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SANTANA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
BIOTECNOLOGIA
Feira de Santana, BA
2014
LARYSSA DAMASCENO MUNIZ
Aos meus avós Edson e Jucília por todos os ensinamentos, a minha mãe Edna e à minha tia
Mara por todo amor e apoio;
Ao meu orientador Dr. Giovani Brandão Mafra de Carvalho pela confiança, apoio e pela
oportunidade concedida para a realização deste trabalho;
Aos professores Dr. Vanildo Del Bianchi, Dr. Ailton Bispo e Mrs. Marília Cardoso pelo
apoio e dedicação participativa na execução deste trabalho;
A minha parceira e amiga, que tive o prazer de conhecer durante o mestrado, Verena
Fiscina;
E a todas aquelas pessoas que contribuíram de alguma forma para a realização deste
trabalho.
5
Kaiser Wilhelm
6
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo principal a produção de uma nova cerveja utilizando o suco
da fruta Cajá (Spondias monbim L.) como adjunto do malte. Inicialmente foi estudada a influência
do pH e do °Brix no percentual de redução da densidade do suco de cajá, durante a fermentação,
através de um planejamento experimental DCCR 22. Os resultados mostraram que em valores de pH
e °Brix acima de 4,2 e 18, respectivamente, houve redução da densidade acima de 7,0%.
Posteriormente a polpa de cajá foi testada como adjunto misto, elaborando-se um suco chaptalizado
com sacarose, adicionado ao mosto cervejeiro em diferentes concentrações de 15 e 49%, utilizando
dois tipo de leveduras (Saccharomyces cerevisiae (AWRI726) e Saccharomyces cerevisiae S-23
tipo Lager) nos testes, escala de bancada. A amostra contendo apenas 15% de adjunto mostrou
resultados superiores em comparação a amostra com 49%, teor alcoólico em torno de 7,48% (v/v),
Qp de 0,51g/L.h, Yp/s de 0,50g/g e fermentabilidade de 98%. A cerveja com 15% de adjunto misto
foi reproduzida em planta piloto de 60L para avaliação físico-química, estudo cinético e sensorial.
A cerveja produzida apresentou teor alcoólico de 5,51% (v/v), alcançando o Qp de (1,07 g/L.h),
Yp/s de 0,50 (g/g) e fermentabilidade de 65,74%. Neste experimento os máximos valores de µx, µs e
µp foram 0,134 h-1, 2,95 gs/gx.h e 1,00 gp/gx.h, respectivamente, e o tempo de geração (tg) foi de
5,17 horas. A cerveja obteve boa aceitação diante do teste sensorial de aceitação, 85% dos
provadores demonstraram gostar do novo produto.
This study aimed to produce a new beer using the fruit juice Caja (Spondias monbim L.) as malt
adjunct. Initially the influence of pH and Brix percentage reduction in the density of caja juice
during fermentation was studied by an experimental design DCCR 22. The results showed that at
pH and °Brix values above 4.2 and 18, respectively, there was a reduction in density above 7.0%.
Thereafter the pulp was tested as caja mixed adjunct elaborating a juice with sucrose added to the
beer wort at different concentrations of 15 and 49%, using two kinds of yeast (Saccharomyces
cerevisiae (AWRI726) and Saccharomyces cerevisiae S -23 Lager) in the experiments, bench scale.
The sample containing only 15% of adjunct showed superior results as compared to the sample with
49%, alcohol content around 7.48% (v/v) Qp 0.51 g/Lh, Yp/s of 0.50 g/g of 98% fermentability.
The beer with 15% of mixed deputy was reproduced in 60L pilot plant for physico- chemical
evaluation, kinetic and sensory study. The produced beer had an alcohol content of 5.51% (v/v),
reaching QP (1.07 g/Lh), Yp/s of 0.50 (g/g) and 65.74% of fermentability. In this experiment the
maximum values of μx, μs and μp were 0.134 h-1, 2.95 gs/gxh and 1.00 gs/gxh, respectively, and the
generation time (tg) was 5.17 hours. The beer got good results on the sensory acceptance test, 85 %
of tasters showed like the new product.
Keywords: Beer. Adjunct. Caja (Spondias monbim L). Experimental design. Sensory analysis.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1: Sequência das reações enzimáticas da fermentação alcoólica conduzida pela
Saccharomyces cerevisiae (LIMA et al., 2001). ................................................................................ 27
Figura 1.2: Metabolismo de carboidratos por Saccharomyces ssp. (RUSSEL, 1994). ................... 28
Figura 3.1: Fluxograma simplificado do processamento de cerveja ................................................ 51
Figura 3.2: Planta piloto de produção de cerveja do Departamento de Tecnologia, Universidade
Estadual de Feira de Santana-Bahia, Brasil: T1 tanque de mosturação; T2 tanque de filtração; T3
tanque de fervura; R1 reator de fermentação/maturação. 1 adição de água e malte, 3 adição de
lúpulo, 4 suplemento de ar/O2 e adição da levedura. ......................................................................... 54
Figura 3.3: Células em suspensão (cel/mL) (•) e densidade (g/mL) (▪) amostras 1 e 2. .................. 56
Figura 3.4: Células em suspensão (cel/mL) (•) e densidade (g/mL) (▪) amostras 3 e 4. .................. 57
Figura 3.5: Consumo de Extrato Aparente (g/L) (▪) e produção de Etanol (g/L) (•) pela levedura
cervejeira Saccharomyces cerevisiae S-23 tipo Lager nas amostras 3 e 4. ....................................... 58
Figura 3.6: Produtividade Volumétrica (g/Lh) (▪) e Rendimento em Etanol (g/g) (▫) na amostra 3
durante a fermentação. ....................................................................................................................... 60
Figura 3.7: Produtividade Volumétrica (g/Lh) (▪) e Rendimento em Etanol (g/g) (▫) na amostra 4
durante a fermentação. ....................................................................................................................... 60
Figura 3.8: Na direita: Amostra contendo 15% de adjunto. Na esquerda: Amostra contendo 49% de
adjunto................................................................................................................................................ 61
Figura 4.1: Malte moído. .................................................................................................................. 68
Figura 4.2: Malte moído misturado a água primária da mosturação. ............................................... 69
Figura 4.3: Panela de fundo falso. .................................................................................................... 70
Figura 4.4: Sistema de resfriamento do mosto através de serpentina. .............................................. 71
Figura 4.5: Tanque de Fermentação/Maturação. .............................................................................. 72
Figura 4.6: Ficha usada na análise sensorial da cerveja. .................................................................. 76
Figura 4.7: Células em suspensão (cel/mL). ..................................................................................... 77
Figura 4.8: Células em suspensão (g/L). .......................................................................................... 78
Figura 4.9: Células em suspensão (g/L) (•) x Densidade (g/mL) (▪). .............................................. 78
Figura 4.10: Velocidade específica de crescimento celular (µx▪), consumo de extrato aparente
(µs▲), e produção de etanol (µp•), para a cerveja produzida. ............................................................ 79
Figura 4.11: Consumo de extrato aparente (g/L) (▪) x produção de etanol (g/L) (•). ....................... 80
Figura 4.12: Valores de Rendimento real em etanol (Yp/s) (g/g) (▪) e Produtividade volumétrica em
etanol (Qp) (g/L.h) (▫). ....................................................................................................................... 80
Figura 4.13: Resultado do teste de aceitação de consumidor para à cerveja. ................................... 81
9
Figura 4.14: Intenção de compra dos provadores para a cerveja obtida. .......................................... 82
Figura 4.15: Cerveja com suco de cajá tipo Lager, teor alcoólico de 5,51 % v/v. ........................... 82
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LISTA DE TABELAS
INTRODUÇÃO GERAL
A cerveja é uma das mais conhecidas e antigas bebidas do mundo; prova disso são alguns
manuscritos que descrevem seu surgimento há milhares de anos antes de Cristo. Além da água e dos
grãos, naquela época os produtores desta bebida utilizavam uma mistura de plantas aromáticas
como aromatizante da cerveja. Tempos depois essa mistura foi substituída pelo lúpulo que hoje é
responsável por parte do flavour e pelo amargor característico da cerveja.
O mercado mundial de cervejas é dominado pela ABInBev, fusão da belgo-brasileira InBev
e da americana Anheuser-Busch, com 18% do mercado, produtora de várias marcas como Skol,
Brahma, Stela Artois e Budweiser, seguida pela sul-africana SAB Miller (14%), da holandesa
Heineken (9%), da dinamarquesa Carlsberg (5%), e por outra empresas que juntas possuem 54% da
fatia do mercado.
