e bicarbonato caracteriza a cerveja
Dortmund. A cerveja Pilsen necessita de água mole para a sua produção,
ou seja, pobre em cálcio e magnésio, na forma de cloretos, sulfatos e
bicarbonatos.

A tabela 1 mostra a composição química da água nos maiores centros cervejeiros do


mundo (SALIMBENI; MENEGUETTI; ROLIM, 2016).

Tabela 1 - Composição química da água nos principais centros cervejeiros.

Fonte: SALIMBENI; MENEGUETTI; ROLIM, 2016.

A água utilizada deve apresentar um pH ideal para o mosto na produção da cerveja,


garantindo a extração do amargor e aromas do lúpulo, como também para a coagulação do
material mucilaginoso na fervura, garantindo a obtenção do aroma, cor e sabor esperado. Além
de potável a água deve ser isenta de odores, sabores indesejáveis, incolor e deve apresentar um
pH alcalino entre 4 e 9. O teor de cloreto deve ser em torno de 50 ppm (VENTURINI,2001).

2.4.2 Malte
21

O grão de cevada representado na figura 3 é uma gramínea da espécie Hordeum vulgare


L. Existe uma diferença morfológica, quanto ao alinhamento das fileiras dentro da espiga do
grão. A cevada com seis fileiras apresenta um menor teor de amido, consequentemente maior
teor de proteína, ao ser comparada com a de duas fileiras. Dessa maneira possui uma menor
produção de malte que acarreta na diminuição do rendimento da bebida no processo de
mosturação. Por serem menores, mais uniformes e possuírem mais cascas, esses grãos de seis
fileiras facilitam a filtração do mosto e aceitam uma maior quantidade de adjuntos nas receitas
das cervejas (VENTURINI,2001).

Figura 3 - Grão de cevada.

Fonte: Blog de cerveja O Caneco (SPIESS,2020)

O grão de cevada é composto por uma casca externa constituída de proteínas, resinas e
taninos, a casca é o elemento filtrante na etapa de filtração sendo de grande importância no
processo de produção. Na parte interna está presente o endosperma amiláceo responsável por
acumular amido na forma de grânulo, também está presente o polímero betaglucanos, que
atribui a viscosidade do mosto da cerveja (VENTURINI, 2001).
No processo de fabricação da cerveja, o malte é obtido da cevada, imediatamente após
a colheita é armazenado em um silo em condições ideais de temperatura e umidade para
posteriormente serem processados na indústria. Durante a conversão dos grãos de cevada em
malte, eles devem ser submetidos a temperatura e ventilação adequada para que ocorra a
germinação (FERREIRA e BENKA 2014). O processo de malteação do grão de cevada consiste
numa transformação enzimática onde o amido presente no endosperma é convertido em
açucares fermentáveis, essencial para a produção da cerveja (TOZETTO,2011).
22

Apesar de qualquer cereal poder passar pelo processo de malteação, apenas a cevada
recebe o nome de malte, os demais cereais como trigo, milho e sorgo, em sua nomenclatura são
adicionados “malte de”, por exemplo: malte de trigo e malte de milho (TOZETTO,2011).
O processo de maltagem, ou seja, a transformação da cevada em malte consiste em
algumas etapas como maceração, germinação e secagem. Esses processos devem ser realizados
com todas as medidas de controle necessárias, pois interferem diretamente nas características
sensoriais do produto final, a cerveja (FERREIRA, BENKA 2014).
A maceração inicia se com a limpeza e seleção dos grãos, posteriormente são levados
para silos onde ocorre a umidificação, a temperatura da água utilizada deve estar entre 5 e 18°C
e ser substituída a cada 6-8 horas, essa etapa tem duração de aproximadamente dois dias, quando
o grão consegue atingir uma umidade entre 42 e 48%. Durante a troca da água decorre a injeção
de oxigênio por meio de injeção de ar (VENTURINI, 2001). A maceração se faz necessária
para a ocorrência da germinação do grão (FERREIRA, BENKA 2014).
O processo de germinação começa na área germinativa (embrião). Existe uma estrutura
entre o embrião e o endosperma que permite que a hidrolase (amilase, protease, glucanase, etc.)
passe do embrião para o endosperma, enquanto os açúcares, aminoácidos e outras moléculas
simples passam na direção oposta (TRISTÃO,2016).
Durante a transformação da cevada em uma nova planta (a germinação) ocorre a
produção das enzimas α-amilase, β-glucanase e proteases, que são essenciais para a cerveja. A
α-amilase é responsável por degradar a grande cadeia do polímero, nesse caso o amido durante
a mosturação. A formação das enzimas depende do tipo de cevada, teor de umidade, tamanho
do grão, temperatura e outras características (FERREIRA, BENKA 2014).
Por fim, ocorre a interrupção da germinação por meio da secagem, onde o ar quente e
seco circula entre os grãos até que os mesmos fiquem secos. Esse processo ocorre em quatro
etapas, a primeira reduz a umidade do malte a 23% sob uma temperatura entre 50 e 60°C; depois
na segunda etapa é reduzida até 12%, nesse caso a temperatura é elevada e o fluxo de ar
reduzido; na terceira etapa a umidade chega a 6%, com a diminuição da umidade relativa do ar;
e na quarta etapa a temperatura pode chegar a 110°C, dependendo do tipo de malte que deseja
se obter (PORTO,2011).
De acordo com Porto (2011) o tipo de malte e suas características de aroma, sabor e a
quantidade de polifenóis extraídos vão depender da fase que o malte verde foi submetido à
secagem, como também a temperatura e tempo aplicados no processo.
23

O malte a ser utilizado precisa atender aos parâmetros técnicos (seu poder fermentativo)
e comerciais. A tabela 2 mostra a composição química do malte brasileiro (VENTURINI,
2001).

Tabela 2 - Especificação do malte brasileiro.


Umidade, % 5,52

Cinzas, % 1,97
Fibra bruta, % 3,95
Proteína bruta, % 10,22
Lipídio, % 1,65
Extrato, % 79,52
Poder diastático, Wk 244,19

Fonte: Adaptado de VENTURINI FILHO, 2001.

A composição do malte determina a cor e o sabor da bebida, além de afetar diretamente


a espuma e o corpo da cerveja. Além disso, durante o processo de fermentação, a levedura
converte os açúcares fermentáveis do malte em álcool e dióxido de carbono (SPIESS, 2020).
Na cerveja desenvolvida será utilizado o malte do tipo pilsen seis fileiras, que determina
a cerveja uma cor clara, um sabor intenso e adocicado, apresentando também um poder
enzimático capaz de assumir a função de malte base (WE CONSULTORIA).

2.4.3 Lúpulo

Pertencente à família Cannabinacea o lúpulo (Humulus lupulus) é uma planta


trepadeira, dioica. É utilizada principalmente na produção de cerveja, mas também é empregada
na fabricação de cosméticos e medicamentos (SANTOS,2019). Segundo Rodrigues, Moraes e
Castro (2015) os Estados Unidos e Alemanha são os maiores produtores de lúpulo, seguidos da
Etiópia, China e República Tcheca. No Brasil a produção é crescente acompanhando o
crescimento do mercado cervejeiro e concentra-se principalmente na região sul.
O lúpulo é responsável pelo aroma e amargor das cervejas. De acordo com Venturini
(2001) “as flores femininas ou os frutos delas decorrentes são ricas em glândulas amarelas,
contendo lupulina (resinas, óleos essenciais, etc.)”. Além disso, o lúpulo apresenta também ação
anti séptica e favorece a estabilidade do sabor e espuma da cerveja
24

Os óleos essenciais do lúpulo são compostos por diversos componentes como:


hidrocarbonetos, ésteres, aldeídos, cetonas, ácidos e álcoois, sendo responsável pelo sabor e
aroma da bebida. As resinas são constituídas por alfa e beta-ácidos, as principais fontes de
amargor da cerveja (VENTURINI, 2001).
A comercialização do lúpulo ocorre in natura (folhas e cones secos), em extrato ou
pellets. Na forma natural são comercializadas, as folhas e cones de flores embalados a vácuo
(Figura 4), para remover todo o oxigênio, evitando processos químicos causados pela
respiração. Depois, deve ser refrigerado o mais rápido possível e consumido durante o processo
de fermentação (SANTOS,2019). Na indústria o lúpulo é comumente utilizado na forma de
pellets (Figura 5).

Figura 4 - Lúpulo em flor a vácuo

Fonte: Mercado livre, 2021.


25

Figura 5- Lúpulo em Pellets

Fonte: Maltvel

O lúpulo utilizado será o Hallertau Tradition em pellet T-90, de origem Alemã,


atribui um baixo amargor e um aroma com intensidade média a alta que remete o floral, herbal
e gramíneo, além disso designa pouco aroma de fruta (SIX BREW SHOP).

2.4.4 Adjunto

Segundo o Art. 06 da Instrução Normativa n° 64 (2019) “Adjuntos cervejeiros são


matérias-primas que substituam, em até 45% em peso em relação ao extrato primitivo, o malte
ou o extrato de malte na elaboração do mosto cervejeiro”. Dessa maneira, são fontes de
carboidratos que substituem parcialmente o malte na produção da cerveja.
Os cereais mais comumente utilizados são: milho, trigo, cevada e sorgo; outro objetivo
com a utilização desses adjuntos é a obtenção de uma cerveja mais leve, que possui uma menor
saciedade, mais clara e com maior brilho. Porém o principal motivo do emprego dos adjuntos
são as questões econômicas, possibilitando um menor custo do processo produtivo (SILVA,
2016).
O limite máximo de adjuntos nas receitas de cerveja depende da capacidade das enzimas
do malte de hidrolisar todos os amidos e da capacidade do mesmo insumo de fornecer nutrientes
(principalmente nitrogênio) (VENTURINI,2001). O quadro 1 mostra as características
químicas de adjuntos amiláceos.
26

Quadro 1 – Características de adjuntos amiláceos

Fonte: TRISTÃO,2016.

2.4.4.1 Resíduo de pão francês

O adjunto utilizado na elaboração da bebida, foi o resíduo de pão francês envelhecido.


Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o consumo per
capita do pão francês em 2020 foi de 56g/dia (ADNORMAS, 2020).
De acordo com a RDC Nº 263 (2005) os pães são definidos como: “produtos obtidos da
farinha de trigo e ou outras farinhas, adicionados de líquido, resultantes do processo de
fermentação ou não e cocção, podendo conter outros ingredientes”.
A primeira etapa de produção consiste basicamente em misturar a farinha de trigo com
água e sal, aplicando uma força mecânica para obtenção de uma massa elástica. Os principais
ingredientes do pão francês são: farinha de trigo, água, sal, fermento biológico e melhorador de
farinha (SILVA,2016).
A composição nutricional de um pão francês de aproximadamente 50 g, descrita na
tabela 3, informa a contribuição de cada ingrediente para o produto (BRASIL, 2012).
27

Tabela 3 - Composição nutricional do pão francês.


INGREDIENTES
COMPOSIÇÃO
TOTAL
NUTRICIONAL Farinha de trigo Fermento biológico
Água (23g) Sal (0,8g)
(38g) (0,8g)

Valor energético (kcal)


137 0 0 0,7 137,7
Carboidratos (g)
28,5 0 0 0,7 29,2
Proteínas (g)
3,4 0 0 0,1 3,5
Gorduras totais (g), das
0,5 0 0 0 0,5
quais
NI* 0 0 0 0
Gorduras saturadas (g)
0 0 0 0 0
Gorduras trans (g)
0,9 0 0 0 0,9
Fibra alimentar (g)

Fonte: Tabela Brasileira de Composição de alimentos – TACO, 2006 apud BRASIL, 2012

Notas: NI* = valor não identificado.


No cálculo da composição nutricional o melhorador de farinha não foi incluído em virtude da diversidade de
aditivos para esta finalidade de uso.

Sendo o pão uma excelente fonte de amido, o qual durante o processo de mosturação é
degradado em cadeias menores de carboidratos, resultando na maltose que posteriormente será
degradada pela levedura. Com a redução da molécula de amido pela atuação da enzima alfa
amilase ocorre a formação do corpo da cerveja e redução da viscosidade do mosto (GOMES,
2014).
O pão envelhecido obtido de uma padaria da cidade de Ceará Mirim/RN foi triturado
no moinho e misturado ao malte triturado no processo de mosturação. A utilização do pão tem
por objetivo diminuir o custo da produção da cerveja, visto que substitui com eficiência o malte
e por ser uma ótima fonte de carboidrato.
Um dos principais objetivos deste trabalho é demonstrar a utilização de resíduos de
alimentos como matéria prima, enfatizando a viabilidade econômica e sustentável do
aproveitamento dos desperdícios alimentares.

2.4.4.2 Seriguela (Spondias Purpúrea L)


28

A serigueleira (Spondias purpúrea L.), planta pertencente à família Anarcardiaceae gera


um fruto nomeado de seriguela, popularmente conhecida como “siriguela”. O fruto possui uma
forma ovóide, com cor que varia do amarelo ao vermelho intenso, casca lisa e fina, com uma
fina camada de polpa amarela e um caroço de cor bege e grande (figura 6). Essa fruta cultivada
em clima tropical, é bastante consumida na região do nordeste brasileiro devido ao seu sabor e
aroma agradável. O seu consumo se dá in natura ou em diversas formas de variados produtos,
como suco, polpa, geleias, cervejas entre outros (NASCIMENTO et al.,2006). A tabela 4
mostra a composição nutricional da fruta.

Figura 6 - A fruta seriguela

Fonte: TUA SAÚDE,2021.

Tabela 4 - Composição de nutrientes contidos na seriguela.


COMPONENTES QUANTIDADE
Valor calórico (Kcal) 86
Proteínas (g) 0,71
Carboidratos (g) 22,14
Cálcio (mg) 29
Ferro (mg) 0,51
Vitamina C (mg) 47,1
Fonte: SILVA,2018.
O consumo frequente de frutas tem uma grande importância na saúde humana, pois os
nutrientes e antioxidantes constituintes protegem contra as reações de oxidação celular,
auxiliando de maneira preventiva e no tratamento de doenças crônicas causadas pelo estresse
oxidativo impulsionado por radicais livres. O estresse oxidativo é um desequilíbrio entre o alto
nível oxigênio ativo e o baixo mecanismo antioxidante ativo, sendo esse estresse controlado
por suplementos dietéticos antioxidantes presentes nas frutas. Os compostos fenólicos atuam
29

eliminando alguns radicais livres, que possuem ação anti inflamatória, anti-alérgicas,
vasodilatadores e anti cancerígenas. A seriguela apresenta altos níveis de compostos fenólicos
e atividade antioxidante, além de grandes quantidades de compostos voláteis. Os aromas são
constituídos pela combinação de várias moléculas voláteis e um dos principais atributos da
análise sensorial e aceitação pelo consumidor (SILVA,2018).
Dessa maneira, a escolha da seriguela para composição da cerveja se deu por acreditar
que ela irá desempenhar um aroma e sabor agradável e adicionando compostos fenólicos e
antioxidantes, agregando valor ao produto final.

2.4.5 Levedura

As leveduras são classificadas como fungos, unicelulares e reproduzem-se na maioria


das vezes por brotamento. As utilizadas nas cervejarias pertencem à espécie
Saccharomyces cerevisiae e são classificadas de acordo com sua atuação no processo de
fermentação. Dessa maneira, durante a fermentação se a levedura permanecer no topo do mosto
é considerada de “alta fermentação”, porém se ao final do processo ela decantar para o fundo
do recipiente é denominada de “baixa fermentação” (VENTURINI, 2001).
Basicamente são as verdadeiras cervejeiras, pois são responsáveis por adicionar álcool
à bebida. As leveduras se alimentam de glicose, nesse caso provenientes do malte e do pão de
duas maneiras: na presença ou ausência de oxigênio.
A presença de oxigênio é importante apenas no início da fermentação, pois a levedura
tem melhor desempenho reprodutivo na presença desse gás, pois a energia produzida pela
digestão da glicose com oxigênio é maior do que sem oxigênio, e também tem uma maior
quantidade de calorias. Quando a levedura consome glicose na ausência de oxigênio, chamamos
isso de processo de fermentação, e somente nessas condições a levedura produzirá dióxido de
carbono e álcool (ROSENTHAL, 2018).
Será utilizado a levedura Fermentis SafAle WB-06, especial para fermentação em
cervejas de trigo e fornece indícios de sabor esterificado e fenólico (WE CONSULTORIA).

2.5 Classificação da cerveja

A cerveja no Brasil é regulamentada pela Lei Federal n° 8.918/94, descrita nas


alterações implementadas pelo Decreto n° 6.871/09, que contém regras e informações sobre
30

padronização, classificação, registro, inspeção e fiscalização da produção e comercialização de


bebidas.
Em concordância com o Artigo 38 do Decreto n° 6.871/09 de 04 de junho de 2009, a
cerveja pode ser classificada pelos seguintes parâmetros:
a) Extrato primitivo: quanto ao teor de extrato primitivo em peso, a cerveja pode ser
classificada como leve, comum, extra e forte. Como mostra a tabela 4.

Tabela 4 – Classificação da cerveja quanto ao teor de extrato primitivo

CERVEJA EXTRATO PRIMITIVO (PESO)


Leve Maior ou igual a 5% e menor que 10,5%Maior
Comum ou igual a 10,5% e menor que 12%Maior ou
Extra igual a 12% e menor que 14%
Forte Maior que 14%
Fonte: Adaptado de ARAÚJO ,2019.

A classificação também inclui cerveja leve ou light, com uma redução de 25% da
quantidade de nutrientes ou valor energético, comparado com uma cerveja similar do mesmo
fabricante, ou a média de três cervejas similares regionais. A bebida deve apresentar um valor
energético inferior a 35 Kcal por 100 ml.
b) Cor: Segue as denominações da EBC (European Brewery Convenction) e classifica a
cerveja como clara, aquela que possui de 1 a 20 unidades EBC; e escura a que apresenta
acima de 20 EBC. Também são classificadas as cervejas coloridas, que possuem
corantes naturais e apresentam uma coloração diferente da escala padrão da EBC (figura
7).
31

Figura 7 - Escala do padrão de coloração da cerveja de acordo com a EBC.

Fonte: Revista algomais, 2017.

c) Teor alcoólico: A cerveja é classificada sem álcool ao apresentar a concentração de


álcool inferior ou igual a 0,5% em volume, sendo desnecessário a declaração do
conteúdo no rótulo. A cerveja com álcool possui um conteúdo de álcool superior a 0,5%,
sendo obrigatório a declaração do teor alcoólico em rótulo.
d) Proporção de malte de cevada: Calculado a partir do peso do malte de cevada no extrato
original (mosto), quando o percentual de malte é de 100%, ele é classificado como
cerveja de malte puro, e o restante é classificado apenas como cerveja, e seu teor não
deve ser inferior a 55%. Ao utilizar outras fontes de açúcar na fórmula, é necessário
citar a principal fonte vegetal utilizada, e a proporção deve ficar entre 20% e 55% do
peso do extrato.
e) Fermentação: Pode ser de alta ou baixa fermentação.

2.6 Tipos de cerveja

O Artigo 39 do Decreto n° 6.871/09 de 04 de junho de 2009, estabelece que a cerveja pode


ser denominada pelo tipo ou estilo em Pilsen, Export, Lager, Dortum, Munchen, Bock,
32

Malzebier, Ale, Stout, Poter, Weissbier, Alt, fruitbeer e vários outros tipos criados, tendo como
base as características do produto original.

2.7 Cerveja fruitbeer

O estilo fruitbeer refere-se a qualquer cerveja que leve em sua composição uma fruta. Sua
formulação consiste em um estilo básico e adição de qualquer tipo de fruta, o que aumentará o
sabor da bebida sem trazer doçura. Os açúcares presentes nas frutas são geralmente totalmente
fermentados (ARAÚJO,2019).
Os atributos que podem identificar a cerveja de frutas e implicar em sua qualidade incluem
o equilíbrio sensorial entre os atributos característicos da cerveja e outras características obtidas
com a adição de frutas. O sabor deve consistir no equilíbrio entre o sabor e amargor do lúpulo,
o sabor promovido pelo malte (ou uma combinação de malte) e o sabor promovido pela fruta,
podendo ser forte ou sutil. A adição da fruta influencia levemente no aspecto visual da cerveja,
determinado ao corpo e colarinho da bebida, uma coloração característica da fruta. Podendo
também causar uma turbidez indesejável (Beer Judge Certification Program, 2015).
O estilo da fruitbeer vai depender do tipo e das características da fruta utilizada, dessa
maneira não existe um padrão para esse estilo. Neste trabalho o estilo base utilizado foi o
Weissbier, ou cerveja de trigo, caracterizada por sua leveza, refrescância, amargor leve e
coloração turva.
33

3 PROCESSO DE PRODUÇÃO
3.1 Fluxograma de processo

Os estudos de Aquarone, Borzani, Schmidell & Lima (2008), relatam que a produção da
cerveja consiste basicamente em três etapas:
● Produção do mosto: onde ocorre a moagem do malte, a mosturação, clarificação e
fervura do mosto;
● Processo fermentativo: dividida em fermentação e maturação;
● Acabamento ou pós-processamento: envolve as etapas de envase, carbonatação e
pasteurização.
A figura 8 apresenta o processamento da cerveja artesanal com resíduo de pão e adição
de polpa de seriguela.
34

Figura 8 - Fluxograma da fabricação da cerveja artesanal com resíduo de pão e adição de polpa de seriguela

TRUB QUENTE

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.


