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Rogério Sanches
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
INTENSIVO II
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CRIMES HEDIONDOS............................................................................................................................... 1

LEI DE TORTURA – LEI 9.455/97 ........................................................................................................... 10

LEI DE DROGAS – LEI 11.343/06 ............................................................................................................ 16

1. Principais Características da lei 11.343/06: .............................................................................. 16

2. Crime em caso de usuário: ........................................................................................................ 17

3. Crime de tráfico: ........................................................................................................................ 20

3.1 Tráfico propriamente dito: ................................................................................................ 20

3.2 Tráfico equiparado: ........................................................................................................... 24

4. Tráfico de maquinários (art. 34):............................................................................................... 30

5. Associação (art. 35): .................................................................................................................. 31

6. Financiamento do tráfico (art. 36 da lei 11.343/06): ................................................................ 33

7. Causas de aumento de pena (art. 37): ...................................................................................... 35

8. Único crime culposo da lei (art. 38): ......................................................................................... 35

9. Conduzir veículo automotor sob efeito de drogas (art. 39): ..................................................... 37

10. Causas de aumento de pena (art. 40): .................................................................................. 38

LEI MARIA DA PENHA – LEI 11.340/06 .................................................................................................. 42

1. Finalidades................................................................................................................................. 42

2. Constitucionalidade ou inconstitucionalidade .......................................................................... 43

2.1 Inconstitucionalidade: ....................................................................................................... 43

2.2 Constitucionalidade:.......................................................................................................... 44

3. Conceito de violência doméstica e familiar .............................................................................. 46

3.1 No âmbito da unidade doméstica (art. 5º, I)..................................................................... 46

3.2 No âmbito da família (art. 5º, II) ....................................................................................... 46

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3.3 Em qualquer relação íntima de afeto (art. 5º, III) ............................................................. 47

3.4 Orientação sexual da Vítima (Art. 5º, p. ún.) .................................................................... 47

4. Formas de violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 7º): ....................................... 48

4.1 Violência física ................................................................................................................... 48

4.2 Violência psicológica ......................................................................................................... 48

4.3 Violência sexual ................................................................................................................. 48

4.4 Violência patrimonial ........................................................................................................ 49

4.5 Violência moral.................................................................................................................. 49

5. Medidas integradas de prevenção (art. 8º): ............................................................................. 50

6. Formas de assistência à mulher (artigo 9º):.............................................................................. 51

7. Medidas protetivas (art.´s 18 e seguintes):............................................................................... 53

8. Organização Judiciária:.............................................................................................................. 56

9. Procedimento: ........................................................................................................................... 59

LEI DE EXECUÇÃO PENAIS ..................................................................................................................... 61

Finalidade da LEP .................................................................................................................................. 61

Art. 1º .................................................................................................................................................... 61

Princípios da LEP ................................................................................................................................... 62

Lei 10.792/03 ........................................................................................................................................ 62

Partes na Execução Penal...................................................................................................................... 63

Competência na LEP .............................................................................................................................. 63

Arts. 38 a 43 LEP – Estatuto do Preso ................................................................................................... 64

Deveres – Art. 39 LEP............................................................................................................................ 64

Direitos – Art. 41 LEP ............................................................................................................................ 64

O CNJ e o TSE estão viabilizando o direito de votar do preso provisório ............................................. 64

Regime Disciplinar Diferenciado – RDD ................................................................................................ 65

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II
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RDD: Características (art. 52 LEP)......................................................................................................... 65

II – presos de alto risco (art. 52, § 1º) – di eitoàpe alàdoàauto ......................................................... 65

RDD: Judicialização ................................................................................................................................ 66

RDD: Discussão sobre sua Constitucionalidade .................................................................................... 66

O STJ inclina para a constitucionalidade; todos os argumentos da constitucionalidade são do STJ. ... 67

I – condenado maior de 70 anos; ......................................................................................................... 70

II – condenado acometido de doença grave;....................................................................................... 70

III – condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; ...................................................... 70

IV – condenada gestante; ..................................................................................................................... 71

I – praticar fato definido como crime doloso ou falta grave: ............................................................. 71

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III
- há três sistemas rotulando o que seja o crime hediondo:
- Sistema Legal: compete ao legislador enumerar um rol taxativo de quais delitos serão
considerados hediondos;

- Sistema Judicial: nesse sistema, é o juiz quem, na apreciação do caso concreto, analisando a
gravidade do delito, decide se a infração é ou não hedionda;

- Sistema Misto: no sistema misto, o legislador apresenta um rol exemplificativo de crimes


hediondos, permitindo ao juiz na apreciação do caso concreto encontrar outros exemplos1;

- o Brasil adotou o sistema legal (art. 5°, XLIII, CRFB/88), uma vez que a lei é que vai
considerar os crimes definidos como hediondos;

- são crimes equiparados a hediondos no texto constitucional (art. 5º, XLIII, CRFB/88):
- Tortura
- Tráfico de Entorpecentes e Drogas
-Terrorismo

- críticas aos sistemas:


- Sistema Legal: trabalha somente com o plano em abstrato, podendo punir delitos de
gravidade diferente com a mesma severidade;

- Sistema Judicial: fere o princípio da taxatividade e causa insegurança jurídica;

- Sistema Misto: agrega os defeitos dos dois sistemas acima;

- Sistema mais justo criado pelo STF:


- o legislador apresenta um rol taxativo; porém, o juiz, analisando o caso concreto, deve
confirmar a hediondez (Guilherme de Sousa Nucci já usa e sugere esse sistema em sua
doutrina);

- o artigo 1º da lei 8.072/90 traz quais são os crimes considerados hediondos em um rol taxativo,
listando todos os crimes tipificados no Código Penal que são hediondos2:
- o rol será explicado de forma detalhada posteriormente;

- Conseqüências desses crimes (art. 2º da lei 8.072/90):


I – insuscetíveis de anistia; graça e indulto;

1
Esse sistema nada mais é do que uma interpretação analógica.
2
Há apenas um crime hediondo que não está no Código Penal, que é o genocídio.
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- anistia, graça e indulto são formas de renúncia estatal ao seu direito de punir;
- a CRFB/88 não veda o indulto, vedando apenas a graça e a anistia. Já a lei 8.072/90
veda a graça, anistia e o indulto. Daí surgiu a discussão se a lei ordinária, que é
subordinada à Constituição, poderia ter acrescentado a vedação do indulto, havendo
duas correntes:
- 1ª Corrente: a vedação do indulto pela lei dos crimes hediondos é
inconstitucional, uma vez que o rol de vedações da CRFB/88 é máximo, não
podendo o legislador aumentá-lo;

- 2ª Corrente: a vedação do indulto é constitucional, uma vez que o rol de


vedações da CRFB/88 é mínimo, uma vez que a própria carta constitucional disse
ueà aàleiàdefi i .àáà g aça àfoiàusadaàe àse tidoàa plo,àa a ge doàoài dulto.à
Essa é a corrente majoritária e também a posição do STF; o STF entende ainda que
deve se analisar se cabe ou não indulto na fase de execução; assim, mesmo que o
condenado haja cometido o crime antes da entrada em vigor da lei, poderia se
aplicar a proibição do indulto, uma vez que seu cabimento seria realizado na fase
de execução (nesse sentido – RHC 84.572/RJ);

- a lei 9.455/97 veio vedando graça e anistia, não vedando o indulto, surgindo duas
correntes:
- 1ª Corrente: a lei de tortura revogou tacitamente a vedação do indulto da lei
8.072/90, uma vez que, a tortura é equiparada aos crimes hediondos, permitindo
indulto para tortura e não para os outros crimes hediondos e equiparados
acarretaria em violação ao princípio da isonomia;

- 2 ª Corrente: a lei de tortura não revogou a vedação do indulto, uma vez que
pelo princípio da especialidade, a lei de tortura poderia definir tratamento
específico sobre a matéria em que incide. Essa corrente é a que prevalece,
inclusive no STF;

- a lei 11.343/06 (Lei de Drogas) veio vedando graça, anistia e indulto (sendo fiel à Lei
dos Crimes Hediondos);

II – deve ser analisado antes e depois da lei 11.464/07:

ANTES VEDAVA: DEPOIS PASSOU A VEDAR:


- fiança - fiança
- liberdade provisória

- no Habeas Corpus 91.556 o STF decidiu que a vedação da liberdade provisória está
implícita na vedação da fiança, ou seja, nada mudou com a lei, houve apenas uma
correção técnica de redação. Essa foi uma orientação surgida pouco tempo depois da lei
11.464/07 e parece ter sido uma precipitação do Supremo;

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- adotando essa orientação, permanece vigente a súmula 697 do STF;

- no H.C. 92.824 o STF, revendo seu posicionamento, vem autorizando liberdade


provisória para crimes hediondos. O Ministro Celso de Mello sustenta que quem deve
definir se é permitida ou não a liberdade provisória é o magistrado, não o legislador:
posição esta que vem ganhando força no STF e promete mudar a jurisprudência do STF.
- adotando essa orientação, perde sentido a súmula 697 do STF;

SÚMULA 697 do STF

A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o
relaxamento da prisão processual por excesso de prazo.

§ 1º e §2º – deve ser analisado antes e depois da lei 11.464/07:


ANTES: DEPOIS:
- regime integral fechado (proibia a - a pena será cumprida inicialmente em
progressão de regime); regime fechado (permite progressão de
regime)
- progressão com 2/5 se primário e 3/5 se
reincidente;

- para aquele que praticou o crime antes da lei nova, ele vai ter direito à progressão,
tendo direito à retroatividade benéfica; em 2.006 o STF declarou inconstitucional o
regime integralmente fechado, portanto ele vinha admitindo progressão com o
cumprimento de 1/6 de pena. Assim, para quem praticou o crime antes da lei vai
progredir com o patamar anterior, que é 1/6;

§ 3º – em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu pode


apelar em liberdade;
- segundo o STF a interpretação que tem de ser dada é a seguinte: se o processado
estava preso, ele deve recorrer preso, salvo se ausentes os fundamentos da preventiva;
se o processado estava solto, recorre solto, salvo se presentes os fundamentos da
preventiva.
- processado preso  recorre preso salvo AUSENTES os requisitos preventiva
- processado solto  recorre solto, salvo PRESENTES os requisitos preventiva

§ 4º – a prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei 7.960, nos crimes previstos neste artigo,
terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade3;
LEI 7.960/89: LEI 8.072/90:
- prisão temporária de 5 dias prorrogável por - prisão temporária de 30 dias prorrogável por

3
Vale lembrar que o prazo regra da temporária é de 5 dias prorrogável por mais 5 dias.

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mais 5; mais 30;


a) Homicídio (art. 121 CP) - se cometido por atividade típica de grupo de
extermínio ou qualificado;
b) Sequestro (art. 148 CP)
c) Roubo (art. 157 CP) - qualificado pela morte
d) Extorsão (art. 158 CP) - qualificado pela morte
e) Extorsão Mediante Sequestro (art. 159 CP) - qualificado pela morte
f) Estupro (art. 213 CP) - simples/qualificado
g) Atentado Violento ao Pudor (art. 214 CP) - simples/qualificado
i) Epidemia com resultado Morte (art. 267, ?
§1º)
j) Envenenamento de Água Potável (art. 270 ?
CP)
l) Quadrilha ou Bando (art. 288 CP)
m) Genocídio - hediondo
n) Tráfico - equiparado
o) Crime contra o Sistema Financeiro

Uma primeira corrente diz que só cabe prisão temporária nos crimes do inciso III do artigo 1°
da lei da prisão temporária, portanto como a tortura e alteração de medicamentos não estão
na lei, não cabe prisão temporária em relação a eles. Porém, o §4º da lei dos crimes hediondos
diz que cabe prisão temporária nos crimes previstos na lei; portanto, cabe prisão temporária
nos crimes de alteração de medicamentos e no de tortura, sendo o prazo de 30 dias
prorrogáveis por mais 30, sendo essa a interpretação feita por esta segunda corrente que é
amplamente majoritária. A lei dos crimes hediondos, então, não só ampliou o prazo da prisão,
mas também ampliou o rol dos crimes que admitem prisão temporária;

- artigo 5º da 8.072/90 permitiu o livramento condicional para os crimes hediondos, criando


um acréscimo ao artigo 83 do Código Penal.
- livramento condicional: é um benefício de execução penal consistente na liberdade
antecipada
- Requisitos:
- condenado primário + bons antecedentes = cumprimento de mais de 1/3 da
pena;

- condenado reincidente = cumprimento de mais de ½ (metade) da pena;

- condenado primário + maus antecedentes = não há previsão legal


- 1ª Corrente: no silencio da lei, aplica-se o princípio in dubio pro reo,
devendo o condenado cumprir 1/3 da pena; é a corrente que prevalece.
- 2ª Corrente: como o condenado tem maus antecedentes, deve ser
equiparado ao reincidente, devendo cumprir mais da metade da pena.

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- condenado por crime hediondo ou equiparado + reincidente específico =


cumprir mais de 2/3 da pena.
? - O que seria reincidente específico? Surgem três correntes:
- Corrente 1: condenado por crime hediondo ou equiparado pratica novo
crime hediondo ou equiparado, não tendo direito ao livramento (ex.:
condenado por estupro, pratica latrocínio). É a corrente que prevalece.
- Corrente 2: condenado por crime hediondo ou equiparado, pratica o
mesmo crime hediondo ou equiparado, não tendo direito ao livramento
(ex.: condenado por estupro, pratica novo estupro).
- Corrente 3: condenado por crime hediondo ou equiparado, pratica crime
hediondo ou equiparado que viola o mesmo bem jurídico. No novo crime,
não tem direito ao livramento (ex.: condenado a estupro, pratica atentado
violento ao pudor).

- artigo 8º da 8.072/90 :
ART. 288 do CP MAJORAÇÃO
- 1 a 3 anos  associarem mais de três - se o crime que essa quadrilha visa praticar
pessoas em quadrilha ou bando para o fim de for: hediondo; tráfico; tortura; terrorismo  a
praticar crimes pena passa a ser de 3 a 6 anos.
- não se aplica mais o artigo 288 quando se
trata de tráfico, uma vez que o tráfico tem
definição no artigo 35 da lei 11.343/06,
bastando ser duas pessoas de acordo com
essa lei;

- o parágrafo único do artigo 8º da lei dos crimes hediondos traz uma possibilidade de delação
premiada, onde a redução da pena será de um a dois terços. Para o STJ, é imprescindível que
essa delação seja eficaz (HC 41.758/SP).

- artigo 9º da 8.072/90 :
- provavelmente esse artigo irá desaparecer com a sanção do novo projeto de lei que
trata do tema;
- tal artigo fala do:
- latrocínio (art. 157, §3º) – vítima nos termos do artigo 224 do CP, pena
aumentada pela metade;
- extorsão mediante seqüestro – vítima nos termos do artigo 224 do CP, pena
aumentada pela metade;
- art. 159 – vítima nos termos do artigo 224 do CP, pena aumentada pela metade;
- estupro (art. 213) – vítima nos termos do artigo 224 do CP, pena aumentada
pela metade;
- atentado violento ao pudor (art. 214) – vítima nos termos do artigo 224 do CP,
pena aumentada pela metade;

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Nos casos do artigo 213 e 214 o STJ e o STF entendem que o aumento não
teria incidência quando o crime for praticado por violência ficta (violência
presumida), pois geraria bis in idem.

- crimes hediondos e equiparados (art. 1º da lei 8.072/90):


- homicídio:
- praticado em atividade típica de grupo de extermínio;
- tal dispositivo é bastante criticado pelo fato de ser difícil de ser definir o que
seria atividade típica de extermínio. A doutrina costuma dizer que essa atividade é
aà ha i a .
- outro problema surge em relação à quantidade de pessoas necessárias para
formar esse grupo:
1ª Corrente: grupo não se confunde com par que precisa de duas pessoas,
nem com bando, que precisa de 4 pessoas. Portanto grupo é de 3 pessoas
ou mais.
2ª Corrente: grupo não se confunde com par, mas a expressão grupo
precisa de um tipo penal próximo, sendo bando esse grupo mais próximo.
Assim, já que o bando precisa de 4 pessoas, o grupo também precisa de 4
pessoas. Prevalece essa corrente.
- esse homicídio é hediondo ainda que seja simples, ou seja, ainda que não incida
nenhuma figura qualificadora. O homicídio simples que depende dessa condição
(praticado em atividade típica de grupo de extermínio) é chamado de homicídio
condicionado4.
- o jurado não vai decidir se o delito foi praticado em atividade típica de grupo de
extermínio, de acordo com a lei atual, pois essa condição não é elementar do tipo
ou causa de aumento de pena. Com a nova redação com está por vir, a atividade
de grupo de extermínio vai passar a ser o § 6º do artigo 121, passando a ser causa
de aumento de pena, devendo os jurados se manifestarem sobre ela.

- homicídio qualificado;
- o homicídio qualificado sempre é hediondo, não importando qual qualificadora
incidiu no caso concreto;
- é possível um homicídio qualificado-privilegiado
PRIVILÉGIO DO §1º QUALIFICADORA DO §2º
- relevante valor social  subjetivo - motivo torpe  subjetiva
- relevante valor moral  subjetivo - motivo fútil  subjetiva
- violenta emoção  subjetivo - meio cruel objetiva
- modo surpresa  objetiva
- fim especial  subjetiva

4
Homicídio simples, hediondo porque praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Doutrinadores
como Paulo Rangel e Guilherme de Sousa Nucci dizem que essa norma é ridícula, pois homicídio praticado em
atividade típica de grupo de extermínio será sempre qualificado.

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- os privilégios estão ligados ao estado anímico, motivo do crime, portanto são


subjetivos;
- as qualificadoras podem ser subjetivas ou objetivas;
- só teremos homicídio qualificado-privilegiado se a qualificadora for de natureza
objetiva;
- os jurados se manifestam primeiro sobre o privilégio, depois falam sobre a
qualificadora, assim, se os jurados reconhecerem o privilégio, a qualificadora
subjetiva já fica dada por prejudicada;
- homicídio qualificado privilegiado é hediondo?
- 1ª Corrente: o homicídio qualificado é hediondo sempre, mesmo que
privilegiado também;
- 2ª Corrente: homicídio qualificado quando privilegiado deixa de ser
hediondo, fazendo uma analogia ao artigo 67 do CP, que trata do conflito
de agravantes com atenuantes, onde prevalece a de natureza subjetiva.
Assim, por analogia, onde está agravante, lemos qualificadora; onde está
atenuante, lemos privilégio. Essa corrente é a que prevalece.