Desde o seu surgimento até os dias atuais, o consumo e a produção de cerveja no mundo só
tem aumentado. Em 2012 o Brasil ocupou a 3º colocação no ranking dos maiores produtores
mundiais da bebida, com a produção de 133 milhões de hectolitros de cerveja, ficando atrás apenas
dos EUA (com 225,3 milhões de hectolitros) e da China (com 489,8 milhões de hectolitros).
Em relação ao consumo, o Brasil não faz parte do grupo de países de grande consumo per
capita, ocupando a 24º posição no ranking. Esse cenário tende a ser modificado por conta do
aumento do poder aquisitivo dos brasileiros, da qualificação da produção, do conhecimento e da
busca dos consumidores, cada vez mais exigentes, por novos tipos de cervejas com variadas
características organoléptica, incentivando o surgimento de novas microcervejarias, importadoras
de cervejas e cervejeiros caseiros.
Estima-se que há mais de 30 mil diferentes formulações de cervejas. Essa grande variedade de
produtos é obtida a partir de mudanças na fabricação da bebida; como a mudança nas escalas de tempo e
temperatura na mosturação, fermentação e maturação e o uso de diferentes matérias primas como os
tipos de malte, trigo, milho, arroz, lúpulos diferenciados, leveduras e adição de adjuntos como mel,
açúcar invertido, frutas como banana, laranja entre outras.
Desta forma, a produção de uma cerveja substituindo parte do malte por adjuntos vai de
encontro ao novo mercado cervejeiro no Brasil, oferecendo aos consumidores cervejas com
características sensoriais diferentes das usualmente encontradas no mercado. Um adjunto que pode
ser utilizado para conferir essas características é a fruta Cajá (Spondias mombin L.). A
microcervejaria brasileira Amazon Beer, localizada em Belém do Pará, já disponibiliza no mercado
nacional uma cerveja de trigo, tipo ale, aromatizada com a fruta cajá, a Taperebá Witbier.
15
No Brasil a fruta cajá é encontrada principalmente nas regiões Norte e Nordeste. De sabor
agridoce, é amplamente consumida na sua forma in natura. Possui açúcares simples como glicose,
frutose e sacarose e inúmeros compostos voláteis tais como o benzoato de butila e acetato de
citronela, ésteres importantes no flavour da fruta quando madura.
Experimentos visando a otimização do processo fermentativo cervejeiro, através da
utilização de novos adjuntos, é hoje um dos principais caminhos da indústria cervejeira na redução
dos custos operacionais e consequentemente no ganho da competitividade no mercado interno e
externo. Neste sentido, o presente trabalho apresenta um conjunto de experimentos que foram
realizados no Laboratório de Fermentação (Departamento de Tecnologia) – UEFS, coordenado pelo
professor Dr. Giovani Brandão Mafra de Carvalho, visando agregar valor a uma matéria prima
amplamente encontrada na região Nordeste.
16
CAPÍTULO I
José Ailton Conceição Bispo • Vanildo Luiz Del Bianchi • Hélio Mitoshi Kamida •
1. Evolução Histórica
____________________________
L. D. Muniz; V. F. Mello • J. A. C. Bispo • H. M. Kamida • G. B. M. Carvalho.
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Avenida Transnordestina, S/N. Novo Horizonte,
44036900 Feira de Santana – Ba, Brasil.
email: giovanibrandao.uefs@gmail.com
V. L. Del Bianchi
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Instituto de Biociências Letras e Ciências
Exatas de São José do Rio Preto, Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos. Rua Cristóvão
Colombo, 2265, Jardim Nazareth 15054000 - São Jose do Rio Preto, SP – Brasil.
17
Com o passar do tempo a cerveja foi se tornando uma bebida de grande consumo e de
lugar importante em reuniões e até em ritos religiosos. Naquela época a bebida era produzida
basicamente pela cevada deixada de molho até germinar, moída grosseiramente e então moldada em
bolos. Estes eram então parcialmente assados, desfeitos em jarras com água e deixados até
fermentar (HARDWICK, 1994).
Desde a origem da cerveja que os antigos usavam aditivos para enriquecer o aroma e o
sabor da bebida como, por exemplo, o mel, a canela, anis, gengibre, rúcula, alecrim, cravo e raízes
em geral. Após o século VII tornou-se comum a utilização de uma mistura de ervas na produção da
bebida chamada de “gruit”, que continha alecrim, artemísia, aquílea, urze e gengibre. Tempos
depois o “gruit” foi substituído pelo lúpulo, que além de adicionar aroma e amargor à cerveja,
conferia propriedades conservantes à bebida (BELTRAMELLI, 2012).
Na idade média utilizava-se de toda espécie de ingredientes envolvendo diferentes cereais
na elaboração da cerveja. Desta forma o Duque Guilherme IV da Bavaria – Alemanha, no ano de
1516, aprovou o que hoje é conhecida como a lei mais antiga do mundo sobre a manipulação de
alimentos, a lei alemã Reinheitsgebot, ou “Lei da Pureza”, indicando que a cerveja deveria ser
produzida apenas com cevada, lúpulo e água (TSCHOPE, 2001). Grandes avanços nos estudos de
L. Pauster possibilitaram o esclarecimento de grandes problemas no processo cervejeiro com a
descoberta do causador da fermentação, as leveduras (BELTRAMELLI, 2012).
Em muitos lugares a Lei da Pureza ainda é seguida, mas atualmente a tendência é a
utilização de ingredientes diversos na fabricação da bebida, principalmente de forma artesanal.
Cervejas artesanais são aquelas produzidas quase que de "forma caseira". Várias
microcervejarias, mesmo utilizando equipamentos modernos e engarrafando suas produções, ainda
assim são consideradas como cervejarias artesanais pelo cuidado que têm com sua produção. Outras
microcervejarias, ou cervejarias caseiras, são realmente o que podemos chamar de artesanais ao pé
da letra. Utilizam equipamentos pequenos, que cabem em qualquer cozinha, normalmente não
possuem engarrafadoras e guardam suas produções com garrafas de cerveja comum e rolhas
(BREJAS, 2014).
De acordo com dados do Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos (SIPE) do
Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) estão registradas atualmente no Brasil 232 cervejarias
e 1110 diferentes cervejas. Buscando adequar a legislação aplicada à produção cervejeira, frente aos
avanços tecnológicos do setor e às mudanças nas cervejas produzidas bem como promover a
igualdade de condições e competitividade do produtor nacional frente aos produtos importados, o
MAPA iniciou em 2013 o processo de discussão para revisão dos parâmetros de qualidade
atualmente vigentes do MERCOSUL para a produção de cervejas. Durante esta revisão foram
recebidas sugestões de todo o setor produtivo e estas foram discutidas em assembleias com seus
18
representantes, gerando um processo de ampla participação dos atores envolvidos (MÜLLER,
2014). Este processo leva a atual legislação a possíveis alterações como a utilização de outros
ingredientes de amargor, o uso de produtos de origem animal como o mel e uso de frutas, ervas,
vegetais e flores (BRASIL, 2014).
Hoje em dia a cerveja pode ser definida como uma solução aquosa complexa, contendo
CO2, etanol, diversos sais inorgânicos e cerca de 800 compostos orgânicos, preparada a partir de
malte, água potável, lúpulo, leveduras e, podendo ainda, serem utilizadas outras matérias-primas
amiláceas ou açucaradas como adjunto do malte (CARVALHO et al., 2007).
2.3 O Lúpulo
O lúpulo (Humulus lupulus) é uma planta trepadeira têxtil típica de regiões frias dos EUA,
Alemanha, República Tcheca, Polônia, Austrália, Nova Zelândia, Japão, China, Chile, Argentina e
outros, mais precisamente entre os paralelos de latitude 35 e 550 (TSCHOPE, 2001). Pertence a
família Cannabinaceae, mas, apesar do parentesco com a Cannabis, não contém substâncias
alucinógenas. O lúpulo é uma planta dióica, isto é, apresenta flores masculinas e femininas em
indivíduos diferentes, não havendo, portanto, planta hermafrodita (VENTURINI FILHO;
CEREDA, 2001). Além disso, só têm interesse cervejeiro as plantas femininas não fecundadas. Por
serem perenes, essas plantas são propagadas vegetativamente (SEIDL, 2003).
