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LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

PRÁTICA DE ENSINO: TRAJETÓRIA DA PRÁXIS (PE:TP)

POSTAGEM 1: ATIVIDADE 1

ATIVIDADE 1 - TEXTO DISSERTATIVO

Thais Andrade Galvão de Medeiros- 0414251

Polo Aquarius

2024

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Lamentavelmente, nos dias atuais, a situação de violência se espalhou amplamente,
especialmente nas escolas. Nunca antes havíamos testemunhado tantos incidentes de
agressões envolvendo armas brancas e de fogo em escolas no Brasil. Infelizmente, muitos
professores continuam sendo vítimas desse cenário preocupante.
A educação familiar frequentemente se mostra ineficaz, com pais sobrecarregados
pelo trabalho ou, como no texto base, pais encarcerados, deixando a responsabilidade pela
criação dos filhos para o "mundo" ou para a escola. Apesar de a escola ter um papel
formativo, não deveria ser a única base para a formação cidadã. Diante dessa situação,
vemos um aumento nos casos de violência escolar.
Ensinar em escolas localizadas em bairros com histórico de violência é, sem dúvida,
um grande desafio. Professores muitas vezes se veem impotentes diante das ameaças dos
alunos, que acreditam ser os "senhores" do ambiente escolar, frequentemente refletindo
a dinâmica em suas próprias casas. O cotidiano dos professores se torna marcado por
ameaças e represálias, criando a seguinte dúvida: "O que fazer?".
A opção ideal talvez fosse registrar boletins de ocorrência, especialmente em casos
de ameaças. No entanto, como mencionado no texto, fazer uma denúncia pode inflamar
ainda mais os ânimos dos alunos violentos, transformando uma ameaça em um ato real.
E provavelmente se tem subnotificações de casos de violência em sala de aula.
Dentro da sala de aula, o professor mantém sua autoridade, mas, ao sair da escola,
passa a ser igual a qualquer outra pessoa, sujeito a possíveis ataques. Diante disso, muitas
vezes a melhor abordagem para o professor é simplesmente ignorar as investidas na
medida do possível. Estudos mostraram que 12,5% dos professores entrevistados (em um
grupo de 14.291 professores) afirmaram ser vítimas de agressões verbais ou intimidação
por alunos pelo menos uma vez por semana (Facci, 2019). No entanto, quantas dessas
ameaças foram realmente registradas? Provavelmente muito poucas.
Além do medo por sua própria vida, os professores também se preocupam com a
segurança de seus entes queridos. A questão é: vale a pena arriscar suas vidas?
Provavelmente não. O medo é uma emoção inerente ao ser humano, e os professores,
cientes do potencial negativo de alguns alunos e de suas ameaças, muitas vezes tentam
resolver a situação com a direção da escola em vez de recorrer a medidas legais, como
fazer uma denúncia, por receio pela própria vida. Isso acaba por normalizar a violência e
"deixar estar", o que possivelmente não é a melhor opção, mas é a mais segura.
Estudos como o de Longobardi et al. (2018) destacam a alta taxa de violência, tanto
física quanto não física, direcionada aos professores, especialmente no ensino
fundamental e médio. Já Melanda et al. (2018), em um estudo realizado em Londrina
(PR) com 804 docentes, afirmaram que 8,4% dos professores relataram terem sido vítimas
de violência escolar, em alguns casos envolvendo armas brancas e de fogo. Na maioria
das vezes, os professores relatam as ameaças à direção da escola, e o Conselho Tutelar só
é acionado quando a situação ultrapassa a capacidade de resolução da escola (Facci,
2019). A questão de como lidar com os casos de violência na escola permanece sem
resposta. Deve-se ignorar? Denunciar? É sabido que essa situação está intrinsecamente
ligada às condições socioeconômicas do indivíduo e que a mediação e resolução desses
problemas vão além dos muros da escola.

Referências

FACCI, M. G. D. O adoecimento do professor frente à violência na escola. Fractal,


Rev. Psicol. 31 (2). 2019.
LONGOBARDI, C.; BADENES-RIBERA, L.; FABRIS, M. A.; MARTINEZ, A.;
MCMAHON, S. D. Prevalence of student violence against teachers: A meta-analysis.
Psychology of Violence, 9 (6), 596-610, 2018
MELANDA, F. N.; SANTOS, H. G.; SALVAGIONI, D. A. J.; MESAS, A. E.;
GONZÁLEZ, A. D.; ANDRADE, S. M. Violência física contra professores no espaço
escolar: análise por modelos de equações estruturais. Cadernos de Saúde Pública, 34
(5), 1-11, 2018.

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