3.2 Descrição do processo proposto

3.2.1 Recepção da matéria prima


35

Na recepção da matéria prima inicia-se todo o controle de qualidade e a verificação do


atendimento dos insumos aos critérios de segurança dos alimentos determinados pelas
legislações. A inspeção dos produtos ocorre por meio de análises qualitativas e quantitativas
dos insumos. A análise qualitativa se dá por meio inspeção visual da embalagem verificando as
datas de fabricação e validade, como também das características organolépticas e o certificado
de qualidade emitido pelo fornecedor. A análise quantitativa verificando a quantidade dos
insumos, de acordo com o solicitado por ordem de compra (NASCIMENTO,2020). Nessa etapa
ocorre a recepção e a inspeção do malte, do resíduo de pão, do lúpulo, da levedura e das garrafas
de vidro.

3.2.2 Polpa de seriguela

A figura 9 representa o processamento da polpa da seriguela. Consiste no recebimento,


armazenado sob refrigeração quando necessário; Pré lavagem com água para retirar os resíduos
sólidos; Sanitização com a utilização do hipoclorito de sódio visando diminuir ao máximo a
carga microbiana e pôr fim a extração da polpa.

Figura 9 - Fluxograma da extração da polpa de seriguela

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

3.2.3 Tratamento da água


36

A água, usada nas etapas de mosturação e clarificação é o ingrediente de maior


quantidade, consequentemente tem uma enorme importância no produto final. Ela deve ser
cristalina e transparente, oriunda de fontes naturais quando possível. Além disso, também deve
ser insípida e sem odor, apresentar valor de pH ideal entre 6,5 e 8 e atingir esse valor durante a
mosturação (MATOS,2011).
A água utilizada na indústria é proveniente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto
(SAAE), onde o fornecedor realiza o tratamento químico adequado, porém para a utilização no
processo de produção da cerveja é necessário passar por um processo de descoloração química,
ou seja, a retirada do cloro. O mesmo causa um efeito indesejável na ação das leveduras, durante
o processo de fermentação (SANTOS, 2018). A figura 10 representa o filtro de descoloração
da água.

Figura 10 - Filtro declorador de água para a indústria de bebidas e alimentos.

Fonte: FUSATI,2021.
37

3.2.4 Moagem

A moagem consiste na quebra do grão de malte ocasionada por uma ação mecânica,
essa quebra expõem o endosperma facilitando a ação das enzimas sobre o amido presente nele.
A moagem deve ser “grosseira”, para que a casca fique a mais intacta possível, em razão de
facilitar o processo de clarificação do mosto (HOMINI LÚPULO,2021). Dessa maneira quanto
menor a partícula do malte, maior será a superfície que pode ser atacada pelas enzimas, maior
será a decomposição dos componentes do malte, mais rápida será a velocidade de hidratação
na mosturação, mais rápido as substâncias solúveis pré formadas se dissolvem e melhor será o
extrato na filtração (COSTA,2014).
O moinho de malte industrial tem a capacidade de produção 1.500 a 1.800 kg por hora,
5,5 kW, composto por dois rolos que giram em direções opostas e garantem o acesso ao
endosperma sem danificar a estrutura externa. Esse modelo (figura 11) é ideal para
microcervejarias com capacidade de produção de até 2000 litros por batelada (SISTEMA DE
CERVEJARIA TCHECA, 2019).

Figura 11 - Moinho elétrico de malte

Fonte: Sistema de cervejaria Tcheca, 2019.


38

A moagem do resíduo de pão também é realizada no moinho elétrico de malte (Figura


11), em pedaços menores como mostra a figura 12, com o objetivo de facilitar a clarificação do
mosto.

Figura 12 - Moagem do resíduo de pão.

Fonte: Elaborado pela autora,2021.

3.2.5 Mosturação

Também conhecido como brasagem consiste na transformação das matérias primas


(água, malte e adjunto) em mosto (uma solução composta de carboidratos, açúcares simples,
aminoácidos, proteínas e sais minerais). Esse processo visa converter o amido do malte e do
pão em açúcares menores. As proteínas e os peptídeos das matérias primas também são
decompostos em partes menores, o que resulta na qualidade da espuma da cerveja (CENTRAL
BREW).
A mosturação constitui-se na mistura da água com o malte e o pão previamente moídos,
empregando o controle do tempo e temperatura de acordo com o tipo de cerveja a ser obtida.
Criando assim um ambiente favorável para que ocorra a ativação das enzimas e
consequentemente a degradação do amido por ação enzimática (COSTA,2014).
39

Essa etapa configura-se como uma das mais importantes, em virtude da determinação
das características da cerveja que se deseja obter ao final, bem como a cor, o corpo e o teor
alcoólico da bebida, tudo isso é designado pela quantidade e tipo de malte utilizado
(SANTOS,2018).
Diversos fatores influenciam o processo de brassagem da cerveja entre eles os mais
relevantes são a temperatura, o pH, a concentração do meio, a qualidade do malte e os
constituintes da moagem, visto que a atividade enzimática é totalmente dependente desses
fatores (BOULTON, 2013).
Na mistura de malte e água, deve-se usar a diluição correta, pois isso afetará a eficiência
do processo. Se a concentração for inferior ao valor indicado, a enzima será dispersa na água,
e a capacidade do amido de se converter em açúcar pode ser prejudicada. Já para uma
concentração muito alta, a ação da enzima será dificultada, afetando assim a eficiência. Além
disso, a relação água / malte é usada para calcular a densidade do mosto, que afeta o tipo de
cerveja produzida. O pH inicial da solução também deve ser ajustado ao pH desejado, no qual
ocorrerá a atividade da enzima a ser ativada (TSCHOEKE,2018). A Tabela 6 mostra os valores
de pH ideal para cada tipo de enzima presente no processo.

Tabela 6 - Valores ideais de pH para atuação das enzimas no processo de brassagem da cerveja.

ENZIMA pH IDEAL SUBSTRATO

Hemicelulares 4,5 a 4,7 Hemicelulose

Exopeptidases 5,2 a 8,2 Proteínas

Endopeptidades 5 Proteínas

Dextrinase 5,1 Amido

Beta-amilase 5,4 a 5,6 Amido

Alfa-amilase 5,6 a 5,8 Amido


Fonte: Adaptado de: TSCHOEKE (2018).

A granulometria do malte e do pão moídos são de grande importância, pois interferem


na ação da enzima sobre o amido. O tempo e as diversas faixas de temperatura devem ser
rigorosamente controlados durante a atividade enzimática, pois afeta diretamente no tipo da
cerveja a ser produzida (SANTOS,2018).
40

Por utilizar como adjunto o pão, uma fonte de amido que gelatiniza em baixa
temperatura, a brassagem com múltiplas rampas ou paradas de temperatura foi o método
utilizado na elaboração dessa cerveja artesanal (VENTURINI,2001).
De acordo com Mizrahi (2020) as ações enzimáticas mais importantes são executadas
pelas enzimas amilases, que transformam o amido em açúcares fermentáveis como maltose e
não fermentáveis, a dextrina. Essa conversão é diretamente proporcional à quantidade de álcool
presente na cerveja, ou seja, quanto maior a conversão de açúcares fermentáveis maior a sua
disponibilidade para serem convertidos em álcool, portanto mais leve é o corpo da cerveja. Já
as proteases convertem proteínas em peptídeos e aminoácidos, e atuam na estabilidade da
espuma da bebida, o quanto menos ocorrer essa conversão maior será a retenção da espuma. As
partículas de amido são envolvidas por uma camada de proteína, consequentemente se as
proteases não realizarem a sua ação adequadamente com o objetivo de obter uma espuma mais
densa, menor será a eficiência das amilases na quebra do amido (MORADO,2017).
Segundo Homini Lúpulo (2011) o processo no geral consiste no cozimento do malte e
adjunto (o pão) na água sendo subdivido em algumas faixas de temperatura. Na faixa de
temperatura entre 55 °C e 72°C ocorre a sacarificação, onde o objetivo é a degradação dos
açúcares maiores que irá interferir na capacidade de fermentação do mosto, no teor alcoólico e
corpo da cerveja. A formação de açúcares menores indica que são transformados mais
facilmente em álcool e CO2 pela levedura. Portanto quanto mais açúcares não fermentáveis,
não metabolizados pelo fermento forem gerados, mais o produto final terá mais corpo, menos
álcool e mais doçura. Nessa etapa ocorre a atuação de duas enzimas:
● Beta-amilase (55-65°C) ocorre a produção de açúcares fermentáveis, inferindo
ao produto final menos corpo e mais álcool;
● Alfa-amilase (68-72°C) ocorre a produção de açúcares maiores, a maioria não
fermentáveis. Como o açúcar não é mais fermentado, o resultado é uma cerveja
mais doce, mais saturada e com baixo teor de álcool.
A inativação das enzimas (75-79°C) consiste na fase final da mosturação, com o
objetivo de parar a atividade das enzimas, ou seja, degradação total do amido pela ação da alfa-
amilase e beta-amilase formando maltose, glicose e moléculas menores de dextrina. Nessa
etapa a temperatura do mosto não pode ultrapassar 80°C, para evitar sabores indesejáveis
provenientes da extração de polifenóis (TSCHOEKE, 2018).
Durante o processo de aquecimento, para saber se todo o amido foi convertido em
açúcar, é necessário um teste de iodo. Este teste mostra que quando o iodo deixa de aparecer
41

azul-púrpura, a hidrólise termina. Esta é a característica da reação entre o amido e iodo (à


temperatura ambiente) (VENTURINI, 2001), como mostra a figura 13.

Figura 13 - Teste do iodo na cerveja. (A) Mosturação incompleta, forte presença de amido. (B) Mosturação
incompleta, ainda existem vestígios de amido. (C) Mosturação completa, não existem indícios de amido.