Os compostos ativos de aroma de lúpulo estão presentes nas glândulas das flores fêmeas da
planta. O lúpulo constitui-se de óleos essenciais, β-ácidos, também conhecidos como lupulonas, e
de α-ácidos, também conhecidos como humulonas. (VENTURINI FILHO; CEREDA, 2001). Outra
importante função do lúpulo nas cervejas é sua ação antimicrobiana, uma vez que bactérias gram-
positivas são sensíveis aos seus α- e iso-α-ácidos (HAZELWOOD et al., 2010)
O lúpulo pode ser comercializado em forma de flores secas (in natura), pelletes ou em
extratos, podendo ser tradicionalmente considerados como lúpulo de aroma e ou de amargor,
conforme suas características predominantes (SEIDL, 2003). A tabela 1.1 a seguir apresenta os
principais constituintes do lúpulo em flor.
20
Tabela 1.1: Composição do lúpulo em flor.
2.4 Levedura
2.5 Adjuntos
Tabela 1.2: Composição química dos principais adjuntos amiláceos (cereais) utilizados na indústria
cervejeira (TSHCOPE, 2001).
O uso de adjuntos para suplementar o mosto constitui uma prática de redução de custos
empregada em várias cervejarias e microcervejarias (YOUNIS; STEWART, 1999). O nível de
substituição do malte pelo adjunto pode chegar até 50% e cada cervejaria define a proporção malte /
adjunto para cada tipo de cerveja que produz. O abuso na quantidade de adjunto pode resultar em
mostos nutricionalmente pobres para a fermentação alcoólica e de elevada viscosidade, tornando a
sua filtração lenta (CASEY et al., 1984).
Quanto maior a proporção de adjunto no mosto cervejeiro, mais escassa será a concentração
de aminoácidos (valina e isoleucina, por exemplo) para a levedura, ocasionando diversos problemas
para a etapa de fermentação. Com a carência de aminoácido no meio, a levedura irá sintetizar a
23
valina e a isoleucina, o que acarretará uma redução da propagação do fermento e uma formação
excessiva de dicetonas vicinais, como o diacetil (BOULTON et al., 2001).
Figura 1.1 Sequência das reações enzimáticas da fermentação alcoólica conduzida pela Saccharomyces
cerevisiae (LIMA et al., 2001).
(1)
( ) (2)
Onde: Smáx é a máxima concentração de substrato acima da qual não existe crescimento
celular e Smin a concentração onde se inicia o processo de inibição.
30
7. Formação de Compostos Relacionados ao Sabor da Cerveja
Vários compostos voláteis contribuem para o sabor e o aroma da cerveja. Alguns desses
compostos são provenientes da matéria prima utilizada na fabricação da bebida, como o malte e o
lúpulo, e outros formados durante o processo. A importância de cada um deles é determinada pela
concentração, sua interação com outros constituintes (voláteis e não voláteis) e seu limiar de
percepção (ANGELINO, 1991). Os mais importantes compostos voláteis identificados na cerveja
incluem os álcoois superiores, os ésteres e as dicetonas vicinais (WILLAERT; NEDOVIC, 2006).
Os álcoois superiores são formados pela levedura como subprodutos durante a fermentação
primária. Eles podem ser classificados como alifáticos (n-propanol, 2-metilpropanol, 2-
metilbutanol, 3-metilbutanol) ou aromáticos (2-fenil-etanol, tirosol e triptofol), dentre eles, os
alifáticos são os responsáveis pelo sabor “alcoólico” ou de “solvente” da cerveja e produzem a
sensação de aquecimento na boca (WILLAERT; NEDOVIC, 2006). A formação desses compostos
é complexa e eles podem ser produzidos como subprodutos da degradação ou da biossíntese de
aminoácidos através de rotas catabólica e anabólica, respectivamente (STEWART; RUSSEL,
1998).
Os ésteres também são formados durante a fermentação primária como subprodutos da
levedura, entre eles, os mais importantes são o acetato de etila, acetato de isomila, caproato de etila
e 2-fenil-etil-acetato. Os ésteres apresentam limiares de percepção relativamente baixos, podendo
proporcionar um sabor frutal ou floral na cerveja (ANGELINO, 1991). Os ésteres são formados
pela levedura através da reação de condensação intracelular entre um acetil-CoA e um álcool,
catalisada pela enzima álcool acetil-transferase (VERSTREPEN et al., 2003). A tabela 1.3 mostra
os principais ésteres encontrados em cervejas do tipo lager, bem como as concentrações, o limiar de
percepção e a descrição do flavour predominante.
31
Tabela 1.3 Limiar de percepção, concentração e média de concentração e o ativo aroma dos ésteres presentes
em cervejas do tipo Lager (MEILGAARD, 1975; ENGAN, 1974; DUFOUR, 2002 apud VERSTREPEN,
2003).
Média da Limiar de
Concentração Descrição do
Componente Concentração Percepção
(mg/L) Flavour
(mg/L) (mg/L)
Acetato de Etila 8 - 32 18,4 21 – 30 Frutado
Acetato de
0,3 – 3,8 1,72 0,6 – 1,2 Banana, pêra
Isoamila
Caproato de Etila 0,05 – 0,3 0,14 0,17 – 0,21 Maçã, anis
Caprilato de Etila 0,04 – 0,53 0,17 0,3 – 0,9 Maçã
Fenil Etil Acetato 0,10 – 0,73 0,54 3,8 Rosas, mel, doce.
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36
CAPÍTULO II
Resumo A Cajá (Spondias mombin L.) é uma fruta naturalmente brasileira e amplamente
consumida na sua forma in natura, sendo também utilizada como matéria prima de produtos como
geleias, sorvetes e bebidas. O principal objetivo deste trabalho foi estudar a influência das variáveis
pH e ºBrix no potencial fermentativo do suco de Cajá, com a redução da densidade como a variável
dependente, utilizando um planejamento DCCR 22. De acordo com o resultado do modelo do estudo
estatístico as condições favoráveis para essa fermentação utilizam valores de pH e ºBrix superiores
a 4,2 e 18, respectivamente, obtendo uma redução da densidade a níveis superiores a 7,0%. Análises
físico-químicas da polpa foram realizadas previamente com a finalidade de caracterizá-la para a
fermentação e os valores encontrados foram consistentes com os encontrados na literatura para a
fruta.
___________________________
L. D. Muniz; V. F. Mello • J. A. C. Bispo • G. B. M. Carvalho
V. L. Del Bianchi
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Instituto de Biociências Letras e Ciências
Exatas de São José do Rio Preto, Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos. Rua Cristóvão
Colombo, 2265, Jardim Nazareth 15054000 - São Jose do Rio Preto, SP – Brasil.
37
1. INTRODUÇÃO
Foram utilizadas polpas comerciais da marca Brasfrut®. Uma parte das polpas foi separada
para a caracterização físico-química das mesmas, e a outra parte foi congelada para ser utilizada na
preparação dos ensaios fermentativos. Foram realizadas análises de açúcares redutores, açúcares
não redutores, acidez titulável, pH, °Brix, amido, cinzas, umidade, todas essas realizadas em
triplicata, e densidade.
Os valores de pH das amostras foram determinados por potenciometria, em aparelho da
marca Tecnal, modelo TEC-3MPp, com correção de temperatura.
O teor de sólidos solúveis (°Brix) foi determinado pelo método refratométrico pelo
aparelho da Reichert, modelo AR200.
A acidez titulável, o teor de açúcares redutores e não redutores, amido, cinzas e umidade
foram determinadas de acordo com os procedimentos descritos pelo Instituto Adolfo Lutz [7].
As densidades das polpas foram determinadas através do densímetro de bancada (Rudolph
Research Analytical, modelo DDM 2911).
As amostras de suco de Cajá foram fermentadas com o objetivo de analisar seu potencial
fermentativo, de acordo com um planejamento estatístico 22, com três ensaios no ponto central e
mais quatro ensaios em estrela rotacional, totalizando 11 ensaios como visto na Tabela 1.
Para o cálculo estatístico, as variáveis foram codificadas de acordo com a equação 1, onde
xi é o valor codificado da variável independente, Xi é o valor da verdadeira variável independente,
X0 é o valor real da variável independente no ponto central, e ΔXi é a variação do valor [6].
A Redução da Densidade do suco da cajá foi tomada como variável dependente. A equação
2 foi utilizada para prever o ponto ótimo do modelo quadrático, onde Y representa a variável de
39
resposta, b0 é o coeficiente de intercepção, b1 e b2 são os termos lineares, B11 e B22 são os termos
quadráticos, e X1 e X2 representam as variáveis estudadas [6].
Tabela 2.1: Matriz do planejamento do projeto fatorial completo 22 com três ensaios no ponto central e mais
quatro ensaios em estrela rotacional (DCCR).