- latrocí io art. 157, §3º, i fi e :


- oàa tigoàfalaà seàdaàviol iaà esultaàles oàg aveàouà o te .àLat o í ioàso e teàseàd à
quando da violência resulta morte, somente sendo o final do §3º hediondo;
- o latrocínio é crime doloso (quer a morte como meio de atingir o fim) ou preterdoloso
(quando a morte for culposa e advinda da violência dolosa);
- é imprescindível que o resultado seja fruto da violência física, não estando abrangida a
grave ameaça;
- essa violência deve ser empregada:
- durante o assalto e (fator tempo);
- em razão do assalto (fator nexo);
- faltando um desses dois fatores, não há latrocínio;
- não incide o rol de majorantes do §2º do artigo 157. Portanto, o §2º não incide no §3º,
porém elas podem servir para o juiz na fixação da pena base;
- Súmula 603 do STF: a competência para o processo e julgamento do latrocínio é do juiz
singular e não do Tribunal do Júri, uma vez que latrocínio é crime contra o patrimônio
qualificado pela morte, e não crime contra a vida;
- Súmula 610 do STF: há crime de latrocínio quando o homicídio se consuma, ainda que
não realize o agende a subtração de bens da vítima, ou seja, o que vai ditar o resultado
no latrocínio é a morte;
- essaàsú ulaàig o aàoàa tigoà ,àIàdoàCP,à ueàdizà ueà diz-se o crime consumado
quandoà eleàseà eú e àtodosàosàele e tosàdeàsuaàdefi iç oàlegal .

- extorsão qualificada pela morte (art. 158, §2º):


- aplicam-se muitos dos preceitos em relação ao latrocínio no que se refere à extorsão
qualificada pelo resultado morte;
- seqüestro relâmpago (introduzido pela lei 11.923/09)

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- ANTES DA LEI 11.923/09 o seqüestro configurava uma desses hipóteses:


Art. 157, §2º, V do CP Art. 158 do CP Art. 159 do CP
- subtrai; - constrange; - seqüestra;
- a colaboração da vítima - a colaboração da vítima - colaboração da vítima
é dispensável; é indispensável; dispensável (depende de
terceiros);
- hediondo  em caso - hediondo  em caso de - hediondo  sempre,
de morte; morte; tendo ou não morte;

- DEPOIS DA LEI 11.923/09:


- hoje o crime de seqüestro relâmpago foi incluído no artigo 158 do CP, como
um §3º (criado pela lei 11.923/09) passando a existir como uma
qualificadora, mas seria tal crime hediondo ou não?
- Guilherme de Sousa Nucci e a maioria da doutrina têm escrito que o
art. 158, §3º do CP não é hediondo mesmo com o resultado morte,
por falta de previsão legal. Essa corrente prevalece.
- Rogério Sanches discorda pelo fato de que a extorsão da privação
da liberdade já era hediondo quando houvesse resultado morte,
assim, o que o legislador fez foi apenas transformar a circunstância
judicial em qualificadora; ele entende que o meio de execução não
altera o crime para deixar de ser qualificado pela morte, devendo o
intérprete fazer uma interpretação extensiva.

- extorsão mediante sequestro:


- é sempre crime hediondo, não importando se na forma simples ou qualificada;

- estupro (art. 213 do CP) e atentado violento ao pudor (art. 214):


- o àviol iaà ealà aput
- com violência presumida (art. 224 do CP)
- o à esultadoàsi plesà aput
- com resultado qualificado pela lesão grave ou morte (art. 223 do CP)
- a posição do STF e do STJ que se firmou (posição que prevalece) é que tais crimes
sempre são hediondos;
QUADRO ATUAL QUADRO DEPOIS DA REFORMA DE 18 DE
AGOSTO DE 2009
- art. 213 art. 224 + art. 223 - art. 213 (estupro + atentado ao pudor)
- art. 214  art. 224 + art. 223 - art. 217 (estupro de vulnerável)
Obs.: o atentado ao pudor e o estupro
passarão a ser hediondos cessando
qualquer tipo de dúvida.

- epidemia com resultado morte:

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- é sempre hediondo;

- falsificação ou alteração de medicamentos (previsto no art. 273 do CP):


- sa ea te:à àoà Bo àá ;
- cosméticos e saneantes: só se incluem nesse artigo se tiverem finalidades terapêuticas
ou medicinais, caso não tenham, a interpretação correta é de que estão excluídas desse
artigo;
- artigo 273, caput  pune o falsificador com pena de 10 a 15 anos, se tratando de
crime hediondo;
- o §1º  pune aquele que vende, expõe a venda, etc., não necessariamente sendo
comerciante, sendo a pena também de 10 a 15 anos, sendo o crime também hediondo;
- o §1º-A  e uipa aà p odutosà uelesà doà aput ,à desdeà ueà taisà p odutosà te ha à
finalidade terapêutica ou medicinal, continuando a punir de 10 a 15 anos como crime
hediondo;
- o §1º-B  o medicamento não está necessariamente corrompido, mas a pena
continua sendo de 10 a 15 anos e o crime continua sendo tratado como hediondo; esse
parágrafo é totalmente desproporcional, uma vez que tratou como crime hediondo uma
mera infração administrativa, uma vez que a venda de um medicamento bom, apenas
em desacordo com as normas administrativas, seria conduta altamente reprimível; tal
parágrafo fere o princípio da intervenção mínima.

- crimes equiparados à hediondo:


- tortura5
- tráfico6
- terrorismo
- terrorismo é crime no Brasil?
- Corrente 1: não temos um tipo penal específico para o terrorismo no
Brasil;
- Corrente 2: o Brasil tipificou o terrorismo no artigo 20 da lei 7.170/83 (Lei
de Segurança Nacional) tratando como crime contra a segurança nacional,
punindo atos de terrorismo;

- a expressão atos de terrorismo contida na lei é muito vaga, trazendo muita


insegurança. O princípio da legalidade significa que não há crime sem lei, lei essa
que deve ser:
- anterior;
- escrita;
- estrita;
- certa (princípio da taxatividade/determinação – exige-se clareza na
criação de um tipo penal);

5
Será estudado posteriormente.
6
Será estudado posteriormente.

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-se a lei não é certa, fere o princípio da legalidade, portanto, causa


insegurança jurídica, portanto, a maioria nega vigência ao artigo 20
da Lei de Segurança Nacional;

- alterações advindas da lei 12 .015/09


- o artigo 1º da lei 8.072/90 traz o rol taxativo dos crimes hediondos, que atualmente está com
algumas modificações:
I – homicídio;
II – latrocínio;
III – extorsão qualificada pela morte;
IV – extorsão mediante seqüestro;
V – estupro;
VI – atentado violento do pudor;
- hoje, estupro no Brasil abrange o estupro e o atentado violento ao pudor, ou seja, os
dois crimes foram reunidos em somente um tipo com o mesmo nome (art. 213); daí, o
inciso VI passou a trazer o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP);

LEI DE TORTURA – LEI 9.455/97

- Introdução:
- antes da segunda grande Guerra Mundial não havia preocupação mundial com relação à
tortura;
- após a segunda grande guerra nasce o movimento mundial de repúdio à tortura;
- a comunidade internacional resolveu repudiar a tortura principalmente pelos abusos vistos
durante a segunda grande guerra, originando-se assim tratados internacionais e convenções
de combate às práticas de tortura;
- a CRFB/88, em seu artigo 5º, III, aderiu a este movimento, ao dizer expressamente que ... à
ninguém será submetido à to tu aà e àaàt ata e toàdesu a oàouàdeg ada te.
- nem o direito a vida é um direito absoluto, mas a garantia de repúdio à tortura é de natureza
absoluta, não se admitindo exceção em nenhuma forma – portanto, nos termos da doutrina,
excepcionalmente, essa garantia é absoluta (uma vez que em regra as garantias têm natureza
relativa);
- nasce no Brasil em 1.997 a lei 9.455/97 para disciplinar a tortura, daí, fica claro que desde a
Constituição até a lei passaram-se 9 anos sem lei específica, daí a tortura era tratada por meio
de outras leis. Em 1.990, a lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente – criou uma
espécie de tipo penal tratando da tortura, que posteriormente foi revogado pela lei de tortura;
- todos os países, seguindo os tratados internacionais, rotularam o crime de tortura como
sendo um crime próprio, assim, os tratados internacionais sugerem que o crime seja próprio,
somente podendo ser sujeito ativo pessoa portadora de condições especiais (no caso em
concreto, pessoa detentora de poder estatal);
- o Brasil optou por não aderir às orientações dos tratados internacionais, optando por tratar a
tortura como crime comum (não exige qualidade ou condição especial do agente);

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- tortura tratada como crime comum só tem no Brasil, por isso Alberto Silva Franco usa o
te oà ja uti a a ,àu aàvezà ueàso e teàexisteà oàB asil;
- a lei de tortura no Brasil não define o que é tortura, mas diz quais os comportamentos que
constituem o crime de tortura;

SUJEITOS MODO DE RESULTADO FINALIDADE


EXECUÇÃO
- Art. 1º, I - constranger - emprego de - causando-lhe a) obter
(ver observações 1) alguém: violência ou sofrimento físico informação (em
- sujeito ativo grave ameaça; ou mental; sentido amplo);
comum; b) provocar ação
- sujeito passivo criminosa;
comum; c) discriminação;
- crime bi-
comum;
- Art. 1º, II - submeter - emprego de - causando-lhe - aplicar castigo
(ver observações 2) alguém, sob sua violência ou intenso pessoal ou
guarda, poder grave ameaça; sofrimento físico medida de
7
ou autoridade ; ou mental8; caráter
- sujeito ativo preventivo;
próprio;
- sujeito passivo
próprio;
- crime bi-
comum;
- Art. 1º, §1º - submeter - pratica ato não - causando-lhe - tortura sem
(ver observações 3) pessoa presa ou previsto em lei sofrimento físico finalidade
sujeita a medida ou não ou mental; especial (tortura
de segurança; resultante de pela tortura);
- sujeito ativo medida legal
comum; (comportamento
- sujeito passivo ilegal);
próprio;
Observações 1:
- aàfi alidadeà daàalí eaà a àdoài isoàIà à o he idaà o oà tortura prova ,àaàalí eaà b à
o oà tortura para ação criminosa àeàaàalí eaà c à o oà tortura preconceito ;
- exemplos:
- tortura prova  policial tortura alguém para confessar um crime;

7
A autoridade não precisa ser pública, mas basta que o torturador tenha autoridade sobre o torturado (ex.: pai
e filho, tutor e tutelado, etc.).
8
Momento que marca a consumação do delito, assim como no caso do inciso I.

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- tortura para ação criminosa  réu que tortura testemunha presencial


para mentir em juízo (cometer crime de falso testemunho);
- tortura preconceito  tortura alguém simplesmente para discriminar
alguém em função da sua raça ou da sua religião;
- oà i eàdeàto tu aàdeài isoà I àseà o su aà o àaàp ovo aç oàdoàsof i e toàfísi oàouà
mental, sendo dispensável o alcance da FINALIDADE prevista no quadro (obter prova;
provocar ação criminosa; discriminação);
- no caso da tortura para ação criminosa, se torturar uma pessoa para prática de uma
contravenção penal, segundo entendimento majoritário, não basta, não configurando
assim o crime de tortura; portanto, para que a tortura se configure nesse caso, deve-se
dar para prática de crime;
- no caso do torturador que tortura o torturado para mentir em juízo, o torturado não
responde pelo crime de falso testemunho se mentir, uma vez que agiu em função de
coação moral irresistível, que determina a inexigibilidade de conduta diversa, causando
a conseqüente exclusão da culpabilidade (3º substrato do crime, nas lições de Betiol); o
torturador responde pela tortura, mas se o torturado vier a praticar o crime, aquele vai
responder também pelo crime praticado pelo torturado, na condição de autor mediato;
- aà dis i i aç oà daà alí eaà c à não abrange: discriminação sexual, discriminação
econômica ou discriminação social;

Observações 2:

- oài isoà II à à ha adoàpelaàdout i aàdeà tortura castigo ;


- exemplo:
- enfermeira que submete idosa sob sua autoridade, com meios de tortura,
para puni-la por ter feito as necessidades fisiológicas nas calças, causando-
lhe intenso sofrimento físico ou mental9;

Observações 3:

- oৠºàta à à ha adoàdeà tortura pela tortura ;


- exemplo:
- uma adolescente (menor) colocada de forma ilegal para cumprir pena
junto com homens adultos e sofre violências ou é vítima de crimes sexuais,
causando a ela sofrimento físico e mental;
- aàdout i aàe te deà ueàoàte oà p eso àa a geàpreso definitivo e preso provisório,
abrangendo inclusive prisão penal ou não-penal (prisão civil do devedor de alimentos); o
termo ainda abrange o menor infrator submetido à internação; cumprindo medida de
segurança, temos o inimputável ou semi-imputável sujeito a internação ou tratamento
ambulatorial;

9
“e àoà intenso sofrimento físico ou mental àp ati a-se o crime de maus tratos do CP (art. 136). Portanto, a
diferença entre a tortura castigo e o delito de maus tratos está na intensidade da tortura sofrida pela vítima.

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- esse tipo de tortura infringe o artigo 5º, inciso XLIX (é assegurado aos presos o respeito
à integridade física e moral) da Constituição Federal;

- Casuística:
- oficias do exército, aplicando trote nos recrutas que estavam se promovendo (jogando
água, chinelada na sola do pé, etc.) foi divulgada pela TV Globo como tortura  na
verdade, o caso concreto não se encaixa em nenhuma das modalidades da tortura,
portanto, não é tortura;
- uma madastra deixou uma filha adotiva algemada com a mão pra cima e de vez em
quando a mãe dava uma grampeada na língua da filha  somente descobrindo a
finalidade para saber se a tortura se enquadrou no caso ou não: se a mãe tinha
finalidade de aplicar castigo ou medida de caráter preventivo e o sofrimento fosse
intenso, configuraria sim a tortura;

- §2º do art. 1º da lei 9.455/97:


§2º – Aquele que se omite em face dessas condutas quando tinha o dever de evitá-las ou
apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
- o §2º traz uma omissão imprópria (o omitente tinha o dever de evitar) e a omissão própria
(quando tinha o dever de apurar). Essas hipóteses geram uma pena que se traduz na metade
da pena do torturador que atua dolosamente;
- omissão imprópria:
- o sujeito ativo se traduz na figura do garante que não evita determinado resultado por
meio do seu comportamento omissivo (ex.: pais, tutor, curador, delegado, médicos,
etc.);
- o sujeito passivo pode ser qualquer pessoa;
- a lei errou feio ao estipular a pena do omitente impróprio como sendo metade da do
omitente próprio, uma vez que o próprio art. 5º, XLIII diz que a omissão imprópria faz
com que o agente responda como ação, e não como omissão. Daí, surgem 3 correntes:
- Corrente 1  é uma exceção prevista em lei que deve ser respeitada (é uma
exceção pluralista à teoria monista), sendo a corrente que prevalece;
- Corrente 2  essa parte do §2º é inconstitucional uma vez que a lei maior
(CRFB/88) manda equiparar a figura do torturador com a do omitente impróprio;
- Corrente 3  a pena do §2º refere-se à omissão culposa. Se a omissão for
dolosa, a pena é de 2 a 8 anos (essa corrente é a mais atécnica, uma vez que o
primo culposo deve ser sempre expresso);
- Exemplo:
- delegado de plantão percebe que o suspeito está sendo levado para uma sala
para lá ser torturado. O delegado sabendo da tortura, nada faz. Assim, o delegado
responderá por tortura na modalidade omissiva imprópria;

- omissão própria:

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- aqui omite-se apenas o dever de apurar, uma vez que a tortura já aconteceu. Nesse
caso sim o legislador acertou em estipular uma pena de um a quatro anos;
- o sujeito ativo é a pessoa que tinha a obrigação de apurar;
- o sujeito passivo pode ser qualquer pessoa;

- §3º do art. 1º da lei 9.455/97:


§3º – Se da tortura resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de
reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos;
- trata-se de qualificadora preterdolosa10  dolo na tortura + culpa na morte;
- na opinião de Rogério Sanches a qualificadora incide no caso da tortura por omissão
imprópria, embora não prevaleça sua opinião. O entendimento majoritário é de que o
§3º só qualifica a tortura por ação, e não a tortura por omissão;

- §4º do art. 1º da lei 9.455/97:


- esse parágrafo não traz qualificadora, traz majorante, causa de aumento de pena;
§4º – Aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3:
I - Se o crime é cometido por agente público;
- a maioria da doutrina empresta o conceito do artigo 327 do CP que conceitua o
funcionário público para fins penais; a maioria abrange o funcionário
equiparado; Alberto Silva Franco diz que devemos ter cuidado com o bis in idem,
uma vez que essa majorante não pode incidir nos tipos em que a majorante já é
elementar do tipo penal. Guilherme de Souza Nucci, discordando de Alberto
Silva Franco, diz que não há nenhum crime na lei de tortura que somente possa
ser praticado por agente público, assim a causa de aumento deve ser aplicada a
todos os crimes sem possibilidade de ocorrência do bis in idem.
II - se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente
ou maior de 60 anos11;
- o conceito de criança é dado pelo ECA, se referindo às pessoas com até doze
anos incompletos;
- portadora de deficiência se dá através da análise da lei dos portadores de
deficiência, incidindo a majorante sobre tiver aquilo que a lei considera como
deficiência física ou mental;
- adolescente é quem tem até 18 anos incompletos;
- não basta ser idoso, tem de ser um idoso com mais de 60 anos, uma vez que no
dia do aniversário de 60 anos a pessoa já é idosa, mas não incide a majorante, só
incidindo se a tortura ocorrer no dia seguinte ao seu aniversário de 60 anos;
I - se o crime é cometido mediante sequestro;
- abrange também o cárcere privado, que é o sequestro com confinamento;

10
Embora seja o entendimento majoritário, não é pacífica.
11
Essas causas somente existem se o dolo do torturador incidir sobre essas circunstâncias, evitando a
responsabilidade objetiva.