Fonte: THESSELING et al.,, 2019.

A brassagem ocorre na tina de mosturação (Figura 14), são cilindros com um agitador
e uma camisa de aquecimento, constituído de material inox. A figura 15 mostra o conjunto de
recipientes (sala de brassagem) utilizados na produção da cerveja nas etapas de mosturação,
filtração e fervura do mosto.

Figura 14 - Esquema de uma tina de mosturação industrial

Fonte: Mizrahi,2020.
42

Figura 15 - Sala de brassagem.

Fonte: Panelox, 2020.

3.2.6 Clarificação

Após a mosturação, a próxima etapa é a clarificação, também chamada de filtração, que


consiste na separação dos resíduos sólidos chamado bagaço do malte, da parte líquida o mosto,
sendo esse o resultado da extração dos compostos solúveis presentes no malte e no adjunto.
Ocorre a formação de uma camada filtrante no fundo falso da tina de filtração, proveniente da
casca do malte (SANTOS,2018).
Esse mosto filtrado é recirculado e adicionado ao tanque por cima de forma dispersa,
para não desarranjar a camada filtrante do fundo, para não expor a cama de grão realiza-se a
adição de água (MIZRAHI,2020), a figura 16 representa o esquema do tanque de filtração. A
diluição do mosto ocorre por meio da adição de água a mesma temperatura, em torno de 75°C,
até obter um rendimento adequado (COIMBRA,2010). Além disso, a adição de água permite
obter a extração máxima dos açúcares (extrato), responsáveis pelo corpo da cerveja e a
clarificação do mosto, evitando a passagem de cascas do malte para o processo de fervura e a
liberação de taninos, substância capaz de provocar adstringência no sabor da bebida final
(TSCHOEKE,2018).
43

Figura 16 - Esquema do tanque de filtração.

Fonte: MIZRAHI, 2020.

O bagaço resultante da clarificação é rico em proteínas, sais minerais, celulose e alguns


açúcares, mesmo após a lavagem. Uma excelente fonte para alimentação animal
(MATOS,2011).

3.2.7 Ebulição do mosto

A fervura do mosto com a adição do lúpulo tem como objetivo a determinação da


estabilidade biológica e coloidal, além do desenvolvimento do aroma, sabor e cor. Ocorre a
estabilização dos componentes pela inativação da amilase e da protease. Esse processo leva
aproximadamente 60 a 90 minutos. Além da caramelização de alguns açúcares, outros efeitos
da ebulição do mosto incluem aromatização, concentração e esterilização (PICCINI,
MORESCO e MUNHOS,2002).
Os cones lúpulo pode ser adicionados no meio ou fim da ebulição, de maneira total ou
fracionada, com o intuito de evitar a perda dos óleos essenciais que são voláteis a altas
temperaturas (PICCINI, MORESCO e MUNHOS,2002).
Segundo Matos (2011) os principais objetivos da ebulição do mosto são:
44

● Estabilização biológica - mesmo após a maturação e clarificação existe a presença de


microrganismos, devido ao mosto apresentar condições ideais, a fervura esteriliza o
mosto, juntamente com o pH ácido (abaixo de 5,5) torna o ambiente não favorável para
esses contaminantes;
● Estabilização bioquímica - inativação da enzima alfa-amilase;
● Estabilização físico química - as proteínas de cadeia longa são desnaturadas, com isso
floculam, precipitam e decantam levando com elas polifenóis e taninos que serão
eliminados em outra etapa;
● Extração e transformação dos componentes do lúpulo - com o aquecimento ocorre a
extração do aroma e amargor provenientes do lúpulo;
● Concentração do mosto - ocorre a evaporação da água, obtendo assim o mosto na
concentração desejada.
A ebulição geralmente ocorre em caldeiras de aço inoxidável (Figura 17) com
trocadores de calor, proporcionando um aquecimento indireto. O mosto clarificado segue para
o resfriamento (VENTURINI,2001).

Figura 17 - Caldeira de ebulição (Sala de brassagem).

Fonte: GEA,2021.
Existem vários métodos, cada qual com suas vantagens e desvantagens, para a escolha
da etapa de produção que deve se adicionar a fruta, neste trabalho optou por adicionar o extrato
de seriguela ao mosto, após a fervura.
As vantagens da adição da fruta nesse momento é a eliminação de bactérias
contaminantes presente na fruta, ajuda a resfriar o mosto e a melhor conversão dos açúcares da
45

fruta em fermento. Entretanto, esse método escolhido tende a eliminar parte do sabor e aroma
das frutas por volatilização, tornando o paladar da fruta menos perceptível (HOMINILUPULO,
2018).

3.2.8 Resfriamento e aeração

Após a ebulição a próxima etapa é o resfriamento, que tem por objetivo reduzir a
temperatura do mosto de 100°C para a temperatura ideal de inoculação do fermento. A faixa de
temperatura que o mosto deve atingir para fermentação das leveduras vai depender do tipo de
cerveja pretendida, podendo ser uma cerveja de baixa fermentação com a temperatura variando
entre 8 e 15°C ou entre 15°C e 23°C para alta fermentação (SCHAEFFER, BRAZ, ROSALINO
e PIZETTA, 2002).
Para o resfriamento é utilizado um trocador de calor do tipo placa, que proporciona a
rapidez dessa etapa, sendo necessário para promover a descontinuação da produção de DMS
(Dimetil Sulfeto), substância que provoca a formação de características sensoriais indesejáveis.
O resfriamento rápido proporciona a esterilização do mosto evitando o aparecimento de
microrganismos que atuam na faixa de temperatura entre 35°C e 65°C e previne a ocorrência
do cold break, fenômeno que causa turbidez na cerveja (ARAUJO,2019). A figura 18 mostra o
esquema da troca de calor utilizada nessa etapa, a seta azul simboliza água, o líquido de
resfriamento, e a seta em vermelho o mosto quente.

Figura 18 - Trocador de calor do tipo placa.

Fonte: Slideshare, 2012.


46

Durante o processo de resfriamento ocorre a retirada do trup quente do mosto, que


corresponde às partículas de proteína coaguladas e resíduos de bagaço, que podem interferir na
qualidade da fermentação e favorecendo a formação de ésteres e álcoois de grande cadeia
molecular e outras substâncias indesejáveis (DELCOR,2019).
O trocador de calor em placas é eficiente na transferência de calor, porém não realiza a
aeração do mosto, ou seja, a inoculação de oxigênio que é indispensável para o processo
oxidativo realizado pela levedura, como a respiração. O oxigênio inclusive é utilizado pela
levedura para gerar ácidos graxos insaturados e ésteres que formam a membrana celular. Na
antiguidade a aeração era feita em tanques abertos ao mesmo instante do resfriamento, porém
tratava-se de um procedimento sem garantia de assepsia do mosto (MIZRAHI, 2020).
A introdução de ar estéril ou oxigênio puro pode ocorrer antes, durante ou depois do
trocador de calor, porém existem algumas ressalvas. Se adicionado no mosto quente, o gás para
se dissolver precisa oxidar os taninos presentes no mosto, causando o escurecimento do mesmo.
Injetando o oxigênio depois do resfriamento, não ocorre essa oxidação, entretanto, a absorção
do gás fica mais difícil. A solução utilizada pela indústria cervejeira é a introdução de parte do
oxigênio antes do trocador de calor, ou seja antes do resfriamento, e o restante no mosto frio,
evitando assim a oxidação dos taninos, consequentemente o escurecimento do mosto
(VENTURINI, 2001).

3.2.9 Fermentação

Durante a fermentação, as leveduras do gênero Saccharomyces sendo a principal espécie


Saccharomyces cerevisae são adicionadas ao mosto anteriormente aerado, multiplicam-se
exponencialmente devido ao oxigênio presente no meio. Após o total consumo de oxigênio, o
meio torna-se anaeróbico, com isso tem início a conversão dos açúcares fermentescíveis
(glicose, maltose, frutose, sacarose e maltotriose) provenientes da mosturação, em etanol e CO2
(ARAÚJO, 2016). Além da geração desses compostos, também são produzidos álcoois
superiores (isoamílico, propanol, isobutanol, butanol, etc,) presentes até um determinado
momento da fermentação, e se houver uma boa execução da fermentação, um bom controle de
temperatura e a adição da quantidade correta de leveduras, esses álcoois serão mantidos em
concentrações baixas, dessa forma evitando a sua influência sobre a qualidade, aroma e sabor
da cerveja (CONCERVEJA,2017).
47

A adição das leveduras vai depender do teor de extrato, composição, nível de aeração e
temperatura do mosto. A concentração ideal das leveduras no mosto é de 107 cel/mL, a
quantidade adicionada tem como objetivo resultar numa concentração de 5 a 15 milhões de
células por mililitro de mosto (VENTURINI,2001).
O fermento utilizado foi o SafAle WB-06 empregado na fermentação de cervejas de
trigo, produzindo um sabor esterificado e fenólico, o produto final tende a apresentar uma
sedimentação baixa e gravidade alta (WE CONSULTORIA,2021).
De acordo com os estudos de Piccini, Moresco e Munhos (2002) a fermentação pode
ser dividida em três etapas, sendo essas:
● Adaptação: as leveduras se adaptam ao meio que foram inoculadas, ocorre nas
primeiras horas após a adição do fermento. As leveduras estão metabolicamente
ativas, porém não há consumo expressivo de carboidrato, apenas de oxigênio e
nitrogênio presentes no mosto;
● Multiplicação: Ocorre o crescimento das leveduras com o consumo de
carboidratos (glicose, maltose, frutose e maltotriose) e consequentemente a
produção de CO2 e etanol. A temperatura, níveis de açúcares e aeração são
fatores que influenciam essa fase;
● Estacionária: A quantidade de nutrientes do mosto não é suficiente para permitir
que a levedura mantenha o metabolismo dos carboidratos, dessa forma as células
atingem um estado estagnado, aumentando a floculação e a taxa de sedimentação
da levedura.
Segundo Piccini, Moresco e Munho, (2002) a fermentação ocorre em tanque
fermentador maturador fechado cilíndrico cônico (Figura 19) num sistema de batelada,
empregando a temperatura entre 18 e 22 °C durante 5 a 7 dias, caracterizando uma cerveja de
fermentação alta. Esse sistema fechado apresenta alguns benefícios como:
● Controle de temperatura por meio das camisas de refrigeração, garantindo uma
maior qualidade ao produto final
● Poucas perdas durante o processo;
● A levedura é facilmente sedimentada pela estrutura cônica do fermentador;
● Fermentação mais rápida, devido à grande agitação do CO2 produzido.
48

Figura 19 - Fermentador maturador cilíndrico cônico.