Variáveis
Variáveis Reais
Codificadas
1 -1 1 12 5,0
2 -1 -1 12 3,8
3 1 -1 24 3,8
4 1 1 24 5,0
5 0 0 18 4,4
6 0 0 18 4,4
7 0 0 18 4,4
8 -1,41421 0 9,5 4,4
9 1,41421 0 26,4 4,4
10 0 -1,41421 18 3,5
11 0 1,41421 18 5,2
De acordo com Cataluña [8] a chaptalização é o procedimento que corrige o teor de sólidos
solúveis no mosto. Cada 25g de sacarose adicionados a um volume final de 1L elevam o °Brix do
mosto em, aproximadamente, 2 unidades. Desta forma, todas as amostras de suco foram
40
chaptalizadas com sacarose comercial até o valor do seu °Brix atender ao exigido na matriz fatorial
do planejamento.
Os valores obtidos das análises físico química da polpa de cajá foram comparados com
dados relatados por autores que estudaram sobre o assunto. A quantidade de açúcares redutores
apresentou uma pequena variação em relação ao valor encontrado (8,0%) por Dias [9]; já os
açúcares não-redutores estavam acima do parâmetro de comparação (1,4%) .
Com relação aos sólidos solúveis totais nas amostras de cajá, a mesma apresentou um valor
de 12,6 ºBrix, consideravelmente maior quando comparado ao valor encontrado por Tiburski [4], de
10,2 ºBrix, estando o resultado próximo ao valor (12,3 ºBrix) citado por Dias [9]. O valor do ºBrix é
utilizado para indicar o grau de maturação da fruta, quanto menor esse índice mais ácido, e ou
menos doce, será a polpa ou o suco, ou seja, quanto maior esse índice, maior a quantidade de
açúcares presentes na fruta, o que neste caso é um fator positivo para a fermentação. A
determinação do pH é bastante importante, pois, por exemplo, é preciso verificar se os
microrganismos utilizados na fermentação sobrevivem ao pH do alimento. O valor obtido variou
pouco do valor encontrado por Dias [9] e Tiburski [4] (pH = 2,83).
A acidez dos frutos pode variar consideravelmente de uma espécie para outra, e enquanto
algumas frutas de baixa acidez, tais como melão , banana e abacates têm uma acidez entre 0,1 e
42
0,3% , frutas ácidas tendem a mostrar acidez entre 3 e 8 %, como limão, maracujá e umbu
(Spondias tuberosa).
A Cajá pode ser considerado uma fruta ácida (1,46 %), uma vez que varia de 1 a 3% , bem
como na de cereja, morango, framboesa e laranja [9]. A acidez titulável registrada na polpa de cajá
foi de 1,0% ficando evidente a característica ácida da fruta. A quantidade de amido total apresentou
uma discordância quando comparado ao valor encontrado por Dias [9]. Isso pode ser explicado pela
possível diferença no grau de maturação das frutas analisadas.
Uma das formas que podemos avaliar uma fermentação alcoólica é através da análise da
densidade. Sendo os principais açúcares utilizados pela levedura na fermentação, Glicose
(densidade = 1,54 g/L), Frutose (densidade = 1,69 g/L), Maltose (densidade = 1,54 g/L) e a
Sacarose (densidade 1,59 g/L), mais pesados que o Etanol (densidade = 0,789 g/L), a densidade do
mosto tende a diminuir a medida que a fermentação vai acontecendo. Os resultados dos valores da
redução da densidade foram calculados de acordo com o percentual da diferença entre o valor
inicial da densidade e seu valor ao final da fermentação (168h) em todos os ensaios. A análise
estatística foi realizada para verificar a influência das variáveis fixas, pH e ºBrix, no valor da
redução da densidade do mosto. Os valores encontrados são mostrados na Tabela 3, de acordo com
os experimentos estabelecidos através da matriz do planejamento do projeto fatorial.
43
Tabela 2.3: Matriz do planejamento do projeto fatorial completo 22 com três ensaios no ponto central e mais
quatro ensaios em estrela rotacional (DCCR).
Observa-se que quando passamos o valor do ºBrix do nível -1,41421 (9,5 ºBrix) para o
nível +1,41421 (26,4 ºBrix) temos uma diminuição de 2,60% na densidade. Com relação aos
valores de pH, apesar de terem demonstrado influência positiva nos resultados, sua influência é um
pouco menor que a mudança do ºBrix, ou seja, mudando os valores de pH do nível -1,41421(pH=
3,5) para o nível +1,41421 (pH= 5,2), há uma diminuição de , aproximadamente, 1,051% na
densidade nos experimentos.
Através dos valores de P obtidos pela Análise de Variância de Regressão (ANOVA) do
modelo (Tabela 5) observa-se que existe relação estatística em nível de 95% entre as variáveis e o
modelo, ou seja, o valor de P para as duas variáveis foi menor que 0,05.
Variáveis
Parâmetros Coeficientes Erro-padrão T P
Independentes
19,65378 5,668640 3,46711 0,074065
Constante Constante
-6,28640 2,296090 -2,73787 0,111527
[FpH] X1
Desta forma o modelo matemático resultante que descreve a variável estudada (redução da
densidade), nestas condições é:
Y= 19,6537-6,28640X1-0,50210X2
46
Onde:
Y: % Redução da Densidade;
X1: ºBrix;
X2: pH.
Através desta equação é possível traçar a superfície de resposta que descreve a variação da
redução da densidade na região de estudo, figura 1. A figura evidencia que o aumento das duas
variáveis, pH e ºBrix, resulta no maior valor percentual do decréscimo da densidade, sendo o efeito
do ºBrix mais eficiente. O modelo prevê um favorecimento na fermentação em níveis superiores a
4,2 no valor do pH e valores maiores que 18 ºBrix. Obedecendo a essas condições a densidade do
mosto pode diminuir em níveis superiores a 7,0%.
Neste trabalho foi avaliado o potencial fermentativo da polpa de cajá com o objetivo de
utilizá-la na produção de bebidas. Quanto às características físico-químicas os resultados
demonstram que a polpa de cajá utilizada apresenta características semelhantes às relatadas por
outros autores, principalmente o ºBrix de 12,6±0,2 indicando uma quantidade favorável de açúcares
que podem ser utilizados na fermentação do suco. Os resultados obtidos a partir da metodologia de
superfície de resposta mostram que tanto a concentração de açúcares quanto o pH influenciam
positivamente na fermentação do mosto, pois a densidade dos mesmos diminuem em relação ao
tempo, indicando a transformação de açúcares como glicose, frutose, maltose e sacarose em etanol.
O resultado obtido com a metodologia de superfície de resposta foi ajustado pelo modelo quadrático
(Y= 19,6537-6,28640X1-0,50210X2) com a finalidade de se obter o ponto ideal para a fermentação,
desta forma para valores de redução da densidade, Y, superiores a 7,0%, a fermentação deve se dar
a valores de X1 (ºBrix) e X2 (pH) maiores que 18 e 4,2, respectivamente.
5. AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
(FAPESB), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Programa de Pós Graduação em
Biotecnologia – UEFS/ Fiocruz, Brasil.
48
6. REFERÊNCIAS
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Saccharification and Fermentation (SSF) Process. Applied Biochemistry and Biotechnology,
161, 93-105. doi: 10.1007/s12010-009-8810-x.
49
CAPÍTULO III
Resumo A cerveja é geralmente produzida com malte de cevada, lúpulo, água e levedura, sendo
que parte do malte pode ser substituído por adjuntos, que são outras fontes de carboidratos
fermentáveis. Assim, neste presente trabalho utilizou-se o suco da fruta Cajá, chaptalizado, em
concentrações de 15 e 49% em peso do mosto, como adjunto misto do malte com o objetivo de
produzir uma cerveja de baixa fermentação, tipo Lager. Os resultados mostram que o aumento da
concentração de adjunto no mosto cervejeiro não favoreceu a fermentação. A amostra contendo
15% de suco de cajá produziu 7,48% v/v de etanol utilizando 98,70 g/L de extrato aparente,
enquanto que a produção de etanol da amostra com 49% de adjunto produziu 5,55% v/v de etanol e
consumiu 93,69 g/L de extrato aparente. Os resultados da Produtividade Volumétrica em Etanol
(Qp), do Rendimento Real em Etanol (Yp/s) e da Fermentabilidade também demonstraram melhor
desempenho da levedura no mosto com 15% de adjunto, sendo os maiores valores de Qp alcançado
foi de 0,51g/L.h, Yp/s de 0,50 g/g e fermentabilidade de 98%.
email: giovanibrandao.uefs@gmail.com
V. L. Del Bianchi
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Instituto de Biociências Letras e Ciências
Exatas de São José do Rio Preto, Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos. Rua Cristóvão
Colombo, 2265, Jardim Nazareth 15054000 - São Jose do Rio Preto, SP – Brasil.