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- §5º do art. 1º da lei 9.455/97:


§5º – a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
- no Código Penal existe tal efeito, mas ele é não é de aplicação automática, devendo a
condenação nesses efeitos ser fundamentada pelo juiz e motivada;
- na lei de tortura, prevalece que esse efeito é automático, independendo de decisão
motivada;
- há doutrina minoritária dizendo que esse efeito automático não se aplica no caso de
tortura por omissão; Rogério Sanches entende que aplica-se no caso de omissão
imprópria;

- §6º do art. 1º da lei 9.455/97:


§6º – o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia;
- insuscetível de fiança, mas em relação à liberdade provisória?
- Corrente 1  a vedação da liberdade provisória está implícita na
inafiançabilidade (STF/HC 93.940);
- Corrente 2  a inafiançabilidade não impede liberdade provisória; não compete
ao legislador vedar a liberdade provisória, uma vez que a proibição em abstrato
de liberdade provisória é inconstitucional, devendo o magistrado decidir pela
concessão ou não da liberdade provisória (atualmente, é a corrente que parece
que vai prevalecer no STF);
- insuscetível de graça ou anistia; portanto, não há vedação legal para o indulto, embora
há corrente doutrinária dizendo que o indulto está implicitamente proibido ao se vedar
a incidência da graça12;

- §7º do art. 1º da lei 9.455/97:


ANTES DA LEI 11.464/07 DEPOIS DA LEI 11.464/07
- crime hediondo  regime integral - crime hediondo  regime inicial fechado
fechado, vedada a progressão; (permitindo progressão com 2/5 se
primário e 3/5 se reincidente);
- tortura  regime inicial fechado, - tortura  regime inicial fechado
permitida a progressão com 1/6; (permitindo progressão com 2/5 se
primário e 3/5 se reincidente);13

- art. 2º da lei 9.455/97:


- trata da extra-territorialidade da lei penal de tortura;

12
Ricardo Andreucci entende que o indulto é permitido, embora Guilherme de Souza Nucci entenda que ele
está proibido. Prevalece a corrente do Guilherme de Souza Nucci.
13
Só terá direito a progressão com 1/6 o agente que tiver praticado tortura anterior à lei 11.464/07. Nesse
caso, houve uma lei posterior que alterou a lei de tortura.

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Aula 3 – 19/03/2011

LEI 6.368/76 LEI 10.409/02 LEI 11.343/06


Capítulos - crimes; - crimes14; - crimes;
- procedimento especial; - procedimento; - procedimento;

1. Principais Características da lei 11.343/06:


- revogou totalmente as leis anteriores
- deixou de usar o termo substância entorpecente e passou a usar a expressão drogas;
- lei 6.368 era norma penal em branco – o que é droga estava definido em portaria.
- lei 11.343 é norma penal em branco em sentido estrito; a norma penal em branco é
importante porque regulamenta o que seja droga; portanto, no Brasil, é droga aquilo que
estiver assim rotulado na Portaria da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde
(SVS/MS) 344/98; a substância fica ou não dentro da portaria conforme o grau de
probabilidade que tem o usuário de viciar (embora na prática haja influência da política);

- proporcionalidade das penas e novas figuras:


LEI 6.368/76 LEI 11.343/06
Reunia comportamentos distintos no Criou figuras próprias para
mesmo tipo penal, com a mesma sanção comportamentos distintos, com penas
penal. proporcionais
Ex.: *Pune todos esses comportamentos com
Punição com 3 a 10 anos: penas diferentes, obedecendo o princípio
- traficante de drogas; da proporcionalidade;
- traficante de matéria prima; *Para isso, a lei trabalha muito com
exceções pluralistas à teoria monista do 29
- quem induz outro a usar;
do CP);
- ula àp i io;
Ex.:
- utilizar imóvel para servir a traficante;
- quem comercializa drogas – 36, caput . 5
a 15 anos
- quem induz – 33, § 2º - 1 a 3 anos

14
O Presidente vetou o teor da lei que se referia aos crimes, portanto, aplicava-se o procedimento da lei
10.409/02 usando o direito material da lei 6.368/76.

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- incrementou as multas:àfaze doàissoàaàleià us ouàati gi àoà olso àdoàt afi a te;

2. Crime em caso de usuário:


- previsto no artigo 28 da lei 11.343/06;

- bem jurídico tutelado: saúde pública colocada em risco pelo comportamento do usuário. Não
se pune o porte da droga para uso próprio em função da proteção à saúde do agente, pois a
autolesão não é punida.

- sujeito ativo:
- qualquer pessoa;

- sujeito passivo:
- coletividade  crime vago;

- é punível a pessoa surpreendida usando drogas?


Não se pune o agente se for surpreendido usando drogas, sem possibilidade de se encontrar a
substância em seu poder, pois jamais se comprovará a imputabilidade delitiva.

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:

- Elemento normativo indicador da ilicitude do comportamento

- tipo subjetivo: dolo + para consumo pessoal

Elemento subjetivo do tipo


- consumação: com a prática de qualquer um dos núcleos do tipo. Em alguns verbos, o crime é
permanente – enquanto não cessar a guarda da substância, o crime está sendo praticado.

- admite tentativa: de difícil ocorrência na prática, mas admite. Ex.: tentar adquirir.

- o se ü ias:à Pe as àXà MedidasàEdu ativas


Advertência
Prestação de serviços à comunidade
Comparecimento a programas ou curso educativo

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- As conseqüências configuram penas alternativas não substitutivas à privativa de liberdade. Já


são penas principais não substitutivas.
As penas alternativas do artigo 28 têm natureza principal apesar de serem penas
alternativas, uma vez que não têm caráter subsidiário.

Nu ià otulaà oà a tigoà à o oà se doà deà í fi oà pote ialà ofe sivo ,à pois,à es oà se doà
inviável a transação penal, ainda que reincidente o agente, jamais será aplicada pena privativa
de liberdade, mas com medidas assecuratórias:
o
§ 6 Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II
e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:

I - admoestação verbal;

II - multa.

O juiz garante o cumprimento dessas penas com admoestação verbal ou multa.

- a lei de drogas tem prazo especial de prescrição – artigo 30

Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à
interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.

A prescrição de crimes depende da sua pena máxima privativa de liberdade em abstrato,


como nesse caso não há pena privativa de liberdade, a própria lei (no artigo 30) estabeleceu o
prazo prescricional de 2 anos nesse caso;

Antes da Lei 12.234/10 Depois


Prrazo – Presc. Variava: Prazo presc. Varia
109, I – 20 anos 109, I – 20 anos
... ...
109, VI – 2 anos 109, VI – 3 anos

O artigo 30 da Lei 11.343/06 (Lei Especial)


prevalece quando comparado com o 109
do CP.

- aplica-se o Princípio da Insignificância no artigo 28?

Hoje, tranquilamente, as últimas decisões do STF não têm admitido o P. da


Insignificância no caso do artigo 28, principalmente quando ocorrido em ambientes da
Administração Militar.

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- artigo 28 da 11.343/06  Natureza Jurídica


Adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou trazer consigo: veio para
reprimir o usuário. O artigo 28 continua sendo crime? Surgem três correntes:

CORRENTE 1 CORRENTE 215 CORRENTE 3


- é crime; - é infração penal sui - fato atípico, merecedor de
generis; conseqüências extrapenais;
- fundamentos: a lei, em
vez de punir, prefere falar
em medidas educativas;
- o capítulo que abrange o - o nome do capítulo nem - a lei 11.343/06 fala em
a tigoà à à i tituladoà dosà sempre corresponde ao seu medida educativa que é
i es ; conteúdo16: é comum o diferente de medida
capítulo não espelhar o que punitiva;
enuncia
Ex.: Dec. 201/67, art. 4º -
i e à – na verdade, é
infração político-
administrativa;
- o artigo 28, §4º fala em - exp ess oà reincidência - o descumprimento das
reincidência – por isso, é foi utilizado no seu sentido medidas não gera
crime; vulgar, no sentido de conseqüência penal;
epeti à oà fato ;
ei id ia à oà àsóàpa aà
crime, mas para
contravenção, infrações
disciplinares
- o artigo 30 fala em - prescrição não é própria - adota o princípio da
prescrição – por isso, é de crime17 - também existe intervenção mínima: o
crime; em outras esferas, como no direito penal não deve se
direito civil, da infração preocupar com isso;
disciplinar, no ECA;
Critica: o art. 5º, XLVI A LICP fala - a saúde individual é um
prevê, para crimes, penas - crime é punido com bem jurídico disponível;
outras que não reclusão e reclusão e detenção;
detenção. - contravenção penal é
punida com prisão simples;

15
Rogério Sanches é adepto a essa corrente.
16
Há leis que chamam de crimes o que na verdade são infrações político administrativas (ex.: decreto lei
201/67).
17
Ilícito civil, ilícito administrativo, ato infracional, todos não são crimes e prescrevem.

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Se o 28 não sofre nenhuma


delas, é infração penal sui
generis
Trata-se de crimes com Não é crime, pois o usuário
medidas assecuratórias deve ser preferencialmente
conduzido ao juiz – ele tem
quase o mesmo tratamento
do menor infrator.
18
- é a posição do STF ; - se ele fosse criminoso, ele
não teria de ir ao juiz, mas
sim à delegacia (art. 48, §2º
da lei 11.343/06);

- esse gráfico não deve ser usado em primeira fase, uma vez que em prova fechada deve-se
adotar a posição do STF (Corrente 1);

- esse crime é composto por 6 verbos nucleares e é punido a título de dolo; consuma-se com a
prática de qualquer desses núcleos: a lei não pune o fumar passado, portanto, se você já
fumou (ou usou outra droga de outra maneira), você não pode ser punido;

3. Crime de tráfico:
- previsto no artigo 33 da lei 11.343/06;
- art. 33, caput  tráfico propriamente dito; punido com pena de 5 a 15 anos;
- art. 33, §1º  tráfico por equiparação; punido com pena de 5 a 15 anos;
- art. 33, §2º e §3º  formas especiais do crime; no §2º é punido de 1 a 3 anos e no §3º é
punido de 6 meses a 1 ano;
- §4º  privilégio;
Obs.: na lei anterior, todos esses crimes estavam sujeitos a mesma pena;

3.1 Tráfico propriamente dito:


- previsão legal:
- art. 33, caput, da lei 11.343/06
- bem jurídico protegido:
- primário  saúde pública;
18
O STF entendeu pela primeira corrente para não deixar sem punição o menor infrator no caso de ato
infracional.

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20
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- secundário  saúde individual de pessoas que integram a sociedade;


- sujeito ativo:
- em regra, o crime é comum; a exceção é o núcleo prescrever, que só pode ser
praticado por médico ou dentista;
- sujeito passivo:
- sujeito passivo primário é a sociedade/coletividade, podendo com ela concorrer
pessoa prejudicada (sujeito passivo secundário) pela ação do traficante;
- venda de drogas para menores de 18 anos – criança e adolescente:
ART. 243 DO E.C.A. ART. 33 DA LEI 11.343/06
- objeto material = produto causador de - objeto material = droga
dependência
- só há incidência subsidiária: quando os - d ogas à – substâncias causadoras de
produtos componentes possam causar dependência física ou psíquica
dependência física ou psíquica, mas não - pelo princípio da especialidade, incide
está na portaria 344/98 (ex.: cola de sempre que a substância estiver entre as
sapateiro); apontadas no rol da portaria 344/98;

- núcleo do tipo:
- se à estudadoà oà ú leoà aisà i po ta te:à ess oà g atuita à – discute-se na
jurisprudência como fica a cessão gratuita para consumo conjunto:
ANTES DA LEI 11.343/06 DEPOIS DA LEI 11.343/06
1ª Corrente -> era crime de tráfico 33, caput ou § 3º:
segundo o artigo 12 da lei 6.368/76, - quando se oferece droga
equiparado a hediondo; eventualmente, sem objetivo de lucro,
à pessoa de seu relacionamento, o fato
enquadra-se no §3º do artigo 33.
- Caso algum desses requisitos acima
não sejam preenchidos, cai a conduta
no art. 33, caput.
Art. 33: delito plurinuclear/de ação
múltipla/de conteúdo variado.
Mesmo que o agente pratique, no
mesmo contexto fático e
sucessivamente, mais de uma ação
típica, por força do princípio da
alternatividade, responderá por crime
único. O juiz vai considerar a
pluralidade de núcleos na fixação da
pena-base.
2ª Corrente -> era crime de tráfico, mas
não era equiparado a hediondo, uma
vez que não havia a finalidade
mercantil (lucro);

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21
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3 ª Corrente -> considerado apenas


usuário (corrente majoritária);
- o crime do artigo 33 da nova lei de drogas é um crime tipicamente de ação
múltipla/conteúdo variado, assim se o sujeito ativo praticar mais de um dos
verbos do tipo no mesmo conteúdo fático, ele estará cometendo crime único, e
não pluralidade de crimes. Todavia, faltando proximidade comportamental entre
as várias condutas, haverá concurso de crimes (material ou continuado, conforme
o caso concreto).

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, * sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

* é imprescindível que o agente pratique esse núcleo sem autorização ou em


desacordo com a determinação legal ou regulamentar (elemento normativo
indicativo da ilicitude do comportamento19). Equivale à ausência de autorização o
desvio de autorização, ainda que regularmente concedido.
o
Art. 2 Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a
cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou
produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o
que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas,
de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.

Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade competente para produzir, extrair,
fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar,
reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou
adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua preparação,
observadas as demais exigências legais.
Se ele tem autorização, o fato é atípico.
E se ele tem autorização, mas desvia a finalidade?
Ex.: tem autorização para plantar, mas também transporta e vende.
O desvio de autorização equivale à ausência de autorização, ainda que
regularmente concedida.

- a jurisprudência não reconhece o estado de necessidade no crime de tráfico:


Difi uldadeà deà su sist iaà po à eiosà lí itos decorrente de doença, embora
grave, não justifica apelo a recurso ilícito, moralmente reprovável e socialmente
perigoso, de se entregar o agente ao comércio de drogas .

19
O artigo 2º e o artigo 31 da lei permitem, em determinadas hipóteses, a prática de determinados fatos que
constituem fatos típicos, mas a lei os prevê como lícitos.

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Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária,
remetendo os autos do inquérito ao juízo:

I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à


classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido,
o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a
conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou

- a quantidade de droga, por si só, não é indicativo suficiente para, sozinho,


classificar o crime como de tráfico. Deve-se indicar a quantidade, a natureza da
substância, a circunstância da prisão, a conduta, qualificação e antecedente do
agente, etc para demonstrar se o agente é traficante ou usuário. O delegado deve
observar essas circunstâncias para classificar o crime e o promotor para denunciar
(artigo 52 da lei 11.343/06);

- tipo subjetivo: oà i eà deà t fi oà so e teà à pu idoà aà títuloà deà dolo ,à se doà


imprescindível que ele saiba que a substância é considerada droga e é proibida.
Dolo + Finalidade de Tráfico

Consumação: com a prática de qualquer um dos núcleos do tipo do artigo 33 da lei,


independentemente de obtenção de lucros. Há núcleos em que a consumação se
prolonga no tempo, portanto, são crimes permanentes. Modalidades de crimes
permanentes: guardar; manter em depósito; trazer consigo. Nessas hipóteses (de
crime permanente) admite-se flagrante a qualquer tempo, somente começando a
correr a prescrição depois de cessada a permanência, sendo que superveniência de
lei mais grave incide no caso quando a cessação da permanência é posterior à
entrada em vigor da lei mais gravosa (súmula 711 do STF);

- o crime de tráfico admite tentativa?


Prevalece o entendimento de que a quantidade (18) de núcleos do tipo
tornou inviável a tentativa. Aquilo que poderia ser tentativa foi levado à categoria
de consumado.
Há doutrina que admite tentativa no caso de aquisição frustrada (tentar
adquirir).

Ex.: Caio traz consigo drogas para Tício, vigia. Caio é preso quando entregava a
droga, na compra simulada.
Antonio e Pedro são investigadores simulando usuários.

Denúncia:
Co staà ueà...àCaioàeàTí ioàvendiam drogas... à
Co staà ueà... Caio e Tício traziam consigo... à
Quem denunciou venda, errou, porque você está denunciando um crime
impossível, muito menos para Tício. Venda é crime impossível. Você tem que ir
pa aàoàve oàa te io à t aze à o sigo .à

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Caio,àju ta e teà o àTí io,àt aziaà o sigo. à

- crimes de perigo podem ser: crimes de perigo abstrato ou crimes de perigo


concreto;
- crimes de perigo abstrato -> crime cujo perigo é absolutamente presumido
por lei (corrente que prevalece);
- crime de perigo concreto -> crime cujo perigo precisa ser comprovado;

ANTES DE 2005 DE 2005 A 2008 DEPOIS DE 2008


- é crime de perigo - o STF passa a repudiar - o STF admite
em abstrato; crime de perigo abstrato excepcionalmente a
por haver ofensa ao existência de crime de
princípio da lesividade; perigo em abstrato;

- é possível concurso de crime de tráfico com outro crime. Exemplo: alguém que
subtrai a droga do traficante e depois mantêm em depósito para vender; o
traficante vende a droga e recebe produto (relógio) que saiba ser produto de
crime; tráfico de drogas e sonegação fiscal (muitos autores dizem que não é
possível,à u aà vezà ueà seà egaà aà apli aç oà doà p i ípioà doà non olet à oà Di eitoà
Penal pois seria uma forma de fazer com que o réu produza prova contra ele
mesmo);

- a pena do artigo 33 da lei 11.343/06 é de reclusão de 5 a 15 anos. O STF já decidiu


sobre a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância na lei de drogas,
mas somente para o usuário, não para o traficante.

A diferença do 33, caput, para o 33, § 1º, I, é o objeto material.

3.2 Tráfico equiparado:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil
e quinhentos) dias-multa.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:

- art. 33, §1º, I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à
venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de
drogas;

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Os objetos do 33, § 1º, I, compreendem não só as substâncias destinadas exclusivamente


à preparação de drogas como também as que, eventualmente, se prestem a essa
finalidade.

 o artigo 33 caput se refere a drogas, assim referidas no artigo 33, caput,


conforme a portaria 344/98 da SVS/MS.
J à oà § º,à I,à oà o jetoà ate ialà à matéria prima, insumo ou produto químico à
usadoà aàfa i aç oàdeàd ogas,àse doàu àexe ploàdesseàtipoàdeàsu st iaàoà te à
sulfú i o .à N oà sóà asà su st iasà desti adasà ex lusiva e teà à preparação da
droga, mas abrange também as que, eventualmente, se prestem a essa finalidade
(ex.: acetona) – nesse delito também é necessário que venha a agir sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar (elemento
indicativo da ilicitude)20.
A exemplo do caput, aqui também é necessária a perícia, para se constatar
se a substância era capaz de preparar drogas. Não há necessidade de que as
matérias primas tenham já de per si os efeitos farmacológicos, ou seja.
O crime é punido a título de dolo: o agente deve ter consciência e vontade,
praticar qualquer dos núcleos do tipo ciente de que a substância (objeto material)
pode servir à preparação da droga (dispensa a vontade de querer empregar o
produto na preparação da droga). O crime se consuma com a prática de qualquer
um dos núcleos, e alguns deles são crimes permanentes. Nesse delito a doutrina
admite a tentativa.
STF: não há necessidade de que as matérias primas tenham os efeitos
farmacológicos das drogas a serem produzidas. Basta que tenham as condições e
qualidades químicas necessárias para a preparação da droga.
Dispensa a vontade de querer empregar a matéria-prima à produção de
drogas, bastando o conhecimento de sua capacidade para tanto (Vicente Greco
Filho).