Fonte: Egisa, 2021.

O progresso do processo de fermentação é acompanhado pela diminuição dos açúcares


fermentáveis, como também a produção de gás carbônico, pois quando essa cessa indica o fim
do processo fermentativo (SOUZA,2018).
Durante o processo de fermentação, o valor do pH diminui em pelo menos uma unidade
devido ao ácido orgânico produzido. Na cerveja, o valor do pH varia entre 4,3 e 4,6. O processo
dura cerca de 5 a 7 dias, e a chamada cerveja "verde" será obtida como produto
(TSCHOEKE,2018). Também são resultados da fermentação a diminuição do oxigênio
dissolvido e a formação de compostos aromáticos responsáveis pelo sabor de cada tipo de
cerveja (SILVA,2018).

3.2.10 Maturação

Na maturação, também chamada de segunda fermentação transcorre o repouso da


bebida resfriada, resultando na clarificação e o “amadurecimento” da cerveja “verde”. As
reações ocorridas nessa etapa auxiliam na geração de aromatizantes essenciais, proporcionam
um melhor sabor e evita a oxidação da cerveja (SILVA,2018).
Segundo Venturi (2001) a maturação tem como objetivo:
● Iniciar o processo de clarificação, com a remoção, por sedimentação, das células
de levedura, substâncias amorfas e outros elementos que causam turbidez;
49

● Reduzir as concentrações de diacetil (principal subproduto dessa etapa,


composto orgânico volátil que possui sabor de manteiga), acetaldeído, ácido
sulfúrico e o teor de éster, melhorando assim o aroma e sabor da bebida;
● Saturação da cerveja com gás carbônico;
● Evitar a ocorrência de oxidações, que causam características sensoriais
indesejáveis;
● Melhoria na estabilidade coloidal.
De acordo com Araújo (2016), nessa etapa pode ocorrer a inclusão de aditivos que
melhoram o sabor, o aroma e a cor; promovem uma melhor estabilidade da espuma, além disso,
previne a contaminação. Ocorre também a carbonatação da cerveja, em virtude do gás carbônico
produzido pela atividade das leveduras e a compressão de CO2 no tanque de fermentação.
Para que ocorra os benefícios esperados na maturação, a cerveja “verde” deve apresentar
um nível de extrato fermentável (0,5 a 1,5%) e uma concentração de leveduras em torno de 2 a
5.106 Cel/ml (ARAÚJO,2016).
A maturação acontece no mesmo tanque da fermentação (Figura 19), numa temperatura
de 0°C com duração de duas semanas (MIZRAHI,2020).

3.2.11 Carbonatação

Ao final da maturação a cerveja não possui o teor de oxigênio necessário para atender
as características do produto, portanto, na etapa de carbonatação é injetado na cerveja o gás
carbônico proveniente da etapa de fermentação. Essa adição ocorre diretamente na linha de
produção, com isso, após carbonatada a cerveja segue para as torneiras de envase
(DELCOR,2019).

3.2.12 Envase e rotulagem

As garrafas podem ser divididas em dois tipos, recicláveis ou não recicláveis. Os


produtos recicláveis precisam ser limpos e desinfetados para uso posterior. Recipientes
descartáveis como latas só precisam ser limpos, primeiro com ar esterilizado sob pressão e, em
seguida, com água esterilizada (PICCINI, MORESCO e MUNHO, 2002).
No envase em garrafa de vidro ocorre primeiramente a pressurização e retirada do ar, a
partir daí a cerveja é adicionada à garrafa por meio de um tubo longo, enchendo a partir do
50

fundo, após o enchimento a garrafa é fechada com tampa de metal e adicionada o rótulo com
todas as informações necessárias e data de fabricação e validade (Figura 17) (MIZRAHI,2020).

Figura 20 - Enchedora automática.

Fonte: Compomaq, 2021.

3.2.13 Pasteurização

Técnica criada em 1980 pelo cientista francês Louis Pasteur, a pasteurização tem a
finalidade de minimizar ou eliminar os microrganismos deteriorantes dos alimentos e bebidas,
no caso da cerveja proporciona também a estabilidade e aumento da vida útil de prateleira, pois
evita o crescimento de bactérias e leveduras que nessa fase de produção podem gerar sabores
indesejáveis, como por exemplo a geração de ácido láctico (CONCERVEJA, 2017).
Para essa cerveja artesanal é utilizado o pasteurizador tipo túnel (Figura 21), onde a
cerveja já engarrafada passa por uma esteira e recebe um banho de água, por aspersão e o líquido
no interior da garrafa atinge 60-65°C. Após o aquecimento as garrafas recebem a aspersão de
água fria (PICCINI, MORESCO e MUNHO, 2002).
51

Figura 21 - Pasteurizador tipo túnel, com banho por aspersão.

Fonte: Bollfilter,2021.

Cada microrganismo suporta uma UP (Unidade de Pasteurização) consiste numa relação


entre tempo e temperatura que deve ser empregada no processo de pasteurização da cerveja, a
UP é determinada pela equação 1.
UP= Tempo x 1,393 (t+60) (Equação 1)

3.2.14 Armazenamento e expedição

As garrafas são armazenadas no estoque de produto acabado, acondicionadas em caixas


de papelão, oriundo de uma cooperativa que produz papelão com utilização de papel reciclado
(Figura 22). O armazenamento também ocorre em grades plásticas retornáveis (Figura 23).

Figura 22 - Embalagem de papelão para garrafas de vidro.

Fonte: Freepik, 2021.


52

Figura 23 - Grades plásticas retornáveis.

Fonte: Dreamstime,2021.

3.3 Layout simplificado

A cervejaria Musa fica localizada às margens da BR 406 Km 145 em Ceará Mirim/RN. O


layout da cervejaria foi elaborado atendendo as normas exigidas na Portaria nº 326, de 30 de
julho de 1997 (BRASIL, 1997), que aprova o Regulamento Técnico “Condições Higiênico -
Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtor de alimento
Industrializados”. O layout, como mostrado na figura 24, contará com uma área de 1500 m2.
53

Figura 24 - Layout simplificado

Fonte: Elaborada pela própria autora, 2021.


54

Os itens enumerados no layout do ambiente fabril correspondem aos seguintes


equipamentos e áreas: (1) Area de moagem; (2) Sala de mosturação, equipamento Tri-Bloco; (3)
Tanques de fermentação e maturação; (4) Envasadora e rotuladora; (5) Pasteurizador; (6) Sala de
higienização das mãos.
55

4 BALANÇO MASSA E ENERGIA

Os balanços de massa e energia são fundamentais para que se tenha o conhecimento sobre
um determinado processo, analisando a quantidade de matéria e energia fluindo por ele. A lei
de Lavoisier (conservação de massa) avalia as correntes mássicas de entrada e saída de cada
operação unitária que acontece no processo, assegurando a veracidade da lei que diz: “Na
natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Essa transformação da matéria
necessita de um gasto energético, com isso a 1° lei da termodinâmica é utilizada para analisar
o fluxo de entrada e saída de energia em cada etapa do processo, como também em suas mais
diversas formas (FELDER; ROUSSEAU, 2011).
4.1 Balanço de massa

Para cálculos do balanço de massa foram considerados a receita da cerveja para uma
batelada de 1000 L (tabela 5).

Tabela 5 - Receita da cerveja para uma batelada de 1000 L.


MATÉRIA PRIMA
Malte 180 Kg
Resíduo de pão 84,6 Kg
LÚPULO
Hallertau Tradition T90
(Fervura 90 min) 2,3 Kg
LEVEDURA
SafAle WB-06 0,85 KG
MOSTURA
Repouso 65 °C 20 minutos
Repouso 72 °C 40 minutos
Repouso 78 °C 10 minutos
FILTRAÇÃO
Densidade do mosto primário 1063 g/L
FERVURA
Densidade antes do início da
fervura 1040 g/L
Tempo de fervura 90 min
Densidade do mosto pós
fervura 1046 g/L
FERMENTAÇÃO
Temperatura
Tempo 7 dias
56

Densidade final 1010 g/L


MATURAÇÃO
Tempo 15 dias
Temperatura 2 °C
ASPECTOS GERAIS
Álcool (v/v) 4,70%
Fonte: Adapatado de Delcor (2019).

Segundo JÚNIOR & CRUZ (2010), o balanço de massa total consiste na massa total de
todos os componentes que entram e saem do sistema. A produção da cerveja ocorre num sistema
de batelada, onde a alimentação é introduzida numa única vez no início do processo e os
produtos são retirados durante algumas etapas por meio de uma fronteira, seja ela uma corrente,
um equipamento ou processo. A figura 25 representa a equação geral do balanço de massa.

Figura 25 - Equação geral de balanço de massa

Fonte: Elaborada pela própria autora, 2021.


Onde:

mentra = massa que entra por meio das fronteiras do sistema;


msai = massa que sai por meio das fronteiras do sistema;
mgerada = massa produzida dentro do sistema;
mconsumida = massa consumida dentro do sistema;
macumulada = massa acumulada dentro do sistema (dm/dt).

Considerando a produção da cerveja um processo em batelada, não havendo reações


químicas e apenas uma única entrada de alimentação inicial no instante (t=0) e uma única saída
após um tempo decorrido (instante final: tf), dessa maneira, a equação do balanço de massa
geral é descrita pela equação 1.
57

Equação 1 – Equação de balanço de massa geral


𝑑𝑚
=0
𝑑𝑡

Onde: dm/dt representa o acúmulo.


Depois de integrar a equação 1, de um instante (ti = 0), onde ocorre a entrada da massa
no instante inicial (mentra) até o último instante (tf), onde temos uma massa que sai naquele
instante (msai), com isso temos a equação final do balanço de massa (equação 2).

Equação 2 - Equação final para o balanço global em regime de batelada e sem reação química.
𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = 𝑚𝑠𝑎𝑖
A base de cálculo foi estabelecida de acordo com a quantidade de cerveja a ser obtida
ao final do processo, de 1000L/batelada, para atender a demanda do mercado e a capacidade
produtiva da indústria. Para os cálculos não foi considerado as etapas de maturação,
resfriamento e pasteurização, pois não ocorrem variações de massa significativa. Dessa
maneira, os cálculos devem ser iniciados na etapa de carbonatação.