50
1. INTRODUÇÃO
Água Mosturação
Filtração
Resfriamento
Levedura Fermentação
Maturação
Cerveja
O objetivo deste trabalho foi estudar a utilização da polpa de Cajá como adjunto do malte,
em diferentes concentrações, na produção de uma cerveja de baixa fermentação (Lager) do tipo
Pilsen. Duas leveduras foram previamente testadas na fermentação do suco de Cajá com a
finalidade de avaliar qual das duas proporcionaria maior produção de etanol nas amostras.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O valor do °Brix das três amostras foi corrigido, com adição de sacarose comercial pelo
método de chaptalização. A chaptalização é o procedimento que corrige o teor de sólidos solúveis
no mosto. Cada 25g de sacarose adicionados a um volume final de 1L eleva o °Brix do mosto em,
aproximadamente, 2 unidades [14]. Desta forma o valor dos ºBrix das amostras foram corrigidos
para o valor de 12 °Brix, valor tradicionalmente usado na indústria na produção de mostos
convencionais que resultam em cervejas entre 4-5% de etanol v/v [15].
53
2.3 Desacidificação do Suco
4 P
1 2 3 R1
T1 T2 T3
Durante toda a fermentação dos mostos com adjunto foram retiradas amostras, de 1 mL, de
12 em 12 horas para o acompanhamento analítico da fermentação. As análises realizadas foram:
Contagem celular, utilizando a câmara de contagem de Neubauer além da determinação do teor de
Etanol (%v/v), Densidade (g/mL), Extrato Aparente (°Plato) e Sólidos Solúveis (°Brix), todas
utilizando o densímetro de bancada. As análises foram baseadas nas técnicas descritas no ABSC
[16]. A produtividade em etanol (Qp), Eq. 1, que é a relação entre o etanol produzido e o tempo
total da fermentação (g/L.h), e o rendimento real em etanol (Yp/s), Eq. 2, relação entre o etanol
produzido e o extrato consumido (g/g), foram calculados de acordo com Borzani [17] e Moser [18].
Calculou-se também a fermentabilidade dos mostos, que é a porcentagem dos sólidos dissolvidos
(extrato no mosto) que é fermentado durante o decorrer da fermentação [4]. A fermentabilidade é
calculada de acordo com a Eq. 3 [19]. Os cálculos foram determinados após conversão dos valores
do extrato aparente (°P) e do etanol (%v/v) para gramas por litro.
(1)
(2)
Onde:
Pi e P: Concentração inicial e no tempo t de etanol (g/L);
ti e t : Tempo inicial e tempo t de fermentação (h);
Si e St: Concentração aparente inicial e no tempo t de extrato (g/L).
(3)
56
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Amostra 1 Amostra 2
4,5 1,060 8,0 1,060
Células Totais (cel/mL)x10-7
Células Totais (cel/mL)x10-7
Densidade (g/mL)
Densidade (g/mL)
Figura 3.3: Células em suspensão (cel/mL) (•) e densidade (g/mL) (▪) amostras 1 e 2.
Amostra 3
Amostra 4
6,0 1,060
4,0 1,060
Células Totais (cel/mL)x10-7
1,050 3,5
5,0 1,050
Densidade (g/mL)
Densidade (g/mL)
1,040 3,0
4,0 1,040
1,030 2,5
1,030
3,0 1,020 2,0
1,020
1,010 1,5
2,0 1,010
1,000 1,0
1,0 0,5 1,000
0,990
0,0 0,980 0,0 0,990
0 24 48 72 96 120 144 0 24 48 72 96 120 144
Tempo (h) Tempo (h)
De acordo com a figura 3.5 é possível observar que a amostra 3 contendo 15% de adjunto
produziu maior quantidade de etanol nas mesmas condições de fermentação da amostra 4. Os
resultados mostram que o aumento da quantidade de adjunto não favoreceu o aumento da produção
de etanol na fermentação. Em 144 horas de fermentação as leveduras produziram 59,02 g/L de
etanol (7,48% v/v) na amostra 3, consumindo 98,70% do extrato aparente inicial, enquanto que o
produzido pelas leveduras na amostra 4 foi 43,79 g/L, (5,55% v/v), com um consumo de 93,69% do
extrato aparente inicial, valores semelhantes aos encontrados por Carvalho [14] de 4,7% v/v, na
fermentação de mosto contendo banana como adjunto e por Bekatorou [22] que encontrou valores
entre 5,1 e 6,3% v/v. A fermentação incompleta observada na amostra 4 pode ser resultado da
ausência de nutrientes no meio proporcionado pela alta concentração de adjunto [23]. Grande parte
do extrato aparente inicial do mosto com 49% de adjunto pode ter sido usado pela levedura para
gerar produtos secundários da fermentação como glicerol, ácidos orgânicos, acetaldeído, acetoína,
butilenoglicol e outros.
Amostra 3 Amostra 4
Extrato Aparente (g/L)
140 70 140 50
Extrato Aparente (g/L)
120 60 120
40
100
Etanol (g/L)
Etanol (g/L)
100 50
80 40 80 30
60 30 60 20
40 20 40
10
20 10 20
0 0 0 0
0 24 48 72 96 120 144 0 24 48 72 96 120 144
Tempo (h) Tempo (h)
Figura 3.5:Consumo de Extrato Aparente (g/L) (▪) e produção de Etanol (g/L) (•) pela levedura cervejeira
Saccharomyces cerevisiae S-23 tipo Lager nas amostras 3 e 4.
Tabela 3.1: Teste de Tukey para os valores médios de Etanol (g/L), Extrato Aparente (g/L) e Densidade
(g/mL) no último ponto da fermentação das amostras com 15 e 49% de adjunto.
Variável Médias
Etanol (amostra 15%) (g/L) 59,02 a1
Etanol (amostra 49%) (g/L) 43,79 a2
Extrato Aparente (amostra 15%) (g/L) 1,61 a1
Extrato Aparente (amostra 49%) (g/L) 7,86 a2
Densidade (amostra 15%) (g/mL) 1,00740 a1
Densidade (amostra 49%) (g/mL) 1,01500 a2
*Médias seguidas de mesma letra minúscula e mesmo número na linha não diferem entre si em nível de 5%
de significância.
O melhor desempenho da levedura na amostra 3 pode também ser observada na figura 3.6
que mostra a produtividade volumétrica (definida como gramas de açúcar consumidos por volume
de álcool por unidade de tempo) e o rendimento em etanol (quantidade real de açúcar que é
convertido em etanol) em função do tempo de fermentação. A amostra 3 alcançou o valor de 0,51
g/Lh de produtividade volumétrica em 72 horas e esse valor repetiu-se após 96 e 108 horas de
fermentação. O maior valor de produtividade volumétrica alcançado pela amostra 4 foi de 0,38 g/Lh
em 108 horas de fermentação, figura 7. Quanto ao rendimento real em etanol a amostra 3 alcançou,
em 60 horas de fermentação, o valor de 0,50 g/g, próximo do valor teórico de Yp/s estimado por
Gay-Lussac (Yp/s = 0,511 g/g); Já na amostra 4 o valor máximo de Yp/s foi de 0,37g/g a partir das
108 horas de fermentação. Observa-se nas figuras 3.5 e 3.6 que tanto os valores de Qp e de Yp/s nas
duas amostras não foram constantes. De acordo com Hiss [24], dificilmente são observados valores
constantes dos fatores de conversão em fermentações industriais.
60
Amostra 3
0,60
Produtividade (g/L.h) e
0,20
0,10
0,00
0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 144
Tempo (h)
Amostra 4
0,40
Produtividade (g/L.h) e
0,35
Figura 3.7: Produtividade
Rendimento (g/g)
0,30
Volumétrica (g/Lh) (▪) e
0,25 Rendimento em Etanol (g/g) (▫) na
0,20 amostra 4 durante a fermentação.
0,15
0,10
0,05
0,00
0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 144
Tempo (h)
Figura 3.8: Na direita: Amostra contendo 15% de adjunto. Na esquerda: Amostra contendo 49% de adjunto.
4. CONCLUSÕES
Este trabalho foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
(FAPESB), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Programa de Pós Graduação em
Biotecnologia – UEFS/Fiocruz – Brasil.
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16. ASBC, American Society of Brewing Chemists (1996). Methods of Analysis of American
Society of Brewing Chemists. ASBC. 8th. ed. Saint Paul Minnesota. USA.
17. Borzani, W. (1986). Cinética de processos fermentativos. Revista Brasileira de Engenharia, 3
(2),p 61.
18. Moser, A. Bioprocess Technology. (1988). Kinetics and Reactors. New York: Springer-Verlag,
451p.