- art. 33, §1º, II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima
para a preparação de drogas;

 nesse caso a planta é matéria-prima da produção de drogas, não precisa


necessariamente a planta ter o princípio ativo / efeito farmacológico. Se a pessoa
planta, depois faz a droga e armazena, o inciso II fica absorvido pelo caput,
respondendo apenas pelo caput. Vai interferir na fixação da pena.

Obs.: no caso de quem planta para uso próprio, deve ser analisado antes e depois
da lei 11.343/06. Antes da lei, haviam duas correntes:

ANTES DA LEI 11.343/06 DEPOIS DA LEI 11.343/06

20
O desvio da finalidade da autorização se equivale à ausência de autorização.

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Corrente 1: deve responder pelo artigo Depois da lei 11.343/06 -> o cultivo de
12, §1º da lei, uma vez que a lei plantas em pequena quantidade para
incrimina o cultivo ilegal, não uso próprio está previsto no artigo 28,
importando sua finalidade; §1º.
o
Art. 28, § 1 Às mesmas medidas
Corrente 2: deve o autor do plantio
submete-se quem, para seu consumo pessoal,
responder pelo artigo 16, fazendo uma semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à
esp ieàdeà a alogiaàin bonam partem ; preparação de pequena quantidade de
substância ou produto capaz de causar
dependência física ou psíquica.
Corrente 3: o fato era atípico, uma vez
que o artigo 16 não pune cultivar Caso o plantio se deu em média ou
plantas. LFG. grande quantidade, responderá o
agente pelo artigo 33, §1º, inciso II.

Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de
colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

o
Art. 32, § 4 As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme o disposto
no art. 243 da Constituição Federal, de acordo com a legislação em vigor.

- o crime também é punido a título de dolo e se consuma com a prática de


qualquer das condutas previstas no tipo penal. Na modalidade cultivar, o crime é
permanente, e a doutrina admite a tentativa. O art. 32, §4º da lei de drogas prevê
a expropriação-sanção das glebas onde foram realizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas, regra essa que tem previsão Constitucional.
*** De acordo com a maioria, é legítima e expropriação de bem de família
pertencente ao traficante, sanção compatível com a CRFB/88 e com as exceções
previstas no artigo 3º da lei 8.009/90 (lei do bem de família), embora há
doutrinadores que entendam o contrário (minoria) – ninguém pode usar garantias
constitucionais como manto protetor de crimes.

- art. 33, §1º, III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade,
posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
 todos os tipos penais têm o elemento normativo indicando a ilicitude.
 é irrelevante se o agente tem a posse do imóvel legítima ou ilegitimamente,
bastando que a sua conduta seja causal em relação ao uso de drogas no local.
 Não se exige a vontade de obter lucro, podendo incidir o crime ainda que a
cessão seja gratuita.

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 Na primeira hipótese (parte sublinhada) o crime se consuma com o efetivo


proveito do local.
 Na segunda, basta a mera permissão.
 As duas hipóteses admitem tentativa, mesmo a mera permissão, ex. carta
interceptada.
A hipótese de consentir, por exemplo, admite tentativa no consentimento por
escrito.

ANTES DA LEI 11.343/06 DEPOIS DA LEI 11.343/06


- art. 12, §2º, II  punia quem utilizava - o art. 33, §1º, III  pune quem utiliza
local ou consentia para o tráfico ou ou consente para o tráfico, com pena
para o uso, sendo a pena de 3 a 15 de 5 a 15 anos. Atualmente, o tipo
anos; abrange apenas a utilização ao
consentimento para o tráfico, não
abrangendo mais o uso, uma vez que
este último está abrangido pelo §2º do
art. 33 com pena de 1 a 3 anos;

- art. 33, §2º - Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga.

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.

- crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.


- sujeito ativo: crime comum;
- sujeito passivo: coletividade ou induzido, instigado ou auxiliado;
Tipo Objetivo:
- induzir: fazer nascer a idéias;
- instigar: reforçar idéia preexistente;
- auxiliar: prestar qualquer auxílio que se converta no uso indevido da droga;
 esse incentivo deve ser direto e para pessoa determinada.
 O incentivo genérico, dirigido a pessoas incertas ou indeterminadas caracteriza
o delito do artigo 287 do CP (apologia ao crime). O entendimento moderno parece
seguir para a direção de que a marcha a favor da legalização das drogas não
configura o crime de apologia ao crime, uma vez que o que se incentiva não é o
uso, mas sim a descriminalização;
 Momento da Consumação:
ANTES DA LEI 11.343/06 DEPOIS DA LEI 11.343/06
- induzir alguém a usar -> entendia-se - induzir alguém ao uso -> Rogério
que o crime era material, consumando- Sanches entende que o crime é formal,
se com o efetivo uso; consuma-se com o mero incentivo,
dispensando o efetivo uso, mero
exaurimento, mas a doutrina

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
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majoritária entende que o delito


permanece material (nesse sentido –
Vicente Greco Filho);
 é possível a tentativa, a exemplo do induzimento por escrito;

Aula 4 – 09/04/2011

- art. 33, §3º - Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu
relacionamento, para juntos a consumirem21.
 o crime exige um relacionamento entre o sujeito ativo e o sujeito passivo (não
sendo, cai na regra do art. 33, caput) sendo a conduta punida a de oferecer droga.
 O oferecimento tem de ser eventual (uma vez que o oferecimento
habitual/reiterado, reiterado, caracteriza o crime do artigo 33, caput).
 Ainda deve haver a presença de um elemento subjetivo negativo do tipo, que é
aà sem de objetivo de lucro (direto ou indireto) , elemento subjetivo negativo do
tipo. Se você visou um ou outro, esqueça o tráfico de menor potencial ofensivo, vai
para o caput. Tal crime se consuma com o oferecimento. Também é possível
tentativa nesse crime, no caso de oferecimento por escrito.
 ...aà pessoaà deà seuà ela io a e to... à – se a pessoa não é de seu
relacionamento, vai para o caput, tráfico equiparado a hediondo. Este crime não é
comum, exige uma relação jurídica ou de fato entre os sujeitos. Tenho que
oferecer droga a pessoa de meu relacionamento, familiar, amigo, colega de
trabalho etc. Convívio falimiar, social ou profissional.
 ...àpa aàju tosà o su i e ... à– esta finalidade especial tem que estar presente.
Se você não consumir junto, o crime é o do caput. Tem de visar o consumo
conjunto. Portanto, o fato de o tipo exigir pa aà ju tosà aà o su i e à à u à
elemento subjetivo positivo do tipo.

 àu àt fi oàe uipa adoàaoàuso,àse doàoà ueàaàdout i aà ha aàdeà tráfico de


menor potencial ofensivo .àáàpe aà àdeà à esesàaà àa o,àse àp ejuízoàdasàpe asà
previstas no artigo 28, sendo, portanto, enquadrado no rol de abrangência da lei
9.099/95.

- art. 33, §4º - § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas
poderão ser reduzidas de 1/6 a 2/3, vedada a conversão em penas restritivas de direitos,
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas nem integre organização criminosa.
 ausaàdeàdi i uiç oàdeàpe aà/à t fi oàp ivilegiado
 traz uma causa especial de diminuição de pena, o que a doutrina tem chamado
deà crime de tráfico privilegiado .à
 Requisitos:

21
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.

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 Agente primário
 De bons antecedentes
 Não se dedique a atividades criminosas
 Nem integre organização criminosa

 Todos os requisitos do §4º são cumulativos, sendo que a falta de um deles


impede o privilégio (diminuição de pena).
 Presentes todos os requisitos, é direito subjetivo do réu a diminuição.
 A causa de diminuição incide no caput e no § 1º.
 O privilégio não atinge os §§ 2º e 3º.
 Quantum da diminuição: A redução vai de 1/6 a 2/3, varia de acordo com o tipo,
quantidade da droga e demais circunstâncias do artigo 59 do Código Penal. Não
considera os antecedentes nessa causa, porque já é requisito do privilégio. Todos
devem ser primários e portadores de bons antecedentes.
 Rogério entende que o juiz deve considerar:
Tipo da droga
Quantidade da droga
* OBS: Isso vai cair em concurso!
A 2ª Turma do STF, no julgamento do HC 106.135, decidiu que a variação
da redução de pena prevista no § 4º NÃO deve considerar a quantidade
da droga, circunstância já analisada na fixação da pena-base, sob pena de
i correr e bis in idem . Julga e to rece tíssimo. Não podemos dizer
que é julgamento do Pleno e que se consolidará, mas é importante o seu
registro aqui.
 É vedada a conversão em penas restritivas de direitos. O Pleno do STF, no HC
97.256 julgou esta restrição inconstitucional.
Razão: Quem deve analisar o cabimento ou não do benefício é o juiz na análise do
caso concreto.
 A lei anterior não tinha causa de diminuição de pena – a Lei 11.343 inseriu este
benefício no ordenamento.

LEI 6.368/76 DEPOIS DA LEI 11.343/06


- o tráfico estava no art. 12 - o tráfico está previsto no artigo 33
- Pena de 3 a 15 anos - Pena de 5 a 15 anos
- Réu primário + bons antecedentes - Réu primário +bons antecedentes
- Era mera circunstância judicial - Redução de 1/6 a 2/3
favorável.
- O juiz considerava o fato de o O § 4º do artigo 33 da Lei 11.343
criminoso ser primário e portador de retroage para alcançar fatos praticados
bons antecedentes na fixação da pena na vigência da lei anterior?
base do artigo 59 do CP. - STJ:
 1ªC) Não, pois seria combinação

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29
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
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de leis transformando o juiz em


legislador.
 2ªC) Sim, admitindo-se
combinação de leis
C 2.1) Admitem retroatividade
sem limites
C2.2) Admitem retroatividade
limitada a pena mínima de 1 ano
e 8 meses (pena mínima da lei
nova reduzida no máximo
(aplicando os 2/3 sobre 5 anos))

- STF:
 1ªC) Não, negando a combinação
de leis.
 2ªC) Sim, admitindo combinação
de leis

Resposta: passe pelo STJ e STF.

4. Tráfico de maquinários (art. 34):


- Art. 34 - Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a
qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção
ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a
2.000 (dois mil) dias-multa.

- Sujeito Ativo: crime comum


- Sujeito Passivo: a sociedade
- é um crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa, sendo a coletividade
a vítima. Há necessidade da presença do elemento indicativo da ilicitude (sem
autorização ou em desacordo com determinação legal).
- o artigo 34 é um delito subsidiário, uma vez que a conduta de manter em depósito as
drogas, por exemplo (art. 33, caput), absorve esse crime.
- entre o 33 e o 34 alteramos o objeto material.
No 33, ele trafica droga, a substancia pronta;
no 34, ele trafica os objetos para preparação da droga.

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- não existem aparelhos de destinação exclusivamente a essa finalidade; qualquer


instrumento ordinariamente usado em laboratório químico pode vir a ser utilizado na
produção, preparação ou transformação da droga (ex.: balança de precisão).
OBS: Lâmina de barbear não caracteriza objeto material do artigo 34, pois não se destina
a tais finalidades, mas separar a droga que já está pronta.
A doutrina entende imprescindível o exame pericial para atestar a capacidade do
instrumento na produção de drogas.
- ...sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar... Isso
tem que constar da denúncia – elemento indicativo da ilicitude do comportamento. Se a
denúncia não tiver isso, é inepta.
- Tipo subjetivo: o crime é punido a título de dolo
- Consumação: com a prática de qualquer dos núcleos (alguns núcleos configuram crime
permanente, ex. guardar)
- Tentativa: na prática, é de difícil ocorrência, mas na teoria é possível – o delito é
plurissubsistente (isto é, a execução admite fracionamento)
- se sou surpreendido guardando maquinários para produção de droga e uma quantidade
considerável de droga produzida. Se praticados no mesmo contexto fático, o artigo 34
fica absorvido pelo artigo 33, pois o 34 é delito subsidiário. Tem que estar no mesmo
contexto fático. O juiz vai considerar o 34 na fixação da pena-base do 33.
- Art. 33, § 4º: o traficante de drogas
primário + portador de bons antecedentes e
que não se envolve em atividade e organização criminosa
Pena de 5 a 15 anos de 1/6 a 2/3 (Pena mínima: 1 ano e 8 meses)
Apesar de mais grave, com a redução chega a 1 ano e 8 meses
- Tráfico de maquinários: crime menos grave. Pena de 3 a 10 anos.
Droga é + grave do que maquinários. O que você acha da comparação das penas?
Desproporcional. Então, a doutrina aplica analogia in bonam partem, aplicando o
privilégio do §4º do artigo 33 ao artigo 34.
- Não temos jurisprudência sobre o assunto, porque, na maioria dos casos, o 34 fica
absorvido pelo 33. Trata-se de construção doutrinária

5. Associação (art. 35):


- Art. 35 - Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil
e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para
a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.

- evite falar de quadrilha (requer 4 agentes) – fale de Associação

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ART. 288 DO CP LEI 11.343/06


- quadrilha ou bando - associação criminosa
- mínimo de 4 pessoas - mínimo de 2 pessoas
- reunidas de forma estável e - reunidas de forma estável e
permanente permanente.
- para o fim de praticar crimes. - para o fim de praticar,
reiteradamente ou não, art. 33, caput,
§ 1º, e 34.
Os crimes visados são específicos.

- áàexp ess oà eite ada e teàouà o... à oàdizà espeitoà àasso iaç o,à asàaosà i esà
que ela pode vir, eventualmente, a praticar.
- a exemplo da quadrilha ou bando, o artigo 35 é um delito autônomo, independente da
prática ou não do tráfico.
- consumação: o crime consuma-se com a formação da associação criminosa, não
dependendo da prática de qualquer dos crimes referidos no tipo. Esse crime se consuma
com a mera reunião, dispensando a prática dos crimes fins.
- Configura-se o concurso material de delitos, caso ocorram os crimes previstos no tipo.
Quando se efetivamente cometeu o tráfico, há concurso material de delitos (tráfico +
associação para o tráfico).
OBS: cuida-se de crime permanente – a consumação se protrai no tempo
- O crime somente é punido a título de dolo, que é o animus associativo.
- Tentativa: a maioria da doutrina não admite tentativa.
*** Fulano e Beltrano, associados de forma estável e permanente, são presos
comercializando drogas. Fulano é primário e portador de bons antecedentes. Beltranos é
reincidente.
- Beltrano responde pelo 33, caput, + 35, em concurso material.
- Fulano responde pelo 33, caput, + 35, em concurso material.
» Questão de prova:
Por que não posso reduzir a pena dele pelo § 4º, mesmo ele sendo primário e de bons
antecedentes?
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser
reduzidas de 1/6 a 2/3, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde
que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas nem integre organização criminosa.
»» Não cabe o § 4º para Fulano, pois integra associação criminosa, espécie de
organização criminosa. Posição pacífica nos Tribunais Superiores.

O Parágrafo único traz uma nova Associação criminosa:

Art. 35. Caput

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32
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
INTENSIVO II
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Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200


(mil e duzentos) dias-multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa
para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.

Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
o
caput e § 1 , e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos)


a 4.000 (quatro mil) dias-multa.

ART. 288 do CP ART. 35, CAPUT, LEI DE ART. 35, § ÚNICO, LEI DE
DROGAS DROGAS
- Associação - Associação
- 4 pessoas; - 2 pessoas; - 2 pessoas;
- reunião estável e - reunião estável e - reunião estável e
permanente; permanente; permanente;
- Finalidade: cometer - Finalidade: cometer tráfico - Finalidade: financiar o
crimes; art. 33, caput e § 1º; tráfico – art. 36;
O 33, caput e § 1º são delitos O 36 é delito autônomo.
autônomo. Se ocorrer, há Se ocorrer o 36, há
concurso material de delitos. concurso material de
delitos.

6. Financiamento do tráfico (art. 36 da lei 11.343/06):


- Art. 36 - Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a
4.000 (quatro mil) dias-multa.

- sujeito ativo é qualquer pessoa (pessoa isolada ou associada a outra (art. 35, p. ún. +
36))
- sujeito passivo é a coletividade.
Tipo objetivo: financiar ou custear o 33, caput, § 1º, ou 34:
-> financiar = arcar com os custos, com os gastos;
-> custear = conter as despesas;
- É imprescindível a relevância do sustento, não é qualquer dinheirinho que você dá para
o traficante que configura o 36 (ex.: alguém dá dez reais para um traficante). Portanto é
conditio sine qua non.

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33
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
INTENSIVO II
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Tipo subjetivo: o crime é punido a título de dolo. O financiamento do tráfico.


- financiamento do tráfico X crime habitual:
- Corrente 1: o crime não é habitual, consumando-se com o efetivo sustento ainda
que realizado em uma só conduta22. Nucci.
- Corrente 2: o crime é habitual, consumando-se com a reiteração de atos
indicativos do sustento. Rogério.
 Fi a ia àeà ustea :àsuge e àplu alidadeàdeàatos.
 art. 40, VII

Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas
de um sexto a dois terços, se:

VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.

A lei fala 2 vezes em financiar e custear.


No 36, é um financiar e custear habitual – crime. Responde pelo 36.
No 40, é financiar e custear não habitual – majorante. Responde
pelo 33 (tráfico) com a causa de aumento do art. 40, VII.

 art. 35, p. ún. O 36 é um crime habitual – praticado de forma reiterada.


Note a diferença do caput para o parágrafo único do artigo 35:

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar,


reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
o
caput e § 1 , e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700


(setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem
se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta
Lei.

- Tentativa: depende da interpretação que você adotar:


 não existe no crime habitual.
 Se você considerar crime não habitual, admite tentativa.

