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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO DESPORTO
UC: DESENVOLVIMENTO CURRICULAR

Comentário à Alegoria da
Caverna, de Platão

Discentes: M.º 12770, Cíntia Almeida


M.º12555, Tatiana Rocha
M.º 12604, Rosa Silva
M.º 12755, Ana Filipa Rodrigues

Docentes: Prof. Doutora Sara Ferreira

Covilhã, 3 de novembro de 2022


A Alegoria da Caverna, Plutão – narração de Orson Welles

A alegoria da Caverna começa por apresentar um grupo de homens acorrentados dentro


de uma caverna desde que nasceram, de tal forma que não conseguem mexer-se ou virar-se para
trás. Estes indivíduos encontram-se virados para uma parede e atrás deles existem umas escadas
que levam à rua e uma fonte de luz: uma fogueira. A partir desta, outro grupo de homens ao
passarem pela caverna criavam sombras na mesma parede para a qual o grupo inicial se encontra
virado, usando objetos com diversas formas (animais, plantas e pessoas) para que, desta forma,
as representações se tornem a realidade dos prisioneiros.

Seguidamente, um dos homens é solto e são-lhe mostrados os objetos referidos


anteriormente, criando, desta forma, confusão no indivíduo, e fazendo-o questionar a realidade.
Após isto, o homem é levado a subir as escadas e, assim que vê o sol, fica ainda mais transtornado,
mas com o tempo começa a adaptar-se e até mesmo a educar-se sobre o que vê ao seu redor. No
entanto, as lembranças da caverna levam-no a voltar ao encontro dos restantes homens (que
continuam na mesma posição e iludidos com as sombras na parede). O seu novo conhecimento
sobre o mundo e sobre a vida cria nos antigos companheiros uma revolta e, caso fossem soltos,
poderiam mesmo matar esta criatura que agora lhes era estranha e que não faz sentido nas suas
mentes fechadas.

A Alegoria da Caverna é uma representação figurativa da vida humana, pela forma como
as questões e a procura pelo conhecimento podem, por vezes, criar desacordo entre os indivíduos
integrantes numa sociedade onde os hábitos e comportamentos se realizam de forma dogmática.

De acordo com Araújo, Platão expõe um dualismo de dois mundos diferenciados: o


mundo sensível (dentro da caverna) e o mundo compreensível (fora da caverna). O mundo
sensível é aquele que temos acesso através dos nossos sentidos (visão, audição, paladar, olfato e
toque), enquanto o mundo compreensível é representado pelos objetos reais do exterior, dos quais
as sombras são as cópias ou imagens (Araújo, 2016). O conhecimento sensível, também
denominado por opinião, é o conhecimento vulgar, pois é baseado na experiência e, por isso, dá-
nos uma realidade aparente e ilusória conduzindo o indivíduo à crença. Neste sentido e, segundo
a teoria de Platão, só com a razão (raciocínio) se poderá chegar ao conhecimento, onde é
necessário recusar o senso-comum para obter o saber.

A alegoria da Caverna pode ser enquadrada na educação escolar. Apesar de,


recentemente, serem observados progressos no desenvolvimento de “mentes abertas” por parte
de todas as gerações coexistentes, a verdade é que a idealização do aluno e a mecanização dos
métodos de ensino ainda se encontra muito presente no processo educativo do mundo atual, ou
seja, a ideia de que os alunos são meros objetos numa sala de aula, que devem ouvir o que lhes é
transmitido de forma passiva e aceitarem as informações sem levantarem questões (tal como o
grupo de homens que se encontram presos na caverna) é ainda uma premissa no sistema
educativo.

Os alunos são seres individuais, com formas de aprender, com ideias e opiniões distintas
as do professor(a), as aulas devem ter o propósito de desenvolver as capacidades físicas,
intelectuais, emocionais e sociais e fazer com que os estudantes se sintam à vontade para colocar
questões que os intrigam e que fazem a turma desenvolver o pensamento crítico, tornando-o cada
vez mais num pensamento assertivo.

Esta perspetiva terá impacto também no desenvolvimento curricular do estudante, de


modo que, se permitirmos uma exploração autónoma, o aluno irá colocar-se em mais situações
de aprendizagem, seja ela teórica ou prática, cognitiva ou física, pessoal ou social. Aprofundar
estas vertentes é extremamente enriquecedor e desenvolve uma pré-disponibilidade e curiosidade
para a aprendizagem de novos conteúdos, para além de que todas elas devem ser consideradas no
currículo individual. Para além de tudo isto, as aulas tornam-se mais apelativas e interessantes,
deixando de ser apenas aulas monótonas, passando a serem aulas interativas, desenvolvidas e
baseadas em debates que contribuam para o pensamento crítico e ativo do aluno.
Bibliografia
Araújo, J. (08 de 03 de 2016). Alegoria da Caverna. Obtido em 30 de 10 de 2022, de knoow.net
enciclopédia temática: https://knoow.net/ciencsociaishuman/filosofia/alegoria-da-
caverna/

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