19. Guido, L. F., Rodrigues, P. G., Rodrigues, J. A., Goncalves, C. R., & Barros, A. A. (2004).
Food Chemistry, 87, 187–193. doi: 10.1016/j.foodchem.2003.10.033.
20. Briggs, D. E.; Boulton, C. A.; Brookes, P. A.; Stevens, R. (2004). Brewing: Science and
Practice, Cambridge: CRC Press.
21. Dequin, S. (2001). The potential of genetic engineering for improving brewing,wine-making
and baking yeasts. Applied Microbiology Biotechnology, 56, 577-588. doi:
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22. Bekatorou, A.; Soupioni, M. J.; Koutinas, A. A.; Kanellaki, M. E. (2002). Low-Temperature
Brewing by Freeze-Dried Immobilized Cells. Applied Biochemistry and Biotechnology, 97,
105-121. doi: 10.1385/ABAB:97:2:105.
23. Younis, O. S.; Stewart, G. G. (1999). Effect of malt wort, very high gravity malt wort and very
high gravity adjunct wort on volatily production in Saccharomyces cerevisiae. Journal of the
American Society of the Brewing Chemists, 57, 39-45.
24. Hiss, H. Cinética de Processos Fermentativos. In: Almeida Lima, U.; Aquarone, E.; Borzani,
W.; Schmidell, W. (2001). Biotecnologia Industrial. São Paulo: Edgard Blücher, 2, 3-122.
64
CAPÍTULO IV
Resumo O presente trabalho aborda a aplicação de adjunto misto de suco de cajá e sacarose em
substituição a 15% do malte de cevada na produção de uma cerveja Pilsen, em escala piloto de 60
litros. O acompanhamento físico-químico e cinético foi realizado durante as fases de fermentação e
maturação. No ponto final a cerveja apresentou 5,51% de etanol (v/v), com o consumo de 97,01 g/L
de extrato aparente, resultando em uma fermentabilidade de 73,49%. A cerveja alcançou a
produtividade volumétrica (Qp) de 1,07 g/L.h em 12 horas de fermentação e o maior valor de Yp/s
nessas condições foi de 0,50 g/g em 50 horas. Os valores máximos de µx, µs e µp (0,134 h-1, 2,95
gs/gx.h e 1,00 gp/gx.h) foram alcançados logo nas primeiras horas da fermentação primária e o tempo
de geração da levedura foi de 5,17 horas. 85% dos provadores na análise sensorial demonstraram
gostar da cerveja de cajá, sendo que dos 60 avaliadores presentes, 87% apresentaram interesse na
compra do produto.
Palavras Chaves; Cerveja; Cajá (Spondias mombim L.); Adjunto; Cinética; Análise Sensorial
________________________________________
email: giovanibrandao.uefs@gmail.com
V. L. Del Bianchi
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Instituto de Biociências Letras e Ciências
Exatas de São José do Rio Preto, Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos. Rua Cristóvão
Colombo, 2265, Jardim Nazareth 15054000 - São Jose do Rio Preto, SP – Brasil.
65
1. INTRODUÇÃO
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1.1 Água
A água utilizada nos experimentos foi adquirida no mercado local em galões de 20 litros da
marca Indaiá® com características ideais para a produção de mosto cervejeiro.
O malte de cevada utilizado foi o malte claro do tipo Pilsen adquirido em sacos de 50 kg e
armazenado em condições adequadas de temperatura e umidade.
2.1.3 Lúpulo
2.1.4 Levedura
67
A levedura utilizada nesse procedimento foi a levedura comercial Saccharomyces
cerevisiae S-23 tipo Lager.
O suco utilizado como adjunto foi produzido a partir de polpas comerciais da marca
Brasfrut®, compradas no mercado local da cidade de Feira de Santana, estado da Bahia, Brasil.
Foram preparados 9 litros de suco na proporção de 1:1 em volume de água destilada, com o objetivo
de se produzir 60 litros de cerveja com 15% de adjunto. O suco foi chaptalizado de acordo com
Cataluña [4] com sacarose comercial, tornando-o um adjunto misto de suco e açúcar, para o valor
de 12 °Brix. Após a chapitalização o pH do suco foi desacidificado com adição de CaCO3 para o
valor de 5,0. Metabissulfito de Potássio foi adicionado ao suco misto como antimicrobiano.
O malte de cevada foi moído em moinho manual Guzzo®. A figura 4.1 mostra o malte
moído, nem muito fino que interferisse na cor da cerveja final e nem muito grosso que dificultasse a
extração dos açúcares presentes.
68
2.3.2 Mosturação
O malte moído foi misturado com água, previamente aquecida, água primária, na panela de
mostura, figura 4.2. O pH da mistura inicial foi de 5,5, não havendo a necessidade de correção. A
mistura foi então tamponada com cloreto de cálcio (CaCl2) na proporção de 1,26 g de CaCl2/Kg de
malte. A mosturação seguiu a rampa de tempo e temperatura, sob agitação manual constante,
previamente estabelecida pelos pesquisadores para a produção de uma cerveja tipo Pilsen. Na
penúltima escala de temperatura da rampa foi feito o teste de sacarificação do amido. Para isto, uma
gota de iodo 0,2 N foi adicionada a uma gota do mosto em processo. A mudança da cor roxo-
azulada para amarela indicou a completa hidrolise do amido no meio.
69
2.3.4 Filtração
Após a completa mosturação foi realizada a filtração do mosto em uma segunda panela no
sistema provida de um fundo falso, figura 4.3. Nessa etapa o próprio bagaço do mosto serve como
camada filtrante no processo. O mosto foi recirculado com o objetivo de retirar todo tipo de resíduo
do mesmo. Após a recirculação, água secundária, previamente aquecida, foi passada pela camada
filtrante do mosto com o objetivo de extrair todo o açúcar residual presente no bagaço.
70
2.3.5 Fervura
O mosto resfriado foi transferido para o tanque de fermentação/maturação, figura 4.5, com
capacidade de 60L provido de controlador e indicador de temperatura e pressão. O adjunto misto de
sacarose e suco de cajá foi então adicionado ao mosto e a levedura foi inoculada diretamente ao
meio. O tempo final da fermentação foi determinado quando se alcançou uma concentração de
extrato aparente (ºP) aproximadamente igual a 1 ºP acima da concentração de açúcares não
fermentescíveis do ensaio do ponto final. Esse valor de 1 °P foi obtido acrescentando uma unidade
(1°P) no valor correspondente a concentração não fermentescível do mosto ou concentração final
máxima de fermentação obtida pela fermentação de 250 mL de mosto com 1g de fermento
comercial [5]. A fermentação foi conduzida em 15 °C e ao seu final a maturação, ou fermentação
secundária, foi iniciada com a redução da temperatura do sistema para 0 °C e com o ajuste da
pressão interna do tanque para 2 kgf/cm2, após 34 horas de fermentação primária. De acordo com
Tschope [6], esta pressão final tem como efeito saturar com CO2 o meio líquido em valores entre 5
e 6 g/L, o que causaria a redução da formação de alguns subprodutos indesejáveis como álcoois
superiores e possibilitaria, quando em excesso, diminuir a velocidade de fermentação ou problemas
indesejáveis de autólise da levedura causando problemas como a diminuição da qualidade físico-
química e sensorial do produto obtido.
72
O teor de extrato aparente (°P), concentração de etanol (%v/v) e a densidade (g/mL) foram
determinados através do densímetro de bancada (Rudolph Research Analytical, modelo DDM
2911).
Para a transformação da concentração de etanol em %v/v para g/L utilizou-se a fórmula:
( ) ( ) ( ) ( ) (1)
( ) ( ) (2)
O teor de sólidos solúveis (°Brix) foi determinado pelo método refratométrico pelo
aparelho da Reichert, modelo AR200.
A metodologia empregada para o cálculo dos fatores seguiu a metodologia proposta por
Borzani [8] e Moser [9]:
(3)
75
b) Rendimento Real em Etanol (g/g):
(4)
(5)
(6)
(7)
Onde:
A analise sensorial da cerveja produzida foi realizada através do teste afetivo de aceitação
com escala hedônica estruturada com 9 pontos. Os testes foram realizados em cabines de análise
sensorial, no Laboratório de Análise Sensorial do Departamento de Tecnologia da Universidade
Estadual de Feira de Santana – Bahia. Os testes foram conduzidos com 60 provadores não
selecionados e não treinados, do público universitário, de ambos os sexos e maiores de 18 anos.
Além da aceitação, ainda foi avaliada a intenção de compra dos avaliadores diante do novo produto.
O modelo da ficha utilizada no teste de análise sensorial é mostrado na figura 4.6.