22
Apesar de polêmico o tema, prevalece a primeira corrente, embora Rogério Sanches concorde com a
segunda corrente. Os que entendem que é crime habitual sustentam que: o artigo 40, VII da lei 11.343/06
au e taàaàpe aàdeà ue à fi a ia àouà ustea àaàp ti aàdoà i e .àN oàhave iaàlógi aàte àuma agravante que
sempre constitua crime autônomo, uma vez que sempre haveria bis in idem, portanto, a habitualidade é
exigida. Olhando o art. 35, § único que exige a prática reiterada do delito do artigo 36 para que configure a
quadrilha especial do artigo à daà lei.à Osà p óp iosà te osà fi a ia à eà ustea ,à segu doà essaà o e te,à
indicam habitualidade.

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7. Causas de aumento de pena (art. 37):


- Art. 37 - Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados
à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700
(setecentos) dias-multa.
- SA: crime comum (ex. informantes nos morros)
Se for funcionário público, incide causa de aumento do 40, II.
- SP: coletividade
-> apesar de não expresso no dispositivo legal (tipo penal), a conduta do informante
colaborador necessariamente precisa ser. Comprovando-se que a contribuição é
permanente e estável eventual (= se houver vínculo associativo), a conduta do
informante tipificará o artigo 35 da lei.
- Tipo Subjetivo: punido a título de dolo
- Consumação: com qualquer ato indicativo da efetiva colaboração
- Tentativa: admitida na carta interceptada

8. Único crime culposo da lei (art. 38):


- de menor potencial ofensivo.

Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou
fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200


(duzentos) dias-multa.

Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional


a que pertença o agente.

- Sujeito Ativo:

Lei 6.368/76 Lei 11.343/06


Art. 15 Art. 38 – Silencia:

Médico -

Dentista -

Farmacêutico -

Profissional de enfermagem -

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Conclusão: com o silêncio da lei,


posso abranger

Veterinário?

Nutricionista?

2 Correntes:
 Apesar do silêncio da lei, continua a ter como sujeito ativo os mesmos
profissionais descritos na lei anterior.
 A nova redação do crime culposo acaba por abranger todos que possam
prescrever drogas, como o veterinário ou nutricionista. Vicente Grecco.

Art. 38, Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria
profissional a que pertença o agente.

 Abrange o curandeiro? Tem conselho profissional?! eheh

- Sujeito Passivo:
 Coletividade
&
 Pessoa que recebe a droga irregular

- o que o art. 38 pune? Negligência na prescrição ou aplicação da droga


Lei 6.368/76 Lei 11.343/06

Droga certa

Dose errada Pune =

Droga errada

Dose certa Pune =

A lacuna não existe mais. Pune

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Paciente errado também esta negligência.

Droga errada Hoje, então, temos 3 formas de


negligência.
Dose certa

 Lacuna – não pode aplicar


analogia em malam
partem

- Consumação:
 Na modalidade prescrever: o crime consuma-se com a entrega da receita ao
paciente.
 Na modalidade ministrar: o crime consuma-se no momento da aplicação da
droga.

- Tentativa: não admitida – o crime é culposo – a tentativa diz que o crime não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.

9. Conduzir veículo automotor sob efeito de drogas (art. 39):

Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a


dano potencial a incolumidade de outrem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo,


cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena
privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-
multa.

Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as


demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-
multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros.

-Sujeito Ativo: precisa ser motorista profissional? Exige alguma qualidade ou condição
especial do agente? Não, é crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa.
- Sujeito Passivo:
 coletividade
+
 eventual indivíduo colocado em perigo pela conduta do agente

- Tipo Objetivo:

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 conduzir embarcação ou aeronave.


Veículo automotor. Ex.: jetski, navio, monomotor, Boeing... Se for veículo
automotor, aplica-se o CTB 306.
 Após o consumo de drogas (sob o efeito)
 Expondo a dano potencial a incolumidade de outrem
Crime de perigo concreto difuso (não precisa de uma pessoa certa e determinada
que corra perigo, basta a prova de que baixou o nível de segurança, que
conduziu de forma anormal, podendo gerar dando para alguém)

- Tipo Subjetivo: dolo


- Consumação: com a condução anormal, rebaixando o nível de segurança
- Tentativa: não admitida, segundo a maioria.
- Precisa ter passageiros no veículo? Rogério entende que sim, pois a preocupação da lei
é com os passageiros, então, tem de existir no mínimo 1 passageiro, que passa a ser um
diferencial em relação ao caput.

Art. 39, Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente


com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600
(seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo
de passageiros.

10. Causas de aumento de pena (art. 40):


- Variação:
 de 1/6 a 2/3
 Considera pluralidade e gravidade das majorantes.
- Incidência: 33 ao 37. Do informante ao colaborador.

Art. 40 - As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de 1/6 a 2/3, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias
do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;
- tráfico internacional = situação ou ação concernente a duas ou mais nações – 2
países soberanos; Lei 6.368/76.
- tráfico transnacional = situação ou ação além das fronteiras; basta levar a droga
para fora do país, mesmo que seja em alto mar, sendo desnecessário o
envolvimento de dois países. O legislador ajustou o termo à orientação da
Convenção de Palermo. A lei ampliou o leque.
- a droga não precisa sair do país para configurar a transnacionalidade, bastando a
intenção. Ex.: cara surpreendido em Guarulhos rumo à Espanha.
- essa causa de aumento dispensa a habitualidade;
- a competência será da justiça federal;

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- onde não houver justiça federal, remete-se para a justiça federal mais próxima.
Não existe mais delegação à justiça estadual, como na lei anterior.

II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública23 ou no desempenho de


missão de educação24, poder familiar25, guarda ou vigilância26;
- o agente prevalece de função pública
* não necessariamente ligada à prevenção ou repressão ao tráfico
- ou no desempenho de
 Missão de educação (professor/aluno)
 Poder familiar (Pai/Filho)
 Missão de guarda
Ex.: pessoa que guarda drogas apreendidas
 Vigilância
Quem cuida da segurança desses locais.

III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos


prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais,
recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde
se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza (ex. raive), de serviços de
tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou
policiais ou em transportes públicos;
- difícil um tráfico não incidir no inciso III;
- só incide essa causa de aumento se o agente tem consciência de que está
praticando o crime nesses locais ou nas mediações, portanto ele deve ter a
consciência de que ali existem essas localidades;
- imediações = abrangem a área em que poderia facilmente o traficante atingir o
ponto especialmente protegido com alguns passos, em alguns segundos, ou em
local de passagem obrigatória ou normal das pessoas que saem do
estabelecimento ou a ele se dirigem.

IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo,
ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
- i posiç oà deà to ueà deà e olhe ,à leià doà sil io à oà o oà o figu aà u à
processo de intimidação difusa ou coletiva.

V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito


Federal;

23
Ex.: Policial praticando tráfico.
24
Ex.: Professor vendendo droga para aluno.
25
Ex.: Pai dando droga para filho.
26
Ex.: Pessoa responsável pela guarda a vigilância de um depósito de hospital vendendo substâncias proibidas.

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- tráfico interestadual = é o tráfico doméstico, interno, cuja competência é da


justiça estadual, embora não impeça a investigação da polícia federal;

VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por
qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e
determinação;
- o traficante tem de saber que visa atingir essas pessoas com a prática do delito;

VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.


-> financiar = arcar com os custos, com os gastos;
-> custear = conter as despesas;

-> apesar de não expresso no tipo penal, entende a doutrina que a conduta do
informante colaborador precisa ser eventual (se houver vínculo associativo, pratica o
artigo 35 da lei);

- vedações (art. 44 da lei 11.343/06):


Art. 44 - Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento
condicional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao
reincidente específico.
- traz as restrições próprias de um crime hediondo,

(-) o regime inicial fechado (+) vedação de restritiva de direitos e


sursis
Silencia não vedados pela lei de crimes hediondos

- Vicente Grecco: diz que os artigos 33, caput e § 1º, e 34 a 37 são equiparados a
hediondos
- Rogério discorda. Quem equiparou os crimes a hediondos? Isso está na própria CF.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasi leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito (5
direitos) à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a


prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem;

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--»» Se a CF somente equipara o tráfico de drogas a hediondo, abrande somente o


33, caput e § 1º, e o 36! NÃO terão o regime inicial fechado.
--» Prevalece: equiparar-se a hediondo o 33, caput e § 1º, 34 e 36. A galera abrange o
34, que nem tráfico de drogas é, é tráfico de maquinário. Terão o regime inicial
fechado.

47 8473 8010

- a Constituição da Republica equiparou aos crimes hediondos os de tráfico de drogas.


Mas qual seriam estes?
- 1ª Corrente: art. 33 caput + art. 33, §1º + art. 34 + art. 35;
- 2ª Corrente: art. 33 caput + art. 33, §1º + art. 34;
- 3ª Corrente: art. 33 caput + art. 33, §1º + art. 34 + art. 35 + art. 36 + art. 37;

- vedações / restrições legais:


LEI 8.072/90 LEI 11.343/06
- fiança; - fiança;
- não proíbe sursi. - sursis;
Como poderia proibir
para crime equiparado?
Por isso, existe doutrina
questionando a
constitucionalidade. Você
trataria uma situação
menos grave com
conseqüência mais
rigorosa.
- anistia/graças/indulto; - anistia/graças/indulto;
-------------------------------------------- - restritiva de direitos27;
O STF, no HC 97.256
decidiu que a proibição
com base na gravidade
em abstrato do delito é
inconstitucional, porque
quem deve decidir se
cabe restritiva de direitos
é o juiz, analisando o
caso concreto.

- uma primeira corrente entende que veda - liberdade provisória28;

27
Apesar de conter a vedação, a constitucionalidade da regra está sendo discutida no STF.
28
Há discussão em relação à constitucionalidade dessas normas.

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implicitamente a liberdade provisória, já uma segunda Se o STF for coerente,


corrente diz que não há vedação; seguirá a mesma linha
para a liberdade
provisória.
- livramento condicional qualificado; - livramento condicional
qualificado;
- progressão: 2/5 para primário e 3/5 para reincidente; - a lei 11.464/0729.

- a lei Maria da Penha não é uma lei preponderantemente penal, sendo a maioria dos seus
dispositivos multidisciplinar. A lei portanto é extrapenal;
O Direito brasileiro e mundial tem uma tendência de especialização da violência. Ex.:
Lei 8.069/90 – ECA
Lei 8.072/90 – Crimes hediondos e equiparados
Lei 9.099/95 – Violência de menor potencial ofensivo.
O erro da Lei 9.099 foi ter abordado a violência doméstica, banalizando esta violência.
Lei 9.455/97 – Tortura
Lei 9.503/97 – CTB – Violência no trânsito
Lei 9.605/98 – Crimes contra o meio ambiente
Estatuto do Idoso
Estatuto do Torcedor
Lei 11.340/06 – Violência doméstica e familiar contra a mulher

1. Finalidades
- estão no artigo 1º:
- prevenir e coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher;
- criação de juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher;
- assistência à mulher vítima de violência doméstica e familiar contra a mulher;
- proteger a mulher vítima de violência doméstica e familiar;

Qual finalidade tem algum predicado criminal?


Não tem nenhum predicado criminal, é uma lei mais extrapenal do que penal.

Ela protege o homem também?


29
É a lei que instituiu a progressão aos crimes hediondos e equiparados, inclusive o tráfico. Sendo portanto
posterior à lei de drogas, aplica-se ela.

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A lei reconhece a possibilidade de o homem ser vítima.


O art. 44 da L Mª da Penha alterou o art. 129, § 9º, do CP e falou em irmão, companheiro, ...,
abrangendo homem e mulher:

Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código


Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:

á t.à . ..................................................

..................................................................

o
§ 9 Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

- defesa do homem: o §9º do artigo 129 do CP foi incluído pela lei Maria da Penha e defende
não somente a mulher, uma vez que prevê como qualificador o crime do referido artigo
cometido por ascendente, descendente, irmão ou cônjuge ou companheiro, ou com quem
conviva ou tenha convivido, ou ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, da
coabitação ou de hospitalidade. Assim, se a vítima for homem, ele tem o Código Penal em sua
defesa: se for contra a mulher, ela tem o Código Penal e a própria lei Maria da Penha;

Em resumo, há violência doméstica e familiar:


Se a vítima for homem, temos o CP
Se a vítima for mulher, temos o CP + a Lei 11.340/06

- Limitar a Lei Maria da Penha à mulher é constitucional?


A lei traz uma superproteção da mulher vítima em relação ao homem, por isso questiona-se a
constitucionalidade ou não da referida lei.

2. Constitucionalidade ou inconstitucionalidade
É o assunto mais importante que tem.
2 correntes

2.1 Inconstitucionalidade:
- viola o artigo 226, § 5º, da Constituição Federal, que diz:

Art. 226, § 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos


igualmente pelo homem e pela mulher.

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Assim, nesse ponto, a lei Maria da Penha ficou aquém do mandamento Constitucional;

- viola o artigo 226, § 8º da Constituição Federal, que diz:

Art. 226, § 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a
integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.

A CF quer uma proteção para todos os integrantes da família. Assim, a Lei Mª da Penha
protegeu somente um dos membros da família.

- a lei Maria da Penha é um retrocesso, uma vez que o homem sempre foi discriminado
na legislação (ex.: o antigo delito de atentado ao pudor mediante fraude, que até 2005,
tinha como sujeito ativo o homem e sujeito passivo mulher honesta, daí, depois de
2005, o crime passou a ser comum, podendo ser sujeito ativo e passivo qualquer um. Em
2009, a lei 12.015 transformou esse delito em violação sexual mediante fraude –
continuando o crime a ser simples; o tráfico sexual também era outro exemplo de
discriminação, uma vez que até 2.005 o crime tinha como vítima mulher, daí depois de
2.005 a vítima passou a poder ser qualquer pessoa, inclusive o homem, já em 2009, com
a lei 12.015, o homem foi mantido como vítima, sendo o crime de tráfico internacional
ou interno para fins de exploração sexual);
- Por que quando o pai e a mãe agride a filha, esta tem proteção da lei Maria da Penha,
e quando o pai e a mãe agride o filho, este não tem a proteção da norma?30 Por que
quando o filho bate na mãe ou na avó, há proteção da lei Maria da Penha, mas quando
bate no pai ou avô, não há proteção da lei?
- essa primeira corrente atualmente é minoritária. O TJ/MS que entendia pela
inconstitucionalidade da lei passou a entendê-la constitucional, assim acontecendo de
forma a tornar a corrente que sustenta a inconstitucionalidade minoritária;

2.2 Constitucionalidade:
- 2 formas/sistemas de proteção:
Sistema de proteção geral
Sistema de proteção especial.

O sistema de proteção geral não tem destinatário certo, nem pode ter.
O sistema de proteção especial pode ter destinatário certo, uma vez que trabalha com
uma desigualdade de fato (sendo o caso típico da lei Maria da Penha);

Vimos 2 sistemas de proteção, CP e L 11.430/06:


CP – Sistema de Proteção Geral

30
Deve ficar claro que somente mulher pode figurar como sujeito passivo, mas homem e mulher pode figurar
como sujeito ativo.

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44
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
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Lei 11.340/06 – Sistema de Proteção Especial


Pode ter destinatário certo, porque
só assim a mulher consegue
concretizar a igualdade prevista na
CF.
Quando você quer igualar uma
afirmação prevista em lei, estamos
diante de uma Ação Afirmativa. A
Lei Mª da Penha é uma Ação
Afirmativa.

Estatisticamente, a maioria das vítimas são mulheres. Por isso, ao defender a


constitucionalidade, esta corrente alega que a Lei é uma Ação Afirmativa.

O TJ/MG decidiu, de forma pioneira, que a Lei 11.340/06 só é aplicada à mulher vítima,
mas nada impede que o juiz, usando seu poder geral de cautela, aplique as medidas
protetivas para os homens vítimas, em especial quando vulneráveis.

- O Promotor pode requerer ao juiz medidas protetivas das mulheres ao idoso homem,
em analogia, para proteção do idoso. Não é analogia in malam partem, é analogia para
proteção ao idoso, por meio do Poder Geral de Cautela.
- a lei Maria da Penha não se aplica ao homem, mas é possível ao juiz estender as
medidas protetivas aos homens vítimas, por meio do uso do poder geral de cautela, com
fulcro no artigo 798 do CPC – há decisões nesse sentido no TJ/MG;

- aplicação ao transexual (Polícia Civil /RJ): transexual não se confunde com


homossexual, bi-sexual, travesti ou transformista. Transexual é aquele que apresenta
uma dicotomia física ou psíquica, ou seja, fisicamente, anatomicamente, é de um sexo,
mas psicologicamente é de outro sexo (ex.: Roberta Close). Segundo Cristiano Chaves de
Farias e Nelson Rosenvalt, se o transexual fizer uma cirurgia, pode alterar o registro,
inclusive com mudança de nome, trata-se de mulher, devendo ser protegida pela lei
Maria da Penha. De acordo com a maioria, se a pessoa portadora de transexualismo
transmutar suas características sexuais (por cirurgia e de modo irreversível), deve ser
encarada de acordo com sua nova realidade morfológica, permitindo-se, inclusive,
retificação de registro civil.

- essa corrente é a que prevalece hoje inclusive nos Tribunais. Rogério Sanches entende
que a lei é constitucional, porém que alguns dispositivos são dotados do vício da
inconstitucionalidade;

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3. Conceito de violência doméstica e familiar


o
Art. 5 - Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação.

- na prática, delegado, promotor ou juiz não estão sabendo aplicar o artigo 5º, quanto à
viol iaà aseadaà o g e o , que é a violência baseada na discriminação, a violência-
preconceito, a violência contra vítima vulnerável.
o
Art. 5 - Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
Exemplos: o marido chega em casa e a mulher bateu no filho dele. Considerando que a mulher
se excedeu, ele dá uns tapas nela. Isso é violência de gênero? Bateu porque discrimina o sexo
feminino? Por que ela é vulnerável? Encara a mulher como simples objeto? Não, nesse caso,
não há violência de gênero. Em tese, não podemos aplicar a Lei Mª da Penha.
Marido transmite doença venérea para a mulher, doença que deixa a peteca purulenta e
quente. Ele tinha mais prazer transando com ela nesta condição e não a deixou tratar a
doença. Neste caso, é aplicável a Lei Mª da Penha, já que o marido trata a mulher como
simples objeto.

- o STJ não aplicou a lei Maria da Penha quando o motivo da agressão foi ciúmes, porque o STJ
corretamente entendeu que ciúmes não se trata de preconceito, não se trata de
discriminação;

3.1 No âmbito da unidade doméstica (art. 5º, I)


Unidade doméstica é o espaço caseiro.
Dispensa vínculo familiar/parentesco.
Quem está abrangida? Empregada doméstica, ela pode figurar como vítima.