4.1.1 Carbonatação

Segundo os estudos de Aquarone et al. (2001), antes do envase a cerveja apresenta 2,5
a 2,8 (v/v) de gás carbônico, tendo em vista que a cerveja não atingi a concentração desejada
do gás, deve se adicionar em torno de 2,65 % (v/v) no processo. Para uma batelada de 1000 L,
deve se adicionar 26,5 kg de gás carbônico. De acordo com a FISPQ 119 elaborada pela White
Martins (2001), o gás carbônico apresenta uma densidade de 1,522 g/L. Multiplicando esse
valor pela quantidade a ser adicionada, temos 40,33 g ou 0,040 kg de gás carbônico para 1000
L de cerveja.
A tabela 5, apresenta a densidade final da cerveja igual a 1010 g/L, calculando o volume
final, considerando 1000 L, temos que a massa final da cerveja deve ser de 1010 kg.
Utilizando a equação 2, pode se determinar a quantidade de mosto clarificado
adicionado a essa etapa.

𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = 𝑚𝑠𝑎𝑖
mmosto clarificado + mCO2 = mcerveja
mmosto clarificado + 0,040 kg = 1010 kg
58

mmosto clarificado = 1009,96 kg

A figura 26 representa o balanço de massa na etapa de carbonatação.

Figura 26 - Balanço de massa na etapa de carbonatação.

Fonte: Elaborada pela autora,2021.

4.1.2 Fermentação

Antes do início da fermentação é adicionado ao mosto o extrato de seriguela, que


apresenta uma densidade de 1115 g/L, calculado em laboratório experimental. Foi utilizado 120
L de extrato da fruta, multiplicado pela densidade, temos 133,8 kg de extrato de seriguela para
1010 kg de cerveja.
De acordo com a receita apresentada na tabela 5, o teor de álcool (v/v) na cerveja pronta
é de 4,7 %, portanto, 1000 L de cerveja tem se 47 L de etanol. De acordo com Delcor (2019), a
densidade do álcool etílico é de 789 g/L, esse valor multiplicado pelo volume de etanol, temos
o total de 37,08 kg de etanol para 1010 kg de cerveja.
Segundo Delcor (2019) o etanol constituinte da cerveja é proveniente da fermentação
das leveduras. De acordo com a reação da fermentação alcoólica, pode-se obter as quantidades
de 124,85 kg de açúcares fermentáveis e 0,85 kg de levedura formando 37,08 kg de etanol e
34,96 kg de CO2.
𝑎çú𝑐𝑎𝑟 + 𝑙e𝑣𝑒𝑑𝑢𝑟𝑎 + 𝑜𝑥𝑖𝑔ê𝑛𝑖𝑜 → 𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 + 𝐶𝑂2
150𝑔/𝐿 ∶ 1 𝑔/𝐿 ∶ 0,025𝑔/𝐿 ∶ 45𝑔/𝐿 ∶ 42𝑔/L
124,85 kg : 0,85 kg : 2,08 kg : 37,08 kg : 34,96 kg

De acordo com o balanço de massa (equação 2), obteve-se a quantidade do mosto


aerado.
59

𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = 𝑚𝑠𝑎𝑖
mmosto aerado + mlevedura = mCO2 + mmosto clarificado
mmosto aerado + 0,85 kg = 37,08 kg + 1009,96 kg
mmosto aerado = 1046,19 kg

Considerando a adição de 133,8 kg de extrato de seriguela, juntamente com o mosto


aerado 1046,19 kg e a levedura 0,85 kg, temos a quantidade de material durante a fermentação.
O açúcar proveniente da fermentação forma 37,08 kg de CO2 que é eliminado nesta etapa.
Portanto, o mosto resultante da fermentação corresponde a 1143,76 kg de cerveja (figura 27).

Figura 27 - Balanço de massa na etapa de fermentação.

Fonte: Elaborada pela própria autora, 2021.

4.1.3 Aeração

Segundo Parker (2008), para obter se a concentração adequada de ar no mosto, deve-se


injetar 180 litros de ar estéril em 1,6 hectolitros de mosto. De acordo com a receita (tabela 5) a
densidade do mosto após fervura é igual a 1046 g/L, deve se considerar a mesma para o mosto
aerado, com isso o volume do mosto aerado é de 1000,2 L ou 10,00 hL. Utilizando a proporção
de ar estéril necessário, será necessário 1125 l de ar estéril. A densidade do oxigênio em 1 atm
é igual a 1,105 g/L (DELCOR,2019), portanto, será adicionado ao mosto 1,24 kg de oxigênio.
Calculando o balanço de massa na aeração, por meio da equação 2, pode se determinar
a quantidade do mosto após o trub quente e o que a sai da aeração.
60

𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = 𝑚𝑠𝑎𝑖
mtrup quente + mar estéril = mmosto aerado
mtrup quente + 1,24 kg = 1046,19 kg
mtrup quente = 1044,95 kg

A figura 28, representa o balanço de massa na aeração.

Figura 28 - Balanço de massa na etapa de aeração.

Fonte: Elaborada pela própria autora, 2021.

4.1.4 Trub quente

A quantidade de trub quente retirado varia em torno de 0,22 – 0,26 kg/hL de mosto
considerando a média, 0,24 kg/Hl (CENTRAL BREW,2021). A partir da densidade do mosto
1046 g/l e a massa 1044,95 kg após a retirada do trub é determinado o volume de saída igual a
1000 L e uma massa de trub quente igual a 2,40 kg.
Utilizando a equação 2, determina se o balanço de massa nessa etapa.

𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = 𝑚𝑠𝑎𝑖
mmosto pós ebulição = mtrub quente + mmosto pós retirada do trub
mmosto pós ebulição = 2,40 kg + 1044,95 kg
mmosto pós ebulição = 1047,35 kg
Dessa maneira, antes da retirada do trub quente tem se 1047,35 kg de mosto. A figura
29 demonstra o balanço de massa nessa etapa.
61

Figura 29 - Balanço de massa na etapa de retirada do trub quente.

Fonte: Elaborada pela própria autora, 2021.

4.1.5 Ebulição do mosto

Segundo Venturini (2001), durante a ebulição do mosto, a taxa de evaporação do


volume do mosto pode ser entre 5 e 10% por hora. Considerando o valor aproximado da média,
a taxa de evaporação para fins de cálculo será de 8%. De acordo com a receita (tabela 5), o
tempo de fervura é de 90 minutos, portanto, 12% do mosto é evaporado nessa etapa.
Considerando a densidade e a massa do mosto de 1046 g/L e 1047,35kg respectivamente, o
volume evaporado na fervura é de 120,15 L de vapor d’água.
De acordo com Delcor (2019), a densidade da água é de 1 atm e 100°C é de 958,4 g/L
multiplicando pelo volume de vapor eliminado, conclui se que 115,15 kg de massa de vapor é
eliminado no processo. Como demonstra a receita (tabela 5) são adicionados 2,3 kg de lúpulo,
por meio da equação 2 pode se calcular o balanço nessa etapa.

𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = 𝑚𝑠𝑎𝑖
mmosto clarificado + mlúpulo = mvapor + mmosto pós ebulição
mmosto clarificado + 2,3 kg = 115,15 kg + 1047,35 kg
mmosto clarificado = 1160,2 kg

A figura 30 representa o balanço de massa na etapa de ebulição.


62

Figura 30 - Balanço de massa na etapa de ebulição.

Fonte: Elaborada pela própria autora, 2021.

4.1.6 Mosturação e clarificação

Pode-se considerar as duas etapas como um único processo de controle, tendo em vista
que o bagaço que sai da clarificação depende diretamente da quantidade de malte e resíduo de
pão adicionado à mosturação.
De acordo com a receita (tabela 5), 180 kg de malte e 84,6 kg de pão compõem as fontes
de açúcares fermentáveis do mosto. Segundo Dinslaken (2016), a proporção de água primária
utilizada na mosturação é de 2,5 L de água/kg de grão (malte e resíduo de pão), portanto para
264,6 kg de grão são necessários 661,5 L de água. Considerando a densidade 1000g/L
(DELCOR, 2019), é necessário 661,5 kg de água entrando na misturação.
Cada 100 kg de grão utilizado gera em torno de 125 a 130 kg de bagaço úmido
(FILLAUDEAU et al., 2006). Considerando o valor médio de 127,5 kg para cálculo do bagaço
úmido, temos então que utilizando 264,6 kg de grão são gerados 337,36 kg de bagaço úmido.

𝑚𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = 𝑚𝑠𝑎𝑖
mágua primaria + mmalte e pão + máguasecundaria = mresíduo + mmosto clarificado
661,5 kg + 264,6 kg + máguasecundaria = 337,36 + 1160,2 kg
máguasecundaria = 571,46 kg
63

Contudo, deve-se adicionar 571,46 kg de água secundária no processo. A figura 31


representa o balanço de massa nessas duas etapas.

Figura 31 - Balanço de massa na mosturação e filtração.

Fonte: Elaborada pela própria autora, 2021.

A soma da água primária com o malte e resíduo de pão equivale a 926,1 kg, isso define
o volume na tina de mosturação, considerando a densidade 1063 g/L, tem se o equivalente a
871,21 L de mosto.

4.2 Balanço de energia

Sabendo que em cada batelada a massa de mosto que entra no trocador de calor para ser
resfriado é de 1046,2 kg, será utilizada uma vazão de 3000 kg/h, dessa forma o mosto passa
cerca de 20 min no trocador de calor. O trocador de calor irá resfriar o mosto de 100 °C para
20°C, utilizando água como fluido frio, a 10°C e a uma vazão de 5000 kg/h, em regime
contracorrente.
Considerando que a quantidade de calor cedida pelo mosto é igual a quantidade de calor
recebida pela água, pode-se calcular a temperatura de saída da água pelo balanço mostrado na
equação 3. Para a água, como o calor específico varia pouco com a temperatura, podemos adotar
o valor de aproximadamente 4,180 kJ/kg. K (INCROPERA, 2008). Para o mosto, segundo
Gerhardt (2017), o calor específico à pressão atmosférica é 4,184 kJ/kg.
Qm = QH2O
𝑚̇m . Cpm (Tem -Tsm) = 𝑚̇H2O (Ts H2O – Te H2O)
64

𝐾𝑔 𝐾𝐽 𝐾𝑔 𝐾𝐽
3000 . 4,184 𝐾𝑔.𝐾 (100 -20) °C = 5000 . 4,180 𝐾𝑔.𝐾 (Ts H2O – 10) ° C
ℎ ℎ

Ts H2O = 58,05 °C = 58 °C

A área total de troca térmica é calculada utilizando a equação geral de projeto de trocador
de calor (equação 4).
Q = U. Atotal . ΔTml
i. Calor retirado do mosto
Como dito anteriormente, a quantidade de calor perdida pelo mosto é igual a
quantidade de calor recebida pela água, logo:
Qm = QH2O
Qm = 𝑚̇m . Cpm (Tem -Tsm)
𝐾𝑔 𝐾𝐽
Qm = 3000 . 4,184 𝐾𝑔.𝐾 (373 -293) K

𝐾𝐽 𝐾𝐽
Qm = 1004160 = 278,93 = 278,93 KW
ℎ 𝑠

ii. Média logarítmica das diferenças de temperatura (MLDT ou ΔTml).