Por favor, avalie o produto de forma global. Marque um X no local da escala que indique o quanto gostou ou
desgostou do produto.
( ) Gostei muitíssimo
( ) Gostei muito
( ) Gostei pouco
( ) Gostei
( ) Não gostei nem desgostei
( ) Desgostei
( ) Desgostei pouco
( ) Desgostei muito
( ) Desgostei muitíssimo
Comentários:____________________________________________________________________________
________________________________
Por favor, avalie quanto a sua intenção de compra.
( ) Certamente compraria
( ) Talvez compraria
( ) Compraria
( ) Talvez não compraria
( ) Certamente não compraria
Comentário:________________________________________________________
Através das representações gráficas da concentração celular obtida pela contagem celular
em câmara de Neubaur, figura 4.7, e por peso celular, figura 4.8, observa-se que a levedura
alcançou máxima concentração celular após 34 horas de fermentação, 2,2x108 (cel/mL) pelo
método de viabilidade celular e 8,31 g/L através do peso seco. Valores semelhantes de células em
suspensão foram encontrados por Carvalho [11] na fermentação de mosto utilizando banana como
adjunto, a 15 °C, com extrato aparente inicial de 12 °P. Após as 34 horas iniciais da fermentação a
levedura começa a entrar na fase de invibialização celular (ou fase de morte). Observa-se que a fase
de morte da levedura é iniciada no momento em que a temperatura do processo é reduzida até 0 °C,
iniciando a maturação da cerveja, demonstrando a relação direta entre o crescimento celular e a
temperatura.
2,50E+08
Células em suspensão
2,00E+08
(cel/mL)
1,50E+08
1,00E+08
5,00E+07
0,00E+00
108
132
156
180
0
4
8
20
12
16
24
34
46
58
70
84
Tempo (h)
10
108
132
156
180
0
4
8
12
16
20
24
34
46
58
70
84
Tempo (h)
9 1,050
Células em Suspensão (g/L)
8 1,045
7
Densidade (g/mL)
1,040
6
1,035
5
1,030
4
1,025
3
2 1,020
1 1,015
0 1,010
108
132
156
180
0
4
8
24
12
16
20
34
46
58
70
84
Tempo (h)
0,16 3,5
0,14 3
µs (gs/gx.h) e µp (gp/gx.h)
0,12
2,5
0,1
µx (h-1)
0,08 2
0,06 1,5
0,04
1
0,02
0 0,5
-0,02 0
108
132
156
180
0
4
8
12
16
20
24
34
46
58
70
84
Tempo (h)
Figura 4.10: Velocidade específica de crescimento celular (µx▪), consumo de extrato aparente (µs▲), e
produção de etanol (µp•), para a cerveja produzida.
140 50
45
120
Extrato Aparente (g/L)
40
100 35
Etanol (g/L)
80 30
25
60 20
40 15
10
20
5
0 0
108
132
156
180
0
4
8
20
70
12
16
24
34
46
58
84
Tempo (h)
Figura 4.11: Consumo de extrato aparente (g/L) (▪) x produção de etanol (g/L) (•).
0,60 1,20
Produtividade Volumétrica em Etanol
Rendimento Real em Etanol Yp/s (g/g)
0,50 1,00
0,40 0,80
Qp (g/L.h)
0,30 0,60
0,20 0,40
0,10 0,20
0,00 0,00
108
132
156
180
4
8
0
12
16
20
24
34
46
58
70
84
Tempo (h)
Figura 4.12.Valores de Rendimento real em etanol (Yp/s) (g/g) (▪) e Produtividade volumétrica em etanol
(Qp) (g/L.h) (▫).
81
3.3 Análise Sensorial
O teste sensorial da cerveja produzida foi realizado para avaliar a aceitação do produto e a
intenção de compra diante do consumidor. Para isso, o teste afetivo de aceitação com escala
hedônica estruturada com 9 ponto foi realizado. No teste também foi avaliada a intenção de compra
do produto através de escala constituída com 5 pontos, variando entre “certamente compraria” e
“certamente não compraria”. As amostras foram retiradas diretamente do tanque de
fermentação/maturação e servidas aos provadores em copos descartáveis de 250 mL, 100 mL de
cerveja na temperatura de aproximadamente 5 °C, acompanhadas de água mineral, torrada e patê de
presento. Os resultados do teste de aceitação e da avaliação da intenção de compra da cerveja são
vistos nas figuras 4.13 e 4.14, respectivamente.
Observa-se que a cerveja teve boa aceitação diante dos provadores, ficando o produto com
85% de aceitação entre “gostei” e “gostei muitíssimo”. Quanto a intenção de compra 87% dos
provadores indicaram interesse na compra do produto, indicados entre “compraria” e “certamente
compraria”. Os principais comentários dos provadores foram em relação a cor, ao aroma e ao sabor
da cerveja. A maioria dos provadores indicou que a cerveja apresentava cor mais escura, em
comparação às cervejas comerciais, além de ter turbidez acentuada devido a não utilização da
clarificação no processo. Os provadores indicaram a presença de “aroma de cajá” e sabor
perceptível da fruta na cerveja analisada, fator positivo na avaliação.
A cerveja tipo Lager com suco misto de cajá e sacarose como adjunto do malte pode ser
observada na figura 4.15.
25
Número de Provadores
20
15
10
5
0
25
20
Número de Provadores
15
10
0
Certamente Talvez Compraria Talvez não Certamente
compraria compraria compraria não
compraria
Figura 4.14: Intenção de compra dos provadores para a cerveja obtida.
Figura 4.15: Cerveja com suco de cajá tipo Lager, teor alcoólico de 5,51 % v/v.
83
4. CONCLUSÕES
5. REFERÊNCIAS
1. Virkajärvi, I.; Vainikka, M.; Virtanen, H.; Home, S. (2002). Productivity of immobilized yeast
reactors with very-high-gravity worts. Journal of the American Society of Brewing Chemists, v.
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STADLER, P. (Ed.)Biotechnology. A Multi-volume Comprehensive Treatise. 2º ed. Enzymes,
Biomass, Food and Feed.Weinheim: VCH, 419-462.
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Alimentos. São Paulo: Edgar Blucher, 91-144.
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Revised Edition. Minnesota: The Technical Committee and the Editorial Committe of the
ASBC.
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Paulo: Editora Aden, 223 p.
7. Instituto Adolfo Lutz. (1985). Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos químicos e
físicos para análise de alimentos. 3 ed. São Paulo: O Instituto, v.1, 533 p.
8. Borzani, W. (1986). Cinética de processos fermentativos. Revista Brasileira de Engenharia, v.3,
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9. Moser, A. (1988). Bioprocess Technology. Kinetics and Reactors. New York: Springer-Verlag,
451p.
10. Le Duy, A.; Zajic, J. E. (1973). A Geometrical Approach for Differentiation of an Experimental
Function at a Point: Applied to Growth and Product Formation. Biotechnology and
Bioengineering, New York, v. 15, 805-815.
11. Carvalho, G. B. M.; Silva, D. P.; Bento, C. V.; Vicente, A. A., Teixeira, J. A.; Felipe, M. G. A.;
Almeida e Silva, J. B. (2008). Banana as adjunct in beer production: Applicability and
84
performance of fermentative parameters. Applied Biochemistry and Biotechnology, 155, 53-62.
doi: 10.1007/s12010-008-8458-y.
12. Guido, L. F., Rodrigues, P. G., Rodrigues, J. A., Goncalves, C. R., & Barros, A. A. (2004).
Food Chemistry, 87, 187–193. doi: 10.1016/j.foodchem.2003.10.033.
13. Hiss, H. Cinética de Processos Fermentativos. (2001) In: Almeida Lima, U.; Aquarone, E.;
Borzani, W.; Schmidell, W. Biotecnologia Industrial. São Paulo: Edgard Blücher, v. 2. p. 93-
122.
85
CONCLUSÃO GERAL
O suco da fruta cajá apresentou características favoráveis para a fermentação, como teor de
°Brix igual a 12,6±0,2 e açúcares redutores de 8,7±0,3. Os valores de pH e do °Brix
influenciaram positivamente na fermentação do suco de cajá, sendo que quanto maior os
valores dessas variáveis maior é a redução da densidade do suco, indicando a presença de
etanol.
Quanto maior a quantidade de adjunto utilizado na substituição do malte menor os valores
dos parâmetros fermentativos. A fermentação do mosto com 15% de suco misto de cajá e
sacarose apresentou resultados mais favoráveis em comparação a fermentação do mosto
com 49% de adjunto, nas mesmas condições de fermentação, como a produção de 7,48% de
etanol (v/v), Qp de 0,51 g/L.h e Yp/s de 0,50 g/g, com fermentabilidade de 98%.