3.2 No âmbito da família (art. 5º, II)


Pressupõe vínculo familiar, ainda que por afinidade.
Dispõe Coabitação.

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Nesse caso, a violência não é doméstica, mas sim familiar, dispensando a


coabitação, mas exige-se vínculo familiar (devem ser parentes ou haver vínculo por
afinidade ou por vontade expressa de união)31.

3.3 Em qualquer relação íntima de afeto (art. 5º, III)


Admite-se a aplicação da lei em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de
coabitação.
Abrange ex-maridos, ex-namorados?
Analisar se está presente a violência de gênero32.
O STJ nunca falou que a lei não se aplica a ex-maridos e ex-namorados, não aplicou
em algumas hipóteses porque não estava presente a violência de gênero.
Para aplicação da lei, deve estar presente a violência de gênero combinada com um
desses incisos.

3.4 Orientação sexual da Vítima (Art. 5º, p. ún.)


A aplicação da lei 11.340/06 independe da orientação sexual da vítima:

Art. 5º, Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem
de orientação sexual (da vítima).

A lei será aplicada mesmo em relações homoafetivas.

É a relação homoafetiva feminina ou masculina?

O TJ/MG disse que se aplica à vítima da relação. Kkk

Na verdade, a lei só se aplica à relação homoafetiva feminina, porque a lei está


preocupada com a mulher, em relação homossexual ou heterosexual.

A corregedoria geral e o TJ/SP publicaram um enunciado para esclarecer que se


aplica somente à mulher vítima.

- segundo o artigo 6º da lei, a violência doméstica e familiar contra a mulher


constitui uma das formas de violação dos direitos humanos, assim, alguns
entendem que pode haver o incidente de deslocamento para a justiça federal nos
termos da Constituição;

31
Abrange indivíduos que são considerados aparentados, mesmo que não o seja.
32
O STJ entendeu que a lei Maria da Penha se aplica para ex-namorados (CC 103.813 de agosto de 2009).

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4. Formas de violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 7º):


I – violência física;
II – violência psicológica;
III – violência sexual;
IV – violência patrimonial;
V – violência moral;

4.1 Violência física


- violência física abrange desde a contravenção penal de vias de fato até o
homicídio (forma mais drástica da violência), ou seja, desde a forma mais
insignificante de violência até a forma mais grave;
o
Art. 7 São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade
ou saúde corporal;

4.2 Violência psicológica


- o inciso trata a violência psicológica de forma absurdamente ampla;
o
Art. 7 São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano
emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio
que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;

4.3 Violência sexual


- o inciso também tem redação ampla;
o
Art. 7 São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a


presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a

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utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer


método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à
prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite
ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

4.4 Violência patrimonial


- machão: quebra a casa, quebra isso, quebra aquilo...;
- seguindo a mesma linha, o rol também é amplo;
o
Art. 7 São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure


retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de
trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos,
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;

- estas formas de violência podem corresponder a crimes, contravenção, ou a crime


& contravenção penal.
- quando falamos em violência doméstica e familiar contra a mulher, estamos
falando de uma violência que pode configurar crime, contravenção penal e fato
atípico.
- ex.: adultério é fato atípico, mas não deixa de ser uma violência psicológica.
A vítima pode ser protegida.

4.5 Violência moral


- qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria;
o
Art. 7 São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia,


difamação ou injúria.

- quando se fala em violência doméstica e familiar, ela pode corresponder a um crime (ex.:
homicídio), podendo ela também corresponder a uma contravenção penal (ex.: vias de fato)
ou também pode corresponder a um fato atípico (ex.: adultério). Tanto o crime, contra a
contravenção penal e o próprio fato atípico podem autorizar o deferimento de medidas
protetivas em favor da mulher;

- o artigo 181 isenta de pena o cônjuge que pratica furto em detrimento da mulher. Nota-se
que a lei Maria da Penha prevê a possibilidade de violência patrimonial. Já o artigo 183 do CP

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dispõe dos casos em que não se aplica tal imunidade, não prevendo outras causas de exclusão
referente à lei Maria da Penha. Assim, a única conclusão a que se pode chegar é a de que a lei
Maria da Penha não derrogou a aplicação da imunidade do artigo 181 do CP, sob pena de
incorrer em analogia in malam partem. Maria Berenice Dias defende o contrário, sendo
portanto, posição isolada;

5. Medidas de prevenção (art. 8º)


- é importante a leitura de todo o artigo:
TÍTULO III

DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

CAPÍTULO I

DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO


o
Art. 8 A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por
meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e
de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as
áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva
de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da violência
doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados
nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas;
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de
forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar,
o o
de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1 , no inciso IV do art. 3 e no inciso IV do art. 221 da
Constituição Federal;
IV - a implementação de atendimento policial especializado (mulher atendendo mulher) para as
mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar
contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos
instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de
parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por
objetivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a
mulher;
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros
e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de
gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à
dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos
direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e
familiar contra a mulher.

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III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de
forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar,
o o
de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1 , no inciso IV do art. 3 e no inciso IV do art. 221 da
Constituição Federal;
- coibir programas que tratem a mulher como objeto, regulamentar horários, etc, como não
expo à aisà ulhe à o oà ulhe à ela ia .à

6. Formas de assistência à mulher (artigo 9º)

6.1 Tríplice Assistência


- a lei prevê tríplice assistência à mulher:

 assistência à saúde (SUS)

 assistência social

 assistência na segurança Polícia Civil: porto seguro


A polícia civil é o porto seguro da mulher na lei Maria da Penha:
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar,
a autoridade policial deverá, entre outras providências:
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao
Ministério Público e ao Poder Judiciário;
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico
Legal;
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local
seguro, quando houver risco de vida;
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços
disponíveis.

o
Art. 9 - A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de
forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência
Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas
e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.
o
§ 1 O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência
doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e
municipal.
o
§ 2 O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua
integridade física e psicológica:

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I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou


33
indireta ;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho,
34
por até seis meses .
o
§ 3 A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso
aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de
contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e
cabíveis nos casos de violência sexual.

6.2 Vítima servidora pública


o
Art. 9º, § 2 O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e
familiar, para preservar sua integridade física e psicológica:

I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da


administração direta ou indireta;

6.3 Empregada (iniciativa privada)


Afastamento por até 6 meses – manutenção do vínculo trabalhista por até 6 meses:

o
Art. 9º, § 2 O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e
familiar, para preservar sua integridade física e psicológica:

II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local


de trabalho, por até 6 meses.

Prevalece na doutrina que o afastamento previsto no artigo 9º, § 2º, II, é do tipo
suspensão do contrato de trabalho, mantendo-se o vínculo empregatício, porém,
sem recebimento de salário do procurador.

Qual juiz vai garantir esse vínculo empregatício para a mulher?

O juizado que trata da Lei Mª da Penha é o Juizado Estadual, da Justiça Estadual


comum.
33
A aplicação desse dispositivo no caso de servidora municipal parece de difícil implantação prática. No caso de
cidade pequena, a remoção não vai adiantar muito, uma vez que a remoção deve se dar no âmbito do mesmo
Município. No que se refere à servidora federal, será complicado, uma vez que a competência da lei Maria da
Penha é da justiça estadual, e não cabe ao juíza estadual obrigar a União.
34
Nota-se que esse afastamento, segundo doutrina majoritária, trata-se de suspensão, portanto, não sujeito à
remuneração. Há doutrina entendendo que esse afastamento é inconstitucional, por dar a juiz comum
competência típica de juiz trabalhista, fato este que somente pode ser feito por Emenda Constitucional.

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Obs.: apesar de a intenção do legislador ser no sentido de que compete ao juiz


estadual comum a concessão da presente medida de assistência, é cada vez mais
crescente doutrina lecionando que a competência para a garantia a do vínculo
empregatício é do juiz do trabalho (CF 114).

7. Medidas protetivas (arts. 22 a 24):


- o juiz pode conceder as medidas protetivas de ofício, não sendo necessária provocação;
- pressupõe que violência doméstica e familiar é contra a mulher;
- pode ser concedida no processo crime e/ou processo civil;
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas:
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o
caso;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do
Ministério Público ou a pedido da ofendida.
o
§ 1 As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato,
independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo
este ser prontamente comunicado.
o
§ 2 As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão
ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.
o
§ 3 Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder
novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à
proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão
preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou
mediante representação da autoridade policial.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a
falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a
justifiquem.
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor,
especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do
advogado constituído ou do defensor público.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor.

Medida Protetiva:
 Caráter Penal
 Caráter Extra Penal

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta
Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes
medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente,
o
nos termos da Lei n 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (é uma medida administrativa)

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II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;


III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo
de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de
comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica
da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento
multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

 As 5 medidas do 22 têm caráter extrapenal.


o
§ 1 As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação
em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a
providência ser comunicada ao Ministério Público.
o
§ 2 Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas
o o
no caput e incisos do art. 6 da Lei n 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao
respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e
determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável
pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou
de desobediência, conforme o caso.
o
§ 3 Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a
qualquer momento, auxílio da força policial.
o o
§ 4 Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5
e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou
de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após
afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens,
guarda dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.

Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade
particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre
outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de
propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II
e III deste artigo.

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- é importante saber se essas medidas protetivas tem natureza penal ou extrapenal: fica
evidente que essas medidas tem natureza civil, portanto, natureza extrapenal;
- os artigos 22, 23 e 24 prevêem medidas protetivas apenas de caráter extrapenal;
- isso é importante porque o artigo 42 da LMP alterou o artigo 313, do CPP, autorizando prisão
preventiva para garantir as medidas protetivas.

Art. 313. Em qualquer das circunstâncias, previstas no artigo anterior, será admitida a
decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos: (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei
específica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.(Incluído pela Lei nº 11.340,
de 2006)

De acordo com a lei, não importa o crime. Para qualquer crime de violência doméstica, o juiz
pode decretar a preventiva. Isso é CONSTITUCIONAL?
Na verdade, como as medidas são extrapenais, a prisão é travestida de prisão penal, mas é
civil.
Obs. 1: tem doutrina criticando a prisão preventiva, pois, na realidade, trata-se de prisão civil
não prevista na Constituição Federal. Logo, é INCONSTITUCIONAL. Serve para garantir a
medida protetiva; se esta é cível, a prisão também é cível.
Obs. 2: tem doutrina admitindo a prisão preventiva quando se viola uma medida protetiva com
a prática de um crime.
1ª situação: O agente viola o distanciamento mínimo sem praticar crime, NÃO cabe
preventiva.
2ª situação: O agente viola o distanciamento mínimo para agredir novamente a vítima.
Nesta hipótese, cabe preventiva.
O STJ julgou constitucional o decreto de prisão preventiva a despeito de o crime ser punido
com detenção e de menor potencial ofensivo. HC 132.379/BA.

Medida protetiva Prisão Preventiva


Requisitos Fumus boni iuris CPP 312
+ Não pode ser concedida preventiva sem
Periculum in mora fundamento no 312

Prisão Preventiva para garantir as protetivas:


Antes da Lei 12.403/11 Depois da Lei 12.403/11
III - “eàoà i eàe volve àviol iaàdo sti aà IV – “eàoà i eàe volve àviol iaàdo sti aà
e familiar conta a mulher, para garantir a e familiar contra mulher, criança,
execução das medidas protetivas adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a eficácia das
edidasàp otetivas.

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* Esta mudança confirma que as medidas


protetivas da lei podem ser aplicadas para
outros personagens vulneráveis.

8. Regras de Organização Judiciária:

8.1 Situação 1: juizado criado, já instalado.

Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça
Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito
Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das
causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme


dispuserem as normas de organização judiciária.

Este juizado tem competência cumulativa (cível + criminal), em que haverá:


Processo civil
Processo crime
Análise das medidas protetivas
Infelizmente, este juizado não está criado em todos os lugares, é exceção na nossa
realidade.
- a primeira coisa a se analisar é se na comarca há juizado especial de violência
doméstica e familiar contra a mulher. Caso haja esse juizado, deve ser analisado o
artigo 14 da lei, que diz que tais juizados são órgãos da justiça ordinária com
competência cível e criminal para processo e julgamento e execução das práticas
decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher. Nota-se portanto, que
esse juizado tem competência cumulativa: cível + penal. O juizado pode julgar as
cautelares, o processo principal, o crime, a separação, etc.

8.2 Situação 2: juizado não instalado


Enquanto não criado o juizado for criado, o juiz criminal acumulará competência cível
e criminal.
Quando se fala da competência cível, está a se falar das medidas preventivas de
urgência, porque na vara de família é que vai tramitar a ação cível principal.

- enquanto não criado o juizado, aplica-se o artigo 33 da lei, que diz que as varas criminais
acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da
prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. A interpretação deve se dar de

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forma restritiva, de forma que a competência cível do juiz criminal deve ser entendida
somente em relação às medidas protetivas de urgência, assim, a ação principal deve ser
proposta na vara da família (ex.: separação; divórcio; etc.);

Obs. 1: O juiz da família pode alterar ou revogar medida protetiva concedida pelo juiz criminal
ou conceder medida que o juiz criminal indeferiu. Isso significa que o juiz da família não está
vinculado ao juiz criminal.

Obs. 2: Qual a Câmara competente para julgar o recurso? Cível ou Criminal? Deveria ter sido
criada uma câmara, mas não foi. Prevalece que os recursos no âmbito do Juizado Especial da
Violência Doméstica contra a mulher devem ser processados na Câmara Cível.

Obs. 3: Se o juiz indefere a medida protetiva que você pediu ou concede uma medida da qual o
agressor se sente prejudicado, prevalece que o recurso cabível contra a concessão ou não das
medidas protetivas é o Agravo de Instrumento.

Obs. 4: Rito do Júri

Juízo de viabilidade Juízo da Causa


Da acusação Mérito
- surge a dúvida se a primeira fase do procedimento do júri (ex.: marido matou a mulher) se
dará perante o juizado especial ou deverá tramitar perante o a vara tribunal do júri: o STJ já
decidiu de dois modos:
 O STJ, no HC 73161/SC, decidiu que, até a fase da pronúncia, o homicídio contra a
mulher no ambiente doméstico e familiar deve ser processado no juizado especial.
 O mesmo tribunal, no HC 121.214/DF, decidiu que o homicídio nessas condições
deve tramitar no juízo criminal, e não no juizado especial, obedecendo o que
estabelecido na lei de organização judiciária.
 A questão ainda não está amadurecida.
- pensando no caso de não criação de juizado especializado, o juiz cível (da ação principal) não
está vinculado à medida concedida ou não pelo juiz criminal, assim o juiz cível pode tanto
deferir uma medida que anteriormente foi indeferida pelo juiz criminal, conceder medida
diversa ou revogar medida já concedida. Portanto, a decisão do juiz criminal não vincula o juiz
cível da ação principal;

Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
o
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n 9.099, de 26 de
setembro de 1995.

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INTENSIVO II
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Lei 9.099/95 prevê:


 Juizado especial criminal para infrações de menor potencial ofensivo
 Termo circunstanciado (e não inquérito policial)
 Conciliação preliminar
 Transação penal (medidas despenalizadoras, que buscam evitar o próprio processo)
 Suspensão condicional do processo (benefício não exclusivo das infrações de menor
potencial ofensivo)
 Lesão dolosa leve e culposa  a ação passa a ser pública

Lei 11.340/06 – Art. 41:


 Juizado especial criminal para infrações de menor potencial ofensivo  quer Justiça
comum
 Termo circunstanciado (e não inquérito policial)  quer IP
 Conciliação preliminar  quer denúncia
 Transação penal (medidas despenalizadoras, que buscam evitar o próprio processo) 
quer denúncia
 Suspensão condicional do processo (benefício não exclusivo das infrações de menor
potencial ofensivo)  não quer suspensão condicional do processo na violência
doméstica, quer sentença
 Lesão dolosa leve e culposa - a ação passa a ser pública condicionada  quer ação pública
incondicionada

Somente as infrações dolosas são de gênero.

Obs. 1: referindo-seà oà a tigoà à aà i es ,à à apli velà aà Leià . / ,à aosà fatosà típi osà
rotulados como contravenção penal, ainda que no ambiente doméstico e familiar contra a
ulhe .à E t eta to,à oà “TJ,à oà CCà . /MG,à de idiuà ueà aà exp ess oà i es deve ser
interpretada de forma a abranger as contravenções. Olha só que puta absurdo! Isso é analogia
in malam partem total!!!

Obs. 2: temos jurisprudência, inclusive do STJ, admitindo suspensão condicional do processo,


mesmo nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, pois o benefício não se
restringe às infrações da Lei 9.099/95. A mais recente decisão do STF discorda, não aplicando
suspensão condicional do processo aos casos da Lei Mª da Penha. Então, pessoa, por
enquanto, tudo aquilo (que está tachado) está sendo abolido mesmo...

Obs. 3: Lesão dolosa leve no ambiente doméstico e familiar contra a mulher: ação penal. Qual
é a ação penal?
Aqui, temos divergência:
1ª Corrente: óbvia, aplica na estrita redação do 41 - o artigo 41 da Lei Mª da Penha afasta
aplicação da Lei 9.099/95. Logo, a ação penal passa a ser pública incondicionada, importante
para se perseguir a pena em casos como esses, de grave violação a direitos humanos.

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2ª Corrente: o artigo 41 da LMP afasta a aplicação da Lei 9.099/95 quando se refere a medidas
despenalizadoras exteriores à vontade da mulher vítima (conciliação, transação penal e
suspensão do processo). Não afasta a necessidade de representação, medida que depende da
vontade da mulher vítima (STJ REsp 1.097.042/DF – Seção, j. 24/fev/2010).

O art. 16 prevê uma solenidade especial para homologar a retratação da representação da


víti a.àáàleiàe aàaoà ha a à ret ataç o àdeà e ú ia ,àpo ueàvo à oàpodeà renunciar ao
que já exerceu, você se retrata.

Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que
trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido
o Ministério Público.

Retratável Irretratável

Oferecimento
Audiência Especial
da denúncia
Recebimento

Diferente da retratação do CPP:

CPP, Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.

Retratável Irretratável

Oferecimento
Audiência Especial
da denúncia
Recebimento

Há julgados que decidem que o não comparecimento injustificado é hipótese de retratação


tácita.