A figura 32, demostra as variações de temperatura nas entradas e saídas do trocador
de calor utilizadas para o cálculo da média logarítmica das diferenças de
temperatura, utilizando a equação abaixo.

𝛥𝑇1 – 𝛥𝑇2
ΔTml = 𝛥𝑇1
𝑙𝑛𝑙𝑛
𝛥𝑇2

Onde,
ΔT1 = (100 – 58) °C = 42°C
ΔT2 = (20 – 10) °C = 10°C
(42−10)°𝐶
ΔTml = 42 = 22,3 °C
𝑙𝑛
10

Figura 32 - Entradas e saídas no trocador de calor.

Fonte: Elaborada pela autora, 2021.


65

iii. Coeficiente global de troca térmica


Considerando que o mosto é composto em sua maioria de água, de acordo com
Incropera (2008), o coeficiente global de troca térmica para um trocador de calor
onde o fluido quente é água e o fluido frio também é água, encontra-se em torno de
850 - 1700 W/m²K. Sendo assim, foi considerado o valor médio de 1275 W/m²K
para o coeficiente global de troca térmica.

Portanto, a área total de troca térmica pode então ser calculada pela equação geral de
projeto de trocador de calor (equação 05).

Q = U. Atotal . ΔTml
𝑄
Atotal = 𝑈.∆𝑇𝑚𝑙
278,93 𝐾 .103 𝑊
Atotal = 𝑊
1275 2 .22,3𝐾
𝑚

Atotal = 9,81 𝑚2

Adicionando uma margem de segurança de 20%, temos então que área total de troca
térmica é 11,77 m².
Para determinação do número de placas necessárias, foi escolhido o modelo de trocador
de calor Alfa Laval modelo M6, que possui as características mostradas na tabela 6 abaixo.

Tabela 6 - Característica do trocador de calor Alfa Laval modelo M6.


Características Valor
Largura da placa 0,32 m
Altura da placa 0,92 m
Superfície por placa 0,29 m
Vedação 0,014 m
Superfície máxima
de transferência de 38 m
calor
AISI 304,316
Material das placas
Titânio
Espessura média das
0,001 m
placas
Fonte: Alva Larval,2021.
66

Assim, o número de placas necessárias no trocador de calor é calculado utilizando a


equação 6 abaixo:
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑁𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠 = 𝐴𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎

11,77
𝑁𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠 =
0,29
𝑁𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠 = 40 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠
67

5 ANÁLISE ECONÔMICA

A implantação de uma microcervejaria engloba diversos tipos de despesas, considerados


gastos de produção, os quais são divididos em divididos em fixos e variáveis. Essa análise
econômica é de grande importância, pois permite estudar a viabilidade de implantação do
produto no mercado, o seu preço final e o seu custo de produção. Os cálculos da análise
financeira foram projetados para uma produção mensal de 40.000 litros de cerveja artesanal,
sendo essa dividida em duas bateladas de 1000 L por dias, com produção durante 20 dias ao
mês.
A análise econômica desenvolvida para a cerveja Musa levou em consideração o
investimento fixo inicial (equipamentos e utensílios de produção, mobília, eletrodomésticos e
veículo), custos fixos (aluguel, mão de obra e internet) e os custos variáveis (matéria prima e
embalagens), sendo esse último dependente do volume de produção mensal e os demais
totalmente independente.

5.1 Investimento fixo inicial

O investimento fixo inicial engloba os gastos com equipamentos e utensílios utilizados nas
etapas de produção (tabela 7), de acordo com o fluxograma (figura 8), como também todos os
móveis e eletrodomésticos (tabela 8). Os valores foram obtidos por meio de pesquisa em sites
de venda na internet no mês de março de 2021. Com a definição dos valores foi calculada a
depreciação mensal dos equipamentos, considerando uma taxa de 10% do valor do equipamento
e dividindo por 12 meses.

Tabela 7 - Investimento fixo inicial e depreciação dos equipamentos e utensílios de produção, em Reais (R$).

VALOR VALOR DEPRECIAÇÃO/


QTDE DESCRIÇÃO
UNITÁRIO TOTAL MÊS
Moinho de malte 3 rolo
1 R$ 2.549,00 R$ 2.549,00 R$ 21,24
240kg/h
1 Sala de brassagem tri bloco R$ 259.900,00 R$ 259.900,00 R$ 2.165,83
Tanque de fermentação e
5 R$ 33.000,00 R$ 165.000,00 R$ 1.375,00
maturação auto refrigerador
68

1 Balança Industrial R$ 3.000,00 R$ 3.000,00 R$ 25,00


1 Tanque de água fria R$ 15.000,00 R$ 15.000,00 R$ 125,00
1 Tanque de água quente R$ 24.000,00 R$ 24.000,00 R$ 200,00
2 Tanque pulmão R$ 22.000,00 R$ 44.000,00 R$ 366,67
Bomba centrífuga para
1 R$ 6.175,00 R$ 6.175,00 R$ 51,46
mangote
1 Estação CIP móvel R$ 4.300,00 R$ 4.300,00 R$ 35,83
1 Trocador de calor a placas R$ 16.000,00 R$ 16.000,00 R$ 133,33
1 Aerador de Mosto R$ 3.200,00 R$ 3.200,00 R$ 26,67
1 Enchedora e rotuladora R$ 35.000,00 R$ 35.000,00 R$ 291,67
Pasteurizador de 360
1 R$ 17.000,00 R$ 17.000,00 R$ 141,67
garrafas
Filtro declorador de água
1 R$ 4.500,00 R$ 4.500,00 R$ 37,50
3000l/h
Garrafas de vidro
70000 R$ 1,00 R$ 70.000,00 R$ 583,33
retornável
Engradados plástico 24
2000 R$ 50,00 R$ 100.000,00 R$ 833,33
garrafas
1 Acessórios de cervejeiro R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 41,67
1 Utensílios de laboratório R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 16,67
20 Paletes de plástico R$ 79,00 R$ 1.580,00 R$ 13,17
1 Despolpadora R$ 4.118,40 R$ 4.118,40 R$ 34,32
1 Tanque de inox R$ 1.349,00 R$ 1.349,00 R$ 11,24
Tanque de armazenamento
1 R$ 80.000,00 R$ 80.000,00 R$ 666,67
e tratamento de CO2
TOTAL R$ 863.671,40 R$ 7.197,26
Fonte: Elaborada pela autora,2021.

Tabela 8 - Investimento fixo inicial e depreciação de móveis e eletrodomésticos em Reais (R$).


VALOR VALOR DEPRECIAÇÃO
QTDE DESCRIÇÃO
UNITÁRIO TOTAL /MÊS
2 Computador R$ 1.190,64 R$ 2.381,28 R$ 19,84
1 Impressora R$ 1.325,00 R$ 1.325,00 R$ 11,04
69

2 Aparelho telefônico R$ 99,00 R$ 198,00 R$ 1,65


Mesa com 6 cadeiras
1 R$ 1.100,00 R$ 1.100,00 R$ 9,17
refeitório
1 Cafeteira R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 1,67
1 Microondas R$ 425,00 R$ 425,00 R$ 3,54
10 Cadeiras R$ 100,00 R$ 1.000,00 R$ 8,33
2 Cadeira giratória R$ 300,00 R$ 600,00 R$ 5,00
1 Mesa para reunião R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 10,00
2 Mesa de escritório R$ 200,00 R$ 400,00 R$ 3,33
R$
1 Caminhão baú R$ 63.000,00 R$ 525,00
63.000,00
R$
TOTAL R$ 598,58
71.829,28
Fonte: Elaborada pela autora,2021.

A Tabela 9 representa o custo total do investimento inicial para implantação de uma


microcervejaria.
Tabela 9 - Custo do investimento fixo total em Reais (R$).

CUSTO VALOR DEPRECIAÇÃO


TOTAL MENSAL
Equipamentos e
R$ 863.671,40 R$ 7.197,20
utensílios
Móveis e
R$ 71.829,28 R$ 598,58
eletrodomésticos
TOTAL R$ 935.500,68 R$ 7.795,84
Fonte: Elaborada pela autora,2021.

5.2 Custos fixos

Reconhece se como custos fixos todos os gastos que não variam com a quantidade de
cerveja produzida a cada mês, dessa maneira os gastos considerados foram mão de obra,
aluguel, despesas com telefone e internet.
70

Os funcionários da indústria se enquadram no regime CLT (Consolidação das Leis do


Trabalho) com uma jornada de trabalho de 40 horas semanais, distribuídos em 5 dias por
semana e têm como base salarial o salário mínimo no valor de R$ 1.100,00 reais, como
determina Medida Provisória Nº 1.021, de 30 de dezembro de 2020, regulamentador da lei nº
13.152, de 29 de julho de 2015, que dispõe a respeito do valor do salário mínimo e a sua política
de valorização de longo prazo (BRASIL, 2019).
Levando em consideração a capacidade produtiva da empresa e mão de obra necessária,
a empresa conta com um total de 9 colaboradores. A empresa se enquadra no regime de
tributação Simples Nacional, os encargos calculados em cima dos salários brutos mensais
correspondem a um total de 39,37% destes, representados por: férias (11,11%), 13º salário
(8,33%), FGTS (8%), FGTS/Provisão de multa para rescisão (4%) e previdenciário sobre
13º/Férias/DSR (7,93%) (FERNANDES, 2018). Dessa maneira, os valores totais a serem pagos
a todos colaboradores se encontram na Tabela 10.