A produção da cerveja com 15% de adjunto em planta piloto de 60 litros apresentou teor
alcoólico de 5,51% (v/v) no ponto final da maturação e fermentabilidade de 73,49%. A
cerveja alcançou o valor de produtividade volumétrica em etanol de 1,07 g/L.h em 12 horas
de fermentação e 0,50 g/g de rendimento real em etanol após 50 horas de inoculação. Os
valores máximos das velocidades de específicas de crescimento celular (µx), consumo de
substrato (µs) e produção de etanol (µp) foram 0,134 h-1, 2,95 gs/gx.h e 1,00 gp/gx.h,
respectivamente, alcançando esses valores logo nas primeiras horas da fermentação
primária, com tempo de geração de levedura de 5,17 horas.
A análise sensorial através do teste afetivo de aceitação com escala hedônica mostrou que a
cerveja de cajá teve boa aceitação diante dos 60 provadores, com 85 % de aceitabilidade e
87 % de intenção de compra.
Apêndice 01. Contagem celular, teor de sólidos solúveis e densidade dos ensaios fermentativos
do suco de cajá segundo a matriz fatorial do Capítulo II, tabela 3.
Tabela A1.6. Fermentação do suco de cajá. Condições iniciais: 18 °Brix; pH=4,4. Ponto Central.
Apêndice 02. Resultados dos ensaios fermentativos com suco de cajá, Capítulo III.
Tabela A2.1. Ensaio 1: Fermentação do suco de cajá com levedura Saccharomyces cerevisiae (AWRI726).
Média dos resultados.
Tabela A2.1. Ensaio 2: Fermentação do suco de cajá com levedura Saccharomyces cerevisiae S-23 tipo
Lager. Média dos resultados.
Tabela A3.1. Ensaio 3: Fermentação do mosto com 15% de adjunto misto de suco de cajá e sacarose, com levedura Saccharomyces cerevisiae S-23 tipo Lager.
Média dos resultados.
Células não
Tempo Células Viáveis Células totais Extrato Aparente Extrato Etanol Densidade Qp Yp/s
Viáveis(cel/mL) Etanol (g/L)
(h) (cel/mL)E+07 (cel/mL)E+07 (ºP) Aparente (g/L) (%v/v) (g/mL) (g/L.h) (g/g)
E+07
0 1,200 0,000 1,200 11,90 124,74 0,00 0,00 1,0482 0,00 0,00
12 1,340 0,020 1,360 10,77 112,88 0,65 5,21 1,04709 0,43 0,44
24 1,110 0,018 1,128 9,40 99,29 1,55 12,19 1,0452 0,51 0,48
36 1,370 0,050 1,375 9,27 96,71 1,74 13,77 1,04377 0,38 0,49
48 1,615 0,012 1,617 7,68 79,76 2,16 17,04 1,03987 0,36 0,38
60 4,000 0,002 4,020 6,27 64,69 3,86 30,53 1,03092 0,51 0,51
72 4,240 0,310 4,550 4,20 42,91 4,08 32,19 1,02295 0,45 0,39
84 4,320 0,280 4,600 3,12 31,83 5,45 43,04 1,02193 0,51 0,46
96 4,920 0,180 5,100 1,65 16,81 6,22 49,12 1,01294 0,51 0,46
108 4,100 1,260 5,360 1,10 11,22 7,00 55,23 1,01078 0,51 0,49
120 3,320 2,080 5,400 0,63 6,41 7,37 58,11 1,00885 0,48 0,49
132 3,480 1,704 5,184 0,27 2,67 7,38 58,27 1,00815 0,44 0,48
144 3,270 1,608 4,878 0,16 1,61 7,49 59,02 1,00738 0,41 0,48
94
Tabela A3.2. Ensaio 4: Fermentação do mosto com 49% de adjunto misto de suco de cajá e sacarose, com levedura Saccharomyces cerevisiae S-23 tipo Lager.
Média dos resultados.
Células
Células não Extrato
Tempo Viáveis Células totais Extrato Aparente Etanol Qp Yp/s
Viáveis(cel/mL) Aparente Etanol (g/L) Densidade (g/mL)
(h) (cel/mL) (cel/mL)E+07 (g/L) (%v/v) (g/L.h) (g/g)
E+07 (ºP)
E+07
0 1,015 0,000 1,015 11,90 124,84 0,00 0,00 1,0491 0,00 0,00
12 1,120 0,095 1,215 10,38 108,68 0,41 3,20 1,0480 0,27 0,20
24 1,235 0,130 1,365 9,62 100,83 0,80 6,39 1,0476 0,27 0,27
36 1,354 0,251 1,605 9,19 96,21 0,96 7,57 1,0475 0,21 0,27
48 1,250 0,005 1,255 7,20 74,85 1,74 13,81 1,0411 0,29 0,28
60 1,130 0,060 1,190 5,85 60,47 2,26 17,87 1,0338 0,30 0,28
72 1,410 0,090 1,500 5,00 50,99 3,16 24,97 1,0260 0,35 0,34
84 2,240 0,035 2,275 3,03 30,98 3,70 29,39 1,0223 0,35 0,31
96 2,312 1,050 3,362 2,16 22,02 4,40 34,79 1,0218 0,36 0,34
108 2,420 1,140 3,560 1,27 12,86 5,19 40,93 1,0203 0,38 0,37
120 2,180 1,250 3,430 0,88 8,76 5,24 41,74 1,0188 0,35 0,36
132 1,270 0,895 2,165 0,80 8,18 5,44 42,92 1,0165 0,33 0,37
144 1,002 0,230 1,232 0,78 7,87 5,52 43,79 1,0150 0,30 0,37
95
Apêndice 04. Resultados do ensaio fermentativo da cerveja com 15% de adjunto misto de suco de cajá e sacarose em planta piloto de 60L.
Tabela A4.1. Fermentação da cerveja com 15% de adjunto. Temperatura de 15 °C até às 46 horas; Temperatura de 0 °C após as 46 horas. Levedura Saccharomyces
cerevisiae S-23 tipo Lager.
0 2,25E+07 2,50E+06 2,50E+07 2,03 5,82 11,8 12,60 131,99 0,18 1,42 1,0475 0,00 0,11
4 3,50E+07 1,50E+06 3,65E+07 1,44 5,78 11,6 11,40 119,32 0,20 1,58 1,0467 0,39 0,12
8 6,00E+07 2,00E+06 6,20E+07 1,21 5,46 11,5 11,00 115,09 1,05 8,28 1,0463 1,04 0,49
12 8,15E+07 2,00E+06 8,35E+07 2,53 5,45 11,3 9,90 103,49 1,62 12,78 1,0454 1,07 0,45
16 1,20E+08 1,50E+06 1,22E+08 4,09 5,04 11,0 9,02 94,19 2,07 16,33 1,0442 1,02 0,43
20 2,10E+08 3,00E+06 2,13E+08 5,87 4,97 10,9 8,22 85,80 2,69 21,22 1,0438 1,06 0,46
24 2,10E+08 7,50E+06 2,18E+08 7,44 4,97 10,4 8,04 83,75 2,84 22,41 1,0417 0,93 0,46
34 2,10E+08 1,00E+07 2,20E+08 8,31 4,89 8,9 7,51 77,77 3,39 26,75 1,0355 0,79 0,49
46 2,00E+08 1,70E+07 2,17E+08 5,12 4,66 8,2 6,84 70,63 3,73 29,43 1,0326 0,64 0,48
58 1,00E+08 8,00E+06 1,08E+08 4,32 4,59 7,1 6,70 68,88 4,01 31,64 1,0281 0,55 0,50
70 5,00E+07 8,00E+06 5,80E+07 2,05 4,56 6,5 5,40 55,39 4,77 37,64 1,0257 0,54 0,49
84 5,10E+07 9,50E+06 6,05E+07 3,21 4,88 6,5 5,20 53,34 4,96 39,13 1,0257 0,47 0,50
108 2,80E+07 4,25E+07 7,05E+07 2,19 4,79 6,4 5,00 51,27 5,00 39,45 1,0253 0,37 0,49
132 2,00E+07 3,25E+07 5,25E+07 1,52 4,76 6,2 4,80 49,20 5,25 41,42 1,0250 0,31 0,50
156 3,00E+07 4,00E+07 7,00E+07 1,28 4,61 6,1 4,73 48,47 5,26 41,50 1,0248 0,27 0,50
180 2,00E+07 2,75E+07 4,75E+07 1,17 4,52 5,8 3,42 34,98 5,51 43,47 1,0229 0,24 0,45