9. Procedimento:
- feito o pedido da tutela de urgência (não importando se o juiz da vara criminal ou da vara
especializada), cabe agravo, que deve ser endereçado para a Câmara Criminal (salvo quando o

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
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juizado já estiver criado a câmara do juizado da mulher, que terá a competência), porém há
recentes decisões de que o agravo deve ser dirigido à Câmara Cível (essa é a jurisprudência do
TJDFT;
- deve-se analisar o artigo 41 da lei Maria da Penha, que veda a aplicação da lei 9.099/95
independentemente da pena prevista. O juizado especial é criado pela Constituição Federal,
podendo nos levar á conclusão de que tal artigo é inconstitucional. Porém, prevalece a
orientação de que inexiste inconstitucionalidade na redação do artigo 41 da lei Maria da
Penha, isso porque não cuida, o referido artigo, de hipótese de organização judiciária, e, sim,
de matéria processual, ao dispor sobre competência para o processamento transitório das
causas decorrentes de violência doméstica familiar contra a mulher. Deve ser observado que a
União detém competência legislativa para assim dispor (art. 22, I, da CRFB/88);
- a lei Maria da Penha, no seu artigo 41, exclui a aplicação da lei 9.099/95 para os crimes, mas
não abrange contravenções penais, sob pena de se incorrer em analogia in malam partem.
Porém, o STJ exclui da lei 9.099/95 também as contravenções penais, argumentando que a
exp ess oà aosà i es deve ser interpretada de forma ampla para não afastar a intenção do
legislador, qual seja, não permitir medidas despenalizadoras para qualquer forma de violência
doméstica e familiar (STJ, CC 102.571/09);
CONTRAVENÇÃO PENAL CRIME
- TCO; - Inquérito Policial;
- audiência preliminar: conciliação e transação
penal. O artigo 17 da lei Maria da Penha prevê
que a pena restritiva de direitos seja pessoal,
não real (prestação de serviços à comunidade,
interdição temporária de direitos);
- denúncia -> formando o processo; - denúncia - > formando o processo;
- suspensão condicional do processo (art. 89 CUIDADO! VER NOTA DE RODAPÉ!35
da lei 9.099/95);
- julgamento -> que pode cominar com - julgamento -> que pode cominar com
condenação, que novamente deve observar o condenação, que novamente deve observar o
artigo 17 da lei Maria da Penha; artigo 17 da lei Maria da Penha;
- retratação da representação36: o CPP, no seu artigo 25 diz que a representação é retratável
até o oferecimento da inicial, marco pelo qual torna a representação irretratável. Já a lei Maria
da Penha, no seu artigo 16 diz que a representação é retratável até o recebimento da inicial,
devendo ocorrer na presença do juiz e do Ministério Público. Necessita-se da audiência para
retratação para se ter certeza de que a mulher se retrata de forma livre e consciente, sem
pressão (Guilherme de Souza Nucci entende que deve haver a presença do autor do fato
delituoso). O não comparecimento da vítima em audiência de retratação, segundo algumas
decisões, gera retratação tácita (nesse sentido: TJ/SP, TJ/RS). Rogério Sanches entende que é

35
A maioria, inclusive o TJ/SP autoriza a suspensão condicional do processo, argumentando que o benefício é
maior do que a própria lei 9.099/95, abrangendo crimes que não são de menor potencial ofensivo. O TJ/MG
discorda, entendendo que a suspensão condicional do processo é impossível por estar abrangida pela vedação
do artigo 41 da lei Maria da Penha.
36
Como no exemplo de crime de ameaça, que depende de representação.

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um absurdo essa orientação, uma vez que frustra o objetivo existencial do presente artigo da
lei Maria da Penha, que é garantir que a retratação seja livre e sem pressão.
- ação penal:
- lesão corporal leve: a ação era pública incondicionada, mas com a lei 9.099/95, passou
esta a exigir a necessidade da representação para esse tipo de ação. Como a lei
11.340/06 veda a aplicação da lei 9.099/95, surgem duas correntes:
- 1ª Corrente: a ação penal é pública incondicionada, pois o artigo 41 impede a
aplicação da lei 9.099/95, documento que condicionava a ação penal. Não
bastasse, a lesão no ambiente doméstico e familiar é grave violação dos direitos
humanos, incompatível com a ação pública condicionada (nesse sentido: STJ em
algumas decisões e LFG);
- 2ª Corrente: a ação penal é pública condicionada. As medidas despenalizadoras
do artigo 41 da lei Maria da Penha que buscam serem evitadas são as medidas
dependentes da vontade da vítima, não alcançando a representação, que não
depende absolutamente nada da vontade da vítima (nesse sentido, o próprio STJ
em algumas decisões, Rogério Sanches).
- houve um parecer da sub-procuradoria geral da república que, atuando no STJ,
disse que a ação penal depende do caso concreto. Esse é um posicionamento
horrível que se mostra como uma atrocidade à segurança jurídica.

Finalidade da LEP
Art. 1º
a) Propiciar meios para que a sentença seja integralmente cumprida
- Sentença condenatória
- Sentença absolvitória imprópria

b) Reintegração do sentenciado ao convívio social (ressocialização);

Para Roxin, as finalidades da pena são:

- pena em abstrato: prevenção geral


> atua antes do crime;
> quer evitar que a sociedade pratique infrações penais

- pena em concreto (sentença): prevenção especial


> atua depois do crime;
> quer evitar a reincidência
> retribuição (retribui com o mal o mal causado)

- pena na execução:

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> concretizar as finalidades da pena na sentença;


> ressocialização

Princípios da LEP

1) Princípio da Legalidade (art. 3º, caput, LEP)

2) Princípio da Igualdade (art. 3º, parágrafo único, LEP)


- é possível distinção de natureza sexual;
- é possível distinção de natureza etária;
- é possível distinção cultural (preso provisório – acusado com curso superior)

3) Princípio da Personalização da pena (art. 5º, LEP)


- Princípio da individualização da execução penal
- CF – individualização da pena:
>> em abstrato; (legislador)
>> em concreto; (Juiz no momento da sentença)
>> na execução; (Comissão Técnica de Classificação - CTC)

Lei 10.792/03
CTC - ANTES CTC – DEPOIS
>>> Acompanha Execução
a) Pena privativa de liberdade
b) Pena restritivas de direito Acompanha a execução da pena privativa de
liberdade

>>> Propõe
a) Progressão
b) Regressão
c) conversão da pena

4) Princípio da Jurisdicionalidade (art. 194, LEP)

Os incidentes da LEP serão decididos pelo poder judiciário a autoridade administrativa somente pode
determinar pontos secundários da execução da pena, tais como, horário de sol, cela do preso,
alimentação, etc. (mesmo nesses casos, resguarda-se sempre o acesso ao judiciário)

5) Princípio do Devido Processo Legal


- ampla defesa
- contraditório
- etc

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6) Princípio Reeducativo
Busca-se a ressocialização do sentenciado.
Art. 11, LEP – instrumentos de ressocialização (assistência social >> lembrou-se da vítima – art. 23,
VII, LEP)

7) Princípio da Humanidade
Proíbe pena cruel, desumana e degradante

Partes na Execução Penal


 Exequente: não obstante a possibilidade de o particular, nos casos expressos em lei,
perseguir a pena (ação privada)sua execução é monopólio do Estado (arts. 105 e 171 da LEP);

 Executado: executado pode ser tanto o preso (definitivo ou provisório) ou o sujeito a medida
de segurança (art. 2º, parágrafo único da LEP);
Preso provisório: preso em flagrante, preso temporário e o preso preventivo – aplica-se a LEP no que
couber

→àÉàpossívelàexe uç oàp ovisó iaà oàB asil?

CONDENADO NÃO DEFINITIVO - PRESO CONDENADO NÃO DEFINITIVO - SOLTO


- cabe execução provisória, desde que - não cabe execução provisória
transitada a condenação p/ o MP.

PENDENCIA DE REC. ESPECIAL OU REC. EXTRAORDINARIO


1ª Corrente: cabe execução provisória – art.
637 CPP
Cabe execução provisória
2ª Corrente: não cabe execução provisória –
o art. 637 do CPP foi revogado pela LEP (art.
84) e não recepcionado pela CF (posição do
STF)

Fundamentos:
>> LEP: art. 2, parágrafo único (preso provisório)
>> Súmula 716 do STF
>> Resolução 19 do CNJ (obs: foi alterada pela resolução 57 do mesmo conselho condicionando a
execução provisória ao transito em julgado para a acusação)
>> Resolução 57 do CNJ

Competência na LEP

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A competência do juízo da execução inicia-se com o transito em julgado da sentença


condenatória ou absolutória imprópria.
OBS: para a maioria a execução provisória também se processa perante o juízo da execução (e não
perante o juízo da condenação) – posição do CNJ
É importante ressaltar que a competência na LEP não é ditada pelo local onde transitou em
julgado o processo de conhecimento:
1 – a pena privativa de liberdade será executada no local onde o condenado estiver preso (a onde o
preso vai, a execução vai atrás);
2 – se o sentenciado tiver sido condenado pela justiça federal, porém se estiver preso em
estabelecimento estadual, a competência é a do juízo da execução penal estadual onde o
sentenciado estiver preso (Sumula 192 STJ – arts. 2º e 3º da Lei 11.671/08);
3 – em se tratando de sursis e pena restritiva de direitos, a comarca competente é a do domicilio do
sentenciado;
4 – no caso de sentenciado com foro por prerrogativa de função a execução será da competência do
próprio tribunal que o processou e julgou;
OBS: não podemos confundir a competência do juízo da execução, que se dá com o transito em
julgado da sentença, com o inicio da execução o qual depende da prisão do sentenciado, expedindo-
se, em seguida, a guia de recolhimento (peça processual que formaliza o início da execução)

Arts. 38 a 43 LEP – Estatuto do Preso

Deveres – Art. 39 LEP


→àTaxativo

Direitos – Art. 41 LEP


→àExe plifi ativo
V – proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
X – visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
XV – contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros
meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes;
O inciso XVI foi inserido em 2003 e visa evitar a hipertrofia da punição.
>> excesso de execução – quantidade da pena;
>> desvio de execução – qualidade da pena;

O CNJ e o TSE estão viabilizando o direito de votar do preso provisório


Sanções Disciplinares
# as prisões são verdadeiros agrupamentos humanos;
# como todo grupo humano necessita de ordem e disciplina;
# a disciplina é conquistada com recompensas para o bom comportamento e sanções disciplinares
para o caso de falta disciplinar.
→àRe o pe sas

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A LEP, ao tratar das recompensas previu o elogio e a concessão de regalias (estabelecimento


prisional tem que criar um documentos com essas regalias), conforme disposto no art. 55 da
Resolução 14 do Conselho Nacional de Política Criminal.
Decreto 6.049/07 – aprova o regulamento penitenciário federal
→à“a ç oàdis ipli a
a) leve (legislação local)
b) média (legislação local)
c) grave (arts. 50 a 52 da LEP)

>> celular ou qualquer outro aparelho de comunicação no presídio:


#àp esoàsu p ee didoà→àfaltaàg aveà a t.à ,àVII,àLEP
#àDi eto àdeàPe ite ia iaà ueà oàvedaàaàe t adaàdoàapa elhoà→àa t.à -A do CP (pena: 3 meses a 1
ano)
# Particular que int oduzàoàapa elhoà oàsiste aà→àa t.à -A do CP (pena: 3 meses a 1 ano)
>> não abrange os acessórios (chip, carregadores, etc)

Regime Disciplinar Diferenciado – RDD


→à àaàfo aà aisàg aveàdeàsa ç oàdis ipli a
Obs: não é regime de cumprimento de pena.
RDD: Características (art. 52 LEP)
1) Duração: até 360 dias
- Repetição da falta grave: até 1/6 da pena aplicada
- Nova repetição de falta grave: até 1/6 da pena aplicada

2) Recolhimento em sela individual

3) Visitas semanais de duas pessoas (sem contar as crianças)


→àReg asà í i asàdaàONU,àp e eitoà

4) Banho de Sol

RDD: Hipóteses de cabimento (art. 52 LEP)


I – crime doloso quando ocasione subversão da ordem e disciplina interna (art. 52, caput)
- preso provisório ou condenado
- responde criminalmente pelo fato por ele praticado

II – presos de alto risco (art. 52, § 1º) – di eitoàpe alàdoàauto


- esse risco deve ser materializado em algum fato

III – recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação em organizações criminosas,


quadrilha ou bando (art. 52, § 2º)

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- é imprescindível a existência de provas

RDD: Judicialização
Art. 54 LEP
I a IV – diretor do Presídio
V – decisão fundamentada do Juiz (sujeita a recurso) para internar alguém no RDD

# o Juiz não pode internar o preso no RDD de ofício, depende de provocação do Diretor do
estabelecimento ou secretario de segurança publica (§ 1º, do art. 54);

#àoàMPàpodeà e ue e ?à“i ,à o àfu da e toà oàa tigoà ,àII,à a ,àLEP.

# Para incluir alguém no RDD é imprescindível o devido processo legal (Art. 57)

# Art. 45, § 3º - individualização da sanção disciplinar


É vedada a sanção disciplinar coletiva.

# É possível RDD preventivo?


Art. 60 – permite RDD preventivo enquanto se tem o devido processo legal.

# o RDD ocasiona a detração da pena

RDD: Discussão sobre sua Constitucionalidade

INCONSTITUCIONALIDADE CONSTITUCIONALIDADE

I – o RDD fere a dignidade da pessoa humana I – o RDD não representa a submissão do


constituindo, sanção cruel, desumana e preso a padecimentos físicos e psíquicos o
degradante. que somente restaria caracterizado nas
hipóteses que houvesse, por exemplo, selas
insalubres, escuras ou sem ventilação.
II – o RDD configura sanção desproporcional II – o sistema penitenciário, em nome da
aos fins da pena. ordem e da disciplina, a que se valer de
medidas disciplinadoras, e o RDD atende ao
primado da proporcionalidade entre a
gravidade da falta e a severidade da sanção.
III – o RDD ofende a coisa julgada, III – RDD não é regime de cumprimento de
representando 4ª modalidade de regime de pena, mas sanção disciplinar cabível na nova
cumprimento de pena. relação entre o Estado e o Executado.
IV – O RDD configura bis in idem, pois além IV – não se trata de violação do bis in idem,

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da sanção disciplinar o executado fica sujeito pois constituem-se em infrações e


a sanção penal. ordenamento jurídico diversos de direito
penal e de execução penal.

O STJ inclina para a constitucionalidade; todos os argumentos da constitucionalidade são do STJ.

# A Sanção Disciplinar – Falta grave prescreve?


→àC i e/pe a – prescreve (art. 109 CP)
→àátoài f a io al/ edidaàso ioedu ativaà– prescreve (sumula 338 STJ)
→ Falta grave/sanção disciplinar – o STF aplica o artigo 109 do CP por analogia, e o prazo será
sempre de 2 anos, independendo a falta cometida pela reeducando – HC 92.000 SP
>>> a fuga foi considerada uma infração permanente pelo STF, ou seja, enquanto o apenado está
foragido não corre a prescrição (HC 92.000 SP)
Fuga em 20/10/00
Recapturado em 10/10/07
Prescrição? Só em 09/10/09

- Sistemas prisionais:
a) Filadélfia -> o sentenciado cumpre a pena integralmente na cela sem dela nunca sair. É
desse sistema ueà as e àasà solit ias ;
b) Auburniano ou Auburn -> o sentenciado durante o dia trabalha com os demais presos em
silêncio (é vedada a comunicação oral entre eles), recolhendo-se no período noturno para suas
cela. Foi desse sistema que nasceu a comunicação entre presos por meio de mímica;
c) Inglês (ou progressivo) -> há um período inicial de isolamento. Após esse estágio passa-se a
trabalhar durante o dia com os outros presos. O último estágio da execução é cumprir a pena
em liberdade. A pena é cumprida de forma progressiva;
- nós, no Brasil, adotamos o Sistema Inglês ou Sistema Progressivo, conforme prevê o
artigo 112 da LEP;
- a vedação contida no final do artigo 112 da LEP em relação às normas de vedação de
progressão de regime viola a dignidade da pessoa humana, a individualização da pena e
humanidade da pena (assim, não pode haver normas de violação da progressão);

- Regimes de cumprimento de pena:


CRIME COM PENA DE RECLUSÃO CRIME COM PENA DE DETENÇÃO
- o delito punido com reclusão pode ser - regime inicial: em regra não existe regime
iniciado tanto em regime fechado, como em inicial fechado, mas cabe exceção, conforme
semi-aberto e aberto; a observação abaixo em relação a lei de
organizações criminosas;
- o art. 10 da lei das organizações criminosas
diz que os condenados pela lei iniciarão o
cumprimento da pena em regime fechado

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(pouco importando se a pena é de reclusão


ou detenção) – a maioria entende que tal
artigo é inconstitucional;
- crime punido com detenção não pode ter o
início da pena no regime fechado, mas pode
haver regressão para o regime fechado;
- segundo o artigo 11 da LEP, quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo
processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo
resultado da soma ou unificação de penas, observada, quando for o caso, a atração ou a
remição;

- Progressão de regime:
- a progressão de regime é um incidente de execução penal;
- legitimidade para provocação do incidente:
a) Ministério Público;
b) Reeducando;
c) Defensor Público (ou advogado);
d) Juiz de Ofício37;
- progressão do regime fechado para o semi-aberto:
- requisitos:
a) condenação transitada em julgado -> é possível execução provisória, desde
que a condenação do preso tenha transitado em julgado para o Ministério Público
(com fundamento no art. 2º, parágrafo único da LEP e na súmula 716 do STF e as
resoluções do CNJ);
b) cumprimento, em regra, de 1/6 da pena -> aàexp ess oà e à eg a se dá pelo
fato de que, nos termos da lei 8.072/90 o tempo é de 2/5 para o primário e 3/5
para o reincidente. Nos termos da súmula 715 do STF,à a pena unificada para
atender ao limite de 30 anos de cumprimento determinada pelo artigo 75 do CP
não é considerada pra concessão de outro benefício, como livramento condicional,
regime mais favorável à– portanto, é considerado o prazo total da pena, e não o
limite de 30 anos, para o cálculo do benefício;
c) requisito subjetivo (mérito do reeducando VS bom comportamento
carcerário) -> esse requisitos deve ser analisado antes e depois da lei 10.792/03;
ANTES DA LEI 10.792/03 DEPOIS DA LEI 10.792/03
- aà leià falavaà e à mérito do - atualmente a lei usa uma
reeducando ; expressão melhor, falando em
bom comportamento carcerário ;
- Obs.: quando o laudo deixa dúvidas em relação ao bom comportamento
carcerário, deve-se saber se usa-seàoàp i ípioàdoà in dúbio pro reo àouà in
du io pro so ietate : esse tema é controvertido, dependendo do concurso
37
É evidente que o juiz não precisa ser provocado para instaurar ao incidente de progressão de regime,
podendo fazê-lo de ofício.