Tabela 10 - Custo fixo com mão de obra


SALÁRIO SALÁRIO + VALOR
QTDE DESCRIÇÃO
LÍQUIDO TRIBUTOS TOTAL
Engenheiro de
1 R$ 4.500,00 R$ 6.271,65 R$ 6.271,65
Alimentos
1 Auxiliar de cervejeiro R$ 1.500,00 R$ 2.090,55 R$ 2.090,55
2 Auxiliar de Produção R$ 1.300,00 R$ 1.811,81 R$ 3.623,62
1 Motorista R$ 1.300,00 R$ 1.811,81 R$ 1.811,81
1 Almoxarife R$ 1.100,00 R$ 1.533,07 R$ 1.533,07
1 ASG R$ 1.100,00 R$ 1.533,07 R$ 1.533,07
1 Técnico administrativo R$ 1.400,00 R$ 1.951,18 R$ 1.951,18
1 Vendedor R$ 1.400,00 R$ 1.951,18 R$ 1.951,18
R$
TOTAL
20.766,13
Fonte: Elaborada pela autora,2021.

Acrescentado os gastos com mão de obra e os demais gastos fixos, temos o total
representado na tabela 11.
71

Tabela 11 - Custos fixos totais.

DESCRIÇÃO VALOR
Mão de obra R$ 20.766,13
Telefone e Internet R$ 200,00
Aluguel R$ 5.000,00
TOTAL R$ 25.966,13
Fonte: Elaborada pela autora,2021.

5.3 Custos variáveis

No custo variável são considerados os gastos para a produção mensal, que vai depender
do volume produzido, para essa análise foi considerado a produção mensal de 40000 litros de
cerveja.
De acordo com Chefe com cerveja (2016), uma cervejaria de grande porte utiliza em
média, entre 3 a 4 litros de água para produzir cada litro de cerveja, já para uma produção
artesanal em pequena escala o gasto de água pode chegar a 10 L de água por litro de cerveja.
Segundo Delcor (2019), em seu estudo estimou o gasto de 8 L de água/ L de cerveja, esse valor
foi determinado numa produção de 4.767 L de cerveja, onde foram utilizados 39.757 litros de
água. Já para o gasto energético foi determinado que uma unidade industrial utilize em torno de
0,9 kWh/L de cerveja.
Os custos relacionados a matéria prima e embalagem, juntamente com os de água e
gasto energético são considerados para a produção mensal (tabela 12). O pão por ser oriundo
de resíduos provenientes de padarias e fábricas, não é contabilizado como gasto.

Tabela 12 - Custos variáveis com matéria prima, embalagem, água e energia elétrica.
VALOR
QTDE DESCRIÇÃO UNIDADE UNITÁRIO VALOR TOTAL
7200 Malte KG R$ 22,93 R$ 165.096,00
35,4 Leveduras KG R$ 1.135,94 R$ 40.212,28
92,31 Lúpulo KG R$ 218,88 R$ 20.204,81
10000 Seriguela KG R$ 2,00 R$ 20.000,00
67 Rótulos Milheiro R$ 620,00 R$ 41.540,00
67 Tampa metálica Milheiro R$ 149,25 R$ 9.999,75
36000 Energia kWh 0,67712 R$ 24.376,32
72

320 Água m3 7,00 R$ 2.240,00


TOTAL R$ 323.669,16
Fonte: Elaborada pela autora,2021.
5.4 Custo total do produto

Tabela 13 - Custo total da produção mensal de 40.000 litros de cerveja.

CUSTO PRODUÇÃO VALOR


MENSAL TOTAL
Custos fixos R$ 25.966,13
Custos variáveis R$ 323.669,16
Custo total R$ 349.635,29
Custo 1 L R$ 8,74
Custo 600 ml R$ 5,24

Fonte: Elaborada pela autora,2021.

Considerando o custo total para produção mensal de 40.000 litros de cerveja (tabela 13),
pode se determinar que o preço de 1 L será de R$ 8,74, com isso calcular que o custo de
produção da cerveja de 600 ml será de R$ 5,24.

5.5 Análise de mercado e determinação do valor de venda

Na análise de mercado foi realizada a pesquisa das cervejas estilo fruitbier de


produção local e nacional, da garrafa de 600 ml (tabela 14).

Tabela 14 - Análise de mercado com correntes locais e nacionais.

PRODUTO MARCA PREÇO


Rubia Passion (Maracujá) Cervejaria Holanda - RN R$ 19,00
Rubia Pineapple (Abacaxi) Cervejaria Holanda - RN R$ 20,00
Ludovicus (Goiaba) Cervejaria Raffe - RN R$ 20,00
Morena Tropicana (Umbu e
Cajá) Cerveja Colorado R$ 15,90
Fonte: Elaborada pela autora,2021.
73

Para determinar o preço final de venda foi considerado uma margem de lucro líquido em
torno de 45% por produto. Sendo assim, ao analisar os preços de venda das cervejas no mesmo
estilo da cerveja artesanal Musa pode se afirmar que o preço de venda de R$ 9,90 para o
consumidor final é bastante competitivo no mercado. O produto possui um preço bem inferior
aos seus concorrentes, pois a quantidade de malte utilizado é reduzida com a adição do resíduo
de pão francês. Outros diferenciais da bebida é o seu sabor da fruta regional, sua leveza,
refrescância e aroma diferenciado, dessa maneira atraindo a curiosidade do consumidor.

5.6 Faturamento

A estimativa de faturamento foi realizada considerando a venda da produção total ao


mês. Para o preço da garrafa de 600 ml a R$ 9,90, considerando a produção de 40.000 L, temos
o total de 66.667 garrafas de 600 ml produzidas por mês, portanto um faturamento bruto de R$
660.000,33 (tabela 15).

Tabela 15 - Estimativa de faturamento mensal, em reais.

GARRAFAS DE PREÇO FATURAMENTO


600 ml UNITÁRIO MENSAL
66.667 R$ 9,90 R$ 660.000,33
Fonte: Elaborada pela autora,2021.

Para o cálculo do fluxo de caixa foi considerado o Imposto Sobre Circulação de


Mercadorias e Serviços (ICMS), taxado em 18% sobre o faturamento bruto (ALFONSIN,
2020). A tabela 16 mostra o fluxo de caixa mensal.

Tabela 16 - Fluxo de caixa mensal.

DESCRIÇÃO VALOR
Receita Bruta de Vendas R$ 726.670,30
Impostos Proporcionais - R$ 130.800,65
Receita Líquida de Vendas R$ 595.869,65
Custos Fixos - R$ 25.966,13
Custos Variáveis - R$ 323.669,16
74

Lucro Bruto R$ 301.266,36


Depreciação mensal - R$ 7.795,84
Lucro Líquido R$ 238.438,52

Fonte: Elaborada pela autora,2021.

Tendo o lucro líquido calculado, pode se determinar o tempo de retorno do investimento


inicial, como representado na tabela 17.

Tabela 17 - Tempo de retorno do investimento inicial.

Investimento inicial R$ 935.500,68


Lucro mensal R$ 238.438,52
Tempo de retorno
meses 3,92

Fonte: Elaborada pela autora,2021.

O retorno do investimento pode ser obtido em até quatro meses, esse retorno rápido
ocorre devido a escolha de aluguel do imóvel, obtendo assim uma grande redução no valor do
investimento inicial, tendo em vista o alto custo da compra de um terreno e construção da
fábrica.
O projeto de ampliação da indústria conta com o envase em barril e a inauguração do
Bar na fábrica, para consumo no local.
75

6 TRATAMENTO DE RESÍDUO

A produção de cerveja artesanal gera grandes quantidades de efluentes (água) e resíduos


sólidos (bagaço de malte e pão), sendo extremamente necessário o seu tratamento ou
reaproveitamento, respeitando as legislações vigentes. Para produção de um litro de cerveja,
gasta-se em média 8 litros de água (DELCOR, 2019), utilizada principalmente nas etapas de
resfriamento, limpeza e processo de produção.
A água utilizada na etapa de resfriamento é totalmente reutilizada durante o processo, a
empresa conta com tanques de resfriamento e armazenamento de água quente.
A fração seca do bagaço de malte (não solúvel, casca) é composto por hemicelulose,
celulose, proteína, ligninas gorduras e cinzas como mostra a figura 33, sendo assim uma ótima
opção para alimentação humana, o seu uso ocorre na elaboração de produtos de panificação e
confeitaria (ARNAUT, 2019). Vários estudos comprovam essa utilização e a boa aceitabilidade
dos produtos de panificação com o uso parcial de resíduo de malte.

Figura 33 - Composição química do bagaço de malte.

Fonte: ARNAUT, 2019

A cervejaria Musa tem uma parceria com padarias locais em sistema de permuta, onde
recebe os resíduos de pão francês e oferece o bagaço de malte.
Outra parte dos resíduos sólidos provenientes do bagaço de malte e da gelatinização do pão
triturado, são doados para criadores de animais, que utilizam o resíduo para alimentação de
porcos e bodes.
76

Para a cervejaria Musa, ambos destinos de resíduos sólidos são bastante viáveis
economicamente, pois não precisam de tratamento e não geram custos. Visto que a
microcervejaria fica situada próximo a uma área rural e o recolhimento por parte dos criadores
ocorre com facilidade e com frequência evitando acúmulos.
77

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Visando o acompanhamento das tendências, do crescimento e das inovações do mercado


cervejeiro no Brasil, o produto desenvolvido atende a demanda atual da exploração de novos
sabores e aromas, além de explorar o uso de frutas típicas do Nordeste.
O aproveitamento do pão francês envelhecido como fonte de carboidrato na etapa de
produção do mosto reduziu os custos com malte, como também a diminuição da quantidade
de resíduos gerados nas padarias locais.
A cerveja artesanal desenvolvida neste estudo se caracteriza, segundo a legislação
brasileira, em cerveja com álcool quanto ao volume de álcool, em cerveja de trigo quanto a
proporção de malte de cevada, em Ale quanto a fermentação e Frubier quanto ao estilo.
A cervejaria proposta no trabalho produzirá 40000 L de cerveja artesanal mensalmente,
o custo de produção para 600 ml é de R$5,24. O preço sugerido de venda para as garrafas
de 600 ml foi de R$9,90. Preço esse, que mesmo após adicionada a margem de lucro do
ponto de venda ainda se mostrou competitivo. Além disso, com o preço sugerido de venda
foi calculado que o investimento inicial seria retornado em um período de 4 meses.
Por fim, conclui-se que a produção da cerveja Musa em escala industrial, possui um
grande potencial, por apresentar um apelo comercial, uma alternativa sustentável e a
utilização de um sabor da fruta típica do Nordeste, pouco explorada.
78

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO A – RÓTULO DA CERVEJA MUSA


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