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que vai prestar, mas a jurisprudência tende a apli a àoàp i ípioàdeà in dubio
pro societate ;
d) oitiva do Ministério Público -> se o juiz conceder progressão sem ouvir o
Ministério Público, não há anulação da decisão, devendo o Ministério Público
recorrer por meio de agravo, que não tem efeito suspensivo: para dar efeito
suspensivo a esse recurso, pode fazê-lo por meio do mandado de segurança (isso
visto do ponto de vista do Direito Processual Penal, uma vez que o os
processualistas do Direito Civil entendem como correto pedir tutela antecipada
recursal no próprio Agravo em Execução);
e) exame criminológico -> a redação nova do artigo 112 da LEP não mais fala em
exame criminológico;
ANTES DA LEI 10.792/03 DEPOIS DA LEI 10.792/03
- o artigo 112 da LEP determinava o - o artigo 112 da LEP silencia em
exame criminológico; relação ao exame criminológico;
- em razão disso surgem duas correntes: uma primeira corrente diz que o
exame criminológico foi abolido, não sendo mais requisito da progressão de
regime; uma segunda corrente entende que apesar de não mais haver
previsão do artigo 112 da LEP, ainda há o artigo 8º da LEP tratando do
exame criminológico, assim, como não foi alterado o artigo 8º, a conclusão
que essa corrente extrai é que o exame criminológico passou a ser
facultativo, somente sendo realizado quando necessário (essa
interpretação é a que prevalece no STF e no STJ)38;
f) reparação do dano que causou ou a devolução do produto do ilícito, nos
termos do art. 33, §4º do CP (somente em crimes praticados contra a
administração pública) -> somente aplicável esse requisito no caso de crimes
contra a administração pública;

- progressão do regime semi-aberto para o aberto:


- requisitos:
- são exatamente os mesmos requisitos do fechado para o semi-aberto,
acrescidos das seguintes observações:
- resta saber se o 1/6 da pena a se considerar deve ser a imposta na
sentença ou deve-se desconsiderar a pena já cumprida no regime anterior?
Pena cumprida é pena extinta, assim, o tempo cumprido está extinto, não
pode ser computado em nova progressão (ex.: condenado a 6 anos que
progride com 1 ano, a próxima progressão se dará por 5 anos, ou seja, o
que sobrou da pena);
- deve haver atenção aos artigos 113, 114 e 115 da LEP.àOài isoà I àdaàLEPà
diz que para que se ingresse no regime aberto, o reeducando deve estar
trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente, daí,
como o estrangeiro em situação irregular não pode trabalhar no Brasil, a
doutrina nega a concessão do regime aberto para ele (recentemente o STF

38
Assim, agora, o juiz ao determinar o exame criminológico, deve fundamentar a sua necessidade.

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não concordou com essa discriminação – não significa que isso seja pacífico
no STF, sendo claro que parece prevalecer a corrente contrária, embora
essa decisão seja recente);
- preenchido os requisitos, o regime aberto será concedido para ser
u p idoàe à Casa do Albergado/Prisão Albergue ;
- praticada a falta grave, qual seria a consequência no que diz respeito à
progressão? Cometida falta grave pelo condenado no curso do
cumprimento da pena, inicia-se, a partir de tal data, a nova contagem da
fração como requisito da progressão, portanto, há a interrupção do prazo
(essa inclusive é a posição do STF: HC 85.141-0);
- progressão em salto:
-1ª Corrente -> não é possível progressão em saltos. Não há previsão
legal, ferindo o sistema da ressocialização;
- 2ª Corrente -> só é possível a progressão em salto quando houver
demora na transferência do preso por culpa do Estado, ou, quando o
Estado não oferece vaga no regime conquistado pelo reeducando
(esse é o entendimento do STJ);
- progressão e Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) -> resta saber se é
possível a progressão de regime para quem está no RDD, assim, a doutrina
admite essa progressão, devendo o preso, contudo, primeiro cumprir a
sanção disciplinar para depois progredir de regime;
- algumas pessoas, quando chegam ao regime aberto, podem cumprir a
pe aà e à prisão domiciliar ,à eà oà e à Casaà doà ál e gadoà ouà P is oà
ál e gue . Deve ficar claro que prisão domiciliar não se confunde com
prisão albergue. Não se pode tentar aplicar regime deà p is oà do i ilia à
para quem está em regime semi-aberto, mas somente para quem está em
regime aberto (também não cabe prisão domiciliar para quem é preso
provisório). A prisão domiciliar39 (art. 117 da LEP) pode se dar quando se
tratar de:
I – condenado maior de 70 anos;
- esse primeiro beneficiário não foi ampliado pelo Estatuto do Idoso
(essa é inclusive a posição do STF, no sentido de que aquilo que o
Estatuto do Idoso quis alterar ele o fez expressamente);
II – condenado acometido de doença grave;
- doença grave é aquela doença cuja cura ou tratamento é
incompatível com o regime prisional aberto;
III – condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
- apesar da lei apenas falar em condenada, abrange também o
homem (pai) desde que ele comprove a dependência do filho para
com ele;

39
Tem se admitido prisão domiciliar na falta de casa do albergado. Também tem se admitido prisão domiciliar
para preso provisório quando não haja local apropriado para cumprimento de prisão provisória especial (ex.:
advogado).

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IV – condenada gestante;
- é a condenada grávida;
- Observação -
- esse rol é taxativo (ressalvado os casos de ausência de albergue na
cidade e preso provisório com direito a prisão especial);

- Regressão de regime:
- prevista no artigo 118 da LEP;
- é perfeitamente possível a regressão em saltos (basta olhar o texto do artigo 118 da LEP para
se chegar a essa conclusão);
- causas de regressão:
I – praticar fato definido como crime doloso ou falta grave:
- dispensa condenação pelo crime doloso praticado e sentença pela prática da
falta grave, bastando a simples prática. O STF já analisou esse entendimento
vários vezes concluindo que o mesmo não fere o princípio da presunção de
inocência;
II – condenação por crime anterior cuja pena, somada ao restante da pena em
execução, torne incabível o regime:
- nesse caso, quando a nova pena somada suplante o cabível no regime anterior;
§1º – frustrar os fins da execução:
§1º – não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta40:
- Observação -
- em regra, a regressão pressupõe contraditório e ampla defesa, mas não é sempre.
Dispõe o §2º do artigo 118 da LEP que somente no inciso I e no parágrafo primeiro
have àa plaàdefesa.àPo ta to,à oà asoàdeà o de aç oàpo à i eàa te io àcuja pena,
so adaàaoà esta teàdaàpe aàe àexe uç o,àto eài a ívelàoà egi e não há
contraditório;
- regressão cautelar -> a maioria admite regressão cautelar. O juiz, dentro do poder cautelar
que lhe é inerente, não só pode como deve determinar de imediato o retorno do sentenciado
aoà egi eà aisàseve o,ào se va doàoà fumus boni iuris àeàoà periculum in mora (para quem
quer concurso para defensoria pública, deve argumentar no sentido de falta de previsão legal);
- efeitos da prática de falta grave -> sanção disciplinar + interrompe tempo para progressão +
pode gerar inclusive a regressão.àDia teàdoàexposto,àh à ue àdigaà ueàh à bis in idem à esseà
caso. O STJ analisou o caso, e de acordo com ele, oàh à ueàseàfala àe à bis in idem àouàduploà
apenamento, pois a regressão de regime decorre da própria LEP, que estabelece tanto a
imposição de sanção disciplinar quanto a regressão em caso de falta grave (nesse sentido:
REsp 939.682/RS);

- Autorização de saída41:

40
Regra implicitamente revogada pela lei 9.268/96 que transforma a multa não paga em dívida ativa, não
permitindo mais a conversão em pena privativa de liberdade.
41
É gênero, que comporta as duas espécies que serão estudadas: permissão de saída + saída temporária.

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PERMISSÃO DE SAÍDA SAÍDA TEMPORÁRIA


- previsão legal: artigos 120 e 121 da LEP; - previsão legal: artigo 122 a 125 da LEP;
- beneficiários: preso definitivo quês estiver - beneficiários: preso em regime semi-
no regime fechado ou semi-aberto + aberto42. Esse preso deve:
abrange também o preso provisório; a) ter comportamento adequado;
b) cumprir 1/6 da pena se primário e 1/4 se
reincidente43;
c) a saída deve ser importante para a
ressocialização;
- características: ocorre mediante escolta; - características: ocorre sem escolta, ou seja,
sem vigilância direta;
- hipóteses de cabimento: falecimento de - hipóteses de cabimento: visita à família +
C.C.A.D.E44 ou doença grave destes + freqüência a cursos + atividades de convívio
necessidade de tratamento médico (a social (ressocialização);
doutrina também estende para tratamento
odontológico45);
- autoridade competente: a permissão de - autoridade competente: é o juízo da
saída será pedida para o diretor do execução, ouvido o Ministério Público e a
estabelecimento, portanto o pedido é administração penitenciária;
administrativo (isso não impede que a
negação possa ser impugnada pela via
judicial);
- prazo: a saída terá a duração necessária à - prazo: previsto no artigo 124 da LEP. Cada
finalidade da saída; saída temporária é concedida por tempo não
superior a 7 dias. O total são de 5 saídas
temporárias por ano (no máximo). Quando
se tratar de curso, o tempo de saída será o
necessário para o cumprimento das
atividades discentes (conforme o parágrafo
único);
- revogação da saída temporária -> o artigo 125 aplica-se somente à saída temporária, uma vez
que a permissão de saída não tem revogação;

- Remição:
- previsão legal: artigos 126 a 130 da LEP;

42
Preso provisório e preso em regime fechado não tem direito à saída temporária.
43
áàsú ulaà àdoà“TJàdizà ueà para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo considera o
tempo de cumprimento da pena no regime fechado.
44
É a abreviatura famosa de cônjuge, companheiro, ascendente, descendente, irmão.
45
Esse tratamento odontológico não trata de limpeza de dentes e demais procedimentos simples, mas sim,
procedimento extremamente necessário.

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- o trabalho carcerário é um direito e um dever do preso que cumpre pena em regime fechado
ou semi-aberto (não alcança o aberto ou penas restritivas de direito). É direito porque ao
preso deve ser assegurada a oportunidade de trabalho, pois, além de se manter, consegue
diminuir o tempo de cumprimento de pena. Caso o preso não trabalhe, deixa este de obter
uma série de benefícios, configurando falta grave;
- Observação -
- considerando que a Constituição Federal veda trabalhos forçados, a doutrina moderna não
admite falta grave no caso de o preso se recusar a trabalhar;
- o cálculo se dá conforme o artigo 126, §1º, de forma que a cada 3 dias trabalhados, computa-
se um dia a menos na pena;
- remição pelo estudo -> a LEP não traz previsão da remição pelo estudo, mas a súmula 341 do
STJ admite a remição pelo estudo;
- remição ficta -> os tribunais não têm admitido a remição ficta no caso de falta de trabalho ao
preso. A lei prevê a remição ficta somente no artigo 126, §2º, que trata do preso
impossibilitado de prosseguir no trabalho por acidente (provocar acidente de trabalho é falta
grave);
- a remição será declarada pelo juiz da execução, ouvido o Ministério Público;
- osàte osàdoàa tigoà ,à o condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao
tempo remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar . É
importante saber se entre os dias perdidos incluem os dias já homologados pelo juiz:
- 1ª Corrente: sabendo que a CRFB/88 garante ao cidadão respeito ao direito adquirido,
ato jurídico perfeito e coisa julgada, a falta grave faz com que o preso perca somente os
dias remidos ainda não homologados (posição da defensoria pública);
- 2ª Corrente: o cometimento de falta grave implica na perda dos dias remidos,
homologados ou não, sem que isso caracterize ofensa ao princípio da individualização
da pena ou o direito adquirido. A remição da pena constitui mera expectativa de direito,
exigindo-se também a observância da disciplina pelos internos (prevalece essa segunda
corrente, sendo a corrente do STF, inclusive prevista em súmula vinculante46);
- apesar do silêncio do artigo 128, tem prevalecido computar-se também para o efeito de
progressão de regime o tempo de remição (não apenas para livramento condicional e indulto)
- não existe remição em medida de segurança;
- falsificação de atestado de trabalho configura falsidade ideológica (nos termos do artigo 299
do CP);

- Livramento condicional:
- o livramento condicional é um incidente de execução. Nada mais é do que uma liberdade
antecipada mediante certas condições;
- preenchido os requisitos, o livramento condicional trata-se de direito subjetivo do
condenado, e não de mera faculdade do juiz;
- o livramento condicional é um desdobramento do sistema progressivo (porém, não
pressupõe a passagem por todos os regimes de cumprimento de pena);

46
A súmula vinculante 9 diz que o disposto no artigo 127 foi recebido pela ordem constitucional vigente,
perdendo o condenado todo o período trabalhado.

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- requisitos objetivos:
a) pena privativa de liberdade -> a pena imposta deve ser privativa de liberdade,
portanto, deve ficar claro que não existe livramento condicional para pena restritiva de
direito;
b) pena imposta igual ou superior a 2 anos -> considera-se o concurso de delitos para
saber se a pena atinge ou não tal requisito;
- a doutrina entende que no caso de condenação, por exemplo, de reincidente em
pena de 1 ano e 11 meses, não sendo cabível portanto sursis, o condenado pode
pedir para aumentar a pena para ter direito ao livramento condicional (é um dos
raríssimos casos onde o réu tem interesse em aumentar a pena);
c) requisito temporal -> segue a regra;
* primário + bons antecedentes = + de 1/3;
* reincidente = + de 1/2;
* hediondo = + de 2/3, desde que não reincidente específico;
- Observações -
- no caso de primário de maus antecedentes, uma primeira corrente entende que
aplica-seà oà in dubio pro reo ,à se doà apli velà aà eg aà deà aisà u p i e toà deà
mais de um terço. Já uma segunda corrente entende que deve haver
cumprimento da metade. Prevalece a primeira corrente, onde o juiz deve aplicar a
fração de 1/3;
d) reparação do dano -> o dano deve ser reparado;

- requisitos subjetivos:
a) comportamento carcerário satisfatório ->
b) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído ->
c) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto ->
d) constatação de que o condenado não voltará a delinquir -> somente no caso de
crime praticado com violência ou grave ameaça à pessoa. Tal constatação é feita por
meio de exame criminológico (deve-se mostrar a necessidade para que esse exame seja
feito, sendo necessário somente quando não haja outros meios de constatar que o
condenado não voltará a delinqüir);

- Processamento do pedido de livramento condicional:


ANTES DA LEI 10.792/03 DEPOIS DA LEI 10.792/03
- o juiz, antes de decidir, ouvia: - o juiz, antes de decidir, ouve:
a) Ministério Público; a) Ministério Público;
b) Conselho Penitenciário; b) Conselho Penitenciário;
- o conselho penitenciário não mais é
ouvido ;
- período de prova:
- o início do período de prova se dá com a audiência admonitória (audiência de
advertência) do artigo 137 da LEP;

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- o período de prova equivale ao restante da pena;


- condições do período de prova:
a) condições obrigatórias:
-> obter ocupação lícita dentro de prazo razoável: por ocupação lícita a doutrina
admite cursos técnicos, não pressupõe necessariamente trabalho;
-> comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação: fica a critério do juiz da
execução definir se mensalmente, semanalmente, tri-mensalmente, etc.;
-> não mudar da comarca sem autorização:
! ESTE ROL É TAXATIVO !

b) condições facultativas:
-> não mudar de residência sem autorização: deve ficar atento que essa é
o diç oàfa ultativa,àpoisà ostu aà ai à uitoàesseà pegui ha àe à o u so;
-> recolher-se a habitação em hora fixada:
-> não freqüentar determinador lugares:
! ESTE ROL É EXEMPLIFICATIVO !

- causas de revogação do livramento condicional:


- o artigo 86 traz as causas de revogação obrigatórias e o artigo 87 traz as causas de
revogação facultativa (ambos os artigos são do Código Penal);
a) causas de revogação obrigatória:
-> condenação definitiva por crime cometido durante o benefício: não se
computa na nova pena o tempo em que esteve solto. Revoga o livramento
concedido e não cabe novo livramento pelo mesmo delito. Não se admite soma
das penas para preencher o requisito temporal;
-> condenação definitiva por crime cometido antes do benefício: computa-se na
pena o tempo de liberdade. Revoga o livramento concedido e cabe novo
livramento pelo mesmo delito quando preenchido os requisitos. Admite-se soma
das penas para preencher o requisito temporal;
a) causas de revogação facultativa:
-> deixar de cumprir as condições (obrigatórias ou facultativas):
-> condenado definitivamente por crime ou contravenção a pena de multa ou
restritiva de direitos: no caso de condenação por contravenção penal por prisão
simples, há uma lacuna na lei, portanto, não gera revogação por falta de previsão
legal (não pode ser utilizada nem mesmo como revogação facultativa, por se
tratar de analogia in malam partem);
- prorrogação do livramento condicional (art. 89 do CP):
- crime cometido antes da vigência do livramento não gera prorrogação, mas somente
crime cometido após a vigência do livramento;
- somente crime gera prorrogação do livramento, não contravenção penal;
- inquérito policial não gera prorrogação, deve haver processo pelo novo crime;

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- extinção da pena (art. 90 do CP):


- o cumprimento do livramento nos termos do determinado pelo juiz gera a extinção da
pena (ler o artigo 90 do CP);

- Agravo em Execução:
- previsão legal: artigo 197 da LEP;
- rito: no silêncio de previsão legislativa em relação ao rito, entende-se que o rito é o do
recurso em sentido estrito (RESE);
- prazo para interposição: 5 dias é o prazo para interposição, uma vez que segue o RESE (nesse
sentido, a súmula 700 do STF);
- efeitos: devolutivo, sendo possível juízo de retratação e também tem efeito extensivo;
- a nova lei de mandado de segurança não quer saber do mandado de segurança usado como
motivo para dar efeito suspensivo a recurso. Assim, caso queira adotar efeito suspensivo em
recurso de agravo em execução, deve-se pedir a antecipação da tutela recursal;
- exceção está no artigo 179 da LEP dá efeito suspensivo ao agravo quando ocorre da decisão
que desinterna ou liberar o do condenado (nesse caso, o agravo em execução tem efeito
suspensivo);

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